Flávio Cavalcant(Jornalista), criticava duramente Paulo Sérgio(cantor
gospel e MPB), Sérgio reagiu compondo “Minhas qualidades, meus
defeitos”, canção de protesto contra o apresentador e demais formadores de opinião pública: “Sei que minhas qualidades cobrem meus defeitos / não é direito você querer pôr todos contra mim…” Cantores considerados cafonas-produziam uma música comercial e popularesca, para diversão das massas -a fim de ganhar dinheiro muitas vezes pois eles não tinham dinheiro ou acesso a educação então a “fuga” da pobreza para eles era a música. EX:afirma Nelson Ned. “Eu creio que todos da minha época não tinham estudo nem profissão, então a alternativa era a música.” E Nenéo: “engraxava sapatos, comecei a me dedicar à música, que era o único caminho que eu podia seguir para ganhar dinheiro e ajudar minha família” dar melhores condições de vida a seus familiares através da música. IMPORTANTE: EM um país marcado pela desigualdade social, carência na educação e falta de oportunidades iguais para todos, a carreira musical, como também a do futebol, torna-se um dos poucos meios de ascensão social para uma legião de jovens oriundos dos baixos estratos da população. E isto se reflete no discurso e no compromisso comercial dos artistas “cafonas”.
Já o discurso dos cantores da MPB é diferente:
Filhos da classe média, a maioria de formação universitária, eles procuram enfatizar que estão na música por idealismo e vocação artística, não por sucesso ou riqueza. EX: Ivan Lins, por exemplo, na fase inicial da carreira, afirmava a sua disposição de não fazer concessões à máquina de consumo. “Não estou preocupado em ganhar dinheiro, em vender disco, pois acredito muito mais na qualidade de um trabalho.” EX2: Gonzaguinha manifestava o mesmo desprendimento ao dizer que procurava criar uma música de qualidade e acessível ao grande público. “Não faço isto por dinheiro ou sucesso. Quero apenas comunicar uma determinada experiência a um número maior de pessoas.” EX3: E o arquiteto e cantador baiano Elomar afirmava que o seu primeiro LP lançado pela Philips em 1973, era “uma pequena contribuição à cultura brasileira. Não é uma música comercial, para consumo, mas um trabalho artístico, cultural, vinculado ao ambiente, de profundas raízes históricas. Disco é cultura. Ana Maria Bahiana: esta geração de cantores/compositores acreditava poder exercer, com suas canções “uma missão educadora do povo brasileiro, acostumando-o a padrões mais complexos de audição e consumo.” O crítico Marcel Delon: E, ao analisar outros três lançamentos “cafonas”, o crítico batia na mesma tecla: “Analisar o quê? Adianta alinhar mil argumentos mostrando que discos como esses não têm qualidade artística, não trazem contribuição de espécie alguma para melhorar nossa já sofrida cultura e desenvolvimento musical.” EX1: Ele analisou o disco da cantora romântica Joelma, dizia: “Trata-se de música que não informa nada, não ensina nada, não educa nada, porque realmente contém pouca coisa, servindo apenas para embalar corações e mentes menos exigentes.” IMPORTANTE: Afinal, numa sociedade capitalista, o que move uma indústria como a fonográfica - liderada no Brasil pelas companhias multinacionais - é o dinheiro. Gravadora existe para vender disco e render lucro aos acionistas, não para educar o povo. Na gravadora Phonogram, ao longo da década de 70, faziam parte da “faixa de prestigio” nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso e Elis Regina (selo azul, Philips), e da “faixa comercial” cantores como Odair José, Marcus Pitter e Evaldo Braga (selo vermelho, Polydor). QUEM SUSTENTAVA A GRAVADORA E DAVA ESPAÇO para esses compositores? EX 1:DE ACORDO Milton Nascimento e Paulinho da Viola. “Mas eles só permaneceram na gravadora porque eu e os outros cantores populares vendíamos o suficiente para que eles ficassem lá” , EX2: Luiz Ayrão, credita papel semelhante para seu trabalho. “Do meu sucesso comercial dependia o pagamento dos funcionários da gravadora, o Natal do vendedor e os discos do Milton Nascimento. Era do nosso dinheiro, do pessoal popular, que a gravadora pôde investir milhões e milhões de cruzeiros em discos de Milton Nascimento. Discos que eram lançados, recebiam todos os elogios da crítica mas que vendiam dois, no ano seguinte vendiam cinco, no outro, três. Quem patrocinava isto? O pessoal que vendia discos: eu, Agnaldo Timóteo, Fernando Mendes, Reginaldo Rossi, Fevers e outros.” IMPORTANTE: Claro que alguns artistas da MPB, ganharam destaque, tanto é que aumentou o número de consumidores de seus discos. Mas não era o foco deles o dinheiro. Caetano Veloso, cantor MPB, máximo respeito Odair José e Agnaldo Timóteo, grandes vendedores de discos.(cantores populares) OS discos tem que agradar o público: Ex1: “Araçá azul”( “Um disco para entendidos.”) era um disco aguardado seria o primeiro LP gravado por Caetano no Brasil depois de sua volta do exílio em Londres. O problema é que quase ninguém entendeu e provocou um fato inédito na história da nossa música popular: uma grande quantidade de pessoas voltou às lojas para devolver o disco - e não por algum defeito técnico do produto, mas por rejeição ao seu conteúdo Resultado: nunca mais ele repetiu a experiência, e a autonomia do artista de “prestígio” teve o seu limite testado e estipulado pelo próprio público consumidor. CRITICA ATRAVÉS DA MÚSICA Odair José imaginou um álbum conceitual com dez canções ligadas por um mesmo tema: o nascimento, vida e morte de um jovem pederasta, que após longo processo de solidão e rejeição social, assume a sua sexualidade e, aos 33 anos, encontra a plenitude e a felicidade. Esse seria o FILHO DE JOSE E MARIA. Não foi mto bem aceito depois do “trauma” que a gravadora sofreu com a música de “Araçá azul’ de CAITANO VELOSO. Mas Odair queria algo diferente, queria experimentar fazer música no estilo mais ROCK N ROLL, mesmo com seu sucesso nas baladas românticas, então Odair José, entretanto, bateu pé firme pelo projeto – “estou só querendo melhorar o nível do público brasileiro” e se transferiu para a gravadora RCA que, como uma forma de atrair o artista para o seu elenco, aceitou fazer o projeto que a concorrente recusara. Animado, Odair José contratou um novo empresário, o tropicalista Guilherme Araújo, e alugou teatros (em vez de clubes) para a realização dos shows do novo disco. Lançamento do albúm “O filho de José e Maria: “Eu agora sou bem diferente / não se assustem e nem se preocupem…”, adverte Odair José na faixa de abertura do novo disco E no outro lado escrito “Beba um pouco do meu vinho / coma um pedaço de pão / tome um pouco de carinho / vem curar a solidão…” Igreja(não curtiu), que não toleraram essa história mundana repleta de referências aos signos cristãos. Alguns padres chegaram mesmo a ameaçar Odair José de excomunhão, especialmente por causa da letra da música “O casamento”, ele defende a ideia de que José e Maria não eram casados quando Jesus foi concebido. CRITICA : “Se você perceber bem verá que na história de Jesus sempre aparece a mãe, nunca o pai. E eu cobrava isto no disco. Ninguém reza pra São José, é sempre pra Nossa Senhora. A minha bronca era essa. Cadê a história do pai de Jesus? Eu não entendo isso até hoje e acho que só mesmo Ele, o filho, algum dia poderá me explicar. Eu quero saber onde entra José nessa história. Fala-se muito em Deus, em Nossa Senhora, em Jesus. Mas cadê o pai desse moço? Por que não se fala dele? Ele não existe? O questionamento que eu fazia era este. E o personagem do meu disco se perde na vida justamente porque não tem a presença do pai.” Tentativa de ser aceito pela intelectualidade, o público universitário e a crítica musical. Não deu muito certo os intelectuais estavam mais preocupados com temáticas sobre valorização da cultura negra. tema que os artistas da MPB souberam explorar até a exaustão em canções como Canto de Ossanha (Baden-Vinicius), Oração de Mae Menininha (Dorival Caymmi), Fesfa de umbanda (Martinho da Vila), Meu Pai Oxalá (Toquinho-Vinicius), Iansã (Caetano Veloso-Gilberto Gil), Guerreira(João Nogueira-Paulo César Pinheiro) e diversas outras. RESULTADO: , combatido pela Igreja, desprezado pela crítica e ignorado pelo público que rejeitou - ou não compreendeu a mensagem do disco - , “O filho de José e Maria” acabou tendo o mesmo destino de “Araçá azul”: as milhares de cópias de seu vinil foram recolhidas e depois dissolvidas na fábrica da gravadora. RESPOSTA NO ANO SEGUINTE 1978: novo disco de Odair José veio com o singelo título de “Coisas simples”, e nas suas 12 faixas, em vez de preocupações com São José ou Jesus Cristo, o cantor focalizava temas do cotidiano como o amor, a violência, a saudade e o sexo.