História Da Nossa Igreja

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Manual de Apoio do curso de Obreiro

Disciplina:

História da Nossa
Igreja

1
A
tempo.
História é uma ciência que estuda a vida do homem através do tempo. Ela investiga o
que os homens fizeram, pensaram e sentiram enquanto seres sociais. Nesse sentido, o
conhecimento histórico ajuda na compreensão do homem enquanto ser que constrói seu

HISTÓRIA DA NOSSA IGREJA


As raízes históricas da Igreja Adventista do Sétimo Dia se originam na Bíblia, a Palavra de
Deus, percorrendo a vida de patriarcas, profetas e reis que foram representantes de Deus durante
os períodos do Antigo e Novo Testamento.
O relato bíblico mostra que, “vindo a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho ao mundo”
(Gálatas 4:4) para trazer luz e a esperança de vida eterna. Com o propósito de revelar a glória de
Deus, Jesus, veio fundar o cristianismo que durante sua história enfrentou inúmeras provas e
desafios: A Igreja Cristã foi perseguida, muitos cristãos foram martirizados e a Verdade da
Palavra de Deus foi mudada. Os Adventistas do Sétimo Dia crêem que foram chamados por
Deus para resgatar e levar ao mundo o conhecimento pleno da Verdade revelada na Palavra de
Deus.

Guilherme Miller
Sua origem histórica está ligada a uma série de fenómenos relacionados ao cumprimento de
profecias bíblicas que apontam para o desfecho da história da humanidade. No final do século
18, e início do século 19, diversos estudiosos cristãos passaram a estudar diversos fenómenos
naturais e político-sociais, tais como: (a) O grande terramoto de Lisboa em 01 de Novembro de
1755; (b) O escurecimento do sol e da lua observado na parte leste do continente americano em
19 de Maio de 1780, o qual ficou conhecido entre os americanos como o [Dark Day] “Dia
Escuro”; (c) A Revolução Francesa, e a intervenção napoleônica no pontificado de Pio VI, pelo
General Berthier em 10 de Fevereiro de 1798 (Maxwell, 1951, p.66); (d) A chuva de meteoros
observada no hemisfério ocidental em 15 de Novembro de 1833.
Dentre os pioneiros adventistas destaca-se a liderança de Tiago White que nasceu no dia 04
de agosto de 1821, em Palmyra, Maine, EUA. Seu notável talento como organizador,
administrador e editor fez dele o pioneiro de muitas das instituições adventistas. Seis anos mais
tarde, em 26 de Novembro de 1827, nasceu Ellen Gould Harmon, na cidade de Gorham,
Maine, EUA.

Gilherme Miller
Em 14 de Agosto de 1831, surge um pregador em Dresden, Nova Iorque, que marcaria
fortemente a vida de Ellen, Tiago White e mais 100 mil pessoas nos Estados Unidos. Guilherme
Miller, um fazendeiro e juiz de paz, que pelo seu estudo sistemático da Bíblia, chegara à
conclusão de que Cristo retornaria a Terra por volta de 1843.
Sua pregação baseava-se na interpretação da profecia de Daniel 8:14 e nas evidências bíblicas
quanto ao retorno de Jesus Cristo. Muitos americanos presenciariam esses sinais, sobretudo, nos
dias 12 e 13 de Novembro de 1833, quando uma chuva de meteoros caiu sobre os céus dos
Estados Unidos. Os mileritas relacionaram tal evento com as predições feitas por Cristo e pelo
profeta João no livro de Apocalipse.

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Por volta do ano de 1836, Ellen Harmon sofreu um acidente em um desentendimento entre
crianças a qual a impediria de frequentar a escola e desenvolver actividades regulares. Uma
colega atingiu seu rosto com uma pedra, quebrando seu nariz. A fratura a deixou três semanas
inconsciente, desacreditada de recuperação pelos próprios médicos. Como resultado, Ellen
Harmon cresceu com sérias debilidades físicas, porém, sua espiritualidade, manteve-se firme.
Em Março de 1840, Guilherme Miller pregou na cidade de Portland, estado do Maine, onde sua
família residia. Ao ouvir o conteúdo da pregação de Miller, ela e sua família aceitaram a
mensagem quanto ao breve retorno de Cristo.
Dois anos mais tarde, houve a primeira manifestação do espírito de profecia entre os mileritas.
William Foy, pastor negro batista, recebeu a primeira de suas duas visões em 18 de Janeiro de
1842. O conteúdo referia-se ao Céu e a proximidade do julgamento. No entanto, Foy relutou em
testemunhar suas mensagens devido ao clima racial da época.
A pregação de Miller impressionou diversos corações. Ellen Harmon estava entre estes e, como
demonstração de sua fé, foi baptizada na Igreja Metodista em 26 de Junho de 1842. Nesse
mesmo ano, Tiago White iniciou sua pregação sobre a volta de Jesus.
Embora o movimento milerita fosse composto por membros de diversas igrejas, muitos
rejeitaram sua mensagem. No entanto, as verdades expostas pelos mileritas alcançaram o
coração da família Harmon, e assim, em Setembro de 1843, deixaram a Igreja Metodista.

Pr. Frederick Wheeler


Por outro lado, congregações inteiras uniram-se na esperança do advento. Uma dessas foi a
Igreja de Washington, New Hampshire, que era liderada pelo Pr. Frederick Wheeler. No início
de 1844, esta se tornou a primeira Igreja Adventista a guardar o sábado por influência de
Raquel Oaks.
Com base nos cálculos das profecias bíblicas, Samuel Snow conclui que o retorno de Jesus
ocorreria no dia 22 de outubro de 1844. Dias antes dessa data, Hazen Foss recebeu uma visão
onde viu os mileritas caminhando rumo à Terra Prometida. No entanto, Foss rejeitou o chamado
de Deus e quando tentou relatar sua experiência sentiu que o Espírito Santo o havia deixado.
Cerca de 100 mil pessoas aguardavam em suas casas, reunidos em bosques, esperando Cristo
aparecer entre as nuvens do céu. Essa data entrou para a história como o dia do “Grande
Desapontamento”. No dia seguinte ao desapontamento, Deus consolou o grupo de crentes dando
a Hiram Edson uma resposta sobre o que realmente acontecera. Em um vislumbre, viu a Cristo
entrando no lugar santíssimo do Santuário Celestial e não retornando a Terra. Logo após esse
evento, na companhia de F. B. Hahn e O. R. L. Crosier aplicaram-se a estudar a Bíblia e logo
obtiveram a compreensão quanto aos fatos ocorridos naquela data.
Outras mensagens provenientes de Deus trouxeram conforto aos desalentados mileritas. Em
Dezembro de 1844, Ellen Harmon recebeu sua primeira visão onde viu o povo do
advento marchando por um caminho estreito rumo à terra prometida. Tal visão deu início ao seu
ministério profético que se estendeu por setenta anos.

Ellen White
Em Fevereiro de 1845, Ellen Harmon recebeu uma visão que confirmaria a experiência de Hiram
Edson sobre a entrada de Jesus no lugar santíssimo do Santuário Celestial no dia 22 de Outubro
de 1844. Ambas as visões proveram consolo aos crentes que sofreram a grande decepção.

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Casamento de Ellen White e Tiago White
Em agosto de 1846, Tiago White e Ellen Harmon se casaram e neste mesmo ano abraçaram a
mensagem do sábado conforme o 4º mandamento. Dois anos depois, Ellen White recebeu duas
importantes visões: (a) visão sobre a obra de publicações onde viu os raios de luz a circundar a
terra, e (b) a primeira visão sobre saúde onde Deus lhe revelou alguns princípios que ela deveria
eliminar o consumo do chá, tabaco e café.
Logo em 1852, os adventistas sabatistas compraram um prelo para publicar os primeiros
panfletos e revistas. No ano seguinte, em 1853 foi organizada a primeira Escola
Sabatina entre os pioneiros adventistas. Em 1858, Ellen White recebeu uma revelação
que ficou conhecida como a visão do “Grande Conflito” onde Deus lhe mostrou a história
cósmica do plano da redenção.
Durante o ano de 1860, ocorreram dois importantes fatos na Igreja Adventista do Sétimo Dia: (a)
Foi organizada a Associação de Publicações Adventista, e (b) Foi designado um nome oficial
para o movimento - Igreja Adventista do Sétimo Dia. Após estes dois episódios a Igreja
passou a criar núcleos administrativos a fim de organizar o trabalho de crescimento de suas
igrejas. Desta forma, em 06 de Outubro de 1861, foi organizada a primeira sede que passou a
ser conhecida como a Conferência de Michigan.
Em Maio de 1863 foi estabelecida a Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia e
John Byington foi nomeado seu primeiro presidente. Nesse mesmo ano, na cidade de Otsego,
NY, Ellen White recebeu a mais importante visão sobre saúde, onde Deus lhe revelou
importantes princípios relacionados a essa área. Três anos mais tarde em Setembro de 1866, a
IASD abriu sua primeira instituição de atendimento ao público, que se tornou conhecida
como o “Instituto Ocidental da Reforma de Saúde”.
Ao longo de sua história os pioneiros adventistas relutaram em abrir escolas. O pensamento que
possuíam estava sempre focado na volta do Senhor Jesus. No entanto em 1872, Deus comunicou
uma visão a Ellen White na qual foram revelados amplos princípios de educação os quais
deveriam ser aplicados numa escola. Sendo assim, em 03 de Junho de 1872, foi aberta a
primeira escola adventista na cidade de Battle Creek, Michigan. Dois anos depois em 1874, a
IASD fundou sua primeira instituição de ensino superior, o Battle Creek College. Neste
mesmo ano, John N. Andrews foi enviado a Europa como o primeiro missionário além mar da
IASD. No ano seguinte, em 1875, foi fundada na cidade de São Francisco, CA a segunda editora
da IASD nos EUA, a Pacific Press Publishing Association.

Morte de Tiago White


Um dos mais duros desafios que a família White enfrentou em sua jornada foi a perda de Tiago
White em 06 de agosto de 1881. Homem dedicado e fiel esposo, pai e servidor, morreu cedo
aos 61 anos de idade. No entanto a IASD deveria continuar avançando em sua trajectória. Em
Abril de 1882, Urias Smith um dos mais promissores pioneiros da IASD lançou o livro “As
profecias de Daniel e Apocalipse”.
No ano de 1888, ocorreu na cidade de Minneapolis um dos mais importantes eventos da
História do adventismo, a Assembléia da Associação Geral. Neste evento foram discutidos
importantes assuntos que contribuíram para o avanço da IASD e, sobretudo, quanto ao
cumprimento de sua missão. O principal tema ali discutido foi a Justificação pela Fé em Cristo

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Jesus. As principais mensagens foram apresentadas pelo Pr. Urias Smith e pelos jovens Ellet
Waggoner e Alonzo Jones.
Ao vislumbrar os desafios evangelísticos em outros continentes, a liderança da IASD decidiu
enviar missionários para alcançar os povos em áreas remotas da terra. Em 20 de Outubro de
1890, foi enviado o Pr. John Tay para a Ilha de Pitcairn no Sul do Pacífico.
Com o propósito de solidificar a obra no continente da Oceania, Ellen G. White foi enviada a
Austrália em 12 de Novembro de 1891. Durante nove anos, atuou de forma intensa como uma
serva fiel ajudando a fundar a estruturar a obra educacional e de saúde.
Em 1892, foi publicado um dos mais importantes livros escritos por Ellen G. White –
“Caminho a Cristo” que se tornou a obra mais difundida de seu acervo. Atualmente, traduzida
em mais e 160 línguas e dialetos.
No mês de Julho de 1894, o Pr. Edson White, filho de Ellen White iniciou um projeto
missionário junto aos negros do Sul dos EUA. Numa embarcação a vapor chamada “Morning
Star” ele imprimia materiais e também alfabetizava alunos.
Ao regressar da Austrália 1900, Ellen White adquiriu uma propriedade em Elmshaven
estado da Califórnia, local este em que era passaria seus últimos anos de vida. Em 1901,
participou da Assembléia da Associação Geral da IASD em Battle Creek, MI. Neste evento,
sob a orientação divina, ela apresentou aos líderes a necessidade de uma reorganização
estrutural no sistema administrativo da IASD.
Neste mesmo ano, ela reforçou a ideia de que a liderança a IASD deveria descentralizar-se,
saindo de Battle Creek em direcção a outras áreas geográficas do país. Com meses de
antecedência, Deus lhe mostrou em visão a cena do Sanatório e a Casa Editora sendo destruídas.
Tais fatos se cumpriram conforme a visão a ela revelada.
Em 1903, foi lançado o manual da educação cristão adventista, o clássico “Educação”, manual
de consultas para todo educador cristão. No ano seguinte, Ellen G. White teve que enfrentar uma
forte heresia que surgiu a partir da publicação do livro “The Living Temple” de autoria do Dr.
Kellogg. Tal obra defendia as ideias panteístas que vieram confundir muitos adventistas levando-
os a apostasia juntamente com o Dr. Kellogg.
Com 82 anos de idade, em Abril de 1909, Ellen White fez sua última viagem a trabalho para a
costa leste. Nesta ocasião, de acordo com a luz que havia recebido, ela orientou aos líderes da
Igreja para que estabelecessem uma escola bem equipada, que preparasse seus alunos para o
exercício legal da medicina e que estivesse oficialmente reconhecida junto ao governo.
Em 1911, após 23 anos de seu lançamento, o livro “O Grande Conflito” foi revisado a fim de
aprimorar o seu conteúdo. A versão revisada é aquela que circula até os dias de hoje. Em 09 de
Fevereiro de 1912, Ellen White preparou um testamento onde designou o estabelecimento de um
comité de depositários dos seus escritos que era composto por cinco pessoas tendo o seu filho
como director.
Em Maio de 1913, proferiu sua última mensagem aos líderes da IASD por ocasião da
Associação Geral da IASD que ocorreu na cidade de Washington DC. Após este evento, ela
dedicou a maior parte do tempo na edição de seus escritos. No dia 03 de Março de 1915, ela
recebeu a última visão onde Deus lhe revelou a importância de se preparar novos livros e
materiais para os jovens. Era do desejo de Deus que os jovens pudessem ter uma visão mais
clara sobre a justificação pela fé e a perfeição do carácter a fim de prepará-los para a vida
eterna.

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Morte de Ellen White
Após uma queda em 13 de Fevereiro de 1915, sua saúde se deteriorou levando-a a um estado de
fraqueza intensa. E assim, numa sexta-feira a tarde do dia 16 de Julho de 1915, ela morreu na paz
do Senhor. Sua últimas palavras foram “eu sei em quem eu creio”. Por ocasião de sua morte,
haviam sido publicados 24 livros.
Quando tratamos da história da Igreja Adventista do Sétimo Dia, é evidente a necessidade de
profundo estudo das raízes do seu desenvolvimento, não só pelo fato de firmar sua identidade
singular, mas também por vivificar a magnífica esperança futura do grande advento.
O percurso que os pioneiros da fé adventista passaram remete-nos não somente aos fatos em si,
mas ao sentido disposto nestes. Pois, ao transcendermos o plano terreno dos acontecimentos,
vemos revelado Aquele que conduz a História, Jesus Cristo. E aí realmente encontramos o
sentido da vida individual, visto que nos descobrimos participantes de uma realidade mais ampla.

Ao recapitular a nossa história passada, havendo percorrido todos os passos de nosso progresso
até ao nosso estado actual, posso dizer: Louvado seja Deus! Quando vejo o que Deus tem
executado, encho-me de admiração e de confiança na liderança de Cristo. Nada temos que recear
quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os
ensinos que nos ministrou no passado.” Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 162.

Anotações Importantes:

 22 de Outubro de 1844, data que marcou o dia do desapontamento.


 04 de agosto de 1821 nascimento de Tiago White em Palmyra, Maine, EUA
 26 de Novembro de 1827, nasceu Ellen Gould Harmon, na cidade de Gorham,
Maine, EUA.
 1836, Ellen Harmon sofreu um acidente
 Em Março de 1840, Guilherme Miller pregou na cidade de Portland
 Ellen White baptizada na Igreja Metodista em 26 de Junho de 1842
 Família Harmon, em Setembro de 1843, deixaram a Igreja Metodista
 Igreja de Washington, New Hampshire, que era liderada pelo Pr. Frederick Wheeler. No
início de 1844, esta se tornou a primeira Igreja Adventista a guardar o sábado por
influência de Raquel Oaks.
 Dezembro de 1844, Ellen Harmon recebeu sua primeira visão
 Em Fevereiro de 1845, Ellen Harmon recebeu uma visão que confirmaria a experiência
de Hiram Edson sobre a entrada de Jesus no lugar santíssimo do Santuário Celestial no
dia 22 de Outubro de 1844
 Em agosto de 1846 Casamento de Ellen White e Tiago White
 1846, Tiago White e Ellen Harmon abraçaram a mensagem do sábado
 Em 1853 foi organizada a primeira Escola Sabatina entre os pioneiros adventistas

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 1860, Foi organizada a Associação de Publicações Adventista, e (b) Foi designado um
nome oficial para o movimento - Igreja Adventista do Sétimo Dia
 06 de Outubro de 1861, foi organizada a primeira sede que passou a ser conhecida como
a Conferência de Michigan.
 Maio de 1863 foi estabelecida a Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia e
John Byington foi nomeado seu primeiro presidente.
 Setembro de 1866, a IASD abriu sua primeira instituição de atendimento ao público, que
se tornou conhecida como o “Instituto Ocidental da Reforma de Saúde”.
 03 de Junho de 1872, foi aberta a primeira escola adventista na cidade de Battle Creek,
Michigan
 John N. Andrews primeiro missionário da IASD enviado a Europa além do mar.
 1875, foi fundada na cidade de São Francisco, CA a segunda editora da IASD nos EUA,
a Pacific Press Publishing Association
 06 de Agosto de 1881 morte de Tiago White ao 61 anos de idade.
 Abril de 1882, Urias Smith um dos mais promissores pioneiros da IASD lançou o livro
“As profecias de Daniel e Apocalipse”.
 Sexta-feira a tarde do dia 16 de Julho de 1915 morre Ellen White.

Pioneiros:

Guilherme Miller
Tiago White

Ellen Gould Harmon

Pr. Frederick Wheeler


Raquel Oaks

Hazen Foss

Samuel Snow

Hiram Edson

F. B. Hahn e O. R. L. Crosier

Pr. Urias Smith


Ellet Waggoner e Alonzo Jones.
Pr. Edson White

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INÍCIO DA IGREJA ADVENTISTA EM ANGOLA
A Associação Centro Angola foi fundada em 1982 tendo o seu primeiro presidente o Pr Pedro
José Matapalo, o qual faleceu no ano de 2009.

O primeiro contato do movimento Adventista do Sétimo Dia em Angola foi estabelecido em


1922 pelo pastor William Harry Anderson, apelidado em Angola de “Kakongo”, norte
americano de nacionalidade, mas nascido no México, em 1871. Vindo da Namíbia, fez uma
viagem de exploração, a fim de estudar as possibilidades de estabelecer a Igreja no país, a pedido
do Comité Anual da Divisão (1922) presidido pelo Pastor H. Branson, seguindo assim, os passos
de John N. Andrews o primeiro missionário além-mar. Ao atingir a margem meridional do
Cunene, começou a anoitecer. Os jangadeiros (espécie de barco de pesca) recusaram-se a
transportá-lo para outra margem do rio, em cumprimento ao horário estabelecido para o
funcionamento da canoa. Por mais que insistisse, mesmo pagando um valor superior ao cobrado
nos bilhetes de passagens, nada conseguiu. Ele tencionava passar a noite do outro lado da
margem e pôr-se a caminho logo de manhã cedo. Na mesma situação, havia na margem oposta
do rio um indivíduo, também de cor branca
(português), aguardando a travessia.
No dia seguinte, depois de atravessar o rio, o missionário W. H. Anderson deparou-se com
uma cena horrível. Os leões tinham devorado aquele indivíduo que dormia no local onde o
missionário W. H. Anderson tencionava passar a noite, tendo sobrado os pés nas botas!.

Em função do relatório dessa viagem exploratória, desembarcaram na cidade portuária de Lobito


(12º20`S de latitude e a 13º34` E de longitude), em 12 de Junho de 1923, além do próprio
missionário W. H. Anderson, T. M. French, Secretário do Campo de Divisão Africana dos
Adventistas do Sétimo Dia e J. D. Baker, cedido pela União Sul-Africana dos Adventistas do
sétimo dia para trabalharem em Angola.

Depois que passaram alguns dias em Benguela, há 34 km do Lobito, tiveram a oportunidade de


proverem-se de mantimentos indispensáveis. Seguiram no comboio (trem) para o interior.
Primeiro pararam na Ganda (253 km). A cidade lhes agradou. Entretanto, souberam que a
Missão Filafricana (Protestante) planejava estabelecer ali uma estação missionária, prosseguiram
a viagem.
No comboio, conversaram com o capitão Morais, que se expressava em inglês. Ele era
Administrador do Lépi (12º 52´15″ S; 15º 23´54″ E, altitude de mil 637 metros acima do nível do
mar). A paisagem do Lépi é soberba, com montes e florestas. Lá há um rochedo com a forma
duma cabeça de elefante, daí lhe vindo o nome de “tromba de elefante”. Ele os convidou para
que os missionários estabelecessem a Missão Adventista naquela povoação. No entanto, eles não
foram bem recebidos pelos habitantes dessa vila.

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Resolveram, então, ir até Mbongo (Bongo) onde residia o soba Cipopiakulo /Tchipopiakulo/ (O que diz
os mais velhos) que os recebeu alegremente, principalmente por entender os benefícios que trariam para a
região: educação, postos de saúde, condições de higiene e saneamento básico, como acontecia em
localidades próximas onde funcionavam Missões Protestantes.

Pouco tempo depois, apresentaram o pedido formal para o estabelecimento de uma Missão no
Bongo ao governador Geral de Angola, que na altura se encontrava de passagem no Lobito,
tendo sido deferido nos termos da legislação então em vigor 1923). Foi-lhes concedido um
terreno inicialmente 300 hectares (1924) e depois de 620 hectares (1925). W.H. Anderson e
esposa, James D. Baker e O.O. Bredenkamp e esposa chegaram ao Lépi, em 27 de Abril de
1924, no primeiro dia da semana, Domingo, portanto. A esposa de J. D. Baker só chegou em
20 de Junho. W.H. Anderson ficou residindo no Lépi e os outros dois missionários no Bongo.
Bongo dista 23 km de Longonjo, 18 km do Lépi e 80 km do Huambo.
Organização eclesiástica.
O Lépi foi a sede temporária do Campo Missionário do Sul do Atlântico, que abrangia a Namíbia
e Angola. Em 1925, o Campo da Namíbia foi transferido para a União Sul-Africana dos
Adventistas do Sétimo Dia. Angola ficou integrado à União Equatorial que era formado pelos
territórios: Camarões, África Equatorial Francesa, Ilha de Fernando Pó, Ilhas de São Tomé e
Príncipe e Guiné Espanhola.
Nessa época a União Angolana era composta de quatro campos missionários: 1) Kimbundu,
(distritos de Kuanza Norte, Zaire, Cabinda e Malanje); 2) Ovimbundu (distritos de Benguela, Bié
e Kuanza Sul); 3) Huila, (distritos de Namibe, Huila e Cubango); 4) Quioco (distritos de Lunda,
Moxico e Luchazes).
Em 1928, Angola assumiu o estatuto de União Angolana, que se mantém até os nossos dias.
Entre os anos de 1955 a 1957 ocorreu uma situação transitória, em que Angola e Moçambique
formaram uma só União. Em 1959, a Missão de São Tomé e Príncipe passou a fazer parte da
União Angolana permanecendo até os nossos dias. Em 11 de novembro de 1975, ocorreu a
independência de Angola. Muitos missionários tiveram que abandonar o país. Nessa época havia
as seguintes igrejas européias: a de Benguela, Bongo, Ganda-Cubal, Lobito-Catumbela, Luanda,
luso, Namibe, Huambo e Lubango.
Do ponto de vista eclesiástico, em 1975, a União Angolana estava composta dos seguintes
Campos Missionários: Bongo, Cuale, Huambo, Huila, Luanda, Leste (Luz e Lucusse), Namba,
Quilengues, São Tomé e Príncipe. Com o crescimento da Igreja foram criadas Associações (Uma
Associação é formada por um conjunto de igrejas de algumas cidades ou províncias). Assim, em
1999, a União Angolana possuía as seguintes organizações eclesiásticas: 1) Associação de S.
Tomé e Príncipe (1959); 2) Associação norte (1982) que abrange as províncias de Luanda,
Bengo, Malanje, Kuanza Norte, Uíge, Cabinda e Zaire; 3) Associação Centro (1983) – Huambo,
Benguela, Kuanza Sul, Bié e Kuando Kubango; 4) Associação Sul (1984) – Huila, Namibe e
Kunene; 5) Associação Leste (1985) – Moxico, Lunda-Norte e Lunda Sul.
Presidência da União
A presidência da direção da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Angola esteve a cargo de: W.H.
Anderson (1924-1935); C.W. Curtis (1935-1941); Peter Stevenson (1942-1950); Manuel
Lourinho (1951-1956); Ernesto Ferreira (1957-1968); Armando Casaca (1969-1975); Pedro
Balança de Freitas (1976-1990) – primeiro angolano, que nasceu no ano da fundação da Missão
do Bongo; Vasco Cubenda (1991 -2000); Teodoro Elias (2001 – atual). (Para ver a lista
atualizada do Presidente, Secretário, Tesoureiro da União e outros departamentais). Angola, por
muito tempo pertenceu à Divisão Euro-Africana. Atualmente faz parte da Divisão Sul-Africana-
Ocenao índico (Southern Africa-Indian Ocean Division – Zimbabwe

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Estabelecimento de Missões e Igrejas
Missão do Bongo (1924, abril ) (Prov.Huambo) – A Missão Adventista do Bongo é hoje o
mais saliente foco de projeção adventista em Angola. Se fosse no Brasil, teria a mesma
importância histórica do IAE (Instituto Adventista de Ensino ou melhor, Centro Universitário
Adventista de São Paulo – Campus SP). As duas primeiras residências, em casas de contextura
provisória, começaram a ser construídas em 1924, seguindo-se uma terceira em 1925. Em
outubro desse ano, chegou D. P. Harder para ocupar o Departamento da Educação. No ano
seguinte, no local, onde mais tarde foi levantada a igreja, começou-se a construir uma escola que
foi inaugurada em 1927 . No tempo de O.I. Fields (1931-1942) esta escola foi substituída pelo
Instituto Adventista do Bongo, notável edifício que ainda hoje conserva de pé as suas paredes.
Ainda, foi foi ano (1927) que se deram as primeiras campanhas evangelíticas que se têm notícias,
nomeadamente em Emanha, Aienja, Iava e Gonga. Em 1954 foi inaugurado o residencial das
meninas e em 1963 o das rapazes. Até a década de 90, Bongo era o principal centro de formação
de Teologia de Angola (Seminário Adventista do Bongo – Bongo Adventist Seminary).

Missão da Luz (também conhecida como “Missão Mufeje”(1925) (Prov. Lunda) – O local
dessa Missão foi explorado por W.H. Anderson no verão de 1924, quando foi recebido pelo soba
Mualengue (1924). Os primeiros missionários que aí se estabeleceram foram O.O. Bradenkamp e
sua esposa. Ao chegarem, aguardava-os o Pastor Anderson e sua esposa, que tinham limpado
parte do terreno e levantado uma palhota de capim, que os Bredenkamp ocuparam depois da
partida daqueles obreiros. Em 1927, essa missão já possuía: uma casa do diretor e do obreiro, um
edifício provisório para que acolhia 200 pessoas, um armazém com um alpendre para carpintaria.
Em 1929 foi construído um dispensário, com Senhorita M. Fourie como enfermeira. Em 1949
começou a ser construída pelo pastor E. L. Jewell uma escola, que foi inaugurada no ano
seguinte. Entre os Diretores que passaram pela Missão da Luz destaca-se o Pastor Manuel
Salustiano de Castro.
Pr. Manuel Salustiano de Castro, casado com a irmã Aninha Staroski, trabalhou em Angola em
dois períodos (1947-1958) e (1970-1974). Ele é natural de Funchal, Ilha da Madeira, estudou
(1937-1942) e radicou-se no Brasil. Foi Diretor da Missionário na Missão da Luz (Missão
Mufeja) e em 1956 foi Diretor da Missão do Bongo. Trabalhou trambém em Benguela e Luanda.
É (co)autor do livro “Aventuras do Missionário Manuel de Castro: entre os leões de Angola”,
(2005), CPB, Tatuí (Brasil).Atualmente vive em Curitiba (Brasil).
Sede da União (1927) – Em 1927 foi adquirido na “futura” cidade do Huambo um terreno onde
foi construído, por T.R. Huxtable, o edifício da União. Lá funcionou desde 1929, um
dispensário, que no tempo da Sra. Cútis, atendia de 50 a 100 pacientes.
Missão da Namba (1928) (Kuanza Sul) – Esta Missão foi estabelecida por James Delmes
Baker, que se fixou em novembro de 1928. A escola foi construída em 1956. O edifício da Igreja
foi inaugurado no princípio de 1961, sendo Diretor da missão o pastor Vitorino Chaves.
Missão do Lucusse (1932) (Prov. Moxico) – O.O. Bredenkamp chegou ao Lucusse em Junho de
1932, começando logo a construir as primeiras infra-estruturas – residências e escola. A escola
definitiva da missão foi levantada em 1952, sob a direção do pastor António Coquenão Lopes.

10
Missão do Cuale (1934) (Prov. Malange) – A missão foi estabelecida, em 1934, por E. Bukley.
Os cultos eram feitos debaixo de árvores. Em 1949 foi construído por O.U. Giddings o
dispensário da Missão. Todas as despesas foram suportadas por ele. Naquela época, quem tinha
dinheiro davam-no, mas as ofertas eram dadas em espigas de milho, trigo, centeio, abóbora,
algumas batatas, ovos e cuia com feijão. Um belo edifício da Escola foi construído em 1953,
sendo o Diretor o pastor Ataíde Candeias. Em 1962 foi inaugurado o dispensário, com a irmã
Mercedes Esteves como enfermeira-chefe. Em 1963 o amplo edifício da Igreja foi inaugurado
(dedicado) pelo Pastor Carlos Esteves.
Missão do Quicuco (1953) (Huila) – Uma vasta propriedade foi adquirida em 1931. Só em
1952 que foi enviado o Pastor José de Sá, que nessa Missão dirigiu (1952-1975) a construção de
duas residências, uma capela, um dispensário (Quicuco Dispensary), inaugurado em novembro
de 1958. Em 1966, foi inaugurada uma ampla e formosa escola, com os respectivos residenciais
feminino e masculino. Vale destacar que as camas eram feitas de varas e capim com pano sobre
o capim e um cobertor.
Missão de São Tomé (1938) – Em 1938, estabeleceu-se na cidade de São Tomé o primeiro
missionário Adventista – José Freire. Em 1946, começou a funcionar, com Capitolina Grave
como primeira diretora, a escola Primária, que se tornou um prestigioso centro cultural, onde
estudaram alguns alunos que após a independência vieram a desempenhar funções de destaque
na administração pública. O edifício definitivo da igreja foi inaugurado em 1 de dezembro de
1956, sob a direção do pastor Eliseu Miranda. Em 1966 começou a funcionar a escola das Neves.
Outro edifício de Igreja seria inaugurado em santo António do Príncipe, em 19 de Abril de 1967
pelo Pastor João Chaves. A Missão de São Tomé e Príncipe fez parte da União Portuguesa dos
Adventistas do Sétimo Dia até 1959, tendo nesse ano passado a pertencer na União Angolana.
Em 1975 ocorreu um “cisma” no seio dessa Missão, onde um grupo dirigido Samuel Batista
proclamando-a de União Santomense dos Adventistas do Sétimo Dia e do outro o Pastor Cosme
da Mota leal às orientações superiores. Nos anos que se seguiram esses dois grupos se
reconciliaram. Entre os pioneiros, obreiros e pastores que atuaram nessa Missão destacam-se:
Afonso das Neves, Arlindo Miranda, Cosme da Mota, Daniel Martins, Eliseu Miranda, Eliseu
Xavier, Germiniano Rodrigues, João Chaves, João Esteves, José Freire, José Manuel Dias
Marques, Juvenal Gomes Boneco, Manuel do espírito Santo, Manuel Quaresma da Cruz Lima,
Orlando Albuquerque,Samuel Grave e Victorino Chaves.

No Lubango, em 1965, sob direção do Pastor Américo Rodrigues foi inaugurada uma igreja,
mais tarde transformada em escola. Em 1971 foi dedicado o templo definitivo.
A Igreja de Lobito foi inaugurada em 18 de Fevereiro de 1968 (pastor J.P.F. Sicer).
Em agosto de 1969 foi inaugurada a Igreja de Luanda. Desde 1951 que seus membros se
congregavam num salão alugado.
No Cubal, em 20 de Julho de 1968, foi inaugurada uma sala de cultos.
Outras igrejas foram inauguradas: Catumbela (1962), Caála (1964), Luena (1968), Malanje
(1969), Ganda (Junho de 1974).
Obra educacional
Desde o estabelecimento da Igreja Adventista em Angola, uma das prioridades da ação
missionária foi a obra educacional.
Em 1929, o Pastor João Gnutzmann e Lucinda e filha Noemi, casal brasileiro, desembaraçaram
no porto do Lobito tendo sido recepcionado pelo Dr. Tonge, médico do Hospital do Bongo.
Foram a Benguela e de lá ao Huambo de comboio. No Huambo foram recebidos pelo Pastor

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Anderson, pastor-geral da União Angolana. O Professor (Pastor) Gnutzmann organizou o
programa escolar e todas as matérias em todas as classes, principalmente a introdução de novos
métodos pedagógicos, principalmente acabar com a escola ditatorial. Nessa época era comum,
por exemplo, o professor jogar uma faca num arbusto, à noite. Ao chegar no internato, chamava
os alunos, dava as coordenadas do local, e pedia que os alunos localizassem e lhe entregassem
aquela faca ainda naquela noite. Todos alunos saíam correndo. O aluno que conseguia localizar
aquela faca, no meio da escuridão, recebia a nota máxima e os outros recebiam algum tipo de
punição. Ainda, nessa época, na escola, os alunos eram casticados com “palmatórias” ou
“reguadas” pelos erros ortográficos que cometiam.
Nas férias ia pregar nas aldeias distantes e vender livros. No Bongo lecionava das 12:30 às 17:30
cursos primários, normal e teológico. Ulonguissi João “professor João” como era carinhosamente
chamado, ajudou a fundar a igreja em Nungulo, dirigido pelo messele José II e depois por
messele Kayoya e outras aldeias com escola modelo: Katanda e Kalenga. Em Angola nasceram-
lhes duas filhas: Enola (25 de janeiro 1930) e Alice (23 de Agosto de 1933). Entretanto, o
primeiro cidadão branco a ser sepultado no Bongo foi o filho do Pastor Gnutzman, que se
chamaria Mário. Na sepultura está a inscrição: aqui jaz, natimorto, um filho do casal
Gnutzmann”. Permaneceu em Angola por 6 anos. Foram contemporâneos dos missionários
Latgan, Hustable entre outros.
Eles tiveram que voltar ao Brasil porque governo português baixou uma lei que concedia a
licença para lecionar para quem fosse português nato. A saída da família Gnutzmann “enlutou”
os membros da época. Assim que chegou o caminhão os crentes se reuniram e começaram cantar
enquanto as lágrimas desciam pelos rostos. As palavras do hino eram “Deus vos guarde até nos
encontrar”.
Primeiros pastores consagrados Os primeiros ministros ordenados em Angola foram: O.O.
Bredenkamp e Thomas Huxtable (1930), Roy Burlew Parsons (1940), Herculano de Castro
e Venâncio Chipopa (1942), Peter Stevensson (1943) Jeremias Minganjo e B. E. Sparrow
(1947), Mário Abel, Dinis Capiñala, Alberto Chacussanga, Leonardo Mines, Isaías
Gonçalves. O pastor Mário Abel, poliglota, grande pregador e confencista, uma espécie de
Alejando Bullón angolano da época. O trabalho dele não limitou-se apenas em Angola, mas
noutros países inclusive na Europa.

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