A Condessa Bastarda! Por Gehpadilha - Lettera

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14/08/2018 A condessa bastarda!

por gehpadilha - Lettera

A condessa bastarda! por gehpadilha

Summary:

A bela Vitó ria Mattarazi aprendera muito cedo o signi icado da palavra
desprezo. Fruto de uma relaçã o ilı́cita, crescera em um ambiente hostil. Ela
moldara sua personalidade selvagem, arrogante e indomá vel com o mais
dedicado dos mestres... Até seu caminho se cruzar com a neta do seu maior
inimigo. Maria Clara Duomont parecia ter saı́do das histó rias de contos de
fadas... doce, generosa e meiga, mas aos poucos ela aprendera que para
enfrentar sua maior rival teria que buscar todas as forças possı́veis ou
acabaria sendo tragada pelas trevas da condessa bastarda.

Categoria: Romances Characters: Original


Challenges:
Series: Nenhum
Capı́tulos: 36 Completa: Sim Palavras: 123577 Leituras: 270558 Publicada:
24/09/2016 Atualizada: 30/01/2017

1. Capitulo 1 por gehpadilha

2. Capitulo 2 por gehpadilha

3. Capitulo 3 por gehpadilha

4. Capitulo 4 por gehpadilha

5. Capitulo 5 por gehpadilha

6. Capitulo 6 por gehpadilha

7. Capitulo 7 por gehpadilha

8. Capitulo 8 por gehpadilha

9. Capitulo 9 por gehpadilha

10. Capitulo 10 por gehpadilha

11. Capitulo 11 por gehpadilha

12. Capitulo 12 por gehpadilha

13. Capitulo 13 por gehpadilha

14. Capitulo 14 por gehpadilha

15. Capitulo 15 por gehpadilha

16. Capitulo 16 por gehpadilha

17. Capitulo 17 por gehpadilha

18. Capitulo 18 por gehpadilha

19. Capitulo 19 por gehpadilha

20. Capitulo 20 por gehpadilha

21. Capitulo 21 por gehpadilha

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

22. Capitulo 22 por gehpadilha

23. Capitulo 23 por gehpadilha

24. Capitulo 24 por gehpadilha

25. Capitulo 25 por gehpadilha

26. Capitulo 26 por gehpadilha

27. Capitulo 27 por gehpadilha

28. Capitulo 28 por gehpadilha

29. Capitulo 29 por gehpadilha

30. Capitulo 30 por gehpadilha

31. Capitulo 31 por gehpadilha

32. Capitulo 32 por gehpadilha

33. Capitulo 33 por gehpadilha

34. Capitulo 34 por gehpadilha

35. Capitulo 35 por gehpadilha

36. Capitulo 36 FINAL por gehpadilha

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Capitulo 1 por gehpadilha


Vitó ria Mattarazi era a ilha mais jovem do conde italiano Vitó rio Mattarazi V. Fora fruto de uma relaçã o ilı́cita com uma
das empregadas da casa da esposa, uma jovem brasileira que se apaixonara pelo patrã o garboso.

A pobre mã e enamorada morrera quando trouxera ao mundo a bela ruiva de olhos verdes.

A pomposa condessa fora obrigada a aceitar a criança ou o galante marido abandonaria o "perfeito" matrimô nio.
Kassandra permitira que a garota fosse criada junto ao seu ilho, Vitor, mas a mulher nunca tivera nenhum tipo de
sentimentos maternais pela menina. Ela representava a traiçã o, representava o fato de ter sido trocada por uma simples
serviçal.

Ao contrá rio da mã e, o futuro conde amara desde o nascimento a irmã , seis anos mais velho do que ela, assumira o
papel de protetor e amigo da garotinha de cabelos de fogo.

Enquanto isso, Vitó rio sempre fora um homem forte e inteligente, mas com a perda recente dos pais, mergulhara em
um mundo de luxú ria e farras, levando aos poucos a riqueza da famı́lia a nada mais do que menos de um milhã o de reais.
Tivera que vender a mansã o onde morava e se instalar em uma fazenda em meio ao nada, em terras potiguaras, herdada de
sua mã e.

Vitó ria fora mandada a um colé gio interno quando ainda era um bebê , poré m quando o dinheiro acabou, a garota,
agora com dezesseis anos, retornara a casa. Em todos esses anos fora, o ú nico que lhe visitava fora o meio irmã o, nem mesmo
o conde se dava ao trabalho de saber como estava a jovem. Nem mesmo as fé rias, ela passava com a famı́lia.

Kassandra a odiava e quando se viu obrigada a tê -la em seu espaço, izera o possı́vel para humilhá -la, para mostrá -la
qual era o seu verdadeiro lugar, mas a condessa nã o imaginara que a simples ilha de uma empregada herdara o orgulho e
arrogâ ncia dos Mattarazis e jamais baixaria a cabeça.

-- O que está s a pensar, bambina?

Vitó ria virou-se e viu o irmã o montado em seu garanhã o.

A garota estava sentada sob um enorme pé de mangueira. Havia treinado durante toda manhã , era uma grande
amazona e participava de campeonatos de hipismo.

-- Onde está o Bastardo?

A ruiva apontou para o está bulo, onde o grande cavalo preto pastava.

-- Está descansando. -- Disse sem interesse.

Ficou a observar o verde que se estendia por aquela extensa propriedade. Havia uma calmaria, uma paz que nã o se
encontrada dentro da casa grande e tampouco dentro dela.

-- Estou apenas a relaxar...

O jovem desmontou e sentou ao seu lado.

-- Brigou com a minha mã e novamente? -- Tocou-lhe o queixo, encarando-a.

-- Nã o brigo com ela, apenas nã o aceitarei a forma como a condessa me trata, jamais aceitarei isso de ningué m. --
Cerrou os olhos.

-- Eu sei e te entendo, mas você precisa compreender que ela está passando por uma fase difı́cil, na verdade, todos
estã o com essa crise. Temo que perderemos até mesmo essas terras. – Observou com tristeza os escassos empregados que
restara.

-- O conde nã o parece se importar com isso, a inal, ele sai toda noite para farras e até mesmo esbanja dinheiro como se
ainda tivesse. – Comentou com escá rnio.

O rapaz tirou o chapé u de abas da cabeça e bateu-o nas pernas.

-- Irei casar com a ilha do governador. Acredito que essa é a ú nica soluçã o para nossa situaçã o.

Vitó ria apenas assentiu.

Sabia que em breve, seria ela a vendida para saldar as dı́vidas da famı́lia, era assim que funcionava. Até mesmo já fora
apresentada a um viú vo, dono de banco, milioná rio, sabia que seria questã o de tempo para subir ao altar com um homem
que tinha um triplo da sua idade.

O casamento do irmã o ocorreu como fora planejado, pomposo, fora gasto tudo o que os Mattarazi possuı́am, ló gico que
eles imaginavam que retomariam o triplo do que investiram, poré m nada é como se aparenta.

Um mê s depois do matrimô nio, o governador fora preso e acusado de desviar verbas, teve todos os bens leiloados e
icaram na misé ria.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Vitó ria era agora a ú nica saı́da para toda aquela desgraça.

A garota agora com dezoito anos, era linda. Nã o passava despercebida em lugar nenhum. Kassandra aproveitou bem
isso e conseguira um magnata do petró leo para a enteada. A bela bastarda aceitara sem contestar, sabia que isso era normal e
ela també m desejava o poder, o dinheiro que o futuro marido possuia. Tã o jovem, contraiu matrimô nio com um homem de
quase oitenta anos. Poré m, ningué m domava a rebelde, ela era livre e nã o se deixava controlar por nada e por ningué m.

Levava a vida como solteira. Fazia o que lhe dava prazer e isso incluı́a competiçõ es de equitaçã o. Era uma das
melhores.

Em menos de um ano, depois de contrair nú pcias, o marido sofreu um infarto. Nã o havia ilhos, irmã os ou tio, apenas
muito dinheiro que a jovem viú va herdou.

A ruiva vivia a observar o irmã o, algué m sempre entusiasmado, se transformara em um homem amargurado, a esposa
tornava a vida de todos um verdadeiro inferno e nem mesmo o nascimento da ilha mudara isso. Vitó ria usara tudo que
herdara para levantar a fazenda da famı́lia, mas perdera quase por completo em investimentos errados do pai e na ambiçã o
desmedida da madrasta. O pouco que lhe restara, investiu naquelas terras tropicais, essa era a verdadeira paixã o da garota.
Com o tempo aprendera que era ali o seu lugar e faria de tudo para preservá -lo.

Mas o destino ainda tinha muito para mostrar e surpreender. Um acidente de carro ceifara a vida de toda a famı́lia,
restando apenas à ilha ilegı́tima para levar a frente o nome Mattarazi. Vitó ria, pela primeira vez em muitos anos, chorara.
Mas nã o o fez pelo pai que nunca lhe demonstrara nenhum tipo de afeto, o fez pelo irmã o, pois fora este quem sempre
estivera ao seu lado. Fora ele quem lhe dera seu carinho, fora ele o ú nico que lhe demonstrara o querer desinteressado.

Entã o, antes de completar a vigé sima primavera, a ilha de uma empregada recebera o tı́tulo de condessa Mattarazi VI.
Tudo que a famı́lia tinha fora deixado para si, mas tivera que enfrentar a acusaçã o que a famı́lia de Helena, esposa de Vitor,
izera contra sua pessoa. Eles a denunciaram como sendo a responsá vel pelo acidente, poré m as investigaçõ es comprovaram
que nã o houve nenhum tipo da falha mecâ nica no veı́culo, o que signi ica que a culpa do que ocorrera foi da velocidade que o
motorista conduzira o veı́culo.

Cinco anos depois...

-- Nã o há dú vidas que você será eleita a prefeita dessa cidade!

Maria Clara sorriu e bebeu á gua. Dentro de alguns minutos começaria a competiçã o e precisava estar totalmente
só bria.

Estavam a comemorar, pois a candidatura da jovem tinha sido bem aceita por toda a populaçã o.

A famı́lia Duomont temera que houvesse rejeiçã o, pois há alguns anos o avô da jovem, Frederico, na é poca governador
do estado, fora preso por desvios de verbas. Agora eles estavam tentando se reerguer de tudo que acontecera, buscando o
prestigio e o dinheiro de outrora.

-- Você será bem aceita! -- O velho lobo falava. -- Venceremos aqui e nas urnas. Quando isso acontecer, teremos força o
su iciente para destruir a condessa. -- Socou a palma da mã o. -- Ela tirara tudo de nó s e nó s tiraremos até o ú ltimo centavo
dela.

Maria Clara lembrou-se da tia que morrera tã o drasticamente. Ainda sentia a mesma tristeza quando relembrava o que
se passara. Na é poca, a jovem estava estudando fora, mas viera para o enterro. Naquele dia chuvoso, pode ver a mulher
vestida de preto, ainda recordava do olhar frio, da falta de expressã o que o belo rosto exibia. Sentiu a nuca se arrepiar
quando se lembrou dos olhos verdes se direcionarem para si. Eram como se fossem feitos de aço.

-- Amor, você será a mais linda prefeita de todo o paı́s. -- O namorado a beijou nos lá bios, tirando-a de suas lembranças.
-- E eu seu vice.

Ela sorriu!

Marcos era ilho do atual gestor da cidade. O belo rapaz fora escolhido como seu companheiro na chapa. Sabia que a
popularidade do pai nã o estava em alta, por isso aceitara que a futura esposa ocupasse aquele lugar. Sabia que ela tinha
carisma, alé m de ser linda. A morena de olhos negros, corpo esguio, rosto de linhas delicadas conquistaria a todos.

-- Nã o há dú vidas que sairemos vitoriosos.

A amazona ouviu o chamado e seguiu para seu cavalo.

Ficou parada a observar a competidora que entrava no gramado, montada em um cavalo á rabe lindo. Ficou encantada,
poré m ao notar o sorriso debochado da mulher que o montava, sentiu o sangue esquentar.

A condessa!

Ficou surpresa ao vê -la. Ningué m a via. Só tivera o desprazer de se deparar com sua pessoa no cemité rio. Nunca falara
com ela e jamais a imaginou naquele lugar.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Assassina!

Na é poca da morte de Helena, tinha apenas dezesseis anos, poré m icara sabendo da participaçã o daquela cobra.

Recordou de quando a viu. Isso só acontecera uma ú nica vez, mas nunca se esquecera daquele rosto forte, arrogante e
orgulhoso, só nã o recordava de como ela era jovem e bonita. Poucos viam aquela igura por ali, ela vivia isolada em sua
fazenda, um lugar lindo e bem afastado da pequena cidade.

-- Nã o sabı́amos que ela estaria na competiçã o!

Maria clara itou o treinador e amigo, mas voltou rapidamente para a apresentaçã o.

Ela era perfeita! Executava tudo com maestria. Parecia fazer parte do animal. Lembrava uma rainha.

Alguns minutos se passaram e chegou ao im a bela performance. Ela desmontou, retirou o capacete e sorriu.

Clara percebeu o sarcasmo presente no ato, pois a competidora saudara sua famı́lia e em seguida procurou-a com o
olhar por entre os que estavam ali presentes e quando a viu arqueou a sobrancelha em um quê irô nico. A jovem apenas deu
de ombros.

Sabia de tudo que aquela mulher já izera, desde a morte da famı́lia até a do pró prio marido e só permanecia impune,
devido aos bilhõ es que possuı́a. O que mais doı́a era saber que o crime contra sua tia fora descartado como um simples
acidente.

A bela Duomont balançou a cabeça para impedir os pensamentos que lhe atormentavam e seguiu para a apresentaçã o.

Tudo estava perfeito, treinara muito para aquele dia e sabia que estaria no pó dio. Aquele era o campeonato estadual de
hipismo e ela desejava muito aquele prê mio. Ouvia os gritos de entusiasmo, a inal, quem estava ali a competir era nora do
prefeito e provavelmente a futura administradora daquele municı́pio.

Entã o quando foi saltar o ú ltimo obstá culo, sentiu a sela solta, seria inevitá vel a queda, mas antes de ir ao chã o, pode
ver o sorriso vitorioso estampado no rosto da condessa Mattarazi.

Fora essa sua ú ltima visã o antes de cair desmaiada.

Clara seguiu para o quarto.

Há dois meses que sofrera o acidente quando participava do campeonato e necessitava de muletas para se locomover.

-- Precisa de ajuda, senhorita? -- A empregada abriu a porta para ela.

-- Nã o, Joana! -- Sorriu. -- Irei descansar um pouco.

Seu corpo ainda sentia as dores do acidente. Talvez, nunca mais voltasse a competir. Seu cavalo teve que ser sacri icado
e isso era o que mais lhe entristecera.

Nã o pudera salvá -lo... Nã o tivera essa chance...

Trovã o fora presente dos pais. Ele estava com ela desde quando era apenas um potrinho.

Apoiando-se no mó vel, conseguiu deitar com muito esforço.

Nada lhe tirava da cabeça que a tal Mattarazi fora a culpada do que aconteceu. Ficara comprovado que a sua sela fora
cortada e nã o havia outra pessoa que pudesse desejar algo assim.

Fechou os olhos!

Nascera naquele lugar, mas estudara durante muitos anos na Alemanha. Devia muito ao avô que se comprometera com
seus estudos e sempre lhe dera tudo, até mesmo quando passara por momentos ruins. Há um ano retornara ao Brasil, iria
participar das olimpı́adas, mas o acidente lhe tirara do jogo. Tivera que icar no interior, conseguindo apoio ao lado da
famı́lia. Os pais e o avô .

Maria Clara Oliveira Duomont sabia o poder que aquele sobrenome tinha em toda aquela regiã o, mas també m sabia
que desde a prisã o de Frederico, a popularidade polı́tica fora esmagada e ela sabia que caberia a si resgatá -la. Sabia que teria
alguns obstá culos em seu caminho. E agora estava segura que a condessa seria um deles, mas nã o a temia, estava disposta a
lutar com todas as armas contra ela.

Sabia que Vitó ria Mattarazi dominava grande parte daquelas terras. Mas será que ela se livrara de toda a famı́lia para
conseguir aquilo? Muitas coisas na vida daquela mulher era uma incó gnita. Uma ilha ilegı́tima se tornara ú nica herdeira de
um pouco que ela transformara em muito em menos de cinco anos.

Pegou o celular e acessou a internet. Ficou a observar a ruiva acompanhada de um belo homem. Ela era viú va. Casara
com algué m que tinha idade para ser seu avô e em menos de seis meses icara solteira. Herdara uma boa quantia do marido e
soubera fazê -la multiplicar. Era normal vê -la em revistas acompanhadas de belos rapazes, mas nunca havia uma segunda
foto. A ruiva parecia uma caçadora, uma verdadeira predadora.

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Observou o olhar forte e recordou do dia que a viu no enterro da tia. Na é poca, Clara era apenas uma menina e icara
muito impressionada com a frieza que ela demonstrara.

O que poderia esperar de algué m que tramara a morte da famı́lia e até mesmo do marido?

Estaria preparada para o que tivesse que vir. Nã o baixaria a cabeça jamais e se conseguisse provas de que ela estava
por trá s da morte da amada Helena, faria qualquer coisa para colocá -la atrá s das grades.

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Capitulo 2 por gehpadilha


Vitó ria bateu com chicote na escrivaninha. Estava em seu escritó rio.

-- Como roubaram? -- Falou por entre os dentes.

O capataz a conhecia, mas mesmo assim temia a fú ria da mulher. As vezes icava a se perguntar como um ser tã o bonito
tinha um gê nio daqueles.

-- Sim, condessa! -- Falou relutante. -- Cinco das melhores vacas sumiram quando estavam a pastar do outro lado do
rio.

-- Procurem-nas! -- Bateu mais uma vez. -- Para que pago a um monte de incompetentes se eles nã o conseguem nem
encontrar meus animais.

O rapaz baixou o olhar.

-- O izemos durante toda a noite, mas é como se os bichos tivessem sido engolidos pela terra.

Ela deu a volta e parou bem pró ximo a ele.

-- Saia!

O empregado assentiu e sumiu em disparado.

Vitó ria sentou na poltrona e retirou as botas de couro. Estava cansada. Tinha chegado de uma longa viagem. Precisara
negociar com alguns empresá rios e isso fora demasiadamente exaustivo.

Encostou-se e apoiou a cabeça.

Ela sabia que esses roubos que estavam ocorrendo em sua propriedade nã o era algo feito por qualquer ladrã o, tinha
certeza que algué m estava fazendo aquilo e suspeitava de Frederico Duomont e sua prole.

Miserá veis!

Por culpa daquele desgraçado, Vitó ria fora acusada de assassinato e ainda enfrentava o desdé m de todos naquela
cidade. Estava cansada de tudo aquilo e nã o permitiria que eles saı́ssem vencedores. Enfrentara muita coisa para chegar até
ali e querendo ou nã o era ela a condessa Mattarazi.

Observou o porta retrato que repousava sobre o criado mudo.

Havia uma ú nica foto ali e era o seu irmã o com a ilhinha nos braços.

Vitor!

Seu irmã o tinha o sorriso mais sincero, o olhar mais gentil que um dia pode ver em um ser humano. Fora dele o ú nico
afeto que recebera durante toda a vida. A sinceridade com que lhe falava, o jeito que demonstrava o seu amor. Gostaria de tê -
lo ao seu lado, gostaria de ter partido com ele. Cada dia que passava, a saudade só fazia aumentar. Lembrou-se de Helena. Ela
destruı́ra a vida de um jovem sonhador, a mesquinhez e ambiçã o daquela mulher fora o estopim para a destruiçã o do futuro
conde.

No dia seguinte completaria seis anos do acidente que ceifara a vida de todos.

Acomodou-se no sofá , fechou os olhos e acabou dormindo.

Os Duomont mandara rezar uma missa para a alma de Helena. Todo ano a famı́lia se reunia na igreja e chorava pela
morte prematura da jovem e da sua ilhinha. Aquela era a primeira vez que Maria Clara se encontrava presente. O recinto
religioso estava cheio. Alguns a observavam com curiosidade, nã o pareciam interessados nas palavras do padre, mas sim na
vida dos que ali estavam presentes.

Olhou o reló gio. Quase dez da manhã . Mas o dia estava sombrio, parecia estar se preparando para chuvas.

Remexeu-se no banco.

-- Tudo bem, amor? -- Marcos indagou.

O rapaz e a famı́lia estavam presentes. Ele ao lado da amada.

-- Estou com falta de ar... -- Abanou-se. -- Vou lá fora por alguns minutos.

Ele assentiu e a jovem pegou as muletas, saindo vagarosamente.

Observou a rua deserta. Era domingo. Ou as pessoas estavam na missa ou em suas casas dormindo. A cidade era
pequena, acolhedora. Ruas estreitas, praças e algumas lojas ao centro. Ela morava em uma fazenda dez minutos distante dali.
Era um belo lugar e muito grande. Uma verdadeira mansã o, sem falar nos outros atrativos do lar que ocupava uma enorme
faixa de terra.

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Seguiu caminhando lentamente e acabou chegando ao cemité rio. Era um lugar pequeno que icava um pouco afastado
da á rea central.

Sentiu dores nas pernas e teve que se apoiar no muro para descansar um pouco. Arrependeu-se de ter ido até ali, nã o
teria condiçõ es de retornar.

Repirou fundo até sentir-se melhor. Sorte que estava com o celular. Ligaria para o namorado ir ao encontro dela.

Percebeu uma movimentaçã o mais a frente e assustou-se, a inal, o lugar estava totalmente deserto e nã o havia casas
por ali. Deu a volta no muro e percebeu que havia um enorme garanhã o preto amarrado a uma á rvore. Reconheceu-o
imediatamente. Era o á rabe que a Mattarazi montara no dia da competiçã o.

Encantada, chegou mais perto.

Nunca vira um animal tã o lindo. Grande e pomposo, parecia saber a quem pertencia.

Estendeu a mã o para tocá -lo, mas o bicho levantou as patas dianteiras, o que fez a jovem se desequilibrar.

-- O que fez com ele?

Maria Clara ouviu a voz irme e depois a mulher vestida em roupa de montaria se aproximar, tentando acalmar o
animal.

Os olhos de um intenso verde a itaram, estreitando-se, de forma ameaçadora.

A garota tentou levantar-se, mas parecia impossı́vel, pelo menos conseguira sentar.

-- Responda! O que fazia com ele? -- Repetiu se aproximando.

A sobrinha de Helena se encolheu quando a viu bater com chicote na pró pria bota.

Tentou levantar-se, mas fora mais uma tentativa fracassada. Sentia-se constrangida por estar em tamanha
desvantagem.

-- Poderia ajudar-me? -- Estendeu a mã o.

Vitó ria abriu um enorme sorriso, aproximando-se ainda mais.

Clara observou as botas de couro brilhar de tã o bem cuidada. Pela primeira vez pode vê -la de perto. Os olhos pareciam
duas esmeraldas, os cabelos estavam soltos. Pareciam pintados de fogo. Era demasiadamente linda. O sorriso era enorme, os
lá bios vermelhos... Cheios... Suculentos...

Sentiu as gotas de chuvas começarem a cair.

-- Nã o! -- Afastou-se, montando o cavalo. -- Jamais ajudaria uma Duomont e nã o sujaria minhas mã os tocando em uma.

Instintivamente, Clara conseguiu desviar das patas do garanhã o que passara em disparadas por si.

Sentia as batidas do coraçã o acelerar. Sabia que se nã o tivesse saı́do da frente, ela teria passado por cima de si sem dar
nenhuma importâ ncia para isso.

Nã o havia dú vidas sobre a maldade daquela mulher.

Esperou os batimentos voltassem ao normal, em seguida pegou o celular no bolso e discou para Marcos ir ao seu
resgate.

A condessa esporeou ainda mais o animal. Sentia a chuva chicoteando-lhe o rosto, encharcando-lhe as roupas, mas
mesmo assim continuou a correr. Observou o campo aberto, nã o havia casas, só mato e á rvores. Suas terras já estavam à
vista, poré m a casa icava a uma hora dali.

Decidiu parar em um está bulo desativado que icava a meio caminho. Desmontou e acomodou o animal em meio aos
destroços.

-- Bastardo! -- Afagou a montaria. -- Você é tudo o que me restou. -- Tirou uma cenoura do bolso e colocou na boca do
bicho.

Ganhara aquele lindo animal do meio irmã o. Ele era ilho do cavalo á rabe de Vitor. Lembrou-se de como o pai e a
madrasta se opuseram ao presente, mas o rapaz fora irme e nã o aceitara a interferê ncia de ningué m.

Viu que a chuva diminuı́a e decidiu seguir caminho.

-- Iremos passar na delegacia agora mesmo. -- Marcos deu partida no carro.

Ele fora ao socorro da amada e a encontrou caı́da. Tinha alguns arranhõ es no rosto.

-- Nã o acredito que vá adiantar alguma coisa. -- A garota protestou.

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-- Como nã o? -- Fitou-a. -- A maldita condessa quase passou por cima de ti com aquele monstro. -- Tocou-lhe o rosto. --
Você está toda machucada, meu amor. Nã o podemos permitir que essa mulher saia impune, nã o basta o que ela já fez e nunca
fora cobrada por isso.

A jovem mordeu o lá bio inferior e acabou assentindo.

O rapaz deu-lhe um beijo rá pido e seguiu, estacionando em frente à pequena delegacia. Ajudou a namorada a sair,
entregando-lhe as muletas. Entraram.

-- Bom dia! -- Um policial cumprimentou-os. -- Algum problema?

-- Sim! -- O jovem se antecipou. -- Queremos fazer uma denú ncia contra a condessa Vitó ria Mattarazi.

Vitó ria retornou a casa e seguiu direto para a usina. Seu maior investimento era cana-de-açú car. Alé m de plantar, ela
també m produzia etanol e em breve começaria a produzir cachaça.

-- E como estamos indo?

Batista era um homem de meia idade que morava junto com a famı́lia nas terras da condessa. Trabalhava ali desde
jovem e desde as mortes da famı́lia, assumira o papel de administrador.

-- Com certeza nã o teria como está melhor. -- O homem lhe entregou as roupas adequadas para entrarem na sala de
quı́mica. -- A bebida está pronta. Quero que prove-a.

A ruiva colocou a vestimenta sobre a que já estava a usar.

Seguiram para o lugar, onde muitas pessoas trabalhavam.

Batista pegou a bebida cristalina, colocou no copo e entregou-a.

Vitó ria degustou lentamente, saboreando a destilada.

Sorriu!

-- Está uma delicia. -- Tomou o resto do conteú do. – Parabé ns! conseguiram o ponto certo.

-- Agora só precisamos de um nome.

A condessa icou a pensar, até esboçar aquele sorriso irô nico de canto de boca.

-- Bastarda! A cachaça da condessa! -- Encheu o copo mais uma vez e levantou-o em um brinde.

A viatura parou em frente a enorme casa de trê s andares.

A delegada saiu do carro, acompanhada de dois policiais. Já estivera ali algumas vezes, ainda mais quando houve a
denú ncia contra a jovem, apó s perder a famı́lia em um acidente de carro. Nã o tivera mais contato com ela, raramente ela
aparecia na cidade, mas todos falavam daquela igura perturbadora.

Seguiu até a entrada da casa e apertou a campanhia. Em poucos segundos, a mesma senhora de aspecto maternal abriu
a porta.

-- Boa tarde!

Julieta era a esposa de Batista e era ela a responsá vel de cuidar e administrar a enorme mansã o.

-- O que deseja? -- Perguntou meio que assustada.

-- A condessa se encontra?

Antes que a senhora pudesse responder, uma voz irme e rouca foi ouvida.

-- Olá , delegada, que surpresa vê -la...

Valentina itou a ruiva que descia elegantemente a escadaria.

-- Nã o me diga que veio para o lanche da tarde? -- Ironizou com um sorriso. -- Pode ir, Julieta, eu atendo a visita.

A mulher assentiu, deixando-as sozinhas.

-- Vamos ao meu escritó rio. -- Seguiu na frente.

A delegada conhecia aquele ar sarcá stico muito bem. Aquela jovem parecia que tinha sempre aquela forma de deboche,
tanto nos seus atos, como na pró pria voz. Recordou de quando chegara à cidade, seu maior desa io fora à condessa.

-- Sente-se!

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Valentina observou o lugar que nã o mudara nada naqueles anos.

A ruiva sentou e icou a girar na cadeira.

-- E entã o? Veio me prender pela morte de quem?

Vitó ria itou a autoridade sentada a sua frente. A delegada era uma mulher irme, deveria ter seus quarenta anos e era
uma morena muito bonita.

-- Recebemos uma denú ncia contra a sua pessoa. -- Entregou-lhe um papel. -- Vim pessoalmente, pois desejo evitar
problemas.

A condessa observou a intimaçã o, em seguida amassou e jogou-a no lixo.

-- Sabe que eu poderia prendê -la por isso, nã o é ?

-- E o que a senhora deseja que eu faça? A famı́lia Duomont nã o me deixa em paz e agora essa garota vem me acusar de
quase tê -la pisoteado e pior, vem me acusar de ter cortado a sela do cavalo no dia da competiçã o?

-- Entã o, diga-me o que aconteceu. -- Pediu pacientemente.

Valentina era casada com o advogado da condessa e pelo que o marido falava, percebia que Vitó ria nã o era aquele ser
insensı́vel que aparentava.

A jovem levantou-se impaciente, surpreendendo-a.

-- Nã o tenho nada para dizer. -- Estendeu os pulsos. -- Prenda-me, a inal, é isso que todos desejam.

A delegada assentiu.

-- Só preciso que esclareça as coisas. -- Insistiu.

-- E eu repito que nã o tenho nada para falar. -- Aproximou-se com os pulsos estendido. -- Nã o vai me algemar? --
Arqueou a sobrancelha. -- Nã o esqueça que sou uma assassina fria que, de acordo com você s, foi capaz de matar o marido e a
pró pria famı́lia em um acidente de carro.

A morena itou aqueles olhos verdes.

-- Ligue para o seu advogado. -- Retirou as algemas da cintura.

A condessa apenas deu de ombros, relanceando os olhos em sinal de té dio.

Frederico estava em seu escritó rio.

-- Nã o pode icar impune o que essa mulher fez com a minha ilha. -- Clarice parecia descontrolada. -- Temo que ela
possa fazer o mesmo que fez com a Helena.

Felipe abraçou a esposa.

-- Nã o permitiremos que isso aconteça, a denú ncia já foi feita.

Ouviram o som do telefone.

O ex-governador atendeu prontamente e depois de alguns segundos de conversa, desligou.

-- A maldita condessa está detida na delegacia. Acho que dessa vez o poder dela nã o foi su iciente para salvá -la.

Clarice pareceu aliviada com a notı́cia.

-- Onde está a Mattarazi?

Valentina observou o marido, Miguel, entrar em sua sala.

-- Quem ligou para ti?

-- A Julieta! -- Parou em sua mesa. -- A senhora nã o tinha o direito de detê -la. A minha cliente nã o apresenta nenhum
tipo de ameaça a ningué m.

-- Ela quase pisoteou a neta de Frederico Duomont. -- Retrucou irme. -- E ainda tem o agravante de ter cortado a sela
do cavalo da jovem.

-- E quais sã o as provas que a senhora tem? A palavra dessa moça contra minha cliente?

-- A sua cliente nã o pareceu interessada em se defender e nem mesmo solicitou a sua presença.

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-- Deixe-me vê -la. -- Exigiu. -- Entregou-lhe a autorizaçã o.

Valentina assentiu e pediu para o policial levá -lo até lá .

Observou o olhar indignado do marido. Sempre fora contra a ele trabalhar para a condessa, mas passando por cima de
seu desagrado, Miguel se tornara o advogado de Vitó ria Mattarazi. Sabia que o marido tinha um carinho paternal por aquela
mulher forte e sempre estava disposto a defendê -la. De inı́cio pensara que fosse mais um apaixonado pela ruiva, mas depois
de saber a histó ria, entendera o motivo de tanto amor...

O homem aproximou-se da cela e viu a cliente, mesmo diante da escuridã o. Ela estava sentada com as pernas dobradas
e a cabeça apoiada nos joelhos.

Sentiu um aperto no peito ao vê -la daquele jeito.

A conhecera quando ela era ainda uma menina. Fora um grande amigo do seu irmã o. Ele quem a defendera da acusaçã o
de assassinato da famı́lia. Naquele dia, conseguira ver naquele olhar que aparentava ser duro, algo que o tocara
profundamente. Uma tristeza, medo, dor... Uma profunda dor naqueles olhos tã o lindos.

-- Condessa?

-- O que quer? Quem te chamou? – Indagou sem levantar a cabeça.

O homem pediu ao guarda para abrir a cela, mas o rapaz disse que nã o tinha ordens para aquilo.

O advogado segurou nas barras.

-- Julieta me ligou e avisou o que tinha acontecido.

-- Nã o a mandei fazer isso.

-- Ela o fez porque se preocupa contigo, estava desesperada. – Respirou fundo. – Deveria ter me ligado logo que a
Valentina aparecera na fazenda.

Naquele momento Vitó ria levantou a cabeça e itou-o.

-- Vá embora...

-- Irei, mas te levarei comigo. – Pegou o celular e discou para o juiz.

Alguns minutos se passaram até ele encerrar a chamada.

-- Irei ao fó rum atrá s do habeas corpus. Mas antes eu quero que me explique o que aconteceu. Por que estã o dizendo
que izeste essas coisas? – Deu uma pausa. – Você nã o cortou a sela, tenho certeza.

-- Nã o, nã o o iz.

-- Eu acredito! – Miguel parecia aliviado.

A condessa levantou e seguiu pela minú scula cela até ele.

-- Nã o cortei nada. Sou muito boa no que faço, a melhor amazona de todas, nã o preciso usar de artimanhas para vencer
ningué m.

-- Nã o há dú vidas.

-- Mas... – Cerrou os olhos. – Eu quase a pisoteie com o Bastardo. Se ela nã o tivesse desviado, eu teria feito um omelete
da Duomont.

O advogado respirou fundo. Sabia que aquelas palavras eram verdadeiras. A conhecia o su iciente para saber que a
jovem nã o temia nada e nem ningué m, entã o nã o se importava em dizer o que pensava.

-- Nã o deveria ter feito isso. – Começou. – Nã o basta os problemas que tem com aquela famı́lia? Tente ignorá -los.

-- Eles estã o roubando meu gado e se eu pegar um deles com os pé s nas minhas terras, darei ordens para atirar. – Disse
por entre os dentes.

-- Irei buscar a ordem de soltura.

Vitó ria apenas deu de ombros, observando-o sumir pelos corredores daquele lugar que lembrava mais uma masmorra.

Fechou os olhos e sorriu ao recordar da cara de assustada da tal Maria Clara. Ficara surpresa no dia do campeonato. No
passado, só a viu por ali uma ú nica vez, no dia do enterro da famı́lia.

Lembrou-se do olhar dela naquele fatı́dico dia. Aqueles olhos pareciam querer hipnotizar.

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Agora ela tinha retornado e pelo que andara ouvindo na cidade, a garota miú da e de traços que a fazia se lembrar das
princesas dos contos de fadas, era a candidata à prefeita do municı́pio, mas ela só ganharia e assumiria a prefeitura passando
por cima do seu cadá ver.

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Capitulo 3 por gehpadilha


Maria Clara terminou de banhar com a ajuda da mã e e começou a se vestir. Teria que comparecer a uma reuniã o do
partido.

-- Estou mais tranquila com a prisã o daquela louca. – Dizia Clarice, enquanto escovava-lhe os cabelos.

-- Ela foi presa? – Movimentou-se incomodada na cama.

-- Sim, ontem! – Falou, terminando o ato. – Está linda... E a mais linda de todas.

A jovem sorriu tı́mida.

-- O Marcos disse que assim que terminar as eleiçõ es, você s irã o casar. – Entregou-lhe as muletas. – Seu avô já trouxe o
seu carro adaptado. Sei que você precisa da sua independê ncia, nã o precisará mais que te levem onde quiseres ir.

A jovem assentiu.

-- Preciso que ligue para o isioterapeuta, tenho que iniciar as sessõ es o mais rá pido possı́vel. Quero voltar a montar.

-- Nã o, ilha, por favor, nã o faça isso. Nã o entende que é um esporte muito arriscado.

-- E eu o pratico desde os seis anos e nunca tive nenhum problema. Só cai naquele dia porque algué m cortou a sela. –
Retrucou impaciente. – Estou indo ou acabarei me atrasando. – Beijou a mã e e saiu do quarto.

Clarice nã o via a hora de casar a ilha. A menina tranquila e obediente estava criando uma personalidade forte. Certa
rebeldia que só o matrimô nio daria um basta.

A condessa estava livre. Pagará iança e nã o precisará dormir na delegacia.

Acordou cedo, foi direto para as baias. Encontrou o iel companheiro lá . Acariciou-lhe e o bicho se esfregou em sua
mã o.

-- Vamos dar uma volta? Preciso ver os campos e veri icar os animais. – Entregou-lhe uma cenoura. – Se estiver cansado
posso pegar outro.

O garanhã o pareceu nã o gostar da ideia.

Vitó ria sorriu.

Acabou de selá -lo e saiu em disparada.

Maria Clara seguia por uma estrada de barro muito estreita. A reuniã o tinha sido transferida para a fazenda do
presidente do partido. O lugar icava demasiadamente distante, mas se saı́sse cortando por uma via toda arborizada
conseguiria chegar à metade do tempo.

Decidida, tomou o caminho. Ligou o rá dio e icou a ouvir algumas baladas româ nticas. Sempre fora seu estilo de mú sica
favorito. Enquanto as amigas se jogavam no pop e até mesmo funk, a ú nica herdeira dos poderosos Duomont curtia algo mais
tranquilo aos ouvidos.

Ouviu o celular tocar e viu aparecer a foto do namorado. Ele já deveria estar desesperado com o atraso dela.

Tentou discar, mas teve perda de sinal. Acelerou um pouco mais.

Prefeita?

Nunca pensara em entrar na polı́tica, mesmo sendo de uma famı́lia de polı́ticos. Seu avô nã o poderia concorrer a
nenhum cargo durante muitos anos, fora declarado inelegı́vel. Seu pai era vereador, mas nã o parecia ser popular o su iciente
para aspirar à prefeitura, entã o só restara ela. Frederico disse: Com sua carinha de anjo poderemos ir longe...

Sorriu!

Bem, aquela era uma boa oportunidade para fazer algo pela populaçã o que vivia naquele lugar. Pelo que icara sabendo
pelos pais e pelo avô , a maioria dos empregos vinham direto da fazenda e da usina Mattarazi e os empregados tinha a mesma
rotina dos escravos. Trabalhavam demasiadamente e ganhavam pouco. Lutaria com todas as forças para que aquilo acabasse.
Traria outras frentes de trabalho para a regiã o, ajudaria à quelas pessoas a terem dignidade.

Distraı́da, precisou frear bruscamente ao notar a amazona montada em seu enorme cavalo. O animal levantou as patas
dianteiras, relinchando.

Sentia a adrenalina dominar todo o seu corpo. Por um triz nã o a atropelara.

O que aquela mulher estava fazendo ali?

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Sua mã e dissera que ela tinha sido detida. Lerdo engano! Vendo-a agora, a exibir aquela postura de uma rainha, sabia
ser impossı́vel algué m a detê -la ou controlá -la.

Observou-a para em frente ao seu carro.

-- O que faz em minhas terras? Quem te deu permissã o para trafegar por aqui? – Perguntou rispidamente.

-- Isso é uma estrada pú blica... – Falou meio confusa.

-- Nã o, aqui já é propriedade dos Mattarazis.

Clara parecia ainda mais desorientada, jamais passara por sua mente que aquela estrada pertencesse à quela mulher.

-- Eu sinto muito... – Disse com sinceridade. – Nã o tinha conhecimento desse fato.

Vitó ria nã o pareceu acreditar muito naquelas palavras. Ficou a acariciar a crina brilhante do animal.

-- E entã o, Bastardo? O que devemos fazer com a garotinha da cara assustada?

A Duomont exibiu uma expressã o surpresa.

-- O nome do seu cavalo é Bastardo?

A condessa deu de ombros, desmontando da montaria, mas o deixando parado no mesmo lugar para que nã o houvesse
risco da moça fugir.

Maria Clara observou a roupa que a condessa usava. Ela nã o era tã o alta, deveria ter alguns centı́metros a mais que ela,
poré m o corpo magro era bem chamativo. A calça de couro, preta, exibia belas pernas longas e torneadas, a camiseta branca
colada, deixava a mostra o abdome irme e os seios mé dios e redondos. Quando ela chegou mais perto, pode ver algumas
sardas que se espalhava pelo colo. Poré m de tudo aquilo o que mais lhe chamava a atençã o era a tonalidade verde dos olhos,
que a fazia se lembrar de esmeraldas, e as madeixas ruivas que lhe davam um ar selvagem.

-- Vou lhe contar uma histó ria. – Agachou-se para poder apoiar-se na janela.

A condutora do veı́culo pressionou o corpo ainda mais contra o banco para evitar qualquer tipo de contato com aquela
mulher. Fitou-a e observou os lá bios exibirem aquela expressã o de puro sarcasmo.

-- Bastardo é ilho de um garanhã o á rabe. – O tom baixo era hipnotizante. -- O pai dele faz parte de uma linhagem
nobre, puro sangue. Ele só cruzava com animais da seu estipe, poré m um dia ele se interessou por uma é gua sem raça,
pertencente a um dos empregados da fazenda... – Ficou alguns minutos em silê ncio, pensativa, distante... Até voltar a itar a
jovem. – Por isso ele é um bastardo. – Sorriu.

Clara itou o animal e depois encarou a condessa. Nã o sabia o porquê , mas tinha a impressã o que aquele bicho parecia
com sua dona.

Recordou de ouvir da famı́lia que a herdeira dos Mattarazis era ilegı́tima. Fruto de uma relaçã o ilı́cita.

-- Sabia que eu recebi uma ordem de restriçã o que diz que devo manter uma distâ ncia de noventa metros de ti. Mas
nesse caso você veio até mim e estamos tã o coladinhas que consigo sentir o seu aroma de lores. – Relanceou os olhos
tediosamente.

-- Já disse que nã o sabia que estava em suas terras. – Falou impaciente. – E quanto à ordem judicial, foi bem merecido. –
Ligou o carro. – Tire o seu cavalo da frente ou passarei por cima.

Vitó ria observou o lampejo de raiva passar por aqueles olhos negros e icou surpresa. Encarou-a e icou a observá -la
cuidadosamente. A pele dela era branca, os lá bios eram vermelhos e o formato lembrava um coraçã o. Nã o sabia o motivo,
mas a jovem a fazia lembrar as princesas dos contos de fadas.

Irritou-se por ela ter exibido arrogâ ncia e ainda mais pela petulâ ncia que usara ao ameaçar atropelar o Bastardo.

Retirou um pequeno punhal da bota, agachou-se e segundos depois retornou.

-- Espero que chegue ao seu destino e nã o demore muito... – Seguiu até a montaria. Montando. – E apenas um conselho.

Antes que Maria Clara pudesse falar algo, a condessa saiu em alta velocidade.

Ela tinha furado o pneu do carro! – Constatou furiosa.

Clara preferiu nã o esperar mais um ú nico segundo, pois temia nã o chegar à reuniã o e icar no prego em meio aquele
campo enorme e vazio.

Marcos olhou o reló gio mais uma vez. Discou vá rias vezes o nú mero da namorada, mas nada de ela atender. Estava a
ponto de sair em sua procura quando viu o carro estacionar em frente a casa.

Desceu os degraus correndo e foi até a amada.

-- O que houve, amor? Você está atrasada. – Retirou as muletas, entregando-lhe.

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-- Acabei me perdendo... E acabei entrando nas terras da condessa.

-- Mas como?

-- Olha, nã o quero falar sobre isso agora, vamos entrar. – Disse impaciente.

O rapaz percebeu que ela parecia muito perturbada, mas decidiu ignorar esse detalhe.

Vitó ria chegou à cidade. Fora chamada por Otá vio, um fazendeiro de meia idade que fora bem pró ximo de sua famı́lia.

-- Sente-se! – O senhor de cabelos grisalhos pediu.

Havia outro homem presente na elegante sala de estar. Ela o conhecia bem. Alex era um ambicioso assessor polı́tico e
també m jornalista de uma emissora da cidade. Ele se achava o ú ltimo bombom do pacote. Loiro, olhos verdes e corpo
atlé tico, chegara a algumas ocasiõ es a tentar seduzir a Mattarazi.

-- Diga o que deseja, pois tenho que viajar ainda hoje.

O homem idoso itou o outro e sorriu. Conhecia muito bem a condessa. Era arrogante e orgulhosa, tinha in inita sede
pelo poder.

-- Amanhã , ocorrerã o as convençõ es do partido e com toda certeza, serei escolhido como candidato a prefeito.

A ruiva cruzou as pernas, arqueando a sobrancelha direita.

-- E o que eu tenho a ver com isso?

-- Bem, seu pai, toda sua famı́lia era a iliada ao partido...

-- E? – Falou impaciente.

O homem levantou-se, seguiu até o elegante bar, preparou drinques e serviu aos presentes.

-- Quero que seja a minha vice na chapa.

A condessa icou a observar o lı́quido â mbar, mas nã o bebeu.

-- Nã o gosto de polı́tica, odeio toda essa hipocrisia.

-- Mas odeia ainda mais os Duomont. – Alex falou sorridente. – Algumas pesquisas mostram que a jovem Maria Clara é
uma imponente forte e temos certeza que você nã o deseja que a nossa cidade ique nas mã os da famı́lia que vive tentando te
destruir.

Otá vio se aproximou e sentou ao lado dela.

-- Sabemos que essa garota é apenas um fantoche, pois Frederico quem estará à frente de todas as decisõ es. – Encarou-
a. – Imagina como você será ainda mais perseguida se isso acontecer.

Vitó ria levou o copo aos lá bios, mas hesitou.

-- E o que te faz imaginar que eu seria uma boa escolha? As pessoas desse lugar me odeiam.

-- De certa forma sim, poré m isso pode ser mudado facilmente. A inal, sua fazenda e sua usina sã o responsá veis por
grande parte de empregos.

-- Sem falar que com a cachaça que agora você está criando, ainda abrira mais frentes de trabalho. – Alex Intrometeu-se
mais uma vez. – Entenda que os Duomont na prefeitura seriam um risco para você .

Ningué m precisava dizer isso, pois ela sabia muito bem. Aquela famı́lia a perseguia desde o terrı́vel acidente que
ceifara a vida dos Mattarazis. Nem mesmo esfriara o corpo dos pais e do irmã o e ela fora presa, acusada de ser a responsá vel
pela morte de todos. Nunca esqueceria aquele dia.

Bebeu todo o conteú do do copo de uma só vez.

-- Eu aceito, mas com uma condiçã o.

-- Qual?

-- Eu serei a prefeita. – Sorriu ao ver a expressã o chocada dos dois. – Nã o se preocupem, assim, que vencermos,
entregarei o cargo em suas mã os, nã o quero dinheiro, nã o quero administrar nada, apenas quero mostrar para Frederico e
para a netinha dele que eu posso mais.

Os dois se entreolharam por alguns segundos, pareciam pensar se valeria a pena correr esse risco.

-- E entã o, senhores? – Levantou-se. – Nã o tenho muito tempo e desejo uma resposta agora.

-- Aceito! – Otá vio estendeu a mã o para ela.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

A condessa ignorou o gesto.

-- Nos veremos amanhã na reuniã o do partido. – Colocou o chapé u na cabeça e saiu.

Os dois homens a observaram partir.

-- Bem, nã o foi em vã o termos sabotado a sela da Maria Clara. Agora temos o apoio da condessa. – Disse Alex.

-- Assim espero e continuaremos trabalhando para isso.

Na hora do jantar ,na casa da famı́lia Duomont, Frederico esbravejava a mesa.

-- Como essa desgraçada foi capaz de rasgar o pneu do seu carro. Irei exigir que aquela delegada tome providê ncias
quanto a isso.

Clarice itou o marido, parecia exigir que ele també m defendesse a ilha. Maria Clara nã o parecia interessada no
assunto, fora Marcos quem falara para seu avô .

-- Eu tinha invadido a propriedade dela, vovô . – Levou uma colher de sopa a boca.

-- Isso nã o é motivo para ela fazer isso. – A mã e interferiu. – A condessa se acha no direito de fazer o que quer. Matara o
marido e depois a pró pria famı́lia e jamais recebeu puniçã o para tal crime.

A jovem ao ouvir aquelas palavras lembrou-se de Vitó ria. Ela era tã o linda que chegava a ser impossı́vel imaginar que
fosse capaz de tal coisa. Nã o sabia o motivo, mas algo naquela mulher a incomodava demasiadamente.

-- Nã o esqueça que ela tentou contra sua vida no dia da competiçã o. Poderia ter acontecido algo muito pior. – A mã e
continuou. – Temos que destruı́-la. Expulsá -la daqui.

-- Calma, querida! – Felipe tocou-lhe a mã o. – Iremos proteger a nossa ilha, nada acontecerá a ela.

-- Nã o mesmo, porque antes eu a mato. – O patriarca completou furioso.

-- Vou para o meu quarto. – Levantou-se. – Estou me sentindo cansada.

-- Quer que eu vá contigo? – Clarice indagou, levantando-se.

-- Nã o, mamã e, eu estou bem, quero apenas dormir. – Apoiou-se nas muletas e despediu-se de cada um com um beijo.

Chegou ao quarto e deitou-se.

As vezes, se sentia sufocada com o excesso de cuidados que recebia. Era como se nã o tivesse capacidade para se
defender sozinha ou buscar algo. Sempre fora tratada como uma criança que nã o sabia o que era melhor para si. Até mesmo
fora proibida pelo avô de exercer a pro issã o de veteriná ria. Formara-se no inı́cio daquele ano, mas de acordo com as ideias
de Frederico, uma Duomont nã o deveria se rebaixar a uma pro issã o remunerada.

Sentiu o ar faltar aos pulmõ es e imediatamente pegou a bombinha que estava ao lado do criado mudo, e começou a
usá -la. Sofria de asmas e sempre que se exaltava tinha crises.

Talvez fosse esse motivo da superproteçã o, era tã o frá gil que era como se fosse necessá rio que algué m sempre
estivesse cuidando de si.

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Capitulo 4 por gehpadilha


Miguel estava saindo do quarto do ilho quando a esposa chegou. Passava das dez horas.

-- Boa noite, amor! – Ela o cumprimentou com um beijo rá pido nos lá bios.

-- Nossa, pensei que fosse dormir na delegacia.

A mulher respirou fundo e sentou na poltrona. O advogado se aproximou e iniciou uma massagem.

-- Frederico Duomont apareceu por lá , quer que eu prenda a condessa novamente.

-- Mas, por quê ?

-- Ele disse que ela rasgou o pneu do carro da neta. Parece que a garota se perdeu e acabou entrando por engano nas
terras da Mattarazi.

-- Ele o icializou a denú ncia? – Miguel sentou ao seu lado.

-- Nã o, pois sabe que Maria Clara estava em propriedade privada e todos sabemos como Vitó ria costuma receber
invasores. – Valentina virou-se para o esposo. – Fale com a sua cliente, diga para ela manter distâ ncia dessa famı́lia.

-- A Vitó ria está sendo perseguida, ela nã o fez nada do que a acusam.

-- Miguel, eu sei que você era amigo do irmã o dela, mas seja realista. A condessa agi impulsivamente e nã o mede as
consequê ncias. E algué m difı́cil de lidar. Arrogante, orgulhosa e agora estou a pensar se ela nã o é mesmo a culpada de tudo
que essas pessoas a acusam.

-- Ela nã o matou a famı́lia e nem o marido, eu a conheço bem, sei do amor que ela tinha por Vitor. Sei como ela sofreu e
como ainda sofre.

-- Sofre? – Indagou incré dula. – Aquela mulher é um poço de frieza e sarcasmo. Acho impossı́vel ela ter algum
sentimento dentro do coraçã o, na verdade, eu duvido que ela tenha um. – Levantou-se. – Vou banhar para deitar.

O advogado assentiu e icou sentado, pensando.

Tinha certeza da inocê ncia da cliente e mesmo se assim nã o o fosse jamais a abandonaria. Nunca faria isso.

Vitó ria acordou bem cedinho. Vestiu-se e saiu para se exercitar. Gostava de cuidar do corpo.

Nã o dormira muito bem. Mais uma vez sonhara com o irmã o. Por que nã o estava junto com ele naquele dia?

Recordou que eles estavam indo para a cidade e Vitor pedira que ela icasse cuidando de tudo. Estavam indo fechar a
venda de uma parte das terras, pois a situaçã o inanceira estava pé ssima...

Sacudiu a cabeça para espantar os pensamentos.

Maria Clara iniciou as sessõ es de isioterapia naquele dia. O que mais desejava era nã o precisar mais das muletas para
se locomover.

Recebeu uma cesta de café da manhã do namorado, acompanhado de um buquê de rosas brancas.

Clarice apareceu entusiasmadı́ssima, parecia que o presente era para ela.

-- Assim que terminar ligue para ele e agradeça. – Falou suspirando. – Marcos é um verdadeiro gentleman, vai ser um
ó timo marido para você .

A jovem sorriu. Sim, sabia que nã o tinha no mundo algué m tã o perfeito para si do que aquele belo rapaz.

Fora agraciada em conhecê -lo. Ele era maravilhoso, paciente e cuidadoso. Era totalmente apaixonada pelo garboso
cavalheiro.

-- O farei, mamã e, nem precisa dizer.

Como esperado, os membros do partido relutaram em aceitar a condessa como candidata a prefeita na pré -convençã o.
Mas parece terem pensado melhor ao vê -la entrar no local onde estava acontecendo o evento.

O vestido preto, solto nos quadris, que chegava um pouco abaixo dos joelhos, davam-na uma elegâ ncia e ao mesmo
tempo sensualidade. As alças inas da peça destacavam os ombros magros e o perfeito colo. Os cabelos estavam soltos,
brilhantes, afogueados, usava uma maquilagem discreta, leve, mas que realçavam ainda mais os olhos cor de esmeralda e os
lá bios cheios, provocantes.

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Todos a olhavam e decerto a pergunta que passava por suas cabeças era: Quem nã o cairia de desejo por aquela
mulher? Quem resistiria à quela mistura de fogo e gelo?

Algumas damas presentes nã o pareceram muito felizes com a presença poderosa, com certeza, morriam de inveja.
Outras, mesmo em segredo, admiravam-na demasiadamente. Mas Vitó ria nã o se iludia, tampouco se importava com a opiniã o
alheia.

Conversou com algumas pessoas, sorrindo, poré m nã o se esforçava para perder aquele ar de superioridade e sarcasmo
profundo.

-- Como pode existir em um mundo tã o imperfeito, uma mulher tã o linda como você ?

A condessa estava de pé , prestava atençã o em uma banda que se apresentava. Entã o, ouviu um sussurro bem junto à
orelha e sentiu mã os lhe enlaçar a cintura.

O ambiente estava mergulhado na penumbra, mas havia um show de luzes coloridas.

-- Uns sã o comparados aos deuses... – A jovem falou sem se mover. – Outros sã o como você .

O homem gargalhou.

-- Eu sou completamente fascinado por ti. Eu, um mero mortal, apaixonado pela representaçã o terrestre de Afrodite.

Vitó ria virou-se, itando-o com aquele sorriso que brincava no canto da boca.

-- Na verdade, eu sou um misto de Palas Atena e Artemis. – Entregou-lhe o copo e afastou-se.

Alex tomou o resto de bebida que estava na taça.

-- Um dia descobrirei os seus segredos, condessa.

A noite transcorria com boa mú sica, excelente comida e bebida. Ao inal, Vitó ria Mattarazi era escolhida como pré
candidata a vaga de futura gestora do municı́pio. A populaçã o que estava presente pareceu surpresa com a indicaçã o, mas a
popularidade negativa do atual prefeito colaborou para uma boa aceitaçã o do poderoso nome.

No dia seguinte, a pequena cidade fora assolada com a notı́cia.

Frederico Duomont estava possesso. Rapidamente convocou Marcelo, Marcos, Maria Clara e Felipe. O desjejum fora
substituı́do pela esbravejamento do patriarca.

-- Maldita... Um milhã o de vezes maldita.

-- Acalme-se, vovô , ou acabará tendo uma sı́ncope. – A jovem aparentava serenidade. – Nã o há motivos para icar assim.
Sabı́amos que o adversá rio buscava um nome forte para a chapa, entã o nã o temos que superestimar o fato de ser o dela.

Todos os olhares se viraram para ela. Surpresos.

Marcos decidiu intervir ao ver ao ver o velho polı́tico icar cada vez mais vermelho.

-- Clara tem razã o! Sem falar que ainda nã o nada está o icialmente decidido. O pleito ainda está distante e pode ser que
o partido perceba que a escolha feita nã o é uma das melhores. E nã o devemos esquecer que ela nã o é nenhum pouco bem
quista pelos cidadã os de bem.

-- Ok! – O polı́tico parecia mais calmo. – Mesmo assim nã o quero surpresas. Tentaremos fazer um trabalho discreto
para angariar votos, vamos buscar apoio dos comerciantes e fazendeiros da regiã o.

Os presentes assentiram, sabia que nã o poderiam questionar uma ordem de Frederico.

Maria Clara respirou fundo, pressentia que muita coisa estaria por vir e teria que ter ainda mais paciê ncia.

Por que a tal condessa nã o podia simplesmente sumir da vida de todos?

Passara aqueles anos todos ouvindo falar dela. Agora, entendia porque preferira se mantiver longe. Nã o conseguia
conviver naquele ambiente cheio de rancor e de ó dio, nã o desejava mergulhar naquela atmosfera, poré m agora temia nã o
conseguir continuar imune a toda aquela raiva.

Os dias que se seguiram foram tranquilos. O caminho das duas mulheres nã o voltou a se cruzar, até uma bela manhã
ensolarada de domingo.

Havia um clube, um pouco afastado da cidade. Um balneá rio frequentado pela alta sociedade local e por muitos
turistas. O ambiente era pomposo. Havia um campo de golfe, uma quadra de vô lei, piscinas, tudo cercado por uma reserva de
mata atlâ ntica. Otimo lugar para aproveitar os inais de semana. Vá rios restaurantes serviam comidas tı́picas e també m
culiná ria estrangeira, detalhe que agradava a todos que frequentava o lugar. Havia mú sica ao vivo para embalar os seletivos
clientes.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Que bom que aceitou o meu convite. – Marcos servia um suco para a amada.

Ambos estavam deitados em uma espreguiçadeira na beira da piscina.

Maria Clara acabara aceitando o convite do namorado e ambos estavam aproveitando um momento a dois. A bela
Duomont estava avançando na recuperaçã o, agora só necessitava de uma muleta canadense e de acordo com o
isioterapeuta, em breve ela estaria livre desta també m.

-- Aqui mudou muito. Quando vinha de fé rias sempre meus pais me traziam aqui.

-- Fizeram muitas melhorias, ainda mais depois que um empresá rio italiano se interessou pelo lugar...

O namorado continuava a falar entusiasmado, mas a atençã o da herdeira de Frederico estava voltada para uma igura
que acabara de chegar.

A condessa caminhava ainda mais altiva. Estava acompanha de um homem muito bonito, moreno e de corpo atlé tico.
Deveria ter uns trinta anos. Mas ele nã o chegava perto da beleza de Vitó ria. Ela usava um biquı́ni na cor branca e uma saı́da
de praia com abertura frontal, chegando até as coxas torneadas. Os cabelos vermelhos estavam presos num coque frouxo.

Observou-a tocar no ombro do acompanhante e ele parecia enfeitiçado. Será que sabia que ela era acusada de ser uma
viú va negra?

A condessa retirou os ó culos escuros e dirigiu o olhar em sua direçã o. Arqueou a sobrancelha, exibiu os dentes
branquı́ssimos em um sá dico sorriso e depois fez um gesto mostrando que manteria distâ ncia.

Clara deu de ombros e voltou à atençã o para Marcos.

-- Nã o acredito que essa mulher está aqui. – O rapaz parecia aborrecido ao vê -la.

-- Vamos ignorá -la, está bem? – Tocou-lhe a face, dando-lhe um beijo rá pido nos lá bios. – Nã o desejo que nada estrague
o nosso dia.

O jovem sorriu e tomou-lhe os lá bios novamente, aprofundando o contato.

Vitó ria Mattarazi esteve viajando durante alguns dias. Estivera divulgando sua cachaça. A bebida foi bem aceita e muito
elogiada. Retornara na noite anterior e trouxera consigo um empresá rio mexicano que parecia nã o só interessado na sua
destilada, mas principalmente na sua dona.

Sentou em uma das inú meras mesas, apreciando a companhia do galante rapaz, chamando Juan.

-- Estou encantado com sua cidade, sua fazenda e isso aqui é semelhante a um paraı́so. – Tomou-lhe as mã os nas suas.
– Mas você é o melhor de tudo aqui.

A condessa sorriu, mas seus olhos nã o pareciam presos no conquistador latino, itou a sobrinha de Helena e sentiu
asco ao vê -la toda derretida com o namoradinho.

Idiota!

Nã o suporta ver aquela garota. Achava-a ainda pior do que a tia. Dissimulada que exibia carinha de princesa de contos
de fadas. Poré m, de á urea encantada nã o havia nada, bastava lembrar que ela a acusara de ter cortado a sela do cavalo.
Decerto, sabia que iria perder e se jogara propositalmente e depois lhe jogara a culpa.

Alguns garçons, uniformizados, começaram a servir a todos com bebidas.

Um dos administradores do clube subiu no palco onde uma banda tocava e cumprimentou a todos.

-- Gostaria de chamar aqui o empresá rio mexicano Juan Bonaventura.

Vitó ria itou-o confusa, ele deu-lhe um beijo nos lá bios e caminhou até lá .

Maria Clara observava tudo com atençã o.

-- Buenos dias a todos. – O latino começava. – Eu patrocinei esse drinque e espero que todos o apreciem. Apresento a
todos a cachaça Bastarda!

As pessoas pareceram confusas, mas apreciaram a destilada.

-- Essa bebida foi produzida pela mais bela mulher. – Continuou sorrindo. – Confesso que estou enamorado, minha bela
e maravilhosa condessa.

A neta de Frederico arqueou os olhos em sinal de té dio, bebendo de uma ú nica vez o conteú do do copo, acabou
engasgando com o sabor ardente queimando a garganta.

Marcelo recebia em seu gabinete um dos maiores patrocinadores da sua campanha passada.

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-- Olá ! – O homem cumprimentou.

Bruno Ferraz era um empresá rio que se envolvia em negó cios escusos. Era dono de umas terras ao redor da cidade.

-- E entã o? Você pode fazer o que te pedi?

-- Com certeza!

-- Use balas de festim, nã o quero que o machuque apenas desejo que ela seja responsabilizada por isso.

Maria Clara estava em casa quando recebeu um telefonema, pegou o carro e seguiu direto para a casa do namorado.

Chegando lá , encontrou o mé dico o examinando.

-- O que houve? – Preocupou-se ao vê -lo com o ferimento no ombro.

-- A maldita condessa o atacou. – Marcelo falou, entrando no quarto. – Vim agora da delegacia, já iz a denú ncia.

-- Eu estou bem, amor, nã o se preocupe. – Marcos a acalmava. – Eram balas de festim.

-- Nã o, isso é um absurdo! – A jovem parecia descontrolada. – Essa mulher nã o vai fazer o que quiser e sair impune.

-- Ela nã o icará ! – O sogro a acalmou. – Será presa!

-- Dessa vez isso nã o vai ser su iciente!

Clara saiu da casa sem ao menos se despedir, entrou no veı́culo e deu partida, deixando todos boquiabertos com a
explosã o.

O sol dentro de poucos minutos se poria.

A condessa aproveitara o dia para descansar. Deu folga para todos os empregados. Gostava de icar sozinha, de apreciar
a tranquilidade daquele lugar que amava tanto.

Seguia para o está bulo, quando encontrou o seu cavalo caı́do. Desesperou-se imediatamente.

Agachou-se ao lado dele e percebeu que havia um corte em seu dorso. Os olhos do garanhã o estavam abertos, itando-a
intensamente, expressavam a dor que estava a sentir.

Era domingo e naquele horá rio os funcioná rios tinham ido para uma espé cie de quermesse na fazenda vizinha.

-- Calma, Bastardo! – Acariciava-lhe a crina, enquanto pegava o celular e discava para o veteriná rio.

O nú mero só fazia chamar, começou a entrar em desespero. Discou novamente e nã o obteve nenhuma resposta.

Praguejou alto!

Percebeu que precisava fazer alguma coisa, pelo menos até conseguir ajuda. Retirou a blusa para tentar deter a
hemorragia, enquanto continuava a ligar, mas ningué m atendia.

-- Maldiçã o!

Ficou o acariciando, temendo o que poderia acontecer se nã o chegasse ajuda logo. Lembrou que tinha o nú mero da
fazenda vizinha na agenda, no escritó rio. Ligaria para lá e pediria que algué m fosse buscar o veteriná rio.

-- Por favor, espere um pouco, trarei ajuda e você vai icar bem, meu amigo. – Rasgou a blusa e amarrou na ferida,
saindo em seguida em direçã o a casa.

Maria Clara sentia uma fú ria que nunca imaginara possuir. Quando pensava que o namorado poderia ter se machucado
de forma mais grave sentia vontade de matar aquela mulher. Por que ela nã o os deixava em paz? Nã o havia justiça que fosse
capaz de fazê -la parar, nã o havia puniçã o que a detivesse, pois o que se via era a poderosa Mattarazi agir como bem lhe
convinha, sem se importar se com isso a vida dos outros poderiam estar em risco.

Estacionou em frente a imponente mansã o.

Era um lugar realmente lindo e fascinante. A casa contava com trê s andares, era toda branca por fora e gramas cobriam
todo o pá tio. Havia muitas á rvores, palmeiras e tantas outras.

Desceu do carro, apoiada na muleta e já estava a seguir até a entrada quando viu aquela mulher vindo correndo em sua
direçã o.

Vitó ria usava apenas um short jeans e sutiã . Parecia se sentir a vontade exibindo-se para todos.

-- O que faz aqui? – Gritou. – Saia da minha propriedade agora mesmo! – Esbravejou.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Eu nã o sairei até que você me ouça! – Clara falou irme. – Estou cansada de você tentar machucar a minha famı́lia.

-- Ah, me poupe! – Tentou passar, mas a mã o da Duomont a deteve fortemente pelo braço.

-- Você nã o irá a lugar nenhum antes de me ouvir.

Vitó ria estreitou os olhos ameaçadoramente, mas Maria Clara sustentou o olhar, nã o parecia temer a raiva que via
queimar nas profundezas verdes.

A neta de Frederico sentia os dedos queimarem na pele macia. Observou os seios mal cobertos pelo corpete e viu
algumas sardas enfeitando o colo irme e redondo.

Alguma coisa despertou dentro de si.

-- Solte-me ou farei você voltar a usar as duas muletas. – Ameaçou exibindo um sorriso sá dico.

As palavras duras a tiraram do transe.

-- Dessa vez você nã o icará impune, condessa!

Vitó ria apenas arqueou a sobrancelha em forma de desa io.

A bela bastarda ouviu o relinchar do cavalo, entã o se desvencilhou das amarras e retornou correndo até o está bulo.

Maria Clara a seguiu lentamente e ao chegar ao lugar, avistou-a debruçada sobre o cavalo. Ouviu-a falar com ele e pedir
para o animal aguentar irme.

-- O que houve? – Indagou bem pró xima.

-- Eu já disse para você sair das minhas terras. – Disse sem se voltar.

Mas a jovem nã o pareceu ouvir o que ela dizia. Com di iculdade, agachou-se junto ao garanhã o, examinando a ferida
coberta e encharcada de sangue.

-- O que houve? – perguntou mais uma vez.

-- Nã o o toque! – A condessa estava pronta para tirá -la dali pelos cabelos.

-- Eu sou veteriná ria, deixe-me examiná -lo.

Vitó ria itou-a confusa, mas nã o parecia querer ceder.

-- Nã o o toque! – Falou pausadamente.

Bastardo relinchou mais uma vez, como se estivesse a gemer.

-- Deixe-me vê -lo! – Maria Clara já retirou a blusa que cobria o ferimento. – Preciso de á gua quente e gases. A ferida nã o
é profunda, mas se nã o for cuidada rá pido pode infeccionar. Se tiver um kit de primeiros socorros, traga-o para mim.

A Mattarazi observou-a por alguns segundos e mais uma vez os olhares de ambas se cruzaram, ela o sustentou até
levantar.

-- Se ele morrer, eu mato você com as minhas mã os! – Disse lhe apontando o dedo indicador.

Maria Clara a observou sair em disparada depois de dizer aquelas palavras.

-- Calma, rapaz, vai icar tudo bem! – Disse pressionando o corte. – Nã o acredito que um machucadinho desses vai lhe
nocautear, a inal, pior é aturar a sua amazona.

Bastardo tentou balançar a cabeça, parecia protestar.

-- Calminha, estava só brincando. – A jovem sorriu.

Acariciou-lhe o pelo brilhante. Era realmente um animal muito bonito, decerto herdara apenas as caracterı́sticas
paternas, pois era verdadeiramente um puro sangue á rabe.

Recordou-se da histó ria que Vitó ria lhe contara sobre o cavalo. Tinha quase certeza que ela estava a contar seu pró prio
enredo...

Alguns minutos se passaram, até a condessa aparecer com tudo que fora pedido. Ela icou a observar a sobrinha de
Helena cuidar da ferida. Viu-a lavar as mã os e depois o machucado.

O cavalo parecia mais calmo. Dava para perceber que ela era muito cuidadosa no que fazia. Os olhos do cavalo pareciam
fascinados pela moça de pele branca e lá bios vermelhos, mas quem nã o icaria?

Maria Clara Duomont era muito bonita, os cabelos pareciam é bano, mas nã o eram lisos, apresentavam uma ondulaçã o
perfeita que adornava ainda mais o rosto delicado. Lembrou-se dos olhos negros, eram grandes, expressivos... Recordou do
sorriso que parecia nã o abandonar os lá bios... A voz baixa e rouca a falar com o animal era hipnotizante...

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-- Ele icará bem! – Disse terminando o serviço, levantando-se. – Eu dei alguns pontos para fechar, precisa limpar trê s
vezes ao dia. Precisará comprar alguns remé dios para ajudar na cicatrizaçã o.

-- Tem certeza que ele nã o corre risco de morte? – Indagou preocupada.

-- Com certeza que nã o! A ferida nã o atingiu nenhum ó rgã o vital. – Encarou-a. – O que houve com ele?

-- Eu nã o sei! – Passou a mã o pelos cabelos. -- Passei o dia em casa e agora à tarde vim vê -lo, encontrando-o caı́do. –
Pegou um lenço e tentou limpá -la. – Sua roupa está toda suja de sangue.

Realmente a blusa branca estava totalmente destruı́da.

Maria Clara afastou-se ao sentir os dedos dela lhe roçarem o seio sobre o sutiã . Corou imediatamente.

Ambas se encararam durante alguns segundos, parecia que era a primeira vez que se viam. Havia uma atmosfera,
quase sufocante entre elas.

Vitó ria estendeu a mã o para tocar-lhe à face...

-- O que está acontecendo aqui?

As duas viraram para entrada e viram a delegada as observando com o olhar intrigado.

-- Nã o acham que estã o demasiadamente perto, você tem uma ordem de restriçã o, Vitó ria, e nã o parece a estar
cumprindo.

-- Bem, a culpa nã o é minha! – A condessa sorriu, retomando o sarcasmo costumeiro.

Valentina observou-as curiosamente. Uma estava toda suja de sangue e com o rosto na mesma tonalidade, já a outra
usava apenas um sutiã em conjunto com um minú sculo short...

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Capitulo 5 por gehpadilha


Valentina itou-as novamente, descon iada.

-- O que estava acontecendo aqui? – Repetiu a pergunta.

-- Meu cavalo foi ferido e a doutora estava cuidando dele. – Vitó ria respondeu altiva.

-- Realmente, foi isso que aconteceu. – Maria Clara con irmou rapidamente.

A delegada assentiu a irmativamente, observando o animal deitado.

-- Preciso que me acompanhe a delegacia, precisa esclarecer algumas coisas.

-- Eu nã o irei a lugar nenhum, o Bastardo está machucado, nã o sairei do lado dele. -- Respondeu altiva de modo
arrogante.

-- Nã o complique mais a sua situaçã o, você está sendo acusada de atirar contra Marcos Ferraz.

A condessa itou as duas mulheres. Estava surpresa.

-- Eu nã o iz nada! – Negou veemente. – Estive em casa durante todo o dia.

Maria Clara observava-a e buscava encontrar a verdade naquelas palavras. Realmente desejava que ela fosse inocente.
Era terrı́vel só em pensar que aquela mulher fez e continua a fazer coisas tã o terrı́veis, poré m sua tentativa foi em vã o. A
condessa só aparentava total frieza e indiferença.

-- Vamos comigo, lá você esclarece, ligue para o seu advogado.

-- Você é surda? – Aumentou o tom de voz. – Nã o iz nada e tampouco irei a lugar algum.

-- Está desacatando a minha autoridade! – Valentina avisou-a. – Isso só vai piorar a sua situaçã o.

A condessa itou a Clara, dirigindo sua raiva e indignaçã o à garota.

-- Saia da minha frente antes que eu esqueça o que izestes pelo Bastardo. – Disse por entre os dentes. – Estou cansada
da sua maldita famı́lia, do seu maldito namoradinho e de você .

Vitó ria seguiu a passos largos para a casa, enquanto a delegada observava curiosa a jovem que parecia está tica,
observando a Mattarazi se afastar.

-- Acho melhor ir embora daqui, senhorita Duomont. – Aconselhou-a. – Nã o deveria ter vindo e ainda mais sozinha.

-- Vim para confrontar a condessa, pois estou cansada de vê -la se livrar de todos os crimes que comete.

-- Bem, nã o foi isso que a cena aparentava.

Clara sentiu mais uma vez a sangue subir ao rosto.

-- Sou veteriná ria e jamais deixaria de ajudar um animal que necessitasse dos meus cuidados.

-- Imagino que o animal a quem estar a se referir seja o cavalo... – Arqueou a sobrancelha curiosa.

A jovem observou a colocaçã o, mas preferiu nã o responder.

-- Passar bem, delegada, e espero que consiga fazer o seu trabalho dessa vez para que ningué m volte a se ferir.

Valentina a observou se afastar. Nã o sabia o motivo, mas ao ver as duas mulheres juntas, sentiu que muita confusã o
ainda estava por vir.

Maria Clara nã o deu partida de imediato.

Encostou-se ao banco e tentou controlar a respiraçã o. Sentia uma grande dose de adrenalina passar por seu corpo,
sacudindo-o. Suas mã os estavam trê mulas, nem mesmo conseguia segurar a direçã o.

Observou pelo retrovisor o olhar da delegada cair sobre si como forma de advertê ncia. Felizmente, conseguiu ligar o
carro, afastando-se o mais rá pido possı́vel dali. Nã o conseguia entender o que se passava consigo, mas ainda sentia os seios
doloridos, desde que a condessa o tocara acidentalmente. Sentiu o rosto queimar mais uma vez.

Acelerou!

A ú nica coisa que queria naquele momento era chegar a sua casa. Sentiu o cheiro de sangue que sujava a sua camiseta,
poré m nã o fora esse aroma que a perturbou.

Vitó ria estava possessa. Caminhava de um lado para o outro, lembrando a uma fera enjaulada.

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-- Já disse que nã o atirei em ningué m e ainda mais com balinhas de festim. – Debochou. – Quando eu atirar em algué m,
o farei com balas de verdade.

-- Eu farei de conta que nã o ouvi isso! – A delegada a advertiu com o olhar. – Acompanhe-me, já perdi muito tempo
contigo.

-- Você é surda? – Apontou-lhe o dedo indicador. – Eu nã o deixarei o Bastardo sozinho.

Valentina a itou e viu como aquela mulher era determinada. Nã o sabia o porquê , mas acreditava que nã o fora ela quem
atirara no ilho do prefeito.

Respirou fundo.

-- Compareça amanhã à s dez horas a delegacia ou mandarei uma viatura vir buscá -la. -- Disse vencida.

A condessa deu de ombros e observou a autoridade sair de sua casa.

Seguiu até o quarto, vestiu uma camiseta e retornou para perto do cavalo.

Ele continuava deitado no feno. Agachou-se ao seu lado, acariciando-lhe a crina.

-- Você icará bom, meu amigo.

Os grandes olhos a itaram, mas pareciam buscar por outra imagem.

-- Nã o se preocupe, a talzinha já foi. Perdoe-me por tê -la deixado tocar em você , mas eu estava tã o desesperada. –
Observou os pontos que ela deu. – Por que nã o lhe deu um coice quando a estava pontuando? – Sorriu. – Você deveria está
muito derrubado para ter permitido... Droga! – Levantou-se. – Ela foi embora e nã o disse qual o remé dio que deveria comprar
para ti.

Clara demorou um pouco para chegar ao destino, pois passou por uma casa de pet onde comprou os medicamentos
para Bastardo e pediu que o entregador levasse na fazenda Mattarazi rapidamente, em seguida dirigiu-se para seu lar.

Entrou pelos fundos. Nã o desejava que ningué m a encontrasse naquele estado, mas quando estava adentrando o seu
quarto, deparou-se com seu pai no corredor.

-- O que houve? – Felipe indagou, aproximando-se preocupado.

A jovem fez um gesto para ele fazer silê ncio e o chamou em seus aposentos.

Seu pai era diferente do seu avô e de sua mã e. Era um homem de fá cil trato, carinhoso e muito brincalhã o, coisa que
nã o acontecia quando estava nas presenças de Clarice e Frederico.

-- Diga-me o que houve, ilha. – Tocou-lhe a face. – Você está ferida? – O rosto demonstrava preocupaçã o.

-- Nã o, eu nã o estou! – Tranquilizou-o. – Esse sangue nã o é meu!

-- Mas entã o?

Ela observou o homem a sua frente. Ele sempre a apoiara em tudo e por isso se sentia mais a vontade com ele de que
com qualquer outra pessoa.

-- Esse sangue é de um cavalo que estava machucado e eu cuidei. – Disse de supetã o.

Felipe a itou incré dulo.

Ele conhecia a ilha muito bem. Era uma garota doce, obediente e centrada. Sempre fora muito responsá vel, desde
quando ainda era uma criança. Nunca tivera aquela fase rebelde, tı́pico de adolescente, e vê -la fazer algo que sabia que lhe
era proibido o chocou.

Nã o entendia o motivo do pai nã o deixar a neta exercer uma pro issã o tã o bonita. Apenas acatava.

-- Mas como? Você sabe que seu avô nã o quer que faça isso.

-- Eu sei, papai, mas juro que nã o tive escolha. O animal estava mal, nã o poderia deixá -lo entregue a pró pria sorte.

-- E de quem era o bicho? – Ficou a andar de um lado para o outro. – Espero que seu avô e nem sua mã e iquem
sabendo disso.

-- Eles nã o saberã o! – A irmou com convicçã o, desconversando da pergunta.

-- Assim espero! Agora tire essa roupa que darei um im a ela. Nã o quero nem imaginar a cara da sua mã e se
descobrisse algo assim.

Maria Clara se aproximou para abraça-lo, mas o homem se afastou.

-- Nem ouse, essa blusa foi presente da Clarice e se ela sumir, sua mã e me mata.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Ambos caı́ram na risada só de imaginar a cena.

Batista e Julieta tinham voltado da festa.

Vitó ria já mandava o administrador ir à cidade para falar com o veteriná rio, quando viu uma moto se aproximar.

-- Boa tarde, senhora condessa. – O jovem a cumprimentou. – Pediram que lhe entregasse essa encomenda.

A mulher recebeu a bolsa e o rapaz se afastou.

A condessa abriu e viu que havia alguns remé dios e um bilhete.

“ Que o Bastardo possa se recuperar...

M.C.D”

Julieta observou os olhos da patroa brilharem e estranhou.

-- Nã o precisa ir mais a cidade! Podem tornar a descansar. – Seguiu para o está bulo.

Maria Clara banhou e seguiu para a casa do namorado. Desejava icar junto a ele. Sentia uma necessidade de tê -lo por
perto, parecia que algo a amedrontava.

-- Vou icar doente mais vezes para te ter assim, pertinho. – Dizia o rapaz.

Eles estavam no quarto, ocupavam um sofá e ele estava deitado com a cabeça sobre o colo da amada.

A jovem acariciou-lhe as madeixas negras e macias.

-- Nã o diga nunca mais isso, iquei demasiadamente assustada quando soube que algué m tinha lhe ferido.

-- Nã o foi algué m, foi a condessa. – Frisou.

Clara sentiu a pele arrepiar só em ouvir a referê ncia à quela mulher.

-- Tem certeza que foi ela?

-- Claro que sim, meu amor! O Bruno a viu. Ela montava aquele cavalo preto.

-- Está certo! Nã o precisa icar alterado. A polı́cia já está tomando providê ncias contra para punir a culpada.

-- Seria tã o bom se ela sumisse daqui, todos viveriam mais felizes.

Ela nã o sabia o motivo, mas pensar que a poderosa Mattarazi pudesse ir embora parecia incomodá -la.

Algo agora a perturbou: Será que Bastardo se ferira quando ela cometera o ato contra o rapaz?

Vitó ria aparecera no outro dia na delegacia, acompanhada do advogado. Realmente a denunciaram por atentar contra o
ilho do prefeito, mas nã o havia nenhuma prova quanto à participaçã o dela naquele ato, entã o nã o teriam como detê -la.

-- Estou cansada dessas denú ncias! – Falou ao entrar no carro. – Quero que entre com um processo contra os Ferraz
por calú nia.

Miguel ocupou o banco do passageiro.

-- Certo, hoje mesmo entrarei com a petiçã o.

-- També m quero que faça outra coisa. – Deu partida. – Quero uma ordem de restriçã o contra Maria Clara Duomont.

O homem a itou surpreso.

-- Faça o que estou dizendo! – Deu partida. – Estou me sentindo ameaçada. Depois peça para o jornal local trazer esses
dois atos na primeira folha.

Miguel observou o sorriso da cliente e apenas assentiu ao seu comando.

No dia seguinte...

A famı́lia Duomont estava reunida para o café da manhã como já era de costume.

-- Clarinha, as pessoas estã o entusiasmadas contigo. Acredito que nã o poderia ter feito melhor escolha para ser a
candidata à prefeitura da cidade.

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-- A minha ilha será uma ó tima gestora! – Completava Clarice orgulhosa.

A empregada entregou o jornal a Frederico. O velho tinha mania de tomar o desjejum enquanto acompanhava as
notı́cias.

Os presentes se assustaram a ouvir o grito dado pelo polı́tico.

-- Que essa mulher seja amaldiçoada! – Praguejava, enquanto levantava-se. – Tenho ganas de matá -la com as minhas
pró prias mã os.

Felipe pegou o caderno de notı́cia e viu o que tinha chocado ao pai.

“ A condessa Vitó ria Mattarazi está sendo ameaçada por Maria Clara Duomont.”

O homem mostrou a maté ria para a esposa e em seguida para a ilha.

-- Ela está fazendo isso para sujar sua imagem. – Clarice levantou-se. – E uma desgraçada!

A jovem leu a maté ria completa e a cada frase sentia sua indignaçã o aumentar.

Como fora ingê nua em pensar que aquela mulher pudesse ter algum tipo de sentimento bom em seu peito. Agora
estava segura de que tudo que sua famı́lia falava sobre ela era verdade.

Naquele mesmo dia, a famı́lia Duomont recebia a ordem de restriçã o para um dos seus mais preciosos membros.

Vitó ria precisara se ausentar, mesmo nã o desejando fazê -lo, pois nã o queria deixar seu cavalo. Mas dois dias depois do
que tinha ocorrido com o animal, Bastardo já estava recuperado.

Ela nã o fez nenhum tipo de denú ncia para descobrir quem tinha machucado o garanhã o, mas contratara algué m para
investigar, outra medida que també m tomou foi a de contratar seguranças para proteger sua fazenda. O roubo de suas vacas
continuava a acontecer e isso a estava tirando do sé rio.

Passou a semana no Mé xico, hospedara-se na mansã o de Juan. Ambos pareciam terem iniciado um tipo de
relacionamento bem peculiar. O empresá rio se mostrava totalmente apaixonado e enfeitiçado pela ruiva, já ela nã o
demonstrava que a relaçã o poderia ter algo mais para oferecer do que uma simples satisfaçã o carnal.

Duas semanas depois...

A cidade estava animada. Naquele dia se realizaria a festa da padroeira da cidade. Bandas foram contratadas. Havia
parques de diversõ es, barracas de comidas e outras que vendiam lembrancinhas, brinquedos. També m havia barracas de
tiros, bingos, roletas, algodã o doce e muito mais coisas.

O show piroté cnico era um atrativo a mais do grande evento.

-- Está tudo muito lindo, Marcelo!

Os Duomont tinham chegado à comemoraçã o.

Maria Clara estava linda. Usava uma saia de couro marrom que chegava bem abaixo dos joelhos. Usava botas de cano
alto, pretas, camiseta branca e jaqueta do mesmo material dos calçados e da mesma cor.

A jovem estava de mã os dadas com o namorado.

-- Quando você se tornar a prefeita, sei que seguirá o meu exemplo. – O prefeito disse para a nora.

Havia mesas por toda a praça e era lá que as duas famı́lias estavam reunidas. Conversavam sobre polı́tica,
cumprimentavam as pessoas e recepcionavam alguns deputados que vieram prestigiar o evento e garantir o apoio ao atual
gestor.

-- Mas quem é aquela mulher tã o linda?

A pergunta foi feita pelo ilho de um dos deputados.

Todos os olhares se voltaram para a ruiva que exibia suas curvas em um vestido preto sem alça, longo, tendo uma
abertura lateral que deixava à mostra a perna longa e bem feita.

Clara a itou e viu o sorriso desdenhoso aparecer na face perfeita. Observou que ela estava de mã os dadas com o
mesmo homem que se declarou para ela no dia que estava no clube.

Sentiu-se terrivelmente incomodada com aquilo.

-- Acredite, meu rapaz, é uma mulher que nã o merece ser ao menos cumprimentada. – Frederico falou.

O jovem assentiu, mas nã o deixou de itar a ruiva. Nunca virá algué m tã o bonito, mas se sentia irritado por saber que
outro já tinha chegado primeiro.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

A condessa retornou a cidade com Juan. Ele parecia interessado em manter a relaçã o amorosa. Aproveitou a
companhia para comparecer à festa da padroeira, assim, nã o se sentiria tã o entediada.

Encontrou os membros do partido e decidiu sentar com eles. Há alguns metros de distâ ncia estava a famı́lia Duomont e
a Ferraz acompanhadas de outras militâ ncias.

Observou a tal Maria Clara de mã os dadas com o namoradinho e sentiu â nsia. Quando os olhares se cruzaram, Vitó ria
demonstrou todo o seu sarcasmo.

A conversa luı́a à mesma medida que a bebida sumia dos copos, tudo estava muito animado. Havia uma multidã o
prestigiando ao evento, crianças brincavam e corria. As mú sicas eram agradá veis e o ritmo da festa seguia em um clima
gostoso.

-- Vamos comigo dar uma volta? – Clara convidou o namorado.

-- Nã o posso sair agora, pois papai quer me apresentar a um amigo dele. – Beijou-lhe a face. – Vá indo, prometo te
procurar depois.

Ela assentiu, levantando-se.

Ainda precisava andar com o auxı́lio da muleta, mas já sentia mais irmeza ao colocar o pé no chã o.

Seguiu encantada, vendo as barracas, as luzes que iluminavam as ruas.

Parou para observar as crianças fazerem ilas para passearem nos parques. Tudo era tã o lindo que a fez recordar de
quando era apenas uma menina.

-- Está perdida?

Ela virou-se instintivamente, deparando-se com a bela ruiva.

Vitó ria sorria divertida.

-- O que quer? – Clara Indagou encarando-a.

-- Apenas a vi e tive vontade de cumprimentá -la. – Respondeu simplesmente. – Estendeu-lhe a mã o.

Maria Clara estreitou os olhos, descon iada. Deu-lhe as costas e voltou a prestar atençã o aos brinquedos.

-- Obrigada por ter cuidado do Bastardo e obrigada pelos remé dios. – Sussurrou-lhe ao ouvido.

A jovem sentiu um arrepio percorrer todo o corpo ao ouvir o som rouco tã o pró ximo a si, tentou ignorar.

-- Nã o vai dizer “ de nada”, “ Disponha”, “ nã o tem por onde” ? – Debochou.

A Duomont virou-se para ela.

-- Nã o lhe direi nada, pois o seu agradecimento já foi dado quando me denunciou e me expô s no jornal.

Vitó ria mordeu o lá bio inferior.

-- Bem, você s sempre estã o fazendo denú ncias contra a minha pessoa, entã o decidi ver se esse jogo de julgar os outros
é tã o divertido assim.

-- As denú ncias foram feitas porque você cometeu os crimes. – Enfrentou-a irme. – Ningué m falaria nada contra ti se
você nã o procurasse.

A condessa chegou mais perto como se quisesse intimidá -la, mas Clara permaneceu no mesmo lugar, itando-a.

-- Eu nã o atirei contra o idiota do seu namoradinho, pois se tivesse que disparar contra algué m, o faria contra ti.

-- Isso é uma ameaça, condessa?

A Mattarazi colou o corpo ao dela por alguns segundos e pareceu que uma descarga elé trica percorria ambas.

Clara sentiu uma pressã o no estô mago e os seios eriçarem imediatamente. Observou os lá bios pró ximos e sentiu um
desejo enorme de senti-los.

-- Denuncie-me novamente... – Disse pró ximo a sua boca. – E você verá se é uma ameaça ou um aviso.

Encararam-se por segundos interminá veis. Ambas estavam a medir forças, mas algo a mais pairava sobre elas.

Vitó ria foi a primeira a romper o contato.

A neta de Frederico a observou se afastar e precisou se apoiar na muleta ou acabaria indo ao chã o.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Passou a mã o pelos cabelos, agoniada.

Nã o, aquilo nã o poderia estar acontecendo. Seu corpo tinha respondido a presença de uma mulher e para piorar era a
odiosa condessa quem lhe deixara em chamas.

Conseguiu controlar a respiraçã o e retornou para junto da famı́lia.

Todos estavam tã o animados com a festa que nem pareceram notar a mudança na jovem.

Marcos deu-lhe um beijo rá pido e voltou à atençã o para a banda que continuava a tocar.

Maria Clara viu que a Vitó ria já tinha retornado para perto do tal que a acompanhava. Parecia adorar os paparicos
feitos por ele, beijos nas mã os, uvinha na boca...

A jovem relanceou os olhos ao ver a cena paté tica.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Capitulo 6 por gehpadilha

Vitó ria aproveitou a companhia, mas nã o desejava icar mais naquele lugar. Alguma coisa tirou-lhe todo o humor. Nem
mesmo a cara de raiva dos Duomont e dos Ferraz a estava divertindo, como era de costume. Observou Maria Clara ser beijada
pelo namoradinho e sentiu tanta raiva que nem mesmo entendeu o porquê .

Tomou todo o conteú do do copo e sentiu a garganta queimar.

Fitou-a mais uma vez e dessa vez foi encarada. Estreitou os olhos ameaçadoramente, poré m a atençã o da outra tinha
sido tomada pelo namorado que lhe segurou a mã o, levando-a para ver o show piroté cnico.

-- Quero ir embora! – Disse levantando-se.

-- Mas ainda é cedo! – Juan falou. – E está tudo tã o bonito!

-- Entenda que precisa ser mais vista, é a nossa candidata e precisa se misturar com o povo. – Alex interferiu.

-- Se nã o me viram é porque estã o cegos, quanto a me misturar... Estou sufocada com essa atmosfera. – Saiu apressada.

O empresá rio mexicano observou-a se afastar, atô nito, mas se recuperou rapidamente seguindo-a, tentando alcançá -la
em meio à multidã o.

Naquela noite a condessa se jogou ardentemente nos braços do amante latino. Desejava mostrar a si mesmo que era ela
quem dominava o pró prio corpo e o desejo. Sempre fora passional, adorava e nã o tinha tabus quando se tratava de prazer.
Casara ainda muito jovem, mas nunca fora tocada pelo marido, ele a tinha como um enfeite, algué m a se expor, a se admirar e
exibir. Entã o quando icara precocemente viú va, se entregara aos prazeres da carne. Escolhia a dedo o homem que lhe
tocaria, pois gostava de dominar, de estar no controle daquele jogo excitante. Gostava do sexo, poré m ele nunca era
su iciente, ao inal do ato havia aquela sensaçã o de vazio que sempre perdurava...

Ouvia as palavras enamoradas do rapaz, suas carı́cias... Fechou os olhos e se assustou ao ter em seus pensamentos a
neta de Frederico...

Ao terminar o ato, percebia que algo parecia ter saı́do errado e sabia que nã o fora Juan quem o cometara.

Maria Clara icou durante alguns minutos sob a ducha. Precisava relaxar os mú sculos e se livrar daquela tensã o.

Já era quase trê s horas quando foi deitar.

Chegara bem tarde da festa. Nã o que nã o estivesse divertida, mas algo tirou sua paz e a deixara muito agitada.

Lembrou-se de tudo ter piorado quando viu a condessa deixar o evento, acompanhado com o tal mexicano. Ficou
nauseada só em imaginar que ambos naquele momento deveriam estar fazendo amor...

-- Eu devo estar icando louca! – Cobriu a face com as mã os.

Desde quando se importava com o que aquela mulher fazia ou deixava de fazer? Entã o, sua mente a levou para aquele
dia no está bulo, quando sentiu o toque dela e seu corpo pareceu ganhar vida.

Nunca em sua vida acontecera algo assim.

Ela era virgem. Sempre desejara se mantiver casta até o dia do casamento. Queria pertencer apenas a um homem e
essa uniã o duraria para toda a vida. Tivera apenas dois namorados e nã o se lembrava de ter sentido uma excitaçã o tã o
poderosa como aquela que ocorrera naquela noite. Na verdade, nunca tivera essa necessidade, essa agonia que parecia
queimar a carne e tirava-lhe todo o ar dos pulmõ es.

Sentiu os seios reagirem ao recordar daqueles lá bios.

Como uma mulher podia ser tã o linda e tã o perigosa? Recordou do sarcasmo sempre estampado naquela face, a boca
que se movia sempre com deboche... Os olhos... Esses eram perigosos de mais, ousavam, invadiam como se fosse a senhora de
tudo e de todos...

Levou as mã os a cabeça, parecia desesperada.

Necessitava de que aquela sensaçã o passasse. Precisava sufocar aquele desejo que chegava a sufocá -la.

Mordeu o lá bio inferior e sentiu as lá grimas rolarem, banhando-lhe o rosto. Soluçou e pediu a Deus que a perdoasse
pelos sentimentos que pareciam apossar-se de si.

Vitó ria Mattarazi treinava incansavelmente.

Bastardo já estava totalmente recuperado e ela desejava participar da competiçã o regional de equitaçã o.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Aquela era a sua maior paixã o.

O irmã o a ensinara a montar quando ainda era uma menininha. Vitó rio nunca se importara com a ilha, à s vezes tinha a
impressã o que ele a odiava, poré m nã o entendia o motivo de ele ter aceitado cuidá -la. Talvez, ele tivesse um pouco de
consciê ncia ou temesse um escâ ndalo, a inal, a amante morrera porque ele se negara a ajudá -la...

Engraçado, nunca pensara na mã e. Sempre a viu apenas como um personagem igurinista, a incubadora...

Concentrou-se...

Aproveitaria esse tempo para fazer o que mais gostava, pois no pró ximo mê s começaria a campanha para a prefeitura
da cidade e ela precisaria se empenhar, ao menos que quisesse ver o municı́pio nas mã os de Frederico Duomont.

Nã o tivera mais contato com Maria Clara e isso lhe devolvera a paz de espı́rito. Nã o gostava dela, odiava as sensaçõ es
que ela lhe fazia sentir. Era como se fosse um feitiço, uma forma de magia que a deixava frá gil.

Pulou mais um obstá culo e mais um.

Sua disciplina e talento já a izera ganhar muitos campeonatos e o ú ltimo fora o que mais lhe agradou, pois vencera a
garotinha de cara de princesa de conto de fadas.

Sorriu!

Deve ter sido horrı́vel para aquela famı́lia ver sua doce mocinha ser derrotada pela condessa Mattarazi.

Acabou o treino, mas nã o desmontou, saiu em disparada pelas terras que fazia parte de sua propriedade.

-- Esse rio faz parte da cidade. – Maria Clara falava. – Temos que usá -lo para que nosso povo nã o sofra com a falta de
á gua que já é uma realidade de todo o paı́s.

Os membros do partido pareciam satisfeitos com as palavras da candidata.

-- Mas nã o devemos esquecer que ele se encontra quase totalmente localizado nas terras de Vitó ria Mattarazi e que ela
nem mesmo permite que os animais passem por lá para tomar á gua. – Marcelo falou.

-- Deve existir uma soluçã o para isso! – A jovem falou. – Irei dar uma olhada na regiã o para buscarmos uma forma de
usá -lo.

A neta de Frederico fora chamada pelo sogro para uma reuniã o com o secretá rio do governador. Eles discutiam os
problemas da falta de recurso hı́drico e buscavam uma alternativa para contornar aquele problema. A populaçã o estava a
cobrar, pois aquela fora uma promessa do atual prefeito para se eleger e até agora nada fora feito. E isso era muito ruim para
a campanha de Clara e Marcos.

A jovem se despediu e seguiu para o carro. Era quase hora do almoço, mas decidiu nã o ir para a casa. Seguiu pela
estrada e foi até o rio. Desejava encontrar um jeito para usufruir da á gua e ajudar aquelas pessoas que dela necessitavam.

Estacionou o veı́culo e icou a observar a correnteza.

Havia cercas no local, e pelo que icara sabendo, mais para frente havia seguranças armados que nã o permitia que
ningué m se aproximasse.

Retirou o celular da bolsa e fotografou. Era um lugar realmente lindo. Havia um caminho todo arborizado que chegava
a margem...

Desceu do veı́culo, encantada, com a paisagem, mas foi tirada do transe quando viu o garanhã o preto vir em sua
direçã o tendo sobre si a amazona ruiva.

Sentiu as batidas do coraçã o acelerarem.

Há dias nã o via e nã o pensava nela. Conseguira sufocar aquela agonia e a paz voltara a reinar em seu corpo, poré m
agora, vendo-a se aproximar tã o imponente, com os cabelos ao vento, sentiu a pele se arrepiar.

-- O que faz em minhas terras? – A condessa perguntou sem desmontar. – Já disse para você nã o pisar na minha
propriedade.

-- O rio nã o é sua propriedade, é de todos dessa cidade. – Clara a enfrentou.

A condessa nã o pareceu gostar das palavras que ouviu e avançou ainda mais com o cavalo.

Clara recuou mais, até se encostar no veı́culo.

-- Vai tentar me pisotear de novo? – Desa iou-a novamente.

-- Já mandei você sair das minhas terras. – Falou por entre os dentes.

-- Você é surda? Eu já disse que o rio nã o é seu, ele pode passar por sua propriedade, mas o rio nã o é seu, condessa
Mattarazi!

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Vitó ria icou possessa. Desceu do animal e partiu para cima dela, segurando-lhe pelos ombros, pressionou-a forte
contra a porta do carro.

-- Nã o ouse falar comigo desse jeito! – Apertou-lhe ainda mais. – Eu sou a condessa, a dona de quase toda essa regiã o. –
Os olhos verdes faiscavam de raiva.

Maria Clara tentou se desvencilhar, mas a outra era mais forte.

-- Solte-me! Está me machucando!

-- E machucarei ainda mais se nã o sair do meu caminho de uma vez por todas.

-- Nã o tenho medo das suas ameaças! – A encarou. – Você nã o passa de uma bastarda estú pida que acha que pode fazer
o que bem entender e as pessoas apenas devem se dobrar diante das suas vontades. – Gritou.

A ruiva sentiu o sangue ferver e a fú ria dominar todos os seus sentidos. Nunca permitiu e jamais permitiria que
algué m a tratasse tã o desrespeitosamente. Ela era a ilha do conde Vitó rio Mattarazi V. Era descendente e uma das ú ltimas
representantes de uma famı́lia nobre.

Obsevou os olhos negros a itarem, brilhantes... Viu-a umedecer os lá bios e sua có lera pareceu seguir outro rumo...

Instintivamente tomou-lhe a boca, esmagando-a, ferindo-a, desejando vigar-se das noites de insô nia, mas ao sentir a
receptividade, acabou se rendendo a doçura da neta de Frederico.

Maria Clara nã o tentou ao menos resistir. Aceitou a investida colé rica, pois foi o que ansiara por todos aqueles dias.
Deixou-se explorar e quase desfaleceu ao sentir a maciez daqueles lá bios. Aceitou a lı́ngua sendo procurada e gemeu quando
a condessa a chupou desesperadamente, como se temesse que o tempo terminasse e interrompesse o contato.

Os corpos se colaram, roçando-se perigosamente. Clara Seguiu por baixo da camiseta, sentindo a pele quente e suave.
Vitó ria buscou o contato com os seios e ao tê -los em suas mã os sentiu como se tivesse tomado todo o vinho da adega.

Embriagadas... A raiva e o desejo se mesclavam...

A condessa introduziu a coxa em meio à s pernas da jovem... Sentiu os mamilos intumescidos, apertou-os até ouvi-la
gemer...

Bastardo relinchou e ambas se separaram rapidamente.

Encararam-se por alguns segundos. Pareciam desconhecer o que se passara no momento anterior, como se uma força
superior as suas vontades as tivessem unido naquele momento passional.

Maria Clara foi a primeira a mover-se. Entrou no carro e saiu cantando pneus.

A condessa deixou-se cair no chã o, cobrindo o rosto com as mã os.

Sua mente estava a mil. Nã o se reconhecia, nã o reconhecia a mulher que agira há alguns minutos. Passional,
descontrolada... Perdida...

Frederico observava as contas.

Sabia que em breve nã o teria dinheiro para saldar as dı́vidas. A justiça lhe tomara quase todos os bens e os que
sobraram poucos valiam.

Cometera um erro há alguns anos ao imaginar que os Mattarazis tinham dinheiro. Entregara sua ú nica ilha, pensando
que poderia usufruir dos milhõ es de Vitó rio, poré m a famı́lia nobre nã o tinha nem dinheiro para pagar a festa do casamento.
O que nã o acontecia agora. A maldita Vitó ria era milioná ria. Fizera o pouco que herdara se tornar uma exorbitante quantia.
Era boa para os negó cios, do mesmo jeito que era excelente na arte da seduçã o.

-- Miserá vel! – Bateu com o punho fechado na mesa.

Tomaria tudo que era dela e a destruiria.

Observou a foto da ilha. Linda! Poderia ter tido um futuro brilhante, mas os erros a levaram aos braços do homem
errado...

Fitou a imagem de Maria Clara. A neta nã o tinha a personalidade da tia, mas sabia que aquele ar de menina doce e
meiga se escondia uma personalidade forte. O melhor seria casá -la rapidamente com Marcos, poré m temia que assim
perdesse o controle sobre ela...

Maria Clara chegou e seguiu diretamente para o quarto. Fechou a porta! Nã o desejava ver ningué m naquele momento.

Parou em frente ao espelho e icou a observar o pró prio re lexo. Nã o se reconhecia. A pele parecia em brasa. Tocou a
testa e percebeu que estava febril. Queimava...

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Mirou os lá bios e notou o inchaço e o pequeno corte na parte inferior... Fechou os olhos e sentiu o gosto da boca dela,
exigente, dominadora... Ao mesmo tempo suave e apaixonante.

Aquilo fora uma loucura... A condessa era um ser perigoso e poderia destruı́-la muito facilmente...

Mas como controlar esse desejo que parecia querer dominá -la?

Bruta!

Falou baixinho ao notar as marcas que ela deixara em si...

Vitó ria retornou a casa e nem ao menos levou Bastardo para o está bulo. Entregou-o a um peã o que estava no pá tio.

Subiu as escadas correndo e seguiu direto para os aposentos. Entrou no banheiro, ligou a ducha e icou sob ela sem ao
menos se despir. Sentia a á gua fria lutar contra o calor que lhe queimava.

Escorregou até se sentar com as pernas estendidas.

Recordou do olhar forte, desa iador que Maria Clara lhe dirigiu. Os olhos negros brilhavam numa fú ria cega.

Fechou as mã os tã o forte que sentiu as unhas enterrarem-se na palma.

-- Maldita seja, Maria Clara Duomont! Mil vezes maldita! – Sussurrou.

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Capitulo 7 por gehpadilha


Marcos e sua famı́lia foram convidados para um jantar na casa de Frederico. Uma pequena recepçã o fora oferecida,
com bebida e petiscos.

-- Maria Clara vai demorar muito para descer? – O namorado perguntava impaciente à sogra.

-- Nã o, querido, ela já deve estar vindo. – Clarice lhe entregou uma taça. – Ela chegou no horá rio do almoço e
apresentou mal estar, icando no quarto durante toda à tarde, mas já estava se sentindo melhor.

-- Mas o que ela tinha? – Indagou preocupado.

-- O sol nã o deve ter feito bem. Ela é muito frá gil, fora criada na Europa e esse clima tropical nã o é bené ico.

-- Por que está com essa carinha, ilho?

Ana se aproximou do rapaz.

Era uma loira muito bonita, ainda jovem, mas que raramente saia de casa. Pouco aparecia nos eventos sociais e as má s
lı́nguas diziam que ela vivia um casamento de aparê ncia com o prefeito.

-- Boa noite a todos!

A voz melodiosa da neta de Frederico invadiu o ambiente.

O jovem apaixonado levantou-se da mesa e foi ao seu encontro, esperando-a pacientemente descer as escadas.

A garota recebeu o toque nos lá bios e sorriu sem jeito.

Algo pareceu a incomodar, mas tentou disfarçar.

Caminharam juntos e o cavalheiro puxou a cadeira para a amada.

-- Que lindo! – Frederico levantou a taça. – Quero brindar a esse casal perfeito que juntos governarã o a cidade.

Todos acompanharam o an itriã o.

-- Hoje, acordei e pensei que nã o temos motivos para esperar a eleiçã o acontecer para que minha neta ique noiva. –
Continuava o polı́tico. – Anunciaremos o noivado o mais breve possı́vel. Faremos uma grande festa para angariar ainda mais
votos. Mataremos algumas cabeças de gado e oferecemos um churrasco para esses coitados que vivem na regiã o.

-- A ideia é perfeita! – Marcelo concordava. – Assim, depois do pleito os pombinhos subirã o ao altar.

-- Eu aceito desde já ! – O jovem segurou a mã o de namorada. – E tenho certeza que você també m, nã o é , meu anjo?

Clara apenas sorriu, assentindo.

Ela sabia que nã o havia muito para ser dito. Na verdade, fora ela que sempre insistira para que noivassem antes das
eleiçõ es, entã o por que aquela ideia nã o parecia ser tã o atraente naquele momento?

Fitou a famı́lia e viu a empolgaçã o presente em seus rostos. Todos desejavam aquela uniã o, desde quando ainda era
uma menina fora orientada e ensinada a ser uma boa esposa, uma companheira que estaria ao lado do marido para tudo o
que viesse a acontecer... Mas...

Enquanto, os Duomont e os Ferraz comemoravam, a jovem levou o copo a boca e sentiu a bebida parar na garganta...

Recordou do que se passara naquele dia...

A boca da condessa dominando a sua... Seu toque ousado... Sua lı́ngua invadindo sem ao menos pedir permissã o... Pior
de tudo fora sua reaçã o... Intré pida... Faminta por aquela linda mulher...

-- Você está bem, ilha? – Sussurrou ao seu ouvido.

Felipe estava ao lado dela e percebeu uma mudança em seu semblante.

-- Sim, papai. – Sorriu nervosa. – Por quê ?

-- Seu rosto está corado!

-- E o calor! – Respondeu rapidamente.

O homem assentiu, mas nã o pareceu acreditar muito na explicaçã o dada.

Há dias percebera certa mudança em Clara, conhecia-a bem e tinha certeza que algo estava a se passar, mas o quê ?

A notı́cia se espalhara rapidamente.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

As pessoas só falavam no noivado do ilho do prefeito com a herdeira dos Duomont. Alguns até chegaram a cogitar que
a neta de Frederico deveria estar grá vida para que tudo fosse antecipado desse jeito.

Vitó ria treinava dia a dia para o campeonato que aconteceria dentro de uma semana. Apagou da mente o ú ltimo
encontro que tivera com Clara. Gostaria que ela sumisse de sua vida, que fosse para bem longe e agora a notı́cia de que ela
icaria noiva do tal Marcos só mostrava como aquela mulher era parecida com a tia. Decerto, tudo nã o passava de interesses
econô micos.

Era uma safada!

Será que ela contara ao noivo sobre seus gostos nada ortodoxos?

-- Condessa...

A Mattarazi estava cuidando do seu cavalo quando o capataz a chamou.

-- O que houve? – Virou-se com as mã os nos quadris. – Qual a novidade?

O homem a itou e admirou a bela amazona em sua roupa de montaria.

-- Vai falar ou icará aı́ parado com essa cara de besta?

-- Perdã o, senhora! – Tirou o chapé u. – E que sumiram cinco das suas melhores vacas.

Vitó ria desferiu um golpe forte com a chibata e por muito pouco nã o acertou o empregado.

-- Saia da minha frente, pois eu nã o costumo errar uma segunda vez.

O rapaz nem pensou, saiu em disparada do está bulo.

-- O que aconteceu? – Batista apareceu. – O jovem parecia que tava sendo perseguido pelo demô nio, quase me derruba.

Vitó ria respirou fundo e voltou a pentear a crina do cavalo.

-- Eu tenho quase certeza que algué m aqui está facilitando os roubos dos meus animais. – Disse sem se voltar.

-- De quem está s a descon iar?

A condessa itou o mais antigo contratado da fazenda. Ele sempre estivera à frente daquele lugar, já estava idoso, mas
mesmo assim era muito ativo, casado com Julieta, sempre foram bons com a menina que era sempre desprezada pela
madrasta.

-- Eu nã o sei. – Passou a mã o nos cabelos. – Preciso de sua ajuda para investigar. – Tirou o capacete. – Ficarei fora
durante alguns dias e necessito que esteja de olho em tudo aqui. De inı́cio, consiga outro capataz. Nã o acho que o que temos
seja muito con iá vel.

-- O farei, condessa! Pedirei que o senhor Miguel me ajude.

-- E uma boa ideia. – Já estava saindo quando se voltou para ele. – Prepare o Bastardo. Hoje mesmo ele seguirá para o
local da competiçã o.

Batista assentiu e foi providenciar o que fora pedido.

Maria Clara, em companhia do avô , vinha visitando algumas famı́lias na regiã o. Percebia a necessidade de investir em
escolas, em postos de saú des que nã o obrigasse a populaçã o que morava tã o distante a ter que se dirigir ao centro da cidade
para ter atendimento ou educaçã o.

Outra coisa que acabara percebendo era que deveria ter mais campanhas para controlar a natalidade. Os casais sempre
tinham muitos ilhos e isso tornava a situaçã o econô mica ainda mais precá ria.

Sentia-se bem em estar em contato com o povo e se fosse a escolhida por todos, usaria sua gestã o para fazer melhorias.

A semana transcorrera bem, mesmo sendo tã o agitada, poré m isso servirá para nã o icar pensando em certos olhos
verdes.

Tinha acabado de tomar banho, estava secando os cabelos, quando ouviu o celular tocar.

Era seu treinador.

-- Olá , Max! – Disse feliz.

Naqueles anos juntos aprendera a vê -lo como um verdadeiro amigo. O conhecera quando ainda era uma adolescente,
ele a treinara com dedicaçã o por todos aqueles anos. Apesar de quase quinze anos de diferença de idade, eles tinham uma
cumplicidade grande, uma amizade saudá vel... Laços estreitos.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- E como você está ? Pronta para retomar os treinos?

Ela mirou a perna. Infelizmente ainda nã o estava totalmente recuperada.

-- Nã o... – Disse tristemente. – Precisarei de mais tempo.

Recordou das palavras da mã e que praticamente a proibira de voltar a praticar o esporte.

-- Ah, nã o ique assim, sei que em breve você estará bem, enquanto isso, mate a saudade vendo o campeonato regional,
a Vitó ria Mattarazi irá concorrer. – Deu uma pausa. – Ela é uma excelente amazona. Estou fascinado.

Maria Clara sentiu-se incomodada ao ouvir o nome daquela mulher, mas disfarçou bem.

Falaram por mais alguns segundos até desligarem.

Buscou o controle da TV, ligando-a e sintonizando o canal que estava a passar o campeonato.

Será que a condessa já tinha disputado... Entã o, a câ mera focou na ruiva. Sentiu uma pontada no peito ao vê -la aparecer
montada no imponente garanhã o.

Como ela poderia estar ainda mais linda?

Observou a performance magnı́ ica. Sentiu o coraçã o bater mais forte e ao inal sorriu ao vê -la inalizar com tanta
perfeiçã o. E como já era o esperado fora a vencedora.

Ficou a esperar para que os jornalistas a entrevistassem, mas Mattarazi nã o falava com a imprensa.

Arrogante!

Torceu o nariz.

Quando ela fora receber o trofé u pô de vê -la melhor. As roupas de montaria lhe davam uma aparê ncia ainda mais altiva.
Os olhos verdes brilhavam e um lindo sorriso desenhou-se naquela boca tentadora, poré m ao ver a quem ele se direcionava,
sentiu uma irritaçã o enorme. O tal mexicano estava lá e a tomou nos braços, beijando-a.

Maria Clara desligou o aparelho e deitou-se na cama

Lembrou-se do beijo que trocaram naquele dia. Há mais de uma semana, seu corpo fora tomado por um desejo insano,
que lhe fazia queimar, arder...

As vezes, icavam a pensar se aquilo nã o passara de uma fantasia de sua cabeça... Tocou os lá bios e pensou nos dela...

-- Isso é uma loucura!

Dois dias depois, Miguel fora chamado a fazenda Mattarazi.

-- A condessa o espera no escritó rio. – Julieta informou.

-- Quando ela retornou?

-- Ontem de madrugada.

O advogado assentiu e seguiu até onde estava a bela bastarda.

-- Pensei que nã o viria... – Ela falou assim que o viu. – Parabé ns pela a apresentaçã o.

Ela estava com uma garrafa de cachaça aberta e bebia confortavelmente sentada na cadeira. Girava de um lado para o
outro.

Apontou para ele sentar.

-- Prove da cachaça! – Entregou-lhe o copo.

Miguel aceitou e bebeu vagarosamente, sentindo o sabor.

-- Agora entendo do sucesso da sua destilada. E deliciosa.

Vitó ria sorriu e bebeu novamente.

-- Nã o exagere, a delegada é brava e pode nã o gostar de vê -lo bê bado. – Ironizou.

O advogado ingiu nã o ouvir a al inetada.

-- E você ? Deseja embriagar-se?

A jovem deu de ombros.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Diga-me, qual é a situaçã o inanceira dos Duomont?

O homem a encarou confuso.

-- Repito... Qual a situaçã o inanceira dos Duomont?

-- Bem, pelo que sei, Frederico adora mostrar que tem dinheiro, mas a verdade é que seus bens estã o hipotecados há
bastante tempo.

-- Interessante! – Ficou a girar a garrafa. – Continue...

-- O que deseja saber mais?

-- Como ele pagou os estudos de Maria Clara na Europa? Pelo que iquei sabendo ela estudou nos melhores colé gios
internos.

-- Empré stimos... Muitos empré stimos mesmo.

-- Mas com que ele pensa em pagar?

-- O casamento da neta é um negó cio rentá vel.

-- Nã o sabia que Marcelo tinha tanto dinheiro assim... – Falou pensativa.

-- Nã o, també m está falido. Poré m Marcos recebera uma grande quantia em dinheiro quando subir ao altar. A mã e do
prefeito deixou tudo para o neto e izera tudo para que o ilho nã o tocasse nesse dinheiro.

-- Por quê ?

-- Acredito que ela sabia o mau administrador que era o prefeito.

A condessa levantou-se. Continuava altiva, nem mesmo parecia que tinha bebido quase toda a garrafa de cachaça.
Caminhou até a janela e observou o sol se pô r.

-- Quero que arrume algué m para investir nas terras de Frederico. – Disse sem se voltar. – Será o meu dinheiro a ser
usado. Quero que ele deva o su iciente para perder tudo e eu quero tudo o que ele possui. – Completou encarando-o.

-- Por quê ?

-- Porque eu desejo destruı́-lo e todos daquela famı́lia maldita.

Miguel sabia que nã o adiantava retrucar. Via a determinaçã o presente naqueles olhos e nada que fosse dito a
dissuadiria daquela ideia. Entã o fez a ú nica coisa que poderia ser feito, assentiu à s ordens de Vitó ria Mattarazi.

Maria Clara despertou assustada. Ainda estava escuro.

Seu corpo parecia pegar fogo. Ainda podia sentir as carı́cias ousadas, os beijos selvagens e prazer que a deixara
totalmente entregue ao toque.

Sentia o coraçã o quase sair pela boca.

Sentou-se e tomou um copo de á gua.

Tentou controlar a respiraçã o e depois de alguns minutos voltou a deitar.

Os seios ainda estavam doloridos de tanta excitaçã o. Sentia aquela pressã o incomoda no estô mago e tinha certeza que
estava ú mida.

Vitó ria Mattarazi parecia ter lhe lançado um feitiço.

A condessa nã o icara feliz com as crı́ticas de Otavio sobre sua falta de interesse para a polı́tica. O homem percebeu o
erro e tentou mudar o discurso.

-- Entenda que temos que trabalhar muito para ganhar.

Vitó ria cruzou as pernas longas.

-- Faça o trabalho, você , já disse que meu dinheiro estará a sua disposiçã o.

Alex sorriu.

-- Sabia que uma das promessas de campanha de Maria Clara é usar o rio que passa por sua propriedade para
abastecer toda a cidade? – Al inetou-a.

-- Ela nunca conseguirá isso! – Levantou-se irritada. – E ela nã o ganhará essa eleiçã o, nã o mesmo.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Os dois homens se entreolharam, sabiam que agora teriam a atençã o e dedicaçã o da condessa, a inal, o ó dio pelos
Duomont era o combustı́vel perfeito.

Demoraram por mais alguns minutos, até que Otá vio encerrou a reuniã o.

A condessa nã o estava com o Bastardo. Tinha ido a cidade em seu jipe, deixara o animal descansar, pois ele se esforçara
muito para o campeonato.

Aproveitou que estava ali e decidiu ir ao cemité rio.

Aproximou-se do tú mulo da famı́lia, quando viu a neta de Frederico sentada lá . Colocava lores brancas nas jarras.

Ficou a observá -la por alguns segundos.

Nã o sabia o que se passava consigo quando a via. Era um misto de raiva e ao mesmo tempo desejo de se aproximar...

Maldiçã o! – Praguejou baixinho.

-- O que está fazendo aqui?

Clara se virou, assustada ao ver a condessa.

O cheiro dela invadiu o local. A presença forte e dominadora nã o tinha como nã o ser notada.

Tentou agir o mais natural possı́vel

-- A minha tia está enterrada aqui e meu primo també m. – Disse simplesmente, continuando o que estava a fazer.

Vitó ria caminhou até ela, icando bem pró xima.

-- Helena só está aqui por causa da minha sobrinha, pois se nã o fosse isso, eu já a teria tirado de perto do meu irmã o há
muito tempo. Ela nã o merece o lugar que ocupa.

A Duomont preferiu nã o discutir, deu a volta e estava saindo, quando a ruiva a deteve pelo braço.

Maria Clara a encarou e viu o sarcasmo brincar naqueles olhos verdes.

-- Solte-me! – Pediu.

A condessa arqueou a sobrancelha, exibindo um sorriso no canto dos lá bios.

-- Soube que em breve icará noiva e ainda nã o recebi o convite para a festa.

-- Nã o será bem vinda, senhora! – Tentou se soltar, mas Vitó ria apertou ainda mais.

-- Pare de fazer campanha dizendo que usará meu rio para abastecer a cidade. Está iludindo essas pessoas.

-- O rio nã o é seu e eu entrarei na justiça para possamos usá -lo.

A irô nica Mattarazi itou os lá bios da adversá ria e mais uma vez sentiu aquela fome de tomá -los para si. Tocar-lhe a
pele tinha despertado seu desejo.

Observou-a minuciosamente.

O vestido lorido tinha um decote que deixava a mostra o colo alvo. Notou uma veia pulsar no pescoço esbelto, o nariz
arrebitado, os olhos negros e puxados. Viu-os brilhar...

Mirou a boca... Vermelha... Cheia... Suculenta...

Chegou mais perto. Sentindo a pele da coxa, vestida apenas com um short jeans, roçar na dela.

Arrepiou-se!

-- Nã o me enfrente, Maria Clara, temo que você nã o gostará do resultado disso.

-- Nã o tenho medo das suas ameaças. – Disse altivamente, tentando se desvencilhar.

A ruiva apertou-a ainda mais. Nunca ningué m a enfrentara daquele jeito.

A neta de Frederico sentia o há lito refrescante e a respiraçã o acelerada da mulher. Fitou os lá bios entreabertos e mais
uma vez sentiu aquela vontade insana de tocá -los, de mais uma vez provar aquele sabor que chagava a se assemelhar com a
maçã que levou a humanidade ao pecado.

Vitó ria propositalmente tocou-lhe o seio com o polegar sobre o tecido. Ela o notou excitado e nã o resistiu ao desejo de
senti-lo. Observou o mamilo eriçado, duro... Raspou-o com a unha, depois o apertou em seus dedos.

Maria Clara mordeu o lá bio inferior. Parecia paralisada... Fascinada... Embriagada com a carı́cia. Seus olhos nã o se
desviavam daquele lago verdejante. Via-os brilhar...

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

A condessa observou o desejo brilhar naquele mar negro. Pô de ouvir o pequeno grunhido que saiu daqueles lá bios
entreabertos e desejou tomá -la totalmente para si.

-- Por favor... Pare... – Clara pediu.

Vitó ria cobriu-lhe os lá bios com os seus e dessa vez tornou o contato mais ı́ntimo, abraçando-a. Sentindo a maciez da
pele, o corpo se encaixando perfeitamente ao seu. Deliciou-se com aquele perfume loral que se depreendia dela.

Maria nã o esboçou nenhum tipo de resistê ncia. Circundou-lhe o pescoço, trazendo-a para junto de si, permitindo livre
acesso.

O beijo que começara bruto, aos poucos foi se aprofundando, como se desejassem viajar naquele ato, aproveitá -lo por
completo. As lı́nguas se roçaram, travando a doce batalha do prazer.

Clara Chupou-a, o fez como se desejasse tomá -la para si. Estava totalmente mergulhada naquele desejo que apenas
fazia aumentar. Os carinhos em seus seios seguiam demasiadamente exigentes. Descontrolada, tocou-lhe as ná degas,
pressionando ainda mais contra si.

Nunca sentirá nada parecido. Nem mesmo em seus sonhos poderia imaginar algo tã o delicioso, algo que a dominava
totalmente.

Vitó ria sentia o sabor daquela boca e travava uma batalha enorme contra aquela força que parecia querer dominá -la.

A imagem de Helena veio a sua mente... A maldita traiçoeira que tirara o irmã o de si...

A condessa interrompeu o ato.

-- Afaste-se de mim! Nunca mais ouse se aproximar! – Passou a mã o pelos cabelos.

-- Nã o fui eu que me aproximei. – Encarou-a. – Você o fez... – Acusou-a altiva.

-- Nã o, nã o e nã o! – Apontou-lhe o dedo em riste. – Você é a culpada! – Estreitou os olhos. – Eu exijo que você vá
embora dessa cidade, ordeno que suma de uma vez por todas do meu caminho.

A bela Duomont balançou a cabeça em negaçã o.

-- A senhora nã o manda em mim, condessa!

Vitó ria cerrou os olhos ameaçadoramente.

-- Você se arrependerá de ter cruzado meu caminho, princesinha de contos de fadas.

Maria Clara a observou se afastar, sentindo o rosto em chamas. Precisou segurar na lá pide ou acabaria indo ao chã o.
Tentou controlar a respiraçã o, pois temia acabar tendo uma crise de asma. Depois de alguns minutos, conseguiu sentir o
oxigê nio chegar aos pulmõ es, icou aliviada.

Bastarda!

Só havia uma certeza naquele momento... Vitó ria Mattarazi era realmente uma feiticeira.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Capitulo 8 por gehpadilha


A condessa acelerava ainda mais na estrada de terra. Sua cabeça nã o conseguia parar de pensar no que acabara de
acontecer. Seu corpo ainda tremia com a violê ncia do desejo.

Freou bruscamente quando já tinha se afastado o su iciente. Estacionou sob uma mangueira enorme.

Bateu forte no volante, desceu do veı́culo e começou a socá -lo até perceber o sangue sair dos machucados.

Clarice entrou no quarto da ilha.

A jovem passara o dia todo fora e quando retornara parecia um pouco perturbada. Ouviu o som de á gua e esperou
pacientemente que ela retornasse do banho.

Marcos ligara, pois nã o conseguira falar com a namorada pelo celular que apenas chamava e ningué m atendia.

Alguns minutos se passaram até a garota surgir.

Maria Clara assustou-se com a presença da mã e. Nã o desejava falar com ningué m naquele momento.

-- Seu namorado estava te procurando, disse que você nã o atendeu o celular.

-- Eu nã o vi. – Pegou o secador.

Clarice observou a toalha branca presa ao corpo da ilha.

-- Que manchas sã o essas em seus braços? – Aproximou-se para ver melhor.

-- Nã o é nada! – Desvencilhou-se do toque.

Ela sabia do que a mã e falava. Quando chegara a casa, viu os hematomas no espelho. A condessa o izera quando a
apertou no momento de raiva.

-- Como nã o? – Escandalizou-se a mulher.

-- Ora, mamã e, a senhora sabe que minha pele branca se marca por um sutil toque. – Impacientou-se. – Eu apenas me
desequilibrei e bati ao cair.

Clarice nã o pareceu acreditar nas palavras da ilha, mas apenas assentiu.

-- Entã o, tome mais cuidado e nã o deixe de ligar para o Marcos. – Beijou-lhe o rosto, deixando os aposentos.

Clara esperou-a sair e caminhou até a porta, trancando-a. Seguiu a passos lentos até o enorme espelho, despindo-se.
Observou as marcas em seus braços e percebeu que havia també m em seu seio esquerdo. A pele arrepiou-se imediatamente
ao recordar do toque grosseiro, mas que a deixara totalmente embevecida...

Fitou a mulher re letida ali e pareceu nã o reconhecê -la. Havia um brilho diferente naqueles olhos orientais, sua pele
que antes se apresentava tã o pá lida, apresentava uma coloraçã o intensa...

Balançou a cabeça agoniada.

Aquilo era uma loucura... Deveria evitar encontrar aquela mulher... A condessa era verdadeiramente uma feiticeira e
sabia que seria impossı́vel resisti-lhe.

Alguns dias depois na delegacia...

-- Eu ordeno que a senhora tome um posicionamento sobre os roubos dos meus animais! – Vitó ria bateu na
escrivaninha da delegada.

Valentina estava a examinar alguns papé is quando foi surpreendida pela entrada explosiva da condessa. Um dos
policiais pareceu tentar detê -la, mas quem conseguiria segurar aquela mulher.

-- Como ousa entrar assim na minha delegacia? Poderia prendê -la por sua petulâ ncia.

-- Faça-o! – Desa iou-a. – A inal, o seu trabalho se resume a deter-me.

A delegada observou os olhos verdes brilharem. A ruiva usava calça jeans, preta, camiseta e botas. Os cabelos estavam
soltos, selvagens...

Se um dia tivesse uma ilha, esperava de todo coraçã o que nã o tivesse aquele temperamento forte...

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Sente-se! – Apontou a cadeira para ela. – Diga-me o que se passa dessa vez. – Tentou manter a calma.

-- Nã o, nã o o farei! – Estreitou os olhos ameaçadoramente. – Os Duomont estã o roubando meus animais
descaradamente e nada está sendo feito. – Apontou-lhe o dedo. – Quando eu agir, nã o me importarei de passar sobre a sua
autoridade.

Valentina observou-a sair do mesmo jeito que entrou, feito um furacã o.

Respirou fundo e discou para o marido. Depois de chamar algumas in initas vezes, ele atendeu.

-- Amor, por favor, tente conversar com a Vitó ria, ela esteve aqui ainda pouco, mais irascı́vel do que de costume.

-- Por quê ?

-- Queixa-se de que Frederico está roubando seu gado.

-- Investigue, entã o, deve ter fundamentos o que ela diz.

Valentina impacientou-se.

-- Eu nã o sei se tem ou nã o fundamento, pois a sua cliente nã o faz uma denú ncia formal, apenas invade minha delegacia
e começa falar como se mandasse em mim. Hoje, acontece o noivado de Maria Clara com Marcos, entã o faça com que a
condessa permaneça o mais afastado possı́vel disso. – Irritada, desligou.

-- A ordem é atirar em qualquer um que invada as minhas terras! – Ela dizia.

Os empregados estavam reunidos no pá tio e a mulher dava ordens como se fosse um general.

Batista e Julieta trocaram olhares de cumplicidade. Sabiam que algo tinha acontecido com a condessa naqueles ú ltimos
dias. Todos conheciam a personalidade forte da herdeira de Vitó rio, poré m havia algo a mais. Ela estava mais arredia do que
de costume. Irritava-se com coisas que antes nã o seriam motivos para isso. Estava mais fechada, ainda mais calada, arisca e
mal humorada.

-- Se nã o o izerem, eu atirarei em você s! – Gritava. – Fiquem de olho no rio, nã o quero ningué m passeando por lá .

Os empregados sabiam nã o poder ir contra as ordens da patroa, poré m temiam agir da forma ordenada acabassem os
envolvendo em problemas.

Miguel estacionou o carro em frente à casa grande e observou os empregados se dissiparem. Caminhou até a condessa
que o observava com as mã os nos quadris.

-- Sua mulher nã o perde tempo mesmo, nã o é ? – Provocou-o.

Todos seguiram para seus afazeres, deixando ambos sozinhos.

O advogado parou bem pró ximo a ela, retirou os ó culos e itou-a.

-- Podemos conversar?

-- Nã o, nã o posso e nã o quero conversar com ningué m.

Miguel a observou se afastar, pisando duro.

-- Ela está assim há alguns dias!

O homem ouviu a voz da bondosa Julieta, virou-se para ela.

-- Mas o que aconteceu?

-- Nã o sabemos! Simplesmente, ela tinha ido para uma reuniã o do partido e retornou assim. Nesse dia, ela embriagou-
se e quando o Batista e eu a levamos para o quarto ao ouvimos chamar um nome. – Disse em tom con idente.

-- Que nome?

-- Maria Clara!

-- Maria Clara? – Indagou arqueando a sobrancelha.

-- Sim, ela o chamou até cair no sono profundo.

O advogado beijou-lhe a face, despedindo-se.

A velha senhora o observou seguir atrá s da patroa.

Conhecia-o desde que era um menino, da mesma forma que conhecera sua irmã . Ambos eram ó rfã os e viveram em um
abrigo até completarem dezesseis anos. A irmã era dez anos mais velha e cuidara dele como se fosse sua mã e, até conseguir

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

um emprego e cair em total desgraça.

O advogado foi até o está bulo e lá estava ela cuidando do cavalo.

-- Por que está s assim?

-- Pensei que tivesse ido embora, nã o estou com nenhuma vontade de conversar. – disse sem se voltar.

Miguel conseguia sentir a tensã o daqueles ombros. Ela estava apoiada na porteira e itava o Bastardo.

-- Aconteceu algo?

-- Sim! – Virou-se. – Os malditos Duomont estã o a me roubar e a sua mulher nã o faz nada!

Ele observou os olhos verdes que traziam algo diferente. O homem a conhecia bem, aquele olhar lindo só exibia
sarcasmo, ironia, raiva e sadismo... Mas havia outra coisa ali, só nã o conseguia decifrar do que se tratava.

-- A Valentina irá investigar e se Frederico estiver fazendo isso, ela o irá prender. – Deu alguns passos até icar bem
pró xima a ela. – E a Maria Clara?

O advogado pronunciou o nome pausadamente, observando o lampejo diferente naquele olhar que rapidamente fora
substituı́do por fú ria.

-- Essa eu odeio ainda mais!

Miguel a viu sair pisando duro e algo começou a alarmar em seu cé rebro. Decerto era coisa da sua cabeça fantasiosa,
aquilo nã o tinha nenhum fundamento.

Decidiu retornar para a cidade, mas prestaria mais atençã o à s duas mulheres.

Maria Clara observava da janela do quarto os empregados arrumando o enorme pá tio para a festa de noivado que
aconteceria dentro de poucas horas. Tudo estava impecá vel. Havia mesas e cadeiras. O evento seria aberto ao pú blico. Aquela
seria uma forma para angariar mais votos, de acordo com o avô .

No dia anterior, viu muitos animais indo para o abate, mas nã o sabia de onde tinham vindos, a inal, a famı́lia tinha
poucos, decerto havia comprado ou Marcelo tinha cedido algumas cabeças.

Fitou o vestido estendido sobre a cama. Era um modelo delicado e exclusivo, feito por um grande amigo da sua mã e,
um estilista de renome no badalado mundo da moda. A roupa era branca, chegava quase nos joelhos. Sobre o busto havia um
decote em renda, o que se repetia na cintura, como uma espé cie de cinto. Ele nã o tinha mangas, deixando os ombros e braços
a mostra.

Em breve casaria com Marcos. Tinha certeza que ele seria um marido maravilhoso, poré m nã o conseguia sentir mais o
entusiasmo de antes.

Observou as terras que se estendia ao longe e sentiu um arrepio na nuca ao lembrar-se de lindos olhos verdes. Há dias
nã o a via e nem sabia nada sobre a poderosa condessa Mattarazi. Melhor que fosse assim, nã o deveria se aproximar daquela
mulher por nenhuma hipó tese.

A noite tinha chegado...

Havia uma multidã o reunida nas terras dos Duomont. Toda a cidade fora convidada. Havia muito churrasco, uma
variedade de bebidas e outras iguarias que fora feitas especialmente para celebrar aquele momento.

O terreno plano e extenso trazia muitas mesas, um palco fora montado e uma banda local se apresentava cantando
baladas animadas.

Os noivos, sorridentes, cumprimentavam todos os que chegavam, Frederico e Marcelo faziam o mesmo.

Valentina observava tudo um pouco afastada. Nã o estava ali para se divertir, fora praticamente obrigada pelo prefeito a
marcar presença naquele local, a justi icativa era que desejava que ela e os policiais cuidassem da segurança de tudo

Observou o evento. Sabia que era mais uma forma de enganar a populaçã o, davam comida ao povo faminto, ao povo
que pouco via tanta carne em suas mesas.

De repente, ouviu o trote de um cavalo e ao olhar em direçã o à entrada da fazenda, conseguiu ver Vitó ria montada em
seu garanhã o preto.

Nã o pode detê -la, pois ela passara como um raio por si.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Santo Cristo!

Maria Clara sorria com um elogio que o avô tinha lhe feito, quando viu aquela mulher vestida de preto sobre sua
imponente montaria. Ela vinha orgulhosa, exibindo aquela pose de amazona, aquela arrogâ ncia que a fazia parecer a
verdadeira dona do mundo.

Encarou-a e viu o sarcasmo brilhar naquela pupila. Sentiu a pele se arrepiar.

A banda parou de tocar e todas as atençõ es se voltaram para a invasora.

-- Como ousa aparecer aqui? – Frederico gritou. – A presença de uma assassina bastarda nã o é bem vinda em minhas
terras e nem nessa cidade.

Vitó ria exibiu aquele largo sorriso, arqueando a sobrancelha ironicamente.

-- Como nã o sou convidada? – Indagou ainda mais alto. – Nã o sã o os meus bois que estã o sendo servidos para os seus
convidados?

O fazendeiro icou demasiadamente vermelho, entã o Clara tomou a frente.

-- Saia daqui! – Fitou-a. – Como já foi dito, sua presença nã o é bem vinda e suas insinuaçõ es sã o maldosas.

O garanhã o deu um passo para frente e a garota recuou assustada.

Ela observou-a. Os cabelos ruivos estavam soltos, dando aquele ar selvagem e poderoso.

-- Nã o estou a falar contigo, princesinha falsi icada de contos de fadas.

A jovem sentiu o rosto corar e teve vontade de bater bem forte naquela atrevida até que aquela expressã o debochada
saı́sse de sua face.

-- Vitó ria, acho melhor você se retirar!

Valentina tomou a frente de nora do prefeito.

-- Exijo que você prenda essa mulher agora mesmo! – Marcelo se posicionou.

A condessa relanceou os olhos tediosamente.

-- Você ica calado, seu idiota, ladrã o e prefeito de meia tigela.

As pessoas começaram a rir.

-- Chega, Vitó ria! – A delegada a repreendeu. – Saia imediatamente daqui.

A imponente amazona itou a noiva.

-- E você , bonequinha de bolo, nã o ouse falar assim comigo... Nã o ouse mesmo...

A jovem Duomont via o verde brilhar perigosamente.

-- A senhora nã o é bem vinda a minha festa de noivado, condessa Mattarazi! – Falou pausadamente cada palavra dita.

-- Como nã o? Se eu já provei até do bolo... – Piscou ousada.

Sem mais, a bela saiu em disparada do mesmo jeito que chegou.

Clara sentiu o rosto pegar fogo com o comentá rio maldoso feito por ela.

-- Prenda essa mulher, delegada! – Clara estava enfurecida. – A condessa nã o pode agir como se fosse a dona de tudo e
pudesse fazer o que desse na telha.

Valentina encarou-a e percebeu como ela estava transtornada. Algo que nã o combinava muito com a personalidade
tranquila da mesma.

-- Chamem um mé dico, Frederico nã o está bem. – Clarice gritou.

Maria Clara correu até onde o avô estava.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

A delegada seguiu para a fazenda Mattarazi, mas os seguranças barraram sua entrada. Infelizmente, nã o tinha como
Valentina e dois policiais enfrentarem todos os seguranças da condessa.

-- Chamem a Vitó ria! – Ordenava.

-- Eu sinto muito, mas as ordens que recebemos foram claras, ningué m tinha permissã o de entrar.

-- Isso é um desacato a minha autoridade! – Apontou-lhe o dedo.

-- A senhora tem uma ordem judicial?

A mulher bateu forte no capô do pró prio carro.

-- Nã o, mas amanhã a terei, entã o avise a condessa que eu virei pessoalmente prendê -la.

Maria Clara esperava pelo mé dico que ainda estava atendendo o avô .

A festa terminara precocemente. As pessoas foram dispensadas e só icara a famı́lia.

A famı́lia do noivo també m esperava.

Marcos estava sentado no enorme sofá e aconchegava em seus braços a futura esposa.

-- E um absurdo o que aconteceu. – Marcelo comentava. – Aquela mulherzinha nã o vale nada. – Encheu um copo com
uı́sque e tomou de uma vez. – Temos que destruı́-la de uma vez por todas.

-- Um milhã o de vezes maldita... Assassina... – Clarice completava.

A jovem Duomont sentia a revolta crescer ainda mais em seu peito. Sabia que todos estavam certos e se culpava por ter
se mantido neutra diante daquela situaçã o. Vitó ria Mattarazi era um demô nio, algué m que nã o se importava com nada e nem
com ningué m, um ser humano que teve coragem de matar o marido e a pró pria famı́lia para icar com toda a herança só
poderia ser classi icada como um monstro.

-- Bem, o senhor Frederico quase sofreu um AVC. – O mé dico falou logo.

Todos se levantaram.

-- Mas graças ao atendimento rá pido, isso pô de ser evitado. Dei-lhe um sedativo forte e com certeza nã o despertará
hoje.

-- Mas ele vai icar bem, doutor? – Clara foi até o homem de meia idade.

-- Sim, senhorita, poré m nã o pode haver mais aborrecimentos ou temo por algo pior.

Felipe veio até eles.

-- Obrigada, doutor! – Estendeu a mã o. – Agradeço por ter vindo rapidamente quando solicitado.

-- Fiz minha obrigaçã o! – Aceitou a saudaçã o. – Amanhã retornarei para ver como ele acordara. Boa noite a todos.

-- Acho melhor també m irmos embora! – Marcelo levantou-se. – Já está um pouco tarde e devemos descansar, pois a
noite foi muito agitada.

Os demais concordaram e depois das despedidas seguiram para casa.

Clarice beijou a ilha e subiu para o quarto.

Felipe tomou um drinque e icou a observar a jovem que estava com o olhar perdido. Distante... Nã o só naquele
momento percebera isso, mas també m enquanto comemoravam seu noivado. Nã o havia brilho naqueles lindos olhos e seu
sorriso meigo nã o exibiam a felicidade de outrora.

Caminhou até ela, agachando-se, segurou-lhe as mã os.

-- O que há , minha linda princesa?

Clara mirou os olhos compreensivos do pai. Ele sempre conseguia saber quando algo estava errado consigo.

-- Estou preocupada com o vovô . – Desviou o olhar.

-- Ele icará bem, é um homem forte e ainda tem muito para viver. – Segurou-lhe o queixo, fazendo-a encará -lo.

-- Mais alguma coisa a incomoda?

A jovem mordeu o lá bio inferior.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Papai, por que a condessa matou toda a famı́lia? Nã o havia dinheiro, o fez apenas pelo tı́tulo?

-- Vitó ria Mattarazi é um misté rio e nã o acho que seja bom você tentar desvendar.

-- Você teve contato com ela antes?

-- Nã o! Nem mesmo quando a Helena começara se relacionar com o Vı́tor, poucas vezes a encontrei e nas vezes que o
iz sempre a achei orgulhosa e arrogante de mais.

-- O senhor acredita que ela é uma assassina fria?

-- Eu nã o sei. Sempre tive a impressã o que ela era uma mulher sem sentimentos, mas nã o poderia a irmar algo assim. –
Beijou-lhe a testa. – Vou dormir e espero que faças o mesmo.

A garota apenas assentiu.

Vitó ria bebeu mais uma dose de cachaça.

Desde que retornara da fazenda dos Duomont afogava sua raiva na bebida. Estava deitada no está bulo, sobre o feno.

Dispensara todos os empregados e até mesmo os que faziam a segurança da fazenda. Desejava icar sozinha com seus
pensamentos.

Bastardo a observava e parecia nã o aprovar a postura da dona.

A condessa fechou os olhos e recordou-se de algo que parecia lhe apertar o peito.

-- Maldita, Maria Clara! – Jogou o copo longe.

Lembrou-se de como tivera ganas de passar por cima dela com o cavalo. Queria pisoteá -la para que assim pudesse
expurgar aquela fú ria que queimava em si.

-- Quem ela pensa que é para falar comigo daquele jeito? – Gritou.

Que icasse com aquele idiota do Marcos. Ambos se mereciam.

Nunca odiara tanto uma pessoa em sua vida, como odiava a neta de Frederico. Seu maior desejo era destruı́-la, fazê -la
implorar por misericó rdia, rastejar aos seus pé s... E quando esse dia chegasse, passaria por cima dela e mostraria que com a
condessa nã o se brinca.

Como ela poderia estar ainda mais linda...

Seu corpo queimava de raiva... e de desejo...

Maria Clara acelerou ainda mais. Esperara que todos dormissem para sair. Sabia que nã o aprovariam seus atos, mas
quando ligara para a delegada e icara sabendo que a condessa continuava impune, sentira o sangue queimar nas veias. Seu
avô quase morrera por culpa daquela mulher e dessa vez ela mesma acertaria as contas.

Pensou que seria interceptada pelos capangas armados que Vitó ria usava para se defender, mas o caminho até a casa
grande estava vazio. Nã o havia uma ú nica alma viva por aquelas terras.

Estacionou, descendo.

As luzes estavam acesas, mas o lugar parecia abandonado. Já era tarde, deveriam ter se recolhido... Pensou que nã o fora
uma boa ideia ir até lá naquele momento...

Vitó ria ouviu o barulho de automó vel e icou a imaginar quem poderia estar ali uma hora daquelas.

Tentou caminhar, mas sentiu uma dor forte no ombro e percebeu que fora atingida por um projé til.

Bastardo relinchou.

Maria Clara ouviu o animal e seguiu até o lugar. Ao chegar ao está bulo viu a bela Mattarazi apoiada na baia. Ela estava
de costas para si.

O que ela estaria a fazer naquele lugar tã o tarde da noite?

-- Precisamos conversar, condessa! – Disse irme.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Vitó ria pensou estar sonhando ao ouvir o som daquela voz. Respirou fundo sentindo que perdia as forças.

-- Vá embora daqui! – Disse pausadamente.

-- Nã o irei. Vim aqui para exigir que deixe minha famı́lia em paz, que suma das nossas vidas... – Segurou-a pelo braço, a
virando.

Os olhares se cruzaram...

A neta de Frederico observou o ombro sangrando.

Aproximou-se rapidamente, segurando-a, pois temeu que ela caı́sse.

-- O que houve? – Indagou preocupada. – Quem atirou em ti. – Tentou estancar o sangue com a mã o, mas fora uma
tentativa em vã o.

Ajudou-a sentar. Tirou a pró pria blusa e pressionou sobre o ferimento.

-- Quem fez isso?

-- Você ... – Cerrou os dentes de tanta dor que sentia.

Clara a itou confusa.

-- Preciso te levar ao hospital. Tenho que chamar algué m, pois nã o terei como te arrastar até o carro. – Falava
desesperada.

-- Nã o... nã o há ningué m... Vá embora... – Tentou se desvencilhar do toque. – Deixe-me sozinha.

-- Fica quieta ou vai icar pior.

Observou a blusa já encharcada.

-- Se você nã o for atendida logo, sangrará até a morte.

-- E isso te importa... ?

Maria Clara deu de ombros e mesmo contra a vontade dela, deitou-a sobre o feno.

-- Segure! – Colocou a mã o dela sobre a ferida. – Já volto.

Vitó ria a observou se afastar.

A dor estava icando ainda mais insuportá vel. Mordeu forte os lá bios para nã o gritar.

Chegou a imaginar que a garota tinha ido embora, até ouvir os passos se aproximarem novamente e aquele cheiro doce
invadir o ambiente.

-- Trouxe o kit de primeiros socorros e o carro para mais perto. Tentarei estancar o sangramento, enquanto peço por
ajuda.

-- Eu achava que você era doutora dos animais... – Gracejou, respirando acelerado. – Será que está a me confundir com
uma é gua? – Debochou.

-- Como ousa fazer piada em uma hora dessas? – Repreendeu-a.

Rasgou-lhe a camiseta com a tesoura, retirou-lhe a mã o para observar melhor o ferimento.

Nã o parava de sangrar, preocupou-se.

Rapidamente pegou gases e depois enfaixou, apertando forte para deter a hemorragia.

Tirou o celular do bolso.

-- Diga-me o nú mero de algué m, precisamos de ajuda urgente. – Observou o aparelho e notou que nã o havia sinal. –
Droga! – Praguejou.

A condessa tentou levantar, mas a dor parecia ter lhe paralisado os movimentos.

-- Leve-me... – Gemeu. – Miguel, na casa da delegada.

-- Melhor seguirmos direto para o hospital.

-- Nã o...

Clara assentiu.

-- Por favor, me ajude a te levantar... Contarei até trê s e você impulsiona o corpo...

A condessa conseguiu sentar... Observou aqueles olhos escuros mostrarem preocupaçã o... ou seria culpa?

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-- Agora precisa icar de pé ! – Segurou-lhe o queixo, fazendo-a encará -la. – Você consegue... Eu sei que consegue...

Vitó ria fez o que lhe fora mandado e sentiu que em breve nã o teria mais forças. Desmaiaria em breve, pois seu corpo
nã o obedecia mais os comandos.

Maria Clara, com muito esforço, conseguiu levá -la até o veı́culo. Observou a tez pá lida e sentiu medo de que algo ruim
acontecesse com aquela mulher.

Deu partida no veı́culo e acelerou, pois sabia que o tempo era seu inimigo naquele momento.

Enquanto estava a caminho, discou para Valentina e explicou o que tinha ocorrido. A delegada parecera surpresa, mas
imediatamente providenciará um mé dico e avisou ao marido.

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Capitulo 9 por gehpadilha


A condessa fora retirada do veı́culo desacordada. Uma equipe já a esperava na casa do advogado. Doutor Ricardo fora
informado para manter sigilo do ocorrido e por isso só levara consigo pessoas de sua total con iança.

Ela fora rapidamente levada ao quarto e o mé dico pediu que todos saı́ssem para atendê -la. De inı́cio, o pro issional se
negara a atender a domicı́lio, ainda mais sendo ferimento à bala, poré m ao saber de quem se tratava, deixou de argumentar.

Valentina levou a herdeira dos Duomont até seu quarto e lhe entregou uma blusa, pois a mesma estava apenas de sutiã .

Observava a neta de Frederico e icava cada vez mais confusa com o que tinha acabado de acontecer.

-- O que houve? – Indagou.

-- Eu nã o sei, a encontrei ferida no está bulo. – A jovem explicou nervosa.

-- E o que você estava fazendo lá ?

-- Fui pedir para que ela se afastasse da minha famı́lia, já que a senhora nã o conseguiu fazer o seu trabalho. –
Respondeu irritada. – Diga-me, está pensando que eu atirei na condessa?

-- Eu nã o disse isso, me diga você se tenho motivos para pensar assim...

Clara deu de ombros.

-- Convenhamos que isso nã o seja hora para que você estivesse nas terras de Vitó ria. – Fitou-a. – Sem falar que há duas
ordens de restriçõ es que obrigam ambas a permanecerem distantes uma da outra.

-- Sim! – Falou com as mã os nos quadris. – Mas isso nã o parece ter impedido que a condessa invadisse a minha festa de
noivado e a senhora nã o tivesse feito nada para impedir.

Valentina nã o pareceu gostar de estar sendo questionada quanto à competê ncia em seu trabalho.

-- Você viu algué m na fazenda? Ouviu o barulho do tiro? – Indagou tentando manter a calma.

-- Nã o, e isso é o mais confuso, pois a ú nica coisa que ouvi foi o relinchar assustado do Bastardo, isso me fez ir até o
está bulo e quando cheguei, encontrei a Mattarazi apoiada na baia.

-- OK, por enquanto você está liberada. – Disse por im.

Maria Clara caminhou até a porta do quarto, mas hesitou, virando-se para ela.

-- Estou indo para a minha casa e espero de todo meu coraçã o que a Vitó ria se recupere e que a senhora, dessa vez,
possa esclarecer o que realmente aconteceu.

A bala fora retirada, mas o mé dico temia uma infecçã o. Ela perdera muito sangue, mas graças os procedimentos
tomados por Maria Clara, a hemorragia fora contida.

Miguel a observava dormir.

Ficara demasiadamente assustado quando icara sabendo o que tinha acontecido. Temeu perdê -la... Sua sobrinha!

Sim, ele era o irmã o da bela jovem que se envolvera com o poderoso conde. Já pensara em contar para a ela, mas temia
sua reaçã o ao descobrir aquele segredo guardado por tanto tempo.

Tocou-lhe a face, estava muito pá lida, mas sabia que ela era forte e logo estaria bem.

Sabia por tudo que ela já passara, Vitor sempre lhe falava, o rapaz sabia do laço sanguı́neo que ligava o melhor amigo à
irmã . Quantas vezes fora aconselhado pelo rapaz a contar tudo, mas o advogado nunca se sentira seguro, ainda mais quando
percebia a total indiferença que a garota demonstrava pelos laços maternos.

-- Como ela está ?

-- O mé dico disse que ela se recuperara. – Voltou-se para a esposa. – Vai sair? – Indagou ao notar os trajes que a mulher
vestia.

-- Irei até a fazenda, preciso investigar o que se passou lá .-- A delegada observou o semblante preocupado do marido,
abraçou-o.

-- Nã o ique assim, uma bala nã o é su iciente para deter a arrogante condessa.

Miguel a itou.

-- Quem fez isso com ela?

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Terei que investigar, por enquanto a ú nica suspeita é a Maria Clara Duomont. Esperaremos a Vitó ria acordar para que
ela possa esclarecer o que realmente se passou. – Tocou-lhe os lá bios de leve. – Prometo descobrir quem atentou contra a
vida da jovem Mattarazi.

-- Nã o acredito que a neta de Frederico tenha feito isso.

-- Bem, caberá à investigaçã o dizer isso.

Maria Clara chegou a sua casa e subiu silenciosamente para o quarto. Seguiu para o banheiro para tirar a roupa e tomar
um banho. Estava toda suja de sangue.

Ficou sob a ducha por alguns minutos, sentindo os mú sculos relaxarem. Lembrou-se da condessa e sentiu um desejo
enorme de retornar para o lado dela. De protegê -la, tê -la em seus braços e nã o permitir que nada e nem ningué m a ferisse.

O que estava acontecendo consigo?

Desligou a á gua, enrolou-se em uma toalha, seguiu para o quarto, deitou-se na enorme cama.

Vitó ria Mattarazi...

Quem poderia ter atirado nela?

Pegou o celular e discou o nú mero da delegada. Sabia que já estava quase amanhecendo, mas precisava saber como a
condessa estava.

Já estava desistindo, quando ouviu a voz de Valentina do outro lado da linha.

-- Desculpe-me ligar, mas eu queria saber como está a condessa. – Disse relutante.

Por alguns segundos pensou que nã o receberia resposta, pois só conseguia ouvir a respiraçã o da mulher.

-- A bala já foi removida... O mé dico ainda estar tentando controla a infecçã o.

-- Certo... Obrigada!

Nem mesmo esperou resposta e encerrou a chamada.

Precisava dormir, pois teria muito que explicar a famı́lia em poucas horas, poré m o sono parecia estar muito longe
naquele momento. Quando fechava os olhos, eram os olhos de Vitó ria que aparecia para si, a expressã o de dor que viu neles,
o brilho sarcá stico sendo apagado pela agonia que estava a sentir...

No dia seguinte, Maria Clara pediu ajuda ao pai para limpar o carro. Explicou-lhe o que tinha ocorrido. Felipe icou
possesso, mas ajudou-a e prometeu nã o falar para ningué m sobre o acontecido.

Felizmente, apesar de viverem em uma cidade pequena, onde as pessoas estã o sempre a comentar sobre a vida dos
outros, o fato ocorrido com a condessa nã o fora alarmado. Até mesmo a equipe que a atendera manterá sigilo, temendo uma
retaliaçã o por parte de Vitó ria.

Frederico acordou bem melhor, nã o parecia nem mesmo ter passado por tudo aquilo na noite anterior.

A neta icou ao lado dele durante boa parte do dia. O velho polı́tico escolheu um livro e pediu que a bela jovem lesse
para ele e assim passaram bons momentos juntos. Nã o falaram sobre nada desagradá vel e apenas curtiram a companhia.

Quase uma semana depois...

Vitó ria estivera tã o fraca que cogitaram a possibilidade de levá -la para outra cidade, o mé dico, poré m, disse que nã o
era uma boa ideia transferi-la, esperariam por mais alguns dias, talvez a jovem conseguisse combater a infecçã o.

Miguel estava na sala. Tinha levado o ilho à escola e agora esperava o mé dico que estava a examinar a condessa.

Ouviu a campanhia tocar.

Atendeu e se surpreendeu ao ver a neta de Frederico parada na soleira.

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-- Bom dia! – Ela cumprimentou timidamente.

O advogado a itou descon iado.

-- O que deseja?

Maria Clara permanecia parada, pois o homem nã o lhe dera passagem.

Sabia que nã o era uma boa ideia ter ido ali, poré m nã o sabia notı́cias da ruiva e da ú ltima vez que ligara para a
delegada, ela apenas lhe ordenara para manter distâ ncia e nada disse sobre Vitó ria.

-- Gostaria de saber como está a condessa.

O advogado a itou por alguns segundos.

-- Entre! – Disse por im, afastando-se para a garota passar. -- Sente-se! – Apontou-lhe uma poltrona.

A jovem fez o que ele disse.

-- O mé dico está a examinando. Ela teve muita febre durante esses trê s dias.

-- O organismo deve estar muito fraco. Por que nã o a levam para um hospital? – Indagou preocupada.

-- O doutor Ricardo nã o achou que seria uma boa ideia, pois teme que ela possa piorar.

Clara se sentiu desconfortá vel, seria melhor ir embora, nã o deveria ter ido à casa da delegada e ainda mais para saber
sobre a maior inimiga da sua famı́lia.

-- Eu preciso ir...

-- A condessa acordou!

Os olhares se voltaram para a escada. O mé dico descia e exibia um sorriso enorme.

-- A febre cedeu e ela acordou. – Repetiu entusiasmado.

A jovem Duomont sentiu uma felicidade enorme se apossar de seu peito. Tinha vontade de pular de tanta alegria,
poré m permaneceu quieta.

-- Eu preciso ir atender outro paciente. – Entregou-lhe uma receita ao advogado. – Compre esses remé dios, eles a
ajudarã o a se recuperar ainda mais rá pido. Tentarei pedir a enfermeira para vir fazer a limpeza do curativo.

-- Certo, irei agora mesmo comprar.

Ricardo se despediu, prometendo voltar o mais rá pido possı́vel.

-- Maria Clara, você pode icar aqui, enquanto vou à farmá cia? – Miguel indagou.

A garota sabia que nã o era uma boa ideia, mas acabou assentindo.

Vitó ria tentou sentar, mas sentiu uma dor forte e acabou desistindo do intuito.

Nem sabia que horas e que dia era aquele. Sua mente estava turva e nã o recordava claramente do que ocorrera.

Viu a porta abrir e bela Duomont entrar.

Fitou-a intensamente. Nã o entendia o motivo de se sentir tã o atraı́da por aquela mulher.

-- O que faz aqui?

-- Queria saber como você está .

Clara chegou mais perto e percebeu que o curativo estava sujo de sangue.

-- Nã o deve fazer esforço. – Tocou-lhe a atadura.

A condessa se encolheu ao sentir o contato.

-- Eu só quero ajudar, pois já basta a infecçã o que teve de enfrentar. – Seguiu para o banheiro e lavou as mã os,
retornando ao quarto. – Trocarei a bandagem. – Fitou-a. – Eu sei fazer isso, nã o se lembra de como cuidei bem do seu cavalo.
– Provocou com um sorriso.

Vitó ria apenas deu de ombros, permitindo que ela izesse o que tinha se proposto. Sentiu a pele queimar ao toque
delicado...

A neta de Frederico observou a ferida que tinha sido muito bem cuidada pelo mé dico. Limpou-a cautelosamente e
depois a cobriu novamente e só nesse momento percebeu a camisola que a bela mulher usava. O colo atraente mostrava
algumas sardas...

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Fitou os olhos verdes e depois os lá bios entreabertos e teve ganas de beijá -los...

Afastou-se, sentindo o rosto queimar.

-- Bem, agora está tudo bem!

-- Onde está o Miguel?

-- Ele saiu para comprar alguns remé dios que o mé dico solicitou.

-- E o que você veio fazer aqui?

-- Apenas queria saber como você estava. – Repetiu.

A condessa exibiu um sorriso sarcá stico.

-- Será que nã o veio comprovar que eu estava morta, a inal, assim você sairia livre do seu crime.

-- Que? – Indagou perplexa. – Achas que eu atirei em ti? Ah, entã o, diga-me por que eu te socorri? Por que nã o te deixei
lá para sangrar até morrer?

-- Deve ter se arrependido... Nã o sei...

-- Sabe que você aparenta ser mais inteligente quando nã o abre a boca para falar idiotices...

Vitó ria irritou-se com a colocaçã o que ela fez e tentou se levantar, mas gemeu, trincando os dentes ao sentir o latejar no
ombro.

-- Como disse, é melhor icar quieta.

-- Saia daqui! – Disse irritada.

-- Só irei quando o Miguel retornar, a inal, ele me pediu para icar aqui e cuidar de ti.

-- E o seu noivinho sabe que está s a cuidar da condessa bastarda? – Provocou-a.

Maria Clara sentou em uma poltrona e ignorou a provocaçã o.

-- Ah, já que estamos a matar o tempo, fale como foi sua festinha de noivado... Deliciou-se muito com a carne das
minhas vacas?

-- Sim, estava deliciosa! – Decidiu entrar no jogo. – Com certeza seus animais comem do bom e do melhor, pois a carne
era muito macia e suculenta... – Sorriu.

A condessa cerrou os olhos, parecia nã o ter gostado da resposta.

-- Maldita Duomont!

A neta de Frederico foi até ela e icou a encarando por alguns segundos. Vitó ria Mattarazi nã o era só uma mulher
bonita, mas havia algo mais que encantava... Seduzia. Aquela expressã o arrogante, o arquear de sobrancelha, o nariz
empinado... Os lá bios cheios e macios que pareciam ter aprendido apenas a sorrir ironicamente...

-- Eu nã o consigo acreditar que você seja uma assassina...

A ruiva ouviu aquela frase e sentiu algo dentro de si... Um desejo de negar e falar que jamais izera algo assim, que
nunca atentara contra a vida da famı́lia... Nã o entendia o motivo, mas ouvi-la dizer aquilo nã o tinha o mesmo signi icado de
que quando o Miguel, a Julieta ou o Batista diziam... Era muito maior... Mais forte...

Desviou o olhar porque teve a nı́tida impressã o que a neta do seu maior inimigo desejava mergulhar dentro de si...
Sentiu-se despida... Invadida...

-- Você nã o me conhece, princesinha de conto de fadas... – Falou enraivecida. – E mais uma vez repito, nã o volte a cruzar
o meu caminho...

Valentina entrou no quarto e observou as duas se enfrentando.

Maria Clara ao notá -la saiu sem ao menos se despedir ou cumprimentá -la.

-- O que ela estava fazendo aqui? – Indagou surpresa.

-- O seu marido a deixou como minha babá . – Debochou.

A delegada se aproximou.

-- Fico feliz que esteja bem, vejo que até o humor á cido já está a lorado. – Puxou uma cadeira e sentou pró ximo a ela. –
Quem atirou em ti?

-- Eu pensei que a delegada aqui fosse à senhora. – Piscou o olho.

-- Foi a Maria Clara Duomont que atirou em ti, Vitó ria? – Indagou ignorando o deboche.

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-- Nã o sei, nã o posso a irmar. O que sei é que nã o vi ningué m naquele dia a nã o ser a neta de Frederico.

-- Irá fazer uma denú ncia?

-- Nã o! – Mordeu o lá bio inferior. – Tenho outros meios de destruir a garotinha do vovô .

-- Deixe-a em paz, chega de se envolver com essa famı́lia. – Valentina se levantou. – Continuarei a investigar o seu
atentado, mas te peço que se mantenha longe dos Duomont.

-- Diga o mesmo para eles, a inal, sã o eles que sempre cruzam o meu caminho.

Os dias se passaram e a condessa retornou para a fazenda. Os empregados foram readmitidos e o episó dio que ocorreu
fora mantido em sigilo. A condessa sabia que quem o izera poderia tê -la matado, mas tinha a impressã o que aquilo fazia
parte de um plano maior.

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Capitulo 10 por gehpadilha


O domingo ensolarado seria festivo para o pequeno municı́pio. A cidade estava cheia de turistas, pois haveria um leilã o
internacional de cavalos de raças, touros e novilhas.

Os Duomont marcavam presença e ocupava a mesa do prefeito. Todos os presentes seguiam para cumprimentar o
antes poderoso Frederico, talvez por curiosidade, a inal, o velho polı́tico já fora muito bem visto, o que nã o era o caso da
atualidade.

Todos observavam os animais e ambicionavam a chance de adquirir um dos maravilhosos bichos que vieram de tã o
longe.

Maria Clara afastou-se do grupo, nã o estava muito interessada na conversa. Caminhou até o lugar onde haveria a
apresentaçã o de equitaçã o.

Olhava o picadeiro, que fora montado, maravilhada.

Um jovem rapaz estava a se exibir, mas nã o parecia ter tanta segurança ainda, era desengonçado sobre o cavalo.

Sentiu uma vontade enorme de assumir o lugar dele. Aquela era sua maior paixã o e seu maior desejo era poder se
apresentar novamente.

Entristeceu-se ao recordar de sua perda, o seu iel companheiro teve que ser sacri icado e sabia que nã o seria fá cil
encontrar outro tã o bom quanto ele. Ela mesma o treinara e o izera um campeã o.

Ouviu a voz do locutor, tirando-a de suas ponderaçõ es, anunciando a apresentaçã o de Vitó ria Mattarazi.

Atô nita, aproximou-se mais da cerca.

-- E uma louca mesmo! – Sussurrou baixinho.

Nã o fazia nem quinze dias do atentado que sofrera e já estava a se exibir sobre o poderoso garanhã o.

Observou o porte orgulhoso que a fazia lembrar o de uma rainha... Poderosa... Arrogante...orgulhosa... Bastarda...

Os olhares se encontraram e a neta de Frederico sentiu as batidas do coraçã o se acelerarem.

Apertou forte a madeira, engolindo em seco.

O que acontecia consigo quando aquela mulher estava por perto?

Vitó ria pulou o primeiro obstá culo e sentiu o ombro latejar. Fora recomendada pelo mé dico a nã o fazer movimentos
bruscos, mas nã o conseguira recusar o convite que recebera para a apresentaçã o.

Saltou o segundo e sentiu um imã lhe atrair...

Maria Clara a encarava!

Conseguia ver os olhos acompanhando cada gesto seu...

Linda... Desgraçadamente bela...

Ela usava uma camiseta na cor preta, uma calça jeans cinza com suspensó rios, o traje delineava o corpo perfeito e as
formas delicadas. Os cabelos ondulados estavam soltos e eram levados pelo vento.

Mirou os lá bios entreabertos e sentiu a boca seca...

Sorte que o Bastardo estava atento e pulou o ú ltimo obstá culo, trazendo de volta a realidade sua amazona.

Frederico observava tudo ao redor. Precisara pedir um novo empré stimo ao banco e mais uma vez assinara uma
promissó ria, comprometendo praticamente toda a fazenda.

Era necessá rio um maior empenho com a campanha da neta. Se ela ganhasse, todas as dı́vidas seriam saldadas, ele
sabia que poderia fazer isso.

Observou Marcelo, nã o permitiria que ele tomasse as ré deas da situaçã o...

-- Os animais sã o excelentes! – Marcos sentou ao lado deles. Espero poder arrematar alguns.

-- E onde está a Clara? – Clarice olhou ao redor e nã o viu a ilha.

-- Ah, ela icou vendo a apresentaçã o de hipismo. – Tomou um pouco do suco. – Ela icou vidrada, acredito que deseje
retornar a praticar o esporte.

-- Isso nã o vai mais acontecer! – A mulher falou irme. – Nã o haverá mais competiçõ es para ela e espero que você me
ajude a convencê -la sobre isso.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

O rapaz apenas deu de ombros continuando a tomar o refresco.

Maria Clara observou a amazona se afastar e percebeu que ela andava lentamente.

Decidiu segui-la de longe e observou-a entrar em um trailer que estava um pouco afastado.

Aproximou-se do garanhã o que estava preso em uma á rvore.

-- Olá , campeã o! – Acariciou-lhe o lanco.

Ficou feliz por ele nã o parecer tã o irritado quanto antes.

– Sabia que você é o cavalo mais lindo que eu já vi.

O bicho a itou.

-- Nã o tenho maçã s e tampouco cenouras, mas prometo que da pró xima vez que nos encontrarmos trarei algo para ti.

-- O que está fazendo com o Bastardo? – A condessa indagou rispidamente.

A morena assustou-se.

-- Estava apenas o cumprimentando. – Respondeu simplesmente.

A ruiva estreitou os olhos, analisando-a.

Estava descansando quando sentiu um cheiro que parecia embriagá -la e por isso foi ver de quem se tratava.

-- Nã o esqueça que há uma ordem de restriçã o... – Arqueou a sobrancelha esquerda. – Poderia denunciá -la, branca de
neve.

-- E por que nã o o fez quanto ao tiro? – Provocou-a, continuando a mirar o cavalo.

Vitó ria gemeu ao fazer um movimento brusco.

A Duomont foi até ela.

-- Você é louca! – Observou o sangue manchar o traje de montaria. – Nã o deveria ter se apresentado hoje, ainda está
convalescendo. – Repreendeu-a.

A condessa a itou confusa, afastou-se, entrando no trailer. A outra a seguiu e icou maravilhada com o lugar.

Havia poltronas, uma TV, um frigobar e uma rede... Tudo bem acolhedor.

-- O que você quer? – Vitó ria indagou impaciente com as mã os na cintura. – Quem pensa ser para se intrometer em
minha vida?

-- Deixe-me ver seu machucado? – Pediu, ignorando a grosseria. – Você pode ter uma infecçã o.

-- E desde quando isso é da sua conta? – Perguntou irritada. – Nã o preciso que injas que se preocupa comigo. –
Caminhou até ela, icando praticamente colada. – Deveria temer, a inal, nã o esqueça quem eu sou e do que sou capaz.

-- Acho que essa guerra nã o tem mais motivos para acontecer. – Balançou a cabeça negativamente.

-- Ah, nã o diga! – Debochou. – Enquanto um maldito Duomont tiver vida essa guerra nunca irá acabar...—Apontou-lhe o
indicador ameaçadoramente. -- Seu maldito avô e sua tia desgraçada destruı́ram o que eu tinha de mais importante...

-- Nã o Fale assim... – Protestou.

-- Falo como eu quiser! – Gritou. – Saiba que terei o maior prazer em destruir toda a sua famı́lia e com você ainda farei
pior... – Segurou-lhe pelos braços. – Eu avisei para que saı́sse do meu caminho, mas você continua a cruzá -lo, continua me
perseguindo e se eu tiver a certeza de que foi você que atirou em mim naquele dia, uma bala será o mı́nimo que vai receber.

Clara se desvencilhou abruptamente do toque.

-- Acredite que se eu tivesse atirado, nã o teria me arrependido depois...

Vitó ria a viu se afastar e teve ganas de ir atrá s dela.

Odiava-a...

Odiava aquela sensaçã o de angustia, de fraqueza que estava a se apossar de si... Odiava quando nã o conseguia controlar
as pró prias emoçõ es, quando sentia que a qualquer momento perderia o controle da situaçã o, odiava o desejo de tomá -la nos
braços...

Respirou fundo, tentando controlar as batidas do coraçã o.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

A jovem Duomont sentia a raiva tomar proporçõ es enormes. A cada passo que dava, percebia as lá grimas lutando para
se libertarem.

Encostou-se a uma á rvore para tentar se acalmar, nã o poderia retornar para junto da famı́lia tã o abalada
emocionalmente.

Como podia ser tã o burra ao pensar que Vitó ria Mattarazi teria como romper com aquele cı́rculo vicioso de ó dio?

Precisava manter distâ ncia daquela mulher... Mas nã o conseguia, era como se houvesse uma maldita necessidade de tê -
la, de senti-la...

Massageou as tê mporas, sua cabeça estava a latejar de dor.

Vitó ria limpou o ferimento que realmente estava a sangrar. Observou o re lexo no espelho. Havia um brilho diferente
em seus olhos... Odio?!

Maria Clara a estava tentando de uma forma bastante perigosa. Seu corpo ainda estava a arder só por tê -la tocado. Era
a primeira vez que sentia um desejo tã o devastador. O cheiro dela impregnava sua pele. O sabor daqueles lá bios, as formas
macias do seu corpo...

Bateu com o punho fechado no espelho e nem ao menos sentiu a dor dos cortes em seus dedos

-- Mil vezes maldita...

O leilã o já tinha iniciado.

As pessoas estavam eufó ricas para adquirir os belos espé cimes, mas a é gua anunciada no momento nã o izera muito
sucesso. Apesar de ser puro sangue e muito bela, a potra branca nã o tinha lances tã o entusiasmados, tudo porque quem a
levasse, teria o trabalho extra de domá -la, pois o animal era tã o selvagem que nunca fora montado.

Frederico e Marcelo nã o se interessaram, mas Clara observava o bicho apaixonada. Estava encantada pelo equino,
poré m sabia que nã o teria como arrematá -lo, pois o preço era muito alto.

Clara sentiu o magné tico olhar cair sobre si e quando a itou, encontrou a expressã o cı́nica. Percebeu que ela tinha
trocado a blusa, agora estava de camiseta, calça jeans colado ao corpo, botas de couro, combinando o marrom do cinto. Os
cabelos estavam soltos.

A mã o esquerda estava enfaixada?

Antes nã o estava ou icara tã o distraı́da que nã o havia percebido?

Os passos irmes caminharam e ocuparam uma mesa que icava ao lado da sua.

-- Essa mulher nã o tem mesmo vergonha! – Clarice torceu o nariz ao ver a condessa.

-- Um dia a expulsaremos dessa cidade e nã o teremos que sentir o cheiro podre que ela exala. – Frederico comentou.

-- Mattarazi é muito rica... – Marcelo comentou pensativo. – Quem sabe nã o icamos com esse dinheiro todo. – Levantou
o copo em um brinde.

Clara itou o sogro.

-- Você s nã o cansam de falar sobre ela? – Indagou irritada.

Todos os presentes miraram a jovem, surpresos.

A nora de Frederico nã o gostou do tom usado pela ilha, repreendeu-a com o olhar.

A condessa notou o olhar de encantamento que a sobrinha de Helena direcionou para a é gua que estava sendo
apresentada.

Decidida, deu o lance alto e ningué m teve como cobrir e acabou comprando o animal.

Nã o se interessara pelo bicho, mas o brilho nos olhos de Maria Clara fora o maior incentivo para a compra.

-- Posso ter o prazer de sentar ao seu lado? – Alex a cumprimentou com um beijo rá pido nos lá bios.

Vitó ria o encarou, irritada e ele se fez de desentendido, sentando.

-- Vai domar a é gua?

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

A condessa bebeu um pouco de á gua e continuou a itar a adversá ria. Estreitou os olhos ao ver Marcos beijar e abraçar
a jovem.

-- Otá vio está do outro lado, trabalhando para ganhar a eleiçã o. – Piscou. – Você está cada dia mais linda!

Ela apenas deu de ombros.

-- Essa mulher é uma desavergonhada! – Marcos comentou.

Clara seguiu o olhar do noivo e viu o loiro sentado bem pró ximo a condessa. Observou que o jornalista a estava quase
beijando.

Sentiu letá rgica ao ver a cena.

-- Com certeza, ela já retornou aos braços do seu principal amante.

-- Sã o amantes? – Indagou sem desviar o olhar do casal.

-- Sim, desde quando ela era casada. Os dois sã o cú mplices no assassinato do marido dela.

-- Mas... – Abriu a boca, mas preferiu nã o continuar.

Miguel se aproximou.

-- E como está indo?

Alex nã o gostava do advogado, entã o ao vê -lo sentar, pediu licença e disse que iria falar com um conhecido.

-- Quero que resolva a parte burocrá tica das compras. – O encarou. – Onde está a delegada?

-- Está de plantã o!

-- E seu ilho?

Valentina e o advogado eram pais de um garoto de quatro anos. A condessa nã o era muito maternal, mas sentia um
carinho especial pela criança.

-- Ele está um pouco gripado, entã o o deixei com a babá .

Maria Clara se sentia mentalmente cansada, nã o estava mais a suportar estar naquele lugar, ouvir o nome de Vitó ria e
vê -la estava acabando com seus nervos.

-- Vai onde? – Marcos perguntou ao vê -la se levantar.

-- Irei dar uma volta. – Disse pegando a bolsa. – Acho que darei uma passada em casa, estou com dor de cabeça.

-- Irei contigo! – Pronti icou-se.

-- Nã o! – Beijou-lhe. – Fique, ainda tem muita coisa para ver e já que nã o estarei presente, você tem que nos
representar.

O jovem assentiu, concordando com os argumentos que a jovem usou.

Os demais nã o prestaram atençã o, pois estavam tã o entretidos que nem perceberam a saı́da da Duomont.

Clara dirigiu pela estrada até chegar ao rio.

O lugar estava deserto. Seguiu por entre as á rvores e caminhou até a margem.

Havia pedras naquela parte, pedras grandes que davam um ar encantador ao cená rio.

A á gua estava tã o convidativa.

Rapidamente, livrou-se das roupas, icando apenas de calcinha e sutiã .

Sabia que era uma loucura, mas nã o havia ningué m por ali. Dentro de pouco tempo, o sol se poria.

Caminhou até a á gua e esticou as pernas.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Era um lugar bonito e se a condessa nã o vivesse a brigar judicialmente, todo aquele lı́quido poderia ser bem utilizado
por pessoas que estã o a viver a escassez hı́drica. Muitos criadores estavam desistindo da pecuá ria, pois nã o tem como se
manterem sem os recursos bá sicos.

Pelo que icara sabendo, aquela postura arrogante, nã o era só de Vitó ria, o pai dela també m vivia a proibir o uso do rio,
mas se conseguisse sair vitoriosa daquela eleiçã o faria de tudo para vencer na justiça e ajudaria aquela gente.

Vitó ria agora estava sendo apresentada a algumas pessoas por Otá vio. O polı́tico se empenhava ao má ximo para ganhar
aquele pleito e sabia que o poder da condessa seria decisivo para sair vitorioso.

A ruiva ouviu o celular tocar, pediu licença para atender.

-- O que houve?

Ela ouvia e sua raiva começava a vir à tona rapidamente.

-- Estou indo para lá .

Nem mesmo se despediu dos que estavam presentes. Caminhou até o carro e saiu em disparada.

Clara observou os pá ssaros tentando pescar e sorriu.

Aconchegou-se mais a pedra, fechando os olhos. Havia uma sensaçã o de paz naquele lugar...

Até ouvir um barulho... Abriu os olhos e viu aquelas botas diante de si, o olhar duro da ruiva. Seguiu a direçã o e viu que
a poucos centı́metros de si, havia uma cobra e um punhal enterrado em sua cabeça.

Levantou-se rapidamente, afastando-se do lugar.

Vitó ria caminhou até o ré ptil, retirou a lamina e seguiu até o rio para limpá -la.

O ato foi feito lentamente e nenhuma palavra fora dita. A neta de Frederico ainda continuava está tica ao observar o
animal que jazia morto ali.

A condessa terminou o que estava a fazer e recolocou o punhal na bainha que icava na lateral de sua bota, depois
encarou a garota.

Ao ser informada por um de seus seguranças que o carro da Duomont tinha invadido suas terras, nã o pensara duas
vezes e seguiu direto para lá . Estava furiosa com a ousadia da jovem, mas ao se aproximar viu a cobra quase a atacando e
precisou pensar rá pido para que Clara nã o fosse picada.

Poderia ter deixado acontecer, a inal, nã o teria como ser penalizada por isso, mas agira instintivamente e jamais
admitiria, mas temeu pela vida da inimiga.

-- O que está fazendo aqui? – Mirou-lhe os olhos assustados.

Maria Clara parecia ainda em transe.

-- Esse... Essa... Se você nã o tivesse chegado... Eu teria sido mordida... – Parecia falar mais para si e nã o para a outra.

A condessa deu de ombros e sentou sobre a enorme pedra.

Fitou-a e seus olhos nã o puderam evitar passear por aquele corpo que estava praticamente todo exposto.

O lingerie na cor branca moldava perfeitamente o corpo magro. Os seios redondos estavam poucos cobertos, o abdome
liso, o quadril arredondado era agraciado por uma calcinha que apesar de nã o ser tã o provocante, era por demais tentadora.

Cruzou os braços e tentou se concentrar em sua raiva.

-- Você é surda ou o que?

A neta de Frederico pareceu sair do transe ao ouvir o tom raivoso.

-- Eu... Só queria apreciar a vista... Relaxar...

Vitó ria seguiu até ela, lhe segurando fortemente pelos ombros.

-- E se você tivesse sido atacada por esse bicho eu seria a culpada mais uma vez, nã o é ?

-- Eu nã o sabia que corria esse risco...

-- Olha para os lados e veja que há praticamente uma reserva lorestal, entã o deveria imaginar que tais bichos vivem
aqui. – Apertou-a mais. – Ou será que fez isso para depois me acusar?

A morena icou tã o irritada com as palavras proferidas que se desvencilhou abruptamente das amarras que a
prendiam, perdendo o equilı́brio, caiu sentada.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Vitó ria riu debochada, até o olhar da jovem encarar o seu, percebendo o lindo rosto com uma expressã o de dor...
Tristeza...

Imediatamente, a condessa agachou-se junto a ela.

– Afaste-se de mim! – Gritava a garota com as palavras sendo sufocada pelo choro. – Deixe-me em paz...

A ruiva tentou segurar os punhos que lhe desferia golpes, mas fora preciso abraçá -la para poder imobilizá -la.

Clara continuou a socá -la, mas pareceu perder as forças e acabou se aconchegando ao corpo da inimiga, tentando
conter os espasmos de agonia e raiva...

A bela Mattarazi a ouvia e algo dentro de si se manifestava selvagemente.

Nunca se sentira tocada por rompantes emocionais, na verdade, sempre considerara as lá grimas como um mecanismo
de manipulaçã o usado pelos covardes. Ela jamais chorava, o izera, depois de crescida, apenas uma vez, quando perdera o
irmã o tragicamente.

Acariciou-lhe os cabelos sedosos e aspirou à quele cheiro loral que se depreendia deles. De repente, seu corpo
começava a ter noçã o da posiçã o que se encontrava. Sua pele começava a queimar ao senti-la tã o intimamente. Tocou-lhe as
costas, descendo até chegar à s ná degas bem feitas... A calcinha deixava boa parte à mostra. Automaticamente, apertou-a mais,
necessitando de muito mais...

Maria Clara sentiu o desejo assumir o lugar que antes pertencia a outro sentimento... Nã o sabia explicar o que se
passava e nã o desejava fazê -lo, nã o naquele momento...

Escondeu o rosto sobre o pescoço esguio... Mas ao sentir o toque sobre o sutiã , itou-a...

Vitó ria a mirou e viu face tingida de vermelho... Seria das lá grimas... ou... Perdeu o raciocı́nio ao ver aquela boca
entreaberta... Sentia a respiraçã o tã o pró xima a sua...

Os lá bios se encontraram sutilmente... A condessa segurou-lhe o rosto e aprofundou mais a carı́cia...

A neta de Frederico precisou se apoiar ainda mais para que nã o viesse a perder o equilı́brio. Timidamente, passou a
lı́ngua pelos lá bios de Vitó ria, antes de invadir-lhe em um ı́mpeto delicioso...

A condessa gemeu diante das investidas, deu livre acesso e se deliciou ao ter a lı́ngua chupada pela jovem...

Abriu o fecho frontal do sutiã de Maria Clara e segurou os seios em suas mã os. Eles eram redondos, nã o grandes e
tampouco pequenos, mas do tamanho adequado... Arranhou o mamilo com a unha e depois icou a brincar com eles.

A morena quase rasga a camiseta da poderosa mulher, desejando manter o contato com a pele quente. Deixou-a nua da
cintura para cima, sentindo todos os pelos se arrepiarem com o contato tã o ı́ntimo.

Abandonou a boca, mordiscando o pescoço, desceu até o colo bem proporcional. Beijou-lhe as sardas que o enfeitava e
em seguida passou a lı́ngua pelo mamilo rosado. Lambeu-o, em seguida começou a devorá -lo, sugando-o, chupando-o...
Arqueou os olhos e encontrou o olhar da condessa, a face nã o exibia mais aquele ar sarcá stico, tampouco a expressã o de
raiva, mas aparentava uma fragilidade... Decerto fora o prazer que escurecera aqueles lindos olhos verdes...

Desconhecendo a si mesma, Clara desabotoou a calça de Vitó ria, tocando a calcinha... Seu corpo doı́a, seu ventre
contraia...

-- Nã o... – A condessa sussurrou contra o ombro da arqui-inimiga.

A neta de Frederico nã o pareceu ouvir ou nã o tinha forças de parar... Seus dedos invadiram a pele sob o tecido...
Parecendo se deliciar com os pelos... Mas foi alé m...Deslizou até senti-la pegajosa... Molhada... Escorregadia...

Gemeu ao tê -la ú mida em seus dedos...

Vitó ria percebeu a carı́cia e teve que morder o lá bio inferior para nã o gritar... Jamais sentira algo tã o poderoso... Seu
corpo estava sendo assolado por um desejo primitivo...

Movimentou o quadril no ritmo imposto pela garota...

Cravou as unhas em seus braços... e teve um lampejo de consciê ncia.

A condessa parece ter acordado do transe, empurrou-a, levantando-se.

-- Você é louca! – Acusou-a.

Maria Clara a observou vestir a roupa e se afastar rapidamente. Ouviu o som do motor do carro...

Mordeu o lá bio inferior, passou a mã o pelos cabelos desalinhados.

-- Sim, condessa, estou louca...Completamente doida por você . – Cobriu o rosto com as mã os.

Seu corpo estava dolorido, louco para saciar a paixã o que a dominava.

Trô pega, levantou e seguiu até o rio. Necessitava de um banho para esfriar o intenso calor que lhe queimava
intimamente a pele.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

O sol já tinha sumido no horizonte quando Maria Clara seguiu para a casa.

Tivera sorte de chegar e a famı́lia nã o ter aparecido ainda. Uma jovem que trabalhava cuidando da casa avisou que o
namorado havia ligado a sua procura.

Ela assentiu e seguiu para o quarto, nã o desejava ver ou falar com qualquer pessoa, queria apenas deitar e recordar o
que se passara no rio.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Capitulo 11 por gehpadilha


A condessa nã o conseguia conciliar o sono. Virava de um lado para o outro.

Desde que retornara do rio, banhara e seguiu para o quarto. Miguel ligou algumas vezes, mas ela nã o atendera. Nã o
desejava falar com ningué m, apenas icar quieta, adormecer...

Sua mente nã o parava de pensar no que acontecera à tarde. Seu corpo ainda reagia ao se lembrar do toque, dos beijos,
do cheiro daquela mulher...

Maria Clara Duomont era uma feiticeira e com aquela carinha de princesa de contos de fadas a seduzira
miseravelmente.

Levantou e caminhou até a enorme varanda do quarto. Ficou observando a noite, cujo cé u estrelado forrava um manto
sobre aquelas terras.

O ventou sacudiu o roupã o, preto, de seda, que estava aberto frontalmente.

O que estava a acontecer ?

Mesmo sendo uma mulher ativa sexualmente, jamais sentira atraçã o por mulheres e nem mesmo quando se deitava
com seus amantes, perdia o controle como acontecia sempre que estava na presença da Duomont.

Retornou para a cama... Precisava descansar e esquecer o que havia passado.

Marcelo chamara o ilho ao escritó rio. Estava irritado, algo nã o o estava agradando nos ú ltimos dias.

Apontou a cadeira para que o rapaz sentasse, em seguida fez o mesmo.

-- Que o que ocorreu ontem nã o volte a acontecer! – Disse por entre os dentes. – Maria Clara sumiu e nã o retornou para
o seu lado.

-- Ela nã o estava se sentindo bem, papai... – O jovem tentava justi icar.

-- Isso nã o importa! – Bateu com o punho fechado sobre o mó vel. – Você nã o pode agir como um idiota apaixonado,
deve dominá -la, a inal, quando essa eleiçã o for ganha, você quem assumirá o meu lugar e nã o a neta de Frederico.

-- Nã o esqueça que será ela a prefeita... – Disse calmamente.

-- Nã o, ela é apenas um adorno que está sendo usado para angariar votos.

Marcos se levantou irritado.

-- Ela é a mulher que eu amo e nã o a verei como um enfeite.

O prefeito observou o ilho sair e bater a porta. Esperava retomar o controle da situaçã o, pois nã o estava em seus
planos aceitar que Frederico fosse o ú nico bene iciado com aquela eleiçã o.

Clara despertou com as cortinas sendo abertas e a luz invadindo o quarto.

-- E um absurdo o que izestes ontem, Maria Clara Duomont!

A jovem ouviu a voz estridente da mã e e abriu os olhos.

-- Sumiu do evento, quando deveria icar ao lado do seu noivo, quando deveria estar conversando com as pessoas para
conquistar os seus votos.

-- Eu nã o estava me sentindo bem, mamã e. – Disse calmamente.

-- Que tomasse remé dio e depois retornasse para junto da sua famı́lia e do seu futuro marido.

Maria Clara apenas assentiu, sabia que seria impossı́vel vencer uma discussã o com Clarice.

-- Prometo que nã o voltará a acontecer.

-- Assim espero! – Seguiu até a porta, mas parou. – Levante-se, pois o Marcos ligou e disse que viria te ver.

Balançou a cabeça a irmativamente e soltou a respiraçã o ao vê -la sair.

Massageou as tê mporas. A dor de cabeça que tinha passado parecia que agora retornara com força total.

Observou o reló gio e percebeu que já era quase meio dia. A noite anterior nã o fora nada tranquila. Quase nã o consegue
pegar no sono e quando o fez tivera sonhos sexuais com a condessa.

Cobriu o rosto com o travesseiro.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Nã o queria levantar e tampouco desejava ver o noivo. Como iria encará -lo depois do que passara nos braços de Vitó ria.
Sentiu um arrepio na espinha só em recordar do que tinha ocorrido entre elas.

Marcos nã o merecia aquela traiçã o. Ele era um homem ı́ntegro, atencioso, apaixonado, um verdadeiro cavalheiro.

Deveria dizer-lhe o que estava a se passar?

Nã o!

Seria horrı́vel se ele chegasse saber que ela estivera com a condessa de forma tã o ı́ntima. Deveria continuar seguindo
em frente e manter total distâ ncia daquela mulher. Aquilo era um desejo passageiro, algo que seria destruı́do com o tempo e
com a distâ ncia.

Descobriu o rosto!

Fechou os olhos e viu a imagem da ruiva a sua frente.

-- Deus, como uma simples mortal pode ser tã o linda... ?!!!!!!!!

Mesmo depois do longo banho da noite anterior, ainda podia sentir o cheiro dela em seu corpo. Sua boca trazia o sabor
dela...

Irritada, levantou-se e seguiu para o banheiro.

-- Te liguei inú meras vezes e você nã o atendeu! – Falou ao ver o marido de Valentina.

A condessa estava na usina. Acompanhava de perto o processo por qual a cana estava a passar.

Dava ordens aos empregados e seu humor parecia estar ainda pior do que de costume.

-- Vamos ao escritó rio!

O advogado icou parado, observando-a se afastar a passos longos. Encarou Batista buscando uma resposta para a
irritaçã o de Vitó ria, mas o bom senhor apenas deu de ombros.

Mattarazi tirou o chapé u, sentou-se.

-- O que houve? Por que a demora de vir até aqui? – Disse assim que o homem entrou.

Miguel apenas se acomodou, sabia que sua resposta seria motivo de guerra.

Observou o local bem arrumado. A condessa izera aquele espaço para poder tratar dos problemas da usina ali mesmo.
O escritó rio era todo pintado de branco. Havia uma enorme mesa, um computador, cadeiras girató rias de couros e um sofá
grande que servia para ela descansar quando o dia era muito corrido. Apenas um porta retrato descansava sobre a madeira,
ela ao lado do irmã o quando era apenas uma adoelescente.

-- Os animais serã o trazidos hoje, apenas a é gua foi transportada ainda ontem.

Vitó ria o encarou.

-- O que podes me dizer sobre as inanças de Frederico?

O homem icou surpreso com a mudança de assunto, mas respondeu a indagaçã o.

-- Fui informado pelo gerente do banco que ele pedira outro empré stimo.

-- Idiota! Vai perder tudo rapidamente e eu serei a dona de tudo que ele mais ama! – Sorriu. – Diga-me, o que você acha
que o Duomont daria para nã o perder a sua preciosa propriedade?

O advogado a itou confuso.

-- Como assim?

-- Duomont venderia a alma dele ao demô nio para nã o perder tudo? – Arqueou a sobrancelha de forma sarcá stica.

-- Bem, pelo que conheço de Frederico, sei que o orgulho dele o faria barganhar com qualquer um. – Deu uma pausa. –
Por quê ?

-- Nada que precise ser dito agora! – Levantou-se. – Vamos ao curral? Quero ver se essa é gua é tã o selvagem como
disseram.

-- Vai montá -la? – Preocupou-se com a possibilidade.

-- O que você acha? – Sorriu pegando o chicote.

Clara tinha saı́do para almoçar com o amado, em seguida foram ao clube jogar tê nis.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Ah, você só ganhou porque ainda estou convalescendo e nã o consigo me movimentar tã o rá pido.

O rapaz a abraçou.

-- Eu sei! – Beijou-lhe os lá bios. – Vamos tomar um sorvete?

A jovem assentiu e eles caminharam de mã os dadas até a lanchonete, sentando-se.

-- Sabe, eu nã o vejo a hora de nos casarmos! – Segurou-lhe a mã o. – Quero poder chegar a casa e tê -la sempre me
esperando.

Maria Clara desviou o olhar e depois o encarou.

-- Eu nã o quero icar apenas a esperá -lo, quero també m trabalhar. Se ganharmos as eleiçõ es, serei a prefeita e gostaria
de poder exercer a minha pro issã o de veteriná ria.

-- Amor. – Beijou-lhe os dedos. – Nã o precisará trabalhar, eu a sustentarei, desejo que se dedique apenas a cuidar do
nosso lar e dos nossos ilhos.

Aquelas palavras incomodaram a jovem, mas ela preferiu nã o retrucar, pois nã o desejava discutir.

-- Comprou algum animal no leilã o? – Perguntou mudando de assunto.

A garçonete serviu-os e rapidamente se afastou.

-- Nã o! – Provou o gelado. – Estavam todos bem caros e o advogado da condessa parecia querer arrematar todos.

Maria Clara sentiu um arrepio na espinha ao ouvir a referê ncia.

-- Ela sumiu do evento, acho que foi ao encontro de um dos amantes.

A Duomont levou a colher a boca e nã o pareceu sentir o sabor do sorvete.

-- Por que diz isso? – Tentou nã o mostrar interesse.

-- Ah, meu anjo, você é muito inocente para imaginar o que se passa na mente perturbada daquela mulher.

A jovem apenas assentiu incomodada.

A é gua levantou as patas dianteiras.

Vitó ria estava no cercado e tentava se aproximar do animal, mas como fora dito pelo vendedor, o bicho era selvagem ao
extremo.

Passou a mã o na testa para limpar o suor.

Os peõ es observavam tudo do lado de fora da cerca. Miguel parecia apreensivo ao lado de Julieta.

A condessa chegou mais perto, entendeu a mã o e lhe acariciou, dando-lhe uma maçã .

O equino parecia descon iado, mas nã o partira para cima da amazonas daquela vez. A ruiva aproveitou a oportunidade
e tentou montá -la, segurou-se na crina brilhante, enquanto o animal pulava.

As pessoas gritavam entusiasmadas.

A condessa se manteve por alguns segundos, até pular, temendo ser jogada violentamente.

-- Bem, demos o primeiro passo, meu amor! – Piscou-lhe o olho.

Caminhou orgulhosa e com um sorriso estampando na face.

-- Você é louca, menina, esse bicho quase te matou. – Julieta e repreendeu. – Só pode ter um parafuso a menos.

A empregada a olhou mais uma vez com ar irritado e seguiu em direçã o a casa.

-- Ela está certa! Você poderia ter se machucado seriamente tentando domar esse animal! – O advogado també m
pareceu nã o ter gostado.

-- Nã o tenho medo de nada e nem de ningué m! – O itou. – De nada e nem de ningué m! -- repetiu se afastando.

Miguel observou-a seguir em direçã o à mansã o e preferiu permanecer no mesmo lugar. As vezes icava a pensar de
quem a condessa herdara o gê nio tã o difı́cil, a inal, a mã e da jovem era um doce de pessoa e o pai era um fraco...

Viu um carro se aproximando e depois Alex e Otá vio seguiram para o interior da casa grande.

Nã o gostava de nenhum dos dois. Tinha a impressã o que eles viviam a armar e nã o con iava nessa histó ria de eleiçã o.
Pediria para Valentina icar de olho, pois acreditava que eles estavam a tramar algo.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Vitó ria estava na sala quando Julieta abriu a porta e avisou sobre as visitas.

A condessa seguiu para o escritó rio e os esperou lá .

Otá vio e Alex observava o luxo e icava a pensar como seria interessante poder ter um pouco do que a an itriã
dispunha.

-- Nã o estava esperando pela visita! – Apontou a cadeira para que ambos sentassem.

-- Eu sei e nã o é nossa intençã o irritá -la. – Adiantou-se o jornalista. -- Mas gostarı́amos que visse os projetos da
campanha e combinar para ser feita a foto. – Entregou-lhe uma pasta.

A condessa respirou lentamente, aceitou a encomenda e sentou.

Analisava tudo com atençã o, mas sabia que tudo aquilo era apenas ilusã o. Quando ganhassem, decerto, nã o se
preocuparia em cumprir nada que ali estava escrito.

-- Nã o se preocupe que nã o iremos concretizar a proposta do rio. – Otá vio se adiantou. – Sabemos que está fora de
cogitaçã o.

-- Eu já disse que nada disso me interessa. – Devolveu a folha. – Apenas estou participando disso para que Frederico
nã o assuma o controle da cidade.

-- Entendemos, mas precisamos que participe de algumas coisas.

-- Certo, Alex.

Vitó ria ouvia cada palavra dita e nada daquilo fazia sentido. Nã o tinha nenhum interesse na vida daquelas pessoas.

Dias depois...

-- Se conseguirmos o controle do rio será muito bom para nó s. – Frederico falava.

Estavam reunidos com Marcelo, Clarice, Marcos e Felipe.

Era inal de tarde e a famı́lia discutia as melhores estraté gias para conseguirem vencer aquela disputa.

Maria Clara parecia incomodada com o rumo da conversa.

-- Em nenhum momento eu vi você s se preocuparem com as pessoas que estã o necessitadas desse lı́quido. – Levantou-
se. – Nó s estivemos em distritos onde a situaçã o está cada vez pior. O senhor viu, vovô . – Fitou-o.

Os presentes se entreolharam.

-- Querida, polı́tica nã o foi feita para salvar a vida de ningué m. – O prefeito sorriu.

-- E é o que? – O fuzilou com o olhar. – Usar as pessoas para conseguir o que se deseja? Enriquecer ainda mais?

Marcelo icou vermelho.

-- Chega, Maria Clara! – Clarice se adiantou. – Acho desnecessá rias suas palavras.

A garota itou a todos.

-- Eu nã o sei se desejo participar dessa sujeira!

Felipe observou a surpresa nos rostos de todos os presentes, a inal, à quela era a primeira vez que via a ilha agir contra
o interesse da famı́lia e ainda pior, enfrentar a todos tã o destemidamente.

-- Como ousa falar assim? – Frederico foi até ela, rubro de raiva.

-- Eu entrei nessa histó ria pensando que poderia fazer alguma diferença para essas pessoas que estã o a sofrer, mas o
que vejo é que serei apenas uma marionete usada por você s. – Acusou. – Fico a pensar se nó s nã o somos piores do que a
condessa Mattarazi...

A jovem nã o terminou de completar a sentença, pois fora atingida por uma tapa na face que a jogou ao chã o.

-- Nunca mais ouse nos comparar com aquela perdida!

Felipe foi até a ilha, levantando-a.

Todos pareciam chocados com o que se passou.

Marcos observava tudo e nã o fazia nenhuma mençã o de interceder pela futura esposa.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Clara se desvencilhou dos braços do pai e saiu do recinto.

Frederico viu a neta se afastar e sentiu a necessidade de seguir até ela. Aquela fora a primeira vez que encostara na
jovem, apesar de tudo, a amava muito, mas a ouvi-la comparar todos à condessa o deixara fora de si.

O silê ncio incô modo caia sobre a sala.

Felipe també m se retirou.

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Capitulo 12 por gehpadilha


Maria Clara entrou no veı́culo, ligando-o, saiu em alta velocidade.

As lá grimas lhe embaraçavam a visã o. Nã o pela dor fı́sica, mas por seu desacreditar naqueles que amava tanto.
Entendia que havia muitos interesses escusos na polı́tica, poré m nã o percebera que estava apenas sendo usada para alcançar
tais vantagens. Era apenas um peã o naquele jogo pelo poder.

Em que eles eram melhores do que a condessa?

Fora esse o motivo da raiva do avô , poré m eram eles que agiam de forma pior do que Vitó ria.

Bateu forte na direçã o do veı́culo!

Seu avô só desejava destruir a Mattarazi, era esse o ú nico desejo de sua famı́lia. Ele estava obcecado por essa maldita
ideia e nã o havia nada que pudesse ser feito quanto a isso.

E o noivo?

Que papel ele estava executando em todo aquele teatro?

Decerto, ele assumiria a prefeitura e ela em nada participaria. Lembrava-se das pessoas que visitara em todos aqueles
dias e recordava do olhar esperançoso que eles lhe dirigiam.

Educaçã o, saú de, segurança, empregos...

Sorriu amarga e acelerou ainda mais vendo pelo retrovisor a poeira da estrada.

Nã o sabia para onde ir, só nã o desejava voltar para casa naquele momento.

Batista observou o empregado trazer o jipe da patroa.

Estranho, ela só vivia para cima e para baixo com o Bastardo. Viu-a sair da casa grande. Usava roupas de montaria.

-- O que houve com o cavalo? – O homem perguntou ao vê -la entrar no carro.

-- Está descansando e nã o irei longe. – Ligou o automó vel. – Cuide de tudo!

O administrador nem pode concluir os pensamentos e a viu se afastar.

Levou o chapé u a cabeça e icou observando o veı́culo sumir em alta velocidade.

Ultimamente a condessa estava mais calada do que de costume e ainda mais intolerante. Demitira alguns funcioná rios
da usina por motivos irrelevantes. Ningué m podia falar nada, até a maior sutileza era motivo para ser mandado embora.

Vitó ria seguiu em direçã o ao rio.

Aqueles dias estavam sendo bem cansativos e entediantes. Nã o pudera viajar, pois precisara se entrosar mais com a
campanha. Nã o entendia como as pessoas viviam daquele jeito. Os polı́ticos só visavam os pró prios interesses.

Respirou fundo!

Se nã o fosse por causa de Frederico nã o teria aceitado se submeter à quilo. Precisaria se esforçar mais, pois percebera
que a princesinha de contos de fadas estava sendo muito bem vista pela populaçã o.

Teria como ser diferente?

Eles enxergavam em Maria Clara a salvadora da pá tria, aquela que mudaria o destino daquele lugar e levaria a paz e a
bonança para a vida de todos.

Idiotas!

Clara parou o carro e desceu.

Sentou no capô do automó vel e icou a itar o rio que parecia ainda mais fascinante naquele dia.

Em breve o sol se poria e ela icaria ali a observá -lo se esconder no horizonte.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Fora para ali por coincidê ncia. Rodara por algum tempo sem saber que rumo tomar, de repente se dera conta que
seguia pelo estreito caminho que dava até aquelas á guas. Ainda pensara em dar marcha ré e retornar para casa, mas nã o o
izera.

Lembrou-se das inú meras chamadas que tivera no celular e nenhuma delas atendera. Seus pais ligaram
insistentemente e o Marcos, poré m nã o desejava falar com nenhum deles, pelo menos nã o naquele momento. Sua cabeça
fervilhava, desejava apenas permanecer sozinha...

Viu um veı́culo se aproximando e lá estava Vitó ria Mattarazi vindo em sua direçã o.

Por que sempre a encontrava?

Era como se houvesse um imã que as atraiam...

Nã o desejava brigar... Queria icar quieta em seu canto.

Desde o ú ltimo encontro que ocorrera naquele mesmo lugar, nã o a viu mais e isso fora ó timo para sua sanidade mental.

Voltou a observá -la se aproximar.

Os cabelos de fogo estavam soltos e acariciados pelo vento. Usava ó culos pretos, o que impedia de ver seus olhos. Usava
calça de montaria preta, bota de cano alto até os joelhos, marrom, camisa de mangas longas, combinando com a calça, com
alguns botõ es abertos.

Desviou o olhar e voltou a itar o rio.

Vitó ria avistou o carro e ao se aproximar viu de quem se tratava. Será que seria preciso arrancá -la de suas terras por
meios mais violentos?

Nã o a queria ali, nã o a deseja perto de si, nem mesmo desejava vê -la em qualquer lugar.

Odiou a sensaçã o que passou por todo seu corpo quando ela a olhou.

Irritada, seguiu até a jovem para expulsá -la de uma vez por todas dali.

Parou diante dela.

-- Saia daqui agora mesmo ou chamarei meus seguranças para tirar-te e acredite que eles usarã o de toda violê ncia para
isso.

Clara simplesmente a ignorou. Já esperava por aquilo, mas nã o moveu um ú nico mú sculo.

-- Está surda? – Segurou-lhe a face, fazendo-a itá -la. – O que houve? – Indagou surpresa ao avistar o machucado.

-- Nada que seja de sua conta, condessa. – Afastou-lhe a mã o.

A outra nã o pareceu satisfeita com as palavras.

Retirou os ó culos e observou-a cuidadosamente.

-- Quem te bateu?

A Duomont encarou aqueles olhos verdes. Ela estava muito pró xima de si e parecia ainda mais linda do que a ú ltima
vez que a viu.

-- Nã o é da sua conta! – Desceu e já seguia para o carro, quando foi detida pelo braço.

-- Fique! – Falou irme.

Por um segundo, Clara viu algo diferente naquele olhar.

-- Isso é uma ordem ou um pedido? – Arqueou a sobrancelha. – Nã o acredito que vai dividir essa imensidã o de á gua
comigo. – Ironizou.

A condessa esboçou aquele meio sorriso.

-- Nã o, mas a deixarei aproveitar esse paraı́so, assim vai doer mais quando pensar que nunca será seu.

A morena sorriu. Afastou-lhe a mã o que prendia seu braço e seguiu até uma enorme pedra e sentou, encostando-se a
ela.

Observou Vitó ria seguir até o carro e imaginou que ela fosse embora, mas nã o, a mulher simplesmente pegará uma
garrafa e caminhou até ela.

-- Cuidado para nenhuma cobra lhe picar. – Colocou a bebida junto a ela.

A neta de Frederico levantou os olhos e a viu se livrando das roupas, até icar apenas de lingerie.

Sentiu a pele aquecer instantaneamente, conseguia ouvir as batidas do pró prio coraçã o que parecia desejar sair por
sua boca.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Viu-a se afastar e se jogar no rio.

As peças ı́ntimas na cor preta era a verdadeira imagem da perdiçã o.

Tentou controlar a respiraçã o, fazendo-o lentamente, pois temia que o oxigê nio nã o chegasse aos seus pulmõ es.

Passou a mã o pelos cabelos.

Se tivesse um pouco de bom senso, iria embora naquela mesma hora daquele lugar. Nã o era uma boa ideia permanecer
tã o pró ximo da condessa, ainda mais quando nã o conseguia controlar as reaçõ es do seu corpo.

Pegou a garrafa que estava ao seu lado: “ Bastarda!”

Retirou a tampa e levou o vasilhame até a boca, tomando uma boa dose.

De inı́cio a sentiu queimar a garganta, mas depois se acostumou com o sabor forte e quente da bebida.

-- A Maria Clara atendeu? – Frederico perguntou ao ilho.

-- Nã o! – Felipe se levantou do sofá . – Irei procurá -la.

-- Acho melhor esperar, nã o sabemos para onde ela foi. – Clarice tocou o braço do marido.

-- Irei para o quarto, qualquer coisa, avisem. – O polı́tico subiu as escadas até o andar superior.

-- Daqui a pouco vai anoitecer e nada de notı́cia da nossa ilha. – O homem insistia. – Papai foi longe de mais batendo
nela.

-- Ela pediu isso! – A mulher falou irme. – A inal, desde quando ela desa ia o avô e ainda por cima nos compara à quela
mulher.

Felipe nã o quis discutir, pois sabia que a esposa tinha o mesmo jeito de tratar que Frederico.

Pegou as chaves do carro e seguiu em busca da jovem.

A condessa saiu do rio e seguiu até onde estava a neta de Frederico, sentando ao lado dela.

-- A á gua está uma delı́cia! – Fitou-a. – Vejo que andou provando da cachaça. – Pegou a garrafa. – Cuidado para nã o se
embebedar.

Clara a itou e tentou nã o olhar para o colo que exibia algumas sardas.

-- As vezes ico a pensar se você tem amigos ou se algo ou algué m tem alguma importâ ncia em sua vida. Agi sempre
com sarcasmo... – Parecia falar mais para si.

Vitó ria tomou uma grande quantidade da bebida e icou a observar o sol aos poucos ir sumindo no horizonte.

Respirou fundo.

-- A ú nica pessoa que teve importâ ncia em minha vida nã o está mais aqui... – Mordeu o lá bio inferior.

Maria observou o per il forte, o nariz empinado e orgulhoso.

-- Seu pai?

A condessa a encarou e deu um largo sorriso.

-- O conde??????? Vitó rio Mattarazi fora um grande hipó crita, fraco, mesquinho... Acho que só falei com ele durante toda
a minha vida duas vezes. Jamais nos encontrá vamos... Ele estava sempre na cama de alguma vagabunda... Esbanjando o que
nã o tinha...

A noiva de Marcos a observava em busca de alguma demonstraçã o de sentimento naquele lindo rosto, mas tinha a
impressã o que só havia frieza, indiferença...

-- E sua madrasta?

-- A orgulhosa condessa? – Pegou uma pedrinha e jogou no rio. -- Ela me odiava! Quando eu ainda era um bebê me
mandou para longe e quando o dinheiro acabou, teve que conviver com a minha presença. – Voltou a beber. – Ela me fazia
dormir no está bulo e nã o me deixava entrar na mansã o. – Sorriu. – Até que um dia eu mostrei que tinha o sangue dos
Mattarazis e a enfrentei. Só nã o bati ainda mais nela porque o Batista me segurou. Depois desse dia, ela nunca mais ousara
agir assim comigo.

A Duomont olhou-a mais uma vez e icou a imaginar uma linda criança de cabelos ruivos e olhos verdes passando por
todas essas coisas. Nã o conseguia encaixá -la naquela imagem. Ela sempre exibia aquele ar arrogante, superior a tudo e a

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

todos.

-- Só existira algué m em minha vida e talvez eu nã o tenha demonstrado o meu amor por ele. – Mirou os olhos negros. --
Vitor fora o ú nico que se preocupara comigo, que cuidara e estivera ao meu lado por todo o tempo. Jamais me julgara ou
torcera o nariz para o meu jeito difı́cil de ser.

Clara estendeu a mã o e tocou-lhe o rosto. Viu as lindas esmeraldas brilhar. Por um lapso de segundo pode ver a emoçã o
naquele olhar.

Vitó ria repeliu o carinho.

-- Até a sua maldita tia aparecer e destruir a vida dele, levando-o a decadê ncia e depois a morte.

Agora foi a vez de Maria Clara beber.

Era difı́cil manter uma conversa com aquela mulher, na verdade, era impossı́vel, pois sempre vinha aquelas palavras
recheadas de ó dio contra sua famı́lia.

-- E entã o, Branca de neve, quem te bateu? – Fitou-a.

Maria Clara levantou-se abruptamente, sentindo a cabeça girar, Vitó ria a imitou, segurando-a rapidamente, antes que
ela fosse ao chã o.

-- Acho que você exagerou na bebida! – Sorriu. -- E melhor sentar.

-- Quero ir embora! – Tentou inutilmente se soltar. – Deixe-me, estou cansada de ti.

-- A é ? -- Apertou-a mais contra si.

A lua já podia ser vista, grande, majestosa, iluminando a noite escura.

-- Solte-me! – Espalmou as mã os, tentando se livrar do abraço.

A condessa sentia o corpo todo em brasas. Desejava tocá -la, senti-la... Tentou beijá -la, mas a Duomont virou o rosto
para evitar o contato.

-- Nã o se atreva a beijar-me. – Conseguiu soltar-se, mas com o esforço, acabou se desequilibrando, caindo ao chã o e
levando consigo a Mattarazi.

Maria Clara lutou para sair de debaixo da jovem, mas Vitó ria apenas gargalhava de forma debochada.

A neta de Frederico conseguiu arranhá -la no rosto e dessa vez, a condessa nã o pareceu gostar da brincadeira.

Conseguiu lhe segurar os pulsos sobre a cabeça, posicionando entre suas pernas para evitar uma nova agressã o.

-- Bastarda! – Gritou.

-- Vou te mostrar a bastarda!

A condessa esmagou-lhe os lá bios com os seus. Sentiu-a fechar a boca, entã o forçou a entrada, até senti-la ceder.
Invadiu os recantos e a raiva deu lugar ao desejo. Deliciou-se com o sabor mesclado ao á lcool. Gemeu ao ter a lı́ngua sugada.

Maria Clara desejava matá -la, rasgá -la, mas ao sentir o gosto daquela boca, a paixã o ocupou o lugar da fú ria.

Afastou as pernas para tê -la mais intimamente.

Seu sexo chegava a vibrar de tanta excitaçã o.

Protestou quando Vitó ria se afastou, mas quando a viu se posicionar em meio suas pernas e começar a lhe retirar o
short, ajudou-a imediatamente no intuito.

A neta de Frederico apoiou-se no cotovelo e icou a observar a outra ajoelhada entre suas coxas. Viu-a afastar a
calcinha e precisou morder o lá bio inferior para nã o gritar alto ao perceber o toque dos dedos em sua carne.

-- Nã o! – Deteve-lhe o movimento.

Clara viu o sorriso torto. O luar a iluminava e a deixava ainda mais bonita. Observou-a se levantar e chegou a pensar
que ela iria embora, mas ao vê -la se livrar do restante das roupas, sentiu o desejo correr ainda mais forte por suas veias.

A visã o parece ter deixada só bria. Seguiu até a condessa, itando-a intensamente. Como uma mulher poderia ser tã o
linda?

Os seios redondos, nã o eram grandes, mas tinha o tamanho perfeito, os mamilos, claros, se insinuavam como dois
botõ es. Baixou o olhar pela cintura ina até chegar ao lindo triâ ngulo que icava entre as coxas...

Ambas se encararam e naquele momento nã o havia sarcasmo no olhar de bela Mattarazi.

A jovem estendeu a mã o e tocou-lhe o colo... Sentiu a maciez em seu tato...

A condessa a trouxe para si, colando os corpos.

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Clara a puxou pela nuca, trazendo a boca dela para colar na sua. Sentiu o beijo quente, os lá bios macios e foi em busca
da lı́ngua, encontrou-a, parecia querer devorá -la...

Vitó ria a livrou da blusa e começou a soltar o fecho do sutiã . A outra nã o protestou ou nã o pareceu notar o que a ruiva
fazia. A jovem a fez deitar, em seguida tirou a ú ltima peça que a cobria.

Ajoelhou-lhe mais uma vez diante dela. Observou-a com os lá bios entreabertos. Deitou sobre ela, arrepiando-se ao
sentir a pele quente ao encontro da sua.

Maria Clara parecia maravilhada e extasiada.

Valentina estava se arrumando para deixar a delegacia quando um dos policiais veio lhe avisar que Felipe Duomont
desejava vê -la.

Relutou antes de deixá -lo entrar, a inal, já estava na hora do seu descanso e a ú nica coisa que desejava naquele
momento era encontrar o marido e o ilho.

Mas o que teria levado o vereador até ali? Raramente o via e desde o ú ltimo incidente com a condessa, tudo parecia ter
voltado à paz.

Curiosa, mandou que o deixasse entrar.

Observou o homem que depois de alguns segundo parou diante de si. Era possı́vel ver como ele estava preocupado.

Apontou a cadeira para que ele sentasse e fez o mesmo.

-- Boa noite, delegada! – Cumprimentou-a.

-- Boa noite, senhor, em que posso ajudá -lo?

-- Preciso que ajude a encontrar a minha ilha.

Valentina o itou e notou o nervosismo presente em seu olhar.

-- A Maria Clara sumiu? – Indagou surpresa.

O homem meneou a irmativamente a cabeça.

-- Houve um problema em minha casa e ela saiu. – Disse simplesmente.

-- Perdoe-me insistir, mas preciso saber o que realmente houve para que ela saı́sse de casa.

Felipe cobriu o rosto com as mã os e depois voltou a itá -la.

-- Ela se desentendeu com o meu pai.

-- Ela nã o está com o noivo?

-- Nã o, ningué m sabe onde ela está . – Mexeu-se na cadeira, parecia desconfortá vel. – Ela nã o tem amigos e nã o teria
para onde ir, mas parece que ela sumiu, foi tragada pela terra.

-- O senhor a procurou em todos os lugares?

-- Bem, levando em conta que a cidade é pequena, sim, só nã o a procurei na propriedade de Vitó ria Mattarazi.

Valentina sentiu algo alarmar em seu cé rebro ao ouvir a mençã o à ruiva.

Inú meras vezes, Maria Clara seguira para as terras da condessa e isso era uma possibilidade que a deixava preocupada.

-- Está certo! – Disse levantando-se. – Eu irei a busca da sua ilha. Vá para sua casa e entrarei em contato assim que
tiver notı́cias.

Felipe levantou-se e apertou a mã o da morena.

-- Obrigado, delegada, nã o sabe como estou mais tranquilo em saber que terei o seu auxı́lio.

Valentina sorriu simpá tica, mas algo naquele momento a perturbava demasiadamente.

Clara observou a jovem sentar sobre seu sexo e meneou o quadril para sentir o desejo ainda mais forte.

Uma deusa banhada pelo luar...

Estendeu a mã o e sentiu a umidade do desejo...Acariciou-o com o polegar e a viu fechar os olhos, pressionou mais, até
tê -la sobre seus dedos, devorando-os, ora engolindo-os, ora expelindo-os.

Ouviu o grunhido alto... e o aumentar do movimentos... Seu pró prio corpo gritava por muito mais...

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Delicadamente interrompeu o contato e sorriu ao escutar o protesto manhoso da ruiva. Deitou-se sobre ela,
sussurrando ao seu ouvido.

-- Calma, poderosa condessa... Eu quero muito mais...

Vitó ria tomou-lhe os lá bios, mordiscando-os, dominando-os...

-- E eu quero você ... – Dizia com voz rouca. – Eu quero...

A linda morena mais uma vez se deliciou com a textura dos dois montes em suas mã os, arranhando-o com sua unha,
até tê -lo pronto para os seus lá bios... Acariciou o esquerdo com a lı́ngua, enquanto massageava o outro... A ruiva a encorajou
mais, até sentir-se sugada...

Maria Clara naquele momento nã o conseguia pensar em nada, só na maravilhosa sensaçã o de mamá -la, chupar aqueles
seios de bicos rosados...

Vitó ria itou aqueles olhos a lhe encarar e a cada segundo que passava sabia que nã o poderia controlar durante muito
tempo aquele desejo que ameaçava explodir dentro de si...

Curiosa, observou-a abandonar o colo e seguir distribuindo beijos, acariciando-lhe as coxas, demorando-se na parte
externa da mesma...

Mordeu o lá bio inferior ao sentir os lá bios doces tocar sutilmente seu sexo...

Apoiou-se no cotovelo, itando-a e imaginando que a qualquer momento a princesinha perceberia o que estava a fazer
e saı́sse correndo para os braços do avô ... Atô nita, viu-a afastar suas pernas ainda mais, em seguida a viu inspirar o cheiro de
sua feminilidade...

A morena nã o sabia o que fazer, mas sabia o que seus instintos lhe diziam e foi isso que seguiu...

Embriagou-se ainda mais com o cheiro que parecia deixá -la mais excitada... Sentiu a umidade na pele e desejou sentir o
sabor daquele mel...

Abriu-a ainda mais, depositando seus lá bios... Sorveu... Sua lı́ngua pareceu ganhar vida... A pontinha tocou o clitó ris,
chupou-o como se fosse uma cereja... Sua fome parecia apenas aumentar ainda mais... Aumentou a pressã o...

A condessa gritou ao sentir o poderoso orgasmo lhe dominar... Os espasmos sacudiram seu corpo... Sentiu-se frá gil...
Sentiu-se dominada e isso nã o fora bem aceito por sua personalidade forte, tentou empurrar Clara, mas a tı́mida garota
parecia ter sido substituı́da por uma verdadeira mulher...

A jovem Duomont deitou-se sobre ela mais uma vez, encaixando-se entre suas pernas...

-- Solte-me! – A condessa tentou se desvencilhar, arranhando-a.

Maria Segurou-lhe os pulsos sobre a cabeça, contendo a fú ria que a outra inesperadamente apresentava...

Tentou beijá -la, mas sentiu os dentes da outra cravar em sua carne...

-- Calma, é gua selvagem!

-- Solte-me... Exijo que me solte agora! – Dizia ainda mais brava.

Clara sorriu, mas nã o acatou o que estava sendo exigido. Movimentou os quadris, sentindo o pró prio sexo molhado
colado ao dela... Esfregou... Rebolou, mesmo diante dos protestos nã o parou e intensi icou mais e mais... Sentiu o momento
que ela cedia e tomou-lhe a boca... Beijando-a... Encontrou a lı́ngua ferina, chupando-a... Aumentou os movimentos até sentir
seu corpo tomado por uma força inexplicá vel... Um prazer jamais imaginado sacudiu-a violentamente, fazendo-a gritar alto,
desabando nos braços da condessa...

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Capitulo 13 por gehpadilha


Valentina estacionou em frente à casa grande.

As luzes iluminava o bonito lugar...

Nã o desceu, mas viu Batista vindo em sua direçã o.

-- Boa noite, delegada! – Cumprimentou-a tirando o chapé u.

-- Boa noite! – Sorriu. – Gostaria de falar com a condessa. – Pediu, torcendo para que ela estivesse ali.

-- Algum problema? – O homem indagou preocupado.

-- Nã o, apenas queria fazer umas perguntas a ela.

A expressã o do idoso pareceu mudar.

-- Ela nã o se encontra, saiu faz um bom tempo e ainda nã o retornou.

Valentina meneou a cabeça a irmativamente.

-- Tem ideia de onde ela possa ter ido?

-- Bem, eu acredito que esteja no rio, ela gosta de ir nadar em noites de lua cheia.

A delegada nã o entendia o motivo, mas tinha uma intuiçã o...

Despediu-se do homem e decidiu seguir em direçã o indicada.

Marcelo chamou o ilho ao escritó rio.

O polı́tico parecia preocupado com o rumo que se seguiu a reuniã o na casa dos Duomont. Nã o gostara de rebeldia que
viu nos olhos de Maria Clara e icara surpreso quando a jovem, meiga, enfrentara arrogantemente o avô .

-- Sim, papai! – O jovem entrou, sentando-se. – O que deseja?

-- Falou com sua noiva?

-- Nã o, ela nã o atende e ao ligar para a casa dela, me disseram que ela nã o se encontrava.

-- Como nã o se encontra? – Levantou-se, apoiando-se no tampo da escrivaninha. – Está tarde e ela deveria estar em casa e
nã o na rua.

-- Ela saiu quando discutiu com o Frederico e nã o retornou. – Disse simplesmente.

-- E você fala assim? Calmamente? – Irritou-se. – Quero que vá a procura dela e també m exijo que tente falar com ela e a
acalme, faça-a entender o quã o louca é essa ideia de abandonar a campanha.

Marcos pareceu nã o gostar das palavras que ouviu, poré m nã o poderia questionar ou desobedecer à s ordens.

Lembrou-se da noiva e ainda nã o conseguia acreditar que ela enfrentara o poderoso polı́tico, algo que poucos faziam.
Sentia-se mal por nã o ter intercedido e a defendido, mas nã o era tã o destemido assim.

Desanimado, levantou-se e foi fazer o que lhe fora ordenado.

A delegada encontrou o carro da condessa estacionado pró ximo ao de Maria Clara.

Rapidamente, desceu e caminhou, nã o estava escuro e pode vê -las...

-- O que está acontecendo aqui?

Clara levantou-se rapidamente, enquanto a condessa itava a delegada.

A jovem Duomont cobriu o corpo com as roupas. Sentia o rosto pegar fogo.

Vitó ria nã o pareceu se importar em estar totalmente despida diante da autoridade.

Levantou-se com a arrogâ ncia costumeira e itou a delegada.

-- Acho que precisarei contratar mais seguranças, pois agora virou moda invadirem minhas terras.

-- Vitó ria Mattarazi! – Valentina falou exasperada. – Diga-me o que houve aqui e eu espero que nã o seja o que estou
pensando.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

A ruiva itou a neta de Frederico e estreitou os olhos furiosamente.

-- Pergunte a princesinha de contos de fadas, porque eu nã o devo nenhuma explicaçã o a você e nem a ningué m.

Maria Clara se sentiu magoada, vendo-a se vestir e em seguida caminhar altiva até o veı́culo.

A ruiva voltou-se antes de entrar no carro.

-- Deveria prendê -la por ela ter se aproximado de mim, por ter entrado sem pedir... Por ter invadido algo que jamais
fora profanado, a inal, há uma ordem de restriçã o...

A jovem Duomont a mirou mais uma vez, entes de vê -la seguir sem mais palavras. Teve um desejo enorme de chorar,
mas nã o o faria, nã o daria esse prazer a poderosa condessa.

-- Vista-se! – Valentina lhe entregou as roupas e virou de costas.

Sabia que sua intuiçã o nã o a enganaria, mas nunca pensara que as coisas tivessem ido tã o longe.

Desde a primeira vez que as viu juntas teve a sensaçã o que havia uma atmosfera diferente, mas tentara se convencer de
que aquilo eram apenas coisas da sua cabeça, até se deparar com aquela cena.

Sentia um frio na espinha ao imaginar a guerra que ocorreria se aquilo chegasse aos ouvidos de Frederico.

-- Pronto!

Ouviu a voz da jovem e se voltou para ela.

-- Sabes que cometeu a maior loucura de sua vida, nã o sabes?

Maria Clara a encarou por alguns segundos, parecia sem palavras, havia uma nó em sua garganta.

-- A condessa usará o que aconteceu aqui contra ti, nã o pense que há algum sentimento por parte dela. – Falou
duramente. – Vitó ria Mattarazi irá te destruir e ela já sabe a arma a usar.

-- Eu nã o tenho medo, delegada. – Arqueou a cabeça orgulhosa. – E quanto a ter sido usada, bem, eu a usei para o meu
prazer. – Disse desa iadoramente.

Valentina a itou surpresa, mas preferiu nã o argumentar.

-- Seu pai está desesperado a sua procura. – Seguiu até o carro. – Vamos embora que já está muito tarde.

Clara ainda voltou a olhar o lugar onde há pouco tempo teve a poderosa mulher nos braços.

Estreitou os olhos, mas preferiu fazer o que fora dito por Valentina.

Entrou em seu veı́culo e seguiu devagar.

Seu corpo ainda estava em choque por tudo que havia se passado. Nã o tinha nenhum sentimento de arrependimento
pelo o que tinha feito. Sabia que se deixara dominar, mas nã o só por seu desejo, mas por aquele sentimento que há tempos
criara morada em seu coraçã o. Sim, poderia negar para o mundo, mas para si nã o, estava completamente apaixonada por
Vitó ria Mattarazi, apesar de todos os esforços que izera, nã o tivera ê xito em sufocar à quele sentimento.

Respirou fundo ao ver as luzes da casa grande ao longe.

Nã o tinha falsas ilusõ es em relaçã o à ruiva. Percebera o arrependimento nos olhos verdes e depois o asco, sim, ela
tinha també m perdido o controle, mas decerto nã o o izera pelo mesmo motivo da outra.

Ouviu o celular tocar e ao itar o aparelho viu a foto do noivo.

Nã o desejava falar com ningué m naquele momento, apenas chegar a sua casa e se trancar em seu quarto.

Batista viu a patroa estacionar em frente à mansã o.

Ele a conhecia desde que era uma menina e sabia que algo nã o estava bem. O per il forte aparentava fragilidade, medo...

Aproximou-se.

-- Está tudo bem, condessa? – Abriu a porta do carro para ela sair.

A ruiva parecia distraı́da.

-- Estou! – Caminhou até a casa, mas pareceu mudar de ideia.

-- A delegada esteve a sua procura.

Vitó ria o mirou por alguns segundos.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Eu quero que a vigilâ ncia no rio seja redobrada e qualquer um que aparecer por lá tem que ser imediatamente
retirado. – Disse irme. – Estou cansada dessas malditas invasõ es.

O administrador assentiu.

-- Mais alguma coisa?

Ela maneou negativamente a cabeça.

-- Vou para o meu quarto e nã o desejo ser incomodada por ningué m.

O velho assentiu mais uma vez e a observou se afastar.

Frederico estava na janela do seu quarto quando viu o carro da neta estacionar.

Sentiu-se aliviado, pois pensara que algo ruim tinha acontecido com a jovem. Controlou o desejo de ir até ela.
Precisaria continuar sendo ené rgico, pois nã o poderia permitir nenhum tipo de rebeliã o por parte da mesma.

Engraçado como Maria Clara era diferente, sua justiça e dignidade nã o permitiam que ela se importasse com valores
monetá rios. Tã o diferente da tia!

Voltou a deitar, apagando as luzes.

Precisava convencê -la de continuar a disputar o pleito, teria que fazer tudo para que ela nã o desistisse ou tudo estaria
perdido.

Nã o havia mais dinheiro e até as roupas que eles usavam pertenciam ao banco e se nã o resolvesse imediatamente todo
esse problema, perderia tudo.

Nã o!

Jamais conseguiria viver com essa vergonha!

Ele era Frederico Duomont, o homem mais respeitado de toda a regiã o, o governador mais bem votado e ilustre que o
estado tivera. Nã o sofreria nenhuma humilhaçã o, nem que para isso precisasse vender a pró pria alma ao Diabo.

-- O que houve, amor? – Miguel indagou ao ver a esposa entrar no quarto.

O advogado seguiu até ela, cumprimentando-a com um beijo.

-- Pensei que você tinha dito que viria cedo.

Ela passou as mã os por suas madeixas longas e respirou fundo.

-- O que houve? Problemas?

Valentina caminhou até a cama e sentou.

-- Eu estava vindo para casa quando o pai de Maria Clara me procurou, parece que a garota tinha tido um problema
familiar e saı́ra de casa e nã o tinha voltado.

-- Nossa! – Ajoelhou-se, pegando-lhe as mã os. – Mas ela está bem?

A delegada apenas fez um gesto a irmativo com a cabeça.

-- Entã o, está tudo bem, meu amor! – Sorriu.

A morena encarou o marido. Nã o gostava de falar sobre os problemas do trabalhou ou os casos com ele, mas
verdadeiramente necessitava de compartilhar com algué m o que se passou e quem melhor que o tio da Mattarazi.

-- Miguel... – Deu uma pausa. – A neta de Frederico estava nos braços da condessa! – Disse de supetã o.

O homem arregalou os olhos, perplexo.

-- Que?

Valentina cobriu o rosto com as mã os.

-- Elas estavam transando!

O advogado levantou-se e icou a caminhar de um lado para o outro.

-- Nã o, nã o, isso é uma loucura. Primeiro, a Vitó ria odeia a garota e segundo, a Vitó ria nã o é lé sbica.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Bem, a minha tese é que ela fez para poder destruir a famı́lia Duomont.

O homem parou, mirando-a.

-- Nã o, isso é uma loucura! Você tem certeza do que está dizendo? Pode ter sido engano, a inal, á s vezes, interpretamos
errado as coisas.

-- Nã o, acredite, tudo o que eu falei é a mais pura verdade e agora estou a pensar o que acontecerá se a sua sobrinha
usar isso contra a Clara. – Levantou-se. – A condessa Mattarazi nã o tem limites.

Miguel a observou seguir até o banheiro e icou lá , parado, pensando à proporçã o que um pequeno problema tomaria
depois desse fato.

A condessa banhou e depois se deitou, sentia-se esgotada.

Ficou a olhar a escuridã o do quarto, talvez parecida com a pró pria escuridã o que ela trazia dentro de si.

Tentara inutilmente nã o pensar no que havia se passado, mas agora sua mente parecia ter vencido a batalha.

Mordeu o lá bio inferior ao recordar dos beijos, dos toques, do cheiro da bela Duomont. Irritou-se ao se lembrar de que
a garota nã o ouvira seus protestos e continuara com suas carı́cias.

Tinha sido desgraçadamente dominada pelo desejo de tê -la para si, e mesmo que odiasse admitir, seu corpo clamava
por tudo novamente.

Nã o, nã o e nã o, Vitó ria Mattarazi nã o era lé sbica!

Nunca em sua vida sentira atraçã o por mulheres e mesmo nã o sendo preconceituosa, sempre se envolvera com
homens, tivera alguns amantes, mas jamais se sentira totalmente frá gil em seus braços, nunca se deixara possuir de forma a
assumir o lugar de dominada, o que nã o ocorrera naquele dia, fora subjulgada por aquela garota, possuı́da e mesmo que
odiasse admitir, se a delegada nã o tivesse aparecido, decerto se entregaria mais uma vez nos braços da inimiga.

Maria Clara nã o explicou onde estava, apenas, dissera ao pai que precisava icar sozinha.

Seguiu para a varanda do quarto, deitou-se na rede e icou a mirar a enorme lua que banhava e iluminava a noite fria.

Ouviu a porta sendo aberta e notou a presença de Clarice.

-- Um absurdo o que você fez hoje! – A mulher já chegou esbravejando. – Como ousou enfrentar o seu avô na frente de
todos? – Indagou com as mã os na cintura.

A garota sentou-se.

-- Eu sinto muito, nã o quis agir daquele jeito, amanhã me desculparei com o vovô .

Mesmo na escuridã o, sentia o olhar perscrutador da matriarca.

-- Ok! – Disse por im. – Nunca mais saia e nos deixe desesperados a sua procura. Marcos ligou inú meras vezes.

Clara maneou a irmativamente a cabeça em concordâ ncia.

-- Onde você estava? Seu pai virou a cidade a sua procura.

-- Eu... – Pigarreou. – Fiquei... Fiquei dirigindo sem rumo, nem mesmo lembro onde estava indo.

-- Certo, mas que isso nã o aconteça mais.

Aproximou-se da ilha, beijando-a na face.

-- Deve ir dormir, já está tarde.

-- Irei, mamã e, daqui a pouco.

A mulher se despediu, deixando-a sozinha.

Como dormiria se sua mente estava a mil?

Voltou a se acomodar.

A ú ltima coisa que desejava era pensar na condessa, mas seu cé rebro parecia buscá -la automaticamente.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Umedeceu os lá bios e teve a impressã o de que o gosto daquela mulher estava impregnado em si. O cheiro nã o lhe
abandonara, mesmo tendo passado um bom tempo sob a ducha, persistia o aroma embriagante, delicioso.

O que faria agora de sua vida?

Como continuaria mantendo o noivado, quando suspirava por Vitó ria Mattarazi?

Recordou-se das palavras da delegada, Valentina estava certa, a condessa jamais se envolveria emocionalmente com
ningué m e menos com a neta do homem que mais odiava.

Lembrou-se da forma fria que fora tratada na presença da autoridade, teve a sensaçã o de estar sendo humilhada,
rebaixada a uma qualquer.

Nã o iria se entregar ao desespero e chorar, daquela vez agiria como a pró pria condessa o fez, indiferente, poré m
jamais permitiria que acontecesse novamente ou que a ruiva descobrisse o amor que sentia por ela.

Vitó ria acordou mais cedo do que de costume, na verdade, nem mesmo conseguira dormir e se cansou de icar rolando
na cama.

Vestiu-se e seguiu para o haras, ordenando que lhe trouxessem a é gua.

Caminhava de um lado para o outro, impaciente.

Notou Julieta e Batista a observando. Odiava aquela preocupaçã o que via no olhar deles, ela nã o necessitava daquilo,
realmente nã o suportava quando algué m demonstrava esse tipo de afeto, a inal, ela nã o retribuiria e nem mesmo se
importava com isso.

Bateu com a chibata na madeira.

Observou os empregados se aglomerando e viu outros trazendo a linda á rabe para si.

Era um animal de beleza excepcional, tã o branco que seu pelo chegava a brilhar, a crina grande e macia era prateada.

Sorriu ao ver os peõ es correndo ao ver o bicho levantar as patas dianteiras.

Tirou uma maçã do bolso, aproximou-se.

-- Olá , garota. – Estendeu a fruta. – Como dormiu?

A é gua parecia descon iada, agitada, mas o tom baixo da condessa pareceu acalmá -la.

-- Sabe, nã o precisa icar tã o arredia, eu te entendo. – Sussurrou. – A pior sensaçã o que pode existir é algué m tentar te
domar. – Sorriu quando o animal aceitou a maçã . – Acho que já tenho um nome para ti. – Acariciou a cara dela. – Branca de
neve.

Vitó ria aproveitou a distraçã o da é gua e montou rapidamente, sentiu-a se rebelar, segurou irme, pois sabia que ela nã o
se entregaria sem lutar, apertou as pernas no lanco do bicho, ouviu-a relinchar e levantar as patas em protesto, mas se
manteve irme, até senti-la ceder aos poucos...

Ouviu os gritos de entusiasmos de todos e depois apenas a dor de ser arrematada para longe.

Sorte que o lugar tinha areia ou teria se machucado.

Batista correu até ela.

-- A senhora está bem? – Ajoelhou-se.

A ruiva passou a mã o pelos cabelos.

-- Estou! – Gargalhou. – Só meu orgulho está ferido!

O homem ajudou-a levantar.

-- Vai acabar se machucando sé rio, deixe esse bicho, é um animal selvagem que nã o se renderá tã o facilmente.

-- Parecemos-nos muito nesse quesito.

Batista a viu se afastar e pediu para que levassem a é gua para o está bulo.

Frederico estava em seu escritó rio quando ouviu batidas na porta.

-- Entre! – Ordenou.

O homem observou a neta se aproximar e apontou a cadeira para que ela sentasse.

-- Bom dia, vovô ! – Cumprimentou-o.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

O polı́tico nã o respondeu.

-- Eu queria que me desculpasse por ontem, nã o quis lhe desrespeitar. – Encarou-o.

O poderoso Duomont a itou por interminá veis segundos, em seguida, deu a volta na mesa, agachando-se diante dela,
segurou-lhe as mã os.

-- Meu anjo, eu que devo pedir perdã o por tê -la machucado. – Disse com lá grimas nos olhos. – Nã o deveria ter agido tã o
brutalmente. – Tocou-lhe a face ainda avermelhada. – Descontrolei-me quando me comparou com a condessa.

Maria Clara viu as lá grimas banhando o rosto daquele homem tã o poderoso e sentiu um aperto no peito, abraçou-o.

-- Nunca mais falarei novamente aquilo e acatarei tudo que me disser. – Disse entre prantos.

-- E eu prometo que lhe apoiarei em seu projeto de ajudar essas pessoas.

A garota sorriu ao ouvir aquelas palavras e mirou os olhos tã o parecidos com os seus.

-- Ganharemos, vovô , e o senhor retomará o prestı́gio de outrora.

Vitó ria seguiu para a cidade. Precisava falar com o veteriná rio sobre a vacinaçã o do gado. Resolvendo o problema,
decidiu nã o retornar ainda para a fazenda. Havia um barzinho bem frequentado, decidiu parar lá e comer algo, pois já eram
quase quatro da tarde e ainda nã o tinha almoçado.

Pediu um sanduı́che e um suco e icou a observar a movimentaçã o das pessoas. Havia uma mulher, de idade avançada,
sentada na praça com uma bacia vendendo cocadas. Observou que havia crianças pequenas junto a ela, quatro garotinhos
sujos e uma garota que nã o deveria passar dos quatro anos.

Percebeu que eles nã o deixavam de olhá -la, ou melhor, o lanche que ela comia.

-- Que surpresa maravilhosa!

Ela observou Alex sentar ao seu lado, cumprimentando-a com um beijo rá pido nos lá bios.

-- O que faz aqui? – Indagou irritada.

O jornalista sorriu.

-- Estava passando e tive essa maravilhosa visã o, entã o nã o resisti e vim até ti, condessa.

Ela continuava a itar as pessoas que continuava na praça tentando vender alguma coisa inutilmente.

-- Conhece aquelas pessoas? – Alex perguntou seguindo o olhar.

-- Nã o, só iquei curiosa em vê -los. Nã o sabia que a cidade estava tã o cheia de mendigos.

-- Bem, você vive viajando, entã o nã o deve ter conhecimento que muita gente sobrevive de ajuda do governo e isso nã o
é su iciente.

-- E o prefeito?

O rapaz gargalhou.

-- Bem, você tem certeza que deseja falar sobre isso? Desde quando isso te interessa?

Ela deu de ombros, levando o copo a boca e tomando o suco lentamente.

-- Apenas iquei curiosa, realmente isso nã o me interessa mesmo.

O jornalista també m pediu algo e icou esperando a atendente anotar o pedido.

A condessa ouviu o som do celular e observou a mensagem que tinha chegado.

Miguel!

Ignorou.

-- Olha a princesinha dos Duomont!

Vitó ria itou na direçã o que Alex apontava e se deparou com a jovem indo ao encontro da senhora.

Sentiu aquele descontrole emocional ao vê -la, um desejo enorme de ir até ela. Viu-a sentar e as crianças icarem ao
redor dela, embevecidas com sua beleza.

Ela estava linda, usando short e camiseta branca.

-- Será que ela já fez as pazes com o avô ?

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Vitó ria o encarou curiosa.

-- Ontem a garotinha foi esbofeteada tã o forte que foi ao chã o. – O homem falou.

-- O quê ?

-- Pelo que iquei sabendo ela nã o gostou de saber que estava sendo usada e se desentendeu com Frederico.

A condessa voltou a itar Maria Clara.

Entã o, fora isso que ocorreu, sentiu uma raiva insana daquele maldito velho, como ele fora capaz de ser tã o miserá vel e
bater em algué m tã o frá gil isicamente.

De repente o olhar da Duomont encontrou o dela. Mesmo a distâ ncia, pô de sentir o magnetismo daqueles olhos negros
em sua direçã o.

Clara estava passeando de carro quando viu a mulher vendendo as cocadas. Conhecia-a bem, já estivera em sua casa.
Ela era viú va e criava sozinha os netos, já que a ilha abandonara os pequenos e seguira para longe junto com um namorado.

Desejava ajudá -los e esse era um dos motivos de se empenhar tanto naquela campanha.

Sentou-se e observou as crianças brincando, entã o seu olhar foi atraı́do por algué m do outro lado da rua.

A condessa Mattarazi!

Nã o estava pronta para vê -la tã o cedo, ainda sentia os efeitos da noite anterior em seu corpo. Ainda sentia o cheiro dela
em sua pele.

Desviou o olhar quando viu quem estava ao lado de Vitó ria.

Nã o gostava daquele homem, nã o o suportava e ainda icava mais furiosa ao imaginar que eles tinham um caso
amoroso.

Sentiu uma vontade enorme de ir até lá e falar um monte de coisas, mas sabia que nã o poderia agir assim.

-- E entã o, mocinha, vai querer?

Clara itou a mulher e percebeu que ela a itava curiosamente.

-- Sim, quero. – Disse sem graça.

-- A condessa é uma bela mulher. – A vendedora dizia enquanto colocava as cocadas em uma sacola. – Meu marido
trabalhou para o pai dela durante muito tempo, até que foi demitido por estar velho. – Completou tristemente. – A condessa
já era uma mocinha e meu Antô nio dizia que ela sofria muito naquele lugar.

A jovem Duomont recordou do que ela falara sobre o pai e a madrasta. Como algué m poderia agir tã o miseravelmente
com a pró pria ilha?

-- Bem, aqui está . – Entregou-lhe a sacola. – Agora preciso ir, pois tenho que preparar o jantar.

Maria recebeu e lhe entregou uma nota com o triplo do valor dos doces, ela nã o tinha muito, mas sabia que aquele
pouco que tinha seria bem vindo para aquela grande famı́lia que nã o tinha outra renda.

Ela continuou sentada observando alguns jovens se aglomerar, era hora da saı́da da escola, entã o aquele era o lugar
preferido dos adolescentes.

Nã o gostava de ver Alex junto com Vitó ria, mas que direito tinha de se intrometer naquele assunto?

Na noite passada nã o conseguira conciliar o sono, as cenas que vivera nos braços da condessa povoavam sua mente,
em alguns momentos chegava a imaginar que aquilo fora um sonho, que nada daquilo ocorrera realmente.

Sentiu o rosto queimar ao se lembrar da forma como chegara a agir, nunca pensara que tinha um lado tã o passional,
atrevido, dominador... Mas quando voltava a itar a Mattarazi todo aquele desejo poderoso lhe queimava e a ousadia
retornava a si.

Passou a mã o pelos cabelos que estavam soltos.

-- Tudo bem, senhorita Duomont?

Clara se assustou ao ver o marido da delegada parado a sua frente.

-- Posso me sentar? – O advogado indagou.

Ela apenas fez um gesto a irmativo com a cabeça.

Ficaram em silê ncio por alguns minutos, até que a jovem pareceu incomodada.

-- O que deseja?

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Bem... – Pigarreou. – A Valentina me contou o que aconteceu.

A garota se levantou, nã o gostou das palavras que ouviu.

-- Bem, eu nã o acho que isso seja da sua conta ou da conta da sua mulher, entã o eu me nego a conversar sobre isso com
o senhor.

Miguel també m se levantou.

-- Nã o quero que me leve a mal. – Tocou-lhe o ombro. – Apenas nã o desejo que você se machuque, nã o temos nenhum
tipo de intimidade ou amizade, mas eu sei que você é uma pessoa maravilhosa e nã o merece sofrer.

Maria Clara o encarou por alguns segundos e percebeu que ele estava sendo sincero.

-- Obrigada! – Disse simplesmente se desvencilhando do toque.

O advogado a observou se afastar e depois caminhou até onde estava a condessa.

Nã o gostou de vê -la com Alex, nã o achava que ele fosse uma pessoa boa, mas sabia que nã o poderia ir contra a vontade
de Vitó ria.

-- Boa tarde! – Cumprimentou aos dois e se sentou sem esperar pelo convite.

-- Bem, eu me disperso. – O jornalista se levantou. – Nos vemos depois. – Disse ignorando Miguel.

A condessa continuou a tomar o sorvete sem falar uma ú nica palavra. Tinha visto quando o advogado falara com a neta
de Frederico e sentiu vontade de ir até eles, na verdade, desejara ir atrá s de Maria Clara. A vontade de tê -la por perto estava
icando incontrolá vel.

-- Bem, eu já estou esperando pelo sermã o. – A mulher disse por im. – Comece o discurso. – Encarou-o sarcá stica.

-- Eu só acho que a Maria Clara nã o é sua inimiga.

Vitó ria o itou por alguns segundos até que desviou o olhar.

-- Eu a odeio!

-- Por quê ? O que ela fez para ti? – Observou o arranhã o em sua face. – Pensou que a garota nã o tinha garras foi?

A ruiva nã o respondeu, apenas se levantou e seguiu até o carro. Nã o desejava falar sobre aquele assunto, como poderia
admitir que odiava Maria Clara Duomont porque seu corpo reagia a ela, porque desejava tê -la para si, porque estava
totalmente apaixonada por aquela mulher...

Deu partida no veı́culo e seguiu a caminho da fazenda. Sabia o que precisava fazer e naquele mesmo dia o faria. Iria
viajar, há dias nã o viajava para a Itá lia para cuidar dos pró prios negó cios e era isso que faria. Necessita de se afastar,
precisava retomar o controle de sua vida, de suas emoçõ es... Nunca passara por algo assim, em nenhum momento de sua vida
se sentira daquele jeito e isso era totalmente assustador, era como se fosse um animal selvagem sendo invadido... Violada...

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Capitulo 14 por gehpadilha

Otá vio se empenhava ainda mais na reta inal da eleiçã o. Dentro de um mê s, aconteceria o pleito. Precisara inventar
uma desculpa pela ausê ncia da candidata principal, ligara inú meras vezes para ela e nenhuma resposta fora lhe dada. Cada
dia que passava tinha mais certeza que perderia a disputa e isso nã o era algo que lhe agradava.

Alex tentava lhe acalmar, mas em alguns momentos nã o tinha como conter a fú ria do fazendeiro. També m tentara
entrar em contato com a Mattarazi, mas ela apenas dizia que tinha muitos problemas para resolver.

Maria Clara continuava empenhada em sua candidatura, agora corria de um lado para o outro em busca de maiores
adeptos a sua causa. Ao seu lado estava sempre seu avô e o seu noivo, as coisas se acertaram entre eles, nã o houve mais
problemas e todos pareceram chegar a um denominador comum.

A jovem Duomont nã o estava disposta a abrir mã o daquela paixã o que a polı́tica pareceu tomar na sua vida. Agora
entendia o avô e o pai e naquele momento tinha certeza que nã o se negaria de estar à frente da prefeitura daquela pequena
cidade, faria tudo o que estivesse ao seu alcance para ajudar e mudar a vida daquelas pessoas que pareciam acreditar tanto
em si.

Naquele dia chegou a casa quase meia noite. Estava cansada, seguiu direto para o quarto.

Jogou-se na cama e icou olhando para o teto por alguns segundos.

A penumbra envolvia o ambiente, deixando-o mais acolhedor.

Em breve aquela correria acabaria e todos saberiam quem administraria aquele lugar durante os pró ximos quatro
anos.

Pegou o celular e acessou a galeria de fotos e encontrou aqueles lindos olhos verdes. Tirara aquela imagem de uma
revista onde a bela condessa saı́ra acompanhada do tal mexicano.

Há tempos nã o sabia nada dela, nem mesmo estava a participar da campanha.

Quando a viu ao lado do latino sentiu uma raiva enorme, furiosa por saber que depois do que tinha ocorrido entre elas,
Vitó ria ainda se entregava nos braços de outro.

Boba!

Decerto, era realmente uma princesa de contos de fadas que imaginava as coisas tã o romanticamente, quando na
verdade, Vitó ria Mattarazi apenas sentia uma atraçã o por si, um desejo que nã o conseguia controlar, poré m agora que já a
tivera em seus braços tudo mudou.

Ainda doı́a a forma como tudo acabou naquela noite, o jeito que fora tratada depois que ambas tinham se perdido no
pró prio desejo, a forma depreciativa que se dirigira a si diante da delegada.

Como poderá se apaixonar por algué m tã o insensı́vel?

Nã o havia espaço naquele coraçã o para o amor, na verdade, duvidava que dentro daquele peito pulsasse algo que nã o
fosse uma pedra. Todos estavam certos a respeito dela, todos tinham razã o quando falavam da terrı́vel falta de cará ter que
acometia a herdeiro de Vitó rio.

Nã o se importou quando sentiu as lá grimas lhe molhar o rosto. Precisava chorar, tirar de dentro de si aquela agonia
que chegava a lhe tirar o fô lego.

Frederico caminhava de um lado para o outro no enorme quarto.

Estava desesperado, pois em menos de vinte dias venceria a parcela da hipoteca e nã o teria como pagar, acabara
gastando mais do que o necessá rio nos ú ltimos dias, tinha apostado tudo na campanha da neta e corria o risco de nã o ter
nem mais para pagar os empregados.

Falara com o Marcelo, mas ele disse que nã o tinha como ajudar daquela vez, pois també m enfrentava problemas
econô micos.

Nã o havia mais nada para se desfazer, tudo estava nas mã os do banco. Pensara em Felipe para que pedisse um
empré stimo, mas seria muito visı́vel naquele momento e com certeza negariam ao menos que...

Maria Clara poderia conseguir se ele conseguisse falar com as pessoas certas. Mas nã o poderia ser na cidade, tinha
alguns amigos na capital, poderia pedir que eles emprestassem a neta, a inal, ela seria a prefeita e nã o haveria problema de
quitar essa dı́vida.

Caminhou até a enorme varanda e icou a observar a noite estrelada. Ao longe podia ver as luzes da fazenda Mattarazi.
Se pelo menos tivesse conseguido provar que a maldita condessa era culpada pela morte da famı́lia, teria conseguido herdar
boa parte da fortuna que ela conseguira, poré m fora inú til suas tentativas.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Mil vezes maldita Vitó ria!

Mas as coisas mudariam em breve, estava mais do que certo que a neta sairia vencedora daquela disputa, entã o, ele
poderia lutar de igual para com ela e dessa vez a destruiria sem nenhuma clemê ncia.

A condessa ouvia o som alto e se entregava aos prazeres da noite.

Decidira nã o retornar para a fazenda. Ao retornar da Itá lia, decidira icar na capital e curtir à noite badalada da cidade
grande.

Nã o havia problemas em sua vida, na verdade, tinha que comemorar seu sucesso empresarial. Havia dinheiro, poder,
prazer... Entã o o que poderia lhe faltar?

Sentiu as mã os do amante em seu quadril acompanhando seu ritmo louco, deleitou-se com a sensualidade da mú sica,
bebeu e bebeu, até ver um olhar feminino lhe despindo maliciosamente.

Aquilo nã o a impressionava, ela sabia o quã o bela era e naquela noite estava ainda mais arrebatadora, usava calça de
couro preta, camisa folgada, branca, com alguns botõ es abertos, deixando amostra o sutiã no mesmo modelo da calça, os
cabelos vermelhos estavam soltos completando o estilo Mattarazi.

Desvencilhou-se dos braços do latino e se aproximou da loira que a itava tã o intensamente.

-- Nã o sabia que é falta de educaçã o olhar tã o insistentemente para as pessoas? – Sussurrou em seu ouvido.

A garota sorriu.

-- Nem me lembrei dessa regra, a inal, nunca tinha visto uma mulher tã o maravilhosamente linda em carne e osso.

A condessa piscou um olho e retornou para a pista, queria aproveitar intensamente os dias que se seguiam.

Os lá bios foram capturados pelos de Juan. Correspondeu ao beijo com paixã o, mesmo que seu corpo nã o reagisse a
nenhuma carı́cia do rapaz, ela aprendera a ingir bem as emoçõ es nos ú ltimos dias.

Miguel andava de um lado para o outro.

-- Você vai acabar tendo um ataque. – Valentina disse ao sair do banheiro.

Era de manhã cedo e o advogado tinha passado a noite tentando entrar em contato com a condessa, mas suas
tentativas foram inú teis.

-- E o que você queria? – Ele itou a mulher. – Vitó ria deveria ter chegado aqui, pois deixara Roma há alguns dias.

-- Por favor, Miguel, a sua sobrinha já é bem grandinha para que você ique tã o preocupado.

A delegada caminhou até a cama e começou a secar as madeixas.

-- Com certeza deve ter encontrado alguma diversã o na capital. Acho até bom que ela se mantenha longe, assim, nã o
tenho problemas com os Duomont.

O advogado itou a esposa com uma expressã o irritada e deixou o quarto.

Ela sabia que tinha sido dura, mas nã o gostava de ver o marido tã o atormentado por algué m que nem mesmo se
importava com ele. A condessa agia como bem lhe dava na telha, nunca levava em conta a opiniã o de ningué m e aquilo nã o
mudaria, nem mesmo quando ela viesse a saber o laço sanguı́neo que tinha com o iel escudeiro.

Sentia-se aliviada com aquela ausê ncia, nem mesmo gostaria de imaginar os problemas que surgiriam se o que
ocorrera entre ela e Maria Clara voltasse a acontecer. Estranhara era nã o ter exposto o ocorrido para desmoralizar a neta do
maior inimigo, tinha quase certeza que aquilo que ocorrera entre ambas fora uma armaçã o da parte da condessa para
continuar seu plano de vingança, poré m agora tinha dú vidas sobre o fato, mesmo assim, era melhor que Mattarazi
continuasse afastada de todos para que a paz pudesse reinar.

-- Você entendeu, ilha?

Clara estava no escritó rio com o avô . Ela estava sentada, enquanto ele lhe dava as instruçõ es para resolver o problema
na capital.

-- Eu já falei com o meu amigo, nã o haverá problemas em você contrair esse empré stimo. Tudo será feito de forma a
nã o prejudicar sua campanha.

A jovem nã o parecia muito entusiasmada com aquilo, poré m ao ouvir Frederico dizer sobre as di iculdades que
estavam enfrentando, nã o titubeou e aceitou a tarefa.

-- Está certo. – Levantou-se. – Irei arrumar minhas coisas para seguir para a capital. Se sair agora, decerto, ao meio dia
estarei chegando lá .

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

O homem seguiu até ela, abraçando-a.

-- Obrigada, meu anjo! – Beijou-lhe a face. – Isso icará apenas entre nó s.

Ela assentiu e seguiu para o quarto.

Vitó ria despertou com o insistente toque do celular.

Estendeu a mã o e encontrou o aparelho.

Miguel!

Silenciou a chamada. Há dias ele ligava e em nenhuma das vezes, ela atendeu. Nã o tinha interesse em falar com
ningué m, sentia-se bem, tranquila e no controle das pró prias emoçõ es.

Observou o reló gio e viu que já era quase quatro da tarde. Bem, fora para cama à s dez da manhã , virara a noite na boate
e quando o sol nasceu seguiu para uma festa exclusiva que a loira lhe convidara.

So ia!

Esse era o nome da mulher sensual que tentara lhe seduzir.

Sorriu!

As janelas do quarto permaneciam fechadas, deixando mais aconchegante o lugar.

Levantou-se, abrindo-as, deixando a luz penetrar na escuridã o.

Nã o fora para seu apartamento como era de costume quando estava na capital, decidira se hospedar em um hotel,
assim, ningué m lhe localizaria.

Viu um bilhete sobre o criado mudo.

Juan!

Ele precisara retornar para o Mé xico, pois tivera um problema em uma de suas empresas.

Que pena!

Ele era uma ó tima companhia, gostava de tê -lo por perto, de sua forma atenciosa de lhe tratar, suas gentilezas.

Espreguiçou-se e seguiu para o banheiro.

A hidromassagem estava pronta, como todos os dias. Decerto, a camareira entrara e izera aquilo.

Despiu o roupã o e emergiu na á gua espumante, sentindo cada parte do corpo relaxar. Sabia que precisava retornar
para a casa. Havia a maldita eleiçã o, havia os negó cios que també m requeriam sua presença. Nã o desejava regressar, seus
dias estavam sendo maravilhosos, tudo seguindo o rumo perfeito, tudo planejado, sem interferê ncia de nenhuma ordem.

Fechou os olhos e viu aqueles olhos negros que pareciam persegui-la. Há dias nã o pensava na princesinha de contos de
fadas, mas agora, sua mente a traiu miseravelmente, fazendo-a recordar da Maria Clara.

Como ela estaria?

Com certeza feliz com o noivinho...

Sentiu uma raiva grande ao imaginá -la nos braços dele...

Maldiçã o!

Por que aquela maldita garota surgiu em sua vida? Por que quando se tratava dela seu autocontrole nã o funcionava?

Nã o, nã o e nã o!

Nã o estava apaixonada coisa nenhuma, isso fora uma besteira que chegara a pensar, mas nã o era isso, tudo nã o passava
de um desejo poderoso, louco, insano... Algo que o tempo e a distâ ncia sanaria.

Os Duomonts era uma verdadeira praga em sua vida.

Maria Clara achou desnecessá rio se hospedar em um lugar tã o caro, mas o amigo do avô disse que custearia a despesa,
entã o nã o teve como se negar.

Bem, pelo menos icaria apenas até o dia seguinte, pois assim que assinasse os papé is o empré stimo seria liberado.

Colocou a bolsa sobre a cama e icou encantada com o requinte e luxo daquele lugar. Já frequentara hoté is chiques, mas
aquele tinha algo a mais, devia ser aquela decoraçã o inglesa, só bria.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Ligou para o avô para avisar do andamento das coisas e depois para o noivo. Marcos insistiu em saber o que ela tinha
ido fazer na capital e ela teve que inventar uma desculpa, mas Frederico deixou bem claro que deveria manter sigilo.

Depois de alguns minutos desligou.

Pensou em ligar para o amigo e treinador, mas se lembrou de que ele estava fora do paı́s participando de um
campeonato.

Uma pena, seria bom revê -lo depois de tanto tempo.

Decidiu tomar um banho e seguir para o restaurante do hotel. Assim, se distrairia, antes de deitar para dormir.

A condessa recebeu um telefonema de So ia. A bela loira disse querer vê -la, mas Vitó ria se queixou de estar com uma
terrı́vel dor de cabeça e assim, ambas decidiram se encontrar no restaurante do hotel.

A ruiva nã o se sentia muito bem, mas decidiu aceitar o convite. Nã o desejava icar sozinha, pois sempre que icava só
sua mente a traia.

Vestiu um vestido de mangas longas, branco, que chegava até o joelhos, colocou um cinto que combinava com o sapato
preto, deixou os cabelos soltos e aplicou uma leve maquiagem.

Ao chegar ao restaurante, So ia já estava lá e parecia ainda mais bela do que no dia anterior.

Cumprimentou-a com um beijo no rosto e depois sentaram.

-- Fico feliz que tenha aceitado meu convite. – A loira começou dizendo. – Estava morrendo de vontade de te ver.

Na noite passada nã o houve nada entre elas, mas a condessa sabia que o interesse da jovem nã o era apenas amizade,
a inal, ela lertara consigo abertamente.

-- Confesso que ainda cogitei recusar, nã o estou muito bem, ontem eu exagerei na bebida.

-- Tomou algo para aliviar a dor? – So ia lhe segurou a mã o. – Se nã o estiver se sentindo bem, nã o me chatearei que
suba para descansar.

-- Nã o se preocupe, nã o estou tã o mal assim. – Sorriu. – Bem, ontem você me contava que é psicó loga, achei super
interessante.

-- Sim, e olhe que uma das melhores, se quiser uma ajudinha? – Piscou maliciosa.

Vitó ria sorriu, mas seus olhos foram atraı́dos por uma igura que entrava no estabelecimento e sentava a poucos
metros de si.

De repente aquele olhar doce seguiu em sua direçã o e ela teve certeza que nã o estava a sonhar.

Maria Clara Duomont!

Aquilo nã o poderia ser real, aquela mulher nã o poderia estar ali.

A jovem seguiu por entre as mesas. O restaurante nã o estava cheio e por isso nã o teve problema em encontrar um bom
lugar para sentar.

O hotel era realmente muito requintado. Ficara fascinada com cada detalhe que via e icara sabendo por uma das
camareiras que havia quadras esportivas, alé m de uma enorme piscina.

Ao acomodar-se sentiu aquele olhar forte em sua direçã o e na mesma hora o coraçã o começou a bater descompassado.

A uma distancia curta de si, estava a poderosa e insensı́vel Mattarazi, ainda mais linda do que a ú ltima vez que a viu.

Enfrentou o olhar duro que ela lhe dirigia, nã o baixaria a cabeça diante de sua arrogâ ncia, jamais faria aquilo.

Notou a presença feminina ao seu lado e percebeu que havia certa intimidade entre elas.

Felizmente, um homem bem vestido veio até si para anotar o pedido. Sentiu vontade voltar ao quarto, mas nã o o faria,
nã o fugiria da situaçã o.

Pediu algo leve, pois a fome já havia lhe abandonado.

-- Você está bem?

Vitó ria itou a loira.

-- Sim, estou. – Tentou disfarçar. – Apenas como disse nã o estou muito bem, mas daqui a pouco passa. – Sorriu.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Bem, eu adoraria que passasse, pois tinha planos para a noite. – Falou sedutora. – Nunca tinha visto uma mulher tã o
linda como você . – Trocou de cadeira icando ainda mias perto. – Eu poderia me apaixonar rapidinho. – Falou em tom baixo e
sensual.

A ruiva mirou os lá bios que estavam tã o pró ximos dos seus. So ia era inegavelmente uma mulher de beleza ı́mpar, tinha
sensualidade nata e nã o seria difı́cil se interessar por ela.

Maria Clara observava a intimidade entre as mulheres. Só um cego nã o saberia o que estava acontecendo ali.

Sentiu tanta raiva que nem mesmo terminou a refeiçã o e seguiu para o quarto. Aquilo era muito para aguentar, seu
sangue era muito quente e se descobrira muito ciumenta.

Esperou o elevador impacientemente. Se pudesse ir embora naquela mesma noite, o faria, sem dú vida. Por que teve
que encontrá -la? Estava tudo tã o bem, tã o tranquilo em sua vida, até a condessa reaparecer e bagunçar tudo novamente.

Entrou na suı́te e jogou-se na cama.

Precisava apenas dormir para que amanhecesse rapidamente e pudesse resolver o problema, assim, retornaria para a
casa.

Decidiu ligar para o noivo para se distrair, assim, ocuparia a mente com outra coisa.

O jantar de Vitó ria transcorreu tranquilo. A condessa estava ansiosa para se livrar da convidada, pois algo naquele
momento lhe agoniava muito mais.

Usou a desculpa da enxaqueca para nã o se demorar tanto e So ia decidiu se despedir, mas com a promessa de que se
encontrariam no dia seguinte.

Assim que se livrou da loira, seguiu até a recepçã o para saber em qual quarto estava hospedada a neta de Frederico,
sabia que o melhor era deixá -la em paz, mas algo dentro de si nã o aceitava tal coisa.

Conseguiu a informaçã o que necessitava e seguiu direto para lá .

Clara conversou com o noivo durante quase uma hora, depois tomou um banho e seguiu para a cama.

Ouviu a campanhia e imaginou que fosse o serviço de quarto trazendo o lanche. Vestiu o roupã o e seguiu até a porta,
abrindo-a.

O sorriso simpá tico foi desfeito ao ver de quem se tratava.

-- O que quer? – Indagou rı́spida.

A ruiva tentou entrar, mas a jovem interceptou a passagem.

-- Bem, vim apenas lhe cumprimentar. – Sorriu provocante. – A inal, faz um bom tempo que nã o nos vemos, entã o
pensei que seria falta de educaçã o nã o vir até aqui.

-- Bem, entã o, a senhora já fez a cortesia do dia. – Tentou fechar a porta, mas foi detida.

-- Deixe-me entrar. – Pediu. – Desejo lhe falar.

Clara itou os olhos verdes e dessa vez nã o encontrou o sarcasmo.

Afastou-se, dando-lhe passagem.

-- Diga logo o que deseja, pois já estava indo dormir.

Vitó ria a mirou dos pé s a cabeça, demorando-se nos seios que nã o pareciam tã o escondidos como deveriam estar.

-- O que faz aqui? – Perguntou, aproximando-se. – Nã o deveria estar se dedicando a sua campanha?

-- Bem, eu nã o acho que isso seja da sua conta. – Encarou-a, cruzando os braços. – E levando em conta que nã o há
nenhum tipo amizade entre nó s, acho desnecessá rio a sua presença aqui.

-- Calma, Branca de Neve. – Sorriu. – Nã o precisa dessa raiva toda nã o. – Chegou ainda mais perto. – Como disse, quis
apenas ser educada. – Tocou-lhe a face.

A morena se desvencilhou do toque, mantendo distâ ncia.

-- Bem, você poderia ter usado toda a sua educaçã o com a sua amiga loira e quanto a mim, nem mesmo desejava o seu
cumprimento.

Vitó ria gargalhou debochada.

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-- Nã o me diga que está com ciú mes? – Caminhou até ela. – Está com ciú mes, princesinha de contos de fadas? –
Provocou. – Bem, a So ia é uma mulher linda, mas deixei para outra ocasiã o, porque agora eu tenho outros planos.

-- Você pode ir ao inferno que eu nem mesmo vou me importar. – Disse por entre os dentes.

A condessa a segurou forte pelos ombros, abraçando-a para nã o correr o risco de ser arranhada como da ú ltima vez.

-- Mentirosa! Está com ciú mes sim, está bravinha porque me viu com outra mulher.

Maria Clara tentou se livrar das amarras, mas a ruiva a segurou ainda mais forte contra a parede.

-- Nã o quero brigar. – Tentou beijá -la, mas a outra desviou a cabeça. – Nã o tenho nada com a So ia... Nenhuma outra me
interessa. – Depositou o beijo em seu pescoço. – Vai dizer que nã o está com saudades de mim? – Piscou sarcá stica.

-- Eu te odeio, Vitó ria Mattarazi! – Pronunciou cada sı́laba pausadamente.

-- Deixa eu sentir o sabor desse ó dio, deixa...

Clara sentiu a boca da condessa se apossar da sua, mas nã o permitiu que ela aprofundasse o toque. Cerrou os lá bios
para evitar a invasã o, poré m isso nã o impedira que a outra lhe acariciasse com a lı́ngua e foi isso que ela fez, desenhando a
boca rosada pacientemente, até senti-la ceder, entã o a penetrou delicadamente, sentindo o sabor doce da jovem.

A bela Duomont se entregou e icou em ê xtase ao sentir o beijo delicado se tornar exigente, apaixonado, dominador.
Sentiu o roupã o deixar seu corpo e as mã os que antes lhe prendiam, acaricia-lhe os seios, apertando-os.

Gemeu quando os dedos longos lhe apertaram os mamilos.

Fitou os olhos verdes e percebeu como estavam escuros. Sentiu aquela poderosa força lhe dominar.

Viu a boca se aproximar do colo e gemeu alto. A lı́ngua acariciava, enquanto os dentes os prendiam num misto de dor e
prazer.

Notou a camisola ir ao chã o, icando apenas de calcinha.

Os olhares pareciam presos, surpresos... Desejosos...

A condessa acariciou-lhe a pele sedosa, sentindo a maciez em seu tato, o aroma de rosas...

-- Peça para eu parar. – Encostou a testa na dela. – Diga que nã o quer... Por favor...

A neta de Frederico sentia a hesitaçã o e agonia em cada palavra que ela pronunciava. Sabia o que ela estava a pedir e
agora tinha certeza que a poderosa Mattarazi també m estava assustada com o que se passava com ambas. Deveria aceitar a
chance que estava sendo lhe dada, a inal, Vitó ria nã o tinha nada para lhe oferecer, naquele coraçã o havia apenas espaço para
ó dio, rancor, entã o por que nã o a mandava embora e recuperava a paz para sua alma? Sentia a tensã o dela, sentia o pesar, o
medo? O que temia aquela poderosa mulher?

Contrariando o certo a ser feito, Clara lhe enlaçou a cintura.

-- Poderı́amos apenas esquecer quem eu sou e quem você é ... – Mirou-lhe. – Hoje, agora, eu desejo que me tome para si,
como sou, apenas uma mulher que a deseja mais do que tudo...

Vitó ria a encarou por alguns segundos, parecia ainda digerir o que lhe fora dito.

A ruiva fechou os olhos e continuou com a tez encostada na da jovem.

A doce Duomont ouvia a respiraçã o pesada e chegou a imaginar que ela tivesse desistido, sentiu um peso em seu peito
e uma vontade incontrolá vel de chorar, até ver as lindas esmeraldas lhe itarem profundamente.

A condessa mais uma vez lhe tomou a boca possessivamente, enquanto as mã os tocavam ousadamente o corpo esbelto.
Retornou aos seios, agora eram explorados com cautela, sentindo a textura da carne, a maciez dos belos montes.

Mais uma vez Clara foi pressionada contra a parede, quando Vitó ria buscava estreitar ainda mais o contato. Abandonou
os lá bios, tocando agora o pescoço esguio, mordiscando. Tocou o sexo sobre a calcinha, apertando, fazendo a amada cerrar os
dentes para nã o gritar. Atrevida, introduziu a mã o sob a peça ı́ntima, deliciando-se com a umidade que lhe lambuzava o tato.

Maria inclinou a cabeça para trá s, fechando os olhos. Sentia a mã o há bil explorando sua intimidade.

A poderosa Mattarazi lhe tirou o tecido, deixando-a totalmente em pelo.

Sussurrou-lhe rouca:

-- Amar-te-ei como se nã o houvesse amanhã ...

A condessa observou os mamilos arrebitados como botõ es de rosas... Tocou-os com o polegar, em seguida com a
pontinha da lı́ngua, degustando com a delicadeza do colo, chupando-os.

A Duomont abriu os olhos e viu a cabeleira vermelha, gemeu quando Vitó ria aumentou a intensidade e mais uma vez
teve o sexo explorado. Sentia os dedos pressionando e o prazer foi mesclado por um desconforto.

Deteve-lhe a carı́cia.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Mattarazi a itou confusa.

-- Dispa-se, també m desejo senti-la. – Clara pediu.

A condessa se afastou, exibindo aquele sorriso meio de lado. Sem deixar de encará -la, retirou lentamente peça por
peça.

O quarto nã o estava à s claras, mas a penumbra nã o impedia que Maria Clara pudesse admirar e beleza do corpo da
maior inimiga da sua famı́lia.

Linda!

Deliciosamente bela.

Aproximou-se, estendendo os braços, trazendo-a para si.

-- Quero-te como jamais quis algo em toda minha existê ncia...

O beijo foi doce, leve, cheio de esperança e mesclado de saudades...

A Duomont estava tã o distraı́da que só percebeu que tinha sido conduzida até a cama quando esbarrou no mó vel.

A condessa a acomodou no leito, deitando sobre ela, descobrindo a maravilhosa sensaçã o das peles se roçando. Os
corpos pareciam terem sido moldados, completando-se, unindo-se.

A Duomont sentia os beijos de Vitó ria, pareciam sem pressa, inicialmente na face, nos seios onde se demorou,
mamando... No abdome irme sentiu as lambidas.

Cravou as unhas em seus ombros.

-- Vitó ria... – Sussurrava o seu nome. – Por favor...

A Mattarazi sorriu e continuou.

Clara tremeu ao tê -la entre suas pernas.

Sentiu os beijos em suas coxas, as leves mordidas...

Corou quando os olhos a itaram...

A condessa beijou-lhe a virilha... Acariciou os ralos pelos e aspirou o aroma feminino. Curiosa, massageou
cuidadosamente a carne molhada. Abriu-a, depositando um beijo no centro do seu prazer.

Clara desviou o olhar, sentia-se invadida, mas quando teve o primeiro contato da boca rosada em seu sexo, mirou-a. Via
o olhar faminto da ruiva, a sua lı́ngua deslizar vagarosamente de baixo para cima, enquanto seus dedos pareciam analisar o
novo cená rio.

Tentou se desvencilhar, mas a outra nã o lhe permitiu.

Cobriu os olhos com o braço.

Vitó ria sorriu ao vê -la tã o constrangida, a inal, ela se mostrara tã o ousada, mas agora parecia uma garotinha assustada.
Lambuzou todo o dedo e depois levou aos lá bios...

-- Como pode ser tã o gostosa?

A boca sedenta nã o se conformou com tã o pouco, entã o decidiu explorar melhor a fonte.

Maria jamais imaginara que pudesse existir um prazer tã o intenso, abriu-se mais para tê -la mais intimamente. Sentiu-a
chupar forte, sugar, lamber...

Balançou os quadris para acompanhar o ritmo. Sabia que em breve nã o iria conseguir segurar, pois seu corpo já
antecipava o ê xtase que estava por vir. Mexeu ainda mais, gemeu, pediu que ela continuasse... até seu corpo explodir em um
orgasmo mesclado a uma lancinante dor.

A condessa só percebeu quando já nã o tinha como voltar, deitou-se sobre ela, mirou os olhos fechados e uma solitá ria
lá grima deslizar por sua face rosada.

-- Por que nã o me disse que era virgem?

Clara a encarou e percebeu como havia perturbaçã o naquele rosto.

-- Perdoe-me, nã o quis machucá -la... –Acariciou-lhe a face com as costas da mã o.

A jovem Duomont beijou-lhe a mã o.

-- Nã o me machucou, minha linda condessa... – Exibiu aquele doce sorriso. – Nã o o fez. – Beijou lentamente cada um
dos longos dedos. -- E quanto a minha virgindade, entreguei-a a ú nica pessoa que eu desejei que a tomasse. – Tocou-lhe os
lá bios com os seus. – Sou sua...

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Vitó ria ainda tentou protestar, mas um delicioso beijo lhe dissuadiu do intuito.

Sabia que aquilo estava errado, mas naquele momento nã o tinha mais forças para retrucar, pois seu desejo já reagia à s
carı́cias que a jovem lhe proporcionava.

Acomodou-se entre as pernas da amada, sentindo os sexos se tocarem.

Entre sussurros e palavras desconexas, as duas mulheres se entregaram à quele momento ú nico, amando-se,
esquecendo que eram inimigas, esquecendo que eram adversá rias no enredo daquela histó ria. Naquele momento só
importava o fato de estarem juntas e em poucos minutos seus corpos foram sacudidos pelo á pice do prazer, levando-as ao
patamar maior do amor.

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Capitulo 15 por gehpadilha

Vitó ria despertou, tentou se mexer, mas algo a impediu. Clara Jazia com a cabeça em seu peito e a longa perna sobre a
sua.

Ouviu a respiraçã o lenta e sorriu, abraçando-a.

Olhou pela janela que permanecera aberta e percebeu que dentro de poucas horas estaria amanhecendo. Há pouco
tempo adormecera, icara pensando em tudo que se passou naquela noite. Sabia que aquilo deveria ter sido evitado, mas
como poderia tê -lo feito? Ainda tentara nã o seguir em frente, mas o desejo de tomá -la em seus braços foi incontrolá vel, tanto
que nem mesmo fora sensı́vel o su iciente para perceber a pureza da jovem.

Tocou-lhe as madeixas e icou a se deliciar com a maciez dos ios perfumados.

Por que teve que se encantar logo pela neta de Frederico?

Sabia que jamais poderiam icar juntas, pois havia muito ó dio e rancor presente entre ambas. Aquele pensamento era
perturbador, ainda mais quando sentia uma felicidade tã o grande por estar ali, tendo a bela princesinha nos braços. Pensou
em levantar e sair, fugir novamente, mas decidiu aproveitar um pouco mais aquela sensaçã o ú nica de contentamento que
jamais experimentara em toda sua vida.

Ouviu-a resmungar e achou engraçado.

-- Xiiii! – Embalou-a. – Estou aqui, Branca de neve. – Falou baixinho. – Nã o irei embora dessa vez.

As palavras pareceram tranquilizar a moça que se aconchegou ainda mais nos braços da amante.

Fechou os olhos, dormiria mais um pouco.

Frederico lia o jornal matutino. Estava esperando o ilho e a nora para o desjejum.

-- Bom dia! – Clarice o cumprimentou com um beijo na face e sentou-se. – Felipe nã o descerá , pois nã o está se sentindo
muito bem. – Avisou comendo uma torrada.

-- O que ele tem? – O polı́tico deixou o perió dico de lado. – Nã o é melhor chamar o mé dico?

-- Nã o, ele apenas comeu algo que nã o lhe fez bem, mas já lhe dei algo e daqui a pouco já estará melhor.

-- Se você diz... – Tomou um pouco de café .

Clarice precisou servir, pois das quatro empregadas que tinham, apenas uma restou, pois as outras decidiram sair,
devido ao atraso dos pagamentos.

-- Meu sogro... – A mulher começava. – Precisamos resolver essa situaçã o inanceira, daqui a pouco nã o haverá mais
ningué m para nos servir.

-- Isso já está sendo resolvido. – Voltou a ler o jornal. – Clara saı́ra vencedora do pleito e isso resolverá todos os nossos
problemas.

-- Bem, sendo assim, ico muito feliz por isso, só em pensar em nã o ter pessoas para cuidar do funcionamento da casa
chega a me dar nos nervos. – Completou arrogante.

Maria Clara despertou, sentindo os braços lhe enlaçarem a cintura.

Fechou os olhos e se deliciou com aquele toque possessivo.

A mente recordava de cada detalhe da noite passada. Dos corpos se buscando, das bocas se unindo...

Sentiu um arrepio na espinha!

Virou-se lentamente para nã o acordar a condessa e icou a observando. Como poderia estar ainda mais linda?

Fitou o semblante e icou encantada com algumas sardas que repousavam perto do nariz. Os cabelos avermelhados,
desgrenhados, lhe deixava ainda mais bela.

Mirou os lá bios bem desenhados e a tez arrogante.

Como foi se apaixonar tã o loucamente por aquela mulher?

O resmungar de Vitó ria lhe tirou de seus devaneios.

Fitou o reló gio e percebeu que eram quase sete da manhã . Decidiu tomar um banho e seguiu para o banheiro.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Algum tempo depois...

Retornou aos aposentos e icou a itar a bela ruiva deitada entre os lençó is de seda.

Linda!

Seu coraçã o acelerava só em olhá -la. Havia uma expressã o de tranquilidade naquele rosto que só parecia saber exibir
sarcasmo.

Sorriu encantada!

Poderia passar a eternidade ali, eternizando aquela igura perfeita.

Ouviu o som da campanhia.

Amarrou o roupã o e seguiu até a porta.

Pedira que trouxessem uma bandeja com café da manhã e no centro havia uma rosa branca.

Agradeceu e retonou para perto da amada. Deixou o desjejum sobre a mesinha de cabeceira, em seguida se aproximou
de Vitó ria, beijando-a sutilmente.

Os olhos verdes lentamente foram se mostrando, de inı́cio pareciam confusos, mas ao ver a jovem que lhe saudava com
um lindo sorriso, as cenas da noite passada voltaram a fazer sentido.

-- Bom dia, senhora condessa!

Vitó ria sentiu o toque rá pido nos lá bios e depois a viu se afastar.

Clara pegou a bandeja e sentou na cama de pernas cruzadas.

-- Bom dia, princesinha! – Espreguiçou-se demoradamente, em seguida se acomodou encostada na cabeceira. – Nossa,
quanto capricho.

A neta de Frederico a viu puxar o cobertor para cobrir a nudez, sentiu o desejo reviver.

Corada, entregou-lhe a rosa.

-- Para que sempre se lembre de mim.

A bela Mattarazi hesitou antes de receber o mimo. Algo dentro de seu peito parecia se agitar. Sempre recebera
presentes, buques de lores, as mais belas, entã o por que aquele gesto singelo lhe tocava tanto?

Encarou-a.

Os olhos negros brilhavam.

-- Por que uma rosa branca? – Indagou, recebendo e observando o presente delicado.

-- Nã o sei...

A condessa tocou as pé talas delicadas, em seguida aspirou o aroma...

-- Bem, Branca de Neve, acho que já sei a resposta. – Colou os lá bios nos dela em uma carı́cia lenta, cheia de emoçã o. –
Bem, quanta comida. – Sorriu. – Quer me engordar? – Arqueou a sobrancelha divertida.

-- Nã o, nã o... Mas nã o sabia o que pedir, entã o tive a ideia de pedir um pouco de tudo, espere que algo lhe agrade.

Vitó ria observou e icou encantada com o cuidado que a jovem sempre demonstrava. Havia um verdadeiro suprimento
de comida. Torradas, leite, suco, geleia, queijo, biscoitos, pã es, uvas, morango...

-- Teria como nã o gostar?

Clara a observou tomar leite e depois a imitou, comendo por alguns segundo em silê ncio.

-- E entã o, o que está fazendo na capital? – A ruiva levou uma uva à boca da amada. – Nã o diga que veio atrá s de mim. –
Gracejou.

A morena ao comer a fruta, capturou os dedos da ruiva, sugando-os...

Notou os olhos verdes se estreitarem, escurecendo...

-- Já te disseram que é s muito convencida, condessa? – Soltou-lhe.

-- Algumas tantas vezes, nada que me atinja. – Brincou. – A inal, fofoca de oposiçã o nã o se dar muito cré dito. – Piscou o
olho, desdenhosa.

-- Sei!

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A poderosa Mattarazi a observou passar geleia na torrada e levar a boca. Viu-a se sujar e nã o resistiu ao desejo de
provar mais uma vez daquele sabor.

Afastou a comida para o lado, em seguida, segurou-lhe a nuca e a trouxe para bem perto de si. De inı́cio, apenas limpou-
lhe o canto da boca com toques rá pidos, em seguida desenhou-lhe os lá bios com a lı́ngua.

-- Nã o há mulher mais linda do que você em todo o universo... – Sussurrou. – Ainda mais quando ica corada, parece
uma princesinha...

Clara umedeceu os lá bios.

-- Por que me chama de princesa de contos de fadas?

-- Porque você é uma...

A jovem Duomont nem teve tempo de retrucar, pois sua boca foi tomada apaixonadamente. Cheia de perı́cia, Vitó ria
explorava cada canto, capturou-lhe a lı́ngua, chupando demoradamente.

Introduziu a mã o por entre o roupã o de Maria e tomou os seios em suas mã os, Apertou-os, arrancando gemidos da
garota.

A condessa parecia estar faminta por outra coisa, pois se reencostou na cabeceira da cama e trouxe a amada consigo,
sentando em seu colo em posiçã o de amazonas.

A neta de Frederico permitiu que ela lhe afastasse o robe, nã o havia nada por baixo, apenas a sua pele arrepiada e
sedenta por carı́cias.

Relanceou a cabeça para trá s para permitir que a boca da ruiva lhe mamasse os seios. Sentiu as mã os descendo,
afagando-lhe a barriga, massageando-lhe as coxas e parando em seu sexo.

-- Vitó ria... – Pronunciou o nome dela baixinho.

-- E isso que você quer...

Clara sentiu os dedos lhe acariciando, enquanto a boca retornava ao colo. Sentia-a delicada, enquanto o polegar lhe
tocava o clitó ris, apertando-o, incitando-o mais e mais, até invadi-la.

-- Ainnn... – A morena sentia a paixã o icar mais forte.

Cravou as unhas na palma da mã o e esperou, mas Vitó ria apenas a itava. Seu corpo se adequava a dominaçã o, mas
aquilo nã o era o su iciente. A sensaçã o de tê -la parada dentro de si a estava deixando louca, entã o começou a movimentar o
quadril, imperando o ritmo e vendo a condessa segui-lo deliciosamente, penetrando-a com mais ı́mpeto, aumentando as
estocadas, tirando-lhe o fô lego.

A ruiva ouvia os gemidos e isso a estava deixando ainda mais excitada, tocava-lhe com um ú nico dedo, pois temia
machucá -la, mas ao tê -la tã o predisposta, aumentou ainda mais a pressã o.

As mã os da Duomont chegou ao corpo de Vitó ria e ao lhe notar tã o molhada, a invadiu forte.

Ouviu-a gritar seu nome e rebolar cada vez mais rá pido, sentiu-a lhe prender os dedos e depois soltar, a invadiu mais e
mais, ao mesmo tempo que sentia que nã o aguentaria por muito tempo... As duas mulheres gritaram em um orgasmo
arrebatador, cheio de paixã o e de desespero pelo que sabiam nã o poder mais controlar.

Frederico andava de um lado para o outro no escritó rio. Ligara inú meras vezes para o celular da neta e nã o obteve
nenhuma resposta.

O amigo banqueiro lhe informara que a jovem nã o tinha ainda aparecido e o combinado tinha sido nove horas.

O que poderia ter acontecido?

Impaciente, ligou para o hotel e icou sabendo que ela nã o tinha saı́do do quarto até à quela hora, poré m nenhuma das
ligaçõ es era atendida.

Decidiu tentar mais uma vez o celular de Maria Clara.

Clara repousava nos braços da amada quando ouviu um som. Parecia vir de tã o longe que de inı́cio nem se preocupou,
mas a insistê ncia era tã o grande que sabia que nã o deveria fazer parte de sua imaginaçã o.

Abriu os olhos e tentou se concentrar melhor.

O celular!

Levantou da cama em um pulo e seguiu em busca do aparelho, o encontrou sob a pila de roupas, rapidamente atendeu.

-- Vovô !

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Vitó ria sorriu do jeito atrapalhado da jovem. Decidiu ir tomar um banho para deixá -la mais à vontade.

Miguel chegou à fazenda Mattarazi, recebera uma ligaçã o de Batista que parecia preocupado.

Estacionou e seguiu para o interior da casa grande. Encontrou o homem no escritó rio da condessa, sua expressã o
estava um pouco carregada.

-- O que houve? – O advogado já foi falando. – Vim assim que recebi o recado.

-- O cavalo da condessa sumiu. – Disse cheio de pesar. – O procuramos por todos os lugares e nã o há sinal do bicho.

-- Mas como isso pode ter acontecido? Essas terras estã o cheias de seguranças. – Passou a mã o pelos cabelos. – A
Vitó ria vai enlouquecer quando souber disso. Já estã o procurando o animal?

-- Sim, mas parece que ele foi tragado pela terra.

-- Batista, isso nã o tem explicaçã o. Todos sabemos como aquele cavalo é arredio. Só a condessa consegue lidar com ele.

-- Eu sei, por isso acho que ele fugiu. Nã o tinha como algué m conseguir pegá -lo, ao menos que...

-- Nã o ouse pensar isso... Vitó ria é capaz de matar por seu cavalo. – Colocou a mã o no ombro do idoso. – Vamos
encontrá -lo, eu prometo!

Maria Clara icou parada no meio do quarto olhando para o celular.

O avô estava possesso, pois ela deveria estar no banco há mais de uma hora.

Como fora se esquecer disso?

Tivera que inventar uma desculpa para Frederico. Nã o gostava de mentiras, mas como poderia dizer que tinha passado
a noite nos braços da condessa e por esse motivo tinha esquecido o compromisso tã o importante?

Ouviu o som do chuveiro.

Vestiu o roupã o e esperou. Viu Vitó ria aparecer enrolada em uma toalha.

Respirou fundo!

Cada vez que via aquela mulher, mais seu corpo a desejava.

-- Algum problema? – A ruiva indagou.

Clara caminhou até ela, maravilhada. Os cabelos vermelhos estavam mais escuros por estarem molhados.

-- Eu preciso resolver um problema... – Disse relutante. – E depois já retorno para casa.

Vitó ria a encarou por alguns segundos. Por um instante foi possı́vel ver a decepçã o naqueles olhos verdes, mas depois
reinou a indiferença.

-- Certo! – Disse arrogante. – Vou me vestir e já estou saindo.

A Duomont a deteve.

-- Por favor... – Pediu. – Nã o quero que iquemos assim.

A condessa estreitou os olhos, retirando-lhe a mã o que lhe prendia.

-- E como você quer que iquemos? Nó s sabemos o que somos e sabemos que fazemos partes de lados separados.

-- Eu nã o faço parte de lado algum. – Negou. – E foi tã o maravilhoso ontem, estivemos juntas, izemos amor... Eu me
entreguei para ti... – Completou em um io de voz.

-- Acho melhor você se arrumar para ir resolver os seus problemas, nã o acredito que seu avô vai gostar dessa sua
demora.

Maria Clara a encarou por alguns segundos e por im assentiu.

Observou-a por um instante, viu-a se vestir...

Nã o desejava ir embora, o que mais queria era ica ali, junto à condessa, poré m sabia que nã o poderia, tinha suas
obrigaçõ es a cumprir e havia sua famı́lia...

-- Vitó ria... – Chamou baixinho.

A ruiva acabou de se vestir e se virou para ela.

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-- O quê ? – Perguntou rı́spida.

A morena caminhou até ela, icando por alguns segundo olhando-a.

Maria Clara a abraçou surpreendendo a condessa.

Mattarazi icou com os braços caı́dos ao lado do corpo, enquanto a jovem a estreitava forte.

-- Nã o me odeie... – Clara sussurrou ao seu ouvido.

Permaneceram naquela posiçã o por instantes interminá veis, até a bela Duomont se afastar e seguir em direçã o ao
banheiro, sem nem mesmo olhar para trá s.

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Capitulo 16 por gehpadilha

Maria Clara seguiu para o banco.

Mais uma vez teve que inventar uma desculpa ao amigo do seu avô . Poré m o que importava naquele momento era que
conseguira o empré stimo que o Frederico necessitava.

Seguiu até o carro e icou parada por alguns minutos ali, observando a correria costumeira dos grandes centros.

Precisava retornar, mas nã o era isso que o seu coraçã o gritava para fazer. Desejava se jogar nos braços da condessa e
ingir que só havia elas naquele mundo tã o grande.

Quando saiu do banho naquela manhã , Vitó ria tinha ido embora. Ainda tivera a ilusã o de encontrá -la ali, esperando,
dizendo que a queria para si e que nã o permitiria que ela partisse, poré m mais uma vez sonhara com algo que jamais
aconteceria.

Nã o se arrependia de ter se entregado, como falara, nã o haveria outra pessoa que desejasse que lhe tomasse. Nã o
conseguira controlar aquele sentimento que parecia querer explodir em seu peito...

O celular tocava insistentemente lhe tirando de seus pensamentos.

Ainda pensou em nã o atender, mas preferiu nã o arrumar ainda mais problemas com o namorado.

Marcos parecia irritado, exigindo que ela voltasse o mais rá pido possı́vel para casa, nã o parecera nada feliz com o fato
de ela ter viajado. Na noite passada ao conversarem, ele já mostrava essa chateaçã o, poré m agora parecia bem pior.

Respirou fundo e tentou nã o ser grossa.

-- Dentro de algumas horas estarei em casa. – Disse simplesmente inalizando a chamada.

A condessa retornou para o pró prio quarto. Sua mente fervilhava, vá rios pensamentos lhe deixava cada vez mais
perturbada.

Deitou-se de costas e icou olhando para o teto por interminá veis segundos. Sentiu os dedos tocarem a maciez da rosa
branca. Fitou-a e em seguida aspirou o delicado aromara primaveril.

-- Porque dentro de mim só há inverno, doce Branca de Neve...

Fechou os olhos e sua mente retornou há muitos anos.

O primeiro Natal que passara fora do internato. Chegara à fazenda e imediatamente aprendera qual era o seu lugar.

Victor estava viajando e só chegaria no dia vinte e cinco.

Vestiu-se e seguiu para o grande salã o onde as pessoas se reuniam. Mesmo com a situaçã o inanceira decadente, os
Mattarazis ostentavam algo que nã o mais tinham.

Conseguia se recordar bem do olhar desdenhoso que a madrasta lhe dirigia, nã o disfarçando o total desagrado pela
presença da garota.

Victorio à quela altura da festa já lertava abertamente com todas as mulheres presentes ali, nã o se importava se fosse
um relé s empregada ou a ilha ou até esposa de um dos convidados.

Vitó ria recordava que passara toda a ceia de Natal na enorme varanda que circundava a casa grande, apenas observava
a todos e nã o havia ningué m que se importasse com ela.

Quando amanheceu o dia e todos os convidados já tinham ido embora. A ruiva retornou para o salã o, entã o encontrou
Kassandra, a esposa do pai.

-- Limpe tudo! – A odiosa mulher ordenou. – E nunca mais apareça aqui quando tivermos convidados.

A jovem a encarou.

-- Nã o sou sua empregada! – A garota respondeu altiva.

A risada da condessa ecoou por toda a sala.

-- Você é uma bastarda. – Frisou bem o adjetivo. – A ilha de uma empregadinha, uma prostituta que achou que poderia
ter algo com o patrã o, mas sabe, você e sua mã e nã o passam de um lixo, jamais poderá ser vista como algo alé m de uma
maldita bastarda... Uma mancha nos bons costumes, uma erva podre que veio ao mundo para desgraçar a vida de todos.

Vitó ria se virou para sair e viu o conde encostado no topo da escada, em seu semblante havia consentimento para a
atitude da esposa. Depois daquele dia, a jovem percebera que precisaria ser forte se desejasse sobreviver a toda aquelas
humilhaçõ es. Com o tempo, passara a se tornar tã o insensı́veis que chegou a imaginar que nã o havia um coraçã o dentro de si.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Uma lá grima solitá ria lhe molhou a face...

Miguel passara o dia percorrendo toda a extensã o de terra da fazenda Mattarazi, pedira ajuda a polı́cia, mas nã o
encontrara uma ú nica pista do animal. Logo cedo, retornou para as terras de Vitó ria e estava quase desistindo do intuito
quando ouviu o relinchar bem caracterı́stico. Avisou aos empregados que estavam consigo e seguiram até onde vinha o som.

Andaram por alguns metros e lá estava o poderoso animal. Sentiu um alı́vio em seu peito, temera tanto que algo
terrı́vel tivesse ocorrido com o garanhã o. Sabia que algué m izesse algo com o Bastardo, nada impediria a condessa de usar
de violê ncia para castigar os culpados.

O animal parecia ainda mais arisco e nã o permitiu que ningué m se aproximasse.

-- Esse bicho está possuı́do, doutor. – Um dos peõ es falava assustado.

Miguel nã o acreditava nessas crendices, mas sabia que algo nã o estava bem, pois Bastardo nã o permitia que ningué m
se aproximasse.

-- Vã o buscar o veteriná rio. – Ordenou.

-- Ele nã o está na cidade, ontem estive lá e iquei sabendo que ele tinha viajado e icaria uma semana fora. – Batista se
adiantou.

O advogado retirou o chapé u e limpou o suor que cobria a tez.

-- Temos que levar esse bicho para a fazenda.

-- Como? – O administrador o itou. – Só a condessa poderá se aproximar dele.

Miguel respirou fundo.

Nã o sabia onde estava a patroa, ligava para o celular e nã o recebia respostas, entã o decidiu mandar uma mensagem
para ela falando sobre o problema com o cavalo. Gostaria de ter resolvido aquele empecilho sozinho, mas percebeu que nã o
teria como fazê -lo.

Clara retornara para a casa no dia anterior.

Frederico icou feliz por ter conseguido o empré stimo, nã o era muito, mas por enquanto, serviria para saldar algumas
dı́vidas.

A jovem nem pode descansar e já retornava para sua rotina. Faltavam poucos dias para as eleiçõ es e nã o poderia
relaxar na altura do campeonato.

Depois do almoço, seguiu para a casa do noivo, encontrou-o na sala, esperando-a.

-- Essa é a ú ltima vez que você viaja e nã o me explica o motivo disso. – Foi falando assim que a viu.

A garota o encarou por alguns segundos.

Estava exausta e a ú ltima coisa que desejava era entrar em uma discussã o com o rapaz.

-- També m tenho minhas pró prias coisas para resolver. – Disse calmamente.

Marcos nã o pareceu feliz com a explicaçã o e seguiu até ela com passos irmes.

-- Suas coisas ou do seu avô ? – Indagou. – Tenho certeza que Frederico te fez viajar em busca de dinheiro. Ele nã o tem
mais a quem recorrer e está usando você como fez com... – Parou bruscamente.

-- Fez com quem? – Perguntou arqueando a sobrancelha. – De quem está s a falar?

O jovem passou a mã o pelos cabelos.

-- Apenas nã o desejo que nossa campanha que está quase ganha seja prejudicada. – Estendeu a mã o lhe tocando a face.
– Em poucos dias, você será eleita prefeita dessa cidade e precisamos tomar cuidado com nossas açõ es, pois a condessa nã o
aceitará nossa vitó ria de bom grado.

Maria Clara sentiu um arrepio na nuca ao ouvir à mençã o à Mattarazi.

Ainda sentia os efeitos dos momentos de amor em seu corpo. Ainda doı́a nã o ter permanecido com ela, seu peito ainda
sangrava por nã o ter encontrado-a quando saiu do banho.

Mirou o homem parado a sua frente e sentiu a culpa icar ainda maior. Estava a trair o futuro marido, nã o só em suas
açõ es, mas em seus pensamentos que vivia constantemente a buscar por lindos olhos verdes.

Até quando conseguiria sustentar à quela situaçã o?

-- Perdoe-me por ter falado assim, nã o quero que briguemos, meu amor.

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A jovem sentiu o toque nos lá bios e permaneceu está tica, fria ao beijo.

-- Acho melhor irmos. – Interrompeu o contato.

-- Certo, irei buscar minhas coisas.

Clara assentiu e permaneceu esperando.

O dia dos polı́ticos fora bem atribulados e só retornaram para a casa quando já passava da meia noite.

A condessa nã o deixara o hotel. Com a partida da Duomont, ela nã o sentira vontade de sair, nem mesmo quando
recebera o convite tã o sugestivo da loira.

Tinha acabado de tomar banho quando ouviu o bip do celular. Viu a mensagem de Miguel e na mesma hora ligou para
saber o que estava ocorrendo. Ficou louca ao saber do que aconteceu com o cavalo. Praguejou alto, em seguida encerrou a
chamada e discou para o piloto, nã o retornaria de carro, iria no helicó ptero, pois assim nã o perderia tempo.

Era quase meio dia, quando viram o carro da condessa se aproximar.

Ela parecia furiosa.

-- O que houve com o Bastardo? – Bateu com o chicote na pró pria bota. – Eu saio por alguns dias e um monte de
incompetentes nã o conseguem nem ao menos cuidar do meu cavalo. – Gritava. – Demitirei todos, estou cansada de você s.

Miguel preferiu icar quieto. Batista baixou a cabeça, enquanto os peõ es pareciam ainda mais assustados.

Vitó ria caminhou a passos irmes até onde estava o garanhã o, mas ao se aproximar foi atacada e acabou indo ao chã o.

O advogado correu até ela.

-- Você está bem? – Ajudou-a a levantar.

-- Solte-me, seu idiota! – Empurrou-o. – Tudo isso é culpa de você s. – Apontava o dedo acusadoramente. – Estou
cercada de incompetentes, idiotas!

Miguel preferiu nã o discutir. Conhecia bem aquele gê nio terrı́vel e sabia que se falasse alguma coisa, ela icaria ainda
mais furiosa. Retornou para junto de Batista e icaram a observar as inú meras investidas da condessa para se aproximar do
cavalo, todas fracassadas e ela icava cada vez mais fora de si.

Todos temeram quando viram Vitó ria se aproximando em passos largos.

-- Dê -me a droga dessa corda!

O empregado rapidamente fez o que fora ordenado.

Mattarazi tentou laçar o bicho, mas a tentativa fora mais uma vez em vã o.

-- Que merda, Bastardo! – Praguejava passando as mã os pelos longos cabelos. – Nã o me obrigue a usar mé todos mais
doloridos.

O garanhã o levantou as patas relinchando, parecia desa iar a dona.

Ela caminhou até os presentes.

-- Vá buscar o veteriná rio! – Ordenou com as mã os na cintura. – Diga-lhe para vir urgentemente aqui.

Os presentes se entreolharam, pareciam temerosos, baixaram a cabeça.

-- Estã o surdos? – Gritou.

-- Ele nã o está na cidade. – O administrador falou tomando a frente de todos.

A condessa socou a palma da mã o.

Aquilo nã o poderia estar acontecendo. Nunca tivera problemas com o cavalo. O criara desde que era apenas um potro
quando fora rejeitado por todos, ela o acolheu e o tornou seu.

Ele era tudo o que ela tinha e agora estava sendo rejeitada.

Agachou sobre os calcanhares e icou o observando.

Percebia o olhar impetuoso do animal, parecia irritado, mas por quê ?

O advogado sentiu um aperto no peito. Era visı́vel a decepçã o no semblante da condessa. Sabia bem o que ela já passara
na vida, e talvez para muitos, aquilo fosse apenas drama, poré m fora o Bastardo quem sempre estivera ao seu lado durante
tanto tempo.

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Sabia o que devia fazer e nã o hesitou, bem, já tinha sido demitido, entã o esse risco nã o correria mais.

Discou o nú mero e depois de alguns minutos foi atendido.

Maria Clara ainda estava na cama. Fora dormir tarde e o cansaço lhe dominavam todo o corpo.

Ouviu o som do celular, visualizou o nú mero e nã o reconheceu, mas mesmo assim atendeu, poderia ser algo
relacionado à campanha.

Ficou surpresa com as palavras que foram ditas a seguir.

-- Isso é um absurdo!

Frederico estava veri icando os animais quando se virou ao ouvir a voz do ilho.

-- Do que você está falando?

-- Achas que nã o sei que mandou a Maria Clara para a capital em busca de empré stimo com o seu amigo banqueiro?

-- Isso nã o é da sua conta! – Falou se afastando.

Felipe foi até ele e o segurou.

-- Nã o permitirei que envolva a minha ilha nas suas sujeiras. – Apontou-lhe o dedo acusadoramente. – O senhor está
devendo tudo que temos e ainda está envolvendo a pró pria neta com agiotas.

-- Nã o se meta nas minhas coisas! – Frederico disse por entre os dentes.

-- Nã o permitirei que faça com a Clara o que fez com a minha irmã !

O polı́tico observou o ilho se afastar a passos largos e decidiu nã o ir atrá s dele.

Nã o haveria nenhum risco de ter problemas, tudo já fora totalmente planejado. A neta ganharia a campanha e ele
conseguiria arcar com todas as dı́vidas. Logo, logo recuperaria o prestı́gio de outrora e se vingaria da condessa Mattarazi.

Clara nem mesmo falou com os pais. Apó s receber a ligaçã o, seguiu direto ao destino que lhe esperava.

Nã o hesitou em momento algum, as palavras do advogado a izeram pular da cama e seguir direto para o banho, coisa
que izera rapidamente.

Ao chegar ao local indicado icou surpresa ao ver a condessa. O advogado nã o falara que ela tinha retornado.

Pensou em dar ré e voltar para a casa.

Ficou por alguns minutos parada a distâ ncia. Sua presença nã o parecia ter sido notada pelos presentes.

Observou a ruiva tentar se aproximar do cavalo e viu quando ele levantava as patas dianteiras, enfrentando-a.

Rapidamente deixou o veı́culo e caminhou até onde ela estava.

-- Você o está deixando mais estressado, Vitó ria!

A ruiva se virou e pareceu nã o gostar de ver a neta de Frederico ali.

-- Ora, quem você pensa ser para se meter onde nã o foi chamada? – Encarou-a com as mã os nos quadris. – Saia
imediatamente daqui, eu nã o a chamei.

Clara respirou fundo.

Odiava aquele gê nio arrogante, chegava a perder toda paciê ncia quando a condessa exibia aquele lado estú pido.

Fitou os olhos verdes e notou que pareciam soltar chispas de raiva.

-- Eu a chamei! – Miguel interferiu.

-- E com que permissã o você o fez? – Gritou. – Você nã o tem nenhum direito de tomar decisõ es. Eu sou a dona, eu quem
ordena aqui. – Apontava o indicador.

A jovem Duomont relanceou os olhos.

-- Você está sendo muito infantil, condessa... – Disse caminhando até o cavalo.

Vitó ria tentou detê -la, mas icou surpresa quando o garanhã o aceitou de bom grado o carinho que recebeu na tez.
Observava tudo e parecia icar ainda mais descontrolada. Ouviu os peõ es os comentarem sobre como Maria Clara obtivera

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sucesso ao domar o garanhã o.

-- Saiam daqui, estã o todos demitidos, nã o quero vê -los mais na minha frente.

A condessa caminhou até o carro, sentou no capo e icou observando o desenrolar da cena.

Nã o conseguia conter a raiva e temia que a qualquer momento perdesse a cabeça.

Batista falou com os trabalhadores e pediu para que eles seguissem para a fazenda, prometeu que depois falaria com
eles.

-- Já nã o sei se foi uma boa ideia trazer a senhorita Duomont aqui. – O administrador falou ao notar onde estava a
patroa. – Ela parece possuı́da por uma força maligna.

Miguel deu de ombros.

-- Era necessá rio um veteriná rio, entã o está aı́, uma veteriná ria.

Maria Clara seguiu até onde estava a condessa.

Observou que a outra nã o a itava diretamente, nem entendia o motivo de tanta raiva.

-- Posso montá -lo e levá -lo para a fazenda? – Indagou relutante.

-- Como é que é ? – Vitó ria foi até ela. – Você quer montar o meu cavalo? – Indagou com as mã os nos quadris. – Nã o
achas que está avançando muito nã o?

A morena respirou fundo, nã o queria brigar.

-- Estou aqui como veteriná ria. – Disse chutando uma pedrinha. – Nã o como sua inimiga e tampouco como sua amante.

Mattarazi sentiu um arrepio na nuca só em ouvir a ú ltima palavra, entã o só naquele momento notou como a jovem
parada a sua frente estava ainda mais bonita. Ela usava short jeans, curto, camiseta e botas de cano alto. Os cabelos estavam
presos em um rabo-de-cavalo.

-- O que ele tem? – Apontou para o animal.

-- Nã o tenho certeza, mas chutaria que ele está com raiva de ti.

-- De mim? – Indagou surpresa, itando-a. – Nã o iz nada para o Bastardo.

-- Bem, essa é uma das explicaçõ es para o comportamento dele.

A condessa a encarou por alguns segundos.

-- Vou lá com ele novamente.

Clara lhe deteve pelo braço.

-- Nã o o faça ou vai estressá -lo ainda mais. – Afastou a mã o ao sentir o corpo reagir. – Deixe-me levá -lo até a fazenda.
Ele icará seguro lá .

-- Quem você pensa ser? Só porque tem um diplominha acha que pode invadir as minhas terras e dar uma de
salvadora? – Bateu com a mã o fechada no carro. -- Faça como você quiser, princesinha!

Vitó ria parecia ainda mais exasperada ao entrar no veı́culo e sair em alta velocidade.

Miguel se aproximou.

-- E entã o?

-- Irei lavá -lo para a fazenda! – Disse convicta.

-- Quer que vá buscar uma sela?

-- Nã o, se ele nã o me derrubar, nã o tenho problema em montar em pelo.

Caminhou até onde estava o animal e voltou a tocá -lo.

-- Calma, rapaz, acho que você precisa perdoar a sua dona, seja lá o que ela tenha feito com você . – Deu-lhe uma
cenoura. – Será que vais me derrubar? – Sorriu. – Por favorzinho, nã o faça isso, a sua condessa vai rir muito de mim se isso
chegar a acontecer.

Delicadamente, impulsionou o corpo e icou sobre o poderoso cavalo. Esperou a queda, mas o bicho permaneceu
calmo, sendo assim, ela seguiu em trotes lentos até a sede das terras de Vitó ria Mattarazi.

Miguel chegou com Batista e esperaram por Maria Clara.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

O advogado veio trazendo o veı́culo da jovem, enquanto o administrador trouxe o dele.

Ela falou para que eles seguissem na frente, pois temia que pudessem assustar o garanhã o.

Desceram e perceberam que o carro da condessa ainda estava em frente a casa, nã o o tinham levado para a garagem.

Esperaram em silê ncio até verem Maria ir até eles.

-- O que aconteceu? – Falou baixo. – A patroa chegou cuspindo fogo.

-- Onde ela está ? – Miguel indagou.

-- Trancou-se no escritó rio, mas antes esbravejou com os empregados e mandou todos saı́rem daqui.

Os dois homens se olharam por alguns segundos.

-- Por que ela está assim? – Entã o a empregada viu Maria Clara se aproximando, montada no garanhã o. – Virgem
santı́ssima, é hoje que o mundo acaba.

A mulher seguiu imediatamente para dentro.

A jovem Duomont seguiu até o está bulo e deixou o animal em sua baia. Quando já estava saindo viu a é gua branca,
aquela que se encantara tanto no dia do leilã o. Bastardo també m a notou e pareceu icar agitado.

-- Está com ciú mes... – Disse para si mesma.

Caminhou até onde estava os dois homens.

-- Obrigada, Clara! – Miguel estendeu a mã o. – Quanto lhe devo?

A garota aceitou o cumprimento e sorriu.

-- Pensei que a Mattarazi quem fosse pagar.

-- Nem brinque, pois até demitido todos já estamos.

-- Eu preciso vê -la. – A moça falou.

-- Você só pode estar louca. – Batista se intrometeu. – Do jeito que ela está , pode lhe jogar da escada.

Clara gargalhou divertida.

-- Eu apenas que falar pra ela o que se passa com o Bastardo. Acho que descobri.

Os dois nã o pareceram muito convencido, poré m diante da determinaçã o da neta de Frederico, o advogado decidiu
acatar o pedido.

-- Venha comigo!

Batista os observou se afastarem e icou ainda mais preocupado.

-- Santo Cristo, nã o permita que ocorra uma tragé dia.

Vitó ria estava sentada, com a cabeça virada para trá s e com os olhos fechados. Naquele momento deseja apenas
relaxar, pois estava muito irritada.

Massageou as tê mporas, tentando controlar a respiraçã o.

Levantou-se e caminhou até o pequeno bar, serviu-se de uma dose de cachaça, sentindo-a arder em sua garganta.

Clara icou extasiada com a decoraçã o do interior da mansã o. Era um lugar realmente muito bonito e dava para ver que
os mó veis eram italianos, outros rú sticos, causando uma contraditó ria harmonia.

-- Bata, se ela atender você entra, mas se ela esbravejar, acho melhor nã o insistir. Ficarei esperando aqui.

A jovem viu a enorme porta e mesmo diante da fera que estava do outro lado, nã o hesitou.

A condessa ouviu a batida delicada.

-- Já disse que nã o desejo ver ningué m! – Falou brava.

-- Preciso lhe falar sobre o Bastardo...

Vitó ria nã o acreditava que aquela mulher estava em sua casa, como era capaz de tamanha ousadia?

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Fechou as mã os fortemente.

Sentou na pontinha da mesa e icou a mirar a porta.

Aquela garota nã o sabia o quanto estava se arriscando, nã o tinha ideia de como estava correndo perigo naquele
momento...

Bebeu mais um pouco.

Clara já estava desistindo, quando viu a porta se abrir.

Observou o lugar mergulhado na penumbra, mas mesmo assim entrou, viu a porta se fechar e lá estava a condessa,
sentada, ereta, com aquela pose de rainha.

-- Eu acho que sei o que o Bastardo tem. – Adiantou-se entusiasmada.

Vitó ria arqueou a sobrancelha.

-- Tenho quase certeza de que ele está com ciú mes da é gua branca. – Falou entusiasmada. – Você a esteve montando
esses dias?

-- Sim! – Levou o copo a boca. – Estou a domar a Branca de Neve, entã o necessito de montá -la constantemente.

-- Branca de Neve? – Perguntou confusa.

-- Sim, esse é o nome dela.

Clara tentou nã o se irritar, mesmo ao ver os olhos verdes brilharem em provocaçã o.

-- Bem, entã o tente ver como pode resolver o problema, pois o seu amado Bastardo nã o parece interessado em dividir a
dona. – Respirou fundo. – Era só isso o que eu tinha para falar. Passar bem. – Caminhou até a porta e tentou abrir, em vã o. –
Poderia me deixar sair? – Pediu sem se voltar.

-- Nã o!

A bela Duomont sabia o jogo de Vitó ria, mas tentaria nã o perder a cabeça discutindo com ela.

Voltou-se.

-- Tenho certeza que nã o foi isso que quis dizer, senhora condessa, entã o repetirei, abra a porta. – Sorriu.

Vitó ria caminhou lentamente até ela, icando a apenas alguns centı́metros de distâ ncia. Encarou-a, itou aqueles olhos
negros intensamente.

-- Nã o deveria ter vindo aqui... – Deu mais um passo. – Na verdade, você nã o deveria ter entrado na minha vida.

Mesmo estando escuro, Maria conseguia visualizar bem os olhos da mulher parada a sua frente, brilhavam friamente.

-- Vim porque o Miguel me chamou. – Respondeu. – Como já disse antes, volto a repetir, nã o tenho nada contra você ,
nã o sou sua inimiga.

-- Mas eu sou sua inimiga! – Pressionou-a forte contra a madeira. – Eu quero ser sua inimiga, eu quero te odiar, quero te
destruir, quero que sofra... – Dizia por entre os dentes. – Quero que sinta a mesma dor que eu sinto.

Clara espalmou as mã os em seu peito para impedir o contato.

-- Deixe-me sair... – Tentava continuar calma.

-- Por que veio aqui? Para me provocar? E isso que você pretendia?

-- O Miguel me chamou. – Repetiu. – Se ele nã o tivesse me ligado, eu nã o teria vindo.

A condessa aspirou o cheiro que se depreendia do corpo dela. Aproximou-se mais.

A neta de Frederico sentia as reaçõ es do corpo, tentou se concentrar em qualquer outra coisa que nã o fosse o desejo
que começava a se rebelar dentro de si.

-- Acho que seu short é muito curto. – Sussurrou em seu ouvido. – Nã o deveria andar por aı́ vestida assim.

Clara mordiscou o lá bio inferior.

-- Está tremendo? – Tocou-lhe o seio esquerdo. – Está com medo, Branca de Neve? – Provocou-a.

Vitó ria sentia os seios dela reagirem e isso a deixou em brasas. A ú nica coisa que desejava naquele momento era
possuı́-la mais uma vez.

-- Nã o... – Negou com voz rouca. – Nã o tenho medo da rainha má ...

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Nem se ela izer isso... ?

Maria sentia os dedos lhe abrindo o short e lhe tocando a calcinha.

Mordeu o lá bio inferior.

A condessa sentiu o tecido molhado...

Impetuosa, deslizou a mã o sob a lingerie, sentindo o quã o escorregadia estava.

-- Tenho ganas de devorá -la, de tomá -la... de comê -la... – Sussurrou ao seu ouvido.

Clara gemeu ao sentir a carı́cia exigente, os movimentos circulares...

Segurou-lhe a mã o, cessando a tortura.

-- Deixe-me ir...

Vitó ria se afastou, mas retornou para ela, puxando-a para si, calando os protestos com um beijo.

A Duomont precisou se apoiar nela para nã o cair. Abraçou-a, enquanto tinha a boca dominada, enquanto sentia a lı́ngua
sendo sugada, chupada com sofreguidã o.

Da mesma forma que começou, muito rá pido o beijo terminou.

-- Vá , antes que eu faça uma loucura.

A condessa contornou a escrivaninha, sentando-se na cadeira.

Clara a encarou por alguns segundos, seguiu até a porta e se voltou para ela.

-- Posso te pedir uma coisa?

A ruiva fez um sutil gesto a irmativo com a cabeça.

-- Nã o demita os seus funcioná rios, eles nã o tiveram culpa do que ocorreu, pense que eles precisam desse trabalho
para sustentar a famı́lia, quanto ao Miguel, ele só quis ajudar.

Antes que Mattarazi pudesse falar algo, Maria Clara foi embora.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Capitulo 17 por gehpadilha


A condessa itou a porta por onde Clara tinha saı́do.

Mordeu o lateral do lá bio inferior, maneou a cabeça negativamente e sorriu.

Por que permitia à quela garotinha estú pida tais liberdades?

Ningué m nunca a enfrentara daquele jeito, ningué m nunca ousara tanto.

Encostou-se a cadeira, passou as mã os pelos cabelos. Umedeceu os lá bios com a lı́ngua e teve a impressã o que o gosto
dela ainda estava lá .

Seu corpo ainda estava em chamas, poderia tê -la tomado novamente, possuı́do-a ali, em seu escritó rio.

-- Ah, Branca de Neve... – Sussurrou. – Você vai acabar me deixando louca...

Quem diria que por trá s daquele sorriso meigo havia uma personalidade tã o forte e tã o passional?

Precisava esquecê -la, mas como faria isso?

Mesmo que nunca pudesse admitir, adorava tê -la por perto, mesmo quando era enfrentada, mesmo quando estavam
brigando, desejava-a para si...

Seus pensamentos foram interrompidos por batidas na porta.

-- Entre! – Falou exasperada.

O advogado caminhou e parou diante da mesa.

-- O que quer agora? Será que nã o basta aquela pirralha idiota? Nã o já me encheram o su iciente por hoje?

-- Só vim dizer que amanhã trarei todos os documentos para que entregue ao seu novo representante legal.

Vitó ria relanceou os olhos, entediada.

-- Nã o precisa, você continua sendo meu advogado, a inal, nã o tenho tempo para icar procurando um novo.

-- Só icarei se todos os outros icarem. – Sentou. – Você nã o pode demitir todo mundo, Vitó ria, eles nã o tiveram culpa,
o Bastardo é muito esperto, ele fugiu.

-- Ningué m será demitido, agora me deixe em paz.

Miguel pareceu surpreso com as palavras. Conhecia muito bem a ruiva e sabia que ela nã o voltava atrá s quando dizia
algo, entã o se surpreendia com o que acabava de ouvir, ainda pensou em questionar, poré m era melhor nã o afrontá -la ainda
mais.

Levantou-se e foi embora, era melhor nã o brincar com a sorte.

Maria Clara seguia pelo caminho da fazenda.

O celular tocava, era o seu pai, decerto, já estava preocupado com sua saı́da. Preferiu nã o atender, seguiria direto para a
casa e lá falaria com ele.

Sabia que nã o deveria ter ido à fazenda Mattarazi, mas quando Miguel lhe contara sobre o problema, nã o resistira ao
desejo de ir. Ló gico que nã o sabia que encontraria a condessa, nã o imaginou que a veria tã o rapidamente, nã o estava pronta
para aquilo. Seu corpo ainda tremia ao recordar do seu toque, das suas carı́cias ousadas, seus beijos exigentes.

Estava apaixonada... Completamente louca por aquela mulher...

Precisava acabar com aquilo, estava noiva e em breve casaria com o Marcos, poré m nã o o amava. Tinha certeza disso,
estava convicta que nã o desejava aquele relacionamento, poré m como colocaria um im assim?

-- Vitó ria... Feiticeira...

Otá vio caminhava de um lado para o outro na enorme sala de sua casa. Alex estava sentado e observava tudo com
calma.

-- Nã o entendes que vamos perder essa campanha por causa da irresponsabilidade dessa maldita condessa. –
Esbravejava. – Como tive a louca ideia de convidá -la para ser a candidata à prefeita.

-- Relaxe! – O jornalista levantou e preparou um drinque. – Como já disse, a maioria dessas pessoas trabalham para
Vitó ria, estamos indo pelo caminho certo, eles nã o se voltarã o contra a maior empregadora da regiã o.

-- Como pode ter tanta certeza?

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Eu tenho meus contatos. – Entregou-lhe o copo. – Hoje mesmo percorreremos essas casas, basta uma sutil ameaça e
a nossa bela ruiva será a vencedora.

-- Eu serei o vencedor. – Corrigiu, brindando. – Serei eu o prefeito. – Sorriu.

A morena seguiu direto para o quarto, teve a sorte de nã o encontrar ningué m na sala.

-- Onde você estava, Maria Clara?

A jovem assustou-se ao ver o pai sentado sobre sua cama.

-- O que faz aqui? – Indagou.

-- Estava a sua procura e soube que saiu cedo e nã o avisou a ningué m.

A jovem tentou controlar a respiraçã o, há tempos nã o tinha aquela sensaçã o de lhe faltar o ar nos pulmõ es.

Felipe levantou e imediatamente pegou a bombinha na gaveta e entregou à garota.

Ela sentou e aos poucos foi recuperando a respiraçã o.

-- Está melhor? – Ele perguntou preocupado.

Clara fez um gesto a irmativo.

-- Agora me diga onde você estava?

A moça sabia que nã o poderia mentir para o pai, na verdade, jamais mentia, mas nos ú ltimos dias o fazia com
frequê ncia.

-- Estava na fazenda Mattarazi! – Disse de supetã o.

-- O que você estava fazendo lá ? – Ajoelhou-se diante dela. – Nã o sabe que aquela mulher pode lhe fazer mal?

-- Fui cuidar do cavalo. – Levantou-se. – Papai, eu desejo exercer a minha pro issã o. – Falava entusiasmada. – Nã o sabe
como me sinto feliz em fazer isso, nã o tenho outro desejo, adoro estar em contato com os animais.

Felipe sabia disso, via os olhos da jovem brilhar. Desde muito novo aquele fora o desejo dela e era injusto que nã o
tivesse permissã o para fazê -lo.

Seguiu até ela, abraçando-a.

Ele fora manipulado durante toda a vida, sempre seguira à risca à s ordens de Frederico. Perdera a mã e quando ainda
era um adolescente, mas sempre esteve preso as vontades do pai e nã o desejava que ilha passasse por aquilo.

-- Quando você ganhar a eleiçã o terá independê ncia para fazer o que desejar. – Segurou o rosto querido entre as mã os.
– Poderá ser a veteriná ria, será a melhor de todas.

-- E se eu nã o ganhar? – Indagou temerosa.

Clara temia. Nã o tinha a segurança de Frederico, tampouco a do noivo e do sogro. Apesar de tudo, de todo o apoio
recebido, tinha medo dos resultados.

-- Mesmo que nã o ganhe, eu ainda estarei aqui para lhe apoiar, vamos montar o seu consultó rio e você vai se encher de
bichos.

Ambos riram.

-- Clara, nã o quero que se aproxime da condessa. – Disse sé rio. – Nã o desejo que ela lhe faça nenhum mal.

A jovem apenas concordou com um gesto de cabeça.

-- Vitó ria Matarazi é uma mulher misteriosa e mesmo que nã o exista provas sobre as coisas de que ela foi acusada,
temos provas su iciente do cará ter perturbador que ela apresenta.

Maria pensou em retrucar, mas sabia que seu pai estava certo. O Melhor a ser feito era nã o permitir essa aproximaçã o
da condessa.

O tempo passava de forma agitada. Clara se dedicava dia apó s dia para que conseguisse sair vencedora do pleito. Todos
estavam con iantes de sua vitó ria, enquanto isso a condessa nã o fazia nenhum esforço para agradar ao eleitorado, nem
mesmo se pronunciara durante toda a campanha, apenas se deixara ver em alguns raros momentos ao lado de Otá vio.

Dentro de dois dias seria a tã o esperada eleiçã o e o destino daquela cidade estava em jogo.

A noite estava fria. A condessa nã o se sentia bem, estava agitada, irritada, impaciente mais do que o de costume.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Caminhou até o está bulo e sentiu os olhos do garanhã o negro voltados para si. Ele continuava rebelde, exibindo o
comportamento possessivo, mas nã o a jogou da ú ltima vez que ela o montou. Ló gico, que isso só acontecera depois que
Vitó ria nã o tinha voltado a montar a Branca de Neve.

Ela lhe entregou uma cenoura e lhe acariciou as orelhas.

-- Vamos dar uma volta, campeã o? Que tal? Nó s dois cavalgando por essa noite negra?

Bastardo pareceu gosta da ideia e se comportou, enquanto sua dona lhe preparava para o passeio.

Alguns minutos depois, saı́ram por entre a escuridã o, cavalgando... galopando...

Clara ouvia as palavras do avô .

Aquele era o ú ltimo comı́cio. Aquela seria a ú ltima vez que ela falaria com aquelas pessoas antes das eleiçõ es. Estava
nervosa. Observava os olhares voltados para si, conseguia visualizar a esperança brilhar naqueles olhos que a itavam.

Cada dia que passava tinha mais certeza dos propó sitos de estar ali, de ter entrado naquela disputa. Nã o, jamais
permitiria que suas promessas fossem esquecidas, concretizaria tudo, mesmo que tivesse que ir contra todos.

Frederico a convidou para assumir o seu lugar ao microfone. Marcos lhe beijou a mã o e a levou até lá .

Todos aplaudiram o gesto galante do rapaz e pareceram mais entusiasmados quando o futuro vice-prefeito a beijou nos
lá bios.

A condessa acabou seguindo até a cidade e icou surpresa ao ver o aglomerado de pessoas em praça pú blica, entã o
percebeu o palco montado.

Os Duomont!

Praguejou ao ouvir as palavras de Frederico.

Dissimulado!

Aproximou-se pela lateral, onde podia ter uma ó tima visã o do que se passava lá . Seus olhos foram atraı́dos por uma
igura que jazia um pouco mais atrá s, entã o ouviu o nome dela ser anunciado. Sentiu o estô mago embrulhar quando o ilho
do prefeito em um gesto galante, beijar-lhe a mã o e depois os lá bios.

Teve um desejo enorme de ir até lá e falar um monte de coisas para aquela garota que adorava exibir aquele rostinho
de anjo, aquela expressã o doce, mas que no fundo ela era igualzinha à tia.

Decidiu ir embora, antes que izesse uma loucura, mas as palavras de Maria Clara a deteve.

-- Eu sei que tudo o que eu falar aqui hoje pode soar falso, oportunista, a inal, eu desejo sim ganhar a eleiçã o. – Deu
uma pausa. – Mas, nã o é apenas vencer, isso aqui nã o é uma competiçã o, a eleiçã o que ocorrerá dentro de dois dias é o futuro
de todos e dos que ainda estã o por vir. – Aproximou-se mais. – Confesso que tenho medo de nã o ser a escolhida, poré m isso
nã o vai me fazer parar. Continuarei lutando por você s e para tornar esse lugar onde nasci mais feliz. Obrigada a todos e
saibam que cada um ocupam um espaço em meu coraçã o.

Vitó ria ouvia os aplausos e os gritos entusiasmados das pessoas. Sabia que eles acreditavam em cada palavra dita pela
neta de Frederico, mas ela nã o! Tinha certeza que aquela garota mimada só desejava assumir o poder e depois nem se
lembraria de nenhuma daqueles rostos esperançosos que estavam ali.

A condessa a observou descer do palco que fora montado, enquanto o noivo assumia seu lugar com palavras fú teis e
promessas ainda mais vazias.

-- Fique aqui, Bastardo, eu já volto!

Mattarazi usava uma capa preta e se utilizava do capuz para nã o ser reconhecida. Deixou o garanhã o um pouco
afastado e seguiu por entre a multidã o.

Maria Clara recebeu o abraço da mã e, Clarice parecia emocionada com as palavras da ilha.

-- Tenho tanto orgulho de você , minha pequena. – Beijou-lhe a face.

-- Obrigada, mamã e. – Sorriu. – Volto rapidinho, preciso respirar um pouco, estou me sentindo sufocada.

-- Quer que eu vá contigo?

-- Nã o, volto rá pido.

Frederico se aproximou da nora.

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-- O que houve com a Clarinha?

-- Foi tomar um pouco de ar, sabe como ela ica quando está em meio a tanta gente.

O polı́tico apenas assentiu.

Observava o povo presente ali e tinha certeza que a neta seria eleita.

Maria Clara se apoiou nas armaçõ es do palco. Sorte sua que nã o havia ningué m naquele lugar. Sentia aos poucos o ar
retornar aos pulmõ es. Estava muito emocionada, feliz, satisfeita com a aceitaçã o e carinho que recebeu.

Ela sentiu um cheiro que sempre mexia com seus sentidos.

Ao se virar, a jovem se deparou com algué m vestido de preto. O lugar estava na penumbra.

Os olhos dela brilharam ao ver a condessa retirar o capuz e os cabelos vermelhos brilharem diante de seu olhar
assustado.

Há dias nã o se viam, há dias evitavam até os pensamentos...

-- O que faz aqui, condessa? – Indagou empertigada

Mattarazi se aproximou mais,

-- Estava passeando e vi o circo que tinham montado e iquei curiosa para ver de perto. – Esboçou um meio sorriso
debochado.

-- Nã o tenho tempo para os seus sarcasmos.

Clara tentou se afastar, mas Vitó ria a deteve pelo braço.

-- Sua consciê ncia nã o dó i ao iludir essas pessoas?

-- Nã o estou iludindo ningué m!

Os olhos se itavam e pareciam que estavam a falar de outra coisa.

Passaram-se alguns segundos.

-- Você nã o vai ganhar a eleiçã o e esse seu mundinho de fantasias vai vir abaixo rapidinho.

-- Se você ganhar o que fará por essas pessoas?

A ruiva gargalhou.

-- Para mim essas pessoas podem ir para o inferno.

Maria se desvencilhou do toque da outra.

-- Como pode ser tã o insensı́vel? Nã o se importa com nada, alé m de si mesma. – Maneou a cabeça com desgosto. – As
pessoas temem a condessa e elas tê m razã o para isso. – Constatou triste.

-- Você teme a condessa? – Arqueou a sobrancelha.

-- Nã o! Eu tenho pena do que você é .

Clara viu o maxilar de Vitó ria contrair, mas nã o recuou.

-- Você nã o passa de uma garota mimada. Acha que pode ser melhor do que todo mundo, pensa que todos irã o te
obedecer ou mesmo serem seus brinquedos nesse joguinho de dona do mundo.

A Duomont nã o se intimidou quando Vitó ria partiu para cima dela, segurando-a pelos ombros e a pressionando
rusticamente contra o veı́culo.

-- Você nã o passa de uma idiota. – Pressionou-a mais. – Uma garotinha estú pida que vive em um mundo de contos de
fadas. Uma menininha que corre para debaixo das asas da famı́lia quando as coisas nã o estã o bem. – Mirou-lhe os lá bios. – E
uma sonsa que exibe esse sorriso meigo para manipular as pessoas.

-- Manipular, condessa? O seu tom está icando muito pessoal, espero que nã o esteja se referindo a si mesma. –
Provocou-a com um sorriso doce.

Vitó ria afastou-se, foi como se sua pele tivesse sido queimada.

-- Você vai perder a eleiçã o! – Apontou-lhe o indicador. – Os Duomont perderã o tudo, aı́ vamos ver se você ainda
levantará esse nariz para me enfrentar.

Clara a viu se afastar e só naquele momento percebeu que estava prendendo a respiraçã o.

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Era impressionante o poder que emanava daquela mulher, a arrogâ ncia e o sarcasmo. Chegava a pensar se realmente
existia a Vitó ria a quem se entregara de corpo e alma dias atrá s ou era apenas invençã o de sua cabeça.

Dias depois...

A pequena cidade estava em uma agitaçã o só . Todos entusiasmados para ver quem seria o novo gestor daquele
municı́pio. Marcos acompanhou a amada até o seu local de votaçã o e ambos foram recebidos com carinho por todos que
encontravam ao caminho. Os rostos esperançosos faziam questã o de dizer a Maria Clara que acreditavam nela e depositaram
na jovem a sua total con iança.

Marcelo já comemorava junto com Frederico.

A fazenda do velho polı́tico estava lotada de amigos, fossem eles polı́ticos ou empresá rios que aderiram à campanha.
Havia bebidas e muito churrasco.

Clara jazia na varanda a observar a imensidã o de terra que pertencia a sua famı́lia.

Sentiu mã os lhe enlaçar a cintura e o beijo na nuca nã o teve nenhum poder em seu corpo. Permaneceu ereta, tensa.

-- O que está s a pensar, minha linda prefeita?

Ela virou-se para itar o belo rapaz.

-- Ainda nã o sou a prefeita, ainda temos uma hora para saber o resultado.

-- Ló gico que será s a escolhida. – Sorriu. – Quem em sã consciê ncia escolheria Vitó ria Mattarazi? Quem escolheria para
administrar um municı́pio à assassina da pró pria famı́lia?

Aquelas palavras incomodaram intensamente a jovem.

-- Nunca se provou isso, entã o acho que nã o se deve sair por aı́ falando.

-- Nã o se provou porque ela é muito rica e conseguiu comprar a justiça. – Rebateu com ó dio.

-- Nã o acho que ela tenha feito isso, apesar de tudo, acredito que a condessa nã o seria capaz de algo assim.

-- Você é muito ingê nua, minha noiva. – Acariciou-lhe a face. – Acho que todo mundo é bonzinho. Nã o se esqueça de que
ela atirou em mim, nã o se esqueça de que ela quase te pisoteou com aquele cavalo amaldiçoado.

Por um momento em sua mente pode reviver aquele momento. Aquela poderosa mulher montada em seu garanhã o lhe
encarando com aqueles lindos olhos verdes. Recordou da fú ria que viu naquele rosto lindo, os cabelos acobreados ao vento.

-- Você vem?

Ela itou o namorado e viu a impaciê ncia presente nele, decerto aquela nã o fora a primeira vez que falara com ela.

-- Nã o! – Apressou-se a dizer. – Ficarei aqui um pouco mais.

A condessa permanecia em seu escritó rio. Saı́ra cedo para votar e nã o falara com ningué m, nem ao menos aceitou o
convite de Otá vio para passar o dia em sua casa. Odiava icar em meio a tanta gente. Nã o suporta a hipocrisia e ela sabia o seu
lugar em tudo aquilo.

Ouviu batidas na porta e ordenou que entrasse.

Miguel a cumprimentou, sentando-se.

Fora chamado por Vitó ria ainda ao amanhecer, mas só naquela hora tivera tempo de chegar até ali.

-- Pensei que só viria no pró ximo ano. – A mulher o provocou.

-- A Valentina está de plantã o e precisei resolver algumas coisas antes de vir. – Defendeu-se.

Ele viu a garrafa de cachaça quase vazia sobre a mesa.

-- Nã o deveria estar mais composta? A inal, você é a candidata à prefeita. – Provocou-a.

A condessa gargalhou alto.

-- Só falta dizer que votou em mim.

-- Nã o, nã o votei. – Respondeu altivo. – Sabe do grande carinho que tenho por ti, poré m sei que você nã o se importa
com nada que se passe nessa cidade, entã o nã o acho que você ser eleita é uma coisa boa, a inal, Otá vio irá assumir o seu lugar
e já imagino o desastre.

Vitó ria levou o copo à boca e bebeu lentamente o conteú do.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Entã o você acha que a idiota da Maria Clara Duomont é melhor do que eu? – Exibiu aquele sorriso de canto. – Nã o
esqueça que quem paga a você , sou eu. – Ficou a observar o lı́quido transparente. – Fez o que eu pedi?

-- Sim! – O advogado maneou a cabeça. – Só nã o sei se iz bem em fazê -lo. – Abriu a pasta e lhe entregou um documento.

Mattarazi abriu o envelope e icou a observar o conteú do que estava em suas mã os.

-- O que fará com isso?

-- De acordo com esse papel, Frederico deixou de pagar a hipoteca. – Balançou a cabeça negativamente. – Eu resgatei as
promissó rias e agora ele deve a minha pessoa.

-- E você acha que isso é certo?

A condessa levantou e bateu forte na mesa.

-- E você acha que ele está certo ao se envolver com agiotas e dá a neta como garantia das dı́vidas? Você acha que ele
conseguiria pagar tudo isso? Diga-me se acha.

-- Só acho que você nã o fez isso por sentimentos nobres.

-- Digamos que estou salvando a Maria Clara de um destino nada agradá vel.

-- Só falta você dizer que faz isso por ter um bom coraçã o. – Ironizou.

-- Nã o! Faço isso porque se algué m vai destruir os Duomont esse algué m serei eu.

Miguel apenas assentiu e saiu do escritó rio. Nã o conseguia aceitar a forma como a sobrinha agia, nada justi icava
aquele ó dio pela neta de Frederico.

Entendia que ela sentia raiva por tudo que passou, ainda mais com o fato de ter sido acusada injustamente da morte da
pessoa que mais amava no mundo, entretanto isso nã o era a soluçã o para o seu sofrimento.

A pequena cidade estava eufó rica com os resultados que ainda nã o tinha sido divulgado, mas ao anoitecer a populaçã o
pareceu surpresa quando a condessa Vitó ria Mattarazi fora eleita à prefeita do municı́pio. Nã o vencera com grande diferença,
poré m ela ganhara deixando boa parte das pessoas assustadas, a inal, todos temiam à quela mulher.

-- E mentira! – Frederico esbravejava. – Aquela maldita roubou, nã o tinha como ela vencer.

Todos estavam reunidos no grande salã o.

-- Amanhã mesmo entraremos com um processo para impugnar essa eleiçã o! – Marcelo intrometeu-se. – Aquela
mulher nã o irá governar!

-- Isso mesmo, papai! – Intrometeu-se Marcos. – Com certeza teve fraude.

-- Maldita condessa! – Praguejou Clarice.

Enquanto a discussã o parecia nã o ter im, Maria Clara jazia sentada em uma poltrona. Ela parecia aé rea, sem acreditar
no que estava acontecendo. Apesar de receosa, ela acreditara que ganharia. Nã o seria hipó crita, desejara muito aquela
vitó ria, sonhara com o momento em que assumiria a administraçã o do municı́pio e com todas as coisas que iria fazer para
melhorar a vida de cada pessoa que morava ali.

Felipe se ajoelhou diante dela, tomando-lhe as mã os nas suas.

-- Minha linda princesa, nã o haveria melhor prefeita para essa cidade do que você , poré m disputas sempre nos
surpreendem e dessa vez, infelizmente nã o foi o seu momento, poré m, nó s sabemos que você foi a grande vencedora dessa
eleiçã o, pois deu seu pró prio coraçã o a todos que lhe apoiaram.

Os olhos da linda Duomont brilhavam, até uma solitá ria lá grima molhar sua face, trazendo tantas outras que foram
consoladas por um carinhoso abraço do ú nico que parecia se importar com sua dor.

Vitó ria nã o pareceu se importar em ter sido eleita, nem mesmo permitira a entrada de Otá vio e Alex em sua fazenda,
deixara ordens expressas que ningué m tinha permissã o de entrar em sua propriedade.

A comitiva do partido parecera chocada, mas o vice-prefeito sabia que a condessa nã o se interessava por aquele
cargo, fato mais do perfeito para si, pois ele assumiria sozinho a administraçã o daquela cidade.

Batista observou a patroa pegar o carro e sair.

-- Será que ela foi comemorar por ter ganhado? – Maria se aproximou.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Ambos observavam tudo da grande escadaria que dava acesso à mansã o.

-- Eu nã o votei nela. – Confessou a senhora. – Nã o acho que a menina seria uma boa escolha.

O administrador circundou-lhe os ombros com o braço.

-- Fico a pensar o que acontecerá agora. – Suspirou. – Vitó ria Mattarazi precisa ser salvo de si mesma.

-- E quem fará isso, meu velho? Essa menina parece que nã o tem alma.

Batista a abraçou.

-- Pobre poderosa condessa, pobre poderosa condessa...

Frederico continuava inconformado.

Todos estavam na sala, menos Maria Clara que seguira para o quarto. O velho polı́tico gritava, enquanto Marcelo e
Marcos se despediam, sabiam que naquele momento nã o podiam fazer nada, mas no dia seguinte, eles contatariam os
advogados para anular o pleito.

-- O senhor precisa se acalmar, meu pai, entenda que a condessa ganhou. – Felipe se intrometia. – Engraçado que o
senhor só pensa em si e em nenhum momento se preocupou com a sua neta.

-- Eu estou lutando para ela assumir o lugar que é dela! – Esbravejava. – Nã o posso perder tempo com
sentimentalismo...

Clarice se preparava para interceder, pois seu marido se levantou para enfrentar o pai, quando um empregado entrou
esbaforido na sala.

-- Como ousa? – A mulher começava indignada.

-- Perdã o, senhora, mas a condessa está aqui. – Falava e gesticulava nervoso.

-- Como? – Gritou O chefe da famı́lia.

Ouviram alguns protestos, até Vitó ria entrar.

Nã o havia seguranças, os empregados que sobraram nã o tinham como deter aquela mulher.

-- Boa noite! – Mattarazi cumprimentou com um enorme e sarcá stico sorriso.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Capitulo 18 por gehpadilha

Notas do autor:

Capa nova, graças à Charlotte :)

Vitó ria encarou cada membro da famı́lia Duomont que ali estavam presentes. Observou a expressã o de asco exibida
por Clarice, à surpresa de Felipe e o ó dio que os olhos de Frederico denotavam. Nã o se importava com aquelas pessoas,
tirando o ilho do velho que nã o parecia ter tanta personalidade, todos os demais eram meras peças em seu precioso jogo de
xadrez.

Cruzou as pernas, abrindo os braços sobre o encosto do sofá , exibia o sorriso sarcá stico, a altivez e arrogâ ncia que
faziam parte de sua personalidade forte e temı́vel.

-- Saia imediatamente da minha propriedade, antes que eu te mate com as minhas pró prias mã os. – O patriarca
ameaçava.

-- Ligarei agora mesmo para a polı́cia. – Clarice seguiu até o aparelho telefô nico, mas as palavras da condessa a
detivera.

-- Sua propriedade? – Arqueou a sobrancelha esquerda em deboche. – Acho que nã o!

-- O que está s a insinuar, senhora? – Felipe se adiantou.

-- Nã o escute o que essa assassina está dizendo. – Gritou o polı́tico, tirando uma pequena arma da cintura e
apontando para a inimiga. – Vou matá -la de uma vez por todas, ningué m ousará me julgar, pois estou me defendendo de sua
invasã o.

Maria Clara passou alguns minutos sob a ducha. Estava exausta e queria relaxar os mú sculos. Sentia-se triste e
naquele momento só desejava deitar em sua cama e dormir, dormir muito até que aquela sensaçã o em seu peito saı́sse.

Estava muito brava, furiosa com a condessa, a inal, ela nã o desejava ser a prefeita, só se candidatara por vingança e
nã o havia nenhum sentimento nobre quanto à quela eleiçã o. Vitó ria nã o se importava com as pessoas e nã o se daria o
trabalho de fazer nada por eles.

Por que a vida tinha que ser tã o injusta?

Vestiu o roupã o e secou os cabelos com uma toalha.

Sentou na cama, cobrindo o rosto com as mã os.

Nã o desejava sentir raiva, nã o desejava alimentar aqueles sentimentos horrı́veis, poré m nã o sabia como se livrar
deles.

-- Meu Deus, por favor, ajude-me... – Pedia em uma prece.

De repente, ele ouviu o som de um tiro e imediatamente correu, parando na escada, está tica.

Viu o avô apontar uma arma para a condessa, enquanto a ruiva parecia impassı́vel, nã o demonstrando nenhum tipo
de receio.

-- Vovô , nã o faça isso pelo amor de Deus! – Gritou chamando a atençã o de todos.

Mattarazi relanceou os olhos e itou a bela jovem. Observou o terror presente naqueles lindos olhos negros, mesmo
assim, estava linda com o roupã o preto e os cabelos molhados...

-- Fique fora disso, Clarinha! – Frederico ordenou. – Volte para o seu quarto.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Papai, a Clara está certa! – Felipe se aproximou. – Vamos resolver isso de outra forma.

Maria Clara desceu e se aproximou.

-- O que faz aqui, condessa? – Encarou-a com as mã os na cintura. – Nã o consegue deixar as pessoas em paz?

-- Por isso irei matá -la, ela invadiu minha propriedade!

Vitó ria fuzilou a jovem Duomont com o olhar.

-- Sua propriedade? – Abriu a bolsa e mostrou um documento. – De acordo com o que está escrito aqui, você nã o
tem mais nada.

Felipe se adiantou e pegou o revó lver antes que acontecesse algo pior. Quando viu a arma disparar pensou que
tivesse atingido a condessa, mas se sentira aliviado ao ver que nã o a atingiu, poré m o mais impressionante de tudo aquilo é
que a Mattarazi nem piscou, parecia nã o temer nada e nem ningué m.

Frederico tomou o papel da mã o da ruiva e icou paralisado ao examinar.

-- Adianto que o que você tem é uma có pia!

Clarice se aproximou altiva.

-- Saia daqui agora mesmo, sua bastarda!

-- Quem vai sair daqui e bem rapidinho é a senhora e todos os outros. – A condessa levantou-se. – Até amanhã eu
quero tudo desocupado, mandarei dedetizar para sair o cheiro podre de todos você s. – Retirou-se pomposamente.

Clara a observou a expressã o do avô ao ler o documento que tinha em mã os e saiu atrá s da Vitó ria para que ela lhe
desse uma explicaçã o.

-- O que é isso, papai? – Felipe indagou.

O polı́tico estava pá lido e precisou sentar, pois parecia que iria cair.

-- Maldita seja Mattarazi...

Clara se apressou e encontrou a condessa já abrindo a porta do carro.

Puxou-a pelo braço.

-- O que veio fazer aqui?

A ruiva a encarou irritada.

-- Nã o é da sua conta! – Respondeu pausadamente.

-- Nã o basta ter ganhado a eleiçã o, ainda veio aqui provocar a minha famı́lia.

Vitó ria puxou o braço violentamente, se livrando da mã o que a prendia.

-- Nã o ouse falar assim comigo, sua idiota! – Apontou-lhe o indicador. – Está doı́da porque perdeu é ? – Sorriu
debochada. – Eu disse que eu venceria, nem você e nem ningué m podem me enfrentar.

-- Você nem se importa com essas pessoas. – Constatou.

-- Para mim, elas podem morrer que nã o moverei uma palha para ajudá -las.

A morena se descontrolou ao ouvir aquelas palavras, segurando a condessa irme pelos ombros, empurrando-a
forte contra o veı́culo.

A ruiva tentou se soltar, mas Maria a mantinha presa.

-- Você nã o merece ser a prefeita.

-- Que pena! – Fingiu se importar, mesmo exibindo uma expressã o irô nica. – Mas as pessoas preferiram a mim.

O pá tio estava escuro, mas mesmo assim era possı́vel ver o sarcasmo dançar naquela ı́ris verde.

-- Saia daqui antes que eu perca a minha paciê ncia. – Soltou-a.

-- Tadinha da princesinha estava crente que sairia vencedora dessa disputa, pobre Branca de Neve. – Provocou.

-- A senhora é digna de pena, condessa! – Maneou negativamente a cabeça.

-- Pena? – Vitó ria repetiu a palavra como se fosse fogo a queimar sua boca. – Guarde sua pena pra você , te garanto
que irá precisar e muito.

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-- Saia daqui e nã o volte nunca mais! – Ordenou. – Deixe a minha famı́lia em paz.

-- Como você é ingê nua. – Entrou no veı́culo. – Volte lá para o seu avô e veja o que ele diz. – Ligou o carro. – Vamos
ver se quando icar sabendo ainda mostrará toda essa segurança.

Clara icou observando o automó vel se afastar. Nunca se sentira tã o irritada, tã o descontrolada como naquele
momento.

Frederico seguiu cabisbaixo para o escritó rio e nã o falou uma ú nica palavra.

-- O que tê m naqueles papé is? – Clarice indagou. – E o que aquela maldita insinuou ao sair?

Clara adentrou a sala.

-- Onde está o vovô ?

Felipe sentou, respirando fundo.

-- Ele nã o disse nada. – Apontou para a direçã o que ele seguiu.

A morena assentiu e caminhou em busca de Frederico.

Bateu na porta do escritó rio e ningué m respondeu. Repetiu o ato, mas como nã o recebeu resposta, decidiu entrar
assim mesmo.

Encontrou o avô sentado no chã o olhando ixamente para aquelas folhas.

Correu para levantá -lo, ajudando-o a sentar no sofá . Recolheu os papé is que caı́ram no chã o e icou a examinar o
que estava escrito em cada uma daquelas linhas. Cada frase a deixava cada vez mais perplexa.

Ajoelhou-se diante do patriarca.

-- O que signi ica isso?

Frederico a itou intensamente.

-- Apostei tudo na sua campanha, eu tinha certeza de que você ganharia. – Cobriu o rosto com as mã os. – Fiz por ti,
por seu futuro.

Clara lhe tocou o rosto.

-- O que perdemos?

-- Tudo...! – Falou em um io de voz.

-- Mas e onde foi parar todo esse dinheiro?

A jovem nã o duvidava das palavras do avô , poré m nã o sabia e nem mesmo viu toda essa quantia, a inal, a fazenda
valia muito e tempos antes o apartamento que ela vivia na capital fora vendido para sanar dı́vidas.

-- Gastei para pagar as coisas... – Levantou-se. – Nã o é fá cil manter esse lugar, sem falar em sua mã e que sempre só
quer o que há de melhor. – Gesticulava nervoso. – Quando você se feriu com o cavalo foi preciso comprar um carro especial e
tantas coisas a mais.

Clara abriu a boca para retrucar, a inal, o veı́culo especial fora ideia de Frederico e de Clarice, de inı́cio ela achara
um exagero, mas nã o tinha como discutir com pessoas de personalidades tã o fortes.

-- Como ela icou sabendo? – O homem insistia. – Nã o tem ló gica... – Falava pensativo.

-- Nã o acho que isso vem ao caso. – Clara deu de ombros. – Precisamos conseguir um prazo maior para podermos
pagar essa dı́vida. – Passou a mã os pelos cabelos.

-- Como? Aquela maldita nã o vai deixar, ela vai nos expulsar daqui, mas antes eu a matarei. – Bateu forte na mesa.

-- Nã o, vovô ! – Tocou-lhe o ombro. – Assim vai ser pior, o senhor precisa falar com ela, tentar negociar...

A jovem observou o polı́tico se empertigar e sair pisando duro.

Ela sabia que a situaçã o nã o seria fá cil, tinha certeza que a condessa usaria todo o poder para humilhar a sua
famı́lia.

Sentou.

O que seria agora de todos?

Pelas palavras do avô , nã o havia nada mais, tudo tinha sido dado como garantia do pagamento da dı́vida: Carros,
animais, mó veis...

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Deveria existir uma soluçã o, um prazo, um acordo para que nã o perdessem tudo.

Mesmo sendo tarde, pegou o telefone e discou o nú mero de um amigo que era advogado, rezando para que ele
atendesse, pois pela primeira vez em sua vida, nã o conseguia acreditar que as coisas seriam resolvidas.

A condessa retonou para a fazenda.

Maria veio até ela avisar que Otá vio ligara inú meras vezes e Alex també m.

A ruiva nem ao menos respondeu nada, seguiu direto para as escadas em direçã o do quarto.

Ao chegar lá , deitou-se, sem se dar o trabalho de acender as luzes.

Estava feito!

No dia seguinte sua vingança seria totalmente concretizada. No dia seguinte destruiria e humilharia Frederico
Duomont e sua prole diante de toda a cidade.

Tentou nã o se lembrar da neta do inimigo, mas nã o tinha como nã o fazê -lo.

Os olhos de Maria Clara... Conseguiu ver a fú ria, mas també m a dor... Quando a itou no topo da escada, percebeu o
medo presente naquele rosto tã o lindo...

Por que seu corpo a desejava tanto?

Queria tocá -la, tê -la para si...

-- Nã o! – Levantou abruptamente, sentando. – Ela é uma Duomont e irá pagar igual a todos. – Caminhou até a
varanda do quarto e icou observando o cé u estrelado. – Eu vingarei a sua morte, meu irmã o!

Maria Clara nã o conseguiu dormir naquela noite, rolara de um lado para o outro pensando como faria para resolver
os problemas. Infelizmente, o advogado com quem ela falou foi bem claro e disse que nada poderia impedir que a condessa
colocasse todos pra fora dali. Bem, ela poderia trabalhar, tinha uma pro issã o, poderia alugar um apartamento pequeno e
todos morariam lá . Seu pai nã o conseguira se reeleger, mas ele també m poderia arrumar um emprego.

Frederico acordou cedo e seguiu para o escritó rio. Tinha muitos amigos e decidiu pedir ajuda a alguns.

Depois de uma hora de conversas, percebeu que nã o teria jeito de manter a fazenda, ao menos que pudesse
convencer a maldita condessa a isso. Poré m, sabia que seria impossı́vel.

Miserá vel!

Amaldiçoava o momento em que se envolvera com aquela famı́lia desgraçada.

Ouviu batidas na porta e em seguida a nora entrou esbaforida.

-- A condessa está aı́ e disse que quer desocupemos a fazenda.

-- Diga pra ela vir até aqui. – Disse irme.

Clarice o itou confusa, mas seguiu para fazer o que foi pedido.

Alguns minutos se passaram até passos ilmes serem ouvidos.

-- Nã o tenho tempo para esperar, desejo que saiam o mais rá pido possı́vel.

Frederico odiou ter que fazer aquilo, mas nã o seria humilhado em pú blico, nã o passaria aquela vergonha...

-- Eu acho que temos como negociar... – Disse engolindo o orgulho.

Vitó ria sorriu, deu a volta e foi sentar na imponente cadeira do escritó rio.

-- O que você poderia me oferecer que interessaria?

O polı́tico sentiu ganas de matá -la, mas nã o poderia fazer nada, nã o naquele momento.

-- Eu nã o sei! Mas pense em algo.

-- O senhor nã o tem nada que me interesse... – Pensou por alguns minutos.

-- Dê -me um prazo e quito a dı́vida.

-- Como?

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-- Eu tenho contatos, posso pagar tudo.

A condessa arqueou a sobrancelha, se inclinou na cadeira levando as pernas até a parte superior da mesa,
cruzando-as.

Frederico icou vermelho de tanta raiva.

A porta foi aberta abruptamente dando entrada para Marcos e Marcelo.

-- Posso saber quem deu permissã o a você s para entrarem em minha propriedade assim?

-- Você é uma doente, condessa! – Marcelo esmurrou forte a mesa. – Kassandra deveria tê -la matado.

Vitó ria gargalhou alto.

Marcos precisou segurar o pai para que ele nã o partisse para cima da ruiva.

-- Você é uma doente! – O rapaz falou. – Nã o se preocupe, seu Frederico, Clarice nos avisou o que está acontecendo,
viemos buscar todos para nossa casa.

-- Otima ideia! – Mattarazi levantou. – Vá viver de favores na casa desses dois idiotas.

Ela pegou uma foto onde estava presente toda a famı́lia Duomont. Viu uma garotinha de cabelos negros e olhos
grandes, a pele era ainda mais branca.

Branca de Neve!

-- Em breve me casarei com a Maria Clara, vou levá -la para viver comigo e todos també m.

A condessa aplaudiu.

-- Estou tã o emocionada que só nã o choro para nã o borrar a maquiagem. – Debochou.

Clara entrou e icou surpresa com todos que se encontravam ali. Pensara em falar com o avô sobre sua ideia de
arrumar um emprego e alugarem um apartamento, mesmo sendo algo pequeno, pelo menos viveriam dignamente.

De todos ali naquela sala, apenas a condessa lhe chamava a atençã o. Conseguia ver naqueles olhos lindos o
sarcasmo, a arrogâ ncia exibida por sua postura sempre altiva.

Ela conseguia ser ainda mais linda usando aquela jaqueta de couro e com as madeixas soltas. Eles estavam
menores, estava ainda mais maravilhosa.

-- Nã o se preocupe, meu amor. – Marcos se adiantou a beijando. – Você irá viver comigo, casaremos o mais breve
possı́vel.

Vitó ria sentiu o sangue correr mais forte em suas veias ao ver o carinho que a jovem recebeu. Queria matar aquele
garoto idiota e depois fazer aquela estú pida sofrer tanto que se arrependeria de ter cruzado o seu caminho.

-- E entã o, Frederico, vai descer ao nı́vel de viver de esmolas, sendo visto como um fracassado que você é e sempre
vai ser?

-- Nã o, nã o! – O homem se adiantou. – Dê -me o tempo que lhe pedi, eu pagarei.

A condessa voltou a sentar, exibindo aquele sorriso irô nico.

Todos a olhavam curiosos.

-- Eu lhe darei um prazo de oito meses. – Girava lentamente na cadeira.

-- Será o su iciente, eu pagarei e recuperarei a fazenda. – Duomont disse entusiasmado.

Clara icou surpresa com o que ouvia, mas nã o teve tempo de expressar isso em palavras.

-- O prazo será dado, mas em troca eu desejo algo... – Mirou despudoradamente a neta do inimigo.

A jovem percebeu o olhar e sentiu o rosto em brasas.

-- Darei o que pedir!

Levando em conta que Frederico nã o tinha nada, soara estranho o que fora dito.

Vitó ria encarou cada rosto presente ali e sentiu o prazer antecipado pelo que viria a seguir.

-- Desejo que a sua netinha seja a minha empregada... – Deu uma pausa para prolongar a pequena vingança. – Na
verdade, uma escrava que fará tudo o que eu desejar, algué m que limpará , lavará ...

-- Você só pode estar louca! – Marcos se adiantou indignado.

Maria precisou segurar o noivo, pois ele praticamente partiu para a cima da ruiva.

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Marcelo itou o polı́tico.

-- Essa mulher precisa ser internada, só pode. – O prefeito disse.

A jovem Duomont itava Vitó ria, buscando em seu olhar algo que denunciasse que aquilo era apenas uma
brincadeira, poré m percebeu que estava enganada e que aquilo que ouvia era realidade.

-- Em que consiste essa proposta? – Frederico indagou interessado.

Os presentes pareceram ainda mais chocados com a pergunta feita pelo patriarca.

-- Uma escrava em tempo integral... – A ruiva disse simplesmente.

Dessa vez foi Marcelo a segurar o ilho, pois Maria Clara nã o tinha forças su icientes para aquilo. Retirou o rapaz
do escritó rio, antes que ele izesse uma loucura.

-- Você está louca, condessa! – A jovem a enfrentou.

A ruiva arqueou a sobrancelha, mas ignorou a moça.

-- E entã o, Frederico? Nã o tenho tempo para esperar. – Levantou-se. – Se disser nã o, agora mesmo mandarei meus
seguranças jogarem você s para fora sem levar nada, a inal, tudo é meu.

Frederico itou Marica Clara e nesse momento a morena percebeu que seu avô aceitaria.

-- Será apenas oito meses, eu recuperarei tudo. – Tocou-lhe a face. – Eu já estou idoso, nã o suportaria essa
humilhaçã o, sem falar na sua mã e...

Vitó ria icou enojada.

Nã o lhe surpreendia o que estava ouvindo, sabia como o Duomont era manipulador, como usava cada pessoa ao
proveito pró prio. Viu os olhos da doce princesinha brilharem, notou a decepçã o presente neles.

Desviou o olhar, aquela mulher conseguia tocá -la profundamente.

Maria Clara desejou se negar ao que estava sendo pedido, poré m quando recordava de tudo que o avô izera por si,
nã o conseguia se rebelar.

Mirou a condessa, percebeu que o que ela mais desejava era destruir a sua famı́lia, separá -los e aquilo era com
certeza uma forma de jogá -los um contra o outro, mas nã o daria esse gosto a ela, sairia vencedora daquela batalha e nã o
cairia naquele jogo sujo da poderosa e insensı́vel Mattarazi.

Vitó ria viu a jovem Duomont se empertigar, enfrentando-a, surpreendendo-a com as palavras que foram ditas.

-- Aceitarei, condessa, farei isso por minha famı́lia, coisa que a senhora nunca teve e nã o sabe o que signi ica. –
Chegou mais perto. – Farei isso pelo amor que tenho a cada um deles... Ah, esqueci que a senhora nã o sabe o que é amor.

A ruiva estreitou os olhos ameaçadoramente

Frederico colocou a mã o no ombro da neta.

-- Bem, temos um acordo?

Vitó ria apenas assentiu.

-- Miguel acertará os detalhes do acordo. – Seguiu até a porta. – Amanhã mesmo quero minha escrava em minha
casa.

Notas inais:

Acho que preciso dizer algo sobre a condessa... A escolha para ela ser a
vencedora nã o foi fá cil viu, a inal, a merecedora era a Maria Clara, a jovem
tinha planos, tinha verdadeira vontade de fazer mudanças para aquelas
pessoas, poré m, eu acredito que a Vitó ria precisa chegar ao auge de tudo,
assim ela perceberá que a vida nã o se resume a apenas vingaças e sua sede
de poder... Espero que eu realmente consiga...

Beijã o a todas!

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Capitulo 19 por gehpadilha


Miguel ouvia, horrorizado, cada palavra proferida pela condessa.

Ele estava em seu escritó rio, atendendo a um cliente quando foi informado pela secretá ria que Vitó ria desejava vê -
lo e nã o parecia muito disposta a esperar.

Imediatamente, livrou-se do homem, prometendo uma ligaçã o o mais breve possı́vel, em seguida, ordenou que
permitissem a entrada da sobrinha.

Ela nem ao mesmo o cumprimentou e já veio dizendo a barbaridade que deveria ser feito.

-- Isso é um absurdo! – O advogado falava indignado. – Eu me nego a participar de algo tã o sujo, nego-me a
compartilhar disso.

Mattarazi estreitou os olhos ameaçadoramente, depois suspirou e começou a caminhar de um lado para o outro na
pequena sala.

-- Eles me obrigaram a fazer isso! – Passou a mã o pelos cabelos. – Eu só queria que eles saı́ssem da minha fazenda,
só desejava rebaixá -los. – Sentou.

Miguel apesar de conhecê -la tã o bem, icava confuso com aquelas explosõ es, pois percebia que havia mais do que
raiva e frieza naqueles olhos verdes, havia calor, havia aquele tormento que nã o lhe era natural.

O homem puxou uma cadeira, sentando de frente para a cliente.

-- Por que vai submeter a Maria Clara a tanta humilhaçã o? Você pode nã o reconhecer, mas bem lá no fundo, eu sei
que você sabe que ela nã o merece isso, ela nã o merece sua raiva.

Por uma fraçã o de segundo, a condessa desviou o olhar, poré m depois voltou a encará -lo e trazia a determinaçã o
em sua face.

-- Faça o contrato! – Sentenciou. – Ningué m está sendo obrigado a assinar.

Miguel maneou a cabeça, decepcionado.

-- Você está sendo cruel, pois sabe que se existir esse contrato, ele será assinado.

A ruiva se levantou altiva, arrogante.

-- Bem, aı́ já nã o é problema meu! – Com um gesto de cabeça, ela se afastou.

Maria Clara seguiu para o quarto.

Precisara ouvir acusaçõ es feitas pelo noivo e ainda tivera que presenciar a discussã o acalorado entre o pai e o avô .

Deitou-se.

Se a condessa estava pensando que se regozijaria com a sua dor, ela estava muito enganada. Nã o baixaria a cabeça
diante dela, jamais.

Ouviu a porta se abrir e Felipe entrar esbaforido, tendo Clarice bem atrá s de si.

-- Eu te proı́bo de se submeter a essa sujeira proposta por seu avô e por aquela mulher.

Clara o itou confusa. Aquela era a primeira vez em toda sua vida que o viu enfrentar o pró prio pai. Ele sempre era
tã o quieto, tã o obediente à s regras ditadas por Frederico.

Sentou-se.

-- Papai, isso é o que deve ser feito agora.

-- Eu disse a ele, minha ilha. – Clarice se adiantou. – A inal, é pouco tempo e antes do esperado seu avô arrumará o
dinheiro e pagará a dı́vida.

Felipe fuzilou a esposa com o olhar.

-- Você é igualzinha ao meu pai. Uma egoı́sta que só pensa em si e em sua maldita comodidade.

A nora do polı́tico pareceu chocada com as palavras que o marido lhe dirigia, nunca fora tratada assim por ele.

-- Por que nã o vai você lá servir de escrava para Mattarazi? – Provocou-a.

A jovem decidiu tomar a frente, pois temia que o pai fosse violento.

-- Por favor, a mamã e está certa, isso vai passar logo.

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Felipe gargalhou, estava histé rico.

-- O seu avô nã o tem como arrumar tanto dinheiro. – Constatou tristemente.

As duas mulheres observaram o homem se retirar do quarto.

Clara desejou ir atrá s dele, poré m sabia que nã o teria como acalmá -lo, pelo menos, nã o naquele momento.

-- O seu pai só pode ter icado louco. – Dizia a outra escandalizada, chorosa.

A garota a itou e depois a acolheu em um abraço.

Sabia que Clarice nã o tinha culpa de ser assim e nã o tinha nada do que reclamar dela, a inal, sempre lhe fora dado
o melhor do melhor, excesso de cuidados, de mimos, tudo o que uma criança desejava ter.

Vitó ria estava em seu quarto, fazia tempo que tinha chegado.

Almoçou e depois foi ver alguns papé is referentes à sua cachaça, em seguida subiu, tomou um banho e agora estava
vestindo a roupa de montaria.

Abriu a gaveta e algo caiu de dentro.

A rosa branca!

Agachou, pegando-a. Estava murcha, mas ainda exibia a beleza de outrora. Por um momento, icou ali, recordando
daquele dia, lembrando-se dos momentos mais maravilhosos que já tivera em sua vida.

Levantou-se e guardou a rosa dentro de um livro que tinha na cabeceira da cama.

Nã o podia se deixar levar por essas fraquezas, nem mesmo deveria ter se envolvido com aquela garota e o que
deveria fazer era manter uma boa distâ ncia dela, coisa que nã o aconteceria se ela aceitasse realmente o que fora proposto.

Acabou de calçar as botas, quando ouviu batidas na porta.

-- Condessa!

Respirou fundo antes de explodir mais uma vez com a empregada. Nem sabia o motivo de Maria ter contratado
tanta gente, odiava ter que lidar com aquelas pessoas.

Abriu a porta.

A mulher icou rubra. Deveria ter uns quarenta anos e parecia assustada sempre que a via.

-- O que foi agora?

-- O senhor Felipe Duomont deseja vê -la. – Disse rapidamente.

-- E quem permitiu que ele entrasse em minhas terras?

Nem permitiu que a mulher respondesse e já saiu furiosa dos aposentos.

Encontrou o ilho de Frederico esperando-a no topo da escada.

-- Quem permitiu a sua entrada? – Indagou enquanto descia. – Nenhum Duomont é bem vindo em minha casa.

Felipe a itou por alguns segundos.

-- Vim me oferecer para icar no lugar da Maria Clara. – Falou corajoso. –Faça o que quiser comigo, pode me
humilhar, limparei seu está bulo, qualquer coisa para que sua sede de vingança seja aplacada, poré m deixe minha ilha fora
disso.

Vitó ria o encarou, parecia confusa com o que acabava de ouvir, pois sempre achara que nenhum daquela famı́lia
prestava, mas ao ver aquele homem que sempre era tã o calado, tã o capacho de Frederico se oferecer para icar no lugar da
jovem, deixou-a surpresa.

-- Ela pediu? – Arqueou a sobrancelha descon iada.

-- Nã o! Ela jamais pediria algo assim, a Clara está sempre disposta a se sacri icar por todo mundo e dessa vez nã o
seria diferente.

-- Bem, entã o eu nã o posso fazer nada. – Disse dando as costas.

-- Por que odeia tanto a minha ilha? O que ela lhe fez?

A ruiva parou e voltou-se mais uma vez para ele.

-- Convença-a a nã o aceitar, a inal, nã o estou obrigando.

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-- Ela vai aceitar, por isso desejo que a sua exigê ncia se volte para mim, acredite, eu posso fazer o que a senhora
desejar, nã o me importarei.

A condessa o itava, parecia querer decifrar se aquilo que ele dizia era verdadeiro, a inal, jamais imaginara que
Felipe Duomont se sacri icaria tanto, sempre o viu como um fraco, algué m que fazia tudo que Frederico ordenava.

-- Deixe a Maria Clara decidir. – Disse cruelmented.

O homem a viu se afastar, encostou-se ao corrimã o e sentiu as lá grimas banharem o rosto.

Sentia-se culpado por tudo aquilo, a inal, ele fora culpado, pois sempre permanecera omisso a todas as decisõ es
que se referiam a sua famı́lia. Jamais enfrentara o pai, mesmo quando o via fazendo coisas reprová veis. Agora o seu maior
tesouro seria entregue as mã os de uma mulher cruel e que nã o parecia ter coraçã o.

Miguel chegou à casa dos Duomonts e pediu para falar em particular com Maria Clara. Tentaria dissuadi-la de
aceitar aquela loucura, faria o possı́vel para isso, pois desejava salvá -la das garras da condessa.

-- Boa tarde! – A jovem estendeu a mã o em cumprimento.

-- Boa tarde! – Ele sorriu. – Preciso falar contigo, posso?

-- Sim, com certeza. Vamos para o escritó rio, lá teremos mais privacidade.

Ele a seguiu, sentando no lugar que ela indicou, mas só o fez quando ele executou a açã o de se acomodar ao seu
lado.

-- Eu trouxe o documento que a Vitó ria mandou. – Observou os olhos da garota brilharem. – Mas eu venho lhe pedir
como algué m que aprendeu a lhe admirar muito, algué m que tem o maior respeito por sua pessoa. – Segurou-lhe as mã os
entre as suas. – Nã o aceite o que está sendo proposto, nã o permita que isso seja levando a diante. Eu nã o sou rico, mas posso
lhe ajudar a conseguir um bom emprego e você poderá se sustentar.

Clara sorriu e mesmo com tudo que se passava, seu semblante demonstrava paz e felicidade.

-- Nã o sabe como me sinto grata por lhe ouvir, poré m nã o poderia fazer isso, nã o poderia virar as costas para a
minha famı́lia.

-- Sabe que Vitó ria fará tudo para destruı́-la, humilhá -la...

-- Nã o se preocupe, eu sei o que esperar dela.

-- Sabe mesmo? – Miguel insistia. – A condessa pode ser pior do que você imagina.

-- A condessa ainda nã o me conhece, ao contrá rio de mim, pois sei o que esperar dela, poré m ela nã o sabe o que
esperar de mim.

O advogado ainda pensou em insistir, mas percebia que seria inú til, pois aquelas duas mulheres tinham algo em
comum: A teimosia!

Entã o, um Frederico sorridente assinou o contrato, sem se importar de que entregaria a sua neta a maior inimiga.

Naquela noite, a condessa recebeu o telefonema do advogado dizendo que tudo tinha sido feito segundo sua
vontade.

Ela nã o falara nada, simplesmente desligou depois de ouvir o que Miguel tinha dito.

Caminhou até o está bulo e seguiu direto para a baia da Branca de Neve. A é gua estava inquieta, provavelmente por
estar por muito tempo presa e sem fazer exercı́cios. Na verdade, nã o havia ningué m que pudesse exercitar o animal que era
tã o arisco e para completar o Bastardo nã o era muito amigá vel.

O melhor seria vendê -la, quem sabe tivesse algué m que pudesse cuidar dela.

-- Branca de Neve... – Acariciou-lhe o lanco. – O Bastardo deveria gostar de ti, você é uma boa menina, apesar dessa
rebeldia. – Sorriu. – Acho que ele tem medo de eu deixar de amá -lo...

Seguiu até a baia de Bastardo e lhe fez um carinho, em seguida caminhou para fora.

Mais a frente podia ver as luzes das pequenas casinhas onde alguns empregados viviam com suas famı́lias, voltou
para a pró pria casa e icou sentada em um dos muitos degraus que dava acesso à mansã o Mattarazi.

Ficou a observar o cé u estrelado, a pompa que cercava sua propriedade. Trabalhara muito para recuperar tudo o
que fora perdido pelo pai, empenhara-se dia e noite para que conseguisse reerguer aquele lugar e conseguira fazê -lo
prosperar.

A sua maior dor era seu irmã o nã o estar ali para desfrutar de tudo aquilo.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

As vezes icava a pensar que deveria ter sido ela a morrer naquele acidente, teria sido tã o mais fá cil. Victor merecia
viver, merecia ter sido feliz, algo que ela sabia que jamais seria.

Fechou os olhos e se recordou da ú ltima conversa que teve com o irmã o, fora na manhã do fatı́dico acidente.

-- Vamos conseguir fazer essas terras prosperar. – Dizia ele ao encontrá -la no está bulo. – E eu quero que você ique
ao meu lado, quero seja nã o só a minha irmã , mas a pessoa que irá cuidar de tudo em minha ausê ncia.

Lembrou-se do abraço que ele lhe dera naquele dia. Em sua vida toda, fora o ú nico a abraçá -la, o ú nico que se
importara consigo...

Sentiu uma mã o em seu ombro e se voltou.

-- Nã o é melhor entrar, menina? Já está tarde e está frio aqui fora.

Só naquele momento ela percebeu quã o frio estava, mas nem se comparava a frieza que repousava em seu peito.

Simplesmente assentiu e entrou.

Na manhã seguinte, Miguel foi à fazenda dos Duomonts. Ao chegar lá , Maria Clara já estava pronta para o destino
que lhe esperava.

Observou-a se despedir da famı́lia e pode perceber que o ú nico que realmente demonstrava estar abalado com o
que se passava, era Felipe. Conseguia ver em sua expressã o a dor e o medo pelo que poderia ocorrer.

O trajeto até as terras da condessa fora feita em total silê ncio.

Clara observava o caminho e via que nã o demoraria a chegar. Nã o sabia o que aconteceria ou o que Vitó ria faria
consigo, poré m esperava o pior. Lembrou-se do noivo, ele estivera em sua casa na noite anterior, pedira que antecipassem o
casamento, poré m ela nã o aceitara e o rapaz icara muito nervoso, indo embora sem ao menos se despedir.

Encostou a cabeça na janela do carro.

Quase meia hora depois veı́culo estacionava em frente a imponente casa dos Mattarazis.

Vitó ria tinha acordado cedo e saı́do para cavalgar. Nem mesmo conseguira dormir direito, fora uma noite difı́cil,
pesadelos lhe assombraram mais do que já era de costume.

Retornava quando viu o advogado descer do automó vel e em seguida seus olhos se encontraram com a jovem
Duomont.

Bastardo levantou as patas dianteiras, relinchando, parecia dar as boas vindas.

Seguiu bem perto dela, ainda montada no animal.

-- Bom dia! – Retirou o chapé u. – Seja bem vinda, Branca de Neve.

Clara a itou e a condessa conseguiu ver a determinaçã o naquele belo rosto.

-- Bem, Vitó ria, qual o pró ximo passo? – O advogado interviu.

-- O pró ximo passo é você ir embora. – Desmontou. – Seu trabalho já está encerrado, agora eu assumo.

Miguel ainda abriu a boca para retrucar, mas foi o olhar de Clara que o impediu de fazê -lo.

Ele abraçou a jovem e entrou no veı́culo indo embora.

A condessa estendeu a mã o para tocá -la, mas a garota desviou do toque.

-- Diga quais sã o as minhas funçõ es de escrava, pois estou ansiosa para começar.

A ruiva nã o pareceu gostar muito do tom que fora usado consigo, mas tentou nã o perder a paciê ncia.

-- Por que nã o experimenta ser mais cordata? – Provocou-a. – Nã o esqueça que agora sua vida me pertence.

Maria observou aquele sorriso de canto de boca que ela sempre exibia, viu a ironia brilhar naqueles olhos de
verdes tã o intensos.

-- Quais as minhas funçõ es, senhora condessa? – Insistiu, enfrentando-a.

Vitó ria deu um passo, praticamente colando-se a ela.

A neta de Frederico amaldiçoou o pró prio corpo por reagir à quela proximidade

-- Servir-me da forma que eu desejar, princesinha.

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Clara sentiu a pele arrepiar ao ouvir o tom baixo e rouco.

-- Farei qualquer coisa... Menos servi-la em sua cama...

A condessa estreitou os olhos ameaçadoramente. Nã o gostara do tom usado pela moça, nem mesmo o desa io que
via em seu olhar.

Só Deus sabia como era difı́cil resistir aos sentimentos, o desejo de tomar aquela mulher para si era cada vez maior
e ouvir e ver a rejeiçã o tã o explicita lhe feria.

-- E quem disse que a desejo em minha cama? – Gargalhou. – Já a tive e acredite, nã o foi tã o bom assim... Você é
muito... – Hesitou, se deliciando com a expressã o de fú ria que surgia no rosto da jovem. – Princesinha de contos de fadas.

Clara fechou as mã os ao lado do corpo, sentiu as unhas lhe ferindo a palma, sentia o sangue correr mais rá pido em
suas veias...

-- Precisa de alguma coisa, patroa?

Batista chegou ao momento exato, pois a tensã o entre as duas mulheres aumentando demasiadamente.

-- Leve-a para o está bulo e a faça cuidar da Branca de Neve. – Caminhou para a casa, mas parou. – Leve o Bastardo
para a baia dele e peça para algué m vir buscar a mala da princesinha.

O administrador assentiu, mas se voltou para a condessa novamente.

-- Mas a é gua é muito selvagem, senhora. – Falou preocupado.

-- Ah, entã o se darã o muito bem! – Ironizou subindo os degraus.

Batista balançou a cabeça, preocupado. Ele já tinha sido informado sobre o fato da jovem Duomont ir morar na
fazenda e trabalhar, poré m nã o imaginou que a ruiva fosse tã o longe.

-- Eu vou matar Vitó ria Mattarazi. – Marcos falou ao entrar no escritó rio do pai. – Vou matar aquela maldita com as
minhas mã os.

Marcelo foi até ele.

-- Nã o seja idiota, nã o podemos agir assim. – Repreendeu-o. – Frederico quem aceitou o acordo.

-- Ele está vendendo a Maria Clara como fez com a Helena. – Esbravejou. – E mais uma vez para um maldito
Mattarazi.

O prefeito icou quieto, mas em sua cabeça a imagem de uma bela mulher surgia, algué m que se apaixonara logo
que viu, algué m que quase destruı́ra seu casamento e que lhe dera um ilho... A esposa de Victor fora sua muito antes do
casamento...

Clara agradeceu a preocupaçã o demonstrada por Batista, mas nã o se amedrontou diante do lindo animal que
estava a lhe encarar.

Era a é gua do dia do leilã o, aquela que lhe fascinara demasiadamente, que lhe deixara totalmente apaixonada.

Seus pelos brilhavam, a crina cheia, o olhar assustado parecia examiná -la.

-- Você é muito linda! – Tentou tocá -la, mas o bicho se afastou. – Calma. – Falou baixo. – Nã o irei machucá -la. –
Sorriu. – Pelo menos o meu trabalho é cuidar dos animais.

Vitó ria precisou passar todo o dia na usina. Teve que falar com alguns empresá rios, depois precisou ir até uma
cidade vizinha para comprar uma peça da má quina da produçã o da cachaça.

Quando retornou para a fazenda já era noite e estava exausta.

Estacionou o carro em frente a casa e seguiu para dentro.

-- A menina chegou! – Batista entrou na cozinha apressado.

Clara estava sentada na mesa da cozinha, mesmo tendo insistido, Maria nã o permitira que ela izesse nenhum tipo
de trabalho.

-- E como está o humor dela? – A mulher indagou, mexendo a comida que estava no fogo. – Ultimamente ela está
cada vez pior. – Fitou a neta de Frederico. – Nã o me conformo com o que ela está fazendo com a senhorita.

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A jovem Duomont preferia nã o falar sobre isso. Sentia-se feliz, pois Batista e Maria estavam a tratando muito bem.
Ele a ajudara a cuidar do está bulo.

-- Deve se manter longe dela, viu.

Batista adiantou-se.

-- Bem, eu nã o sei se ela vai conseguir, pois a patroa mandou que você fosse até o quarto dela.

Clara observou o rosto dos dois, principalmente o da boa senhora que denotava temor.

-- Nã o se preocupem. – Levantou-se. – Nã o tenho medo dela. – Sorriu. -- Onde ica o quarto?

-- O primeiro à direita. – Batista informou.

Vitó ria ouviu batidas na porta, entã o amarrou o roupã o na cintura e abriu.

Afastou-se para dar passagem a jovem.

-- Boa noite, senhora condessa! – Cumprimentou-a friamente.

A ruiva sorriu, observando-a detalhadamente. O short jeans e a camiseta deixavam seu corpo ainda mais atraente.

Balançou a cabeça para espantar os pensamentos.

-- E como foi o seu dia?

-- Bem. – Respondeu simplesmente.

Clara a observou caminhar até a enorme janela e aproveitou para dar uma olhada no quarto. Era grande, tinha uma
enorme cama, alguns quadros e tinha uma porta que com certeza dava para varanda e outra que decerto era um adjacente
dos aposentos.

-- Quero que se responsabilize por cuidar dos animais.

-- Hoje limpei o está bulo.

A ruiva se virou para ela, sorrindo.

-- Nã o sabia desse seu talento extra. – Debochou. – Na verdade, estou falando em você ser a veteriná ria.

A neta de Frederico tentou nã o demonstrar o entusiasmo que sentia com as palavras que ouvia.

-- Eu nã o tenho os materiais para exercer a pro issã o.

-- Nã o seja por isso. Amanhã mesmo irei mandar trazer tudo o que for necessá rio e també m pedirei para que
construam um espaço para que os atendimentos possam ser feitos. Tenho muitos animais e desejo que eles sejam bem
cuidados.

-- Certo! – Clara respondeu.

Na verdade, estava com vontade de gritar de tanta felicidade, pois apesar de tudo, estava imensamente feliz, a inal,
nã o havia um desejo maior em seu coraçã o do que exercer a sua pro issã o.

A condessa sentou-se em uma poltrona, cruzando as pernas longas.

A Duomont desviou o olhar ao ver as lindas coxas aparecerem pela abertura do roupã o.

Os cabelos dela estavam molhados, a pele branca estava corada. Observou os lá bios vermelhos e aquela expressã o
de sarcasmo que sempre estavam presentes neles.

-- E entã o? – Arqueou a sobrancelha esquerda. – O que achou da minha é gua?

-- E um animal esplê ndido! – Nã o conseguiu conter a alegria. – Nunca vi um espé cime tã o maravilhoso, decerto, se
for bem treinada, ele vai se igualar ao seu Bastardo.

-- Bem, é uma pena, mas nã o icarei com ela. – Fitou-a. – O que você acha de eu vendê -la?

Vitó ria conseguia visualizar e decepçã o presente em seu olhar.

-- Bem, você é a dona, entã o deve saber o que é melhor.

-- Gostaria de icar com ela?

-- Está brincando? – Indagou surpresa. – Nã o tenho dinheiro para comprá -la.

-- Se você conseguir domá -la, ela será sua.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Clara mirou os olhos verdes e buscou desvendar se havia deboche presente neles, poré m pareciam sinceros.

-- E entã o, você aceita?

-- Sim! – Maneou a cabeça a irmativamente. – Agora posso ir?

-- Para onde?

-- Acho que já está um pouco tarde, gostaria de me recolher ao mau quarto e descansar.

A condessa deu aquele sorriso enorme que chegava a seduzir até o mais cé tico mortal.

-- Esse será o seu quarto... E será a minha cama que irá ocupar. – Disse cada palavra pausadamente.

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Capitulo 20 por gehpadilha

Vitó ria se deliciava com a expressã o furiosa de Clara. Nã o conseguira resistir à vontade de provocá -la mais um
pouco, a inal, ela estava exibindo uma superioridade incompatı́vel com a posiçã o que estava a ocupar naquele momento.

Ajeitou-se na poltrona e pode sentir a respiraçã o pesada da Duomont.

-- Você disse que eu nã o teria que dividir a cama contigo. – Falou tentando controlar o tom.

-- Nã o, nã o... Você falou em sentido sexual. – Levantou-se se espreguiçando lentamente. – Realmente quanto a isso
nem precisa se preocupar, nã o vamos ter nenhum contato ı́ntimo.

Clara sentiu a face arder só em imaginar o que ela estava insinuando naquele momento.

Será que ela ousava a pensar que essa era a sua vontade?

-- Por que eu preciso dormir aqui? Isso nã o estava no contrato.

-- Nã o se preocupe, é por pouco tempo. – Chegou mais perto dela. – Os quartos estã o fechados desde o acidente, de
toda a casa, só esse é aberto.

Realmente aquilo era verdade. Os cô modos nã o eram usados há muito tempo, pois Vitó ria nã o permitia, até os
mó veis tinham sido retirados, apenas os aposentos de Vitor permanecia intacto.

-- Posso dormir no escritó rio ou sei lá , na sala, tem espaço. – Tentou negociar.

-- Nã o! – Seguiu para a varanda. – Suas coisas estã o no armá rio junto com as minhas, irá usar esse quarto, irá
dormir aqui e nã o se preocupe que sua “ pureza” nã o será maculada.

A jovem Duomont ainda abriu a boca para retrucar, mas sabia que seria impossı́vel dialogar com aquela mulher.

Sentou pesadamente sobre a enorme cama e icou parada, observando tudo com olhar perdido.

Vitó ria Mattarazi era o ser mais odioso que deveria existir em todo o mundo. Agia sempre com aquela imponê ncia,
arrogâ ncia e egocentrismo.

Examinou melhor o ambiente. Tudo ali era muito impessoal, nada denunciava a presença da condessa. Nã o havia
fotos, só alguns quadros de artes abstratas. Alguns livros enfeitavam a pomposa cabeceira da cama. Os temas eram
compatı́veis com a ruiva.

Sorriu!

“ Dez passos para domar uma é gua”

Em poucos segundos, o riso que veio manso, tomou proporçõ es de gargalhadas.

Quando o folheava, algo caiu de dentro.

Uma rosa!

Seria a mesma que lhe dera em outrora?

Tocou-lhe as pé talas, levou-a ao nariz e inspirou.

Será ?

A condessa deitou na enorme rede que estava armada na varanda do quarto. Raramente se dava o luxo de icar ali,
poré m sentiu uma necessidade de se acomodar e icar observando o cé u.

A enorme casa dos Mattarazis contava com dois andares e o quarto da ruiva icava no pavimento superior o que lhe
dava uma maravilhosa vista de suas terras.

Ultimamente, tinha praticamente adotado aquele lugar para viver, antes estava sempre viajando e raramente
parava ali, poré m algo a prendia, melhor, algué m que estava a poucos metros de si.

Respirou fundo!

Estava brincando com fogo, sabia bem disso, mas na verdade, nunca tivera medo de se incendiar.

-- Isso é um absurdo! – Valentina foi logo dizendo ao entrar no quarto.

Miguel estava deitado, examinava alguns papé is.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Por que nã o me disse o que a sua sobrinha estava aprontando? – Indagou com as mã os na cintura. – Nã o acredito
que você a apoiou em algo tã o sujo.

O advogado retirou os ó culos, colocando-o na mesinha.

-- Amor, eu tentei dissuadi-la disso, poré m foi impossı́vel. – Falava calmamente. – Por favor, nã o esqueça que esse é
o meu trabalho. – Tentou se justi icar.

-- Seu trabalho? – Falou por entre os dentes. – Você entregou a Maria Clara nas mã os da condessa. Nã o dó i a sua
consciê ncia ao pensar o que ela capaz de fazer com aquela menina? Nã o te deixa perturbado essas atitudes tomadas por ela?
– Maneou a cabeça negativamente. – Ela é um milhã o de vezes pior do que Vitó rio Mattarazi.

O conde nã o era bem visto na regiã o.

Todos conheciam o cará ter duvidoso que ele apresentava, sem falar no seu total desrespeito por mulheres. Para ele
nã o havia negativas, bastava se interessar por uma e a tomava para si como se fosse um objeto. Sem falar em seus negó cios
escusos, sua irresponsabilidade diante de pessoas que necessitavam de si.

-- Nã o, ela nã o é . – Levantou-se. – Saiba que se nã o fosse pela Vitó ria, a famı́lia Duomont estaria em maus lençó is.

-- Pior do que está ? – A mulher ironizou.

-- Para sua informaçã o, se nã o fosse por minha sobrinha, os agiotas teriam cobrado as dı́vidas de Frederico de
forma diferente. – Deu uma pausa para estudar o choque presente no rosto da esposa. – Isso mesmo que está ouvindo.
Agiotas nã o seriam tã o pacientes como a condessa está sendo.

Valentina parecia perplexa com o que ouvia, mas pareceu se recuperar rapidamente.

-- E você acha que a condessa foi altruı́sta? – Debcohcou.

-- Amor, por favor, eu nã o quero que briguemos. – Tentou se aproximar.

-- Vou tomar um banho.

Miguel suspirou.

Odiava quando aconteciam essas discussõ es desnecessá rias, pois sabia que eles nunca se entenderiam quando o
assunto era Mattarazi.

Decerto, nã o estivera de acordo com o que fora feito, mas quando pensava no que Frederico Duomont tinha se
envolvido, imaginava que Vitó ria dos males era o menor.

Já era um pouco tarde quando a ruiva decidiu voltar para o quarto.

Estava se preparando para uma nova discussã o com a neta de Frederico, sabia que nã o seria fá cil aquela
convivê ncia, a princesinha se mostrava ser bem petulante, mesmo com aquela carinha de encantada.

Abriu a porta e teve que se segurar para nã o rir.

Maria Clara estava dividindo a cama com travesseiros e parecia tã o empenhada que nem percebeu a chegada da
outra.

-- Posso saber o motivo disso? – Apontou para a barreira improvisada.

A jovem Duomont, assustada, interrompeu o que fazia. Encarou a mulher. Vitó ria estava parada no meio do quarto
com os braços cruzados.

-- Já que você diz que preciso dormir aqui, estou fazendo o possı́vel para evitar um contato maior entre nó s.

-- Ah nã o diga! – Debochou, relanceando os olhos. – Chega de gracinhas, Branca de Neve, nã o estou com paciê ncia
para essas besteiras.

A ruiva seguiu até o leito, tentando destruir a barreira, mas a morena tentou detê -la, segurando-lhe os braços, o
que as levou a se enrolar nos cobertores, deixando Maria sobre a Mattarazi.

-- Como ousa? – A ruiva indagou furiosa, tentando se livrar dela.

-- Ora, foi à senhora quem começou. – Segurou-lhe os pulsos. – Nã o tinha nada que mexer no que eu estava fazendo.

A empresá ria estreitou os olhos ameaçadoramente.

-- Nã o preciso do muro de Berlin dentro do meu quarto, a inal, eu já disse que nã o tenho nenhum interesse na sua
pessoa.

-- E eu nenhum interesse em dormir tã o pró xima da senhora.

Os olhos verdes escureceram ainda mais quando percebeu que estava presa sob o corpo da neta do inimigo. Tentou
controlar suas reaçõ es diante de tamanha proximidade, mas levando em conta que estava totalmente nua debaixo do roupã o,

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

isso nã o parecia uma tarefa simples, ainda mais quando a outra estava em meio as suas pernas, mantendo-a cativa com a
coxa.

Clara observou o lá bio superior da jovem. Nunca viu em toda sua vida uma boca tã o rosada e tã o linda.

Levantou-se antes que cedesse a tentaçã o e acabasse a beijando.

-- Acho melhor eu ir dormir em outro lugar.

Vitó ria se apoiou no cotovelo.

-- Você vai dormir aqui e é minha ú ltima palavra.

A jovem Duomont batia o pé no chã o de forma impaciente.

-- Ok, condessa! – Disse por im. – Sua vontade será feita.

A ruiva a observou deitar e se encolher.

Sorriu ao perceber a calça de moletom branca com lorzinhas e a camiseta branca colada ao corpo. As formas
femininas eram por demais tentadoras.

Respirou fundo para tentar conter o tesã o.

Seu corpo tinha respondido tã o rapidamente que sabia que estava molhada.

Apagou as luzes, retirou o roupã o, seguiu até o banheiro e logo retornou vestindo uma camisola preta.

Acomodou-se no enorme leito e icou ali de olhos fechados e sentindo aquele doce cheiro invadindo suas narinas.
Sentiu uma vontade imensa de abraçá -la, de tocar aquela pele delicada com seus lá bios...

Clara a ouviu praguejar.

Tentou nã o se importar com aquilo, mas sabia que aquela noite seria terrı́vel.

Ao dia seguinte, Frederico seguiu até a capital. Ele conseguira falar com alguns amigos e estava con iante que
conseguiria o dinheiro para pagar a Vitó ria Mattarazi. Um conhecido lhe indicara um empresá rio que sempre estava disposto
a fazer generosos empré stimos.

Quando Clara despertou, estava sozinha.

Banhou e se vestiu, seguindo rapidamente para baixo, dormira muito, na verdade, só conseguiu conciliar o sono
quando já era madrugada, pois nã o era fá cil ter aquela mulher ao seu lado.

-- Bom dia! – Beijou Maria. – Estou atrasada, preciso seguir para ver os animais antes que a condessa me mande
para o tronco. – Gracejou.

-- Sente que vou lhe servir algo para comer.

-- Nã o posso! – Negou-se. – Estou atrasada.

A empregada colocou as mã os na cintura roliça.

-- Sente-se, pois vai icar doente se nã o se alimentar.

A garota assentiu.

Entã o sentiu o cheiro delicioso do café e dos pã ezinhos quentes, sua barriga roncou.

-- Nã o se preocupe com a menina Vitó ria. – Sentou-se. – Ela saiu cedo e disse que nã o sabia quando retornaria.

A Duomont levou um biscoito à boca. De repente, perdeu a fome.

-- Foi para onde? – Indagou sem querer demonstrar interesse.

-- Itá lia, bem, eu acho. Ela nã o explicou muito bem. Acordou cedo e pediu que Batista pegasse a mala e levasse para
o carro.

Clara se sentiu decepcionada por isso, mas fez o possı́vel para nã o mostrar.

-- Bom dia, senhorita Duomont. – O administrador tirou o chapé u, cumprimentando-a.

-- Bom dia! – Ela sorriu. – Nã o precisa me chamar assim, basta Clara ou se preferir Maria Clara.

O velho senhor maneou a cabeça em gesto a irmativo.

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-- Quando terminar, quero que venha comigo para lhe entregar algo.

A morena assentiu.

Com certeza alguma tarefa deixada por Vitó ria.

Felipe estava se arrumando para sair quando foi interceptado pela esposa que entrava no quarto.

Clarice tentou beijá -lo, mas o homem desviou da carı́cia.

-- Está indo aonde?

-- Ver minha ilha, porque ao contrá rio de ti, eu me preocupo com ela.

A nora de Frederico ainda abriu a boca para retrucar, poré m o vereador já tinha saı́do.

A mulher sentou e icou a pensar no que estava acontecendo.

Nã o sabia por que o marido a culpava, quando na verdade era Frederico e a condessa quem inventaram toda
aquela histó ria. Se tivesse dinheiro, com certeza nã o teria permitido que a ilha fosse envolvida em algo tã o sujo.

Pegou o telefone, iria ligar para Marcos, pediria para ele tentar conversar com o sogro para tentar explicar aquilo.

Clara estava maravilhada com as coisas que estava no escritó rio da Vitó ria.

Todos os materiais que necessitaria para exercer sua pro issã o estavam ali diante dos seus olhos.

-- A condessa disse para que a senhorita escolhesse o lugar para construir a pequena clı́nica.

A garota o itou, entusiasmada, apenas assentiu.

-- Ah, ele deixou isso aqui. – Entregou-lhe um bilhete.

Ao abrir, um lindo sorriso iluminou o belo rosto.

“ Agora você tem tudo para cuidar dos meus animais, faça-o com carinho, Branca de Neve, caso contrá rio será
castigada... “

A condessa bastarda

Só ela para assinar usando aquele nome. Como algué m podia ser feita de pura provocaçã o, deboche, arrogâ ncia e
beleza?

-- Algum problema? – Batista indagou preocupado.

-- Nã o! – Respondeu saindo do transe. – E, traga a é gua branca para o centro de treinamento. – Pediu.

-- A Branca de Neve? – Perguntou perplexo.

A Duomont precisou morder o lá bio inferior para nã o gargalhar.

-- Sim, a Branca de Neve.

-- Olhe, menina, ningué m mexe com aquele bicho a nã o ser a condessa. Ela é um animal selvagem, acho melhor nã o
se meter com ela.

-- Nã o se preocupe. – Colocou a mã o em seu ombro. – Eu sou uma exı́mia amazona, sem falar que també m sou
veteriná ria.

Batista assentiu, mas ainda se pode ouvir o resmungar dele.

“ Tã o cabeça dura quanto a condessa.”

Felipe procurou Miguel, pois sabia que sua entrada nã o seria liberada facilmente, entã o os dois se dirigiram para lá .

Quando chegaram, foram informados que Maria Clara estava no centro de treinamento, entã o seguiram
diretamente a direçã o indicada.

Sentaram na cerca de madeira e icaram observando a perı́cia que a jovem tinha ao lidar com a é gua.

Clara entregou uma maçã para o animal. Nã o a montaria naquele dia, pois sabia que seria jogada longe, tentaria
ganhar a con iança dela, conquistando-lhe pouco a pouco.

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Acariciou-lhe a crina brilhante. Nunca viu uma é gua tã o linda e suntuosa. Domaria e assim a teria para si.

Deixou-a lá e seguiu até onde estava o pai e Miguel.

Recebeu um abraço apertado de Felipe e foi bombardeada com inú meras perguntas.

-- Calma, papai, eu estou ó tima, nã o tem motivos para se preocupar. – Apertou a mã o do advogado. – Obrigada por
tê -lo trazido até aqui, mas nã o quero que tenha problemas.

-- Nã o se preocupe, sei que a condessa está viajando. Ela me ligou cedinho pedindo para icar de olho em ti. –
Sorriu.

-- Para onde ela foi? – Indagou sem conseguir conter a curiosidade.

-- Eu nã o sei, deve tá resolvendo problemas ou se divertindo nas boates de Roma.

Felipe teve a impressã o de ver no rosto da ilha algo parecido com tristeza e decepçã o ao ouvir as palavras do
advogado, poré m achou que era apenas coisas da sua cabeça, pois depois começou a ouvir Clara falar entusiasmada sobre o
fato de poder cuidar dos animais.

Preferiu nã o contar sobre Frederico ter ido viajar. Quando a jovem perguntou por Clarice, ele deu de ombros e
desconversou, nã o desejava falar sobre a esposa, estava decepcionada com ela, decepcionado com a mesquinhez que via em
seu jeito de agir.

Os dias passavam rá pidos.

Maria Clara nã o tinha o que reclamar, pois até um clı́nica fora montada em uma á rea da fazenda. Tudo muito
moderno e com materiais de ú ltima geraçã o.

A cada dia que passava, obtinha mais sucesso com a Branca de Neve e em breve tentaria montá -la.

Tomou banho e deitou na enorme cama.

Ia fazer um mê s que a condessa tinha partido. Realmente, deveria tá fazendo algo muito bom para demorar tanto
para retornar, poré m de acordo com a Maria, Vitó ria era acostumada a passar muitos dias longe de casa, à s vezes icava
meses em Roma, onde tinha um apartamento.

Virou para o outro lado, estava inquieta.

Vitó ria estacionou em frente à mansã o Mattarazi.

Eram quase duas da madrugada. Chegara cedo, poré m decidiu icar na cidade e teve que ir falar com Otá vio e com
Alex, demorara mais do que o necessá rio e só agora pode chegar a casa.

Teve di iculdades para sair do veı́culo, tinha bebido mais do que o su iciente, raramente icava bê bada, mas dessa
vez tinha exagerado.

Conseguiu entrar e subiu as escadas até o quarto. Desejava apenas deitar, pois sua cabeça parecia nã o parar quieta.

Clara assustou-se com o baque sobre o leito.

Levantou rapidamente, acendeu a luz e icou surpresa ao ver a condessa ali.

-- Você está bem? – Indagou preocupada.

Observou-a para ver se tinha algum machucado, poré m ao mirar o rosto corado, sentiu o cheiro de bebida.

Os olhos verdes se abriram e era possı́vel ver neles a embriaguez que assolava seu cé rebro.

-- Branca de Neve... – Falou com di iculdade.

-- O que faz aqui? E olhe o estado que se encontra. – Sentou-se na cama. – Precisa de um banho. Como veio até aqui
nesse estado?

Vitó ria tentou se apoiar no cotovelo, mas era um esforço demasiado para suas forças naquele momento.

Clara ouviu a gargalhada que a ruiva deu ao tentar levantar e nã o conseguir.

-- Como pode ter icado tã o porre? – Levantou-se. – Nã o irei dormir contigo nesse estado.

Pensou em chamar Batista e Maria para ajudá -la a banhar a condessa, poré m era muito tarde e nã o desejava
incomodá -los.

Cruzou os braços e icou a observá -la.

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Usava uma calça de couro marrom, camiseta e jaqueta combinando com a calça. As botas estavam sujas.

O melhor a fazer era ir dormir no corredor ou no escritó rio, pois ali seria impossı́vel com aquele cheiro de bebida.

Tinha decidido pegar o lençol para sair, quando viu que a ruiva conseguiu sentar e para piorar, ela conseguiu icar
de pé , mesmo trô pega.

Imediatamente a amparou para que nã o fosse ao chã o.

-- Está doida? – A morena a repreendeu. – Quer cair e quebrar a cabeça?

-- Nã o, eu quero fazer amor contigo... – Sussurrou.

Maria a encarou e icou ainda mais brava.

-- Você precisa de um banho, precisa tirar esse cheiro podre de bebida. – Desviou os lá bios de um beijo. –
Comporte-se, condessa.

-- Eu quero você sob meu corpo... Quero chupar sua...

-- Chega! – A Duomont corada a interrompeu. – Vou te jogar naquele banheiro e só vai sair de lá quando esse á lcool
sair do seu sangue.

Com muito esforço, chegaram até o banheiro. Clara conseguiu sentá -la na banqueta, em seguida lhe tirou a roupa,
deixando-a apenas de calcinha e sutiã . Tentava nã o se distrair com as palavras ousadas e obscenas que ouvia, sem falar que
precisava se desvencilhar das carı́cias.

-- Seus seios sã o lindos... – Tentou tocar a camiseta da garota. – Você é a mulher mais bonita que já vi...

Clara a itou, ajeitando-se entre as pernas dela, temendo que ela pendesse para frente e acabasse caindo.

-- Sou? – Arqueou a sobrancelha esquerda. – Abriu-lhe o sutiã , livrando deles.

Mordeu o lá bio inferior ao ver os dois montes redondos e de bicos rosados. Precisou de toda força interior para
nã o ceder ao desejo de tocá -la.

-- Te quero pra mim... Quero que seja só minha, quero amá -la todos os dias... Nã o sabe como isso dó i, como queima
aqui. – Apontou para o peito. – Mas você é uma maldita Duomont e eu a odeio por isso. – Disse entre lá grimas.

-- Xiii. – Tentava acalmá -la. – Vamos banhar e tudo isso vai passar.

Nunca em sua vida vira tanta fragilidade ao itar a ruiva. Abraçou-a e depois tocou-lhe os cabelos afogueados.

Ajudou-a e conseguiu colocá -la sob a ducha, teve que icar lá , abraçada a ela, pois Vitó ria parecia ainda mais
embriagada e nã o acreditava que ela conseguisse se sustentar sozinha. Sentia a á gua molhar seu corpo, mas també m havia as
lá grimas da poderosa mulher, ouvia os soluços e sentia um desejo enorme de cuidá -la, tomá -la em seus braços para sempre e
nã o deixá -la sofrer...

Desligou a á gua, pegou a toalha, enrolando-a, em seguida, livrou-se das pró prias roupas, vestiu o roupã o, levou-a
de volta a cama, deitando-a.

A linda condessa caiu em um profundo sono, enquanto a princesinha de contos de fadas icou acordada, velando
seu descansar e pensando em tudo que ouvira naquela noite. Sabia que nã o seria fá cil a convivê ncia, poré m o seu amor por
aquela arrogante criatura só fazia cada vez mais crescer...

Abraçou-a.

-- Eu te amo, condessa... Eu te amo mais do que qualquer coisa, Vitó ria Mattarazi.

Os olhos verdes se abriram ao ouvir as palavras, mas pareceram se entregar mais uma vez aos encantos de Morfeu.

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Capitulo 21 por gehpadilha


Clara a aconchegou em seus braços, sentindo a respiraçã o leve, tranquila. Acariciou-lhe as madeixas, sentindo a
maciez dos ios deslizarem por seus dedos. Era estranho aquele sentimento que habitava dentro de si, parecia fogo a lhe
queimar, mesmo quando tentava criar barreiras de gelo.

Fechou os olhos e tentou dormir. O dia seguinte requereria muito mais da sua paciê ncia.

A condessa despertou com uma terrı́vel dor de cabeça. Tentou abrir os olhos, mas parecia sem forças para efetuar
tal tarefa.

Praguejou ao sentir a claridade invadir o quarto.

-- Bom dia, minha senhora!

Cobriu os olhos com o braço, tentando se acostumar com a luminosidade que agora se apossava do espaço.

-- Como ousa? – Indagou furiosa.

Estreitou os olhos, itando-a.

Viu que ela deveria ter acabado de tomar banho. Estava lindamente vestida com calça jeans azul, colado ao corpo,
camiseta preta e os cabelos ainda estavam ú midos.

-- Você deveria sair da cama, o dia está lindo, a inal, seu cavalo precisa de exercı́cios. – Terminou de abrir as janelas.
– Pronto, assim, a senhora aproveita o rei solar e cura essa ressaca.

Vitó ria se levantou tã o bruscamente que sentiu tontura, sem falar que a toalha que fora colocada em seu corpo na
noite anterior já nã o estava mais lá .

Clara a itou e viu o olhar desa iador da ruiva, mesmo estando totalmente despida, nã o parecia perder seu in inito
orgulho. Mirou as coxas torneadas, o triâ ngulo tentador, o abdome liso...e os seios... Encarou-lhe os lindos e perigosos olhos
verdes.

-- Nã o esqueça quem eu sou. – Levantou a cabeça. – E nã o me desa ie ou poderei destruı́-la.

-- Primeiro. – Jogou-lhe a toalha. – Cubra o seu pudor. – Sorriu. – A inal, uma mulher que pertence a nobreza nã o
pode aparecer nua diante de sua escrava.

Quando a jovem virou as costas para ir embora, sentiu-se puxada pelos ombros e fortemente pressionada contra a
porta.

-- Nã o me desa ie, Branca de Neve. – Disse por entre os dentes.

-- Mas e eu iz o quê ? – Fingiu-se de inocente. – Apenas fui educada e gentil a lhe cumprimentar e lhe desejar um
bom dia.

A condessa esboçou um perigoso sorriso, depois se aproximou do seu ouvido.

-- Nã o brinque comigo... – Beijou-lhe a face demoradamente. – Eu posso esquecer meus bons sentimentos
referentes à sua pureza.

A Duomont viu o desejo estampado em sua face, espalmou as mã os em seu peito, tentando afastá -la, mas ao sentir
a maciez do colo alvo seu corpo tremeu.

Desvencilhou-se do toque antes que perdesse a cabeça.

-- Está assustada, princesinha? – Provocou-a ao vê -la corada. – Me vestirei, pois sei que nã o resistirá a mim por
muito tempo.

Clara a viu caminhar até o banheiro e retornar vestindo um roupã o preto.

-- Sentiu minha falta?

-- Nã o, pra mim, poderia ter icado os oito meses viajando.

Vitó ria sorriu, aquele sorriso preguiçoso que era sua marca registrada.

-- Você me banhou?

-- Sim, a inal, você estava fedida, parecia que tinha tomado banho de á lcool puro. – Torceu o nariz.

-- Nã o se aproveitou de mim, nã o é ? – Atormentou-a.

Clara sentiu o rosto em chamas. Deixou o quarto, mas ainda pode ouvir no corredor a gargalhada debochada da
condessa.

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Saiu pisando duro, poré m teve vontade de retornar ao quarto e fazê -la parar de rir, mas ela sabia que seria inú til
uma discussã o naquele momento.

Marcos seguiu até a casa dos Duomont, pediu para falar com Frederico.

-- Bom dia, meu rapaz.

O polı́tico foi até ele, abraçando-o.

-- O que o traz aqui?

Ambos sentaram no sofá da enorme sala.

-- Desejo que o senhor coloque um im no trato que fez com a condessa. – Disse irme. – Me casarei com sua neta e
com o dinheiro que receberei de herança, quito a dı́vida com a maldita Mattarazi.

O fazendeiro levantou-se, seguiu até o pequeno bar, preparou dois drinques, entregou um ao rapaz, voltou a sentar.

Bebericou lentamente.

Sua viagem à capital nã o tivera ainda um resultado concreto, pois recebera apenas promessas.

-- Nã o sei, a inal, estou contando com mais do que essa fazenda. – Fitou-o. – Você poderia me ajudar a reerguê -la?

-- Sim. – Marcos bebeu todo o conteú do do copo. – Eu farei qualquer coisa para retirar a Maria Clara daquele lugar.

Frederico pensava se isso era um acordo rentá vel, pois conhecia Marcelo e sabia que ele era muito ambicioso para
permitir que o ilho cedesse tanto da sua herança que nã o poderia ser tã o grande assim.

Qualquer passo em falso e a condessa lhe tomaria tudo.

-- Qual o montante da sua herança? – Foi direto ao ponto.

-- Mais de quinhentos mil. – Respondeu orgulhoso.

O polı́tico levantou-se irritado.

-- Isso nã o chega nem perto do que estou devendo à quela miserá vel. – Falou alterado. – Preciso muito mais do que
essa quantia irrisó ria.

Marcos també m se levantou.

-- Nã o quero saber do que o senhor precisa, o que estou a dizer é que agora mesmo irei à fazenda e tirarei a minha
noiva de lá à força.

Vitó ria seguiu até a pequena clı́nica e icou encantada com tudo o que viu, depois caminhou até o está bulo, selou o
garanhã o, montou-o e seguiu a trotar pelos pastos verdejantes. Foi em direçã o ao centro de treinamento, parando lá , icou a
observar a linda veteriná ria junto a é gua.

Realmente a garota tinha jeito. Era con iante e parecia saber bem o que estava fazendo. Viu-a entregar uma maçã
ao animal e depois acariciá -la, apesar de ainda rebelde, percebeu que o bicho estava menos arredio e para sua surpresa, viu
princesa montar na Branca de Neve e nã o ser atirada longe.

Clara tocou carinhosamente no animal e depois a montou. Era a primeira vez que ela fazia aquilo, ainda nã o se
sentia segura, mas o bicho nã o a arrematou, entã o, ela icou por alguns segundo sobre ela, tentando criar um maior laço.

Ao senti-la inquieta, desceu.

-- Boa menina! – Deu-lhe outra maçã .

Virou-se e viu a condessa parada sobre seu poderoso garanhã o.

Caminhou para fora do setor de treinamento, ignorando-a, seguiu para a clı́nica, mas conseguia ouvir o cavalo
seguindo-a de perto.

Ao perceber que ela estava muito pró xima, voltou-se pra itá -la, mas foi surpreendida sendo puxada para sobre o
cavalo.

Gritou assustada.

-- Você está louca!?

-- Calma, bonequinha. – Acomodou-a a sua frente. – Vamos dar uma volta, quero que me diga como estã o meus
animais.

Clara permaneceu ereta, nã o desejava ter nenhum contato fı́sico com aquela mulher.

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-- Você poderia perguntar isso em qualquer lugar e nã o precisava quase arrancar meu braço para obter essas
informaçõ es.

-- Ah, nã o foi essa a minha intençã o. – Acariciou-lhe o ombro e depois o beijou. – Daqui a pouco nã o sentirá mais
nada.

Vitó ria incentivou o garanhã o a ir mais rá pido e o perfeito trote poderia ser ouvido e apreciado.

As terras da condessa eram bem cuidadas, o verde parecia um carpete a forrar os vales cheios de á rvores.

A Duomont sentia os cabelos sendo embaraçado pelo vento, mas fazia tanto tempo que nã o se deliciava sobre um
animal que nada importava, nem mesmo a companhia que nã o era uma das melhores.

-- Você está fazendo um bom trabalho com a Branca de Neve. – Disse bem pró ximo ao seu ouvido. – Você é boa em
domar feras.

Maria inclinou o pescoço, encarando-a.

-- Você conseguiria me domar? – Provocou-a, piscando.

Clara mordeu a lateral do lá bio inferior.

-- Nem me daria a esse trabalho.

A condessa sorriu, fez Bastardo diminuir o trote.

-- Eu nã o valo a pena? – Soltou as ré deas, ingindo ter sido afetada por tais palavras.

-- Nã o, nã o vale um mı́nimo esforço da minha parte. – Enfrentou-a.

Ousada, a ruiva colocou as mã os por baixo da camiseta da jovem e soltou o fecho dianteiro do sutiã .

A morena segurou-a, tentando deter o toque. Sorte que nã o havia ningué m por ali para presenciar algo assim.

-- Eu gosto dos seus seios. – Mordeu-lhe o ló bulo da orelha. – Gosto de senti-los na minha boca. – Pegou-lhe as
mã os e a fez segurar as ré deas. – Controle o cavalo ou ele nos levará até onde os peõ es estã o trabalhando.

Clara nem mesmo soube qual reaçã o ter, pois nã o imaginara algo tã o atrevido da parte da ruiva.

-- Chega, Vitó ria... – Falou sem fô lego. – Imagina se algué m ver isso.

A condessa pareceu nã o se importar com as palavras ditas, pois estava tã o embriagada de desejo que apenas se
deliciava com o cheiro daquela mulher em seus braços. Colou os lá bios em seu pescoço, levou uma das mã os até o cois da
calça.

Clara sentiu quando os dedos da poderosa tocava sua calcinha, estava excitada com aquela situaçã o, mordeu a
lı́ngua para nã o gritar quando os longos dedos tocaram seu sexo ú mido.

-- Quero fazê -la minha de tantas formas... – Sussurrava. – Quero que seja minha...

A Duomont sentiu o garanhã o parar e isso a acordou do transe. Rapidamente livrou-se das carı́cias, pulando do
Bastardo.

-- Sinto muito, condessa, mas nã o estou muito a im.

Mattarazi a itou sem entender o que tinha ocorrido, estava ainda envolvida pelo desejo que castigava seu corpo.

Passou a mã o pelos cabelos, esporeou o cavalo e saiu galopando.

Fez o animal ir mais rá pido, tentando assim dissipar a vontade de tomar aquela garota para si, mesmo que
precisasse usar a força para isso.

Sabia que ela nã o era imune, pode sentir a excitaçã o que ela demonstrara, sentiu o cheiro, a libido... Tinha a prova
em seus dedos.

-- Maldita Branca de Neve... – Gritou alto.

Clara passou todo o dia sem ver a inimiga.

Já era noite quando estava a sair da clı́nica, ouviu o celular tocar, atendeu.

-- Preciso te ver, amor.

A jovem icou surpresa ao ouvir a voz do noivo.

No ú ltimo mê s ele nã o a procurara uma ú nica vez, sem falar que quando conversaram, ele deu a entender que tudo
estava terminado entre eles.

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-- Eu nã o posso sair.

-- Eu estou aqui dentro, no está bulo da condessa mais precisamente.

-- Mas como você conseguiu entrar? – Indagou surpresa.

Havia muitos seguranças naquele lugar e tinha certeza que nã o permitiriam a entrada dos inimigos da dona.

-- Venha, nã o tenho muito tempo.

-- Pelo que vi tudo está tranquilo.

Vitó ria deu a volta e sentou em sua mesa.

Estava na usina, passara o dia veri icando a produçã o da cachaça.

Uma bela mulher, morena, alta e de quase seus trintas anos, sentou cruzando as pernas torneadas.

-- A senhorita foi uma ó tima aquisiçã o para a empresa. – Elogiou-a.

-- Fico feliz, mas realmente sou uma das melhores engenheiras quı́micas da regiã o.

-- Bem, espero que nã o ocorram atrasos com as entregas, pois precisamos respeitar os prazos.

-- Nã o se preocupe, eu mesma me certi icarei disso.

-- Bem, Larissa, assim eu nã o me preocuparei com nada. – Observou a garrafa que estava em sua mesa. – Tenho a
impressã o que nã o me arrependei de tê -la ao meu lado.

-- Presente meu, essa está bem concentrada.

A condessa teve a nı́tida impressã o que aquela bela mulher estava lertando consigo. Os olhares que ela lhe
direcionava nã o pareciam nada discretos.

Retirou dois copos da gaveta, abriu a garrafa, colocou nos copos e entregou um a morena.

--Acompanhe-me, veremos se você é tã o boa como dizem.

-- Eu posso mostrar isso com o maior prazer, condessa. – Pisou sedutora.

Clara chegou ao está bulo e encontrou Marcos apontando uma arma para o Bastardo.

-- O que está fazendo? – Segurou-lhe o braço.

-- Vou matar esse maldito animal para me vingar da desgraçada da condessa.

-- O animal nã o tem culpa de nada, por favor, nã o faça isso. – Fitou-o.

O rapaz pareceu pensar por alguns segundos e depois guardou o revó lver.

-- Quero que volte comigo, quero me casar contigo amanhã mesmo. – Segurou-lhe as mã os. – Com o dinheiro que
receberei de herança poderemos ter uma vida maravilhosa, bem longe dessa psicopata.

-- As coisas nã o funcionam assim. Precisa-se de tempo para que as papeladas iquem prontas. – Tentou explicar. –
Vamos esperar, oito meses passa rá pido.

-- Nã o entende que te quero. – Segurou-lhe o rosto, beijando-a.

-- Que cena mais linda!

Clara se afastou abruptamente do namorado. Mirou Vitó ria que estava apoiada na baia da Branca de Neve com os
braços cruzados. Parecia tranquila, mas seus olhos estavam tã o escuros que nem era possı́vel ver o verde.

-- Vim buscar a minha mulher e nã o sairei daqui sem ela. – Marcos a enfrentou.

-- Sua mulher? – Estreitou os olhos ameaçadoramente.

-- Sim! Minha! – O jovem pomposo a irmou orgulhoso.

A Duomont percebeu que a condessa estava a ponto de voar sobre eles, entã o decidiu icar entre os dois.

-- Vá , Marcos, por favor, vá embora.

-- Embora? – A ruiva cuspiu a palavra. – Esse desgraçado invade as minhas terras e você diz pra ele ir embora.

Vitó ria em passos rá pidos se aproximou, mas a morena icou entre ela e o noivo.

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-- Venha, maldita. – O ilho do prefeito lhe apontou a arma. – O meu maior desejo é matá -la.

Clara precisou abraçar Mattarazi para impedi-la de tentar voar sobre o rapaz.

-- Por favor, saia daqui Marcos. – Pediu. – Nã o faça uma loucura dessas. Por favor. – Pediu, pois sabia que nã o
conseguiria segurar aquela mulher por mais tempo.

Marcos a itou por mais um momento e saiu em disparada.

A condessa tentou se desvencilhar, poré m a neta de Frederico foi mais forte, segurando-a pela cintura, conseguiu
levantá -la e jogá -la em uma baia vazia.

-- Acalme-se! – Maria gritou.

A ruiva parecia possessa e partiu para cima da jovem novamente. Clara, nem mesmo sabia de onde tirou a força
para detê -la, jogando-a novamente no feno.

-- Por favor, pare. – Pediu, passando as mã os pelos longos cabelos. – Eu nã o quero machucá -la.

Vitó ria fechou as mã os com tanta força que sentiu as unhas ferirem a palma da mã o.

-- Maldita vagabunda. – Gritou. – Miserá vel. – Levantou-se. – Deitou-se com aquele desgraçado, enquanto també m
se entregava pra mim.

O maxilar da Duomnt enrijeceu. Como ela era capaz de falar tais coisas, pois desde que se envolveram, nem mesmo
conseguia beijar Marcos sem que sua mente automaticamente chamasse por outra...

Naquele momento ela sentiu que toda sua raiva viria à tona e nã o faria nenhum esforço para mantê -la presa.

-- Estou cheia de você e de sua maldita arrogâ ncia. – Apontou-lhe o indicador. – Estou cheia das suas acusaçõ es,
desse seu nariz empinado como se fosse melhor do que todo mundo. – Chegou mais perto. – Você nã o passa de uma
amargurada, uma estú pida que faz o que quer e nã o pensa se isso vai ferir os outros.

Vitó ria ainda teve a audá cia de mostrar aquele sorriso sarcá stico.

-- Eu sou a condessa, princesinha de contos de fadas.

Clara bufou.

-- Eu vou te mostrar a princesinha de contos de fadas.

A ruiva a itou.

Viu suas narinas abrirem, mas mesmo assim tentou sair, desa iadora, poré m a garota a empurrou forte contra a
madeira, segurando-a.

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, teve sua camiseta rasgada.

-- Está louca...?!

Maria pegou um pequeno punhal que estava na bota, mostrou-o à ruiva, depois lhe rasgou a calça.

-- Só pode ter enlouquecido... – Falou receosa.

-- Sim! – A neta de Frederico a mirou de cima abaixo de forma despudorada. – Estou louca desde o dia que meus
olhos cruzaram com os seus... – Respirou fundo. – Nã o estou falando do momento que você quase me pisoteou com o
Bastardo, poré m foi no dia do funeral da minha tia... – Arrancou-lhe o sutiã . – Desde aquele momento, eu estou louca por sua
causa.

A condessa abriu a boca para falar algo, mas teve os lá bios tomados por tamanha violê ncia que chegou a sentir o
gosto de sangue... Seu ou dela? Seus seios foram apertados, seus mamilos pareciam implorar por mais...

Gemeu ao sentir os lá bios tomarem os montes redondos tã o bruscamente... Cravou as unhas em seus ombros...

Sentia a lı́ngua brincar ao redor de sua aureola, prendendo-o nos dentes, depois, mamou...e o fez com tanta perı́cia
que deixou a outra ainda mais excitada.

-- E isso condessa, é isso que você quer... – Apertou-lhe o sexo sobre a calcinha. – Deixe-me senti-la... – Sussurrou
em seu ouvido. – Nã o foi isso que queria ontem quando estava bê bada... Foi isso que quis hoje enquanto cavalgá vamos...

Vitó ria a encarou e parecia nã o reconhecer a moça que estava diante dos seus olhos.

Tentou detê -la, poré m seu corpo queimava de paixã o...

A Duomont levantou sua perna, fazendo-a prender em sua cintura.

-- Já que eu sou a Branca de Neve... – Colocou a mã o dentro do tecido. – Vou querer comer a maçã ... – Lambuzou os
dedos e depois os levou a boca. – Será que també m está envenenada?

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Mattarazi pareceu hipnotizada ao vê -la lamber os dedos, via a lı́ngua fazendo os atos languidamente e sentiu a
boca seca.

Clara levou a mã o até o sexo pulsante, esfregando-o.

A ruiva gritou ao sentir o ı́mpeto com que foi penetrada...

-- Ain...

Os olhos negros encontraram os verdes... Eles brilhavam perigosamente, cheios de ira, mas també m cheios de
lascı́via.

A condessa sentia as invasõ es e mesmo enraivecida pela forma que estava sendo tratada, nã o tinha como resistir
ao prazer de estar sendo tomada daquele jeito.

Clara penetrou mais um dedo, mas retirou-os e levou à boca da inimiga.

-- Sinta... – Ordenou-a. – Veja como seu sabor é delicioso... Inebriante...

Vitó ria chupou-lhes, mas precisava de muito mais... Segurou-lhe a mã o, levando-a novamente ao centro do seu
prazer.

-- Você quer? – Mordiscou o ló bulo da orelha. – Peça... Implore e eu verei se você merece...

A ruiva era muito orgulhosa, mas parecia enfeitiçada... Totalmente entregue a vontade de ser tomada por completo.

-- Faça...

-- Nã o, nã o... – Beijou-lhe.

A lı́ngua invadiu sua boca e parecia nã o ter muita pressa, pois explorava cada canto, lambendo-a, buscando a sua,
chupando-a, puxando-a...

Baixou as mã os, tomando mais uma vez os seios, seduzindo-a, torturando-a com uma perı́cia nunca imaginada.

Parou abruptamente.

-- Peça... – Insistiu.

-- Tome-me, faça-o...

-- Nã o, peça... Se continuar usando esse tom de autoridade... – Começou a massagear seu clitó ris. – Sairei daqui e a
deixarei sozinha...

A ruiva abraçou-a, escondendo o rosto na lateral do seu pescoço.

Nunca em toda sua vida sentira um prazer tã o intenso, insistente, irme, sedutor... Rebolou os quadris, mas
percebeu que ela tinha cessado os movimentos.

Mirou-a.

-- Eu sou a herdeira de uma das famı́lias mais tradicionais da Itá lia, sou a ú ltima descendente de uma linhagem
nobre. – Empinou o nariz. -- Sou a condessa Vitó ria Elizabeth Fiaccadori de Mattarazi VI e nunca em minha vida me
humilharia a uma Duomont.

Clara sorriu, já esperava aquilo, era muita arrogâ ncia para um ser humano.

Jogou-a sobre o feno, encantada com a beleza que ela exibia.

A ruiva chegou a pensar que ela iria embora, mas quando a viu despir cada peça de roupa, seu sangue icou ainda
mais quente.

Mirava embevecida, desejava-a mais de que qualquer coisa que quisera em sua vida, mesmo que passassem mil
anos, continuaria a aspirar por aquela jovem de rosto doce, mas que se mostrava cada vez mais determinada, mais dona de si,
mais sedutora.

Ao vê -la totalmente despida, foi até ela, tentou tocá -la, mas nã o lhe foi permitido.

A neta de Frederico lhe pô s de costas, apoiando-a na cerca de madeira que separava a baia. Colou o corpo em suas
costas, sentindo o pró prio sexo roçar as ná degas bem feitas da fazendeira.

A ruiva apoiou a perna na madeira, abrindo-se mais, acolhendo a mã o que lhe acariciava possessivamente.
Rebolou, sentindo lambuzar seu bumbum.

-- Entã o eu sou uma princesinha de contos de fadas? – Invadiu-a. – Entã o você nã o gostou de fazer amor comigo... –
Meteu mais forte.

A condessa vibrava a cada estancada, ouvia as palavras e depois só os seus gemidos poderiam ser audı́veis.

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-- Entã o, é você a poderosa condessa... – Falava sem fô lego. – Nã o... – Tomou-a com força... – Você é minha... –
Acelerou ainda mais. – E será sempre minha.

A ruiva sabia que nã o aguentaria por muito tempo, os impulsos e o manear dos seus quadris aos poucos foram
substituı́dos por um grito de satisfaçã o total.

Clara se encostou a ela tentando recuperar o fô lego, sentia que aos poucos o ar voltava aos seus pulmõ es.

Vitó ria se virou, abraçando-a, sussurrando em seu ouvido.

-- Eu estou perdidamente apaixonada por ti e sinto que morrerei se nã o te ter ao meu lado.

Naquele momento apenas o relinchar do Bastardo cortou o silê ncio profundo da noite de lua cheia.

A bela Branca de Neve sentiu os lá bios sendo tomados em um beijo doce, sublime, cheio de amor e temor.

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Capitulo 22 por gehpadilha


Maria Clara a estreitou mais forte em seu abraço. Pensava estar sonhando ou talvez nã o tenha ouvido direito as
palavras ditas pela condessa. Seu coraçã o ainda batia acelerado e sentia o mesmo ritmo no peito de Vitó ria.

Segurou-lhe o rosto amado, itando aqueles lindos olhos que brilhavam tã o intensamente.

-- Repete o que você falou... – Pediu baixinho, encostando a fronte a dela.

A condessa hesitou. Naquele momento parecia assustada, perdida, temerosa do que poderia acontecer consigo
depois de se entregar tã o loucamente. Sentia que suas armaduras tinham sido retiradas e isso lhe mostrava algo que jamais
deixara transparecer para qualquer outra pessoa, fragilidade.

Desviou o olhar, pois se sentia invadida por aquela expressã o doce, entã o ao perceber que sua linda princesa estava
trê mula, viu a decepçã o sombrear sua face linda.

Mirou-a determinada.

-- Eu estou perdidamente apaixonada por ti e sinto que morrerei se nã o te ter ao meu lado. – Falou alto para que
daquela vez nã o houvesse dú vidas.

O medo de Vitó ria foi recompensado por um enorme sorriso, por aquele jeito que lhe seduzira desde o dia que se
encontraram pela primeira vez.

-- E eu estou muito mais do que perdida, estou louca por ti. – Disse com os lá bios colados aos seus. – Estou te
amando como jamais pensei em amar algué m em toda minha vida.

A ruiva a puxou pela nuca, beijando-a delicadamente, sentindo seu corpo desejá -la mais uma vez.

Tocou-lhe o colo, tomando-os em suas mã os, se deliciando com o fato de eles caberem tã o perfeitamente em seu
toque. Redondos, cheios... Seus dedos os exploraram, fazendo-a gemer baixinho.

Maria reclinou a cabeça para trá s, permitindo um acesso maior ao seu corpo. Quando sentiu a boca da poderosa
Mattarazi tomar seus seios pensou que acabaria perdendo as forças e caindo, entã o sentiu as costas sendo apoiadas na
madeira da baia.

A condessa circundava os mamilos, o fazia sem pressa, lambia, brincava e chupava ora bruscamente, ora delicada.

-- Eu poderia morrer fazendo isso... – Sussurrava.

-- Se continuar assim, ain... Eu que morrerei...

Vitó ria voltou a itá -la.

-- Nã o quero isso... – Baixou o braço, tocando o sexo molhado. – Só se for de prazer.

A jovem viu aquele sorriso charmoso, preguiçoso... Depois, levantou a perna, apoiando no quadril da empresá ria.

Sentia os dedos explorando-a, mas o fazia de forma tã o delicada, cuidadosa... Mexeu o quadril para incentivá -la...

-- Calma, meu amor... Nã o quero machucá -la como da ú ltima vez... Quero que seja gostoso...

Clara achou tã o fofa a preocupaçã o demonstrada por aquela mulher tã o bruta que sentiu vontade de chorar.

-- Você nã o vai me machucar, linda condessa, eu a quero tanto, meu corpo a quer dentro de mim... – Segurou-lhe a
mã o, levando-a ao centro do seu prazer.

A ruiva se deixou conduzir, sem deixar de olhá -la, penetrou-a, e icou extasiada ao senti-la tã o receptiva, tã o
excitada... Sentia o mel lambuzar-lhe a mã o.

Maria escondeu o rosto em seu pescoço.

-- Eu quero mais... Muito mais... – Pedia rouca.

A bela Mattarazi ouviu o protesto quando cessou os movimentos, mas lhe calou com um beijo. Conduziu-a até o
feno, deitando-a.

Clara abriu-se para acolhê -la entre suas pernas, se deliciando com o contato tã o intimo dos sexos. Ambos estavam
molhados, escorregadios... Vibrantes...

-- Abra-a para mim... – Vitó ria pediu, sentando-se sobre ela.

A linda princesa fez o que lhe fora pedido e gemeu alto ao sentirem tã o presas... Encaixadas perfeitamente...

-- Ah condessa... – Falava e rebolava mais rá pido.

A ruiva ditou um ritmo gostoso, lento, como se estivesse a ensina-lhe um novo passo de dança... Um tango perfeito
aos seus sentidos...

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Os sons das fricçõ es poderiam ser ouvidos, junto aos gemidos roucos da Branca de Neve e as palavras desconexas
da fazendeira.

Poré m, Vitó ria parou, ela sabia que se continuasse assim, rapidamente seria dominada pelo prazer supremo e nã o
era aquilo que desejava naquele momento.

-- Por favor, amor... – Clara choramingou.

-- Calma, Branca de Neve... – Deitou-se sobre ela novamente. – Eu també m desejo comer a sua maçã ...

Clara parecia prestes a protestar, mas ao sentir o beijo entre suas pernas, pareceu rever sua raiva e frustraçã o...

A ruiva sorriu... Em seguida abriu-a para si, mesmo com a penumbra, poderia ver a doce lor que se mostrava tã o
delicada para si.

Lambeu a virilha... Tentando nã o se aproximar tanto daquele prazer que a chamava... Beijou a parte internas das
coxas... Com o polegar massageou a doce e rosada maçã ...

-- Vitó ria...

A veteriná ria estava icando louca de tanto desejo...

A condessa obedeceu prontamente... Colando os lá bios no sexo molhado, chupando o mel que escorria, sugando
toda a essê ncia de sua fê mea... Invadiu-a com a lı́ngua e ouviu o grito da amada... Nã o parou... Começou a invadi-la
incessantemente, sentindo-a cada vez mais descontrolada...

Quando pensou que sua princesa seria dominada por um gozo poderoso, foi empurrada, enquanto a jovem
Duomont sentava, trazendo-a para si, encaixando-se num emaranhado de pernas, até que os sexos estivessem em total
harmonia.

-- Eu quero seu prazer dentro de mim... Eu quero que seu desejo domine o meu...

O manear dos quadris, o roçar dos corpos foram ganhando um ritmo maior, até ambas serem dominadas por um
orgasmo tã o poderosos, deixando-as totalmente entregues ao grande amor que se rebelava em uma explosã o de prazer.

Clara deitou, trazendo-a para sobre seu peito, acariciando os cabelos afogueados, sentindo as batidas dos seus
coraçõ es se acalmarem.

Marcelo observou o ilho entrar esbaforido pela porta.

-- Onde você estava? – Indagou preocupado.

O rapaz nã o respondeu.

-- Onde você estava? – Segurou-lhe pelo braço. – Frederico me ligou e disse que você esteve lá , pois queria casar
com a Clara e doar sua herança para salvar a fazenda. – Apertou mais. – Sua herança nã o será usada para isso, temos nossos
pró prios problemas para resolver.

O jovem se desvencilhou do toque.

-- Seus problemas, pois a ú nica coisa que quero é ter a Maria Clara.

-- Nã o seja idiota. – O homem a repreendeu. – Sua mã e foi embora e disse que vai dar entrada no divó rcio e pior, ela
quer me tirar tudo.

-- E o que o senhor queria?

-- Eu nã o quero saber, quero que você vá comigo até nosso advogado e peça para antecipar sua herança. – Exigiu.

Marcos gargalhou.

-- Eu só posso receber quando me casar e eu só caso se for com a Maria Clara Duomont.

O prefeito o viu subir as escadas.

Precisava fazer algo para conseguir aquele dinheiro, tinha muita coisa para resolver e agora com essa histó ria de
separaçã o, tudo ainda estava pior.

Preparou uma dose de uı́sque, em seguida sentou no sofá e icou bebericando pensativo.

Se seu plano tivesse dado certo, naquele momento ele estaria com a fazenda Mattarazi nas mã os e a bela Helena ao
seu lado, mas tudo saı́ra errado e sua amante entrara naquele carro e sua vida fora ceifada precocemente.

Agora mais uma vez a condessa estava em seu caminho. Aquela famı́lia parecia amaldiçoada, estava sempre
atrapalhando seus planos.

Começou a girar o copo.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Só havia uma soluçã o, tirar a bela Vitó ria do seu caminho. Pensara em seduzi-la, mas aquela mulher parecia feita
de gelo, entã o só tinha um jeito, matá -la. Ló gico que seria um desperdı́cio, a inal, a ruiva era muito bonita e ele nã o gostava de
macular obras de artes, poré m ela insistia em atrapalhar seus planos.

Bebeu de uma vez o conteú do do copo.

-- Condessa...

Clara despertou ao ouvir a voz de Batista que parecia muito pró xima.

Depois de fazerem amor, acabaram dormindo.

Vitó ria abriu os olhos, parecia confusa.

-- Condessa...

-- Estou aqui, Batista. – Adiantou-se, tentando impedi-lo de vê -las ali.

A ruiva segurou Maria Clara, pois ela parecia desesperada em busca de suas roupas.

-- Calma. – Sussurrou em seu ouvido.

-- Algum problema, Batista? – Indagou, sentando-se.

Os passos do homem cessaram, deixando a jovem Duomont aliviada.

-- Apenas iquei preocupado porque vi o seu carro e nã o a vi, e aqui está escuro... – Deu uma pausa. – També m já é
tarde e nã o vi a senhorita Clara.

A condessa lhe deu um beijo rá pido.

-- Nã o se preocupe, ela deve estar por aı́.

-- Tá certo. – O home disse por im. – Vou para casa.

-- Vá , pode ir descansar.

Quando Clara percebeu que o administrador tinha saı́do, ela tentou levantar, poré m a ruiva segurou pela cintura,
fazendo-a sentar em seu colo.

-- Nã o, precisamos sair antes que algué m nos pegue aqui. – Tentou se livrar dos abraços.

-- Ningué m vai vir... – Beijou-lhe os lá bios.

-- Nã o me arriscaria a tanto...

A condessa suspirou.

-- Está bem. – Beijou-lhe o nariz.

Ajudou-a levantar, recolheram as roupas, se vestiram em silê ncio, mas a ruiva a abraçou antes que ela saı́sse do
está bulo.

-- Encontro você em nosso quarto? – Perguntou.

Maria Clara sorriu.

-- Com certeza, minha senhora.

Vitó ria a observou se afastar.

Encostou-se a baia, passou a mã o pelos cabelos.

Nã o tinha mais como negar. Estava claro seus sentimentos pela bela Duomont. Amava-a tanto que chagava a doer,
desejava-a ao seu lado, queria tê -la nã o só em sua cama, mas em sua vida, poré m temia que o passado estragasse tudo aquilo,
temia que seu ó dio fosse maior do que seu amor, temia sofrer mais uma vez. Nã o era acostumada a baixar a guarda e isso a
estava assustando.

Maneou a cabeça para espantar aqueles pensamentos que agora começavam a incomodar.

Clara banhou, em seguida desceu para jantar, poré m nã o encontrou a condessa.

-- Tudo bem, menina? – Maria indagou a jovem.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Estou sim. – Sorriu.

-- Parece distraı́da... – Disse observando-a com atençã o.

A Duomont levou a colher de sopa a boca e tentou evitar que o vermelho tingisse seu rosto.

-- Está uma delı́cia...

Nã o sabia o motivo, mas tinha a impressã o que a empregada sabia de tudo que tinha se passado algumas horas
antes.

-- A condessa está uma fera. – A mulher dizia e a itava. – Está em seu escritó rio com os seguranças, parece que
algué m permitiu a entrada do ilho do prefeito.

A jovem apenas assentiu, sem falar nada.

Maria sentou e lhe segurou as mã os.

-- Nã o quero que se machuque, menina, tome cuidado com a Vitó ria.

-- Ela é tã o má assim? – Indagou preocupada.

A boa senhora negou com um gesto de cabeça.

-- A menina de cabelo de fogo nã o é má , ela foi apenas uma vı́tima das circunstâ ncias. – Deu uma pausa. – Eu me
lembro de quando ela chegou aqui, era uma princesa. – Sorriu. – Aqueles olhinhos verdes, a pele corada...

-- O que houve com a mã e dela? – Deixou a comida de lado, interessada em saber sobre a mulher que amava.

-- Morreu... – Disse tristemente. – O parto foi muito difı́cil, ela nã o conseguiu... – Passou a mã o nos olhos. – Era uma
jovem tã o linda, tinha toda a vida pela frente...

-- Você a conheceu?

-- Sim...

-- Ela nã o tinha famı́lia? Por que a Vitó ria fora criada pelo conde, pelo que sei a esposa dele odiava a ilha bastarda.

Maria parecia pensativa, perdida em suas cogitaçõ es.

-- O conde foi pressionado por sua mã e a criar a garota. A senhora Mattarazi temia que a neta crescesse e levasse o
nome da famı́lia para a lama.

-- Entã o, ningué m a queria... – Constatou chocada.

-- Apenas o menino Vitor a quis. – Sorriu. – Ele a amava, a protegia e nã o permitia que ningué m a ferisse.

-- E a esposa do conde?

Maria torceu a boca.

-- Eu nunca vi uma mulher tã o sem coraçã o como aquela. O seu passatempo preferido era espancar a enteada. – As
lá grimas nã o puderam ser controladas. – A Vitó ria era apenas uma criança... – Soluçava. – Nã o tinha como se defender.

Clara deu a volta e abraçou os ombros da senhora.

Ouvir cada palavra só a fazia pensar como fora triste a vida da condessa. Seu coraçã o doı́a por ela, doı́a por tudo
que ela passara quando nã o tinha como se defender.

-- E o conde?

-- Esse era um demô nio que nunca se importara com a ilha, apenas vivia com suas tantas mulheres.

A condessa estava possessa.

Esbravejava com os seguranças, demitiu a todos. Sabia que um ou mais deles deixaram o ilho do prefeito invadir
suas terras e isso ela nã o admitiria.

Bateu com o chicote na mesa.

-- Exijo que todos saiam agora mesmo das minhas terras. Nã o desejo ver a cara de nenhum de você s.

Um dos homens se aproximou.

-- Eu nã o iz nada, senhora, juro pela vida dos meus ilhos que jamais a trairia, necessito do trabalho...

-- Saiam! – A mulher falou determinada.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Todos assentiram e deixaram o escritó rio.

Batista a itou.

Ele icara em silê ncio durante todo o tempo, ningué m contradizia ou questionava aquela mulher, mas agora o bom
homem nã o conseguia aceitar aquela decisã o, pois sabia que aquilo era injusto.

-- Eu nã o acho que seja necessá rio demitir todos...

Vitó ria estreitou os olhos ameaçadoramente.

-- Acho melhor nã o defendê -los. – Falou por entre os dentes.

O homem correu tã o rá pido que nem parecia já está em idade avançada.

Clara esbarrou com Batista.

-- O que houve? Você está bem? – Indagou preocupada.

-- A menina está uma fera. – Disse por im. – Acho melhor evitá -la.

-- O que houve?

-- Ela demitiu todos os seguranças, está furiosa porque o seu noivo entrou na fazenda.

A Duomont observou o administrador se afastar e icou ali parada, pensando se entrava ou nã o no escritó rio. Nã o
desejava uma discussã o, ainda mais agora que tudo estava bem entre elas, poré m nã o conseguia icar indiferente à quele
problema, pois se sentia culpada.

Decidida, entrou.

A condessa estava sentada em sua cadeira, as pernas repousavam sobre a mesa.

Os olhares se cruzaram.

A ruiva a itou, respirou fundo.

-- Algum problema?

Clara seguiu até onde ela estava, icando de pé .

-- Nã o vai jantar? – Perguntou receosa.

Mattarazi a examinou de cima abaixo.

A jovem usava uma camiseta justa e um short jeans que deixava as longas pernas de fora. Os cabelos estavam
presos em um elegante coque.

Sentiu a fome retornar ao seu corpo.

A morena observou o sorriso surgir em sua bela face, exibido, safado. Sentiu o rosto tingir de vermelho ao imaginar
o que se passava na mente daquela mulher.

-- Você ica ainda mais linda com esse rostinho corado. – Umedeceu o lá bio superior com a lı́ngua. – Sente-se,
senhorita. – Apontou-lhe a cadeira. – Sei que está para nã o segurar a vontade de falar.

Maria respirou fundo e soltou o ar lentamente, em seguida, sentou.

-- Eu só acho que nã o deveria demitir toda aquela gente.

Vitó ria fez um gesto para que ela prosseguisse.

-- Eu nã o sei como o Marcos conseguiu entrar, poré m acredito que pelo erro de um ou dois todos devam ser
punidos. – Deu uma pausa. – Eles tê m ilhos, famı́lias para sustentar...

A condessa se levantou, batendo forte sobre a escrivaninha, assustando Maria.

-- Ningué m me trai. – Falou baixo, encarando-a.

A veteriná ria maneou a cabeça em a irmaçã o.

-- Na sua concepçã o, se um trai, todos serã o condenados?

A ruiva mirou os lindos olhos negros e se sentiu tocada.

-- Eu nã o quero falar sobre isso, nã o desejo brigar contigo. – Deu a volta, ajoelhando-se diante dela e segurando
suas mã os.

-- Minha Branca de Neve. – Beijou-lhe cada um dos longos dedos. – Tem ideia de como estou entregue a ti? Tens
ideia do poder que tem sobre mim?

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Nã o, Clara nã o sabia, poré m sabia o quã o estava apaixonada por aquela mulher. Amava-a tanto que temia que seu
coraçã o nã o aguentasse, temia que o que a condessa sentia fosse passageiro, temia que chegasse o momento que enjoasse de
si.

Mirou os lá bios rosados, o superior era um pouco mais carnudo... Tocou-os com a lı́ngua e depois, tomou-os para si
em um beijo cheio de urgê ncia, mas ao ver a outra tã o eufó rica, afastou-a.

-- Está tarde... – Levantou-se. – Amanhã preciso acordar cedo porque preciso cuidar dos animais.

Vitó ria a viu sair e icou frustrada, pensou em ir até ela, mas o telefone tocou, era seu amante Juan.

Clara tomou um banho e deitou.

A condessa nã o fora para o quarto.

Mirou o celular e viu que já era quase dez horas. Notou que havia inú meras ligaçõ es de Marcos em seu aparelho.

Teria que por um im naquele relacionamento o mais rá pido possı́vel, pois sabia que seria impossı́vel continuar
com aquele noivado. Há tempos devia ter tomado aquela decisã o e agora seria preciso fazê -lo.

Marcos era uma pessoa maravilhosa, tiveram momentos lindos juntos. Conhecia-o desde quando eram crianças e
ele sempre lhe protegera e cuidara de si, pois ambos foram criados na capital e na maioria do tempo, só havia o rapaz para
apoiá -la.

Resolveria isso o mais rá pido possı́vel, mesmo nã o sabendo qual seria o rumo que seu relacionamento com a
condessa seguiria.

Vitó ria demorara mais do que o necessá rio. Precisara resolver alguns problemas com Juan sobre a exportaçã o da
cachaça e isso lhe atrasara muito.

Ao entrar no quarto, o ambiente se encontrava em total penumbra.

As janelas estavam abertas e as luzes da noite faziam sombras nas paredes. Conseguiu visualizar a jovem deitada
em sua cama, encolhida em seu canto.

Aproximou-se e ouviu o som suave da sua respiraçã o.

Como aquela garota se tornara tã o rapidamente sua maior fraqueza?

Seguiu para o banheiro. Precisava de um banho. Tirou as roupas, ligou a ducha, pondo-se sob ela, sentindo o
lı́quido lhe relaxar os mú sculos.

Havia uma confusã o tã o grande dentro de si. Sentimentos e sensaçõ es pareciam em confrontos e pela primeira vez
em tanto tempo se sentia insegura e nã o sabia como agir.

Deixou o Box, secou-se, aplicou hidratante ao corpo, escovou os dentes, vestiu o roupã o e retornou ao quarto.

Deitou-se de costas e icou ali, quieta, apenas sentindo... Tentando nã o pensar...

Colou o corpo ao da Duomont, sussurrando em seu ouvido.

-- Eu a quero... Necessito de ti...

Clara pensou estar sonhando, mas os toques em seus seios pareciam bem reais...Sentiu os dedos explorando sua
feminilidade... Com muito esforço, conseguiu abrir os olhos, deparando-se com a face linda e sedutora da bela condessa,
mesmo escuro, podia ver os olhos a itando.

-- Vitó ria... – Disse baixinho.

Seus protestos foram interrompidos por um beijo cheio de paixã o e urgê ncia. Sua camisola fora tirada de forma tã o
brusca que precisaria de uma nova, mesmo assim acolheu-a sem seu corpo, acolheu-a, sentindo-a tensa, agoniada, perdida...

-- Diga que me pertence... – Exigia.

A veteriná ria a sentia sobre si, poderosa, arrogante e orgulhosa em seus gestos...

-- Fale...

Clara sentiu o sexo sendo invadido e gritou... Recebeu-a... Languida... Molhada...

-- Condessa...

-- Minha... Só minha...

-- Sua...

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Mais uma vez os corpos se fundiram, consumidas pelo prazer e por uma poderosa força a lhes dominarem.

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Capitulo 23 por gehpadilha


Clara sentiu braços circundando sua cintura e adorou aquela sensaçã o. Abriu os olhos lentamente. O quarto
estava envolvido na penumbra, mas há tempos o galo já havia cantado anunciando um novo dia.

Lentamente, virou-se para ela. Seus olhos se acostumaram com a escuridã o, conseguindo assim visualizar a bela
mulher que dormia tranquilamente ao seu lado. Os cabelos ruivos em desalinhos, os lá bios entreabertos...

Sorriu!

Por um momento por sua cabeça passou uma imagem maravilhosa. Um bebê da poderosa condessa. Será que ele
herdaria aquele ar de arrogâ ncia e aquele sorriso debochado, ou seria agraciado com as madeixas afogueadas e o verde mais
belo de todos?

Ouvia-a resmungar e achou engraçado.

Fitou o seio que tinha sido desnudado pelos movimentos e sentiu uma forte contraçã o no ventre.

Como podia nã o ter o controle do pró prio corpo? Bastava um toque ou uma simples insinuaçã o e nã o havia
forças para resistir ao desejo de se entregar a ela. Nã o tinha mais como negar o amor que sentia, mesmo sabendo que havia
muito para ser enfrentado, pois nã o seria fá cil lidar com o temperamento de Vitó ria, ainda mais pela raiva que ela sempre
demonstrava por sua famı́lia, por seu avô ... Sua tia...

Será que era verdade que Helena tinha destruı́do a vida do futuro conde?

Lembrava que quando veio passar as fé rias na fazenda presenciara uma discussã o da tia com o avô devido a um
relacionamento que ela tinha, poré m nã o fora o nome de Vitor Mattarazi que fora dito, outro homem fora mencionado, mas
ela nã o conseguia recordar de quem se tratava. Ouviu os gritos de Frederico dizendo para que ela terminasse a relaçã o... Mas
quem era?

Pouco tempo depois disso, fora anunciado o casamento e todos pareceram felizes com o arranjo. Fora ao enlace.
Todos pareciam encantados com o jovem casal. Lembrava-se do olhar de Vitó rio, a pomposa Kassandra e o belo herdeiro,
apenas a ilha bastarda nã o estivera presente a elegante festa.

Procuraria o pai e perguntaria sobre Helena, decerto, ele poderia esclarecer todas as suas dú vidas.

Levantou-se.

Iria tomar um banho e depois iria cuidar dos animais.

Frederico lia o jornal matinal à mesa de café da manhã . Ao ver o ilho e a nora descerem e se aproximarem,
cumprimentou-os entusiasmadamente.

-- Bom dia, queridos, estava esperando para que compartilhassem comigo desse maravilhoso desjejum.

Felipe mirou a mesa e icou surpreso com o sortimento de alimentos que ali estavam, a inal, havia uma terrı́vel
crise inanceira que nã o davam mais a eles direitos a tanto luxo.

-- De onde veio dinheiro para tudo isso? – Indagou preocupado.

O fazendeiro deixou o perió dico de lado.

-- Recebi uma grana que estavam me devendo e iz umas compras.

Clarice sentou e começou a se servir.

-- Eu adorei. – Tomou um pouco de suco. – Pena que nã o há empregados para nos servir.

-- Em breve isso será resolvido. – Passou geleia na torrada. – Vamos aproveitar isso que temos agora.

Felipe parecia está tico, observando tudo, até que encarou o pai.

-- O senhor deveria estar juntando dinheiro para livrar a minha ilha das mã os da condessa. – Bateu forte na
mesa. – Nã o quero nada, só desejo que pague a sua maldita dı́vida e a Maria Clara possa voltar para casa.

A esposa lhe tocou o ombro.

-- Tudo vai se resolver, amor, em breve a Clarinha vai estar com a gente.

O homem lhe afastou a mã o, itando-a ameaçadoramente.

-- Aproveite da comida, pois a minha apetite já acabou.

Frederico observou o ilho se afastar e continuou no mesmo lugar, voltando a comer depois de alguns segundos.

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Vitó ria tinha acordado e nã o encontrara a amada ao seu lado.

Fitou o reló gio e percebeu que já estava um pouco tarde. Há tempos nã o dormia tanto.

Espreguiçou-se demoradamente.

A noite fora deliciosa. Seu corpo ainda sentia as marcas da paixã o, nos lençó is ainda estava o cheiro da doce
princesa, do desejo de ambas...

Mordeu o lá bio inferior.

Faria qualquer coisa para ter de initivamente Maria Clara Duomont para si. Ela era sua e nada, nem ningué m lhe
tomaria de sua vida. Sabia o que deveria ser feito para prendê -la, para torná -la totalmente sua mulher.

Batidas na porta lhe tiraram dos seus pensamentos.

Clara sorriu ao ver Branca de Neve tã o mais acessı́vel aos seus carinhos. Nã o parecia mais arredia, nem
tampouco arisca.

Sabia que em breve poderia montá -la sem medo, pois aquela linda é gua já lhe pertencia, do mesmo jeito que seu
coraçã o pertencia a ela desde o dia que a viu no leilã o.

Acariciou-lhe a crina brilhante.

Quem sabe poderia voltar a praticar equitaçã o, a inal, tinha uma bela espé cime e sabia que ela nã o lhe
decepcionaria em nenhum quesito. Entregou-lhe uma maçã e o animal a recebeu de bom grado.

-- Doutora...

Ao virar-se se deparou com um dos empregados da fazenda.

-- Sim?

O rapaz retirou o chapé u em um gesto educado.

-- Temos uma vaca em trabalho de parto, mas as coisas se complicaram, pois ela fora ferida por um tiro e
tememos que o ilhote e a mã e nã o sobrevivam. – Disse rapidamente.

-- Onde ela está ? – Indagou preocupada.

-- No curral. – Apontou. – Pode vir comigo?

-- Sim, sim, estou indo para lá , mas antes quero que vá buscar o meu material...

O empregado nem mesmo esperou ela terminar e saiu correndo até a clı́nica, enquanto a jovem seguia para o
lugar indicado.

-- Como ? – A condessa indagava impaciente.

Mattarazi estava no escritó rio. Fora arrancada da cama pelo administrador, tivera tempo apenas de tomar um
banho rá pido.

-- Bem, simplesmente, roubaram trê s dos seus preciosos animais.

Vitó ria se levantou, batendo o punho fechado sobre a mesa.

-- E você me fala assim? Simplesmente como se algué m tivesse pegado emprestado algo e logo devolveria. – Disse
por entre os dentes.

-- A senhorita demitiu todos os seguranças... – Disse baixinho.

-- Entã o a culpa agora é minha?

-- Eu nã o disse isso, apenas a irmo que nã o havia nenhum tipo de segurança para coibir esse tipo de açã o.

A condessa abriu a boca para falar algo, mas pareceu ter mudado de ideia, respirou fundo e soltou o ar
lentamente.

-- O que precisamente aconteceu? – Perguntou depois de alguns segundos.

-- Levaram trê s animais e atiraram em duas vacas, uma morreu e a outra está em situaçã o difı́cil.

-- Como ousaram fazer tamanha maldade? – Passou a mã o pelos cabelos. – Vá buscar a delegada agora mesmo.

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O homem nã o esperou uma segunda palavra, saiu rapidamente indo cumprir as ordens da patroa.

Vitó ria sabia quem estava por trá s daquela sujeira, tinha quase certeza de que os Duomonts estavam envolvidos
nisso.

Estava tã o furiosa que temia nã o se controlar por muito tempo.

Clara estava chocada com a maldade que izeram com o pobre animal.

Ela ainda estava vida e ao itar os olhos do bicho, sentiu um aperto no peito, era como se ele lhe implorasse por
ajuda... Para que salvasse seu ilhote.

Pegou o material que o empregado lhe trouxe, lavou as mã os, colocou as luvas... Fez uma prece silenciosa, pois
temia nã o poder salvar nem a mã e e tampouco o ilho. Ao escutá -la, percebeu que o coraçã o da cria ainda batia, entã o estava
vivo, mas resistiria? A inal, faltavam alguns dias para que ele estivesse pronto para vir ao mundo.

A condessa seguiu até o curral e encontrou os peõ es formando um cı́rculo.

-- Saiam daqui, voltem para o seu trabalho. – Gritou.

Os homens se dissiparam rapidamente, icando apenas um que estava auxiliando a veteriná ria.

Observou o sangue, o animal que jazia quase morto e o empenho que a jovem que ali estava fazia para salvar a
vida do bicho.

A raiva que sentia dos Duomonts parecia ter chegado ao limite.

Levantou-a bruscamente pelo braço.

-- Deixe-a, ela já está morta. – Disse irmemente.

Clara a itou confusa.

-- O ilhote ainda está vivo... – Retrucou.

Vitó ria a encarou, estreitando os olhos ameaçadoramente, apertando-lhe o braço.

-- Para que salvar? – Gritou. – Para a sua maldita famı́lia entrar aqui e tentar matar novamente.

A jovem se desvencilhou do toque.

-- Farei o que for possı́vel para salvá -lo e nã o permitirei que me impeça.

O peã o observou a patroa icar ainda mais irritada, enquanto a jovem retornava ao seu trabalho.

A condessa icou ali parada durante algum tempo, observando a determinada Duomont abrir o animal com
grande perı́cia e icou surpresa ao perceber que o novilho realmente tinha sobrevivido.

Afastou-se.

Valentina chegou rapidamente à fazenda e encontrou a condessa na usina.

-- Pensei que nã o viria mais. – A ruiva disse ao vê -la. – Sente-se. – Apontou uma cadeira.

A delegada ignorou a ordem e continuou de pé .

-- Batista já me adiantou o que aconteceu, abrirei uma investigaçã o para apurarmos os fatos.

Vitó ria relanceou os olhos.

-- Você nunca faz nada, nunca encontra os culpados, mas dessa vez eu exijo que faça as coisas direitos.

-- E quem é você para me dizer como fazer as coisas? – Bradou irritada.

-- Porque a senhora só consegue fazer um bom trabalho quando sou eu a sua presa.

-- Olha, condessa, eu nã o vou icar aqui ouvindo suas acusaçõ es.

-- Prenda Frederico Duomont! – Disse por entre os dentes.

Valentina maneou a cabeça negativamente.

-- Nã o há provas que tenha sido ele a fazer isso.

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Mattarazi pegou uma garrafa que estava sobre a mesa e a espatifou na parede.

-- Entã o encontre as provas, pois esse é o seu trabalho. – Bradou.

A delegada a itou mais uma vez e saiu pisando duro.

Vitó ria voltou a sentar, tentava manter a calma, respirando lentamente.

Batidas na porta antecederam a entrada de Larissa.

-- Bom dia, condessa. – Cumprimentou-a sorrindo. Caminhou até ela. – Você está bem?

A ruiva passou as mã os pelos cabelos.

-- Alguns problemas... – Disse por im. – Convidou-a a sentar. – Deseja falar comigo?

-- Sim, poré m nã o quero incomodá -la. – Sentou. – Posso ajudar em alguma coisa?

A condessa inclinou a cabeça para trá s, cobrindo o rosto.

A engenheira levantou-se, deu a volta, posicionando-se por trá s da empresá ria. Tocou-lhe os ombros lentamente,
iniciando uma massagem.

-- Você está muito tensa, relaxe... – Falava baixinho.

-- Onde está a condessa, Batista?

Clara estava feliz por ter salvado o ilhote, infelizmente a mã e nã o resistira aos ferimentos e morreu. Agora era
necessá rio que o novilho recebesse cuidados para terminar sua formaçã o.

-- Está no escritó rio da usina. Algum problema?

-- O novilho precisa ser levado para um hospital, pois é necessá rio que sua formaçã o termine, caso contrá rio, ele
poderá nã o ter muitas chances.

-- Entã o vamos falar imediatamente com ela.

Ambos seguiram apressados até a usina. Nã o era distante, entã o nã o demoraram a chegar lá .

O garanhã o pastava ali perto, sinal que a ruiva ainda estava lá .

A secretá ria nã o estava em sua mesa, entã o, os dois visitantes entraram sem ao menos bater.

Clara observou a curiosa cena.

A condessa estava confortavelmente sentada em sua cadeira, havia tirado a jaqueta e naquele momento usava
apenas uma camiseta, enquanto uma bela morena lhe tocava os ombros, massageando-a.

Larissa nã o pareceu se incomodar com os intrusos.

-- O que querem agora? – Vitó ria indagou. – Por que nã o se anunciaram?

-- Perdã o... – Batista começou.

-- Nã o peça desculpas. – A Duomont tocou-lhe o braço. – Eu quis vir. – Encarou a empresá ria. – Preciso que
providencie que o bezerro seja levado para uma clı́nica.

-- Precisa? – A ruiva arqueou a sobrancelha. – Nã o vi um pedido em suas palavras.

-- Talvez, porque eu nã o esteja pedindo... – Levantou o queixo desa iadoramente.

Vitó ria tocou as mã os da engenheira, depois levou-as aos lá bios.

-- Obrigada, Larissa. – Levantou-se. – Nã o sabe como seu toque me fez relaxar.

A jovem sorriu.

-- Quando precisar, sabe onde me encontrar.

A morena lhe beijou a face, em seguida saiu.

Clara desviou o olhar.

A condessa fez um gesto para que ambos se sentassem.

-- Nã o tenho tempo para isso, só preciso que providencie o que eu disse.

-- Eu perdi cinco animais, um a mais nã o fará diferença. – Disse irritada.

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-- E uma vida que está em jogo e se a senhora nã o providenciar a transferê ncia do novilho adequadamente, eu o
levarei de qualquer jeito, mas nã o o deixarei morrer sem que algo possa ser feito por ele. – Falou determinada.

Vitó ria estreitou os olhos ameaçadoramente, mas fez o que ela tinha dito.

Bastaram algumas palavras e tudo foi resolvido.

-- Pode ir, Batista. – Dispensou o administrador. – Você tem coisas mais importantes para fazer do que icar aqui
perdendo tempo.

O homem assentiu e saiu.

A veteriná ria continuou parada no mesmo lugar. A ruiva caminhou até ela, segurando-lhe irme pelo pulso.

-- Quem te deu o direito de falar comigo assim na frente de outras pessoas. – Fitou-a. – Nã o esqueça a posiçã o
que você ocupa aqui.

Clara tentou se desvencilhar, mas dessa vez nã o foi tã o fá cil.

-- Solte-me! – Exigiu.

-- E se eu nã o quiser? – Provocou-a com um sorriso. – O que vai fazer?

A jovem mirou os olhos verdes e pode ver a provocaçã o dançar ali.

-- Deixe-me em paz...

-- Por que está bravinha? – Aproximou a boca da dela. – Está com ciuminho? – Esboçou um sorriso enorme. –
Está com ciú mes da minha bela engenheira?

-- Para mim, você pode se deitar com quem quiser, isso nã o me interessa... – Disse baixinho. – Só nã o pense que
deitará comigo novamente.

Ela viu o maxilar da condessa enrijecer.

-- Deito com ela e depois deitarei contigo... Quem garante que ontem eu nã o estive com a Larissa e depois com
você ? – Provocou-a.

Vitó ria viu os olhos negros se encherem de lá grimas e na mesma hora se arrependeu do que tinha dito, mas a
Duomont conseguiu se livrar do toque, saindo correndo da sala.

A ruiva tentou alcança-la, mas ao saı́rem da usina, Clara montou no Bastardo que se encontrava pastando ali
perto.

Gritou seu nome, mas ela já saia desembestada. Pegou o cavalo de um dos peõ es e seguiu tentando alcançá -la.

Chamou-a mais uma vez, mas foi inú til.

Sentia-se arrependida por tê -la provocada daquele jeito. Pela primeira vez em sua vida a dor de outra pessoa a
tocou profundamente. Odiava-se por tudo o que fez naquela manhã desde que a viu, desde que descarregara nela toda sua
frustraçã o, até tê -la humilhado falando coisas que tinha certeza que a machucariam

Esporeou mais o animal, entã o foi quando viu a jovem ser atirada violentamente ao chã o.

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Capitulo 24 por gehpadilha


Vitó ria desmontou rapidamente e correu até onde a jovem jazia caı́da.

Agachou-se e percebeu que a garota estava desacordada e havia um corte profundo na lateral de sua cabeça.

Sabia que nã o deveria mexê -la, mas estava muito assustada, pois mal conseguiu ouvir sua respiraçã o quando lhe
tocou a lateral do pescoço.

-- O que houve? – Batista correu até ela. – O que houve com a menina Clara?

A condessa o itou.

-- Chame o mé dico, traga algué m, por favor... – Pedia aos prantos.

O administrador parecia chocado com a imagem da poderosa mulher chorando copiosamente, mas se apressou
para cumprir as ordens.

-- Clara, meu amor, me perdoa... – Soluçava. – Eu nã o quis machucá -la, jamais pensei que algo assim pudesse
acontecer...

Retirou o cabelo que cobria seu rosto.

Pegou o celular que estava no bolso e discou o nú mero de Miguel. Com poucas palavras explicou o que tinha
acontecido e ele a aconselhou a nã o remover a garota até que chegasse o socorro. Antes de desligar, prometeu ir rapidamente
ao seu encontro.

Ao desligar, recebeu uma nova chamada.

Era o mé dico que dizia já está a caminho, pois estava atendendo um paciente ali perto, entã o em menos de dez
minutos chegaria.

Alguns peõ es se aproximaram, pareciam curiosos, poré m logo se afastaram temendo por uma explosã o da
patroa.

Vitó ria estava quase surtando, pois parecia que ningué m as socorreria.

Levantou-se, frustrada, entã o viu um carro se aproximando rapidamente, estacionando e o mé dico indo até elas.

-- O que houve? – O homem dizia tentando examinar os sinais vitais

-- Ela caiu.., caiu do cavalo. – Agachou-se. – Diga que ela vai icar bem...

-- Ela está viva, mas precisamos com urgê ncia levá -la para a capital.

-- Por quê ?

-- Nosso hospital nã o tem nenhuma condiçã o de cuidá -la.

A condessa se levantou, fez uma ligaçã o e depois se voltou para o mé dico.

-- O helicó ptero pousará mais a frente.

O mé dico assentiu.

Temia que algo pior ocorresse com a jovem Duomont. Sabia que precisariam de atendimento mé dico
especializado e rá pido, pois quanto mais tempo icasse desacordada pior seriam as consequê ncias.

Miguel avisou aos Duomonts do que tinha ocorrido com a Maria Clara, em seguida seguiu para a capital. Encontrou
a condessa caminhando de um lado para o outro no corredor do enorme hospital.

-- Como ela está ?

Vitó ria itou o advogado.

O rapaz a encarou e percebeu como a sobrinha estava sofrendo. Nunca a viu chorar por nada e nem por ningué m,
mas naquele momento o lindo rosto da ruiva estava trans igurado pela dor e pelas lá grimas.

Miguel a abraçou e ouviu os soluços sendo sufocados em seu pescoço.

-- Foi minha culpa... Minha... Só minha...

O advogado lhe acariciou as madeixas.

-- Nã o, minha pequena, nã o foi sua culpa, foi uma fatalidade...

-- Nã o! – Afastou para lhe olhar nos olhos. – Eu a provoquei... A iz perder o controle...

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-- Ela vai icar bem... – Aconchegou-a novamente em seu peito. – Vamos esperar e daqui a pouco o mé dico virá e
dirá que tudo se resolverá .

Felipe icou desesperado ao saber do acidente sofrido pela ilha.

Rapidamente, seguiu para o quarto para arrumar uma pequena valise, pois seguiria imediatamente para o lado de
Clara.

-- Irei contigo! – Clarice entrou esbaforida. – Quero vê -la.

O vereador a itou.

-- Você se importa com ela? – Fitou-a. – Só se importa com o maldito dinheiro. – Tentou sair, mas a esposa o deteve
pelo braço. – Deixe-me ir.

-- Por favor, nã o seja tã o cruel comigo. – Choramingou. – Amo a minha ilha e quero estar ao lado dela nesse
momento...

Felipe mirou-lhe os olhos e icou a ponderar por algum tempo.

-- Ok, arrume suas coisas. Espero-te lá embaixo.

A mulher assentiu, enquanto o marido seguia. Encontrou Frederico que subia as escadas.

-- Estou indo para capital, quero ver a minha ilha.

O fazendeiro fez um gesto a irmativo com a cabeça.

-- Irei procurar a delegada e fazer uma denú ncia contra Vitó ria Mattarazi, tenho certeza que esse acidente tem o
dedo dela.

Felipe nã o retrucou, apenas seguiu até o carro para esperar a esposa.

Vitó ria estava sentada na sala de espera junto com Miguel quando uma mé dica de meia idade entrou.

-- Você s sã o os responsá veis por Maria Clara Duomont?

A condessa se levantou imediatamente, assentindo.

-- Eu sou a doutora Jane, sou a neurologista que está atendendo a jovem.

-- Como ela está ? – A ruiva perguntou sem esconder a preocupaçã o.

-- Fizemos alguns exames e nã o encontramos lesõ es aparentes em seu crâ nio. Teve fraturas na perna esquerda,
mas aos poucos se recuperará .

Miguel abraçou a sobrinha, entusiasmado.

-- Entã o ela está bem? – O advogado indagou. – Podemos vê -la?

Jane fez um gesto negativo com a cabeça.

-- Mesmo nã o tendo encontrado nenhuma lesã o, ela ainda continua inconsciente e isso é preocupante.

-- Mas a senhora disse que nã o estava tudo bem... – A condessa parecia alterada.

-- Sim, poré m teremos que esperá -la acordar, pois o cé rebro icou algum tempo sem oxigê nio e isso é algo sé rio e
preocupante.

-- Mas você s nã o vã o fazer nada? – A ruiva gritou. – Que droga de hospital é esse que nã o consegue fazer algo por
uma paciente que está desacordada.

-- Eu peço que se acalme, senhorita. – A mé dica pediu. – Estamos fazendo o que é humanamente possı́vel.

-- Pois agora mesmo pedirei a transferê ncia dela para outro lugar onde a equipe mé dica seja mais capacitada.

Miguel se intrometeu, mas a condessa se desvencilhou do toque e saiu pisando duro.

-- Peço que a perdoe, ela está muito preocupada.

A mulher suspirou exasperada.

-- Espero que ela se acalme e mude de ideia, pois nã o aconselho que a paciente seja removida mais uma vez.

O advogado assentiu, enquanto a especialista se afastava.

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Valentina seguiu até a fazenda quando recebeu a denuncia de Frederico.

Ao chegar ao local, pediu para ver o cavalo e a sela.

Batista a levou até o está bulo, em seguida lhe mostrou a montaria.

-- Ela foi cortada. – A delegada falou em voz alta. – Algué m a sabotou.

-- Quando a recolhi foi a primeira coisa que percebi, nã o tive tempo de falar com a condessa, entã o a guardei aqui.

A esposa de Miguel parecia surpresa com o que via, pois o que poderia constatar a priori é que nã o era para a
Maria Clara cair do cavalo, tudo fora armado para que Vitó ria Mattarazi sofresse um acidente.

Massageou as tê mporas.

Precisava descobrir quem estava por trá s daqueles crimes.

-- Preciso dos nomes de todos os seguranças que foram demitidos. – Falou determinada. – Preciso da icha
completa deles.

O administrador assentiu.

-- Tudo se encontra no escritó rio. Venha comigo que lhe entregarei.

Valentina seguiu o empregado da condessa.

Investigaria pessoalmente tudo o que estava ocorrendo e de uma vez por todas descobriria quem estava por trá s
de toda aquela sujeira.

Vitó ria fora dissuadida de transferir Clara de hospital.

Já era noite e só naquele momento conseguira permissã o para entrar no quarto onde a jovem estava.

Aproximou-se.

Fitou a Duomont e sentiu um aperto no peito ao vê -la deitada naquela cama, enquanto vá rios aparelhos estavam
conectados a ela.

Observou o corte em sua fronte.

-- Perdoe-me, minha doce Branca de Neve. Por favor, acorde, meu amor, volte pra mim...

As lá grimas da condessa nã o pareciam ter im, talvez por sua culpa ou pelo medo de perder a pessoas mais amava
em todo o universo. Tinha consciê ncia do que tinha feito, sabia que ferira a amada, tivera tarde de mais noçã o da dor que lhe
in ligia.

Puxou a cadeira e icou lá , apenas observando-a.

Estava pá lida e parecia tã o sem vida. Lembrou-se da noite anterior, de como se amaram intensamente, de como se
entregaram de corpo e alma à quele sentimento poderoso que chamavam de amor.

As vezes icava a imaginar se nã o fora amaldiçoada com sua concepçã o impura. O estigma de bastarda só lhe levara
pelo caminho da dor e do desprezo, havendo apenas algué m que a amara apesar de tudo isso, mas ele partiu tã o cedo e agora
o mesmo acontecia com a mulher que roubara seu coraçã o.

Felipe encontrou Miguel.

-- Onde está minha ilha?

O advogado nã o icou surpreso com a presença dos Duomonts, a inal, Maria Clara nã o estava bem e era ló gico que a
famı́lia quisesse icar perto.

Em poucos minutos resumiu tudo o que estava acontecendo, observava a expressã o pesarosa de Felipe e mesmo
que fosse difı́cil acreditar a pró pria Clarice demonstrava estar sofrendo muito naquele momento.

-- Quero vê -la. – A pomposa senhora falou. – Quero icar ao lado da minha menina.

Vitó ria saia do quarto quando encontrou a famı́lia que sempre tentara destruir sua vida.

-- O que fazem aqui? – Indagou implacá vel.

-- Queremos ver nossa Clara. – A senhora Duomont respondeu altiva.

-- Ah nã o diga. – Falou com escá rnio. – Só falta dizer que estã o preocupados com o que se passa com ela.

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-- Ela é nossa ilha, condessa. – Felipe se intrometeu sereno. – Só desejamos icar ao lado dela.

Mattarazi observou as duas pessoas paradas a sua frente. Nã o gostava de Clarice, achava-a tã o mesquinha quanto
Frederico, poré m nã o se podia dizer o mesmo do homem que a itava com um olhar temeroso e ao mesmo tempo
esperançoso. Testemunhara a coragem daquele pai quando se pronti icou para assumir o lugar de Maria em suas exigê ncias.

-- Devem vestir roupas adequadas. – Disse por im se afastando.

Os dias passavam e Maria Clara nã o reagia, todos icavam cada vez mais apreensivos com a situaçã o. Vitó ria
Mattarazi nã o saia do lado da amada, pois temia perdê -la completamente.

Deixou a jovem em Companhia de Felipe e seguiu caminhando pelo enorme hospital, até chegar a uma pequena capela.

Hesitou, mas acabou entrando.

Havia inú meras pessoas ali, ajoelhadas, rezando e decerto pedindo para que um milagre fosse feito.

Sentou em um banco e icou a observar tudo ao redor.

Nã o era religiosa e na verdade, mesmo tendo icado praticamente toda infâ ncia em um convento, era cé tica em
relaçã o a muita coisa, a inal, se existia um Deus porque ele a deixara sofrer tanto? Por que a abandonara por toda vida?

Inclinou a cabeça para trá s, fechando os olhos.

Nã o sabia como pedir, nem lembrava como se rezava, entã o se deixou icar ali, sabendo que seu desejo era sincero
e que a Maria Clara precisava de outra oportunidade, Ela era um dos melhores ser humanos que encontrara em sua vida e
apesar de todos os rancores que as cercavam, amava-a com todas as forças do seu coraçã o.

Virou-se ao sentir um toque em seu ombro.

Miguel.

O advogado sentou ao seu lado.

-- Você precisa se alimentar ou icará doente. – Disse preocupado. – Tem que se cuidar, princesa.

A condessa o itou por interminá veis segundos.

-- Como as pessoas rezam?

O homem se surpreendeu com a pergunta. Jamais em sua vida imaginara algo assim sair dos lá bios da condessa.

-- Se você pedir algo com muita fé e acreditar essa coisa se realiza.

A ruiva assentiu. Levantou-se e seguiu até onde havia um pequeno altar, permanecendo um bom tempo tentando
pedir algo, implorando por sua Branca de Neve.

Valentina estava na delegacia e já tinha investigado vá rios funcioná rios da fazenda, até chegar à quele que agora
estava sentado diante de si.

Carlos Teixeira era um homem alto, forte e deveria ter seus quarenta anos.

-- Senhor Teixeira... – A delegada falava examinando alguns papé is em suas mã os. – Como sabe, algumas
investigaçõ es foram feitas para que pudé ssemos descobrir quem provocou o caos na fazenda Mattarazi. – Fitou-o.

O homem se remexia, parecia desconfortá vel e isso nã o se passava despercebido diante do olhar perspicaz da
autoridade.

-- Diga-me quem está por trá s das sabotagens contra Vitó ria Mattarazi. – Falava baixinho sem desviar os olhos do
rapaz.

-- Nã o sei, senhora, nã o sei. – O homem respondeu nervoso.

-- Por que ligou para o prefeito na noite anterior ao roubo dos animais e ao acidente com o cavalo?

-- Estava... – Hesitou. – Estava pedindo trabalho, eu fui demitido e tenho famı́lia para sustentar.

Valentina assentiu e voltou a olhar as folhas.

-- Bem, com a ordem judicial conseguimos o histó rico de suas ligaçõ es de tempos atrá s e sempre temos chamadas
para o Marcelo...

Teixeira se levantou, caminhando de um lado para o outro na pequena sala. Passou a mã o pelos cabelos, nervoso.

-- Veja, eu tenho provas su icientes para lhe por atrá s das grades e nó s sabemos que a condessa usará todo o seu
poder para lhe manter lá durante muitos anos. – Levantou-se. – Nã o se iluda, Vitó ria será implacá vel contigo, ao menos que

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

conte essa histó ria direito.

O homem pareceu ponderar durante algum tempo, enquanto Valentina examinava seus gestos. Tinha certeza que
ele estava a pensar nas vantagens que teria em confessar aquele crime.

-- Você trabalha há muitos anos para os Mattarazis, na verdade, trabalhou para o antigo conde. – Dizia pensativa.

-- Sim, trabalhei com o conde e ele era mil vezes melhor do que a ilha. – Falou por entre os dentes. – E digo mais,
quem deveria ter caı́do daquele maldito cavalo era ela, deveria ter quebrado aquele pescoço esguio, quem sabe assim
perderia aquele ar arrogante, aquele nariz empinado, pensa ser a dona do mundo.

A delegada arqueou a sobrancelha.

-- Isso é uma con issã o?

Carlos voltou a sentar pesadamente.

-- O prefeito me mandou fazer. – Disse por im.

Naqueles quinze dias de investigaçã o, Valentina, a priori, pensara que Frederico estava por trá s daquele crime, mas
com o decorrer dos dias, todas as provas apontavam para o sogro de Clara.

-- Conte-me tudo. – Pediu, voltando a sentar.

Felipe observava a ilha deitada naquele leito.

Daria a vida para assumir aquele lugar, faria qualquer coisa para que sua Clara estivesse bem, para ver seus lindos
olhos negros lhe itarem e aquele doce sorriso iluminar a vida de todos.

Observou a condessa sentada em uma poltrona ao lado do leito.

Nã o entendia qual o tipo de relaçã o que havia entre aquela mulher e sua ilha, poré m pode comprovar naqueles
ú ltimos dias a preocupaçã o no semblante bonito daquela ruiva.

Lembrou-se da esposa.

Clarice acordara indisposta e icara no hotel.

Precisava arrumar dinheiro para pagar a Vitó ria Mattarazi, pois ela estava custeando tudo, todas as despesas
mé dicas e até a estadia dos Duomonts na capital.

Frederico nã o fora visitá -los, apenas ligava para saber como estavam indo as coisas.

Vitó ria despertou, parecia assustada, entã o viu o pai de Clara de pé ao lado da ilha.

Levantou-se, seguindo até o pequeno lavabo, voltou alguns minutos depois com o rosto lavado.

-- Bom dia, condessa. – Felipe a cumprimentou.

-- Faz tempo que chegou? – Indagou, ignorando o cumprimento.

-- Meia hora mais o menos. – Encarou-a. – Gostaria que izesse as contas do quanto estou lhe devendo, pagarei
todas as despesas que está tendo conosco.

Maria Clara sabia que precisava acordar ou acabaria chegando atrasada para a apresentaçã o do festival na cidade.
Estava empolgada, seu cavalo estava pronto para executar as mais belas performances.

Tentou mais uma vez, até sentir os olhos serem ofuscados por uma luz forte. A visã o estava embaraçada, mesmo
assim conseguiu visualizar a imagem do seu pai, tentou chamá -lo, mas as palavras nã o saı́ram.

Fechou os olhos mais uma vez. Conseguia ouvir uma conversa, mas nã o conseguia decifrar a voz feminina, sabia
que o timbre era rouco e forte, até mesmo sensual.

Tentou mais uma vez e agora conseguindo focar nos presentes.

-- Papai...—Falou baixinho.

Vitó ria conversava com Felipe quando ouviu aquele doce som que tanto amava. Pensou estar vendo coisas, mas ao
itar a cama, viu os lindos olhos negros abertos, itando-os, pareciam confusos, mas estavam vivos.

-- Branca de Neve... – Disse em um io de voz.

-- Meu amor. – Felipe sentiu as lá grimas molharem o rosto. – Seja bem vinda, minha pequena princesa.

-- Papai, eu preciso levantar, tenho a apresentaçã o no festival da cidade... – Fitou a condessa. – O que essa mulher
está fazendo aqui? – Indagou temerosa, tentou levantar, mas foi detida pelo pai.

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Mattarazi notou que havia algo diferente na forma do olhar da jovem.

-- Que apresentaçã o? – Felipe perguntou confuso.

Clara desviou o olhar da ruiva, voltando a atençã o para o outro.

-- A da festa da cidade, papai, esqueceu que vou me apresentar. – Falava entusiasmada. – Meu cavalo está pronto.

Vitó ria itou o Duomont, alguma coisa estava errado.

-- Que dia é hoje? – A condessa indagou, encarando a garota.

-- Vinte e trê s de Março de 2016.

Tudo parecia estar em ordem, se nã o fosse pelo fato de que já era Dezembro e faltavam poucos dias para o Natal.

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Capitulo 25 por gehpadilha

Notas do autor:

Feliz Natal a todos e obrigada pelo carinho :)

-- Chame a mé dica! – Vitó ria ordenou a Felipe.

Quando o Duomont saiu, ela voltou a itar Maria Clara.

-- Você me conhece? – Indagou à jovem.

-- Claro que sim, a senhora é a condessa. – Falou altiva. – Nos encontramos uma vez no enterro da minha tia.

-- Nã o, nã o... – A ruiva passou a mã o pelos cabelos.

-- Nã o o quê ? – Clara tentou levantar, mas sentiu uma dor e decidiu icar no mesmo lugar. – Por que eu estou aqui e
o que a senhora faz aqui?

-- Nã o, você está brincando comigo. Está me castigando...

Clara encarou-a e icou confusa. Sabia que sua famı́lia odiava Vitó ria Mattarazi, entã o era estranho que ela estivesse
ali. Só a viu uma vez em sua vida, no enterro, mas nunca conseguira esquecer a força daquele olhar, a arrogâ ncia, a postura
orgulhosa e dominadora.

A equipe mé dica entrou e fora pedido que a condessa se retirasse, pois deveriam fazer alguns exames na paciente.

Miguel foi até a sobrinha, sorria, feliz.

-- Eu disse que ela icaria bem.

O advogado percebeu que a ruiva nã o parecia tã o entusiasmada, na verdade, parecia em choque.

-- O que houve?

-- Ela nã o se lembra de nada... – Falou baixinho. – De nada...

-- Como assim?

Vitó ria sentou, cobrindo o rosto com as mã os.

-- Eu nã o sei, vamos esperar que os mé dicos digam o que está acontecendo.

Batista chegou a mansã o, encontrando a esposa terminando de preparar o jantar.

-- Olá , Maria Julieta. – Abraçou-a. – Que cheiro gostoso.

-- Se afaste, você está todo suado. – Virou-se, encarando. – Tem notı́cias de menina Clara?

O administrador sentou.

-- O senhor Miguel me ligou e disse que estava tudo do mesmo jeito.

A boa senhora serviu duas xı́caras de café , em seguida també m se acomodou.

-- Oh meu Deu, aquela criança nã o merece isso. – Tomou um pouco do lı́quido. – E a condessa? Como ela está ?

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Está ao lado dela, parece que gosta muito da menina.

Maria levou um biscoito à boca, parecendo pensativa.

-- Quem diria que o ponto fraco da condessa seria a neta do seu maior inimigo...

-- Por que diz isso? – Batista indagou confuso.

A mulher se levantou.

-- Homens! – Levantou-se e saiu resmungando.

Clarice, Felipe e Vitó ria estavam na sala da neurologista, esperavam-na ansiosamente. Ela pedira a presença dos
responsá veis pela jovem.

A porta se abriu, trazendo a presença da mulher que trazia as respostas para a a liçã o de todos.

-- Bem, tivemos muita sorte que a nossa paciente tenha recobrado a consciê ncia. – Sentou. – Já pedi alguns exames
para ver como estã o as coisas, mas acho que em breve ela poderá voltar para casa.

-- E quanto à amné sia? – Vitó ria se levantou. – Ela nã o se lembra de fatos que ocorreram depois de determinando
tempo.

Jane itou a ruiva. Naqueles dias que a encontrara, percebera o quã o era orgulhosa e arrogante a bela mulher.

-- Bem, acredito que isso foi um meio de defesa que a Maria Clara encontrou para se livrar de alguns traumas...

-- Mas é permanente? – Clarice se adiantou.

-- Nã o tenho como dizer com precisã o, pois pode ser algo permanente ou ela poderá acordar amanhã e se recordar
de tudo novamente.

-- O que pode ser feito para que essa parte escondida de suas lembranças possa voltar? – Insistia a condessa. – Nã o
pode simplesmente deixá -la icar assim.

A neurologista se levantou, pareceu perder a paciê ncia.

-- Como disse, senhora condessa, vai depender dela, ló gico que um acompanhamento será preciso, entã o nã o
aconselho que ela saia da capital. Desejo observar de perto a evoluçã o desse caso.

Vitó ria assentiu, saindo.

-- Mal educada! – Clarice falou com escá rnio. – Acha que é a dona do mundo.

Maria Clara despertou mais uma vez e ao abrir os olhos, lá estava Vitó ria Mattarazi.

Assustou-se com a presença arrogante.

Seu pai estivera ali, icando ao seu lado até que voltasse a dormir.

-- Por que está aqui?

-- Precisava vê -la. – Aproximou-se, segurando-lhe a mã o, mas a jovem retirou. – Nã o se lembra de nó s?

A morena mirou os olhos verdes.

Havia algo neles que lhe desconsertava, que també m lhe amedrontava, eram fortes, indomá veis, mas havia mais
alguma coisa a mais e isso a incomodava demasiadamente.

-- Nã o!

Clarice entrou interrompendo a troca de olhares.

-- Filha, que bom que você já está bem. – Beijou a face da garota. – A mé dica disse que vai lhe dar alta o mais rá pido
possı́vel. – Falava, ignorando a presença da condessa.

-- E onde está o Marcos? – Perguntou entusiasmada. – Ele vem me ver?

Vitó ria respirou fundo, seguindo até a janela do quarto. Sabia que precisava manter a clama, mas temia nã o
conseguir por muito tempo.

-- Amor, ele esteve aqui duas vezes. – Enfatizou. -- Mas a Mattarazi nã o permitiu que ele entrasse. – Disse em voz
alta.

-- E ele continuará mantendo uma boa distâ ncia. – A ruiva se virou, itando-as. – Nã o se esqueça, senhora Duomont,
que eu quem estou a arcar com todas as despesas e isso me dá o direito de fazer certas escolhas.

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-- Nã o tem o direito de proibir a presença do meu noivo aqui. – Clara a enfrentou.

A condessa ainda abriu a boca para retrucar, mas acabou mudando de ideia, deixando o recinto.

Clarice torceu o nariz.

-- Ela é um monstro, um ser desprezı́vel, por culpa dela você está aqui, nã o con ie nela.

-- Por que ela está aqui? – Indagou curiosa.

-- Porque ela chantageou seu avô , essa maldita o fez mandar você para trabalhar de escrava na fazenda dela e a sua
queda desse cavalo foi tudo culpa dessa desgraçada.

-- Mas como? Eu nã o consigo me lembrar de nada disso.

-- Você vai lembrar, precisa apenas ter calma. – Disse, acariciando-lhe os cabelos. – Mas lhe direi tudo o que precisa
saber agora.

Clara ouvia tudo e parecia cada vez mais horrorizada com o que lhe era dito. Nunca imaginara em toda sua vida
que seria o alvo das maldades de Vitó ria Mattarazi. Como algué m poderia agir de forma tã o cruel com algué m que nada tinha
lhe feito? Lembrava que em muitos momentos duvidara das coisas que o avô dizia sobre aquela mulher, mas diante dos fatos
narrados por sua mã e, nã o havia mais questionamentos.

Valentina chegou à casa do prefeito.

-- O que deseja, senhora? – Marcos indagou.

-- Tenho uma ordem de prisã o para o seu pai.

O rapaz pareceu surpreso com as palavras, pois nã o sabia o que o Marcelo poderia ter feito algo contra as leis da
cidade.

Trê s dias depois, a equipe mé dica chegou à conclusã o de que a paciente poderia continuar o processo de
recuperaçã o em casa.

Vitó ria nã o tornou a ver a jovem, nã o se sentia bem ao notar o olhar temeroso que a garota lhe dirigia, havia asco...
medo... Nem mesmo quando a tentou pisotear com o Bastardo ou até mesmo quando cortou o pneu de seu carro viu uma
expressã o de puro desdé m como desde que ela despertou da queda.

-- Maria Clara recebeu alta! – Miguel disse entusiasmado.

A ruiva encontrou o advogado na recepçã o do hospital.

-- Pague a conta, em seguida leve-a para o meu apartamento.

-- Nã o vai permitir que ela retorne com os pais? – Indagou perplexo.

-- A mé dica disse que ela precisa de cuidados e acompanhamento, nã o acredito que os Duomonts possam arcar
com isso. – Explicou impaciente.

Miguel assentiu, sabia que nã o teria como argumentar.

-- Entrou em contato com a Valentina?

-- Nã o, estive muito ocupada.

-- Mas como? – Indagou perplexo. – Você sumiu durante trê s dias, deixei recado no seu celular e liguei para o seu
apartamento, nem mesmo retornou as minhas ligaçõ es.

-- Já disse que estava ocupada. – Falou pausadamente.

O advogado a itou por alguns segundos.

-- A Valentina queria falar contigo porque ela descobriu quem roubou suas vacas...

-- Isso nã o me importa. – Interrompeu-o. – Há coisas mais importantes para me preocupar agora.

-- Nem mesmo deseja saber que a queda da Maria Clara nã o foi acidental e sim provocada?

A condessa segurou-lhe pelo braço.

-- Do que você está falando?

-- A sela foi cortada pela mesma pessoa que roubou suas vacas.

Miguel viu o maxilar da condessa quase furar a pele.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Quem fez isso? – Estreitou os olhos ameaçadoramente.

-- O prefeito!

As pessoas que estavam na recepçã o ouviram o praguejar de Vitó ria, poré m a empresá ria nã o pareceu se importar
com isso.

-- A Valentina nã o conseguiu prendê -lo, ele nã o estava na cidade, mas já existe uma ordem de prisã o.

-- Eu o quero na cadeia, quero que ele pague pelo que fez, porque se eu o encontrar, eu mesma o matarei.

Miguel a viu se afastar e fez uma prece para que a condessa nã o cruzasse com Marcelo, pois sabia que ela seria
capaz de trucidá -lo com as pró prias mã os.

Respirou fundo e seguiu até o quarto onde estava a Clara, havia outra batalha para lutar.

Clarice ajudou a ilha a se pentear.

-- Vai ter que usar muletas de novo. – Felipe lhe entregou.

-- De novo? – A jovem arqueou a sobrancelha.

-- Sim, ilha. – A matriarca se adiantou. – A condessa cortou a sela do seu cavalo no dia da sua apresentaçã o, entã o
você sofreu um acidente e icou um bom tempo usando muletas.

-- Chega, Clarice. – Felipe a advertiu com o olhar.

-- Chega nada. – A mulher se empertigou. – Essa mulher é um demô nio e já tentou até te pisotear com aquele cavalo
do inferno. Já contei tudo para ela.

Ouviram batidas na porta, em seguida a entrada de Miguel.

-- Bom dia! – Cumprimentou-os com um sorriso. – Fico feliz que esteja bem, Maria Clara.

A jovem o itou, mas nã o havia nenhuma lembrança daquele homem em sua mente.

-- Bem, eu sou o advogado de Vitó ria e sou eu que venho lidando com todos os assuntos relacionados a você . –
Adiantou-se, lendo a confusã o nos olhos negros.

-- E o que o senhor deseja? – Clarice perguntou cheia de arrogâ ncia.

Miguel pigarreou, parecia engasgado.

-- Vim buscar a Clara para levar até o apartamento da condessa.

O advogado se sentiu culpado ao ver o olhar de pâ nico que a bela morena lhe dirigia.

-- Mas a Clara vai voltar conosco! – Felipe se intrometeu. – Nã o acredito que a Mattaraizi vai querer levar a minha
ilha depois de tudo que aconteceu.

-- Por favor, Felipe. – Apontou a porta. – Pre iro lhe falar em particular.

O ilho de Frederico pareceu nã o gostar da ideia, mas acabou assentindo, acompanhando o representante da ruiva.

Vitó ria seguiu até o apartamento.

-- Bom dia, senhorita! – A empregada a cumprimentou com um sorriso.

-- Olá , Ana! – Seguiu até a poltrona, sentando-se. – O que é isso? – Apontou para os enfeites de Natal, e uma á rvore
que tinha sido montada.

-- Bem, como a senhora disse que viria passar uns dias aqui e teria companhia, imaginei que gostaria de um clima
natalino. – Disse simpá tica.

A condessa deu de ombros.

Nã o se importava com aquelas coisas. Nem mesmo se importava com essas festas, em toda sua vida nunca tivera
algo para comemorar e isso continuava do mesmo jeito.

Pegou o celular, estava esperando uma ligaçã o da delegada, mas até aquele momento nã o recebera notı́cias.

-- Maldito Marcelo!

Surpreendera-se com a notı́cia de que ele estava por trá s do que acontecera em sua fazenda. Quais motivos o
levaram a agir assim? De Frederico poderia esperar tudo, pois sabia do ó dio que o velho sentia por si, poré m o prefeito nã o
tinha motivos para isso... Ou teria?

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Com certeza, ele nã o imaginara que quem montaria o Bastardo seria a Maria Clara, tudo fora armado para que
fosse a ruiva a cair.

-- Entenda, Felipe. – Miguel tentava convencê -lo. – A Clara precisa de acompanhamento mé dico e só aqui na capital
ela poderá ter.

O Duomont passou a mã o pelos cabelos, sentia-se impotente diante daquela situaçã o.

-- Clara nã o está bem, ela precisa icar perto da famı́lia. – Insistia.

-- Nesse momento o que ela precisa é de assistê ncia mé dica para poder se recuperar totalmente. – Colocou a mã o
em seu ombro. – Você sabe que nã o terá como arcar com as despesas, Vitó ria o fará , ela se responsabilizará por todo esse
processo de recuperaçã o.

Infelizmente, Felipe sabia que aquilo era verdade, mas nã o estava seguro se poderia con iar na condessa, poré m
naquele momento seria preciso pensar no que seria melhor para a Maria.

-- Está bem! – Disse por im. – Deixe-me falar com ela primeiro.

-- Nã o se preocupe, eu estarei presente, cuidarei dela.

Maria Clara almoçou com os pais, em seguida seguiu com Miguel para o apartamento.

Entendera que deveria fazer o que a condessa exigia, pois havia um contrato, mesmo que ela nã o lembrasse, teria
que continuar seguindo todas as suas ordens.

Encostou a cabeça, virando-se para a janela.

Nã o queria chegar ao seu destino, temia a presença de Vitó ria, temia estar no mesmo lugar que aquela mulher.

Miguel itou de soslaio a jovem que estava ao seu lado.

Imaginava como ela deveria estar se sentindo, ainda mais com todas as barbaridades que Clarice lhe falara sobre a
Mattarazi.

Sabia como a sobrinha sofreu com o acidente de Clara, testemunhara a dor da ruiva, dia apó s dia e mesmo que ela
sempre exibisse aquela má scara de orgulho e arrogâ ncia, tinha certeza que Vitó ria estava apaixonada pela neta de Frederico.

Clara viu o carro estacionar diante de um enorme pré dio todo espelhado, luxuoso, enorme.

O advogado desceu, deu a volta abrindo a porta para ela.

-- Seja bem vinda! – Sorriu.

A garota assentiu.

-- Deixe-me ajudá -la. – Pegou as muletas. – Se quiser, peço uma cadeira.

-- Nã o, nã o precisa, eu consigo me virar.

A condessa tomou um banho demorado, estava tensa, estressada com todos os acontecimentos.

Vestiu o roupã o, seguindo até a sala, caminhou até o elegante bar, preparando um drinque.

Entã o a porta se abriu e seus olhos se encontram com os negros da linda Duomont.

Por um momento, Vitó ria conseguiu ver naquele olhar algo que a deixou inquieta, entusiasmada...

-- Seja bem vinda, Branca de Neve. – Levantou a taça em um brinde.

Clara desviou o olhar.

Nã o conseguia explicar, mas havia algo naquela mulher que a inquietava. Sentia-se invadida, violada de alguma
forma. Voltou a itá -la, os lá bios exibiam um sorriso preguiçoso, os olhos verdes brilhavam perigosamente...

Observou o roupã o preto, os cabelos avermelhados ainda estavam molhados...

-- Branca de Neve? – Arqueou a sobrancelha esquerda, confusa.

Vitó ria caminhou lentamente até ela.

Tocou-lhe o pequeno curativo na lateral da fronte, sentindo-a se encolher.

-- Você deve voltar hoje, Miguel. – Afastou-se dela. – Há muita coisa que você precisa resolver.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Mas eu pensei que você precisaria de mim aqui...

-- Nã o. – Tomou todo o conteú do do copo. – O helicó ptero o levará de volta dentro de uma hora.

Clara itou o advogado, suplicando silenciosamente para que ele nã o a deixasse sozinha ali, estava amedrontada,
pois imaginara que ele icasse junto com ela naquele lugar.

Miguel insistiu.

-- Acho melhor icar, acredito que posso resolver os problemas daqui mesmo.

-- Nã o! – A ruiva sentou, cruzando as longas pernas. – Vá logo, pois como disse o helicó ptero saı́ra dentro de uma
hora.

O advogado colocou a mã o no ombro da jovem.

-- Você vai icar bem, eu ligarei sempre para saber como você está . – Tirou um cartã o do bolso, entregando a ela. –
Qualquer coisa, pode me ligar.

A jovem assentiu.

Miguel foi até Vitó ria, beijou-lhe a face, itando-a com um quê de advertê ncia, depois partiu.

A condessa fez um gesto com a mã o para que a outra sentasse.

-- Gostaria de descansar.

-- Sente-se, quero falar contigo. – Insistiu.

A jovem assentiu. Tentou sentar, mas pareceu um pouco atrapalhada para tentar se acomodar na poltrona, entã o
rapidamente Mattarazi foi até ela, ajudando-a.

A Duomont teve um sobressalto ao sentir o toque da bela mulher em seu corpo, tentou se afastar, mas acabou se
desequilibrando.

Vitó ria instintivamente a abraçou para que ela nã o fosse ao chã o, arrependendo-se em seguida de ter se permitido
tamanha proximidade. Sentiu uma corrente elé trica percorrer cada centı́metro de si, itou a boca que estava tã o pró xima da
sua e teve um desejo insano de tomá -la.

Maria Espalmou a mã o em seu peito, afastando-a. Estremeceu.

A ruiva ajudou-a a sentar e voltou para a sua pró pria poltrona.

-- Nã o precisa me olhar com esses olhos assustados, nã o vou te atacar. – Disse aborrecida, mas depois tentou
amenizar o tom que estava usando. Seguiu até ela, ajoelhando-se, pegou-lhe as mã os.-- Clara, nã o lembra mesmo de nada?
Nã o se lembra de nó s?

-- Nó s? – Indagou confusa. – O que tem nó s?

Vitó ria levantou-se frustrada. Caminhando de um lado para o outro.

-- Ana! – Chamou a empregada.

A jovem atendeu prontamente.

-- Leve a senhorita Duomont para o quarto e a ajude no que for preciso.

-- Certo, senhora.

Clara sorriu para a serviçal, simpatizando instantaneamente com ela.

Antes de deixar a sala, itou mais uma vez a condessa, estava curiosa...

Vitó ria entrelaçou os dedos em suas madeixas vermelhas, sentindo-os deslizar por entre os ios.

Como suportaria estar tã o perto dela sem poder tocá -la?

Deveria ter deixado-a partir com os pais, deixá -la viver em paz, longe, sendo feliz com o noivo.

Mas como faria isso?

Sabia que ela a amava, ouvira isso inú meras vezes, sentira aquilo quando se amaram, sentira aquilo quando
izeram amor. As coisas nã o podiam simplesmente ser apagadas daquele jeito.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Clara observou o luxuoso quarto, icando impressionada com tamanha pompa. Havia uma cama de casal ao centro,
duas poltronas, uma imensa TV, os mó veis todos em cor mar im com branco.

-- O closet ica aqui. – A jovem mostrou.

A Duomont assentiu, poré m nã o sabia se havia roupas suas, pois aquela que usava fora comprada naquele mesmo
dia.

-- Essa porta dá direto para os aposentos da condessa.

A jovem itou a elegante separaçã o de vidro. Havia uma persiana que nã o permitia que se visse o que se passava
em seu interior.

Só naquele momento Clara percebeu que a empregada falava com ela.

-- Perdoe-me, eu me distrai. – Falou sem jeito.

-- Perguntei se deseja alguma coisa? Está com fome?

-- Nã o, quero apenas deitar, minha perna está doendo.

A moça se adiantou para ajudá -la a se acomodar.

-- Deseja que deixe o ambiente na penumbra?

-- Sim! Obrigada.

Ana fechou as cortinas, em seguida saiu.

Clara fechou os olhos, desejava poder dormir muito. Havia uma confusã o de imagens em sua mente que a estava
deixando perturbada. Nã o entendia o motivo, mas sempre que itava Vitó ria sentia um aperto em seu peito, uma raiva
misturada a algum tipo de receio, carinho... Mas como?

“Nã o se lembra de nó s?”

O que ela quis dizer com aquilo?

Valentina estava em sua delegacia quando fora avisada que Marcelo estava ali acompanhando de dois advogados.

Rapidamente, ela pediu que entrassem.

O pomposo prefeito a itou com desprezo.

-- Esteve a minha procura? – Sentou-se. – Desculpe-me o contratempo, mas sou o prefeito dessa cidade e há muitas
coisas para se fazer.

Um dos advogados lhe entrou um papel.

“Miserá vel!”

Ele tinha recorrido ao juiz.

-- Bem, acredito que estamos livres agora. – O homem levantou-se.

-- Independente disso, há uma investigaçã o muito grave envolvendo a sua pessoa. – Ela també m se levantou.

-- Irá contra a ordem de algué m superior a você ? – Arqueou a sobrancelha.

-- Nã o, mas a investigaçã o nã o irá parar, saiba que a condessa nã o aceitará facilmente que o senhor apenas pague
uma iança e seja liberado.

-- E eu nã o aceitarei que a palavra de um bandido desgraçado seja levada acima da minha.

A delegada observou o trio deixar sua sala e teve vontade de gritar de frustraçã o. Precisaria de provas concretas
para enjaular aquele homem, pois agora sabia como ele podia ser escorregadio.

Pegou o telefone para ligar para Vitó ria, sabia que a ruiva icaria fora de si quando soubessem disso.

Os dias passavam tranquilos na capital.

Clara tinha a sorte de pouco se encontrar com Vitó ria. Pelo que icara sabendo por Ana, ela anda muito ocupada
resolvendo problemas referentes à s suas empresas.

Desligou o telefone.

Tinha ligado para a famı́lia e depois para o noivo. Pelo menos tinha essa liberdade.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Seguiu até a sala e encontrou a empregada arrumando uma verdadeira bagunça. Parecia que um furacã o tinha
passado por ali. Havia garrafas quebradas, copos, na verdade, o elegante bar fora totalmente destruı́do.

-- O que houve?

A moça a itou.

-- A condessa parece ter icado muito chateada depois de receber um telefonema ontem. – Con idenciou baixinho.

-- Nossa! – Exclamou.

-- Acho melhor icar aı́ mesmo, ainda tem muito vidro, nã o quero que se machuque.

A Duomont assentiu, encostando-se ao batente, observando a outra limpar tudo.

O que poderia ter acontecido para deixar a ruiva tã o descontrolada? Há trê s dias nã o a via, até pensara que ela
tinha viajado, nã o fosse à s luzes que podeia ver pela porta de ligaçã o entre os quartos. Pode perceber que ela sempre se
deitava muito tarde, à s vezes só de madrugada sentia a sua presença e cheiro suave que ela exalava.

-- O que vai querer para a ceia de Natal? – Ana perguntou ao terminar a tarefa.

Maria Clara adorava o Natal, mas nã o se sentia nada empolgada, ainda mais porque estaria longe da sua famı́lia,
sem falar que a companhia nã o era nada agradá vel.

-- O senhor Miguel vai vir com a esposa e o ilhinho.

Bem, pelo menos nã o estaria sozinha com a condessa.

-- E entã o? Qual será o cardá pio?

-- Eu nã o sei...

Ela percebeu o olhar da mepregada se focar em algo alé m de sua pessoa, ao se virar percebeu a condessa
praticamente colada as suas costas. Ao tentar se afastar, mais uma vez se desequilibrou e mais uma vez Vitó ria precisou
segurá -la.

A jovem Duomont sentiu a pele se arrepiar com o contato tã o intimo.

-- Deve tomar mais cuidado. – Disse afastando-se.

Clara a itou de esgueira.

A ruiva estava apenas de roupã o, dessa vez verde, combinando com os olhos. Os cabelos estavam molhados,
percebeu que a mã o esquerda estava enfaixada.

-- Ana, eu preciso de algo para aliviar minha enxaqueca. – Sentou-se na poltrona. – Algo bem forte, pois minha
cabeça parece que vai explodir.

-- Está bem, vou buscar algo para a senhora. – Recolheu os sacos de lixo e seguiu em direçã o à cozinha.

Vitó ria itou a hó spede e se deparou com o olhar dela sobre si.

Há dias que evitava vê -la, pois temia nã o conseguir manter o controle. Desejava tê -la em seus braços, desejava mais
uma vez aqueles lindos lá bios nos seus.

-- E entã o, Branca de Neve, animada para o Natal?

-- Nã o! – Disse, encarando-a com ar de desa io.

-- Por quê ? – Indagou cruzando as pernas. – Pensei que as princesinhas como você gostassem dessa é poca.

-- Eu amo essa é poca, mas acredito que ela deve ser passada com as pessoas que amamos.

Clara se arrependeu de suas palavras ao notar uma sombra de tristeza nos lindos olhos verdes.

A condessa apenas fez um gesto a irmativo com a cabeça, levantou-se, retornando para o quarto.

A noite chegou tranquila.

Clara fora avisada que a famı́lia de Miguel já tinha chegado.

Ela itou o vestido que estava sobre a enorme cama. Era preto e branco. Nã o tinha alças, era justo até a cintura, no
quadril ele era soltinho.

Sabia que tinha sido um presente da condessa. Nã o desejava nada que viesse daquela mulher, poré m nã o tinha
outro traje para o jantar e nã o desejava ser mal educada com o advogado que sempre se mostrava muito atencioso consigo.

Decidida, pediu a Ana que a ajudasse a se vestir.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Os Duomonts foram convidados pelo prefeito para a ceia. Todos compareceram, menos Felipe.

-- Fico feliz com a presença de você s.

Havia muita gente presente. Polı́ticos, empresá rios e curiosamente també m estava ali Otá vio e Alex.

A conversa transcorria animada, menos para Marcos que jazia sozinho em um canto. Tinha planos para tirar a
noiva dos domı́nios da condessa e sabia que poderia conseguir alguns aliados para tal intuito.

-- Seu ilho é lindo.

Estavam na sala, havia um garçom servindo aperitivos.

-- Obrigada. – A delegada sorriu.

Valentina itou o advogado, ainda estava surpresa com o fato de Clara nã o se lembrar de nada.

-- E como está sua perna? – Miguel levou um salgado à boca.

-- Vou precisar fazer isioterapia, a partir da terça já inicio.

O garotinho pulou do colo da mã e correu até a entrada. Todos olharam naquela direçã o e viram a arrogante
condessa.

A jovem Duomont mirou a ruiva agachar para tomar a criança nos braços. Como algué m poderia ainda icar mais
bonita?

Essa era a pergunta que martelava em sua cabeça ao itá -la. Ela usava um vestido longo, na mesma tonalidade dos
cabelos, havia uma enorme fenda na lateral que deixava à mostra a perna longa e torneada vestida por uma meia na cor da
pele.

-- Olá , pequeno. – Sorriu para Miguelzinho. – Boa noite! – Fitou a todos.

O olhar de Vitó ria se demorou por mais tempo em Maria Clara. Ela estava tã o linda que sentia vontade de estreitá -
la em seus braços.

-- Fico feliz que tenha aceitado o meu convite. – Encarou a delegada. – Sei que a presença de você s será melhor do
que a minha para a Branca de Neve. – Sentou.

-- “ Banca de Neve, tia?”

-- Sim. – Gargalhou. – Veja. – Apontou para a neta de Frederico. – Ela nã o parece com aquela princesa do livro que
te dei?

A criança assentiu entusiasmada.

-- Sim!

A condessa viu o vermelho se apossar da face da veteriná ria e teve vontade beijá -la.

A noite transcorria tranquila.

Valentina conversava com Vitó ria, enquanto Miguel brincava com o ilho junto com a Clara.

Beberam e já era meia noite quando sentaram para jantar. Ana levou a criança para o quarto, pois ele já nã o se
aguentava de sono.

A Duomont acabou sentando ao lado de Vitó ria. Vez e outra, as mã os de ambas se tocavam.

-- Nossa, acho que vou engordar uns quilinhos, amor. – Miguel beijou o rosto da esposa. – Espero que nã o se
importe de ter um marido barrigudo.

-- Acho que vai ter correr um pouco mais. – Valentina o provocou.

-- Está vendo, Clara, o que dá casar com uma delegada. – Fez beicinho.

-- Nã o se preocupe, Miguel, ela só está brincando. – Vitó ria falou. – A inal, ela sabe que você vai correr muito para
perder essa barriga, você a obedece direitinho. – Piscou provocante.

-- Bem, é impossı́vel nã o obedecer a uma mulher tã o linda, condessa. – Agora foi a vez do advogado provocá -la. –
Você mesma é a prova disso. – Relanceou os olhos para Clara.

A ruiva levou a taça à boca e icou bebericando lentamente. Preferiu icar calada, pois sabia que o seu
representante legal estava certo, a inal, quantas coisas já tinha feito só para agradar aqueles olhos negros.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Depois do jantar, voltaram para a sala onde houve trocas de presentes. Clara cumprimentou todos, menos a
condessa.

Vitó ria tentou nã o aparentar como icara decepcionada.

Miguel e Valentina notaram a dor no olhar da mulher que sempre se mostrava tã o arrogante.

A ruiva inventou um desculpa, alegando uma pequena dor de cabeça, seguiu para o quarto. Os outros també m
seguiram para seus respectivos aposentos.

Clara tentou pela ené sima vez retirar o vestido, mas suas tentativas continuavam sendo em vã o.

O lindo modelo tinha pequenos botõ es nas costas. Ana quem a ajudou a vestir, poré m a empregada já tinha ido
embora há tempos.

Sentou, frustrada.

Nã o conseguiria dormir vestida daquele jeito. Pensou em chamar a esposa de Miguel, mas com certeza eles
deveriam estar aproveitando a noite e nã o desejava importuná -los, entã o só haveria uma alternativa.

Respirou fundo para conseguir coragem, pegou as muletas e caminhou até a porta que dava acesso ao quarto de
Vitó ria.

-- Condessa... – Chamou baixinho.

Esperou para ver se ela respondia, mas nã o teve resposta.

-- Condessa! – Falou mais alto.

Alguns segundos se passaram, até que a enorme porta foi aberta.

Clara observou que a ruiva usava apenas uma camisola. A vestimenta na cor preta deixava os seios quase toda a
mostra e mal cobria as coxas.

Fitou os olhos verdes, percebendo que estavam vermelhos e inchados como se tivesse chorado.

-- Por que me chamou? Algum problema? – Indagou preocupada.

A Duomont foi tirada das suas divagaçõ es pela voz rouca.

-- Sim. – Fez um gesto a irmativo. – Eu nã o consigo tirar o vestido. – Disse relutante. – Tê m muitos botõ es e nã o
consigo me apoiar sem as muletas.

Vitó ria a itou por alguns segundos, em seguida se posicionou por trá s dela.

Clara sentia a respiraçã o arrepiar os pelos do seu pescoço. Sentiu-a colada as suas costas e isso fez seu corpo reagir
de forma jamais imaginada. Percebeu os seios doloridos e uma forte pressã o em seu ventre.

Sentiu o rosto em chamas.

-- Pronto! – Afastou-se. – Agora você conseguirá tirá -lo. – Seguiu de volta ao quarto.

A morena a viu se afastar e algo dentro de si pareceu se manifestar.

-- Condessa...

A ruiva se virou para itá -la.

-- Sim? – Arqueou a sobrancelha.

-- Feliz Natal... – Disse baixinho.

A empresá ria a itou demoradamente.

Nã o estava sendo fá cil lidar com o desprezo da jovem. Doı́a ver em seus olhos a indiferença, o desdé m... Naquela
noite doeu ainda mais... Poré m agora, os olhos negros transmitiam outra coisa...

Caminhou até ela e inesperadamente a abraçou forte.

Clara nã o reagiu, apenas icou ali, dentro daquele cı́rculo, sentindo-se protegida... Sentindo-se familiarizada...

Aspirou o seu cheiro dela...

-- Feliz Natal, Branca de Neve... – Sussurrou em seu ouvido.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

A morena a viu se afastar, em seguida a porta foi fechada, mas a Duomont continuou ali, perdida em seus
pensamentos.

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Capitulo 26 por gehpadilha


Maria Clara nã o conseguiu conciliar o sono. Sua cabeça doı́a, sua mente estava conturbada com imagens
desconexas.

Virou mais uma vez para o lado, nã o havia uma posiçã o que lhe ajudasse a relaxar. Para completar sua perna
começou a incomodar. Desistindo de tentar dormir, sentou na cama, pegando uma caixa que estava à cabeceira. Abrira todos
os presentes que ganhara, menos o da condessa. Na verdade, nem mesmo tinha aceitado, entã o quando deitou icou surpresa
ao ver a embalagem ali.

Pegou-a.

O perfume da ruiva estava presente. O cheiro dela lhe fazia se sentir incomodada, como se fosse uma afronta.

Abriu.

Havia um cavalo branco esculpido em madeira.

Ficou encantada com a sensibilidade do presente.

Sorriu, maravilhada.

Havia uma inscriçã o...

“ Branca de Neve.”

Como algué m tã o sem coraçã o podia ter tanta sensibilidade para lhe presentear com algo tã o delicado?

Vitó ria despertou cedo, vestiu o biquı́ni e foi para a piscina da cobertura.

Ficou um bom tempo nadando, tentando relaxar os mú sculos. Passara a noite sendo assombrada por demô nios do
passado.

Depois de atravessar a nado a grande extensã o, parou para respirar.

-- Está treinando para as olimpı́adas.

Ao levantar a cabeça se deparou com a delegada. Deu de ombros, saindo da á gua, seguindo até a espreguiçadeira,
sentando.

Valentina se acomodou ao lado dela.

-- Você está bem? – Fitou-a preocupada.

A esposa de Miguel nunca viu a ruiva tã o abatida. Ficara tocada na noite anterior com a dor que viu em seus olhos
ao ser desprezada por Clara.

Vitó ria colocou os ó culos escuros, deitando-se.

Alguns segundos se passaram, antes que ela respondesse.

-- Só icarei bem quando você conseguir colocar o miserá vel do Marcelo atrá s das grades. – Falou por entre os
dentes. – Meu desejo é matá -lo com minhas pró prias mã os... Fazê -lo sofrer, fazê -lo pagar por tudo que fez.

-- Você precisa ter calma. – A delegada se virou para ela. – Nã o quero que volte para a fazenda, nã o antes de tudo se
resolva.

-- Por culpa desse desgraçado a Clara perdeu a memó ria.

Valentina nã o podia ver os olhos da ruiva, mas tinha quase certeza que os encontrariam nublados.

-- Você precisa ter paciê ncia...

A delegada nã o tinha intimidade com a condessa, na verdade, nem mesmo era simpatizante de suas atitudes
arrogantes, poré m agora conseguia perceber que ela realmente amava a neta de Frederico.

-- Paciê ncia?! – Indagou perplexa. – Você já viu a forma como ela me olha? Nem mesmo quando a conheci, via esse
tipo de desprezo no olhar dela. – Levantou-se. – Eu nã o sei quanto ainda vou aguentar, pois a minha vontade é mandá -la de
volta para os Duomonts e depois ir para bem longe para esquecer tudo isso.

Valentina se levantou, colocando a mã o em seu ombro.

-- Você a ama?

A condessa nã o respondeu, pegou o roupã o e caminhou de volta, mas encontrou Maria Clara parada na passagem
que levava ao apartamento.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Fitou-a intensamente e depois passou direto.

Clara tinha ido até a piscina quando viu que a condessa estava conversando intimamente com a esposa de Miguel.
Achou suspeito e já pensava em retornar para seu quarto quando Vitó ria veio em sua direçã o. A ruiva nã o a cumprimentou.

A garota caminhou até onde estava Valentina. Havia uma mesa com um enorme guarda-sol, decidiu sentar. Adorava
icar ali, tinha uma vista perfeita e podia icar pensando na vida sem se incomodar com a presença da ruiva, pois raramente
ela ia até lá .

-- Bom dia, Maria Clara. – A delegada puxou a cadeira sentando. – Como você está ? Passou a noite bem?

Ana apareceu trazendo uma bandeja com sucos, leite, pã es, queijos e frutas.

-- Posso fazer uma pergunta? –A jovem Duomont disse quando a empregada se afastou.

-- Sim! – Valentina serviu o suco para ambas.

-- Por que nã o prendeu a condessa quando ela cortou a sela do meu cavalo ou porque permitiu que ela se
aproximasse de mim se havia uma ordem de restriçã o?

-- Quem te contou isso? – Perguntou surpresa.

-- Minha mã e me disse tudo o que aconteceu, ela me falou coisas horrı́veis que essa mulher fez.

-- Eu acho que você nã o deveria acreditar em tudo o que lhe dizem, ainda mais quando é a sua mã e a falar.

-- Como ousa dizer algo assim? Eu jamais duvidaria das palavras da minha mã e ou de qualquer um da minha
famı́lia. – Retrucou irritada.

-- Bem, o que lhe digo é que a Vitó ria nã o cortou a sela do seu cavalo, nem antes e tampouco agora. – Disse irme.

-- Quais provas pode me mostrar para que eu acredite? – Pegou as muletas, levantando-se. – Até mesmo essa
mulher que defendes tentou me pisotear com um cavalo, quando eu nã o podia me defender, pois estava em situaçã o fı́sica
pior.

-- E se eu dissesse que quem provocou o acidente que você sofreu agora foi o seu amado sogro? – Levantou a
sobrancelha irritada.

Clara a itou, incré dula.

-- Por qual motivo ele faria isso contra mim? Sou a futura esposa do ilho dele.

-- Nã o contra você , mas ele desejava matar Vitó ria Mattarazi.

A jovem pareceu ainda mais perplexa com o que estava ouvindo.

Nã o!

Conhecia Marcelo desde que era uma garotinha e tinha certeza que ele tinha uma boa ı́ndole, com certeza isso
deveria fazer parte de um plano da condessa para prejudicar o prefeito.

-- Eu nã o acredito!

A delegada a observou se afastar lentamente e teve vontade de bater na cabeça de Clara, quem sabe assim a
memó ria dela voltava a funcionar.

Nã o conseguia acreditar que aquela que estava a sua frente ainda pouco era a mesma jovem que via os olhos
brilhar quando se tratava da ruiva. Lembrou-se do dia que as viu no rio, quando tinha se entregado ao desejo, naquele
momento leu nos olhos negros o amor que ela sentia pela inimiga da sua famı́lia.

Levou o copo a boca tomando todo o conteú do.

-- E, condessa, vamos ver como à senhora vai resolver esse problema e conquistar novamente a sua princesa.

Miguel retornou para o interior depois do almoço junto com a famı́lia.

Clara nã o se despedira deles, alegou nã o se sentir bem e icou no quarto.

Vitó ria pediu a Ana para ajudar a Clara a se vestir, pois teriam que ir ao mé dico, era necessá rio ver a neurologista.

A condessa terminava de se arrumar quando a empregada entrou.

-- O que houve?

A jovem pareceu assustada.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Ela disse que nã o irá .

A ruiva vestiu a jaqueta de couro e saiu.

A jovem Duomont estava triste. Falara com Marcos e o rapaz contara que sua famı́lia estava sofrendo perseguiçã o
por parte da condessa. Até mesmo seu pai fora acusado injustamente por um empregado da ruiva como quem mandara
roubar os animais e cortar a sela.

A porta de comunicaçã o se abriu e lá estava a odiosa mulher.

-- Como ousa entrar assim em meu quarto? – Clara segurou tã o forte as muletas que sentiu dor nas articulaçõ es
dos dedos.

-- Vista-se, pois você precisa ver a neurologista. – Ordenou ignorando as palavras da outra.

-- Eu nã o irei a lugar nenhum com a senhora! – Levantou o queixo, desa iadora. – Nã o desejo icar em sua presença.

Vitó ria respirou fundo, parecia estar contando mentalmente para nã o explodir.

-- Você tem uma consulta ou por acaso nã o quer recuperar suas lembranças? – Indagou se contendo.

-- Por que eu deveria querer recordar? Para me lembrar das coisas terrı́veis que a poderosa condessa fez?

A ruiva caminhou até ela, segurando-a pelos ombros, encarando-a, parecendo querer desnudar sua alma.

-- Do que tem medo? De descobrir que mesmo eu sendo um monstro, você se apaixonou por mim?

Os olhos negros arregalaram com o que acabara de ouvir. Abriu a boca, mas as palavras pareciam presas em sua
garganta.

-- Sim, Maria Clara Duomont, você está apaixonada por mim e eu por você .

Clara pareceu recuperar a lucidez, afastando-se.

-- Mentira... – Falou por entre os dentes. – Mentira! – Gritou. – Eu tenho um noivo, irei casar com ele. – Mostrou a
aliança. -- Jamais teria algo contigo...

Vitó ria tentou controlar a personalidade forte, mas ouvir as ú ltimas frases da mulher que amava fora o limite para
sua paciê ncia.

A jovem Duomont observou o sorriso sá dico que se desenhava naquele rosto arrogante, nã o teve tempo de se
defender, tendo a boca capturada. Nã o teve como empurrá -la, pois estava apoiada nas muletas, entretanto cerrou os lá bios
para nã o permitir o contato, poré m sentia a lı́ngua contornando a curva de sua boca... Sentiu-a pressionar, entã o Vitó ria se
afastou.

-- Você tem dez minutos para icar pronta ou volto aqui e eu mesma a vestirei. – Piscou ousada. – Imagina como vou
amar vê -la nua...

Clara teve ganas de gritar, de brigar, mas permaneceu ali, limpando freneticamente os lá bios com as costas da mã o.

Nã o!

Era mentira!

Nã o acreditava em nada que aquela mulher dizia, com certeza fazia parte de algum plano sujo.

Tentou controlar a respiraçã o, podia ouvir as batidas aceleradas em seu peito.

O caminho para o hospital fora feito em total silê ncio.

Vitó ria sabia que perdera a cabeça, mas infelizmente nã o tivera como se controlar.

Estranhava essa forma instintiva de agir, quando sempre fora perita em usar sua frieza, poré m isso nã o se aplicava
a neta de Frederico, desde que a conheceu, a sua personalidade selvagem fora libertada e com a amné sia da garota as coisas
estavam pior.

Ao chegar ao destino, ela entrou sozinha na sala da mé dica, enquanto a ruiva a icou esperando na recepçã o.

Folheava uma revista distraı́da, quando sentiu algué m sentar ao seu lado.

-- Entã o, a bela ruiva reaparece...

A condessa levantou a cabeça e viu So ia.

Nã o voltara a ver a loira que lhe chamara tanta atençã o meses atrá s. Na verdade, nem mesmo se interessou ou se
preocupou com isso, pois estava bem distraı́da com sua Branca de Neve.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Foi surpreendida com um beijo rá pido nos lá bios.

-- Olá , So ia. – Sorriu sem jeito. – O que faz aqui?

-- Eu trabalho aqui. – Fitou-a intensamente. – E você ? Está doente? – Perguntou preocupada.

-- Nã o!

Foram feitos vá rios exames em Maria Clara, em seguida ela sentou para falar com a neurologista.

-- Bem, está tudo ok. Acho que agora devemos ter paciê ncia para que sua memó ria possa voltar. – Jane a itou. –
Algo lhe pareceu familiar nesses dias?

A face de Clara foi tingida pelo vermelho intenso.

Tivera alguns lashes, temia que fossem verdadeiras e isso a assustava.

-- Diga, preciso saber para te ajudar. – Jane deu a volta e foi até ela, sentando ao seu lado. – O que está vendo?

A Duomont itou a mulher.

-- Nã o há nada que seja relevante. – Disse por im.

-- Está bem, mas quero que tenha um acompanhamento psicoló gico. – Ajudou-a a levantar. – Venha comigo, quero
que conheça algué m que vai lhe auxiliar nesse processo.

-- Gostou da minha sala? – So ia parecia encantada com a ruiva.

Ficara triste quando nã o tivera como contatar a linda mulher que mexera tanto com seus sentimentos.

A condessa sentou, observando atenciosamente o ambiente. Mirou o divã , os quadros expressionistas.

-- O lugar é interessante, tem bom gosto.

A psicó loga puxou uma cadeira se acomodando bem perto de Vitó ria.

-- Mas o que a trouxe aqui? – Segurou-lhe a mã o. – Nã o diga que descobriu que eu trabalhava aqui e decidiu me
visitar.

Antes que a empresá ria pudesse responder, a porta foi aberta.

Clara observou a cena suspeita e nã o conseguiu explicar, mas nã o gostara nada da loira que estava praticamente
sentada no colo da ruiva. Era como se já a conhecesse.

-- Olá , titia. – So ia levantou-se. – Reencontrei uma amiga aqui, nã o é muita coincidê ncia?

Vitó ria també m se levantou.

-- Conheço a doutora Jane. – Sorriu. – Só nã o sabia que você s tinham algum tipo de parentesco.

-- Bem, essa é a Maria Clara. – Apontou para a jovem. – Quero que você a acompanhe em seu processo de
recuperaçã o.

So ia itou a Duomont.

Ambas se encararam por in initos segundos. A neta de Frederico tinha a imagem daquela mulher viva em sua
mente, tinha certeza que a conhecia e nã o parecia ser algué m que lhe trazia boas lembranças.

-- Quero ir embora. – Fitou a ruiva. – Leve-me para a casa.

-- Mas, querida, gostaria que suas sessõ es começassem hoje. – A neurologista insistia.

-- Nã o, nã o quero. – Protestou.

Clara saiu da sala e a condessa se desculpou, indo atrá s da jovem.

Alcançou-a na recepçã o.

-- O que houve? – Indagou caminhando ao lado dela.

-- Quero ir pra casa, já disse. – Fitou-a. – Deixe-me em paz.

A ruiva deu de ombros, seguindo ao lado da moça até o carro. Ao tentar ajudar a jovem a entrar no veı́culo, foi
repelida bruscamente.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Impaciente, Vitó ria deu a volta, esperando pacientemente que ela entrasse, depois deu partida sem ousar falar
mais nada.

Marcelo estacionou em frente à casa de Otá vio.

O homem o estava esperando em seu escritó rio.

-- Boa noite! – O prefeito cumprimentou.

-- Sente-se! – O fazendeiro apontou uma cadeira para ele. – O que o traz aqui?

-- Vim porque quero lhe expor um plano para que possa se sair bem assumindo a administraçã o da cidade. –
Sorriu. – Sem falar que a condessa será a responsá vel por tudo e ela quem pagará por todos os crimes.

-- E o que você ganhará com isso? – Otá vio o encarou e parecia interessado.

-- A metade de tudo que pertence a Vitó ria Mattarazi. – Disse com um sorriso.

Clara nã o aceitou ser acompanhada psicologicamente por So ia, entã o fora optado apenas que a neurologista a
observasse com maior frequê ncia.

As sessõ es de isioterapia iniciariam no dia seguinte.

A condessa se mantinha sempre presente, mesmo diante dos olhares enraivados da Duomont.

Nã o sabia o motivo de tanto rancor, ela estava cada vez mais arisca.

Banhou e seguiu para a varanda do quarto.

Observou a noite iluminada por luzes arti iciais. Sentiu saudades de sua fazenda, das estrelas que podia ver no cé u.

Pegou o copo que deixara na mesinha, bebendo o conteú do todo de uma vez.

Apoiou-se à varanda sentindo o á lcool entorpecer um pouco dos seus sentidos.

Nã o deveria tê -la beijado, pois seu corpo fora despertado desgraçadamente. Desejava tê -la em seus braços, amá -la
intensamente, sentir a pele nua sob a sua, seus beijos molhados... Sua lı́ngua...

Deixou o copo de lado, levando a pró pria garrafa a boca tanta era sua agonia.

Nunca sentira tanta dor como quando itava os olhos negros. Havia tanto desprezo em seu olhar, tanta má goa...
Nem parecia a sua Branca de Neve... Sua princesa...

Clara acordou assustada, gritando.

Observou o quarto envolvido na penumbra. Sentiu o ar nã o chegar aos seus pulmõ es, tentou levantar, esquecendo-
se do problema da perna, acabou caindo.

Vitó ria achou que ouvira algo, mas seus sentidos estavam tã o entorpecidos que pensou está ouvindo coisas, entã o
ouviu novamente e percebeu de quem se tratava.

Saiu correndo de volta ao quarto, entrando nos aposentos de Clara. Acendeu as luzes e foi quando a viu caı́da, perto
da cama.

Imediatamente foi até lá , levantando-a, colocando-a no leito.

A jovem estava aos prantos, percebeu que ela estava com falta de ar, viu a bombinha do outro lado do quarto,
pegando-a, entregando-lhe.

-- Calma, eu estou aqui. – Sentou-se. – Quer que eu chame o mé dico? – Indagou preocupada.

A Duomont fez um gesto negativo com a cabeça.

Passaram-se alguns minutos até que voltasse a respirar normalmente.

A condessa viu o rosto molhado de lá grimas. Encostou-se ao espaldar da cama, trazendo-a para seus braços,
acomodando-a em seu peito.

Clara pensou em afastá -la, mas se sentiu tã o segura ali, que apenas se deixou icar, como se aquilo fosse a coisa
mais normal do mundo.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Sua perna está doendo?

A morena a itou.

-- Eu me desequilibrei, mas nã o a machuquei.

-- Você teve sorte, mas tem que tomar cuidado, pois pode se prejudicar ainda mais.

A Duomont observou os lá bios rosados, os olhos verdes que eram os mais belos que já viu.

-- Você estava bebendo? – Indagou descon iada.

Sentiu o cheiro de á lcool.

-- Só um pouco.

-- A essa hora? – Fitou o reló gio da cabeceira. – E quase uma da madrugada.

-- Durma, icarei aqui com você .

-- Eu tive sonhos ruins... – Disse baixinho.

-- Foram apenas sonhos. – Tocou-lhe as madeixas negras. – Nada de mal vai lhe acontecer.

Clara deitou a cabeça em seu ombro novamente, estava sonolenta e acabou dormindo rapidamente nos braços de sua
linda condessa.

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Capitulo 27 por gehpadilha

Notas do autor:

Feliz 2017... Beijã o grande.

Vitó ria fechou os olhos e aproveitou ao má ximo a sensaçã o maravilhosa de ter a Maria Clara em seus braços. Inalou
o delicioso cheiro de rosas que se depreendia de seus cabelos. Acariciou as madeixas longas e macias...

Poderia passar a vida toda ali, com sua amada princesa em seu colo.

Respirou fundo, soltando lentamente o ar.

Sentia-se culpada por tudo o que acontecera com a jovem, nã o fora capaz de controlar seus demô nios e o pior
sucedeu. Infelizmente nã o tinha como mudar o passado, mas tentaria ajustar os fatos em seu presente. Seria capaz de fazer
qualquer coisa por aquela mulher, daria a pró pria vida para salvar a dela. Hoje, tinha certeza de que tudo só começara a fazer
sentido quando seus olhos se cruzaram com os negros mais misteriosos e doces que um dia pode ver...

Quantas vezes tentara fugir? Tentara negar o que estava a sentir? Até que o sentimento se tornou tã o forte que
acabou se entregando, mesmo relutante, a ele.

-- Ah, Branca de Neve, como posso te amar tanto... – Falou baixinho. – Ah, Deus, até quando aguentarei tanto
desprezo?

Temia que sua paciê ncia chegasse ao limite e acabasse explodindo, ferindo ainda mais a linda Duomont. Já pensou
em mandá -la de volta para a casa de sua famı́lia, poré m quando se lembrava dos momentos que passaram juntas nã o tinhas
forças su icientes para isso. Sabia que mais uma vez estava sendo egoı́sta, do mesmo jeito que fora quando a obrigou ir morar
em sua fazenda só para tê -la ao seu lado.

Abraçou-a mais forte, ouvindo-a resmungar em um protesto inconsciente.

Até quando aguentaria aquela situaçã o?

Antes nã o havia desprezo em seu olhar de princesa, mas agora via o desdé m estampado em sua face tã o linda...

Maldita Clarice!!!!!!!!

Sabia que ela tinha envenenado a ilha contra si.

Mesmo sabendo que a maioria das coisas que foram ditas eram verdadeiras, també m sabia que ela mentira muito e
para piorar sua palavra nã o tinha força su iciente para ir contra ao da respeitada senhora Duomont.

Sorriu quando a sentiu se aconchegar mais a si.

E se essa amné sia nã o passasse? E se ela nunca recuperasse as lembranças que viveram?

Isso a inquietava terrivelmente, pois nem mesmo sabia como izera para que a bela Branca de Neve se apaixonasse
por algué m tã o terrivelmente arrogante e orgulhosa como sempre demonstrava ser... Como poderia conquistá -la novamente?
Como?

Nunca precisara conquistar ningué m, na verdade, pensando bem, nunca se interessara realmente por algué m,
sempre fora apenas sexo.

Beijou-lhe o topo da cabeça e se deixou icar ali, aproveitando aquele momento ú nico em sua vida, enquanto
pensamentos lhe tiravam a paz.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

As primeiras luzes do amanhecer invadiam os aposentos quando Maria Clara despertou. Tentou se mexer, mas algo
a prendia por sua cintura.

Virando-se, deparou-se com a bela condessa dormindo tranquilamente ao seu lado. Aos poucos sua mente clareou,
fazendo-a recordar do que se passara na noite passada, poré m nã o imaginou que ela icaria consigo, acho que ela iria embora
depois de um tempo.

Curiosa, observou-a com atençã o.

O nariz empinado denotava a arrogâ ncia e o orgulho que faziam parte de sua personalidade forte e in lexı́vel; Os
lá bios eram vermelhos, lembravam uma maçã pronta para ser mordida, o superior era um pouco mais cheio... Observou que
havia algumas sardas enfeitando o belo rosto... Nã o havia dú vidas que era uma mulher muito linda...

Lembrou-se do dia do enterro de sua tia, fora a primeira vez que a viu, recordava-se bem do olhar forte, implacá vel,
agindo como se fosse a dona e a senhora do mundo.

Pensou nas coisas que sua mã e lhe disse, nas barbaridades que aquela mulher izera consigo...

Agora icou a pensar que Lú cifer deveria ter aquela mesma aparê ncia.

Vitó ria se mexeu e a coberta deslizou um pouco, deixando a mostra o decote provocante da camisola preta.

Clara nã o conseguiu nã o itar aquela parte exposta... Havia algumas pintas nele també m... Eram redondos...

Sentiu o rosto em chamas.

Lembrou-se de que ela falara sobre ambas terem um relacionamento.

Mentira!!!!!

Jamais se envolveria com uma mulher, ainda mais sendo, essa, a herdeira dos Mattarazis.

Tinha um noivo e o amava muito, jamais o trairia de forma tã o vil, ainda mais com a inimiga de sua famı́lia.

Viu os olhos da condessa se abrindo lentamente.

Eles eram tã o penetrantes, intensos, atrevidos, pareciam querer desnudar sua alma.

Mirou o sorriso a deixar ainda mais bonita.

-- Bom dia, Branca de Neve... – Espreguiçou-se, passando as mã os pelo rosto.

-- O que faz aqui? – Indagou em tom acusador, ignorando o cumprimento.

-- Pensei que tinha sido eu que tinha bebido ontem. – Arqueou a sobrancelha divertida.

-- Lembro-me do que aconteceu, só nã o pensei que icaria a noite toda.

Vitó ria se apoiou no cotovelo, observando-a minuciosamente.

Ela icava ainda mais linda com aquele jeito arredio.

-- Como eu poderia me negar ao prazer de desfrutar de sua companhia. – Nã o resistiu ao prazer de provocá -la.

Clara estreitou os olhos ameaçadoramente, mas nã o falou nada. Sentou na cama, pegou as muletas que estavam
apoiadas, levantando-se.

-- Saia! – Apontou a porta. – Estou esperando a Ana para que ela me ajude a tomar banho e nã o quero que ela te
encontre aqui.

-- Mas por quê ? – Fez um gesto dramá tico levando a mã o ao peito como se tivesse sido ferida. – Eu nã o poderia ser
simplesmente sua amiga? Quais os requesitos para ocupar esse cargo? Eu posso te ajudar a banhar? – Piscou o olho. –
Podemos ser amiguinhas?

Clara colou violentamente.

-- Saia! – Repetiu.

A ruiva se levantou e foi até ela, icando a alguns centı́metros de distâ ncia.

-- Posso te ajudar a banhar?

-- Como pode ser tã o descarada? – Indagou indignada.

-- Eu só quero te ajudar. – Sorriu meiga. – Como um monstro pode se tornar um cordeiro se nã o lhe dã o uma
oportunidade para isso?

A Duomont observou o olhar safado que a mulher exibia.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Nã o necessito de sua ajuda. – Fitou-a, examinando os olhos verdes. – O que está querendo com tudo isso hein?
Acha que o Marcos nã o me disse que você está perseguindo a famı́lia dele, nã o consegue deixar as pessoas em paz? – Mudou
de assunto.

A neta de Frederico se sentia atraı́da inexplicavelmente por a bela condessa, mas tentava justi icar em sua mente
que qualquer um icaria, a inal, era a ruiva mais linda que já deve ter existido em todo o mundo.

Era possı́vel ver a tensã o no maxilar da empresá ria.

-- Eu nã o sei onde estou com a cabeça que ainda permito que fale com esse desgraçado. – Falou por entre os
dentes.

-- Nã o pode me proibir disso... – Ela retrucou altiva.

Na noite anterior ao falar com o pretendente, ele contara o episó dio em que a Mattarazi atirara covardemente
contra sua pessoa.

A condessa respirou fundo, tentou se lembrar de que a jovem que lhe enfrentava e acusava estava doente e que seu
julgamento era de terceiros.

-- Nã o irei discutir contigo sobre nada, nego-me a falar com algué m que nã o recorda nem mesmo que está
apaixonada por mim.

-- Mentira! – Disse baixinho. – Nã o acredito em ti.

Vitó ria sorriu, caminhando até a porta, abriu-a, mas nã o resistiu ao desejo de provocá -la mais uma vez.

-- Amo o sinal que você tem na lateral do seio esquerdo...

Clara teve vontade de matá -la ao ouvir a risada rouca que preencheu o ambiente, antes que a comunicaçã o fosse
cerrada.

Engoliu em seco.

Só algué m que a viu nua poderia saber daquela marca de nascença...

Nã o, nã o, nã o!

Ela deveria ter visto...

Sentou pesadamente sobre o colchã o.

Ela sabia que aquilo era mentira, jamais teria intimidade com aquela mulher, ainda mais para icar despida diante
dela.

-- Nã o, nã o e nã o. – Bateu forte na cama. – Ela está querendo me confundir, está querendo me perturbar, mas por
quê ?

Vingança!?

Sua mã e falou sobre o desejo que a condessa sempre demonstrara de destruı́-las, e as inú meras tentativas feitas
por ela.

Levantou-se.

Com certeza, na noite anterior, ela deveria ter visto o tal sinal e estava usando esse detalhe para irritá -la.

Ouviu batidas e Ana entrou.

-- Bom dia, senhorita. – Cumprimentou-a com um enorme sorriso. – Dormiu bem?

Clara a itou com simpatia.

-- Sim, estou ó tima!

-- Vamos ao banho?

A Duomont assentiu, mas antes lhe perguntou algo.

-- Ana... – Começou hesitante. – Você falou algo sobre o sinal que tenho na lateral do meu seio para a condessa?

-- Nã o, senhorita. – Negou veemente. – Nã o comento sobre isso com ningué m, nem mesmo a senhora Vitó ria me
perguntou.

A neta de Frederico sorriu tentando amenizar as indagaçõ es.

Valentina tomava café na presença do marido e do ilho, estavam em casa, a delegada se preparava para ir ao
trabalho.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Você tem certeza disso? – O advogado a itou surpreso.

-- Sim, pedi que um dos meus agentes icasse de olho e ele me disse que Marcelo esteve na fazenda de Otá vio.

-- Maldito! – Bateu forte na mesa com o punho.

Miguelzinho se assustou e Valentina fuzilou o marido com o olhar mortal.

-- Desculpe, ilho. – Miguel colocou o garoto em seu colo. – Eu sabia que a Vitó ria nã o deveria ter con iado naquele
crá pula, mas ela nã o me escuta.

-- Bem, eu estarei de olho, o prefeito acha que escapará ileso de tudo isso, mas eu provarei que ele está muito
enganado.

A criança desceu dos braços do pai e correu para sala.

-- Faça o possı́vel para a sua sobrinha se manter distante, nã o desejo que ela acabe querendo fazer justiça com as
pró prias mã os.

-- Você sabe como ela está ? Você foi testemunha de como ela está arrasada com a amné sia de Maria Clara, só nã o
veio aqui ainda para matar o Marcelo porque nã o deseja se afastar da Duomont.

-- A Clara jamais a perdoaria se ela izesse isso. – Suspirou. – Nã o basta a raiva que ela tá da condessa, Clarice a
envenenou muito bem. – Torceu a boca.

-- Estou rezando para que ela recupere a memó ria.

-- E se isso nã o acontecer? – Valentina indagou pesarosa. – Você acha que a poderosa Mattarazi reconquistaria a
amada?

O advogado nã o respondeu.

Temia que Vitó ria perdesse mais uma vez algué m que amava.

Trê s dias depois...

Clara estava na sala de estar.

Descansava depois de mais uma longa sessã o de isioterapia. Desejava icar boa logo, assim, teria mais liberdade.

Nã o viu a condessa desde aquela manhã que discutiram, mas sabia quando ela estava em seu quarto, sempre chegava
bem tarde da noite, pois sentia o seu cheiro do outro lado da parede.

Precisava ligar para Marcos.

Da ú ltima vez que se falaram ele disse que já tinha pegado alguns documentos e começaria a dar entrada nos papé is do
casamento, nã o sabia o motivo, mas isso a inquietou. Preferiria esperar mais um pouco, pelo menos até se recuperar
totalmente, mesmo que só isicamente.

Pegou o celular para ligar quando ouviu a campanhia, estava quase indo abrir a porta, quando Ana se adiantou.

A Duomont discava o nú mero quando ouviu a voz que nã o lhe parecia desconhecida, entã o, a elegante loira se
materializou diante dos seus olhos.

-- Olá , boa tarde. – Disse sorridente. – Desejo falar com a condessa.

Ana saiu rapidamente avisar a patroa.

Clara icou surpresa, pois nã o sabia que Vitó ria estava em casa.

-- Como você está ? – So ia indagou simpá tica.

-- Bem, obrigada. – Respondeu seca.

Nã o sabia o motivo, mas nã o simpatizava com aquela mulher. Era como se algo a irritasse profundamente.

A neta de Frederico a inspecionou durante alguns segundos.

-- Nos conhecemos? – Perguntou confusa.

-- Nã o, nunca nos vimos, a nã o ser no dia lá em meu consultó rio, bem, pelo menos eu nã o me lembro de outra
ocasiã o.

A conversa nã o se desenvolveu, pois a bela Mattarazi adentrou a sala.

A Duomont nã o conseguiu desgrudar os olhos da mais bela que vestia apenas um minú sculo biquı́ni branco e uma
canga preta que deixava a mostra suas belas pernas torneá veis.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Os cabelos estavam presos em um coque, os ó culos de sol descansavam no topo da cabeça.

Ficou irritada com o olhar faminto que a tal psicó loga a itava, era como se desejasse devorá -la ali mesmo, sem se
importar com os presentes.

-- Nossa, como pode ser ainda mais linda. – So ia a cumprimentou com um beijo rá pido.

-- Que surpresa! – Vitó ria pareceu constrangida. – Como soube que eu estava em casa?

-- Liguei para sua empresa e me avisaram.

A condessa tinha jantado com a psicó loga na noite anterior, era uma boa companhia, até saı́ram para dançar, poré m
percebia que a loira tinha outros interesses e a ruiva sabia que aquilo nã o era uma boa ideia, ainda mais quando estava
apaixonada por outra pessoa.

-- Vamos para a piscina, tomamos um suco e conversamos.

Maria Clara as observou se afastar e sentiu uma agonia em seu peito. Era como se algo segurasse seu coraçã o nas
mã os e apertasse fortemente, espremendo-o. Sentiu o ar faltar aos seus pulmõ es.

Rapidamente, tirou a bombinha que trazia em seu bolso, buscando controlar a respiraçã o.

De repente lashes vieram a sua mente.

O lugar parecia um restaurante, conseguia ver claramente a imagem da condessa sentada em uma mesa junto com
a loira.

Entã o, a cena muda drasticamente e agora Clara está nos braços da ruiva... Nuas.

Sentiu uma pontada tã o forte na cabeça que seu estridente grito poderia ser ouvido em todas as partes da
cobertura.

A condessa ouviu o som de dor e rapidamente saiu correndo em direçã o a ele.

Encontrou Clara com os olhos arregalados, com as mã os na cabeça, a expressã o em seu rosto era de puro choque.

Ajoelhou-se diante dela.

-- Clara! – Chamou-a. – Clara! – Insistiu até que os olhos negros a itaram.

A jovem Duomont mirou as duas esmeraldas que a itavam preocupadas.

-- O que você tem?

So ia se aproximou.

-- O que houve? Ela está bem?

-- Quero ir para o meu quarto. – Pegou as muletas, levantando-se.

-- Eu irei contigo! – Vitó ria se adiantou. – Desculpe-me, So ia, mas eu preciso... – Tentava se justi icar.

-- Eu entendo... – A jovem disse sem graça. – Te ligo. – Beijou-lhe os lá bios rapidamente.

Clara andou o mais rá pido que sua perna machucada permitia, ao chegar aos aposentos, sentou-se.

Sua cabeça nã o doı́a mais, poré m estava pesada, como se existisse uma bagunça lá dentro.

-- Vou chamar a doutora Jane. – Vitó ria disse pegando o telefone.

-- Nã o! – Fitou-a. – Eu estou bem.

A ruiva entã o deixou o aparelho de lado, ajoelhando-se diante dela.

-- O que está sentindo, meu amor? – Segurou-lhe as mã os. – Deixe-me te levar ao hospital. – Dizia preocupada. –
Deixe-me cuidar de você .

A neta de Frederico a encarou e mesmo que nã o desejasse sentia a sinceridade naquelas palavras.

-- Responda-me algo... – Pediu.

Mattarazi assentiu prontamente.

-- Eu conheço a So ia? Eu já a vi?

A condessa pareceu confusa com a pergunta. Ponderou por alguns segundos, até que falou:

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-- Você a viu comigo uma noite, está vamos jantando em um hotel, por quê ? Lembrou-se disso? – Perguntou
entusiasmada. – Lembrou-se disso? – Repetia. – De que você lembrou mais? Lembrou-se de mim?

O vermelho tingiu a linda face da jovem. Desviou o olhar.

-- Nã o! – Fez um gesto de cabeça. – Nã o te vi, só a sua amante.

A ruiva se levantou, passando os dedos entre os ios dos cabelos em uma gesto de decepçã o.

-- Bem, já é um começo. Vou te lavar ao hospital para falar com a neurologista, talvez ela possa ajudar.

-- Nã o! Nã o irei lá , eu estou bem, ela disse que esses lashes seriam normais. – Levantou-se. – Agora pode retornar
para os braços da sua psicó loga.

Vitó ria foi até ela, segurando-a delicadamente por seus ombros.

-- Eu nã o quero ir para os braços de ningué m, desejo apenas icar contigo. – Tocou-lhe a face com as costas da mã o.
– Você nã o tem ideia de como eu te amo, nã o tem ideia de como preciso de ti... Eu daria qualquer coisa para que você
estivesse bem, para que nã o tivesse caı́do do cavalo...

Clara pareceu hipnotizada quando sentiu o há lito fresco se aproximar. Nã o reagiu ao sentir os lá bios icarem
está ticos, colados aos seus.

A condessa parecia esperar pelo esbravejamento, mas ao perceber que nã o viria, beijou-a. O fez como se temesse
feri-la, lentamente, sentindo a maciez, o sabor... Implorando para que a amada a aceitasse, entã o os lá bios da bela Duomont
entreabriu e essa foi a resposta para as preces da ruiva.

A neta de Frederico acolheu a boca rosada, sentindo-a saborear cada pedacinho da sua. Sufocou um gemido
quando a lı́ngua da empresá ria a invadiu, preenchendo-a, brincando, seduzindo... Chupou... Sugou-a... Sentindo que aquela
carı́cia era muito mais do que familiar...

Sentiu as mã os por baixo de sua camiseta, nem percebeu o clique do sutiã , apenas o toque em seu colo que reagiu
imediatamente ao tato da inimiga... Seu corpo parecia em chamas.

Desejando-a mais pró xima a si, soltou as muletas uma a uma, envolvendo o pescoço esguio com seus braços... A
pele dela era quente e o cheiro a estava deixando inebriada...

-- Senhorita...

Ambas se afastaram tã o rapidamente que Clara caiu sentada na cama.

-- A... A porta estava aberta... – Ana tentava se explicar. – Perdã o...

-- O que você quer? – Vitó ria perguntou com expressã o frustrada.

-- E que... Os pais da senhorita Duomont estã o aqui.

A ruiva fez um gesto para que a empregada saı́sse, depois itou a amada.

Sentiu vontade de rir ao ver o rosto totalmente corado, mas na verdade, queria amá -la loucamente naquele
momento.

-- O que eles estã o fazendo aqui? – Vitó ria recolheu as muletas, entregando-lhes.

-- Nã o sei. – Levantou-se. – Irei até eles.

Uma desconsertada condessa observava Maria Clara deixar os aposentos. Pensou em ir atrá s, mas estava tã o
irritada por seu desejo ter sido cortado bruscamente, que temia uma explosã o junto ao casal Duomont.

Seguiu para os pró prios aposentos, direto para o chuveiro, precisava esfriar a cabeça e o fogo que parecia queimar
o corpo.

Sorriu ao sentir a á gua gelada lhe retesar os mú sculos.

Apesar da interrupçã o, sentia-se feliz, pois sentira a paixã o nos braços da amada, senti-a desejosa, excitada... Um
ó timo sinal para o seu desespero.

Felipe abraçou a ilha, enquanto Clarice olhava deslumbrada a luxuosa cobertura. Sabia que a condessa era muito
rica, poré m jamais imaginara algo tã o pomposo.

-- O que fazem aqui? – Clara indagou ainda com o braço do pai em seu ombro.

-- Vim vê -la, a inal, nã o nos vimos no Natal, entã o vim e trouxe um presente. – O homem dizia. – Miguel me deu o
endereço e garantiu que nã o haveria problemas.

-- Verdade, ilha. – A mã e a abraçou. – Está vamos com saudades.

-- Tome! – Felipe lhe entregou um pequeno pacote.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- E o meu avô ? Como ele está ? Por que nã o veio com você s?

-- Ele jamais pisaria no mesmo lugar onde os pé s da condessa pisam. – A matriarca se adiantou. – Nó s viemos
somente por você .

-- Eu nã o te chamei pra vir comigo. – Felipe disse irritado. – Poderia ter icado lá . – O vereador a abraçou mais uma
vez. – Acho melhor irmos, nã o quero que a senhora Mattarazi se irrite com a nossa presença, ainda mais porque nã o
avisamos que virı́amos.

-- Nã o! Nã o quero que vá tã o rá pido. – A jovem disse tristemente.

Clarice nem mesmo esperou um convite, sentando-se.

-- Como disse, nã o desejo que você tenha problemas.

-- Nã o terá problemas, Felipe.

Os presentes miraram em direçã o à voz.

A ruiva entrou na sala usando apenas um roupã o negro.

Clara sentiu um arrepio percorrer a espinha ao vê -la, recordando do que tinha feito há pouco no quarto.

Tinha certeza que a face estava em chamas.

-- Convido-os para icar, se desejarem, podem passar o ano novo junto com a sua ilha. – Sentou-se, cruzando as
pernas. – Se acomode. – Apontou a poltrona para o pai da amada.

-- Eu peço que me perdoe por ter vindo sem avisar. – Acomodou-se tendo a ilha ao seu lado. – Mas eu nã o
aguentava de saudades da minha pequena.

-- Nã o se preocupe. – A condessa deu de ombros. – Fique à vontade e como já disse antes, iquem e passem o ano
novo com a Clara.

-- Eu só icarei porque imagino como deve ser terrı́vel para a minha ilha passar uma data tã o importante com
algué m que nã o gosta. – Clarice disse esnobe.

A condessa se levantou, esboçando um sorriso cı́nico.

-- Ah, nã o diga! – Debochou. – Fique, Felipe, eu viajarei, entã o a Clara vai precisar de sua companhia. – Mirou a
senhora Duomont. – Quanto a senhora, meu helicó ptero estará a sua disposiçã o para deixá -la na fazenda.

A ruiva se afastou, seguindo para o quarto.

Clara a observou sumir e se sentiu incomodada, até mesmo triste, por saber que a Mattarazi viajaria, decerto
icaria com So ia.

-- Vamos icar contigo. – Clarice começou. – Farei esse sacrifı́cio pelo amor que tenho por ti.

Felipe relanceou os olhos, irritado com a postura da esposa.

Nã o queria tê -la trazido consigo, estava cansado do jeito mesquinho que a mulher se comportava.

Ouvia-a conversar com Clara e percebia que a ilha parecia aé rea, distraı́da, sempre itando a porta por onde a
ruiva se fora.

-- Marcos está louco pra te ver. Amanhã ele vem para a capital.

-- E você nã o irá vê -lo, pois nã o quero que tenha problemas com a condessa. – O senhor Duomont repreendeu a
esposa com o olhar. – E você , Clarice, será que nã o é melhor que volte para a fazenda?

-- Ficarei com a minha ilha. – A mulher a fuzilou com um olhar mortal.

O papo continuou até que Ana apareceu a mando de Vitó ria para acomodar os Duomonts.

No dia seguinte, a condessa se aprontou para viajar a Roma, mas antes foi até o quarto de Clara, pois durante todo
o dia ela nã o tivera mais chance de falar com a jovem, porque Clarice nã o a deixava sozinha.

A mulher era odiosa ao extremo. Sabia que ela estava envenenando ainda mais a ilha contra si, via em seu olhar
isso. Sentira ganas de expulsá -la, mas nã o o izera porque tinha certeza que seria mais um motivo para ser odiada por sua
princesa.

Em parte estava feliz por ter surgido um problema em uma de suas empresas, assim, icaria distante, pois sua
vontade era tomar sua amada em seus braços.

Ao entrar nos aposentos, ouviu-a chamar por Ana, poré m percebeu que a empregada nã o estava ali. Seguiu até o
banheiro, encontrando sua Branca de Neve totalmente despida, encostada ao box.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Clara arregalou os olhos quando viu Vitó ria parada, itando-a despudoradamente. Instintivamente, cobriu os seios
com uma mã o, enquanto a outra pousava em seu sexo, numa atitude inú til de se esconder do olhar faminto da Mattarazi.

-- O que faz...? – Disse com o rosto em chamas. – Como... Como ousou entrar aqui?

A ruiva desviou os olhos dos seios redondos, encarando-a.

-- Vim me despedir... – Umedeceu os lá bios. – Estou indo a Roma e provavelmente nã o estarei aqui... No reveillon.

-- Vai com a sua amante? – Perguntou incomodada com a ideia.

Vitó ria deu mais um passo, parecia imersa diante de tã o linda imagem.

O diafragma da jovem Duomont estava em ritmo acelerado. Era possı́vel ouvir o som pesado de sua respiraçã o.

Os olhos da empresá ria estavam tã o escuros que era impossı́vel pensar que ali repousavam duas esmeraldas.

-- Que amante? – Indagou distraı́da.

A condessa pousou a mã o sobre a que protegia o colo inutilmente. Sentiu-a trê mula... Levou a outra mã o a tocar os
dedos que abertos tentavam proteger a sexualidade latente... Estava quente...

-- A... So... So ia... – Gaguejou. – A sua amante So ia. – Recuperou a irmeza na voz.

Clara sentiu a pressã o delicada, poré m nã o havia se dado conta que nã o era mais seu tato que lhe resguarda a
pureza, que há tempos nã o existia, agora era o toque da condessa que se mantinha inerte, mesmo que tã o provocante.

A Duomont mirou os lá bios tã o pró ximos aos seus...

-- Se desejar estar ao meu lado hoje, eu deixarei os compromissos de lado e icarei contigo. – Fitava-a. – Diga que
deseja a minha presença...

A jovem morena engoliu em seco.

Sentia um arrepio percorrer toda a regiã o da espinha... Os mamilos estavam doloridos, eretos, exigente, atrevidos...
Havia uma umidade entre suas coxas e rezava para que fosse do banho...

-- Nã o... – Falou baixinho. – Deixe-me...

A ruiva inclinou a cabeça até icar com a boca colada em sua orelha.

-- Eu sei que seu corpo está me reconhecendo... – Sussurrava. – Eu sinto... Nã o precisa ter medo, você é minha
mulher...

-- Mentira...

A ousada Mattarazi desejava provar-lhe suas palavras, entã o deslizou os dedos por entre suas pernas, vibrando
com o desejo que se encontrava ali... Comoçou com movimentos lentos, usando o polegar para in lamá -la, sentindo-a
receptiva...

Clara sentia a mente embaralhada, conturbada, como se nã o houvesse formas de se defender. Como se nã o pudesse
controlar as sensaçõ es que a invadiam.

Encostou a cabeça em seu ombro, permanecendo quieta enquanto a pressã o em seu ventre icava cada vez maior.

-- Apenas sinta... Nã o a invadirei, pelo menos nã o enquanto nã o senti-la pronta para o que irá descobrir, poré m
darei ao seu corpo o alı́vio que o meu grita para ter...

As carı́cias se intensi icavam, percebeu-a abrindo-se mais... Entregue... Usou mais um dedo para que a pressã o
fosse maior... Nã o a penetraria, mesmo que estivesse desejosa disso...

A Duomont cerrou os lá bios para nã o gritar... Mexeu os quadris para acelerar os movimentos... Sua respiraçã o
estava acelerada... Rebolava no toque exigente, ao mesmo tempo delicado...

Sabia que nã o deveria estar fazendo aquilo, mas nã o tinha como controlar as sensaçõ es poderosas que lhe
dominavam... Pensaria naquele problema em outro momento, agora só desejava muito mais do que ela lhe dava, só desejava
muito mais do que sua mente confusa imaginava...

As fricçõ es icaram tã o rá pidas que poderiam ser ouvidas como fundo musical, junto com os gemidos abafados da
princesa desmemoriada...

Entã o o prazer supremo chegou para ela... enquanto seu grito era sufocado por seus dentes sendo cravados no
ombro de sua inimiga...

A condessa sentiu o pró prio corpo mergulhar nesse ê xtase, mesmo nã o tendo sido tocada.

Segurou-lhe o rosto entre as mã os, fazendo-a encara-lhe. Mirou os olhos assustados, rasos de á gua, mas que
re letiam o prazer intenso que tivera há pouco.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Os lá bios se encontraram em um beijo apaixonado, sofrido, doı́do... As lı́nguas digladiavam... Ouvia-se os ruı́dos de
raiva que vinha da boca de Clara... Fora vencida... Vencida por desejos que permaneciam vivos, mesmos que esquecidos...

-- Senhorita... – Ana chamou resoluta do quarto.

Vitó ria se afastou, mas nã o a soltou.

-- Feliz ano novo, Branca de Neve...

Clara nem mesmo pode responder, pois a ruiva já se afastava, seguindo seu caminho.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Capitulo 28 por gehpadilha

Notas do autor:

Olá , lindas :)

Perdoe-me a demora, mas tirei um tempinho para descansar, mas agora


estou de volta. Ah, decupem-me pelo capitulo anterior triplicado, DnSilva,
como apaguei as ré plicas, colei seu comentá rio no capitulo 27.

Beijos e nã o iquem tirstes comigo pela demora.

Clara precisou se apoiar na divisó ria para que nã o viesse ao chã o.

Temia que seu coraçã o saı́sse por sua boca de tanto que batia acelerado. Ainda conseguia sentir espasmos por todo
o corpo.

Mais uma vez ouviu a voz de Ana, poré m ainda nã o teve forças para responder. Necessitava de tempo para
apaziguar as sensaçõ es avassaladoras que lhe intimidavam, mas que de alguma forma pareciam tã o familiares e tã o novas ao
mesmo tempo.

Umedeceu os lá bios com a lı́ngua e teve a impressã o que o gosto dela estava ali.

-- Meu Deus, quem é Vitó ria Mattarazi? – Perguntou baixinho.

Seria verdade que eram amantes?

Se aquilo fosse verdade, estava perdida.

Como pode se envolver com a maior inimiga do seu avô ? Como entrara em uma relaçã o tã o perigosa?

Algo naquele momento a deixou ainda mais perturbada.

Será que ainda era virgem?

Ana interrompeu mais uma vez seus pensamentos.

-- A senhorita está bem?

A Duomont itou a empregada, fazendo um gesto a irmativo com a cabeça.

Já era noite quando Miguel e Valentina chegaram à cobertura da condessa. Ambos foram recepcionados por uma
arrogante Clarice que se exibia na luxuosa sala.

-- O que fazem aqui?

O advogado icou surpreso ao ver a repugnante mulher ainda presente na propriedade de Vitó ria.

-- Imagino que vieram icar aqui, poré m aviso que como a condessa nã o se encontra, é preferı́vel que você s saiam.
Queremos que nosso ré veillon sejam em famı́lia.

Valentina estava pronta para responder, quando a voz de Clara foi ouvida.

-- Boa noite! – Sorriu simpá tica. – Que bom que vieram.

O pequeno herdeiro da delegada correu até a jovem Duomont, abraçando-lhe a perna.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Oh, garotã o... – Caminhou até a poltrona, sentando-se, em seguida colocou Miguelzinho acomodado em seu colo.
– Sentem-se.

Clarice nã o gostou das palavras da ilha.

-- A Vitó ria viajou, teve uns problemas na companhia de Roma.

-- Onde ela estava com a cabeça que nã o nos avisou. – Miguel seguiu até uma poltrona, tendo Valentina ao seu lado.

-- Pois é , como a sua “amiguinha” nã o está , nã o vejo motivos para que iquem aqui.

-- A senhora se proclamou dona da casa? – A delegada a fuzilou com o olhar.

Clara itou a mã e com ar de advertê ncia.

-- Ao contrá rio, você s podem icar sim, nã o tenho certeza se a condessa retornará antes da virada do ano, poré m
desejo que iquem.

Felipe adentrou ao ambiente, cumprimentando a todos.

-- E esse garoto tã o lindo? – Sentou ao lado da ilha. – Já é o seu?

-- Sim.

-- Já está grande... – Tocou-lhe a face. – Ele parece com a senhora Mattarazi. – Disse de forma inocente.

A neta de Frederico percebeu o olhar que a delegada trocou com o advogado e teve a impressã o de que o
comentá rio feito pelo pai tinha fundamento. Observou melhor o garoto e verdadeiramente o formato do rosto, dos lá bios era
familiar. Ao itar Miguel, percebeu que ele també m exibia os mesmos traços.

-- Crianças nunca parecem com ningué m... – Clarice torceu o nariz. – O Marcos me ligou avisando que já está aqui. –
Desconversou. – Poderı́amos passar o ré veillon com ele, pois eu nã o sei o que teremos de bom aqui.

Ana apareceu na sala.

-- Licença. – Parou diante de Clara. – Uma empresa de Buffet se encontra lá embaixo, disseram que foram
contratados pela condessa, deixo-os subir?

A nora de Frederico se levantou prontamente.

-- Ló gico, que menina lerda!

-- Sim, Ana, peçam que subam.

-- Essas empregadas de hoje em dia sã o terrı́veis! – Exclamava a mã e da jovem.

-- Eu acho melhor você parar de bancar a dona de tudo, Clarice. – O vereador a repreendeu irritado. – Você nã o tem
que se meter em nada, só estamos aqui porque a condessa permitiu, entã o comporte-se.

A mulher nã o parece ter gostado do que ouviu, entã o, altiva seguiu para fora da sala. Felipe se desculpou e foi atrá s
dela.

-- Peço que desculpem a minha mã e.

Valentina assentiu.

Estava surpresa que a ruiva tenha permitido que a cobra da mã e da amada icasse ali, será que nã o a via como uma
ameaça?

Em pensar que há alguns meses, a condessa jamais permitiria que um Duomont icasse sob o seu teto, ainda mais a
famı́lia quase toda...

-- Vou ligar para Vitó ria.

Miguel seguiu até o escritó rio para realizar a chamada, deixando as duas mulheres e a criança sozinhas.

-- O seu ilho é realmente muito linda. – Clara tentava quebrar o silê ncio constrangedor. – Muito fofo.

-- Obrigada! – Sorriu. – Você está bem? Tenho a impressã o que está mais acessı́vel, mais receptiva.

Miguelzinho desceu do colo, sentando-se para brincar com um carrinho.

-- Talvez, seja o clima de ano novo.

-- Que bom, ico feliz, acho que a Vitó ria adoraria esse seu sorriso enorme.

Clara corou.

-- Eu nã o o daria para ela.

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-- Por que nã o? – Arqueou a sobrancelha. – Acho que depois dela permitir que seus pais icassem aqui contigo, ela
merecia bem mais do que isso.

-- Você nã o gosta de mim nã o é , delegada? – Perguntou sincera.

-- Ao contrá rio, sempre a tive em alto conceito, mesmo nã o tenho muito contato contigo, a admiro muito.

-- Nã o é o que parece...

-- Só porque eu digo a verdade nã o signi ica que nã o gosto de ti.

A porta foi aberta e algumas pessoas entraram com algumas caixas.

-- Pena que a Vitó ria nã o passe o ano novo aqui... – Valentina dizia. – Ela merecia estar contigo.

-- Nã o precisa icar com dozinha dela, decerto está bem acompanhada. – Falou exasperada.

A delegada observou ela tentar disfarçar o ciú mes e a reprovaçã o que icaram evidentes em seu tom de voz.
Decidiu provocá -la.

-- Bem, se ela está , faz bem, a inal, você a rechaça com unhas e dentes...

Clara estreitou os olhos ameaçadoramente.

-- Eu nã o tenho motivos para acolher a inimiga da minha famı́lia com rosas...

Valentina se acomodou melhor no sofá , cruzando as pernas.

-- Nã o foi isso que eu vi no dia que as encontrei no rio...

A Duomont engoliu em seco.

-- De que fala? – Indagou sentindo a face esfogueada, denotando surpresa.

Antes que a delegada respondesse, Miguel retornou.

-- Amanhã preciso retornar cedo para a cidade, pois terei que resolver o problema da posse.

-- Que posse? – Clara o itou.

O advogado a encarou.

-- A da prefeitura, esqueci que você nã o se lembra de que a Vitó ria ganhou a eleiçã o.

-- Ah, minha mã e me contou sobre isso, ico a pensar como algué m faz tanto esforço para conseguir algo e ao inal
aquilo nem ao menos lhe interessa. – Comentou irritada.

A delegada olhou para o marido, mas preferiu nã o falar nada.

O novo ano chegou com um requinte de coisas inas. Uma equipe de garçom serviu a pomposa ceia para os
presentes na cobertura da condessa. Miguel e Valentina observavam a arrogâ ncia de Clarice que agia como se fosse a dona do
lugar. Ela nã o se cansava de repreender os empregados e vá rias vezes Felipe lhe chamara a atençã o.

Clara permanecia na enorme varanda, observando a noite com olhar perdido. Senti-a vazia, como se algo lhe
faltasse...

Observava o show piroté cnico enfeitar o cé u...

-- A Vitó ria está ao telefone e deseja falar contigo. – Miguel lhe estendeu o aparelho.

A jovem o itou, relutante, surpresa.

-- O que ela quer? – Perguntou tentando controlar a ansiedade.

-- Nã o sei, pergunte a ela. – Colocou o telefone em sua mã o, afastando-se.

A Duomont icou parada, respirou fundo, entã o atendeu a chamada.

-- Alô ! – Disse secamente.

-- Olá , Branca de Neve...

A neta de Frederico sentiu o coraçã o acelerar ao ouvir o tom rouco.

-- O que deseja, condessa?

-- Desejo você ...

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Clara sentiu os pelos da nuca se arrepiar.

-- Diga o que deseja. – Insistia.

-- Apenas lhe desejar um feliz ano novo e dizer que estou com saudades.

A bela princesa nã o pode conter o sorriso que se desenhou em seus lá bios.

-- Obrigada! Desejo o mesmo para a senhora.

Houve alguns segundos de silê ncio, apenas a respiraçã o de ambas podia ser ouvida.

-- Amanhã viajarei até a fazenda, haverá a solenidade de posse e quero que você esteja lá .

-- Por quê ?

-- Porque eu quero te ver, estou morrendo de saudades.

-- Você viajou a menos de vinte quatro horas. – Provocou-a.

-- Eu sei, poré m para mim, parece uma eternidade. Você vai?

-- E uma ordem ou um pedido?

-- Na verdade, eu estou implorando...

Clara sabia que se dissesse sim estaria mostrando o interesse que começava a crescer em seu ı́ntimo por aquela
mulher, poré m a vontade de aceitar chegava a gritar em seu peito.

-- Você está com a So ia?

-- Nã o! Nesse momento estou na confraternizaçã o da empresa, entediada, quase bê bada, louca para voltar para
casa e te ver.

A Duomont respirou fundo, hesitando por alguns segundos.

-- Eu irei, desejo muito rever a minha cidade e o meu avô . – Falou, tentando nã o demonstrar a vontade de vê -la.

-- Ok, Branca de Neve! – Silenciou por alguns segundos. – Um beijo nessa sua boca gostosa.

Ela ouviu o som do encerramento de chamadas e icou ali, pensando como se sentia atraı́da por Vitó ria, poré m
havia uma enorme confusã o em sua cabeça e em seu coraçã o. Medos que a assombravam, imagens que a perturbavam cada
vez mais.

Despediu-se de todos, seguindo para o quarto, mas nã o obtivera ê xito em dormir, pois a ansiedade era bem maior
do que qualquer outra coisa.

No dia seguinte a orgulhosa Vitó ria Mattarazi fora empossada prefeita. Em uma escola onde aconteceu a
solenidade, havia muita gente, a maioria eram pessoas humildes que tinham estampados em seus rostos a esperança por dias
melhores.

Otá vio agia como se fosse ele o prefeito, exibia-se, conversava com os polı́ticos e nã o parecia interessado na
populaçã o. Alex exibia um sorriso cortes e nã o perdia a chance de permanecer ao lado da ruiva.

-- Você está linda! – Sussurrou em seu ouvido. – Eu abriria mã o da minha solteirice se você me dissesse um sim.

A ruiva usava um vestido preto, tubinho, chegava ao meio das coxas, o decote exibia renda, para completar o
modelo, utilizava de um blazer ajustado as curvas magras.

Os cabelos estavam soltos, uma maquiagem discreta realçava os olhos verdes e a boca sensual.

A condessa o encarou.

-- Se depender de mim, você vai morrer solteiro. – Sorriu exasperada, se afastando.

Vitó ria já estava decidida a sair quando viu Miguel e Maria Clara chegando ao local.

O vestido lorido que ela usava lhe dava uma expressã o primaveril, as madeixas negras e brilhantes caiam sobre os
ombros.

Observou as pessoas se aproximando para cumprimentá -las e icou maravilhada, que mesmo estando
desmemoriada, sorria e conversavam simpaticamente com todos. Notou quando Otá vio se aproximou e teve certeza que o
vice-prefeito fora rechaçado por Miguel.

Caminhou até eles.

O advogado a abraçou.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Parabé ns, prefeita! – O homem disse.

-- Nã o tenho nenhum interesse em tudo isso. – Ela respondeu, mirando à amada. – Tem como icar mais linda? –
Disse galante.

-- Acho que você deveria se preocupar mais com essas pessoas, a inal, elas necessitam de sua assistê ncia. –
Repreendeu-a. – Acha que isso é brincadeira? A vida dessas pessoas é uma brincadeira para ti?

A condessa preferiu nã o retrucar, era possı́vel ver nos olhos de Clara que havia determinaçã o.

-- Miguel, eu nã o desejo icar aqui! – A Duomont disse para o advogado. – Gostaria de ir ver o meu avô .

-- Nã o! – Vitó ria lhe segurou o braço. – Eu a levarei lá . – Chegou mais perto, sussurrando sem seu ouvido. – Nã o
quero brigar contigo, ique mais um pouco...

Clara deu um passo para trá s, o perfume daquela mulher a fez relembrar da manhã anterior.

Otá vio discursou como se fosse ele o prefeito. Exibia uma postura orgulhosa, poré m as propostas que izeram parte
da campanha tã o rapidamente já pareciam ter sido esquecidas.

Mattarazi sabia que ele faria isso assim que estivesse eleito, apenas estranhava que essa atitude a incomodasse,
com certeza era o olhar reprovador que via estampado na face da linda Branca de Neve.

Aos poucos, a populaçã o presente começou a ir embora, pareciam mais uma vez decepcionados.

-- E o problema da á gua? – Um homem gritou. – Nossos animais vã o morrer de sede, condessa?

-- Nesse momento temos outras prioridades. – Otá vio respondeu, voltando a discursar.

A condessa caminhou orgulhosa, até o palanque improvisado.

Os polı́ticos pareceram surpresos com a sua presença, mesmo assim, lhe fora ofertado o microfone.

-- Peço que me ouçam... – Começou.

As pessoas que já pareciam agitadas, retirando-se, itaram-na curiosos.

-- Eu sei que você s gostariam que outra pessoa ocupasse esse lugar, mas també m sei que foram covardes em nã o
lutar para que isso acontecesse...

Otá vio itou Alex.

-- ... Sei que muitas promessas foram feitas, sei que muitos dependem diretamente da minha propriedade... – Mirou
os olhos negros que pareciam presos em si. – Na verdade, isso nã o tem importâ ncia para mim...

As pessoas começavam a balbuciar, alteradas.

-- ... Poré m, farei o possı́vel para que possamos ter melhorias nessa cidade que parece cada vez mais abandonada,
tentarei ao má ximo mudar esse panorama tã o desgastante e miserá vel. – Mordeu o lá bio inferior. – Eu sei por quais motivos
me candidatei e sei que nã o houve nobrezas nele, mas me comprometo agora, diante de todos, em fazer algo que mude a
histó ria de cada um de você s. – Sorriu, entregando o microfone ao vice.

Os aplausos sinceros e o nome da condessa foram gritados com entusiasmos.

O sorriso sutil no rosto da Duomont nã o passou despercebido pelos inimigos presentes.

Miguel sentiu os olhos marejados diante das palavras ouvidas, sentia-se orgulhoso da sobrinha.

Frederico Duomont estava cada vez mais encurralado.

Mais uma vez izera negó cios com agiotas e para piorar nem mesmo conseguira juntar o dinheiro para pagar a
condessa.

Colocou o telefone no gancho. A linha tinha sido cortada.

-- Vovô !

O velho polı́tico saia do escritó rio quando viu a neta se aproximar. Rapidamente, abraçou-a.

-- Pequena. – Segurou-lhe o rosto entre as mã os. – Como você está ? Já recuperou a memó ria?

-- Nã o, mas estava com tanta saudade.

Os olhos negros denotavam a emoçã o de ver o amado patriarca.

O polı́tico observou por sobre o ombro, vendo a condessa de braços cruzados, encarando-o.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Já veio cobrar sua dı́vida?

-- Ainda nã o. – Esboçou um sorriso cı́nico. – Ainda lhe restam cinco meses, decerto, já deve ter juntado uma boa
parcela de tudo.

-- Estou providenciando! – O homem arqueou a sobrancelha. – Tenho os meus contatos.

Vitó ria estreitou os olhos ameaçadoramente.

Ela sabia quais eram os contatos do poderoso Duomont e temia pelo bem estar da mulher que amava.

Pediria para Miguel icar de olho.

-- E seus pais?

-- Retornarã o hoje.

Frederico a ajudou a sentar.

A condessa preferiu voltar e esperar no carro.

-- Ela está louca! – Otá vio esbravejava. – Esse nã o foi o trato. – Bateu forte sobre a mesa quebrando as garrafas.

Estavam em um restaurante.

-- Calma! – Alex falava. – Ela deve ter feito isso por algum motivo.

-- Com certeza! A neta de Frederico é a razã o disso. Você nã o viu o olhar dela? Marcos agora vai matá -la e com toda
razã o.

-- Nã o, Vitó ria nã o é lé sbica. – O parceiro dele retrucava. – Eu sei, ela é muito mulher para isso.

-- Já te disse mil vezes para esquecer a condessa, ela nunca vai se render aos seus encantos baratos. – Tomou todo o
conteú do do copo. – O melhor é que Marcelo se livre logo dela, assim, nos livramos mais dessa dor de cabeça.

Clara estava sentada em uma poltrona, esperava Frederico que fora buscar algo para ela.

-- Aqui está ! – Entregou-lhe um envelope. – Guarde isso e nã o permita que ningué m veja.

A jovem observou o pacote amarelo.

-- O que tem aqui?

-- Eu só desejo que guarde. – Segurou-lhe as mã os. – Faz isso por mim?

Ela maneou a irmativamente a cabeça.

-- Obrigada! – Abraçou-a, permanecendo ali. – Saiba que te amo muito e que tudo que iz foi por seu bem.

A Duomont o encarou e viu as lá grimas em seus olhos.

-- Eu te amo muito, vovô !

Ele lhe acariciou as madeixas negras.

-- Eu desejo que você seja muito feliz e que nada e nem ningué m apague esse sorriso lindo que Deus lhe deu. –
Estreitou-a em seus braços mais uma vez. – Nã o sofra por mim... – Sussurrou bem baixinho. – Agora vá , nã o quero que a
condessa brigue por sua demora.

Clara pegou as muletas.

-- Fique com a Mattarazi, ela irá proteger você . – Beijou-lhe a testa.

Frederico a observou se afastar, deixando-se icar ali. Sabia que nã o a veria mais, sabia que sua covardia e orgulho
fazia seguir por caminhos escuros, mas pensara muito e nã o havia outra decisã o a ser tomada.

Fitou cada canto daquela casa. Construı́ra do jeito que sempre sonhara e agora mais nada lhe pertencia. Apostara
muito alto e agora nã o tinha nem para comprar comida.

Pensara muito, durante todos aqueles dias e tinha tomado a decisã o para fugir de tudo aquilo.

Vitó ria observou Clara sentada ao seu lado no banco do passageiro. Parecia distraı́da, pensativa.

Nã o seguiu direto até a sede da fazenda, mas entrou por uma estrada lateral, estacionando pró ximo ao rio.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Clara itou o lugar, pareceu encantada com a beleza do lugar.

A á gua era cristalina, havia algumas pedras grandes, á rvores. Pareceu familiar a paisagem, mas nã o conseguia
concatenar as lembranças.

-- Gostou?

A jovem Duomont a encarou.

-- Sim, é muito bonito aqui.

A condessa soltou o cinto de segurança, inclinando-se para ela, tocou-lhe a face com as costas das mã os.

-- Já te disse o quã o linda está s? – Desenhou-lhe os lá bios com as pontas dos dedos.

-- Nã o creio que a minha beleza chegue aos pé s da sua. – Encarou os olhos verdes. – Posso te fazer uma pergunta?

A ruiva se aproximou mais dela, sentindo o há lito fresco...

-- Eu...Você ... – Gaguejou. – Sou virgem?

Vitó ria teve vontade de sorrir ao ver o vermelho intenso lhe tingir o rosto bonito, mas nã o o fez. Mordeu o lá bio
inferior.

-- Nã o! Você é minha mulher! – Disse lentamente. – Você se entregou a mim...

Clara desviou o olhar, poré m a condessa segurou-lhe o queixo, colando os lá bios aos dela.

A jovem Duomont sentiu a maciez do toque, poré m nã o permitiu que fosse aprofundada a carı́cia.

-- Por que me rejeita? – Voltou a se encostar-se a seu banco, parecia decepcionada. – Você nã o tem ideia de como
está sendo difı́cil pra mim essa situaçã o? – Bateu forte na direçã o do carro. – Sinto-me culpada por tudo o que te aconteceu. –
Cobriu os olhos com as mã os. – Se eu pudesse mudar o passado, o faria, daria tudo para fazer isso. Daria tudo para que você
nã o tivesse montado no Bastardo...

A garota a viu ligar o carro, percebendo-a limpar as lá grimas sutilmente para que nã o fosse percebido seu pranto.

Colocou a mã o sobre a sua e os olhares se cruzaram, o da poderosa arrogante mulher denotava toda a dor que
sentia naquele momento... Os olhos estavam rasos de á gua.

O celular da condessa começou a tocar. Ela viu no painel do carro aparecer o nome de Miguel, ignorou-o, mas as
chamadas continuavam insistentemente. Decidiu atender.

-- O que foi? – Perguntou aborrecida.

-- A Clara está contigo?

O som podia ser ouvido por sua acompanhante.

-- Sim!

-- Preciso falar contigo...

Vitó ria percebeu a preocupaçã o na voz do advogado.

Pegou o celular, ouvindo cada palavra dita por Miguel. Observava a expressã o da amada, ela parecia preocupada.

Encerrou a chamada.

-- O que houve? – A Duomont indagou hesitante.

A ruiva itou as á guas dos rios e percebeu como elas estavam agitadas. Pela primeira vez em sua vida, estava sem
palavras.

Mirou-a.

-- Precisa ser forte... – Segurou-lhe as mã os.

-- O que houve? – Repetiu em um sussurro

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Capitulo 29 por gehpadilha


Valentina observava a cena e tinha quase certeza de que nã o se tratava de um suicı́dio, como pensara de inı́cio.

Os peritos iscalizavam tudo com olhar atencioso, mas a delegada já tinha sua pró pria conclusã o ao ver uma
pequena mala ao lado da porta.

Frederico Duomont estava fugindo e algué m quis se certi icar que ele nã o fosse longe.

O corpo fora levado para o instituto de medicina legal. Esperaria a conclusã o dos exames para liberar para o
funeral.

Ao sair da casa, encontrou Felipe sendo amparado por Miguel. Havia muitos curiosos ali, a condessa levara Clara
para a fazenda, nã o deixara que a moça visse acena trá gica que se desenrolava a olho nu.

Clarice parecia em choque, sentada em um dos batentes da grande escadaria externa. Era possı́vel ver que aquela
frı́vola mulher estava abalada com os acontecimentos.

A condessa banhou e retornou para o quarto.

Observou a amada deitada, encolhida a um canto, dormindo. Ela chorara tanto, parecera tã o desesperada que a
ruiva sentira o coraçã o sofrer com sua dor.

Acomodou-se ao seu lado, abraçando-a.

Conseguiu ver pela janela que a noite já se apresentava.

Faria qualquer coisa para livrar a Clara daquele momento de tamanha tristeza.

Pensou em Frederico Duomont e rezou silenciosamente para que ele nã o tivesse cometido suicı́dio, sabia que isso
seria mais difı́cil de suportar para a sua Branca de Neve.

O chá que a mulher de Batista fez izera efeito rá pido, mas já sentia a moça se rebelar em seus braços, virando-se
para ela.

-- Meu avô ...

Vitó ria mirou os olhos inchados e as lá grimas que já começavam a cair novamente.

-- Calma, princesa... – Tocou-lhe a face. – Precisa ser forte nesse momento tã o difı́cil.

-- Por quê ? – Falou chorosa, encostando o rosto em seu peito.

-- Porque, à s vezes, é a ú nica coisa que nos resta.

A ruiva sentia os espasmos dos soluços daquela que amava tanto. Embalou-a, buscando confortá -la, sabendo que
isso nã o seria fá cil, que só o tempo sanaria tamanha dor.

Muitas pessoas compareceram ao veló rio do polı́tico. Em sua maioria, o povo humilde da cidade. Eles pareciam
querer consolar a jovem neta de Frederico. Compadeciam-se de sua agonia.

A condessa estava lá , observava Clara debruçada sobre o caixã o. Chorando silenciosamente e itando a foto do
fazendeiro.

Viu Marcos se aproximar e teve que controlar o impulso de ir até lá , tirá -lo de perto dela.

Caminhou até a saı́da, icando lá , observando a noite negra.

Um carro estacionou em frente a casa, trazendo Miguel e Valentina.

-- Algum problema? – A delegada notou a expressã o da empresá ria. – Aconteceu algo?

O advogado tocou-lhe o ombro.

-- Está tudo bem sim. – Encarou a mulher. – E entã o? Já sabe o que aconteceu com Frederico Duomont?

-- Foi um homicı́dio e nã o um suicı́dio.

A ruiva sentiu um alı́vio em seu peito ao ouvir aquilo.

-- Quem o fez?

-- Isso é o que temos que descobrir e nã o descansarei até que isso aconteça. – Virou-se para o marido. – Vamos
entrar, quero prestar minhas condolê ncias à famı́lia.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Vem com a gente? – Miguel indagou à sobrinha.

-- Depois vou, icarei um pouco aqui.

O casal assentiu, entrando na mansã o.

Vitó ria se deixou icar ali, observando as estrelas.

Viu o carro de Marcelo estacionar e precisou se segurar para nã o partir para cima do miserá vel, Clarice vinha com
ele.

-- Sua presença nã o é bem vinda, condessa! – O polı́tico falou, exibindo um cı́nico sorriso. – Frederico deve estar
gritando por tê -la em suas terras.

Clarice a itou, demonstrando uma expressã o de asco.

-- Ele tem razã o, sua presença é dispensá vel e nã o a desejamos aqui.

-- A senhora ique calada, pois a sua opiniã o nã o tem valia nenhuma. – Apontou o dedo em riste para o ex-prefeito.
– Quanto a ti... Irá pagar pelo que fez, cedo ou tarde eu o destruirei e o mandarei para a cadeia, pois lá é o seu lugar.

Marcelo tentava mostrar indiferença com as palavras que ouvia, mas a mudança em sua tonalidade de pele
denunciava a mudança de humor.

-- Como ousa ameaçar o sogro do minha ilha? – A mã e de Clara se intrometeu mais uma vez. – Saia já daqui, saia da
minha casa.

A ruiva relanceou os olhos, demonstrando o té dio que sentia.

-- Poupe meus ouvidos!

O homem circundou o ombro da mulher, acompanhando-a até o interior.

Vitó ria precisou usar todo seu autocontrole para nã o agir impulsivamente.

-- Você precisa tomar um pouco de ar, meu amor. – Marcos segurava a mã o da amada. – Nã o esqueça que nã o está s
bem.

A jovem o itou.

Os lindos olhos denotavam toda a dor que ela sentia naquele momento.

-- Quem fez isso com meu avô ? – Indagava chorosa. – Ele nã o merecia.

O rapaz a abraçou.

-- Frederico tinha negó cios escusos... – Sussurrou. – Nã o devemos nos meter nisso... Fique comigo, eu te protegerei.

Clara o encarou.

-- Nã o permitirei que a morte do meu avô seja esquecida! – Disse irme.

-- Calma, linda, ique tranquila. – Voltou a abraçá -la.

A jovem Duomont levantou a cabeça e seus olhos se cruzaram com o da bela condessa.

Observou a expressã o dela, parecia nã o só muito brava, mas decepcionada talvez. Encarou-a por alguns segundos,
até nã o conseguir mais sustentar a força daquele olhar. Deitou a cabeça no ombro do noivo, se deixando icar ali, deixando-se
tentar aliviar a mente que parecia tã o conturbada...

Voltou a mirar para o mesmo lugar e lá nã o estava mais a ruiva. Sentiu-se aliviada, mas també m nã o conseguiu nã o
se sentir vazia por nã o encontrá -la. Fechou os olhos e recordou do abraço confortante, da forma doce que ela a tratara
quando recebera tã o cruel notı́cia.

Observou a delegada se aproximar.

Apoiou-se nas muletas, afastando-se alguns centı́metros de Marcos.

-- Sinto muito, Clara. – Valentina tocou-lhe o ombro. – Tudo será feito para que o responsá vel ou os responsá veis
por esse crime seja preso e pague pelo que fez.

-- Bem, nã o sei como fará isso, se a envolvida for a condessa, a inal, todo mundo sabe a estreita amizade que uni
você s. – O rapaz ironizou. – Comece investigando-a, ela tinha todos os motivos para querer o senhor Frederico morto. –
Beijou rapidamente os lá bios da moça. – Vou buscar um chá para ti.

A delegada observou o rapaz se afastar.

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-- Nã o escute o que as pessoas falam e ainda falarã o sobre a Vitó ria, uma vez eu cometi o erro de acreditar nessas
fofocas e fui muito cruel com a Mattarazi.

Clara pareceu ponderar durante alguns segundos, sentindo o ar entrando em seus pulmõ es, depois voltou a itar a
mulher.

-- A condessa estava comigo no momento que tudo aconteceu, nã o tinha como ela está em dois lugares ao mesmo
tempo.

Valentina estreitou os olhos.

-- E se ela nã o tivesse estado contigo? Sei que está s sem memó ria, poré m já teve a chance de conhecê -la um pouco,
acreditas que ela seria capaz de fazer algo assim com algué m que você ama tanto?

A Duomont mordeu a lateral do lá bio inferior.

-- Nã o, eu nã o acredito que ela seja capaz de fazer algo assim.

A delegada pareceu aliviada ao ouvir aquilo.

-- Eu ico imensamente feliz. – Abraçou-a, sussurrando em seu ouvido. – A poderosa e arrogante condessa te ama
mais do que tudo, ela seria capaz de mover cé us para que você nã o sentisse a dor que sentes agora, ela seria capaz de ir até o
im do mundo para ser digna mais uma vez de um sorriso seu... – Afastou-se. – Sei que nã o lembras, mas o amor que uniu e
sei que ainda uni você s é muito poderoso, pois muitas barreiras já foram quebradas, muitas regras foram esquecidas nesse
jogo difı́cil que você s travaram.

A jovem Duomont nada disse. Apenas voltou a sentar, apoiando a cabeça na grande arca que levaria o corpo de seu
avô para outras moradas. Sentia apenas vontade de icar ali, chorando, sentindo nã o só a agonia da perda, mas també m a
agonia de um amor esquecido que a assombrava cada vez mais.

Vitó ria permaneceu na enorme varanda da fazenda dos Duomont. Quedou-se ali, na parte menos iluminada,
observando o cé u estrelado e o som dos animais noturnos. Nã o retornou para a sala, pois temia ter que arrancar Clara dos
braços daquele idiota do Marcos. Sentiu tanta raiva quando a viu nos braços dele.

Desgraçado!

Sentiu uma mã o pousar em seu ombro, ao virar-se, deparou-se com Felipe. O homem sentou ao seu lado.

-- Nã o tenho como pagar e nem mesmo sei como agradecer por tudo que vem fazendo por minha famı́lia. – Falava
sincero. – Conheço a sua raiva, seu ó dio por nó s, també m sei que ele nã o é injusti icá vel, por esse motivo admiro muito a
forma que vem se comportando...

Vitó ria continuava a olhar para as luzes que iluminavam algumas partes do grande pá tio, parecia perdida em seus
pró prios pensamentos.

-- Sei que tudo que faz é pelo amor que sente por minha ilha... – Continuava.

Naquele momento a condessa o itou confusa.

Felipe esboçou um sorriso terno.

-- Há tempos que vi as mudanças em minha Clara, ainda mais quando seu nome era pronunciado, sou testemunha
de quantas vezes ela te defendeu, fazendo-o com tanta paixã o... Entã o, quando ela sofreu o acidente pude examinar de perto a
sua dor e de inı́cio iquei atordoado, pois como algué m poderia sofrer tanto pela ilha do inimigo... – Segurou-lhe a mã o. –
Tenha paciê ncia... – Levantou-se. – Depois da tempestade sempre vem a calmaria...

Já estava amanhecendo quando Vitó ria retornou ao salã o. Poucas pessoas ainda continuavam lá . Clara continuava
no mesmo lugar, enquanto o noivo jazia sentado no sofá , dormindo.

A condessa caminhou até ela, tocando-lhe o ombro.

A jovem nã o precisava virar para saber quem estava ali. Passara toda noite procurando por ela e icara sabendo por
Felipe que a ruiva estivera durante todo esse tempo na varanda, sozinha...

Fitou-a.

Ficaram mudas, apenas se olhando por alguns segundos.

A Duomont mirou o rosto bonito, forte, percebeu a ausê ncia de emoçã o, sabia que ela estava irritada, poré m via um
esforço que ela fazia para nã o demonstrar tal coisa.

-- Vamos para a casa, você precisa descansar. – Vitó ria quebrou o silê ncio.

-- Nã o quero ir...

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-- Eu sei, entendo que deseje icar, mas você ainda está convalescendo. Vamos, tome um banho, deite um pouco e
depois pode retornar, pois o enterro só acontecerá à tarde.

Clara abriu a boca para retrucar, mas acabou apenas assentindo.

Seguiu até onde estava o pai e explicou que iria até a fazenda, mas retornaria logo.

-- Nã o, ilha, descanse um pouco. – Felipe abraçou-a. – Descanse e depois, se assim desejar, retorne. – Beijou-lhe a
face.

A condessa se despediu com um gesto de cabeça, enquanto conduzia a amada para casa.

A esposa de Batista ajudou Clara a banhar, depois a levou para o quarto. Deixando-a no enorme leito.

A Duomont sabia que aquele era os aposentos da fazendeira. O cheiro dela estava nos lençó is, cada canto daquele
lugar exalava a presença da ruiva.

Ficara sabendo por Maria que desde que fora morar ali, dividiam o mesmo ambiente... Nã o era um caso isolado está
na suı́te principal.

Respirou fundo...

A porta se abriu e ela entrou usando apenas um roupã o. Os cabelos estavam molhados, també m tinha tomado
banho.

Observou-a caminhar até a janela, fechando as persianas, mergulhando o quarto na penumbra.

Virou-se de lado, fechando os olhos, tentando dormir.

Sabia que a condessa nã o desejava conversar, o percurso até ali fora feito em total silê ncio.

Percebeu-a se acomodar e mais uma vez sentiu aquele magnetismo de atraçã o. Deveria ter pedido para ocupar
outro quarto, mas nã o tinha forças para iniciar uma discussã o sobre seus motivos para nã o dividir a mesma cama com aquela
mulher.

Alguns minutos se passaram, até ser surpreendida pelos braços lhe enlaçando a cintura, trazendo-a para bem perto
de si.

-- Tem ideia de como estou furiosa... – Sussurrou. – Tem ideia de como tive vontade de te arrancar dos braços
daquele maldito engomadinho... A minha vontade agora é de te tomar para mim e te fazer de uma vez entender que você é
minha...

Clara se desvencilhou bruscamente do abraço, virando-se para ela.

-- Eu nã o acho que esse seja o momento para isso. – Cerrou os olhos. – Nã o ouse fazer isso. – Advertiu-a.

-- Entã o nã o volte a se aproximar daquele idiota. – A ruiva falou por entre os dentes. – Nã o acho uma boa ideia, pois
minha paciê ncia já está no limite.

-- A senhora nã o manda em mim, condessa!

A Duomont podia ver bem o estreitar ameaçadoramente dos olhos verdes, mas nã o se assustava com aquilo.

Tentou virar-se, dando-lhe as costas, mas Vitó ria a segurou, abraçando-a forte, prendendo-a em seus braços.

A jovem tentou empurrá -la, lutando para livrar das correntes que a prendia, acabou arranhando o rosto da
Mattarazi, até que teve os braços imobilizados, tendo sobre si a odiosa mulher.

-- Solte-me! – Gritou. – Deixe-me em paz! – Exigia com a voz embargada.

A ruiva pareceu voltar a si quando viu as lá grimas lhe banhar o rosto. Mesmo contra a vontade da garota, trouxe-a
para si, deitando-a em seu peito, acalentando-a como se fosse uma criança.

Clara pareceu cansar de se debater, recebendo o conforto que a empresá ria lhe dava naquele momento.

Frederico Duomont fora enterrado naquele mesmo dia, enquanto Valentina buscava de todas as formas descobrir
quem ceifara a vida de tã o importante igura polı́tica.

Os dias passavam tranquilos.

Otá vio já se apossava da prefeitura quando teve a desagradá vel surpresa de encontrar a condessa lá , examinando
tudo minuciosamente, conta por conta, cada papel, tentando organizar a bagunça que Marcelo deixara.

-- O que faz aqui? – O homem perguntou surpreso.

-- Bem, eu acho que esse é o meu lugar, a inal, fui eleita prefeita. – Disse sem encará -lo.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- O trato nã o foi esse! – O polı́tico bateu forte na mesa. – Nã o me diga que está interessa no salá rio? Nã o sabia que
suas inanças estavam tã o ruins para precisar dessa mı́sera quantia.

Vitó ria o itou.

-- Pode icar com o dinheiro, ele nã o me interessa, apenas estou querendo retribuir a con iança que essas pessoas
depositaram em mim.

-- Você nã o tem experiê ncia para isso!

A ruiva apoiou os cotovelos na mesa, apoiando o queixo nas mã os cruzadas.

-- E você tem? A sua gestã o levou a cidade a total misé ria...

O velho engoliu em seco.

-- Marcelo será meu auxiliar, irá me ajudar...

O som debochado da risada de Vitó ria era bem audı́vel, mas ela parou de rir, encarando-o, fuzilando-o.

-- Outro desgraçado que afundou isso aqui ainda mais. – Levantou-se. – Acostume-se com a ideia de que eu estarei
aqui e cuidarei pessoalmente de tudo, quanto ao seu assistente, peça para que ele lhe preste assistê ncia em sua fazendinha,
pois aqui ele nã o pisará os pé s... Pague-o com seu dinheiro, pois daqui nã o sairá um ú nico centavo para ele.

-- Como ousa me desa iar? – Otá vio encheu o peito. – Quem pensas que é ?

-- Sou a condessa Vitó ria Elizabeth Fiaccadori de Mattarazi VI ou simplesmente... – Exibiu o sorriso arrogante. – A
condessa bastarda!

Otá vio parecia que iria explodir a qualquer momento. Estava tã o vermelho... O homem saiu pisando duro, batendo
forte a porta.

Vitó ria voltou a sentar continuando a exibir o ar de arrogâ ncia.

Clara caminhou pelos está bulos. Ficou encantada ao ver o Bastardo, mas nada se comparava quando seus olhos
itaram a bela é gua á rabe.

Quando lhe tocou, percebeu que o animal a reconhecia.

-- Ela está sentindo muito a sua falta. – Batista se aproximou. – Até acho que ela está depressiva, nem mesmo come
direito e tampouco demonstra a selvajaria que já faz parte dela.

A jovem itou o administrador.

-- Eu nã o lembro dela. – Acariciou-lhe o lanco. – Mas ela é tã o linda. Nunca tinha visto um bicho tã o imponente.
Como se chama?

-- Branca de Neve! – O velho nã o conseguiu disfarçar o sorriso. – Perdoe-me.

Clara sabia o motivo da risada, pois esse era o nome por qual a condessa lhe chamava.

O garanhã o relinchou, parecendo reclamar por atençã o.

-- Esse é o da condessa, mas ele també m gosta da senhorita, veja, desde que a derrubou ele parece triste.

-- Ele me derrubou? – Virou-se para o animal negro. – Eu iz algo para isso?

-- Na verdade, a sela fora intencionalmente cortada e por esse motivo, teve o acidente.

A Duomont recordou das palavras de Valentina que dissera que Marcelo estava envolvido naquele fato.

Seria verdade aquilo?

Batista pediu licença, afastando-se.

Clara permaneceu por mais alguns segundos, até decidir retornar para o quarto, pois sua perna começou a
incomodar.

Deitou-se na enorme cama, lembrando de que vinha dividindo aquele lugar com a condessa. Desde a ú ltima
discussã o, Vitó ria sempre voltava tarde, banhava, se acomodava ao seu lado, abraçando-a em silê ncio.

Felipe sempre a visitava, mas anda muito ocupado devido a papelada sobre a herança deixada por Frederico.

Há uma semana seu avô tinha morrido e nada ainda fora descoberto sobre o assassinato.

De repente, ela recordou de algo, o envelope!

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Estivera tã o mergulhada em sua dor que nem se lembrara de que ele lhe entregara aquilo pouco tempo antes de
ser morto.

Levantou-se e seguiu até o armá rio de roupas, pegando o embrulho.

Seu avô pedira que ela guardasse.

Abriu, havia muitos papé is dentro, mas uma carta em especial lhe chamara a atençã o.

“ Vitó ria Mattarazi”

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Capitulo 30 por gehpadilha

Notas do autor:

Bom dia, meninas :)

Adianto para você s que estamos caminhando para o im da histó ria... Creio
que teremos mais uns seis capı́tulos e encerrraremos mais um romance.

Beijos e tenham uma boa leitura.

Clara sentou na cama.

A carta estava direcionada à Vitó ria. Observou que estava fechada.

O que seu avô poderia ter escrito ali? E por qual motivo estava direcionada a maior inimiga de sua famı́lia?

Decidiu ver o que havia mais na embalagem.

Eram documentos relacionados à fazenda. Promissó rias de empré stimos... Havia outra carta e essa era para si.

Abriu-a rapidamente.

Reconheceu a caligra ia de Frederico.

Mais uma vez experimentou aquele aperto no peito, aquela saudade...

Uma lá grima solitá ria pode ser vista...

“ Querida Clarinha...

Peço que me perdoe por ter sido covarde. Nesse momento já devo estar seguindo para longe, não direi para
onde estou indo e não entrarei em contato por uns dias...

Entã o, as suspeitas da delegada estavam certas... Continuou a leitura.

... estou devendo a algumas pessoas e o prazo já está vencendo. Tentarei entrar em contato com alguns
amigos, mas não acredito que terei êxito, ninguém atende minhas ligações.

Clara, quero que ique ao lado da condessa. Ela é a única pessoa que poderá lhe proteger. Confesso que não
gosto dela, não suporto aquele nariz empinado, cheia de arrogância, como se não fosse a ilha de uma empregada...
Nem mesmo o idiota do advogado assume que é tio dela, deve ser porque tem vergonha por ela ser uma maldita
bastarda.

Que advogado?

Miguel!!!!!!!!

Ele era o tio da Vitó ria... Por isso da semelhança da criança com a ruiva...

Confesso que a persegui durante muitos anos, porém há alguns dias descobri que não fora ela a culpada do
acidente que matou a sua tia, mas não a perdoarei por ela não ter dado a parte da herança que pertencia a Helena.

Desgraçada!

Mesmo assim, é a única que poderá lhe proteger nesse momento. Não escute o que sua mãe diz, ela não
passa de uma marionete que não consegue caminhar com as próprias pernas, é uma estúpida, egocêntrica, frívola,
nem sei como seu pai se casou com ela.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Esses documentos precisam ser entregues à Mattarazi, ela saberá o que fazer, saberá como resolver os
problemas.

Mais uma vez, peço que me desculpe, não sou a melhor pessoa do mundo, mas tudo o que eu iz foi pelo
bem da nossa família.

Frederico Duomont”

Fitou o outro envelope...

Será que haveria mais revelaçõ es ali? Nã o desejava que a condessa descobrisse seu parentesco com o advogado de
forma tã o brusca.

O seu avô fora cruel em nã o revelar a todos que Vitó ria era inocente. Como deve ter sido terrı́vel para ela viver sob
o estigma de assassina e ainda mais da pró pria famı́lia.

Recordava do dia do funeral de sua tia, sabia que a ruiva fora tirada do cemité rio pela polı́cia, mas minutos antes a
viu lá , mesmo com aquela expressã o forte, poderosa, era possı́vel ver a dor em seus olhos.

Levantou-se.

Iria atrá s da condessa, entregaria a carta e rezaria para que nã o houvesse nada que a ferisse naquele papel.

Batista levou Clara até a usina, pois Vitó ria poderia estar lá .

A mesa da secretá ria estava vazia, entã o o administrador disse para a jovem entrar e espera no escritó rio.

-- Vou ver se a encontro. – Sorriu. – Fique à vontade.

A bela Duomont assentiu, enquanto o bom senhor a deixava sozinha.

O lugar era aconchegante e elegante.

Havia um sofá grande, onde até poderia dormir, todo em veludo branco. Uma Porta na lateral lhe chamou a atençã o.

O carpete cobria todo o assoalho da enorme sala.

Caminhou até a mesa de mogno, onde havia um computador e inú meros papé is.

Deu a volta, observando a cadeira girató ria, pomposa.

Sentou.

Fitou a mesinha e viu que havia um quadro com uma foto sua.

Pegou-a e icou a observá -la.

Lembrava-se daquele dia, fora um campeonato que aconteceu na Espanha. Ganhara o primeiro lugar. Deveria
ter quase dois anos.

Onde ela tinha conseguido? Decerto tinha tirado de alguma rede social.

Notou que també m havia uma imagem do Bastardo e també m uma da Branca de Neve e por ú ltimo a de um
belo rapaz.

Vitor?

Ele era muito bonito, de certa forma lembrava a irmã , entretanto, ele exibia um sorriso doce, genuı́no, havia
uma expressã o de leveza, ao contrá rio da condessa. Nã o que a ruiva nã o fosse bonita, a verdade é que Vitó ria era a
mulher mais linda que já viu em sua vida, mas nã o era só beleza, havia uma á urea diferente que ela esbanjava. Um poder
que invadia o ambiente, uma arrogâ ncia...O sorriso dela sempre trazia algo a mais, era como se sempre estivesse a
provocar, a desa iar... a seduzir...

Girou na cadeira e icou a olhar pela enorme janela de vidro.

Conseguia ver as pessoas caminhando por aquela grande extensã o de terras. Com certeza, Mattarazi era a
maior fonte de rende daquela pequena cidade.

-- Que bom que voltou, amor!

Clara nã o reconheceu a voz.

Ao virar-se, deparou-se com uma bela morena. Parecia uma modela dessas revistas de beleza.

-- Desculpe-me, pensei que fosse a Vitó ria. – A jovem se justi icou. – Sou Larissa, a engenheira. – Deu um meio
sorriso. – Já nos encontramos aqui uma vez.

A Duomont a examinou bem e viu a decepçã o em sua face. Decerto, estava muito ansiosa para ver a patroa.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Aquele rosto nã o lhe parecia desconhecido...

Mas nã o conseguia se lembrar...

Observou minuciosamente a mulher que ali estava parada. Ela nã o parecia em trajes de trabalho, na verdade, a
saia era muito curta e justa, a blusa nã o conseguia cobrir o busto cheio que se mostrava ousado aos olhos de todos.

-- Bem, eu soube que a condessa estava aqui, entã o precisava tratar algo com ela... Eu cuido da produçã o da
cachaça. – Parecia querer explicar sua presença.

Clara apenas fez um gesto a irmativo com a cabeça.

-- Ela já deve estar vindo... – Apontou a confortá vel poltrona. – Sente-se.

Larissa fez o que lhe fora dito.

Permaneceram em silê ncio. A engenheira mexendo no celular e a outra tentava se recordar de onde a
conhecia...

A porta se abriu mais uma vez e dessa vez lá estava a condessa.

Examinou-a de baixo à cima.

Ela usava jeans, azul desbotado, delineando perfeitamente as pernas torneadas. As botas de coro marrom
chegavam até o joelho, estava de camiseta preta, um cinto na mesma tonalidade dos calçados. Chegou até a face... O
sorriso estava presente... Os cabelos ruivos estavam soltos...

Suspirou!

-- Olá , Vitó ria! – Larissa foi até ela, surpreendendo-a com um abraço.

Clara desviou o olhar.

Ela sentia uma adrenalina passar por suas veias, mas tentou manter a calma.

-- Larissa! – A ruiva parecia surpresa. – O que faz aqui? – Afastou-se, itando a Duomont.

-- Eu trouxe isso. – Abriu a bolsa, tirando uma garrafa. – Essa está mais do que perfeita... – Sorriu sensual. – Vou
esperar o convite para te acompanhar na degustaçã o.

A doce Branca de Neve sentia as articulaçõ es dos dedos doerem de tanto apertar o braço da cadeira.

-- Bem, agora eu preciso ir. – Beijou o rosto dela, virou-se para a Clara. – Até outro dia.

Vitó ria, pela primeira vez, parecia constrangida.

-- Algum problema? – Indagou hesitante. – Aconteceu algo? – Sentou.

Nos ú ltimos dias, a condessa tentara permanecer um pouco afastada, pois desde a ú ltima vez que explodiu se
sentiu insegura. Nã o conseguira controlar as emoçõ es e quase a tomara à força no dia que o avô dela estava sendo velado.

-- A sua lista nã o tem im? – A veteriná ria indagou. – A psicó loga, a engenheira... Qual o crité rio de escolha?
Curso superior? – Arqueou a sobrancelha direita em ironia.

-- Nã o tenho nada com nenhuma delas... – Mordeu o lá bio inferior. – Só quero você ... – Mirou os olhos negros. –
Essas mulheres nã o exercem nenhum efeito em mim. -- Fitou o colo redondo coberto pela camiseta. – Ao contrá rio de ti,
sinto-me queimar só em te olhar.

A jovem Duomont sentiu a face arder.

-- Nã o quero ouvir... – Cobriu os ouvidos. – Você nã o passa de uma safada, de uma desavergonhada que tem
uma amante em cada canto.

-- Nã o tenho amantes! – Retrucou calma. – Quanto a ser safada, nã o nego, mas sou contigo... – Piscou ousada. –
Posso ser o que você quiser em sua cama, você pode fazer o que quiser comigo... A ú nica condiçã o é que seja bem
gostoso. – Sorriu provocante.

Clara sentiu uma pressã o em seu baixo ventre.

Engoliu em seco.

-- Chega, por favor! – Pediu. – Nã o desejo falar sobre essas coisas.

-- Eu sei o motivo para desejar que eu pare... – Dizia rouca. – O que eu digo é que meu corpo está cada vez mais
incontrolá vel, necessitando de ti... – Levantou-se, deu a volta na mesa, puxou uma cadeira para icar de frente para ela.

Vitó ria observou o vestido que a amada usava, chegava aos joelhos... Tocou na alça ina, deliciando-se com a
textura da pele sedosa.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Nã o vim aqui para isso... – A moça itou a mã o que a acariciava. – Preciso...Precisamos conversar...

-- Sim, com certeza, precisamos... – Desceu a mã o até o busto, tocando-o sobre o vestido. – Você nã o tem ideia
de como necessito de ti... – Segurou-lhe a mã o, conduzindo-a até suas coxas. – Desde aquele dia que te toquei no banheiro
estou em ê xtase, louca para sentir seu corpo...

Clara parecia sem açã o, com os olhos arregalados, viu a ruiva abrir a calça e levar sua mã o sobre o tecido
sedoso da calcinha.

-- Vê como estou ú mida? – Aproximou-se mais. – Tenho a impressã o que a qualquer momento irei enlouquecer
de tanto vontade de fazer amor contigo.

A Duomont sentiu o sangue correr mais rá pido por suas veias... Seus seios estavam doloridos, exigindo o toque,
praticamente gritando para serem explorados, tomados por aquelas mã os...

Fitou os lá bios vermelhos e os imaginou em seu busto... A lı́ngua desenhando os mamilos... Os dentes
mordiscando-os...

A boca da ruiva tomou a sua... Dançando, seduzindo... Explorando... Atiçando ainda mais os seus sentidos, mas
uma imagem interrompeu o momento apaixonado.

-- Para mim, você pode se deitar com quem quiser, isso não me interessa... – Disse baixinho. – Só não pense
que deitará comigo novamente.

Ela viu o maxilar da condessa enrijecer.

-- Deito com ela e depois deitarei contigo... Quem garante que ontem eu não estive com a Larissa e depois
com você? – Provocou-a.

Afatou-a.

-- Nã o vim aqui para isso, já disse. – Sacudiu a cabeça tentando se livrar dos pensamentos perturbadores.

A condessa levantou-se, passando as mã os pelos cabelos, caminhando de um lado para o outro.

-- E o que você quer? -- Colocou as mã os nos quadris. – O que a traz aqui? – Respirou fundo tentando manter a
calma. – Diga logo, tenho coisa para fazer.

-- Tipo o quê ? – Clara a provocou. – Beber com a sua amiguinha?

-- E isso te importa? Você se importa se eu transar com a Larissa? Importa-se se eu transar com a So ia?
Importa-se? – Gritou alterada.

Clara serrou os dentes.

-- Faça como quiser, condessa, a inal, que eu saiba nã o há nenhum compromisso formal que a impeça de fazer
isso. Como se nã o izesse parte de sua rotina dormir com elas, enquanto dormia comigo.

Mattarazi estreitou os olhos.

-- Eu juro que se nã o te amasse tanto... Já teria me jogado nos braços de qualquer uma, só para tentar aliviar
esse desespero que me condena dia apó s dia.

-- Para a senhora, condessa, só o sexo importa, é vazia de qualquer outro sentimento. – A Duomont a acusou
cruelmente.

Vitó ria a itou por alguns segundos, sentindo a dor de ouvir cada sı́laba que fora dita.

Umedeceu os lá bios.

-- Diga logo o que deseja e saia daqui.

A neta de Frederico abriu a bolsa, retirando um envelope. Estendeu.

-- Meu avô me deixou uma pasta e dentro dela havia isso direcionado a ti. – Entregou-lhe o pacote. – Disse que
deveria te entregar.

A ruiva itou a embalagem, hesitante.

-- Quando ele te deu isso?

-- Quando o vi, no mesmo dia... No dia que o mataram.

A condessa assentiu, recebendo a encomenda. Observou seu nome escrito e o do fazendeiro.

-- Ok, agora já pode ir. – Apontou a porta. – Peça ao Batista para te levar para a casa.

A veteriná ria pegou as muletas, levantando-se.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Irei almoçar com os meus pais. – Disse antes de sair.

Clara ainda permaneceu parada do lado de fora, encostada a porta. Queria ter icado, mas a discussã o que
tiveram nã o lhe deu abertura para pedir para icar presente.

Decidiu ligar para o Miguel, nã o sabia o que tinha naquele papel e temia que a condessa perdesse totalmente a
cabeça.

A ruiva caminhou até o pequeno bar, preparou um drinque, bebendo de uma vez.

Caminhou até a cadeira, sentando-se.

Abriu o envelope...

Encontrou inú meras promissó rias...

O velho tinha vendido a alma ao diabo.

Pegou a carta, sorriu ao ver a saudaçã o.

“ Vitória Mattarazi, ou melhor, condessa bastarda...

Nesse momento eu estou bem longe, tive que fugir, não lhe darei explicações, pois não é de sua conta,
porém desejo que proteja a minha neta, acredito que ela não está a salva sozinha.

Bem, decidi escrever para a senhora para lhe dar uma informação e assim em troca, você cuida da
Clarinha e salva o que restou dos meus bens.

Eu sei que não foi você a culpada pelo acidente que causou a morte de todos de sua família, junto a
minha amada Helena, se a acusei durante todos esses anos, foi porque não a perdoei por ter icado com tudo que
pertencia a minha ilha por direito, mas isso não vem mais ao caso.

De brinde, te darei um conselho: cuidado com o Marcelo, ele está armando, como já armou antes
quando se deitava com a sua cunhada enquanto ela era casada com o seu irmão...

Vitó ria bateu forte na mesa.

-- Maldita seja! – Sussurrou.

O seu irmão foi a melhor opção para abafar o escândalo, sem falar que o miserável do Vitório me fez
acreditar que era muito rico, então achei a união perfeita. Ela já estava grávida quando contraiu matrimônio, só
o fez porque eu ameacei deserdá-la.

A condessa se levantou, jogando tudo que estava sobre a mesa no chã o, quebrando computador, jogando
impressora contra a parede, chutando a cadeira.

-- Maldito seja, Marcelo, mil vezes maldita seja Helena, Maldito Frederico Duomont. – Gritava. -- Eles acabaram
com a vida de Vitor.

Pegou a carta mais uma vez.

Imagino que deva estar uma fera nesse momento, mas isso não mudará o passado, não trará o seu
amado irmão de volta. Esqueça e viva a sua vida.

Antes de encerrar, peço que mais uma vez mantenha a minha neta em segurança, ajude-a, acredito que
de todos os Duomont ela é a melhor, não tem maldade em suas ações e nem ambições em seus sentidos. Não
acredito que Marcos seja bom para ela, nesses últimos dias, acho que Marcelo mostrou que o que realmente
deseja é apenas o poder. Eu também o quis, agora não posso mais me dá esse luxo, terei sorte de sair com vida
dessa história. O meu leal aliado está me extorquindo, pois sabe que não permitirei que a vergonha manche a
memória da minha amada Helena.

Adeus, Bastarda.

Frederico Duomont”

Vitó ria caminhou até a janela.

Abriu-a.

Tentou inalar o ar campestre para tentar acalmar sua mente, pois temia fazer uma loucura. Seu desejo naquele
momento era matar Marcelo e se o maldito do Duomont nã o estivesse morto, ela mesma daria cabo à vida miserá vel que
ele tinha.

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Nem sabia mais o que pensar da desgraçada da Helena, a inal, fora manipulada pelo pai como todos naquela
maldita cidade.

Lembrou-se do irmã o e da felicidade em ter o ilho nos braços... Fora enganado, poré m aquela criança foi a
responsá vel pela curta felicidade que ele tivera em seu casamento amaldiçoado.

Passou a mã o pelos cabelos.

Nã o podia se deixar guiar mais uma vez pelos impulsos e pela raiva, pois fora por isso que perdera o amor de
sua vida e agora estava daquele jeito, sofrendo.

Precisaria resolver os problemas das promissó rias, nã o podia deixar que Clara corresse risco de ser
machucada por aquelas pessoas.

Seguiu até o envelope. Abrindo-o..

Era muito dinheiro...

Entã o, Frederico estava sendo chantageado pelo futuro sogro da neta, deveria ter muita coisa naquela histó ria
para ser descoberta. Iria falar com a Valentina. Seu sexto sentido dizia que os agiotas nã o foram responsá veis pela morte
do velho, a inal, ainda havia tempo para a dı́vida vencer.

Naquele momento o mais importante era manter a Branca de Neve em segurança.

Clara chegou à fazenda da famı́lia.

Clarice veio rapidamente até ela.

-- Filha, que bom que veio, nã o quero icar mais nesse lugar, está tudo uma bagunça, nã o tem empregados e eu
mesma tenho que fazer comida, pois nem dinheiro para comer fora temos. – Dizia quase chorando.

-- També m nã o tenho dinheiro, mamã e. – Abraçou-a. – Tentarei arrumar um emprego, assim, poderemos viver
melhor.

A mulher a itou horrorizada, mas a jovem nem mesmo prestou atençã o à expressã o de choque.

Seguiram para dentro, encontrando Felipe examinando alguns papé is. Ao vê -la, foi até ela, beijando-lhe a face.

-- Como está ?

-- Bem, papai. – Sentou-se. – E o senhor?

-- Estou bem també m, estou tentando conseguir um emprego, quero poder ganhar meu dinheiro, desejo
começar tudo do zero. – Falava entusiasmado.

-- Está vendo o absurdo que estamos vivendo? – Clarice icou ainda mais indignada. – Seu pai era vereador, sem
falar que é ilho do ex-governador do estado, agora está procurando emprego de peã o.

-- E de que você pensa em viver? – O homem a encarou. – Mendigando?

A mulher esbravejou mais uma vez, sentando.

-- Podemos vender o que seu pai deixou. Há muita coisa. Temos um grande patrimô nio.

-- Infelizmente, tudo isso nã o nos pertence mais, mamã e. Papai está certo, temos que nos acostumar com nossa
situaçã o.

A nora de Frederico começou a caminhar de um lado para o outro com as mã os na cabeça.

-- Nã o, nã o e nã o! Você irá casar com Marcos, assim seu pai e eu poderemos viver com você s. – Sorria. – Ele tem
uma herança, seu noivo irá nos ajudar.

-- Mamã e... – A garota parecia relutante. – Nã o posso me casar só pensando no dinheiro dele, nem quero fazer
isso para resolver nossa situaçã o inanceira...

-- Isso é um absurdo! – Felipe foi até ela, segurando-a pelo braço. – Quer vender a Clara para que sua vida de
luxo continue?

-- Nã o! – Desvencilhou-se do toque do marido. – Estou apenas juntando o ú til ao agradá vel, é simples, eles sã o
noivos, desde sempre estã o comprometidos, entã o basta que casem o mais rá pido possı́vel.

-- Você só pode ter enlouquecido!

-- Nã o, eu sou a ú nica sã dessa famı́lia.

Clarice subiu as escadas correndo, tinha a determinaçã o em seus olhos.

Felipe seguiu até a ilha, ajoelhando-se diante dela, segurou-lhe as mã os.

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-- Nã o permita que sua mã e a manipule, nã o ouse fazer nada que nã o seja o desejo do seu coraçã o. – Encarou-a.
– Nã o viva uma vida de infelicidade para fazer as vontades de outros.

A Duomont observou os olhos do pai e teve quase certeza de que ele sabia de muito mais do que dizia suas
palavras. Será que seu romance com a condessa era de conhecimento dele? Só em imaginar aquilo, sentia seu sangue
correr mais rá pido em suas veias.

-- Pai... – Dizia hesitante. – O Miguel é tio da Vitó ria.

-- Quem te disse isso? – Perguntou surpreso.

-- O vovô deixou uma carta para mim, lá ela dizia que nem o advogado assumia ser tio da condessa. – Observou
o pai se levantar. – O senhor sabia disso?

-- Sim... Há algum tempo...

-- E por que nunca me disse?

-- Na verdade, eu nunca me interessei em falar sobre isso... Nã o quero nem imaginar a reaçã o da Mattarazi ao
saber algo assim... – Dizia preocupado.

Clara assentiu, conhecia o orgulho da ruiva e temia que uma revelaçã o assim a desestruturasse totalmente.

Clarice à surdina ouvia tudo e já maquinava como usar uma informaçã o tã o valiosa.

Miguel icou perplexo ao ver a bagunça do escritó rio de Vitó ria. Encontrou-a de costas, com o olhar perdido,
encostado ao vidro da janela.

-- O que houve? – Indagou receoso.

Assim que recebeu a ligaçã o de Clara, saiu rapidamente até ali e se sentiu aliviado em encontrá -la.

A condessa o encarou.

Era possı́vel ver nos olhos verdes resquı́cios de lá grimas.

O advogado caminhou até ela, abraçando-a.

-- Calma, eu estou aqui e você sabe que sempre poderá contar comigo... – Acariciou-lhe os cabelos.

-- Por que tanta desgraça em minha vida? – Fitou-o. – Será que fui amaldiçoada por ser bastarda?

-- Nunca mais diga isso. – Repreendeu-a. – Você é uma mulher forte, conseguiu tudo diante de muito esforço, é
algué m digno de admiraçã o. Nã o se esqueça do imenso amor que unia você e o Vitor, ele seria capaz de dar a vida dele
por ti... E eu faria o mesmo sem pensar duas vezes.

A ruiva o itou profundamente.

-- Por que faz tanto por mim? – Afastou-se. – Sei que fez uma promessa ao meu irmã o de sempre cuidar de
mim, mas sinto que seu amor vai muito alé m disso... – Ponderou por alguns segundos. – Em alguns momentos tive medo
que estivesse confundindo as coisas, que estivesse interassado em mim como um homem se interessa por uma mulher,
mas com o tempo percebi que seu sentimento é paternal...

O advogado caminhou até o sofá , sentando-se.

Seria aquele o melhor momento de falar a verdade?

Temia que aquela revelaçã o a afasta-se de si e nã o poderia se arriscar naquele momento. Temia pela segurança
da sobrinha, ainda mais com o assassinato de Frederico...

Esperaria que tudo se resolvesse para lhe contar toda a histó ria.

-- Conheço-te há tanto tempo que a tenho como se fosse de minha famı́lia.

Vitó ria parecia pensativa, até que simplesmente assentiu.

Seguiu até o envelope, pegou-o, entregando-o ao advogado.

-- Veja o que o Duomont deixou. Quero que resolva tudo isso, nã o desejo que a Clara corra nenhum risco.

Miguel observava tudo com atençã o.

-- Meu Deus! – Encarou-a perplexo. – Isso deixa claro que nã o foi os agiotas que o mataram, nã o o fariam, pelo
menos nã o enquanto ainda restavam dois meses para pagar as dı́vidas. Preciso mostrar isso a Valentina.

A condessa retirou a carta do bolso.

-- Acho que ela també m deva dar uma olhada nisso.

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O advogado itou o papel. Recebeu-o.

-- Posso ler?

-- Fique à vontade... – Pegou as chaves do carro. – Estou indo para casa, peça para algué m redecorar minha sala,
na verdade, ela estava muito cafona, desejo algo mais agradá vel. – Piscou travessa.

-- Sei... Ah, já tenho o homem perfeito para cuidar de sua segurança.

-- Nã o quero que cuide da minha segurança, desejo que cuida da segurança da Duomont. – Protestou. – Eu sei
me defender muito bem sozinha.

-- Nã o seja boba! – Repreendeu-a. – Enquanto nã o esclarecermos a morte de Frederico, você precisa tomar
ainda mais cuidado, entã o nã o adianta esbravejar. Quanto à sua amada, nesse momento, ela já está sendo observada de
perto.

Vitó ria suspirou, sentando ao lado do tio.

-- Vou mandá -la de volta para a capital, ela precisa ser acompanhada pela neurologista e també m continuar as
sessõ es de isioterapia.

-- Irá com ela?

-- Nã o, acho melhor que mantenhamos distancia, pelo menos até que ela recupere a memó ria.

-- Por que a está afastando de si?

A ruiva cobriu o rosto com as mã os.

-- Tenho medo de nã o resistir aos encantos dela, tenho medo... Medo de que em minhas veias tenham muito
mais do que o sangue de Vitó rio Mattarazi.

-- Do que está falando?

-- Eu... – Fitou-o, mordendo o lá bio inferior. – No dia do veló rio do Duomont, eu quase a ataquei... – Desviou o
olhar. – Quase a tomei à força...

-- Com certeza isso aconteceu devido à pressã o que está sendo submetida nos ú ltimos dias. – Segurou-lhe a
mã o. – Nã o pense coisas assim, sei que nã o machucaria a mulher que ama.

-- Eu nã o sei... As vezes me assusto com a intensidade desse sentimento.

-- O amor é assim mesmo... Ainda mais quando ele se mescla poderosamente à paixã o.

O advogado observou o olhar perdido da jovem.

-- Quando ela recuperar a memó ria tudo vai se resolver.

-- E se ela nã o recuperar?

-- Você a conquista de novo, a ina, quem resistiria ao poderoso charme de Vitó ria Mattarazi. – Gracejou.

A ruiva mesmo preocupada, acabou exibindo aquele sorriso presunçoso, cheio de misté rios.

Já era tarde da noite quando o motorista deixou Clara na fazenda Mattarazi. Tinha decidido jantar com os pais,
mesmo tendo que escutar todas as reclamaçõ es de sua mã e durante a refeiçã o.

Seguiu para o quarto, encontrando a condessa deitada, lendo um livro.

Ambas se encararam por alguns segundos, mas nenhuma palavra foi dita.

Vitó ria voltou sua atençã o para a leitura, enquanto a Duomont seguia até banheiro.

Alguns minutos se passaram até que a morena voltasse para os aposentos, deitando ao lado da fazendeira.

Aproveitou a distraçã o da ruiva, para observá -la com atençã o. Os ó culos apoiado no nariz orgulhoso a deixava
mais linda. Fitou os seios pelo decote da camisola. Apesar de apenas a luz da cabeceira está acesa para a leitura, era
possı́vel perceber que o traje de dormir da condessa era totalmente transparente, como todos que ela usava.

Jamais confessaria a algué m como sentia o corpo reagir diante de tã o linda visã o.

Respirou fundo, virando-se de lado, dando as costas para a ruiva.

Fechou os olhos e de repente algumas cenas invadiram sua mente.

Jogou-a sobre o feno, encantada com a beleza que ela exibia.

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A ruiva chegou a pensar que ela iria embora, mas quando a viu despir cada peça de roupa, seu sangue icou
ainda mais quente.

Mirava embevecida, desejava-a mais de que qualquer coisa que quisera em sua vida, mesmo que passassem
mil anos, continuaria a aspirar por aquela jovem de rosto doce, mas que se mostrava cada vez mais determinada, mais
dona de si, mais sedutora.

Ao vê-la totalmente despida, foi até ela, tentou tocá-la, mas não lhe foi permitido.

A neta de Frederico lhe pôs de costas, apoiando-a na cerca de madeira que separava a baia. Colou o corpo em
suas costas, sentindo o próprio sexo roçar as nádegas bem feitas da fazendeira.

A ruiva apoiou a perna na madeira, abrindo-se mais, acolhendo a mão que lhe acariciava possessivamente.
Rebolou, sentindo lambuzar seu bumbum.

-- Então eu sou uma princesinha de contos de fadas? – Invadiu-a. – Então você não gostou de fazer amor
comigo... – Meteu mais forte.

A condessa vibrava a cada estancada, ouvia as palavras e depois só os seus gemidos poderiam ser audíveis.

-- Então, é você a poderosa condessa... – Falava sem fôlego. – Não... – Tomou-a com força... – Você é minha... –
Acelerou ainda mais. – E será sempre minha.

A ruiva sabia que não aguentaria por muito tempo, os impulsos e o manear dos seus quadris aos poucos
foram substituídos por um grito de satisfação total.

Clara se encostou a ela tentando recuperar o fôlego, sentia que aos poucos o ar voltava aos seus pulmões.

Vitória se virou, abraçando-a, sussurrando em seu ouvido.

-- Eu estou perdidamente apaixonada por ti e sinto que morrerei se não te ter ao meu lado.

Naquele momento apenas o relinchar do Bastardo cortou o silêncio profundo da noite de lua cheia.
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Capitulo 31 por gehpadilha


O grito de Maria Clara assustou Vitó ria.

-- O que houve? – Levantou-se rapidamente sentando ao lado dela. – O que foi?

A ruiva observou o olhar arregalado da garota, parecia presa em outro mundo.

Tocou-lhe a face.

-- Fale comigo, o que se passa?

De repente os olhos negros encararam a Mattarazi. Pareciam examiná -la, estudando cada parte dela, cada gesto,
cada detalhe daquele rosto.

-- O que houve, amor, está sentindo dor? Diga. – Levantou-se. – Irei buscar o mé dico.

Mas a Duomont nã o a permitiu, segurando-lhe a mã o, detendo-a.

-- Eu... eu estou bem... – Falou baixinho.

A condessa voltou a sentar.

-- Tem certeza? Mas por que gritou? -- Tocou-lhe a face. – Teve alguma lembrança? Por isso se assustou? –
Perguntou entusiasmada.

Clara sentiu o ar faltar aos pulmõ es.

Vitó ria imediatamente pegou a bombinha de ar, entregando-lhe.

Observou o semblante da amada e icou a imaginar o que a teria chocado tanto. Será que fora algo relacionado a si
ou outra recordaçã o que a assustara?

Ajudou-a sentar, permanecendo pacientemente ao seu lado, até perceber que ela já parecia bem melhor.

-- Diga-me agora o que houve. – Pediu.

A garota deixou de lado o apetrecho, em seguida itou as duas esmeraldas brilhantes.

Clara umedeceu os lá bios.

-- Vitó ria... – Começou relutante. – Como pude me entregar a ti se estava noiva de outro?

-- Entã o essa foi a visã o que teve? Viu-nos fazendo amor?

A neta de Frederico passou as mã os pelos cabelos, parecia assustada.

-- Como pude fazer isso com o Marcos? Ele nã o merecia.

A condessa segurou-lhe o rosto carinhosamente, observando o olhar perdido.

-- Nã o se sinta culpada, acabamos nos apaixonando, fomos guiadas pelo sentimento.

A Duomont lhe afastou a mã o, mostrando-se indignada.

-- Nã o você ! Eu vi, ouvi suas palavras claras dizendo que dormia com a sua engenheira e depois fazia comigo.

Vitó ria icou perplexa com o que fora dito.

-- De que você lembra mais?

-- Acho que já recordo o su iciente para saber que você nã o presta. – Dizia em lá grimas. – Como fui capaz de trair
meu noivo com algué m como você ?

A ruiva se levantou, pondo-se a caminhar de um lado para o outro pelo quarto, parecia um animal enjaulado.

-- As coisas nã o aconteceram assim... Eu juro, eu nã o fui pra cama com a Larissa... – Mirou-a. – Apenas falei aquilo
em um momento de raiva, tinha acontecido coisas naquele dia e acabei nã o medindo minhas palavras. – Seguiu até ela,
acomodando-se mais uma vez ao seu lado. – Eu nã o deveria ter dito aquilo, mas o iz e você nã o imagina como eu me
arrependo disso, pois foi por causa dessas malditas palavras que você saiu em disparada com o Bastardo e acabou sofrendo o
acidente.

-- Nã o acredito! Você mente, mente para conseguir o que deseja.

-- Meu Deus, Clara, o que devo fazer para que nã o duvide mais de mim, que acredite que o amor que sinto é
verdadeiro. – Sua voz estava embargada. – Eu nunca em minha vida senti o que sinto por ti, é muito mais forte do que eu,
mais forte do que tudo, esse amor é tã o grande que penso que nã o vou aguentá -lo em meu peito e vai explodir.

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-- Mentira... – Falou por entre os dentes. – Mentira! – Gritou. – Se me amasse de verdade nã o teria me traı́do com
outra. Eu sei o que vi, eu sei o que ouvi, posso nã o me lembrar de tudo, minha mente ainda está cheia de né voa, parece
mergulhada na escuridã o, poré m depois de hoje, tive certeza do cará ter de Vitó ria Mattarazi.

-- Nã o, meu amor, nã o, foi um engano... – Tentava se explicar, estava em total desespero.

-- Nã o há nenhum engano aqui, bem como a morte do meu avô . – Encarou-a. -- Eu nã o desejo mais continuar com
essa palhaçada, amanhã mesmo irei embora daqui, pode icar com tudo que era dele, nada disso me interessa.

-- Nã o! – Apontou-lhe o indicador. -- Você nã o irá embora, pelo menos até que a delegada descubra quem matou o
Frederico. – Levantou-se. – Nem que eu tenha que prendê -la aqui, nã o saı́ra enquanto eu nã o souber que você nã o correrá
nenhum risco.

-- Corro muito mais riscos estando em sua presença!

-- Você nã o está pensando que eu matei o seu avô , está ? – Indagou perplexa. – Eu estava contigo naquele dia...
Pensa que mandei algué m fazer isso?

Diante do silê ncio da jovem, a condessa deixou o quarto, consternada. Desceu as escadas rapidamente, seguindo
até o está bulo.

Sentou no feno.

Cobriu o rosto com as mã os, sentindo as lá grimas rolando copiosamente. Os soluços sacudiam seu corpo, era como
se uma lâ mina atravessasse seu peito, rasgando-a lentamente, lacerando-a pouco a pouco.

Nã o, nã o haveria mais como seguir por aquele caminho tortuoso. Nã o tinha mais como icar ao lado de Clara,
sabendo que ela nã o acreditava em si, pior, que ela imaginava que poderia ter algo com a morte de Frederico.

Mais uma vez o estigma de assassina manchava-lhe o nome, mais uma vez era vista como um ser cruel, desprovido
de qualquer sentimento, poré m isso nunca machucara tanto como naquele momento.

Deitou-se.

Tentaria de todas as formas descobrir quem matou o Duomont e quando tivesse segura de que a amada nã o
correria mais nenhum tipo de perigo, iria embora de uma vez do Brasil, seguiria para bem longe, só assim Clara poderia ser
feliz.

A Duomont nã o conseguira dormir. Passara a noite esperando a condessa retornar para o quarto, mas isso nã o
aconteceu.

A dor que viu em seu olhar quando imaginou que a achava culpada da morte do avô .

Nã o!

Sabia que ela jamais faria algo assim, tinha certeza disso. Sentiu-se injusta, pois repetira o que todos izeram antes
quando disseram que ela matara a pró pria famı́lia.

O dia já amanhecia quando Maria bateu, entrando em seguida.

-- Perdoe-me se te acordei. – A mulher a cumprimentou com um sorriso.

-- Nã o, já estava acordada.

-- A condessa me pediu para pegar algumas peças de roupas. – Seguiu até o armá rio.

A Duomont sentou-se.

-- Onde ela está ?

-- No está bulo. – Fez um gesto de cabeça, recriminando-a. – Batista disse que a encontrou dormindo lá . Só pode ter
enlouquecido, fazia isso quando a bruxa da madrasta a expulsava de casa, poré m agora nã o há necessidade de compartilhar o
leito com os animais...

-- Como? – Indagou perplexa.

-- Eu nã o sei, apenas me mandou pegar algumas roupas e levar para o quarto que pertencia ao irmã o. – Caminhou
até a porta. – Tenha um bom dia, mocinha.

Clara tentou nã o demonstrar a tristeza que sombreava seu sorriso simpá tico.

Marcelo foi avisado por um dos seus empregados que a condessa deseja vê -lo.

O homem rapidamente seguiu até a sala, encontrando-a.

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Ficou fascinado com a imponê ncia que ela demonstrava. Arrogâ ncia, sensualidade mesclada ao orgulho dos
Mattarazis.

Fitou as botas de couro, o traje de montaria que delineava as pernas longas.

-- Bom dia! – Cumprimentou-a com um sorriso, aproximou-se, beijando-lhe a mã o. – Como pode ser tã o bela?

A ruiva estreitou os olhos ameaçadoramente.

-- Nã o queira jogar seu charme barato para cima de mim. Eu já sei que era você o amante da Helena.

A cor pareceu abandonar a face do ex-prefeito, afastou-se dela.

-- Do que está falando? Enlouqueceu por acaso?

Vitó ria caminhou até ele, icando parado bem pró ximo.

-- Eu tenho vontade matá -lo com as minhas pró prias mã os por isso, mas esperarei que a justiça seja feita. – Disse
por entre os dentes. – Irei até o inferno para que ela seja feita.

-- Você deve ter entendido as coisas erroneamente.

-- Nã o... – Esboçou um sorriso sá dico. – O miserá vel do Frederico deixou claro isso na carta que me deixou antes de
morrer.

Marcelo tentou manter a calma.

-- O que dizia nessa carta? Decerto um monte de mentiras.

-- Alé m de que você estava extorquindo o velho, algumas sujeiras a mais.

-- Nã o é bem assim... – Gesticulava nervoso. – Ele estava me devendo, pediu dinheiro emprestado e eu estava
querendo tudo de volta. Era o meu dinheiro e ele se negava a saldar as contas.

A ruiva arqueou a sobrancelha esquerda.

-- Nã o foi isso que ele escreveu.

-- Vai acreditar nele? – Indagou surpreso. -- No miserá vel que te acusou de assassina e que fez tudo para tomar o
que era teu. – Sentou. – Confesso que tive uma relaçã o com a Helena, mas isso aconteceu porque Frederico a entregou pra
mim, tudo por dinheiro, por poder... Ela era muito bonita... Acabei me apaixonando...

-- Nã o acredito em nada que você diz. – Bateu o chicote na poltrona. – Saibas que nã o descansarei até que a
verdade seja descoberta, até que eu o veja atrá s das grades.

Marcelo a observou se afastar, sentindo o pâ nico tomar conta de si.

De initivamente precisava se livrar de Vitó ria Mattarazi de uma vez por todas.

O tempo passava tranquilo.

A condessa fazia o possı́vel para evitar Maria Clara, tanto que durante todos esses dias nã o a viu.

Quando nã o trabalhava até tarde, chegava cedo e seguia direto para o quarto para evitar o encontro desagradá vel.

Sim, era uma covarde. Estava fugindo, pois sabia que nã o conseguiria se controlar se estivesse diante dela.

Clara estava na cozinha com Maria.

A empregada estava terminando de fazer um delicioso bolo de chocolate.

-- E o preferido da condessinha. – Dizia a mulher, recheando a iguaria. – Quando era criança corria para lamber o
chocolate. – Sorriu.

A Duomont se divertiu ao imaginar a cena.

Deveria ter sido uma garotinha linda com aqueles cabelinhos vermelhos.

Há dias nã o a via e nã o tinha como negar que sentia um desejo enorme de encontrá -la, de poder dizer que nã o
acreditava que ela fora responsá vel pela morte do Frederico. Nã o a procurara, deveria tê -lo feito, mas nã o fora corajosa o
su iciente para isso.

Maria olhou pela janela.

-- O senhor Miguel acabou de chegar, trouxe o ilho e a esposa. – Sorriu. – Vá receber as visitas, enquanto aviso a
menina.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Vitó ria está em casa? – Nã o conseguia esconder a surpresa e nem o entusiasmo de poder vê -la.

-- Sim, chegou ao anoitecer e se trancou no quarto. – Piscou. – Parece o Diabo fugindo da cruz nos ú ltimos dias.

Clara percebeu a indireta, mas preferiu ignorar, seguindo até a sala.

Sua isioterapia estava dando resultados. Necessitava apenas de uma muleta e em breve se livraria dessa també m.

Nã o tivera mais lembranças, mas as que povoavam a sua mente eram su icientes para deixá -la perturbada.

-- Boa noite! – Valentina cumprimentou-a.

O garotinho correu para a jovem.

A Duomont sentou, trazendo-o para seu colo.

-- Que criança mais linda. – Beijou-lhe.

-- Olha, tia. – Mostrou o boneco que era personagem de um desenho animado. – A tia Vitó ria me deu.

-- Nossa que lindo!

Ficou encantada vendo o ilho de Miguel falar do novo brinquedo que nem notou a ruiva descer as escadas.

-- Boa noite!

O som rouco invadiu o ambiente.

-- Nossa, como está linda! – Miguel elogiou-a.

Naquele momento, Clara a itou e sentiu o coraçã o acelerar diante da imagem esplendida que se apresentava
diante dos seus olhos. Ficou boquiaberta diante de tanta sensualidade.

A condessa estava arrasadoramente fatal usando um vestido preto, sustentados apenas pelos seios fartos,
delineando a cintura ina, terminando um pouco antes dos joelhos, deixando à mostra as lindas pernas. Os cabelos estavam
presos em um coque no alto da cabeça e apenas alguns ios emoldurava o rosto bonito.

-- Vai sair? – Valentina indagou.

-- Na verdade, tenho uma recepçã o para ir. – Retirou Miguelzinho dos braços de Clara. – Por que nã o avisaram que
viriam? E você , hein, tá cada vez mais bonito, nunca mais apareceu, abandonou sua tia?

-- Na verdade, viemos porque ele só falava em ti e queria agradecer pelo presente.

-- Nã o precisa agradecer. – Beijou-o, depois se acomodou ao lado da Duomont. – Por que nã o vai à cozinha ver o
que a Maria tá cozinhando. – Falou baixinho. – Senti um delicioso cheiro de chocolate.

O garoto a retribuiu o carinho em sua face, saindo em disparada em direçã o sugerida.

Clara se sentia atraı́da e sufocada pelo cheiro dela.

As pernas de ambas se roçaram, deixando a jovem Duomont totalmente arrepiada.

-- Bem, me disperso de você s. – Levantou-se. – Nã o desejo chegar atrasada. Boa noite a todos.

Miguel e Valentina se entreolharam, perceberam que a neta de Frederico tinha sido totalmente ignorada pela ruiva.

-- Algum problema? – O advogado a itou.

-- Nã o que eu saiba. – Disfarçou a tristeza. – Vã o icar para o jantar? – Disfarçou o desgosto.

Ambos izeram um gesto a irmativo.

A refeiçã o transcorria tranquilo, enquanto o garotinho se enchia de bolo de chocolate.

-- Já chega! – A delegada o repreendeu. – Vai icar doente de tanto comer isso.

-- Ah, deixa ele, parece até a minha Vitó ria quando era um bebê ... – Cobriu a boca como se tivesse cometido uma
indiscriçã o.

-- Nã o precisa disso, eu já sei dos laços sanguı́neos que une você s. – Falou olhando para Miguel. – Meu avô deixou
claro na carta pra mim que você é irmã o da mã e da condessa.

Todos pareceram boquiabertos.

-- Nã o precisam icar assim, jamais falaria algo para a Vitó ria, mas acho que já está mais do que na hora de você
falar.

Valentina segurou a mã o do marido.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- As coisas nã o sã o tã o fá ceis assim, Clara. – A delegada explicava. – Nã o estamos falando de qualquer pessoa, esse
segredo precisa ser guardado por algum tempo ainda.

-- Como disse nã o falarei nada, mas continuo achando que a verdade deve ser dita.

A conversa seguiu por mais algum tempo, até que as visitas se despediram indo embora.

A Duomont seguiu desanimada até o quarto, nã o se sentia bem. A ú nica coisa que desejava naquele momento era
poder dormir durante muitos anos e esquecer tudo que aconteceu.

O desprezo de Vitó ria estava doendo muito e só em imaginar que ela tinha saı́do com algué m, a deixava possessa.
Decerto, estava com a tal engenheira, em seus braços...

Deitou na cama, sentindo o cheiro dela.

As lá grimas começaram a lhe banhar o rosto.

Tinha certeza que nã o a teria mais em sua vida, conseguira ver naqueles olhos penetrantes que se havia algum
sentimento por ela, com certeza seria riscado e arrancado de seu coraçã o.

Lembrou-se do dia que acordou no hospital e viu seu olhar... Sua forma de demonstrar que a amava, mesmo diante
dos seus desprezos, ela continuara ao seu lado... Apoiou-a em tantos momentos difı́ceis, mas agora acabou.

-- Que bom que decidiu vir. – Larissa segurou-lhe a mã o.

A recepçã o estava acontecendo no clube da cidade, um dos maiores divulgador de marcas estava presente e
convidara a condessa, devido ao sucesso de sua cachaça.

-- Confesso que nã o estava muito interessada, mas decidi vir para tentar me distrair.

O lugar estava repleto de empresá rios de outras cidades, até mesmo do exterior. Todos desejando que suas marcas
fossem bem vistas pelo grande ramo midiá tico.

As luzes iluminava o espaço.

Havia garçons servindo as melhores bebidas, petiscos e uma pista de dança fora montada.

-- Pierre está encantado contigo. – A engenheira a conduziu para onde havia algumas pessoas dançando. –
Acompanha-me?

A ruiva assentiu e ambas começaram a seguir o ritmo que o DJ tocava.

A condessa nã o se animou de inı́cio em sair, mas acabou cedendo à insistê ncia da jovem, pois assim poderia se
distrair e esquecer um pouco dos seus problemas.

Cada dia que passava era como se estivesse morrendo pouco a pouco. Passava o dia trabalhando duro, quase
sempre virava a madrugada fazendo isso, seja resolvendo problemas de suas empresas ou cuidando da administraçã o da
cidade.

O municı́pio atravessava um momento difı́cil, havia muitas dı́vidas e ela precisava saldar todas para poder começar
a fazer algo por aquelas pessoas.

Otá vio vinha travando uma batalha á rdua, fazendo de tudo para atrapalhar seus planos.

Tentaria uma reuniã o com a bancada de vereadores, faria tudo para convencê -los a icar do seu lado, pois sabia que
era necessá rio esse apoio.

Nã o falara mais com a neta de Frederico. Evitava vê -la, até aquela noite tinha obtido ê xito...

Lembrou-se de ter icado encantada ao vê -la com o Miguelzinho nos braços e por um momento imaginou como
seria maravilhoso se tivessem um ilho... Fruto de um grande amor que um dia existira.

Talvez tenha sido covarde em desistir dela, mas nã o tinha mais forças para lutar por aquele sentimento, nã o
conseguia mais seguir em frente diante do desprezo que viu em seu olhar. Assim que descobrisse e mandasse para a prisã o o
assassino de Frederico e constatasse que a jovem nã o corria mais perigo, partiria imediatamente para a Itá lia. Sim, fugiria,
pois era esse o ú nico caminho a seguir.

-- Deseja beber algo? – Larissa parecia impaciente.

A ruiva a itou.

-- Perdoe-me, estava pensando em alguns problemas que preciso resolver. – Justi icou a distraçã o.

A engenheira sorriu ao ouvir a mú sica lenta.

Colou seu corpo ao da condessa, colando os lá bios em seu ouvido.

-- Deixe-me te fazer esquecer... – Sussurrava. – Dê -me uma chance.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Vitó ria sentiu os lá bios tomarem os seus e nã o esboçou nenhum tipo de reaçã o. Apenas se deixou guiar por aquela
bela mulher.

Marcos seguiu até a fazenda dos Duomont assim que o sol nasceu.

Naquele dia, realizaria seu maior desejo e sabia que podia contar com a sogra.

Vitó ria Mattarazi nã o lhe roubaria a mulher que amava. Otá vio lhe contara sobre os sentimentos que a condessa
demonstrava sentir por Clara. Inicialmente, pensara em matar a odiosa mulher, mas nã o agiria tã o impulsivamente, sua
vingança seria dada em doses homeopá ticas... E naquele dia seria a primeira de tantas.

Clara despertou cedo.

Na verdade, teve uma terrı́vel noite de insô nia. Nã o conseguira descansar, ainda mias quando pensava que Vitó ria
nã o dormira em casa, passara toda noite esperando e nem sinal do seu retorno.

Nã o entendia por que ela ainda lhe mantinha naquele lugar, a inal, já está claro que nã o a desejava mais ali.

Tinha acabado de banhar.

Deixou a muleta de lado e começou a dá alguns passos sem o auxı́lio do apoio.

Em breve estaria totalmente recuperada isicamente.

Vestiu-se.

Naquele dia teria que ver a neurologista, decerto Miguel a levaria até a capital. Tinha certeza que a condessa nã o
gastaria seu precioso tempo ao seu lado.

Ouviu o toque do celular, reconheceu o nú mero da mã e, atendendo-a rapidamente.

-- Bom dia, mamã e, tudo bem? – Cumprimentou-a feliz.

-- Filha, preciso que venha imediatamente me encontrar. – A voz aparentava preocupaçã o.

-- Mas eu terei que ir ao mé dico, estou me aprontando para viajar.

-- Nã o se preocupe com isso, eu mesma a levarei depois.

-- Mas o que houve? Aconteceu algo?

Clarice falou tanto que acabou por convencê -la a encontrá -la em um restaurante no centro da cidade.

Vitó ria despertou com uma terrı́vel dor de cabeça.

Demorou em reconhecer o lugar onde passara a noite, mas aos poucos seus olhos identi icaram o escritó rio da
usina.

Sentou-se.

Passara quase toda a madrugada bebendo e dançando na companhia de Larissa, mas acabara nã o aceitando o
convite de ir para o apartamento da engenheira. Seu corpo nã o cedera aos encantos da bela morena, pois em sua cabeça e em
seu coraçã o outra pessoa habitava e dominava.

Olhou o reló gio, quase dez horas.

Precisava ir para casa, buscar a Clara e seguir para a capital. Usaria o helicó ptero ou chegariam atrasadas.

Seu iel advogado nã o poderia se ausentar da cidade, por esse motivo, a ruiva nã o tinha outra alternativa a nã o ser
ir ela mesma com a Duomont. Uma tortura mais para anotar em seu caderninho.

Levantou, caminhando até a mesa, pegou o telefone, discando para a fazenda.

Maria atendeu.

-- Avise a Clara para se arrumar, passo aı́ em dez minutos para pegá -la para irmos à capital. – Falou sem
cumprimentar a empregada.

A esposa de Batista nã o respondeu imediatamente, fez-se um silê ncio, uma relutâ ncia em dizer algo.

-- Ela saiu, o motorista a levou...

A mulher nem mesmo terminou de dizer, o clique de encerramento de chamada pô de ser ouvido.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Clara seguiu com a mã e e icou surpresa quando ela ordenou ao motorista que estacionasse em frente ao fó rum.

-- O que vamos fazer aqui? – Indagou receosa.

Clarice nã o falara nada durante todo o encontro, apenas alegara que precisava conversar com ela.

-- Resolver um problema que há tempos deveria ter sido feito. – Deu a volta no carro. Estendeu a mã o para ela. –
Venha.

A jovem hesitou mais acabou seguindo como fora ordenado.

Ao entrar, icou surpresa ao encontrar Marcos, algumas outras pessoas que nã o conhecia e o advogado de Marcelo.

O rapaz seguiu rapidamente até ela, beijando-lhe os lá bios.

A Duomont permaneceu está tica, com o olhar perdido.

-- Hoje de initivamente nos uniremos em matrimô nio, vamos seguir o mesmo caminho, vamos formar nossa
pró pria famı́lia.

Clara nã o conseguiu esconder a surpresa diante daquilo.

-- Mas... Mas como? As coisas nã o sã o assim, é necessá rio de muita coisa para que um casamento se realize, tempo
para a papelada... – Falava rapidamente.

-- Isso já foi providenciado, enquanto você estava no hospital. – Clarice sorriu vitoriosa. – Eu mesma entreguei
todos os seus documentos para o Marcos e ele rapidamente resolveu tudo. – Abraçou os dois. – Agora você s se unirã o em um
casamento feliz e vamos morar bem longe daqui.

-- Nã o, nã o... – A Duomont se afastou. – Eu nã o posso, nã o posso...

-- Claro que pode! – O rapaz lhe segurou o braço. – Nó s temos um compromisso de muitos anos e esse é o momento
de concretizá -lo. – Nã o parecia mais um cavalheiro.

-- Nã o, eu nã o posso me casar contigo, pelo menos nã o enquanto eu nã o recuperar a memó ria.

-- Nã o será preciso, você me ama, da mesma forma que eu te amo. – O jovem insistia.

A neta de Frederico pareceu ainda mais confusa, ela sabia que aquilo nã o era toda a verdade, pois nã o era por
aquele homem bonito que a itava que seu coraçã o pulsava acelerado. Nã o era por ele que suspirava e nã o era por ele que seu
corpo queimava com tanta intensidade.

-- Eu nã o posso... – Disse baixinho.

Marcos a itou surpreso, mas foi Clarice que se adiantou.

-- Você deve se casar, nã o entende que só assim eu e seu pai teremos um lugar para viver, nã o se importa conosco?
Te demos tudo o que tinha de melhor e esse é o momento de retribuir ou acha que seu pai vai conseguir um bom emprego?
Ele nã o sabe fazer nada, vamos viver na misé ria, é isso que quer pra gente?

-- Mamã e, eu irei trabalhar, com o que eu ganhar poderei sustentar você s. – Dizia com calma. – Sou veteriná ria,
conseguirei algo assim que estiver totalmente recuperada.

-- Nã o! – A mulher gritou. – Nã o quero viver como uma pobretona... – Disse em lá grimas. – Estou doente, preciso de
dinheiro para o tratamento.

-- Doente de que? – perguntou preocupada. – Por que nã o me disse?

-- Eu nã o sei ainda, Marcos está me ajudando. – Limpou as lá grimas. – Case-se com ele, faça isso por mim, ele está
me ajudando e fará ainda mais com o dinheiro que ganhará de herança.

Clara passou a mã o pelos cabelos.

Sentia-se perdida, nã o sabia qual caminho seguir naquele momento. Nã o sabia se tinha a ver com a amné sia, poré m
o que podia dizer é que nã o amava o homem que a olhava impaciente. Sentia um carinho grande, mas nada que pudesse ser
su iciente para sustentar uma relaçã o tã o sé ria.

Observou o semblante da mã e. Ela parecia destruı́da, desesperada. Conhecia-a bem para saber que ela nã o
suportaria uma vida sem luxo, mas o pior era o fato de estar doente e se realmente necessitasse de dinheiro, como poderia
fazer algo?

-- Eu nã o posso... – Repetiu baixinho.

Marcos a segurou forte pelos ombros.

-- Você nã o só pode, como irá . – Gritou. – Nã o serei feito de idiota, enquanto você cai nos encantos da assassina do
seu avô . – Apertou-a mais. – Nos casaremos hoje.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Clara nunca viu os olhos do noivo apresentarem uma expressã o de ó dio.

-- Case-se comigo e iremos embora daqui, esquecerei tudo o que aconteceu e seremos felizes juntos, mas se nã o o
izer, eu matarei a condessa com minhas pró prias mã os e você carregará essa desgraça em sua cabeça por toda a vida. – Disse
em seu ouvido.

Vitó ria chegou diante do fó rum e viu o motorista parado, na verdade, aquele era o segurança que Miguel havia
contratado para cuidar da segurança de Clara.

-- Onde ela está e por que a deixou sozinha? – Indagou furiosa.

Ligara para ele e icara sabendo que a jovem se encontrara com Clarice.

-- Nã o achei que havia riscos, a inal, ela está com a mã e, sempre as deixo sozinhas, a senhora nunca falara que a
mulher apresentava um perigo.

A ruiva praguejou alto, seguindo para o pré dio rapidamente, tendo o brutamonte ao seu lado.

Nã o precisou caminhar muito para encontrar o que desejava. Em uma sala lateral, onde casamentos eram
o icializados, encontrou a jovem ao lado de Marcos, enquanto um homem vestido formalmente parecia inalizar um ritual de
enlace.

-- Que ingratidã o! – Sentou-se em uma das cadeiras que eram para os convidados. – Nã o fui convidada para o
matrimô nio.

Os olhares dos presentes se voltaram para a empresá ria. Clara a encarou e sentiu o chã o fugir dos pé s.

-- Onde devo sentar-me? – Cruzou as pernas. – Em qual dessas ileiras a amante da noiva deve ocupar? – Esboçou
um sorriso sá dico.

-- Como ousa? – Clarice seguiu até ela. – Saia já daqui, respeite minha ilha, sua desavergonhada.

-- Senhora Duomont... – Fitou-a. – Faça-me o favor de ir para o inferno... – Levantou-se.

A ruiva passou pela esposa de Felipe e quase a derrubou.

-- Estamos casados. – Marcos disse triunfante. – Nada poderá fazer contra isso, entã o saia daqui, temos que
embarcar para a nossa lua de mel. – Provocou-a.

Vitó ria itou a jovem e teve que se segurar para nã o perder a calma.

-- Pena que nã o será você a desfrutar dessa comemoraçã o... Porque esse mel me pertence... Mas pode icar com a
lua. – Mordeu o lá bio inferior.

Clara precisou se apoiar nos braços do esposo. Fechou os olhos por alguns segundos e quando voltou a itar a
fazendeira, suas lembranças retornaram ao lugar que pertencia. Tudo estava claro, parecia que a venda que encobriam seus
pensamentos tinha sido retirada.

A ruiva interpretou erroneamente a cena. Deu a volta, seguindo para fora, enquanto fazia um gesto para Cloud, o
segurança.

Ainda conseguiu ouvir os gritos e alguns barulhos de soco, mas nã o se voltou para ver o que acontecia.

Caminhou até o carro, esperando.

Instantes depois viu o segurança carregando Maria Clara e pondo-a no carro, enquanto uma Clarice histé rica
gritava, tentando entrar no veı́culo.

Marcos jazia no chã o. Levara um soco quando tentara impedir que o homem levasse a amada. Os presentes apenas
olhavam a cena, sem esboçar nenhuma reaçã o.

Clarice voltou correndo, ajoelhando-se diante dele.

-- Eles a levaram.

-- A Clara já é minha esposa, a maldita nada poderá fazer, agora mesmo irei denunciá -la para a delegada, a inal, a
minha mulher foi sequestrada por Vitó ria Mattarazi e tenho muitas testemunhas que a irmarã o isso.

A neta de Frederico fora colocada na aeronave.

Sentia-se tonta.

Sentou-se!

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Cloud icou ao seu lado, ajudando-a a colocar o cinto de segurança.

-- Onde está a condessa?

O homem apontou para frente, entã o ela viu Vitó ria sentada ao lado do piloto.

-- Preciso falar com ela... – Tentou se levantar.

O segurança segurou-lhe a mã o.

-- Fique onde está nã o acho que seja uma boa ideia falar com ela agora. – Advertiu-a. – A senhora Mattarazi nã o
parece muito acessı́vel nesse momento.

A jovem ainda pensou em retrucar, mas ao ouvir os motores do helicó ptero ser ligado, decidiu permanecer onde
estava.

Valentina estava na delegacia.

Leu mais uma vez a carta deixada por Frederico, tinha quase certeza que Marcelo poderia estar por trá s do
assassinato do velho.

Ouviu um barulho, até que o policial apareceu acompanhando de um furioso Marcos e uma Clarisse histé rica.

-- Exijo que a senhora prenda Vitó ria Mattarazi. – O rapaz exigiu.

A delegada se levantou.

-- Você nã o manda em mim e nã o admito que chegue aqui agindo como se fosse o dono do mundo.

-- A senhora precisa fazer alguma coisa! – Clarice se intrometeu. – Essa mulher deve ser detida imediatamente.

-- E que mal a condessa fez? – Perguntou calmamente.

-- Sequestrou a minha esposa. – Mostrou a aliança que repousava em seu anelar.

-- Que esposa? – Perguntou confusa.

-- Maria Clara Duomont de Ferraz! – Disse orgulhoso.

Durante toda a viagem, Clara, em nenhum momento teve contato com a fazendeira.

Observou o lugar, nã o estavam na capital, mas deveriam estar longe, pois fora quase duas horas de voo.

-- Onde estamos? – Observou pela janelinha. – Que lugar é esse?

Tinham pousado em uma pista, em meio a muito mato.

A condessa se levantou, seguindo até onde ela estava.

Cloud se afastou.

Os olhares de ambas se encontraram.

A Duomont engoliu em seco diante daqueles olhos que pareciam escurecidos. Observou o maxilar se mover.

-- A sua lua de mel começa agora. – Segurou-lhe o pulso, levantando-a. – Espero que goste.

-- Vitó ria... – Hesitou. – Preciso dizer...

-- Cale a boca... – Disse por entre os dentes. Fitou o anel de compromisso. – Ainda falta eu te dar o meu presente. –
Empurrou-a.

A neta de Frederico caiu sentada.

-- Cloud! – Gritou. – Leve-a para a cabana e nã o deixe que ela saia de lá .

O homem assentiu.

O jipe levou–as por entre as á rvores, até chegarem a uma clareira onde uma pequena cabana se erguia. Era rú stica,
toda feita em madeira, pequena.

Ao entrar, percebeu que havia apenas uma mesa, uma esteira forrava ao chã o de terra batido.

Cobertores estavam dobrados ao lado, nã o havia eletricidade, mas pode ver alguns lampiõ es.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Havia uma porta lateral e lá havia um banheiro que nã o combinava com o resto do lugar. Havia um Box, uma tina de
madeira, um espelho... Tolhas... Um pequeno pote de barro, lá havia á gua.

Voltou para o outro cô modo, sentando em uma cadeira.

Instantes depois, a porta foi aberta e o piloto entrava trazendo consigo uma bolsa.

-- Seu almoço! – Deixou sobre a mesa.

O homem já estava saindo quando ela o deteve.

-- Onde está a Vitó ria? Quero falar com ela.

-- Resolvendo problemas. – Disse simplesmente indo embora.

Clara bateu forte contra a palma da mã o. Estava perdendo a paciê ncia...

Miguel encontrou com a esposa na delegacia.

-- O que houve? – Ele se adiantou preocupado.

-- Onde está a sua sobrinha? – Valentina passou a mã o pelos cabelos. – Preciso que ela venha aqui imediatamente. –
Respirou fundo. – Já virei a cidade atrá s dela e nã o a encontrei.

-- Por quê ?

-- Há uma denuncia contra ela... – Sentou, cobrindo o rosto com as mã os, entregando-lhe a intimaçã o. – Miguel, a
Clara casou com o Marcos e a condessa a raptou do fó rum.

-- O quê ?! – Falou perplexo.

-- Eu nã o sei se me preocupo em prender a ruiva indomá vel ou me preocupo com o que ela vai fazer com a
Duomont.

Miguel sentou, os olhos mostravam o terror que passava em seus pensamentos.

Clara esperou impacientemente durante todo o dia. Ao anoitecer, banhou com a á gua que Cloud tinha trazido.

Quando retornou ao cô modo. Observou que um colchã o fora colocado lá , com alguns travesseiros e cobertores.

Um dos lampiõ es tinha sido aceso, deixando a cabana um pouco iluminada.

Retornou para a cadeira.

Decerto já havia escurecido lá fora.

A porta se abriu violentamente e lá estava ela.

A poderosa condessa entrou, trazendo consigo a imponê ncia de sua presença forte.

Ela tinha trocado de roupa. Agora usava roupa de montaria, os cabelos estavam molhados, mas onde ela tinha
passado todo aquele tempo?

A ruiva caminhou até ela, colocando sobre a mesa uma garrafa de cachaça e dois copos.

Sentou-se.

-- Vamos comemorar seu casamentinho! – Sorriu diabó lica. – Essa é das boas, a Larissa me garantiu que nã o tinha
melhor. – Encheu os copos. – Beba! – Tomou tudo de uma vez.

-- Nã o quero essa porcaria que sua amante preparou especialmente para ti. – Empurrou o copo. – Quero ir embora
daqui agora mesmo.

-- Ah, nã o diga que nã o comemorar porque o noivinho nã o está aqui... – Debochou.

Clara sentia o ciú me queimar seu peito.

Desejava contar para a ruiva que tinha recobrado a memó ria, mas a raiva começava in lamar.

-- A é ? – Debochou. – Só vai voltar quando eu quiser. – Encheu o copo mais uma vez, levando aos lá bios.

-- Engraçado que até ontem você me ignorava completamente e agora me traz para o meio do mato e me prende
aqui. – Apoiou-se na muleta, levantando-se. – Deixe-me ir Vitó ria, nã o icarei aqui observando e nem sendo salvo de sua raiva.

-- Raiva? Alvo da minha raiva? – Bateu forte na madeira. – Logo eu que fui um cordeirinho durante todo o tempo de
sua amné sia, eu que iz tudo para nã o te assustar, que agi como uma verdadeira santa...

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Vitó ria, eu...

-- Beba! – Ordenou, interrompendo-a.

A Duomont respirou fundo, se apoiou na mesa, pegou a garrafa, levando a boca, tomando grandes quantidades de
uma vez só .

Ao terminar jogou o vasilhame contra a madeira.

-- Está satisfeita? – Gritou. – Agora me deixe em paz.

Mattarazi se levantou, deu a volta à mesa, caminhando até ela, segurou-lhe o pulso.

Observou o anel repousar ali, como se fosse uma faca em seu peito.

Bruscamente o tirou dela, jogando-o fora.

-- Desdenhou do meu amor durante todo esse tempo para casar com aquele engomadinho à s minhas costas. – Tentava
conter a fú ria. – Mas agora eu vou me vingar de ti. – Pressionou-a ainda mais contra a mesa. – Eu iquei quieta durante todo
esse tempo, me mantive distante... Fugindo. – Rasgou-lhe a camiseta, deixando os seios redondos livres. – Acha que vai se
entregar à quele miserá vel. – Apertou os montes fortemente. – Eu sou a sua dona...

Clara gemeu, tentando afastá -la em vã o.

Fitou-a.

Agora entendia porque as pessoas temiam tanto à quela mulher.

O rosto estava transformado, nã o havia resquı́cios de qualquer tipo de sentimentos em sua expressã o.

Apoiou as mã os na madeira, temendo cair.

-- Eu tenho vontade de te matar, mas a vontade de te comer é ainda maior... – Abocanhou o seio esquerdo.

A Duomont mordeu os lá bios para nã o gemer, sentindo o corpo em brasas.

Odiou-se por isso. Odiou-se por nã o ter forças para resistir a ela.

Vitó ria a sentou sobre a mesa.

A boca da ruiva lambia gostosamente, mamando, deliciando-se com os mamilos, mordiscava... Apertava-os.

-- Eu sei que você quer... – Encarava-a. – O seu cheiro diz isso... – Abriu-lhe o short, colocando mã o dentro. – Veja... –
Dizia com a respiraçã o ofegante. – Você me pertence...

Clara tentou se livrar do toque, mas a ruiva foi muito mais persuasiva.

-- Tomarei o que é meu... – Sussurrou em seu ouvido. – Se lutar, eu vou amar, tomá -la à força... Entã o você escolhe
como vai ser...

-- Vitó ria, por favor, deixa eu te dizer que...

-- Calada! – Gritou. – Estou cansada das suas palavras, você fere, tem essa carinha de anjo, mas é cruel...

A neta de Frederico pareceu aceitar a derrota, suspendendo os quadris para que ela lhe tirasse o resto da roupa,
abrindo-se para ela. Dando-lhe o que mesmo quando estava desmemoriada sabia que lhe pertencia.

Sim, deveria se revoltar contra a forma que a condessa agira consigo, sabia que deveria empurrá -la e nã o permitir
que ela a tomasse daquele jeito, poré m como ganharia aquela batalha?

A empresá ria passou os dedos por todo sexo ú mido, lambuzando-lhe os dedos, depois levou a pró pria boca,
chupando o lı́quido abundante.

Clara mordeu o lá bio inferior, estreitando os olhos diante das açõ es de sua amada que parecia degustar um
sorvete... Lambendo toda a cobertura presente em sua mã o.

Sentiu-a invadir forte e gritou diante do impulso poderoso.

Vitó ria segurou-lhe irme os cabelos, em seguida tomou os lá bios em um beijo impulsivo.

A veteriná ria sentia as investidas bruscas, enquanto sentia a boca sendo esmagada, machucada sensualmente...

-- Já que é uma mulher casada, nã o posso fazê -la minha esposa... – Ouviu-a gemer, quando meteu mais forte. –
Entã o vai ser a minha puta... Minha puta... – Gritou.

A jovem tentou empurrá -la, mas a condessa lhe segurou os braços sobre a mesa.

-- Tá bravinha, Branca de Neve. – Mordiscou-lhe o pescoço. – Assim vai me deixar ainda mais excitada.

Levantou-lhe uma das pernas, apoiando-a sobre o tampo, deixando-a totalmente aberta para si.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Clara viu-a agachar, se posicionando entre seu corpo vibrante, sua sexualidade gritando pela respiraçã o que se
encontrava tã o pró xima.

-- Veja como estou molhada... Veja como treme por mim... – Depositou um beijo rá pido.

Explorou a virilha, cravando os dentes na lateral de sua coxa, torturando a jovem que parecia ter perdido total
consciê ncia do que se passava naquele momento.

-- Quero sentir sua boca... – Pediu. – Chupa... Preciso senti-la... Eu preciso...

A gargalhada arrogante encheu o pequeno espaço, mas o pedido estava prestes a ser atendido.

A pontinha da lı́ngua tocou o clitó ris... Brincando... Sentindo-o enrijecido... Beijou-o...

A Duomont mexeu o quadril querendo mais, implorando por mais...

Vitó ria entendeu o recado... Agora, sugava o mel que escorria deliciosamente... Chupou-a... Obedecendo ao vai e
vem imposto por ela... Penetrou-a com a lı́ngua... Invadindo o espaço... Explorando... Inalando o aroma de desejo...

Afastou os grandes lá bios para ter maior acesso, degustando... Sentindo o sabor de tamanha iguaria, sentindo a
fome icar ainda maior...

-- Ain... – Branca de neve fechou os olhos se deliciando com o toque ousado. – Condessa... – Dizia rouca.

Seu sexo vibrava... Parecia nã o poder resistir por tanto tempo a tanto prazer...

Mattarazi continuou a sugar enquanto a penetrava mais uma vez... Meteu um dedo... Depois outro... Colocando mais
um...

-- Deseja rasgar-me...-- Clara gemeu alto, mas de repente o ato foi interrompido.

A condessa se afastou, despindo-se rapidamente, icando totalmente nua.

A bela morena sentiu uma vontade louca de tomar aquela mulher para si... Tentou descer, mas foi impedida.

A ruiva caminhou elegantemente até ela, ainda com as botas de cano alto. Pô s-se em meio as suas pernas.

A neta de Frederico tocou os seios rosados, sentindo a maciez em suas mã os, enquanto os sexos se uniam...

Encararam-se...

-- Você quer... – Rebolou, esfregando-se a ela. – Você é minha, princesinha de contos de fadas... – E se eu quiser
rasgá -la o farei...

A Duomont circundou o mamilo com a lı́ngua, enquanto mexia gostoso o quadril, nã o afastando o olhar do seu
rosto.

Mamou gostoso, enquanto sentia-se a pele toda lambuzada pela excitaçã o da poderosa ruiva...

As fricçõ es aumentavam cada vez mais...

-- Sente como estamos encaixadas... Veja como nos completamos... – Acelerava mais os movimentos... – Você foi
feita pra mim... – Dizia com a respiraçã o acelerada a ruiva. – Você vai ser minha por todos os dias da minha vida... Quantas
vezes eu desejar... Nã o vai se negar a mim ou a tomarei... Vai dar pra mim sempre que eu quiser...

A morena a itou.

-- Eu te amo, condessa... – Falava por entre os dentes. – Sou sua e seria por todos os dias das nossas vidas, mas para
ter-me a hora que quiser vai ter que fazer por onde, vai ter que merecer...

Entã o a dor e a angustia de todos aqueles dias explodiram em um delicioso orgasmo, unindo-as em um abraço
forte...

Clara arranhou-lhe as costas, trê mula nos braços da amada que ainda continuava a rebolar, até seu grito de
satisfaçã o invadir a noite escura.

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Capitulo 32 por gehpadilha


Clara jazia com a cabeça apoiada no ombro da condessa, enquanto sua respiraçã o voltava ao normal. Por um
momento chegou a pensar que necessitaria de sua iel bombinha, poré m conseguira se controlar e o oxigê nio chegou aos
seus pulmõ es.

Ouviu os sussurros da amada, sentindo o prazer de senti-la ali, agarrada em si, a respiraçã o voltando ao normal.

-- Por que casou com ele? Por que fez isso? Você o ama? – Encarou-a.

A Duomont acariciou o rosto bonito que agora nã o trazia mais aquele ar implacá vel.

-- Eu o iz por que... – Mordeu o lá bio inferior. – Fiz porque temi por sua vida... Temi que uma desgraça
ocorresse...

Vitó ria afastou-se.

-- Do que falas?

-- Marcos já sabe do que houve entre nó s e ameaçou... – Cobriu-se com o resto da blusa. – Ameaçou te matar...

--Quê ? – Passou a mã o pelos cabelos despenteados. – Como o desgraçado pode te ameaçar assim? E por que teve
que aceitar isso? Eu sei muito bem me defender... Eu que vou matá -lo. – Afastou-se.

-- Fiquei assustada... – Observou-a.

Sabia que a ruiva continuava fora de si e entendia o desespero demonstrado por seus gestos.

Lentamente desceu da mesa, sentiu as pernas sustentar seu peso. Caminhou lentamente até onde a ruiva se
encontrava.

-- Vitó ria... – Chamou baixinho. – Nã o estou mais com amné sia...

-- Como assim?! – Perguntou perplexa. – Quando sua memó ria retornou?

-- No fó rum... No momento que você estava lá e esbravejou... Foi como um raio clareando todos os recantos do
meu cé rebro.

A condessa a segurou pelos ombros fortemente.

-- Antes de assinar aquele maldito papel? Fala! – Gritou. – Antes ou depois de aceitar ser a esposa daquele
miserá vel? Apunhalou-me, mesmo recordando tudo que nó s tı́nhamos vividos... Até onde vai sua crueldade?

Clara se desvencilhou do toque grosseiro.

-- Nã o ouse me tratar assim, nã o aja como se eu tivesse feito por vontade e te responderei... – Apontou-lhe o
indicador. – Quando assinei o papel eu ainda nã o me lembrava de nada, poré m nã o sei se teria feito diferença, a inal eu nã o
desejava que nada de ruim te acontecesse.

A ruiva a itou durante alguns segundos, parecia estar ponderando sobre o que ouvia.

Batidas na porta interromperam a discussã o que já se iniciava.

Vitó ria caminhou pacientemente até uma pequena valise, retirando dois roupõ es de seda negra, entregou um a
mulher e o outro vestiu.

Percebendo que a Duomont já estava apresentá vel, abriu a porta.

-- O que houve, Cloud? – Perguntou aborrecida. – Por que está aqui? Disse para ningué m me perturbar. –
Repreendeu-o.

-- Perdoe-me, mas... O senhor Miguel chamou no rá dio, está preocupado, pois... Pois há uma denuncia contra a
senhora, na verdade a senhora está sendo considerada fugitiva.

-- Qual crime cometi? – Arqueou a sobrancelha em sarcasmo.

-- Sequestro da esposa do senhor Ferraz. – Respondeu com relutâ ncia.

A ruiva caminhou até ele, convidando-o a se retirar.

-- Já pode sair!

O homem assentiu, deixando-as sozinhas.

-- Temos que retornar, Vitó ria. – A morena começava preocupada. – Nã o quero que tenha problemas com a lei.

-- Nã o irei permitir que passe um segundo sequer ao lado daquele miserá vel, eu sim o matarei se ele por as mã os
em você .

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Ele nã o colocará , ningué m nunca o fará porque te pertenço de corpo e alma... – Segurou-lhe o braço. – Vamos
voltar, eu esclarecerei as coisas e direi que nã o foi um sequestro, direi que vim de livre e espontâ nea vontade.

A condessa estreitou os olhos, analisando-a.

Mattarazi ainda estava ferida, ainda se sentia traı́da pelas açõ es da jovem, poré m nã o conseguia evitar a vontade
de tê -la mais uma vez em seus braços.

Afastou o tecido, deixando os seios à mostra. Incitou o mamilo com as unhas, vendo-a fechar os olhos.

Clara percebeu a peça de roupa indo ao chã o, mas permaneceu onde estava, esperando.

Vitó ria caminhou até a cadeira, retirou o roupã o, sentou-se de pernas abertas.

A morena sentiu o estremecimento percorrer a espinha.

Mesmo trê mula, conseguiu caminhar até onde a ruiva estava. Observou-a atenciosamente, os seios redondos e
fartos, as pernas torneadas...

-- Sente-se... – A condessa itou-a. – Venha...

A neta de Frederico fez o que ela tinha dito, montando-a, de frente para ela.

-- O que deseja? – Perguntou rouca. – Deseja conversar sobre o quê ? – Fitou os olhos intensamente verdes. – Diga
o que quer?

A condessa tomou os seios em suas mã os, deliciando-se com a maciez, com os mamilos que se apresentavam
intumescidos.

Observou-a inclinar a cabeça para trá s, deixando o colo ainda mais acessı́vel ao seu toque.

-- Nã o quero conversar, ainda estou furiosa contigo... – Baixou a mã o tocando-lhe o sexo. – Te machuquei? –
Acariciou-lhe externamente, sentindo os pelos ralos. – Eu enlouqueço, perco o controle das minhas açõ es...

Clara a fez tocar mais intimamente em si. Seu corpo já respondia à s carı́cias... Já vibrava... Sentiu-a lhe preencher,
movimentou o quadril para encaixar melhor...

Ao abrir os olhos, encontrou as lindas esmeraldas itando-a. Sustentou-os, enquanto era invadida...

Aquele ar de arrogâ ncia presente naquele rosto era capaz de levar qualquer um ao maior de todos os patamares.
Mirou os lá bios e sentiu um frenesi invadir todo o seu corpo ao imaginar as delı́cias que aquela boca era capaz de fazer.

A condessa a segurou pelas costas, trazendo-a mais para perto...

-- Sabe quanto eu quis isso durante todo esse tempo... – Tocou o mamilo com a ponta da lı́ngua. – Tem ideia de
como me deve uma compensaçã o... – Prendeu-os em seus dentes.

A Duomont cravou as unhas em seus ombros.

Mordeu o lá bio inferior com tanta força que sentiu o sabor do sangue.

Deteve-lhe o movimento!

-- Está querendo me machucar? – Disse com a respiraçã o acelerada. – Eu també m sei ferir, Condessa. – Levantou-
se.

Vitó ria a viu agachar diante de si, observou-a afastar suas coxas e continuou imó vel para o que viria. Tê -la
ajoelhada diante de si estava sendo mais excitante do que qualquer outra coisa.

Clara colou os lá bios na lateral da junçã o do sexo. Fez demoradamente, como se houvesse todo o tempo do
mundo para isso, seguiu até a virilha... O contanto da lı́ngua arrancou um rugido da ruiva...

A neta de Frederico a itou com um sorriso enorme.

-- Começo a pagar agora a minha enorme dı́vida... E continuarei a lhe compensar, com a condiçã o de que seja só
minha por todo o sempre... – Depositou um beijo na intimidade vibrante.

A bela Mattarazi inclinou a cabeça para trá s... Abriu-se mais e delirou ao sentir o beijo ousado... Molhado... A
lı́ngua penetrando-a de forma impetuosa... Açoitando-a como a um escravo...

-- Ah, Branca de Neve... Como posso ser de outra... – Gemeu alto... – Como posso me entregar a outros se só você
me faz enlouquecer...

Clara ouviu o grunhido animal que escapou da amada e continuou possuindo-a, sentindo o sabor de todos
aqueles dias de abstençã o, lambuzando a face diante de tanto mel...

Sentia-a rebolar em sua boca...

Fundiu seu tanto ... O fez um... Depois a ouviu pedir mais... Fazendo-o mais fundo, mais rá pido...

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Ah... ain... ain...

A respiraçã o da ruiva estava cada vez mais acelerada...

Levantou-se, quase derrubando a jovem.

Segurou-a pelo pulso, levando-a até a mesa. Posicionou-a com as mã os apoiadas no tampo, enquanto a sentia se
aproximar, colando-se a ela...

A Duomont sentiu-a puxar seus cabelos, forte, deixando o pescoço acessı́vel aos seus lá bios.

-- Nunca será tocada por outro... – Desceu a mã o até seu sexo. – Vai ser minha por toda a eternidade... Minha...

Vitó ria esfregava seu sexo ensopado no bumbum redondo na mesma intensidade que a penetrava... Clara seguiu
seu ritmo, até ultrapassando-o... Levando-a consigo para um mundo de prazer total...

Clarice estava possessa na delegacia.

-- Exijo que chame a força nacional para deter a psicopata da condessa. – Apontava o dedo para a delegada. –
Minha pobre Clara deve estar sofrendo tanto nas mã os daquela louca.

Valentina nã o sabia se explodia com a nora de Frederico ou ria na cara dela.

Cruzou as pernas, apontando uma cadeira para que a odiosa mulher se acomodasse.

-- Entenda que estou fazendo tudo que está ao meu alcance para encontra sua ilha, mas o que posso dizer de
inı́cio é que elas nã o estã o na cidade.

-- E você vai deixar assim?—Espalmou as mã os sobre a escrivaninha. – Nã o sabe que essa maldita Mattarazi é
uma louca, uma despudorada... Só Deus sabe o que ela pode fazer contra a minha menina.

A esposa de Miguel precisou morder a lı́ngua para nã o responder o que a condessa poderia fazer com a jovem
ingê nua... Lembrou-se do dia que as lagrara no rio e percebeu que a princesinha dos Duomont nã o era tã o inocente assim.

-- Iremos encontrá -la o mais rá pido possı́vel...

-- Ah, quero fazer uma denuncia a mais... Ela me agrediu no fó rum.

-- Te agrediu? – Arqueou a sobrancelha. – Isso nã o foi dito, apenas a questã o do sequestro e agressã o ao noivo.

-- Eu me esqueci. -- Levantou-se. – Ela me agrediu, irei abrir um processo contra ela. – Falava indignada. – Quero
que ela apodreça na prisã o por tudo que fez.

Valentina maneou a cabeça a irmativamente. Esperava que a Vitó ria aparecesse o mais rá pido possı́vel para
resolver essa situaçã o, sabia que Miguel já estava mexendo seus pauzinhos para que a sobrinha nã o precisasse icar presa,
poré m ela já estava sendo considerada foragida.

Clara despertou.

Inicialmente, estranhou o lugar onde se encontrava, até seus olhos se acostumarem com a penumbra que invadia
o ambiente.

Estava sozinha no colchã o.

Tivera uma noite maravilhosa com a ruiva, dormira exausta de tanto fazer amor. Chegara um momento que
pensou que nã o aguentaria tanto prazer, mas a cada toque seu corpo reagia mais impetuosamente.

Sorriu!

Vitó ria era uma mulher muito passional, sem falar em como descontara sua raiva de forma tã o deliciosa.

A porta se abriu.

Imediatamente, cobriu-se, mas era a bela ruiva que aparecia.

Ela estava banhada, vestia calça preta de montaria, camiseta preta, botas e os cabelos estavam ú midos.

-- Que bom que despertou, Branca de Neve. – Encostou-se à mesa, cruzando os braços na altura dos seios. – Está
confortá vel aqui? – Exibiu um sorriso debochado. – Nã o sente falta do seu castelo?

Clara percebeu a provocaçã o naquela face, sabia que ela ainda estava irritada.

-- Nã o tenho castelos, senhora condessa. – Respondeu altiva. – Nem mesmo tenho onde morar, poré m tenho
minhas mã os para poder trabalhar e conseguir me sustentar.

-- E seu maridinho?

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Olha, Vitó ria, eu já expliquei o que aconteceu, já disse o que se passou, mas você continua a remoer sua raiva,
pense o que quiser, eu nã o me descabelarei para tentar por algo dentro dessa sua cabeça dura.

A Duomont observou os olhos verdes se estreitar ameaçadoramente.

A ruiva caminhou até uma bolsa que nã o estava ali na noite passada. Retirou uma muda de roupa, jogando sobre
o leito improvisado.

-- Se vista! Vou te levar para longe, te deixarei na capital, enquanto sigo para resolver meus problemas com a
delegada.

-- Nã o, Vitó ria. – Levantou-se, lentamente, foi até onde ela estava sem se vestir. – Precisa me levar, eu deporei ao
seu favor, explicarei que nã o fui levada contra a minha vontade.

Mattarazi a mirou de baixo para cima, fazendo a jovem corar diante do despudor que demonstrava em seu olhar
atrevido.

-- Nã o permitirei que se aproxime daquele miserá vel. – Pegou as roupas, entregando em suas mã os. – Nã o
provoque a minha paciê ncia.

-- Meu Deus, condessa, como pode ser tã o irritante e arrogante desse jeito? O que devo fazer para mostrar que
nã o tenho nenhum interesse nesse casamento, que o iz porque temi por sua vida.

A ruiva lhe segurou pelo braço.

-- Mesmo sendo assim, você se casou com aquele desgraçado e isso ainda nã o foi digerido por mim.

-- E o amor que demonstrei sentir nã o te importa? Vamos começar com isso novamente? Vai deixar o seu maldito
orgulho e arrogâ ncia destruir o que temos?

Vitó ria itou os olhos negros.

Lembrou-se dos dias de agonia, dos momentos que sofrera por sua amada nã o se recordar do grande amor que a
unia... Da dor de ver o desprezo naquele olhar que agora demonstrava o sentimento tã o intenso que unia ambas.

Recordou-se da noite passada, quando nã o só os corpos se fundiram, mas as pró prias almas seguiram o mesmo
ritmo...

Abraçou-a forte.

-- Perdoe-me, princesa. – Sussurrou. – Estou cega de ciú mes, estou cega de raiva daquele desgraçado do Marcos...

-- Nã o ique... – Tocou-lhe a face. – O meu amor por ti é maior do que tudo... – Tocou-lhe os lá bios. – Mesmo
quando eu estava desmemoriada ainda te amava, mesmo nã o aceitando esse sentimento, mesmo me negando a ceder, eu me
apaixonei novamente por ti...

Clara viu uma lá grima solitá ria se soltar da fortaleza da sua orgulhosa mulher.

-- Eu te amo, minha doce Branca de Neve, amo-te com tudo que sou, mesmo tendo tantos defeitos... Amo-te com
meu corpo... Com minha alma... Sou sua... Te quero ao meu lado por todos os dias da minha vida...

O beijo que a uniu dessa vez fora paciente, fora acolhedor... Apaixonado... Compreensivo em sua extensã o
enamorada...

Miguel chegou à delegacia e minutos depois o carro estacionou e lá estava a sua sobrinha.

Eram quase trê s da tarde.

Ficou surpreso ao ver Clara ao lado dela.

Bem, esse sequestro fora uma verdadeira fuga de amor, isso sim.

-- Bem, já tem o Habeas corpus? – A ruiva parecia debochada. – Espero nã o ter que icar presa.

-- Você sabe que nã o deveria ter feito isso. – O advogado a repreendeu.

A Duomont se aproximou.

-- Olá ! – A jovem sorriu simpá tica.

-- Ah, quero que entre com os recursos necessá rios para anular esse casamento. – Segurou a mã o da veteriná ria.

-- Bem, o matrimô nio nã o foi consumado...

-- Sim, e como foi... – Sorriu sarcá stica. – Mas nã o com ele.

Nã o conseguia saber quem icara mais corado diante da declaraçã o ousada da empresá ria.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Miguel pigarreou, enquanto Clara se desvencilhou do toque seguindo para o interior do pré dio.

Valentina observava alguns papé is quando foi informada da presença da Mattarazi.

Observou a tranquilidade no rosto de Vitó ria e icou a pensar se aquela mulher nã o tinha medo de nada. Sempre
com aquele ar sarcá stico, aquele jeito orgulhoso... Seria um prazer prendê -la, poré m seu marido já tinha mexido os pauzinhos
para evitar isso.

-- Nã o será dessa vez que realizará seu sonho, delegada. – A ruiva sentou, cruzando as longas pernas.

-- Nã o ouse vim com seus deboches ou a tranca io e a deixo apodrecer na cela mais suja que tiver.

-- Sob qual acusaçã o? – Desa iou-a.

Miguel puxou a cadeira para que Clara se acomodasse e fez o mesmo.

-- Nã o acho que esse seja momento para rixas pessoais, estamos aqui para esclarecer o que realmente se passou.
– O advogado tentou amenizar o clima. – A senhorita Duomont esclarecerá tudo.

Valentina itou a jovem.

-- Saia, Vitó ria, desejo falar inicialmente com a Maria Clara.

A condessa assentiu.

-- Nã o vai chamar o escrivã o para anotar o depoimento? – O advogado se adiantou.

-- Você també m é o representante legal dela? – A delegada o fuzilou com o olhar.

-- Nã o tenha dú vidas sobre isso.

Valentina discou e rapidamente um homem magro, alto e usando ó culos apareceu.

A condessa folheava uma revista, quando ouviu a voz esganiçada da sogra.

-- Como pode estar aqui? Deveria estar tranca iada. – Falava agressiva. – Isso é um absurdo, acha que pode agir
como bem quer só porque tem dinheiro?

Vitó ria nem mesmo se deu o trabalho de itá -la, continuou sua leitura.

Nã o desejava arrumar problemas com aquela mulher, pois apesar de nã o suportá -la, nã o poderia esquecer que se
tratava da mã e de sua amada.

-- Onde está minha ilha? O que fez com ela?

Valentina estava terminando de tomar o depoimento de Clara quando ouviu os gritos fora da sala.

Rapidamente, todos seguiram até lá e viram Clarice esbravejando, enquanto a ruiva permanecia impassı́vel.

-- Mamã e, chega disso. – A Duomont foi até a mulher. – Eu estou bem, nã o aconteceu nada comigo.

A nora de Frederico a abraçou.

-- Vamos agora mesmo até o seu marido, ele está desesperado.

A jovem se desvencilhou do carinho.

-- Nã o irei e també m nã o considero Marcos como marido. – Observou o olhar surpreso da mulher. – Hoje mesmo
entrarei com um pedido de anulaçã o, nã o desejo ter nenhum vı́nculo com ele.

-- Você enlouqueceu? – Gritou histé rica. – Só pode ter perdido o juı́zo, eu nã o permitirei que anule o seu
casamento.

A ruiva se levantou.

-- Já pode tomar meu depoimento? – Falou ignorando a discussã o. – Clara, vá para a fazenda, o Cloud irá contigo.

-- Ela nã o irá a lugar nenhum, sua maldita bastarda. – Puxou-lhe o braço violentamente. – E você , delegada
incompetente, nã o terá coragem de prender a sobrinha do seu marido?

Vitó ria empurrou tã o violentamente a esposa de Felipe que se Miguel nã o tivesse se antecipado, Clarice teria ido ao
chã o.

-- De que a senhora está falando? – Indagou com o maxilar trincado.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

A veteriná ria itou a mã e com um olhar de advertê ncia.

-- Vamos, condessa, tomarei seu depoimento agora... – A delegada se antecipou.

-- Nã o! Só sairei daqui quando essa mulher explicar o que quis dizer. – Caminhou até onde ela estava. – Explique-se.

Clarice se soltou dos braços do advogado, sorriu diabolicamente, encarando sua inimiga.

-- A verdade é que a prostituta da sua mã e era irmanzinha do seu querido advogado, imagino que ele nunca contou
isso para ningué m porque deve se envergonhar de ter uma bastarda como membro de sua ilustre famı́lia, fruto de um
estupro...

-- Chega, mamã e! – Clara gritou, interrompendo-a.

A bela Mattarazi itou a todos, antes de sair da delegacia sem falar uma ú nica palavra.

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Capitulo 33 por gehpadilha


Miguel seguiu apressadamente atrá s de Vitó ria, mas ela correu até o automó vel, saindo em alta velocidade em seu
carro.

O advogado retornou frustrado para onde estavam todos.

-- Nã o a alcancei. – Disse tristemente, passando as mã os nos cabelos. – Ela nã o parou quando a pedi para parar.

Clarice sentou despreocupadamente, como se nã o tivesse feito nada.

-- Por que fez isso, mamã e? Por que disse aquelas coisas para ela? – Clara indagou mostrando total decepçã o.

-- Só disse a verdade, a inal, a bastarda precisava saber que era sobrinha desse aı́.

Valentina caminhou ameaçadoramente até ela.

-- Como icou sabendo disso? Quem te contou?

A nora de Frederico folheou despreocupadamente a revista.

-- Ouvi a Clarinha falando com o pai, simples. – Sorriu para a delegada.

Clarice se levantou.

-- Agora vamos embora, Clara, o Marcos está louco atrá s de ti. – Segurou-lhe o braço.

A jovem se desvencilhou furiosamente do toque.

-- Eu nã o irei a lugar nenhum, ainda mais atrá s do Marcos, entenda uma coisa de uma vez por todas. – Encarou-a. –
Esse casamento será anulado, só assinei aquele maldito papel porque temi pela vida da Vitó ria, mas agora nada me fará levar
à frente essa palhaçada.

-- Está louca? – A mulher parecia escandalizada com as palavras da ilha. – Ele é o seu marido, foi prometida a ele
desde que era uma menina.

-- E acredite, eu nunca quis machucar ningué m, mas nã o podemos mandar em nossos coraçõ es. – Passou a mã o
pelos cabelos. – Eu estou apaixonada pela condessa, sim, pela bastarda como tu a chamas, eu a quero em minha vida e farei
tudo para icar ao lado dela.

-- Só pode ter perdido o juı́zo...

A Duomont nã o se preocupou com o surto demonstrado pela mã e.

-- Dê -me as chaves do seu carro, Miguel, irei atrá s da Vitó ria, tentarei falar com ela.

O advogado pareceu relutante, mas sabia que se algué m podia falar com a ruiva naquele momento, essa seria a sua
amada.

-- Por favor, tente acalmá -la e me avise assim que a encontrá -la.

Clara assentiu, saindo em seguida.

-- Ela está louca! – Clarice comentou ao vê -la se afastar. – Tudo culpa dessa miserá vel, vou matá -la.

Valentina a segurou pelo pulso.

-- Saia daqui antes que eu a prenda porque já estou cansada dos seus ataques.

A esposa de Felipe arregalou os olhos, mas ao ver a determinaçã o no olhar da delegada, afastou-se imediatamente.

-- Como a Clara pode ser ilha dessa mulher?! – A delgada se aproximou do marido. – Tudo vai se resolver, pode ter
certeza disso.

-- Eu deveria ter falado a verdade para ela, esse tempo todo e eu nunca tive coragem de falar.

-- Você temeu que ela nã o aceitasse bem, teve medo da reaçã o dela.

-- E agora? – Encarou-a.

-- Agora temos que ter paciê ncia e rezar para que a Duomont consiga acalmar a fera e quando isso acontecer você
falará com ela e contará toda a verdade. – Abraçou-o. – Mas toda a verdade e nã o essas barbaridades que essa louca acabou
de dizer.

A condessa dirigiu, dando voltas por toda a cidade. Decidiu seguir até a fazenda, seguindo para o está bulo, nem
mesmo selou Bastardo, montando em pelo.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Batista foi a sua direçã o, mas ela passou por ele feito um raio.

A ruiva sentia os cabelos sendo despenteado pelo vento. Nã o demoraria ao sol se por, mas a ú nica coisa que
desejava era icar sozinha, longe de todas aquelas pessoas que ingiam demonstrar qualquer tipo de sentimento por si.

Esporeou mais o garanhã o, sentindo-o dar o má ximo naquela cavalgada sem destino.

Nunca em sua vida se preocupara em saber quem a trouxera à quele inferno. Nem mesmo tinha uma imagem dela,
nem mesmo seu nome sabia.

Passara toda vida odiando-a secretamente, odiando-a por tê -la trazido ao mundo, odiando-a por tê -la deixado
sozinha, odiando-a por ter partido sem se importar em deixá -la com uma famı́lia que nunca a amara.

Quem fora essa mulher que fora envolvida pelas teias de Vitó rio Mattarazi?

Em toda sua vida, sua madrasta se referia a ela como sendo a empregadinha, a prostituta... Dentre tantos outros
predicativos pejorativos.

Estava tã o distraı́da em seus pensamentos que nem percebeu que Bastardo a tinha levado até o rio.

Permaneceu sobre o animal durante algum tempo, até que desmontou.

Observou o enorme rio.

Aquele fora um dos seus refú gios durante toda a vida...

Sentou sobre uma enorme pedra, observando a á gua agitada, assim como ela estava naquele momento.

Teria realmente sido fruto de uma relaçã o de estupro?

Sabia que o conde era um devasso, um canalha que nã o poderia ver uma bela mulher que corria para a sua cama.
Quantas vezes ouvira as discussõ es da orgulhosa Kassandra? Quantas vezes a viu gritar com Vitó rio, ameaçando-o deixá -lo
ou pior, ameaçando-o acabar com sua vida?

-- Maldiçã o!

Por que as coisas nã o podiam ser diferentes para si?

De tudo que se passou, só algo fora verdadeiramente maravilhoso e verdadeiramente valera a pena.

Maria Clara Duomont!

Temia destruir a vida da sua linda princesa, temia que seu gê nio lhe afastasse... Temia feri-la... Destruı́-la com a
escuridã o que habitava em sua alma.

Clara seguiu até a fazenda e descobriu que a condessa tinha saı́do com o Bastardo.

Nã o podia seguir de carro, pois o automó vel nã o teria acesso a todos os lugares.

Sabia que ainda nã o estava bem completamente, mas precisava de um cavalo e era isso que faria.

Seguiu até o está bulo, nã o havia ningué m lá , só sua linda Branca de Neve.

Observou que o animal pareceu feliz em vê -la, mas será que nã o seria jogada ao chã o se a montasse?

Bem, iria arriscar.

Selou rapidamente a é gua.

-- Por favor, princesa, nã o me jogue, pois nã o sei se minhas pernas aguentariam mais uma queda...

Alex seguiu até a delegacia.

Valentina pareceu surpresa com a presença do jornalista, mas o recebeu.

-- Preciso lhe entregar algo. – Depositou uma pasta sobre a mesa.

-- Do que se trata? – Indagou curiosa, pegando o envelope.

-- Queria falar com a Vitó ria, mas nã o tenho tempo para isso, entã o lhe entrego as provas que necessita para
prender Otá vio e Marcelo. Faça-o antes que eles tentem algo contra a condessa.

-- Do que está falando? – Abriu o envelope.

-- Nã o posso dizer muita coisa. – Levantou-se. – Aı́ tem gravaçõ es e documentos, tudo que precisa.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Por que está fazendo isso?

-- Por quê ? – Virou-se para ela. – Porque eu passei a minha vida apaixonado pela poderosa ruiva. – Sorriu. – Passei
a vida admirando a forma maravilhosa dela agir e nã o aceitarei que uma covardia a mate.

-- Você era amigo do covarde... – Constatou.

-- Nã o, eu tinha negó cio com ele e agora nã o me interessa mais.

A delegada observou o homem se afastar, abrindo rapidamente a encomenda deixada por ele.

Clara já estava desistindo da sua busca quando se lembrou do rio e seguiu até lá , encontrando sua amada.

Desmontou, seguindo até onde estava a amada.

Vitó ria ao vê -la aceitou o abraço.

Apertou-a junto ao seu peito sem nada a dizer, apenas sentindo o conforto de tê -la ali.

Mesmo que vivesse mil anos era aquela mulher que desejava que estivesse ao seu lado, era aquele olhar doce e ao
mesmo tempo forte que a sustentara por tanto tempo.

-- Ah, minha condessa... – Sussurrou em seu ouvido. – Que bom que te encontrei.

A ruiva a itou, segurando a face bonita em suas mã os.

-- Você sempre vai me encontrar, nã o é , minha Branca de Neve, mesmo quando estou tã o perdida...

Clara circundou-lhe a cintura.

-- E porque eu te amo tanto que te sinto.

Vitó ria lhe acariciou os cabelos.

-- Já está anoitecendo, nã o quero que corra o risco de uma cobra te atacar.

-- Ela nã o se atreveria, todos temem a poderosa Mattarazi.

-- Você també m? – Arqueou a sobrancelha em zombaria.

-- Com certeza... – Esboçou um enorme sorriso. – Vamos para casa?

A empresá ria se afastou, mordendo o lá bio inferior.

-- Nã o quero!

A Duomont deu a volta, icando mais a sua frente.

-- Meu amor, dê uma chance para o Miguel, deixe que ele explique tudo, nã o cometa o erro de acreditar nas
palavras amargas da minha mã e.

-- Você já sabia?! – Voltou a sentar na pedra. – Por que nã o me disse?

-- Porque esse segredo nã o me pertencia, porque eu nã o poderia simplesmente te contar algo que fazia parte da
histó ria de outra pessoa.

Vitó ria pegou um pedaço de cascalho jogando forte dentro da á gua.

-- E por que ele nã o me disse? Nos conhecemos há muito tempo, ele viu o que eu passei, viu como fui massacrada
pro todos...

Clara tomou-lhe as mã os mais uma vez.

-- Sim, ele viu e sempre esteve ao seu lado, mesmo quando reprovava suas açõ es, nunca te abandonou, nunca te
deixou sozinha, mesmo quando sua arrogâ ncia era maior do que tudo, mesmo quando seus atos iam contra a tudo que ele
acreditava. – Disse irme.

A ruiva baixou a cabeça, parecia ponderar o que lhe fora dito naquele momento.

Sim, ela estava certa.

O amor do Miguel sempre fora incondicional e nesses anos todos ele nunca se mostrara interessado em seu
dinheiro, chegara mesmo a se negar a receber um salá rio e só aceitou quando ela ameaçou demiti-lo.

Quando Vitor morreu fora em seus braços que achara apoio, que encontrara um carinho fraternal. Tirando o irmã o,
fora aquele homem que lhe mostrara o que era o amor incondicional.

Levantou-se, estendendo-lhe a mã o.

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-- Vamos? Te dou uma carona no Bastardo. – Disse simplesmente.

Clara deu um assovio e a bela é gua apareceu.

-- Bem, condessa, acho que nã o será necessá rio.

-- Sua perna?

-- Bem, essa já está mais do que perfeita, ainda mais depois dos exercı́cios de ontem... – Piscou ousada, montando
no animal.

-- Em seu currı́culo tem alguma especi icaçã o em domar feras? – Subiu no garanhã o.

-- Isso eu aprendi sozinha. – Saiu em disparada.

A ruiva sorriu, seguindo-a.

Valentina sabia que precisava redobrar a segurança de Vitó ria.

Sua equipe já estava em busca de Otá vio e Marcelo, mas os dois homens pareciam terem sidos tragados pela terra.

Teve um encontro desagradá vel com Marcos, mas infelizmente nã o havia nada que o ligasse ao plano sujo do pai,
poré m havia algo nele que a inquietava, ainda mais depois de ouvir o depoimento da Maria Clara.

Seguiu com os policiais até a delegacia, enquanto outros icaram fazendo plantã o nas residê ncias dos dois homens.

Discou o nú mero de Felipe, precisava falar com ele, precisava fazer umas perguntas que deixavam o assassinato de
Frederico um pouco solto.

Depois de algumas chamadas, ouviu a voz simpá tica do homem.

-- Preciso vê -lo. – Disse depois de cumprimentá -lo.

-- Bem, delegada, nã o estou na cidade, vim ver um emprego aqui numa cidade vizinha.

Entã o ele nã o deveria saber de nada que aconteceu com a ilha.

-- Quando o senhor retorna?

-- Mas o que houve? – perguntou preocupado. – Aconteceu algo com a Clara?

-- Nã o, nã o, ela está bem, mas preciso do seu depoimento sobre a morte do seu pai.

-- Ok, amanhã mesmo estarei aı́.

Valentina agradeceu, encerrando a chamada.

Pensou em ligar para o Miguel, mas imaginou que naquele momento ele deveria estar na fazenda Mattarazi
tentando conversar com a Vitó ria.

Precisava ir para lá , precisava avisar do risco que ela estava correndo.

Miguel estava na sala.

Julieta já tinha lhe dado um chá para que ele mantivesse a calma, mas ele estava cada vez mais a lito.

Olhou para o reló gio, já era tarde.

Estava decidido a ir atrá s delas quando ambas apareceram.

-- Deixarei que você s conversem.

Vitó ria segurou-lhe a mã o.

-- Nã o! Fique... – Pediu.

A Duomont assentiu, sentando-se ao lado dela.

O advogado també m se acomodou.

-- Quer que eu comece da onde?

-- O começo seria interessante...

Miguel fez um gesto a irmativo com a cabeça.

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-- Sua mã e e eu somos ó rfã s. – Começava pensativo. – Fomos criados em um abrigo. Eu era mais jovem do que ela...

-- Como era... – Relutou. – Como era o nome dela?

-- Aline... – Sorriu. – Ela era linda, parecia um anjo, os seus lá bios e nariz você herdou dela... – Fitou-a. – Ela era uma
sonhadora, queria conhecer o mundo, trabalhar e me levar para morar com ela... Entã o por intermé dio de outras pessoas, ela
soube que uma famı́lia tradicional italiana necessitava de uma babá para cuidar de uma criança, entã o ela foi...

Entregou-lhe algumas cartas, voltando para o lugar.

-- Ela nã o foi estuprada por seu pai como a Clarice disse... Você foi fruto de um grande amor que a sua mã e sentiu
por Vitó rio Mattarazi... – Uma solitá ria lá grima escapou. – Ela se apaixonou pelo jovem garboso, poderoso e bonito... Ela o
amou mais do que tudo e teria dado a vida por ele...

A condessa engoliu em seco.

Abriu um dos tantos envelopes e viu uma foto...

Era uma bela mulher de cabelos negros. Ela sorria e tinha o olhar apaixonado, o conde a abraçava.

-- Eu nã o posso dizer se o seu pai a amou, mas pelas palavras que ela me dizia, posso te garantir que houve muito
mais entre eles do que apenas um caso...

A ruiva levantou-se.

-- E por que nã o me disse quem era? Por que passou todos esses anos calado?

-- Porque eu tive medo do seu desprezo, eu via como você se referia a sua mã e, via a má goa que trazia e temi ser
rejeitado.

-- Quem mais sabia disso? – Indagou com as mã os na cintura.

-- O seu irmã o sabia e em muitos momentos pediu para eu te falar.

-- Por que nã o o fez? – gritou irritada. – Eu pelo menos teria algué m para estar ao meu lado, para saber que fazia
parte da minha histó ria. Você sabe como foi difı́cil para mim todo esse tempo... Nã o vou me fazer de vı́tima, pois esse papel
nã o foi feito para mim, o que digo é que nã o suporto mentira, nã o suporto enganaçõ es e é assim que eu estou me sentindo.

Miguel ainda abriu a boca para retrucar, mas diante da irmeza das palavras que ouviu, apenas fez um gesto
a irmativo com a cabeça.

Vitó ria levantou-se.

Seguiu até a lareira que enfeitava a sala, encostando-se a ela, dando as costas para os presentes.

Clara itou o advogado e percebeu o olhar desolado que ele exibia, depois observou a ruiva.

Conseguia ver que ela tentava controlar a raiva, podia perceber a tensã o em seus mú sculos, em suas mã os que
pareciam querer derrubar a parede.

Seguiu até ela, tocando em seu ombro. Sentiu se retesar.

-- Mesmo nã o dizendo quem era, o Miguel sempre esteve ao seu lado... Nã o leve isso como uma traiçã o, somos seres
humanos e sentimos medo... Nem todo mundo é Vitó ria Mattarazi...

A condessa a itou, mas antes que respondesse algo, Valentina apareceu afoita.

-- Vitó ria, preciso que você siga para um lugar segurou, leve a Clara consigo, vá para Roma, pelo menos até eu
conseguir solucionar os problemas.

-- De que está falando? – A ruiva a encarou. – Nã o me esconderei de nada e nem de ningué m. Explique o que está
acontecendo de uma vez por todas, delegada.

Valentina entregou as provas que Alex lhe deixou, em seguida, pediu que todos sentassem, falando detalhadamente
o que estava se passando.

A condessa nã o parecia surpresa e tampouco alarmada com o que era dito, ao contrá rio de Clara.

-- Eu nã o acredito que o Marcelo seja capaz de tramar algo assim. – A Duomont começava. – Eu o conheço desde
que era uma criança e sempre o achei o homem de cará ter impar.

-- Com certeza... – Mattarazi falou em tom irô nico. – Um cará ter tã o impar que dormia com a Helena, enquanto ela
era casada com meu irmã o, melhor, tã o impar, que estava extorquindo o seu querido vovô .

A jovem Branca de Neve pareceu nã o só surpresa, mas també m magoada com as palavras.

-- Do que está falando? – Levantou-se.

-- Frederico disse isso na carta que deixou para a Vitó ria. – Miguel se adiantou, tentando controlar o clima tenso
que parecia se instalar.

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-- Por que nã o me disse? – Encarou a condessa. – E você estava falando em nã o guardar segredos.

A ruiva itou-a por alguns segundos.

-- Isso nã o vem ao caso agora. – Passou a mã o pelos cabelos. – Mandarei a Clara para Roma, eu icarei aqui, pois
desejo acompanhar esse processo de perto.

O advogado se impacientou.

-- Você nã o entende que corre risco icando aqui? Nã o percebe que é o alvo deles?

-- Ele está certo, Vitó ria. – Valentina intercedeu. – Pelo menos até que os prendam.

-- Eu nã o irei, icarei aqui e continuarei vivendo minha vida.

Todos pareceram frustrados com a atitude da ruiva que subiu as escadas sem falar mais nada.

-- Como pode ser tã o teimosa! – A delegada itou Clara. – Por favor, tente convencê -la. – Virou-se para o marido. –
Vamos embora, tenho muita coisa para fazer.

Miguel abraçou a jovem Duomont.

-- Obrigada!

A jovem sorriu, observando-os partir.

A condessa sentia a á gua lhe massagear os mú sculos.

O dia fora longo e parece que os acontecimentos nã o paravam.

Clara chegou ao quarto, sentando na cama.

Observou que a porta que dava acesso ao banheiro estava aberta e era possı́vel ouvir o barulho da á gua.

Pensou em ir até lá , mas sabia que se o fosse nã o haveria conversa entre elas. Sabia como seu corpo era traiçoeiro
quando se tratava daquela mulher.

Esperou pacientemente, até que a viu adentrar o espaço enrolada em uma toalha.

A ruiva a itou com um sorriso preguiçoso.

-- Por que nã o me fez companhia?

A Duomont se levantou.

-- Eu nã o desejo brigar, entã o deixe seu sarcasmo de lado.

O sorriso da Mattarazi icou maior. Prendeu-a em seus braços.

-- Você é linda... – Tocou-lhe os lá bios, até senti-la corresponder ao beijo.

Clara a abraçou pela cintura, sentindo-a a lı́ngua brincar atrevidamente, explorando cada canto... Chupando forte...

Espalmou as mã os em seus seios, afastando-a.

-- Vamos para Roma, irei contigo, icaremos lá até que tudo seja resolvido.

-- Nã o irei. – Balançou a cabeça. -- Estou começando as obras para a encanaçã o das á guas do rio, logo essas pessoas
terã o o que é necessá rio as suas vidas.

Clara se sentiu feliz em saber disso, mas a preocupaçã o falava mais alto em seu coraçã o.

-- Amor, vai ter tempo para isso, em breve tudo será resolvido e voltaremos para cá , por favor. – Encarou-a. – Eu
morreria se algo de ruim acontecesse com você .

Vitó ria segurou-lhe a mã o, levando-a consigo até a cama. Sentou-se, colocando-a em seu colo.

Escondeu o rosto em seu pescoço, inalando o cheiro da amada.

-- Case-se comigo, Branca de Neve... – Mirou-lhe intensamente. – Seja minha esposa... Minha mulher... Te quero na
minha cama... Em minha vida... Mesmo que seja para me desa iar ...

Os olhos da Duomont brilharam... Sentiu a garganta seca...

-- E o que eu mais quero... – Tocou-lhe os cabelos molhados. – Mas precisa se cuidar.

-- Me cuidarei. – Sorriu. – Ainda mais agora que terei a honra de tê -la só para mim. – Beijou-lhe a mã o. – Você irá
para Roma, icará lá e eu te encontrarei o mais breve possı́vel.

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Clara se levantou, irritada.

-- Você é terrivelmente teimosa.

Vitó ria a observou seguir até o banheiro e permaneceu onde estava.

Nã o desejava discutir mais com a sua princesa, poré m nã o fazia parte de sua personalidade se esconder de nada e
nem de ningué m, ló gico que tomaria todas as precauçõ es para se manter em segurança, todavia sua maior preocupaçã o era
com a Duomont. Temia que eles pudessem, de certa forma, afetá -la, era ela o seu elo fraco.

Ouviu o som de á gua correndo, levantou-se, deixou a toalha cair e foi até a jovem.

A Duomont estava irritada, tremendamente fora de si devido à forma da condessa encarar tudo como se fosse uma
brincadeira. Será que nã o percebia que estava a correr perigo? Ou será que achava que era inatingı́vel?

Fechou os olhos tentando controlar a respiraçã o alterada, mas sentiu mã os lhe abraçarem pela cintura.

Sentiu a pele toda se arrepiar.

Desligou a á gua.

-- Pensei que já tivesse tomado banho... – Tentou manter a voz irme.

A ruiva pousou as mã os nos seios nus, beijando-lhe o ló bulo da orelha.

-- Senti calor...

A morena sabia o que ela estava fazendo. Os mamilos se atiçavam diante das carı́cias, sentia os movimentos que a
ruiva fazia em seu bumbum.

-- Entã o... – Mordeu o lá bio inferior. – A sua central deve estar com algum problema...

Vitó ria beijou-lhe o pescoço esguio... Apertou-a mais contra a pró pria pele.

-- Acho que você quem está me incendiando... – Pressionou-a contra o Box.

Clara espalmou as mã os no vidro... A lembrança do que acontecera na capital... No dia em que a empresá ria viajara
para a Itá lia.

Sutilmente foi conduzida para mais perto da hidro.

Observou uma das mã os deslizar por seu obdome... Descendo até seu sexo...

Empinou o quadril, maneando-o lentamente... Ouvi-a gemer baixinho... Continuou...

Vitó ria observou o olhar da amada... Fitou os olhos negros... Sentia-se fascinada em ver naquela face tã o linda e
doce o desejo estampado tã o selvagem.

-- Está bravinha comigo? – Sussurrou, sentindo a umidade em seus dedos.

A veteriná ria continuou encarando-a... Apoiou a perna no batente que levava a banheira, desa iando-a.

Rebolou... Sentiu-a molhada... Ouviu o grunhido animal... Sabia que ela estava entregue, mas a Duomont estava
lutando para nã o se render ao desejo. Usaria todas as suas ichas para tirá -la totalmente do controle.

Recordou da é poca que izera aulas de dança, icara encantada com a liberdade que a dança do ventre lhe
proporcionava...

A condessa abriu-se mais, o su iciente para senti-la presa em seu pró prio prazer. Esfregou-se...

Clara a sentiu totalmente fora de si...

Tomou-lhe os lá bios cheios, beijando-a, saboreando o gosto divino da ruiva...

Vitó ria segurou-lhe os cabelos, mantendo-a cativa...

De repente, a Duomont cessou os movimentos, segurando-lhe as mã os.

Viu os olhos verdes icarem mais escuros do que a noite tempestuosa, observou o estreitar animal.

Afastou-se.

-- Quê ... – A ruiva parecia confusa.

A veteriná ria pegou o roupã o, vestindo-se e só depois a itou.

-- Enquanto a senhora nã o aprender a ser lexı́vel em suas decisõ es, nã o farei amor contigo.

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Mattarazi observou-a se afastar... Seu corpo doı́a... Sedento por sua Branca de Neve...

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Capitulo 34 por gehpadilha


Clara se vestiu rapidamente, deitando-se na enorme cama.

Cobriu-se!

Esperou alguns segundos, até ouvir mais uma vez o barulho da á gua caindo.

Fechou os olhos, tentando dissuadir sua memó ria das imagens que começava a se formar em seu cé rebro.

Nã o fora fá cil parar naquele momento. Precisara lutar consigo mesma até entender que seria preciso um
tratamento de choque contra aquela mulher sensual e sexy.

Sentiu a presença forte, ingindo que estava dormindo. Tinha certeza que estava sendo observada minuciosamente,
a pele se arrepiou imediatamente.

Vitó ria sentia vontade de puxar o lençol e tomá -la para si fortemente, poré m sabia que essa nã o seria a soluçã o
para o problema, ló gico que satisfaria o desejo que queimava em seu peito, em seus corpo, poré m a guerra continuaria por
um bom tempo.

Cobriu o rosto com as mã os.

Sentou-se no leito.

O cheiro da jovem era su iciente para mexer com todos os seus sentidos.

Apagou as luzes, mas nã o se deitou.

Beijou-lhe a face, em seguido deixou os aposentos.

Pegou o pacote que Miguel lhe entregou, seguindo para o escritó rio.

Deitou-se no sofá e icou a observar o que havia dentro do envelope.

Uma espé cie de diá rio...

Olhou a foto mais uma vez...

Aline...

O nome era doce... Ela tinha um olhar, sonhador... O sorriso era grande, sincero... Lembrou-se da sua Branca de
Neve...

Começou a ler as pá ginas e cada frase a surpreendia...

-- Eu nã o acredito que fui traı́do por Alex, con iei no miserá vel. – Otá vio bateu forte sobre a escrivaninha.

Marcelo e ele estavam escondidos em um hotel na capital.

-- Bem, pelo menos, o desgraçado avisou, dando tempo de fugirmos. – Tomou uma dose de uı́sque. – Temos que ir mais
longe, vamos deixar o paı́s.

-- Sim, é isso que farei o mais breve possı́vel.

-- Nó s faremos... – O pai de Marcos corrigiu.

Otá vio assentiu, tomando todo o conteú do do copo.

Clara acabou cochilando e quando despertou buscou a amada ao seu lado e nã o a encontrou.

Observou o reló gio da cabeceira e constatou que em poucas horas amanheceria.

Levantou-se, vestiu o robe, resolvendo procurar onde estava a sua mulher.

Seguiu até o quarto que ela ocupara quando estava desmemoriada, mas nã o havia ningué m lá . Desceu as escadas,
indo até o escritó rio, entã o encontrou quem estava a buscar.

Por alguns segundos permaneceu ali, itando a bela imagem da ruiva em seu sono tranquilo.

A luminá ria estava acesa iluminando a face da linda condessa.

Aproximou-se mais.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Os lá bios estavam entreabertos, suas mã os estavam apoiadas em seu peito e havia algo entre seus dedos.

Fitou e percebeu que era a foto que Miguel lhe entregara. Tomando cuidado para nã o lhe despertar, viu a imagem
com atençã o.

O conde era um homem bonito e pode perceber que ela herdara dele a expressã o forte, sarcá stica, arrogante...
Observou o sorriso que ele dirigia para a bela jovem ao seu lado, nã o havia dú vidas do seu fascı́nio pela moça que parecia
ainda mais encantada.

Sentou-se na outra poltrona, pegando uma espé cie de diá rio que estava caı́do ao chã o.

A letra bonita retratava o dia a dia de sua vida na Itá lia. Algumas coisas triviais e outros fatos interessantes, como
sua paixã o por Vitó rio e a descoberta da gravidez.

Sentiu-se emocionada com as palavras que Aline usara para falar do bebê que esperava e icou feliz em saber que
aquela criança fora fruto sim de uma relaçã o, que mesmo sendo proibida, fora cheia de paixã o.

Nã o gostava de icar pensando como poderia ter sido as coisas se fossem de forma diferente, poré m nã o conseguia
nã o cogitar a possibilidade de como poderia ter sido distinta as coisas se a condessa tivesse tido ao seu lado sua mã e, se
tivesse sido criada com amor.

Bem, isso talvez nã o fosse tã o importante, pois sabia que diante de todas as di iculdades e todos os problemas que
enfrentara, se apaixonara e se apaixonaria novamente por sua cabeça dura.

Sorriu... Levantou-se e foi até ela, sentou-se, em seguida se aconchegou, deitando em seu peito.

Fechou os olhos e se permitiu a sensaçã o maravilhosa de estar aconchegada à quele corpo... Estreitou-a mais forte...

Lembrou-se de uma cançã o que ouvira quando ainda era uma adolescente...Começou a cantarolar em seu ouvido,
sussurrando para nã o despertá -la.

“Quando você está comigo é quando eu digo

Que valeu a pena tudo, tudo o que eu sofri

Nã o sei se é um sonho ainda,

Ou é uma realidade

Mas quando estou contigo é quando digo

Que este amor que sinto é porque você o mereceu

Com dizer, amor, que outra vez amanheci

chorando de felicidade

A teu lado eu sinto que estou vivendo

Nada é como ontem...”

A manhã amanheceu ensolarada na fazenda dos Duomont.

Felipe ainda pensou em seguir direto para a delegacia, mas tinha que trocar de roupa, pois tivera um problema na
estrada e acabara se sujando de graxa ao consertar o carro.

Estava saindo do banho quando a esposa entrou esbaforida.

-- Entã o, aı́ está você ! – Falou em tom acusador. – E um pai desnaturado que nã o se preocupa com as loucuras que a
sua ilha anda aprontando.

-- O que houve com a Clara? – Indagou em tom preocupado. Segurou-lhe os ombros. – Diga o que se passa.

-- Ela casou com o Marcos e agora deseja anular o matrimô nio...

-- Quê ? – O homem a interrompeu perplexo. – Casou-se? Como?

Clarice se desvencilhou do toque.

-- Casou-se simmmm... Ela era prometida dele desde que era uma criança, entã o cumpriu o que deveria ter sido
feito há tempos.

O Duomont passou a mã o pelos cabelos em gesto de confusã o.

-- Nã o, tenho certeza que ela nã o faria isso, ela jamais teria casado... – Caminhou até o armá rio pegando um par de
roupas.

-- Isso nã o vem ao caso agora, o que desejo é que a obrigue a cumprir os votos que fez.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Felipe se vestiu rapidamente.

-- Como assim obrigá -la?

-- Aquela desgraçada da condessa a levou para sua fazenda e encheu-lhe a cabeça...

-- Ela está com a Vitó ria?

-- Sim, mas por pouco temp...

Ele nem esperou ela terminar a frase, saindo rapidamente do quarto.

Vitó ria abriu os olhos e viu a cabeleira negra espalhada em seu peito.

Fitou-a e encontrou os olhos misteriosos observando-a.

-- Bom dia, poderosa Mattarazi...

A ruiva sorriu diante daquele olhar traquina.

-- Nã o resistiu e correu até mim foi... – Arqueou a sobrancelha. – Ningué m resiste ao meu charme de condessa...

O som da gargalhada da Duomont foi tã o gostoso que a empresá ria se pô s sobre ela, enchendo-a de có cegas.

Clara se debateu tanto que ambas acabaram indo parar no carpete.

-- Para... Para... – Dizia sem fô lego.

Estavam tã o entretidas que nã o ouviram o som da porta abrir.

Julieta e Felipe observavam a cena.

O Duomont pigarreou, mas foi inú til.

-- Nã o acham que estã o grandinhas para icar se engal inhando pelo chã o...

Clara empurrou a condessa, icando chocada ao ver quem estava ali.

Vitó ria apenas se levantou lentamente, voltando para o sofá .

-- Papai!!!!! – Sua voz quase nã o saiu.

Mattarazi sorriu ao ver a face da amada se tingir de vermelho.

Levantou-se e foi até o sogro.

-- Como vai? – Estendeu a mã o.

-- Estou... Estou bem...

-- O que faz aqui, papai? Aconteceu algo?

-- Bem, eu que desejo saber o que se passa.

-- Entã o, deixarei que conversem, vou tomar um banho. – Virou-se para Julieta. – E a senhora vem comigo, estou
faminta... – Encarou a jovem. – Nã o imagina o quanto...

Clara engoliu em seco, pois sabia de qual fome a empresá ria estava falando.

A Dumont fez um gesto para que o pai se acomodasse, fazendo o mesmo em seguida.

Felipe tomou-lhe as mã os nas suas.

-- Por que casou com o Marcos?

A jovem mordiscou o lá bio inferior, parecia pensativa.

-- Ele ameaçou matar a Vitó ria...

Ele se levantou.

-- Como aquele desgraçado teve coragem de fazer isso? – Caminhou pela sala. – E sua mã e? – Voltou até ela. –
Clarice nã o está envolvida nisso está ? – Observou a expressã o de Clara e nã o foi preciso que ela respondesse. – Maldita seja!

A Duomont foi até ele, pondo a mã o em seu ombro.

-- Por favor, nã o brigue com ela... Nã o quero causar esse problema em seu relacionamento.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Relacionamento? -- Disse perplexo. – Eu sinto muito, mas darei entrada nos papé is o mais rá pido possı́vel, irei
me divorciar da sua mã e, nã o tenho condiçõ es de continuar com isso.

-- Mas papai...

-- Nã o quero que se meta nisso, quanto ao Marcos, agora mesmo irei até ele, quero que o desgraçado me explique
como foi capaz de um ato tã o covarde.

-- Nã o! Há muita coisa acontecendo, nã o quero que se envolva em nada por enquanto.

-- Do que fala? – Indagou preocupado. – Ainda há mais coisa?

Clara assentiu a irmativamente, convidando Felipe a sentar novamente.

Detalhadamente, começou a narrar tudo o que estava se passando.

O dia estava ensolarado.

A condessa montou no Bastardo e seguiu até a usina, precisava ver uns documentos, antes de seguir até a
prefeitura.

Nã o voltara a ver a Clara, pois quando desceu, ela ainda estava com o pai.

Veri icou algumas coisas, falou com alguns empregados, em seguida foi até o escritó rio.

Precisava revisar alguns papé is.

Estava discando para Juan, quando a porta foi aberta.

Miguel parecia furioso.

-- Por que entrou assim?

-- Vitó ria, você acha que é brincadeira, acha que sua vida nã o está correndo perigo... – Bateu forte sobre a
escrivaninha. – Está agindo como se fosse uma super heroı́na, está querendo morrer?

A ruiva se levantou, furiosa.

-- Como ousa falar assim comigo? – Fitou-o irritada. – Nã o é da sua conta o que eu faço, entã o pare de me encher
com isso.

-- Você é um egoı́sta... – Balançou a cabeça negativamente. – Nã o pensa nas pessoas que te amam? Imagina como a
Clara icará se algo te acontecer, como eu icarei...

A condessa estreitou os olhos ameaçadoramente, mas pareceu se acalmar, voltando a sentar.

Colocou os ó culos e voltou a ler os documentos, enquanto Miguel permanecia no mesmo lugar.

A empresá ria jogou os papé is, entã o voltou a itá -lo.

-- Ok, hoje mesmo irei para Roma. – Disse vencida.

O advogado soltou a respiraçã o, estava aliviado.

-- Você icará responsá vel por tudo, espero que sua esposa resolva tudo isso rapidamente.

-- Tenho certeza que ela está fazendo tudo para prender os miserá veis.

-- Outra coisa, espero que a anulaçã o desse casamento aconteça o mais rá pido possı́vel.

-- Nã o se preocupe, estou resolvendo tudo.

-- Otimo! Reserve o aviã o, assim que resolver os problemas, irei.

Miguel contornou a mesa, surpreendendo Vitó ria com um abraço.

-- Obrigada!

A condessa nem teve tempo de protestar, pois imediatamente, o tio saiu da sala.

Marcos observava a patrulha parada diante de sua residê ncia.

Sorriu!

Sabia o que deveria ser feito, assim as coisas voltariam ao normal e ele poderia resolver de uma vez todos os seus
problemas sem ser notado.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

O helicó ptero tinha pousado na quadra da fazenda.

A condessa seguiria até a capital nele e lá pegaria a aeronave até Roma.

Era quase duas da tarde e Clara esperava entusiasmada pela chegada da sua amada. Nã o a viu desde que
acordaram naquela manhã , mas icara imensamente feliz ao saber que a ruiva tinha decidido criar juı́zo e se proteger das
ameaças.

A Duomont viu o comandante entrar e Vitó ria o acompanhava, já levantava da poltrona para ir até ela quando viu
Larissa aparecer.

A empresá ria seguiu até a veteriná ria.

-- Está acomodada, princesa? – Sentou ao seu lado, tomou-lhe a mã o. – Estou fazendo sua vontade.

-- Que bom! – Disse simplesmente.

-- Condessa, pode vir ver os slides?

Clara relanceou os olhos ao ouvir a voz da engenheira.

A ruiva lhe deu um beijo rá pido.

-- Preciso resolver uns problemas com a Larissa, ela icará responsá vel por resolver alguns problemas.

A Duomont apenas assentiu, observando-a seguir até a oferecida que nem mesmo tentava esconder a atraçã o pela
empresá ria.

Valentina nã o conseguiu conversar com Felipe, infelizmente nã o conseguia juntar as peças daquele quebra-cabeça.
Tinha quase certeza que a morte de Frederico nã o tinha sido açõ es dos agiotas.

Voltou a ler os depoimentos de cada um que ali estiveram falaram. Teria que mais uma vez investigar os á libis de
todos, pois só assim poderia conseguir voltar ao caminho certo.

Levantou-se.

Naquele momento precisava ir à busca de Otá vio e Marcelo, precisava proteger a Mattarazi, teria que acabar com
aquela ameaça iminente.

Chegaram a capital e seguiram diretamente até o boing.

Fariam uma conexã o rá pida em Amsterdam.

Larissa nã o embarcou com eles, mas o abraço que ela deu em Vitó ria nã o passou despercebido pela jovem
Duomont.

A condessa se acomodou ao lado da amada, anexaram os cintos de segurança, esperando que a aeronave decolasse.

-- Pronto, teremos uma viagem longa... – Beijou-lhe a mã o. – Mas nã o tem do que reclamar, estou fazendo sua
vontade.

A jovem apenas assentiu.

Ouvia-se a voz do piloto anunciando a rota, o som dos motores sendo ligados.

Permaneceram em silê ncio até a aeronave está no ar.

-- Deseja algo, condessa? -- A comissá ria de bordo indagou sorridente.

-- Traga algo forte... E você , amor? – Fitou a morena.

A jovem apenas fez um gesto negativo com a cabeça.

A moça pediu licença, afastando-se.

-- Você está bem?

Mais uma vez a Duomont respondeu com gestos. A irmando algo que sua expressã o nã o denotava.

Vitó ria tocou-lhe os lá bios rapidamente.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Pegou o notebook, precisava ler alguns contratos, pois nã o houve tempo para Larissa mostrar tudo.

-- Já esteve em Roma?

-- Nã o!

-- Eu vivi lá boa parte da minha infâ ncia... – Dizia pensativa. – Em um colé gio de freira...

A condessa a encarou e percebeu que ela tinha dormido.

Clara permaneceu de olhos fechados, nã o desejava falar nada. Sabia que se falasse algo acabaria se irritando muito
e ambas brigariam, mas també m nã o podia agir normalmente quando o ciú mes queimava em seu peito.

Talvez, nã o tivesse acontecido nada entre elas, mas a palavra que ouvira no dia fatı́dico do acidente ainda
martelava em seu cé rebro e tinha certeza que a tal engenheira estava apaixonada por Mattarazi.

A condessa observou a jovem dormir encolhida na poltrona. Parecia nã o desejar encostar-se a si.

Tinham chegado a Amsterdam, nã o sairiam da aeronave, pois partiriam em breve.

Seguiu até o banheiro, nã o demorando muito retornou a poltrona.

Observou os olhos negros lhe olhando.

Sentou-se.

-- Eita que soninho gostoso. – Encarou-a. – Descansou? Está com fome?

-- Nã o! – Respondeu secamente, levantando-se. – Vou sentar lá atrá s.

-- Por quê ? – Indagou confusa.

-- Porque quero. – Respondeu simplesmente se afastando.

A aeronave nã o contava com passageiros, alé m da tripulaçã o e das duas mulheres.

Vitó ria nã o gostou da forma como a jovem lhe tratou, mas esperaria até o boing decolar para resolver esse
problema.

Clara fechou os olhos, sentindo o aviã o levantar voo.

Ficou feliz que a ruiva nã o fora atrá s de si, sabia que nã o conseguiria segurar a raiva por muito tempo, por isso
preferia icar sozinhas.

A condessa esperou meia hora e como viu que sua amada nã o retornaria foi até ela.

Encontrou-a lendo um livro, sentou-se, retirando a brochura de suas mã os.

-- Está brava comigo por qual motivo? – Fitou-a. – Eu iz o que você queria, estamos indo até Roma, entã o nã o
entendo a sua frieza.

-- Ah, nã o diga! – Debochou, levantando-se.

-- Amor, por favor, o que eu iz? – Indagou apreensiva, segurando-lhe a mã o. – Diga.

A Duomont respirou fundo, depois decidiu sentar, virando-se para ela.

Mattarazi viu os olhos negros se estreitarem.

-- Como ousou trazer sua amante junto até a capital? Pior, icou o tempo todo com ela, nã o tem vergonha?

Vitó ria nã o pode disfarçar o sorriso, acabando caindo em uma gargalhada rouca.

A veteriná ria icou tã o furiosa que tentou se afastar mais uma vez, poré mg a empresá ria a trouxe para o seu colo,
segurando-a irme.

-- Solte-me! – Debatia-se.

A condessa lhe segurou as mã os, pois sabia que seria arranhada.

-- Já disse que nã o tenho nada com a Larissa. – Falou irme. – Se a trouxe foi porque era necessá rio para que ela
resolvesse alguns problemas na capital.

-- Que fosse de carro, que fosse de jegue, de bicicleta, mas nã o contigo. – Mais uma vez tentou se desvencilhar.

Sabia as consequê ncias para seu ato, mas mesmo assim tomou-lhe a boca fortemente.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Sentiu-a morder, poré m nã o a soltou e aos poucos foi invadindo os lá bios, penetrando com a lı́ngua os recantos do
seu espaço.

Quando a ruiva a sentiu mais entregue, soltou-a, tirando-lhe a jaqueta de couro, tocou-a sob a camiseta, abrindo o
fecho frontal do sutiã .

Clara gemeu baixinho, contra os lá bios dela, ao sentir os mamilos sendo explorados experientemente.

Tentou empurrá -la, mas suas forças foram contidas mais uma vez.

-- Nã o, Branca de Neve... – Sussurrou em seu ouvido. – Nã o a deixarei sair, necessito de ti... – Tirou-lhe a blusa.

Observou fascinada os seios redondos que estavam na altura de sua boca. Fê -la sentar com as pernas abertas,
montado em seu colo.

-- Você está louca, algué m pode nos ver. – Fechou os olhos ao tê -la encostada em seu busto. – Saia...

-- Ningué m vai nos ver, as comissá rias só virã o aqui se forem chamadas... – Abocanhou um dos montes.

-- Nã o... – Dizia tentando manter a sanidade. – Estou... Estou brava... Estou uma fera contigo... – Protestava
debilmente. – Vá atrá s da sua engenheira.

Clara tentou empurrá -la, mas acabou se rendendo aos carinhos ousados.

Inclinou a cabeça para trá s, aproveitando a carı́cia, sentindo-a mamar tã o gostoso que vontade de gritar,
precisando morder o lá bio para nã o fazê -lo.

A lı́ngua da ruiva brincava deliciosamente com o bico rosado, mordiscando, lambendo-os.

Abriu os botõ es da calça jeans da amada, mas o tecido era muito justo e o acesso ao interior nã o estava sendo fá cil,
pensou em pedir para ela retirar, mas temia que a jovem despertasse da nuvem de desejo e se rebelasse mais uma vez.

Magistramente, inclinou a poltrona ao limite. Conseguiu fazê -la deitar, icando sobre ela...

Tomou-lhe os lá bios mais uma vez, enquanto a livrava da calça...

Sorriu vitoriosa quando sentiu a calcinha ú mida...

Tirou-lhe o resto da roupa e rapidamente, fez o mesmo com as pró prias. Retomou o assento, trazendo-a para
ocupar a posiçã o de amazonas.

Clara sentiu os pelos se arrepiarem ao ter o contato com a pele nua.

As bocas se encontravam com urgê ncia, perdidas em seus desejos, em seus corpos que clamavam por muito mais.

A condessa segurou-lhe os quadris, sentindo-a rebolar gostosamente. Abriu-se mais, buscando assim estreitar
ainda mais o contato.

As fricçõ es, o escorregadio se fundindo, lambuzando-as

Clara conduziu-lhe a mã o até seu sexo, fazendo-a penetrar...

-- Mais... Quero... Quero mais...

Vitó ria nã o se fez de rogada, tomando-a impetuosamente. Descontando nela a paixã o que queimava em seu sangue.

A veteriná ria se apossou dos seios fartos, devorando-os, mexendo ainda mais, sentindo o poder que emanava dela.

-- Sou a sua dona, condessa... – Falava por entre os dentes. – Só eu posso amá -la. --Invadiu-a, buscando aprofundar
ainda mais os movimentos... – Minha... – Meteu mais forte.

-- Eu sou sua, Branca de Neve... Só sua, Maria Clara Duomont...

Os gemidos se tornaram mais altos, sendo preciso que a empresá ria tentasse sufocá -los com beijos.

Sentia que seu corpo nã o resistiria por muito tempo e foi quando a outra lhe mordeu o lá bio, cravando os dentes
em seu ombro que sentiu a adrenalina chegar ao limite, levando-a ao prazer extremo.

-- Te amo...

A veteriná ria conseguiu ouvir, antes de fechar os olhos, vencida pelo cansaço.

Os dias em Roma passavam interessantes.

Clara estava encantada com a forma que a condessa a tratava, mesmo que nã o houvesse um papel alegando aquilo,
era como se fossem casadas e essa relaçã o cada vez icava mais gostosa. Fosse em sua cama, onde dividiam na enorme
cobertura, ou em seus passeios pela bela cidade, ou lhe acompanhando em seus compromissos empresariais.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Nunca tivera a oportunidade de conhecer a capital da Itá lia, mesmo tendo passado boa parte da infâ ncia na Europa,
entã o era maravilhoso ter a amada como sua guia turı́stica, levando-a para conhecer os mais belos lugares.

Deslumbrou-se com os sı́tios arqueoló gicos, como o Fó rum Romano, o Mercado de Trajano, o Fó rum de Trajano,
o Coliseu e o Panteã o. O Coliseu, sem dú vida um dos sı́tios arqueoló gicos mais emblemá ticos de Roma e é considerado como
uma das maravilhas do mundo.

Caminhavam de mã os dadas pela cidade, vendo as obras de artes e a sensibilidade dos artistas antigos e
contemporâ neos.

Pararam em um café que tinha suas mesas em plena praça.

-- E entã o, Branca de Neve? – Tomou-lhe as mã os. – Sou digna do seu perdã o? – Piscou travessa.

Clara a itou demoradamente.

Conhecia aquele olhar, aquele jeito provocante, mas deliciosamente sensual por trá s daquela personalidade tã o
arrogante.

-- Bem, senhora condessa, creio que está indo pelo caminho certo.

Um rapaz franzino apareceu para servi-las, em seguida afastou-se.

-- Falei com o Miguel... – Bebericou lentamente. – Ele disse que em breve você estará livre. – Colocou a mã o no
bolso do casaco, retirando uma caixinha de veludo, branca. – Mesmo sabendo como sou, conhecendo todos esses defeitos, o
meu jeito difı́cil de lidar com as coisas... – Mordeu o lá bio inferior. – Mesmo assim, aceitaria ser a minha esposa.

A Duomont observou a insegurança presente naqueles olhos verdes e icou surpresa, a inal, aquela era a poderosa
Mattarazi, a mulher que nunca demonstrava suas fraquezas, que sempre agia com segurança em todos os seus atos.

Sorriu docemente.

-- Mesmo que ainda nã o existam papé is formalizando... Eu já sou sua esposa há tempos...

Vitó ria soltou a respiraçã o lentamente, abriu o estojo, retirando a joia delicada. Tomou a mã o de sua amada,
depositando em seu anelar o sı́mbolo de sua total rendiçã o, em seguida, a veteriná ria fez o mesmo.

-- Bem, pelo menos assim, as oferecidas verã o que você já tem dona.

Os risos de ambas denotavam a felicidade que sentiam naquele momento.

Valentina estava em seu escritó rio quando recebeu uma ligaçã o anô nima lhe dando a exata localizaçã o de Otá vio e
Marcelo. Imediatamente, entrou em contato com a delegacia da capital, saindo em seguida em diligê ncia.

Com a prisã o dos que ameaçavam a vida da condessa, a estadia do casal na Itá lia nã o era mais necessá rio, mesmo
assim, ainda permaneceram por mais uns dias, poré m os negó cios precisavam ser tocados por sua dona.

O clima parecia calma, até mesmo Marcos aceitara de bom grado a anulaçã o do casamento, nã o colocando nenhum
obstá culo, surpreendendo a todos com seu arrependimento, poré m a condessa, apesar de amar sua princesa de contos de
fadas, nã o acreditava muito no conto, cujo sapo virava prı́ncipe.

Clara estava acompanhada do pai. Juntos foram ver um espaço que ela desejava transformar em sua clı́nica
veteriná ria.

-- Falei com o gerente do banco. – Ela falava entusiasmada. – Ele me dará um empré stimo e assim poderei montar
tudo.

-- Ah, ilha, eu ico tã o feliz. – Felipe a abraçou. – Sei do seu desejo e de como ama o que faz, ico muito orgulhoso de
ti.

Caminharam até a sorveteria sentando.

-- E a fazenda?

-- Tenho certeza que conseguirei trabalhar o su iciente para poder pagar a Vitó ria muito em breve. Estou me
dedicando e també m aprendendo com o Batista. – Sorriu.

-- Eu ico muito feliz, papai... – Tomou o sorvete por alguns segundos, hesitante. – E a mamã e?

-- Já entrei com o pedido de divó rcio, o Miguel se ofereceu para me ajudar. – Observou as crianças brincando na
rua. – Ela se nega, nã o aceita a pensã o que foi estipulada. Infelizmente, nã o há outro caminho para ela, pois nã o tenho nada, a
fazenda está no nome da condessa e as outras propriedades foram tomadas pelo banco.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Tem certeza que nã o deseja dar uma nova chance para a relaçã o de você s?

-- Nã o há relaçã o, ilha, só a ambiçã o da sua mã e.

-- Nã o posso abandoná -la, a ajudarei, nã o com o dinheiro da Vitó ria, mas com o que eu ganhar com a minha
pro issã o.

Valentina caminhava de um lado para o outro em sua sala.

Mesmo com a prisã o de Otá vio e Marcelo, ainda nã o acreditava que tudo estivesse resolvido, pois ainda nã o fora
capaz de elucidar o caso do assassinato de Frederico.

Observou o quadro que montara com os principais suspeitos e quem tinha possı́veis motivos para matar o
fazendeiro.

O á libi de Marcelo fora comprovado, mas ele poderia ter mandado algué m fazer o trabalho sujo...

A porta foi aberta interrompendo suas divagaçõ es e lá estavam Miguel com o ilho nos braços.

-- Amor, vamos chegar atrasados a comemoraçã o. – O advogado reclamou.

Naquela noite haveria uma festa para inaugurar a primeira parte da encanaçã o que levava á gua para as fazendas
vizinhas, assim, todos poderiam continuar com sua agricultura.

-- Prometo que daqui a pouco apareço. – Caminhou até eles, beijando cada um. – Preciso resolver umas coisas antes
de sair.

-- Vai perder a apresentaçã o da condessa com o Bastardo? Melhor, a Clara vai competir com a Branca de Neve...
Hoje veremos quem será a melhor.

Valentina sorriu.

Sentia-se feliz porque tudo parecia tranquilo entre a esposa e a empresá ria, felizmente tudo estava se resolvendo
por ali.

-- Nã o demorarei, prometo nã o perder essa disputa de titã s.

Miguel assentiu, deixando-a sozinha.

A delegada voltou sua atençã o para o expositor.

Fitou a foto de Clarice...

Ela nã o tinha motivos para matar o sogro, mas seu depoimento fora um pouco perturbante, ainda mais quando
falara que tinha estado com Marcos naquele dia, pareceu querer deixar claro que esteve com ele.

Discou para Felipe.

Com todas as coisas que aconteceram, acabou nã o tendo tempo para falar com o Duomont.

Assim que ouviu a voz do pai de Clara, indagou rapidamente.

-- Você estava com Marcos no dia da morte de Frederico?

-- Nã o, estava com a Clarice, está vamos viajando para a fazenda.

-- Mas em algum momento naquele dia, ela se afastou, ou sei lá , mencionou que o veria.

-- Nã o, ela apenas tinha dito no dia anterior que ele estava na capital e que desejava ver a Clara. – Ficou alguns
segundos em silê ncio. – Por quê ? Aconteceu algo?

-- Nada... Obrigada!

Encerrou a chamada.

Clara preparava branca de Neve.

Batista se aproximou.

-- E a Vitó ria? – A jovem indagou ao vê -lo.

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-- Ela se atrasou um pouco porque liberou todos os empregados para estarem aqui, teve um problema na usina,
mas já tinha terminado. Pediu que eu viesse na frente, iria tomar um banho, selar o Bastardo e em pouco tempo cegaria.

-- Mas já sã o quase sete horas... – Dizia apreensiva.

Pegou o celular, discando para ela, mas nã o houve resposta para sua chamada.

Algo a estava perturbando terrivelmente naquele dia. Um pressentimento, uma pressã o em seu peito como se algo
ruim fosse acontecer.

-- O que houve? – Miguel se aproximou.

-- Nada, vou buscar a Vitó ria. – Entregou as ré deas da é gua ao administrador.

-- Algum problema? – O advogado a itou preocupado.

-- Eu nã o sei, apenas estou com um pressentimento ruim.

-- Irei contigo, deixe-me apenas encontrar a babá para deixar o Miguel.

A fazenda Mattarazi estava vazia. Todos foram para a cidade.

Vitó ria tomou banho rapidamente, vestiu o traje de montaria, seguindo até o está bulo.

Acariciou a crina do garanhã o que parecia um pouco agitado.

-- Calma, garotã o, daqui a pouco estaremos na competiçã o, aı́ mostraremos as nossas Brancas de Neves quem
manda. – Sorriu.

Ela caminhou para pegar a sela, mas ao virar-se de costas, sentiu uma pancada forte na cabeça indo ao chã o.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Capitulo 35 por gehpadilha

Notas do autor:

PENULTIMO CAPITULO...

Clara já seguia para o estacionamento quando encontrou um garotinho que veio até si. Ele parecia esbaforido.

-- Senhorita Duomont, a condessa está te procurando.

-- Onde ela está ? – Procurou entre a grande multidã o. – Onde ela está ?

-- Nã o sei. – Disse simplesmente. – Ela me disse para lhe dizer isso.

O advogado segurou o garoto pelos ombros.

-- Quem?

-- A mulher... – Disse temeroso. – Nã o a conheço.

A jovem seguiu ainda mais apressada até onde estavam os veı́culos, mas nã o teria como sair, o carro estava preso.

Bateu forte no capô .

-- Vou pegar a Branca de Neve. – Saiu em disparada.

Miguel seguiu em busca de algué m para lhe ajudar a tirar o automó vel.

Vitó ria sentiu um forte dor na cabeça. Tentou levantar, mas percebeu que estava presa em um dos troncos que
sustentava o está bulo.

As mã os estavam amarradas a suas costas, tentou forçar, mas nã o conseguia se livrar. Tentou mais uma vez, poré m,
os nó s nã o pareciam ceder.

-- Vitó ria... Linda Vitó ria...

Ela levantou a cabeça e se deparou com Alex.

-- Se tivesse me aceitado nada disso aconteceria. – Agachou-se. – Você é muito linda. – Tocou-lhe a face com as
costas da mã o. – Linda condessa...

A ruiva se desvencilhou do toque, encarando-o.

-- Por que me prendeu aqui? – Indagou confusa. – O que está pretendendo com isso?

-- Bem, tudo tem uma explicaçã o... – Deu um sorriso de canto de boca.

-- Nã o estou entendendo...

Alex a itava com olhar fascinado.

-- Infelizmente, seu im está pró ximo... Se tivesse me aceitado nada disso teria acontecido.

Mattarazi estreitou os olhos verdes.

-- Pois é , tudo foi armado com maestria... – Tocou-lhe os ios soltos dos cabelos afogueados, colocando-os por trá s
de sua orelha. – Dei o que a Valentina queria, dei todas as respostas... Pela metade... – Piscou. – Como ela foi idiota... Até você ...
Eu, o salvador da pá tria.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Por que está fazendo isso?

-- Você me forçou... – Falou bem colada aos seus lá bios.—E sua culpa... – Puxou-lhe os cabelos. – Quantas vezes te
dei a oportunidade de icar comigo? Quantas vezes quis icar ao teu lado... – Alterou a voz. – Mas ló gico, teve que se interessar
pela maldita Clara. – Levantou-se. – Quando cortei a sela no dia do campeonato ou quando atirei no Marcos, pior, quando
tramei para que atirassem em ti, iz para afastá -la da Duomont... – Bateu com o punho fechado na madeira. – Mas você nã o
entendeu... Por que teve que ser tã o teimosa... – gritou. – Eu machuquei o Bastardo... Tudo para que os Duomonts fossem
responsabilizados, poré m o que você fez? – Gritou. – Encantou-se pelo olhar de princesa...

-- Foi você ... – Ela tentou levantar, tentou se soltar para atacá -lo. – Miserá vel!

Vitó ria ouviu passos e teve a falsa ilusã o que algum trabalhador estivesse ali para ajudá -la, mas deparou-se com
Marcos que imediatamente seguiu até ela, chutando-lhe o abdome.

-- Maldita seja! – Depositou sua bota sobre a coxa da empresá ria. – Achou que icaria com a minha noiva e eu
aceitaria tudo como um má rtir?

A ruiva sentiu di iculdade para respirar, mas tentou manter a calma, pois sabia que a qualquer momento algué m
viria a sua procura. Tinha que tomar tempo, assim poderia ter uma chance.

Fitou-o.

-- Olá , engomadinho! – Provocou-o, tentando disfarçar a dor. – Decidiu virar o antagonista da histó ria. – Exibiu um
sorriso debochado. – Pobre ilhinho de papai...

O rapaz agachou, segurando-lhe o queixo irme.

-- Você acha que é a dona de tudo, acha que é uma poderosa condessa... – Debochou. – Mas no fundo é uma idiota. –
Fitou os olhos verdes que pareciam desa iá -los. – Fico a pensar porque você també m nã o estava naquele carro no dia do
acidente... – Sentou no feno. – Aquele fora o dia marcado para todos os Mattarazis morrerem, junto com a prostituta da
Helena...

-- Do que está falando? – Perguntou perplexa.

O jovem exibiu um sorriso macabro.

-- Eu mexi no carro naquele dia... Papai queria que o ajudasse a me livrar de Vitor, do conde, e da linda condessa...
Eu estava de fé rias... – Tirou a maçã do bolso, comendo tranquilamente. – Ele queria deixar a minha mã e para icar com a
meretriz, mas eu nã o a avisei, como ele mandara... Pena você nã o ter ido junto... – Pegou uma faca que icava em sua bota.

-- Como pode ser capaz de algo assim? Havia uma criança naquele carro...

-- Pois é ... Um crime que você sempre levou a culpa... PERFEITO... – Passou a lâ mina por sua face. – Acho que vou te
deixar ainda mais bonita.

Bastardo começou a relinchar, interrompendo-o. Ele seguiu até o animal com a arma em punho.

-- Vamos terminar logo com isso... – Alex se aproximou. – Clarice ligou dizendo que a Clara está querendo vir atrá s
da condessa, mas parece que conseguiu dar um jeito.

Marcos voltou-se mais uma vez para a ruiva.

-- A minha querida sogrinha está se saindo muito bem... – Aproximou-se, encostando o cano do revó lver em sua
cabeça.

A condessa nã o imaginou que a mã e de Clara pudesse chegar tã o longe. Sempre a achara terrı́vel, mas nem em seus
sonhos poderia pensar que ela agiria daquele jeito.

-- Bem, já que você vai morrer, vou te confessar algo... – Passou o metal frio pelo rosto da empresá ria. – Fora com
essa arma que matei Frederico... Gargalhou. – O velho desgraçado quis me impedir de casar com a neta e ainda estava
ameaçando o meu pai, chantageando-o com o caso de Helena... Eu estive lá naquele dia... Por pouco você s nã o o encontraram
morto... – Dizia pensativo... – Nã o imaginei que a Clara estaria contigo... Você seria acusada... Tudo estava pronto...

-- Você é um miserá vel... Nã o vai icar impune...

Ele a esbofeteou tã o forte que lhe cortou a lateral da boca.

-- Vou icar sim... Mais uma vez nã o haverá pistas... – Apontou para o jornalista. – Alex está acima de qualquer
suspeita...Ele entregou o Otá vio e o meu pai... – Riu alto.-- Eu... Bem, aceitei a anulaçã o do casamento e nesse momento meu
á libi já está sendo construı́do... A Clarice está em sua festa... Que irô nico...

O garanhã o se rebelou mais uma vez.

Marcos engatilhou a arma, mirando o cavalo.

-- Esse demô nio vai ter o mesmo im que você .

A condessa tentou se desamarrar, poré m fora mais uma vez agredida pelo jovem.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Calminha aı́... Nã o vou matá -lo agora, na verdade, ele vai morrer junto contigo... Queimadinhos... – Gargalhou
mais uma vez. – Eu ico imaginando a sua agonia em ver o Bastardinho sendo assado e você sem poder fazer nada, a inal, o
seu im també m será trá gico... Mas nã o se preocupe, eu irei consolar a sua amada e a ajudarei a desfrutar do seu dinheiro... –
Caminhou até Alex, colocando a mã o em seu ombro. – Mesmo você ainda nã o tendo casado com a Clarinha, eu aposto a minha
vida que o nome dela aparece lindo em seu testamento.

-- Se tivesse me aceitado nada disso teria acontecido, Vitó ria... – O jornalista a itou pesaroso. – Teve tanta chance,
mas acabou se interessando pela Duomont. – Foi até ela, ajoelhando-se. – Eu te amava... – Limpou o sangue que escorria na
lateral da boca rosada. – Infelizmente, você me descartou como se fosse um mó vel velho.

Vitó ria virou a cabeça, evitando o contato.

-- Eu nunca quis nada contigo... Sempre senti desprezo por ti, pois sabia que no fundo era um canalha...

Alex pareceu chocado com as palavras, afastando-se.

-- Quanto a você , seu miserá vel, pode me matar, mas vai viver o resto da sua vida carregando em sua consciê ncia
que foste a ú ltima opçã o, pois foi em meus braços que a Clara se entregou, foi por mim que ela se apaixonou e é por mim que
ela suspira, que sonha, que se entregou durante todo esse tempo...

Marcos a chutou mais uma vez no abdome.

A condessa gemeu alto.

-- Vai morrer, maldita, vai morrer... – Fez um sinal com a cabeça para o jornalista. – Mande lembrança para seu
irmã ozinho.

Mattarazi viu o fogo tomar rapidamente as baias e tinha certeza que nã o demoraria chegar a si.

Observou os dois homens se afastando.

Tentou se soltar, mas seus esforços nã o davam resultados... Seu corpo estava terrivelmente dolorido.

Bastardo estava preso dentro de uma das baias, ele levantou as patas dianteiras, relinchando.

A ruiva sentia a fumaça começar a sufocá -la.

Encolheu-se mais, pois as chamas já chegavam perto de si.

Sentiu um alı́vio se apossar do seu peito, quando viu seu garanhã o conseguir se soltar, pulando a porta, saindo em
disparada.

Clara fora atrasada pela mã e.

Clarice dissera que estava com Marcos do outro lado e tinha visto quando a condessa tinha chegado, mesmo assim,
a jovem Duomont pareceu nã o aceitar a explicaçã o, pois sabia que se Vitó ria estivesse ali, teria ido rapidamente atrá s dela.

-- Acho que ela deve ter esquecido algo, pois parecia procurar... Assim retornou em direçã o à fazenda. – Dizia,
detendo-a pelo braço.

A jovem se desvencilhou do toque.

-- Entã o, eu mesma irei me certi icar que está tudo bem com ela e a trarei comigo.

Montou em Branca de Neve e saiu cavalgando velozmente.

Valentina observava a festa, quando Miguel correu até ela.

-- Precisamos ir até a fazenda. – O advogado falou esbaforido.

-- O que houve?

-- Nã o sei, mas os pneus do meu carro foram furados e o da Clara icou preso. Ela saiu há algum tempo, podemos
encontrá -la no caminho, temos que ir.

A delegada saiu abrindo espaço entre os presentes, rapidamente ligou pedindo que os policiais a acompanhassem.

Vitó ria sabia que nã o resistiria por muito tempo. Nã o tinha mais forças para tentar se soltar, pelo menos o
Bastardo estaria salvo.

Fechou os olhos e a imagem de olhos negros tã o sinceros preencheram seus pensamentos, era a sua amada Branca
de Neve que levaria em sua mente e em seu coraçã o.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Tentou mais uma vez se solta, mas seu ato fora em vã o.

Gritou por ajuda.

Engraçado como as coisas se encaixavam.

Pena nã o poder fazer os miserá veis pagar pelo que izeram com seu irmã o.

Clara viu as luzes do carro lhe seguindo.

De longe pode ver o fogo que vinha do está bulo, esporeou Branca de Neve para que o animal fosse mais rá pido.

Sentia o vento noturno emaranhando os ios, sentia a pele arrepiar enquanto se aproximava.

Nã o deveria ter ido para festa sem a empresá ria. Deveria ter esperado por ela, mas achara que tudo estava bem e
que nã o havia mais riscos.

Fora uma idiota, baixara a guarda quando deveria ter icado atenta a tudo que acontecia.

Desmontou e viu o Bastardo vir até ela.

O garanhã o parecia nervoso, agitado. Ele seguiu até o está bulo, levantando as patas dianteiras.

-- Ela está lá dentro. – Constatou em pâ nico.

A Duomont já corria, quando sentiu braços lhe segurando pela cintura.

-- Você nã o pode ir lá , vai morrer. – Valentina a detinha.

Clara empurrou-a forte, saindo em disparada.

-- Mas morrerei com o amor da minha vida.

Miguel tentou ir atrá s, mas a delegada nã o permitiu.

-- Ela vai morrer... Nã o vá , nã o quero te perder...

O fogo estava alto, a quentura feria a pele, mesmo nã o tocando-a.

A jovem tirou a camiseta, cobrindo a boca e o nariz, tentando nã o respirar a fumaça.

Gritava pela condessa, a visibilidade estava terrı́vel e nã o se conseguia visualizar nada.

Uma madeira caiu perto dela, assustando-a.

Em pouco tempo tudo desmoronaria.

Fez uma prece, tentando se concentrar, temia que nã o aguentasse por muito tempo, entã o quando já estava quase
desistindo, avistou-a.

Ajoelhou-se diante dela, tentou levantá -la, mas percebeu que estava presa.

-- Vitó ria! – Gritou seu nome, mas ela nã o respondia. – Amor...

Nã o podia pedir ajuda, pois sabia que havia pouco tempo e nã o poderia perder um ú nico segundo.

Pegou uma madeira, tentando nã o tocar nas chamas, poré m ainda sentia ferir-lhe, deu a volta, queimou as amarras,
conseguindo partir a corda.

-- Vitó ria, por favor, meu amor, aguente... Vou tirar a gente daqui. – Sussurrou em seu ouvido.

Abraçou-a por trá s, tentando sustentar-lhe o peso.

Observou em todas as direçõ es, tentando recordar por onde tinha vindo, mas percebeu que seria impossı́vel passar
por lá que já tinha sido tomado pelas labaredas.

O fogo queimava todas as partes do grande está bulo.

Carregou-a até a porta, mas nã o conseguiriam passar por lá sem serem queimadas.

Valentina ligava para o corpo de bombeiros.

-- Eu vou lá ...

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Dessa vez a delegada nã o conseguiu deter o marido que deu a volta por trá s, seguindo em busca das jovens.

-- Miguel... – Gritou, indo atrá s dele.

Viu com desespero a parte frontal desabar.

Era inú til, se a condessa tivesse ali dentro já estava morta e temia que Clara tivesse encontrado o mesmo im.

Entã o, ouviu-se um estouro e milagrosamente os trê s saiam daquele inferno.

A delegada sentiu lá grimas molharem a face. Saiu correndo imediatamente até eles.

Miguel tentava reanimar a condessa, enquanto Clara estava deitada na grama, parecia nã o conseguir levar o
oxigê nio aos pulmõ es.

Imediatamente foi até ela, ajudando-a a sentar, fazendo-a respirar aos poucos.

O advogado tentava incansavelmente, ouvia o choro de Maria Clara e sabia que nã o deveria desistir, do mesmo jeito
que a jovem valentemente nã o desistira, enfrentando aquele incê ndio.

Rezou silenciosamente... Pediu a irmã que estivesse vendo naquele momento os ajudassem.

Entã o o milagre aconteceu e pode ouvi-la tossir, buscando respirar.

-- Precisamos levá -la ao hospital urgentemente.

Valentina assentiu, seguindo até o carro.

Alex e Marcos caminhavam pela festa.

Eles estavam certos que o trabalho sujo tinha sido concluı́do.

-- Agora basta que Clarice con irme nossa presença. – O jornalista sorriu. – As fotos que tiramos antes estã o em seu
celular?

-- Sim, com certeza, depois incluirei o horá rio. – Sorriu. – Sinto o cheiro de condessa assada.

-- Amanhã teremos que sair nas manchetes como pessoas que prestigiavam o evento sem imaginar que algo
horrı́vel acontecia na fazenda Mattarai. – Foi até a barraca de tiro, comprando umas ichas.

A condessa foi levada até o hospital de uma cidade vizinha, encaminhada imediatamente para a urgê ncia, enquanto
Clara era atendida devido à s queimaduras que tivera, principalmente nas mã os.

-- Quero ver a Vitó ria. – Ela dizia para Valentina.

A delegada itou as mã os da jovem e percebeu como aquela menina fora corajosa ao arriscar a pró pria vida para
salvar a amada.

Abraçou-a pelos ombros.

-- Calma, ela está sendo atendida e você també m precisa ser cuidada. – Beijou-lhe o topo da cabeça. – Ela vai icar
bem e você també m.

-- Quero icar ao lado dela... Preciso icar perto... Sentir que ela está bem...

-- Ela vai icar bem, poré m você precisa se cuidar també m.

Miguel andava de um lado para o outro, ansioso por notı́cias da sobrinha.

Quando pensava que por muito pouco, a ruiva teria morrido e junto a ela Clara, sentia um aperto no peito. Deveria
ter ido antes, nã o deveria ter permitido que a Valentina lhe segurasse.

Passou a mã o pelos cabelos ralos.

Se acontecesse algo grave com Vitó ria nã o se perdoaria nunca.

-- Alguma notı́cia? – Valentina se aproximou.

Ele fez um gesto negativo com a cabeça.

-- E a Clara?

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

A delegada conduziu-o até o sofá .

-- As mã os delas estã o muito machucadas... – Engoliu em seco. – Ela arriscou a vida pela condessa... Como é grande
esse amor que ambas sentem... Como ele nasceu de tanto ó dio?

-- Eu nã o sei... Só desejo que a Vitó ria ique bem e possa viver esse sentimento com a sua princesa.

Valentina se levantou.

-- Necessito de algo... Clara disse que encontrou a ruiva amarrada dentro do está bulo... Algué m fez isso e pareceu
tomar todas as precauçõ es para que nã o chegá ssemos. – Agachou, segurando o joelho do marido. – A Clarice sabia, ela tentou
deter a ilha, tentou atrasá -la. – Abaixou o tom de voz. – Vou pegá -los dessa vez, devo isso a Vitó ria por tudo que ela passou.

-- Precisa tomar cuidado, pois quem fez isso nã o está para brincadeira. – Abraçou-a. – Tome cuidado, por favor.

Naquela mesma noite o helicó ptero fora chamado para transferir a condessa para a capital.

Clara e Miguel acompanharam-na.

A cidade pareceu chocada com o acontecido.

Valentina espalhara a notı́cia de que a condessa estava em coma e que nã o havia chances de sobreviver. Aquela nã o
era só uma medida de segurança, mas també m um meio para chegar aos culpados.

Quem cometeu o crime acharia que icaria livre, poré m as coisas seriam diferentes dessa vez.

Apesar de todo o clima triste, icou impressionada com a dor que viu nos olhos das pessoas que ali habitavam.
Sempre a ruiva fora vista como a assassina da pró pria famı́lia, odiada, apontada por todos, poré m nã o era isso que via
naquele momento.

A igreja estava cheia, crianças, idosos, jovens sofriam com a tragé dia que se abateu na vida da empresá ria.

-- Ela nã o está morta! – Marcos gritava em seu escritó rio. – Vamos ser presos se a desgraçada sobreviver.

Clarice entrou, encontrando os dois homens.

-- Está sim. – Sentou-se cruzando as pernas. – Acabei de ouvir o Felipe consolando a Clara. – Sorriu cruel. – Vitó ria
Mattarazi nã o resistiu à s queimaduras e veio a ó bito.

Alex saiu rapidamente, em seguida trouxe champanhe e trê s taças.

-- Um brinde a condessa, entã o?

-- Com certeza. – Clarice levou o lı́quido à boca. – Mas nã o posso demorar. Tenho que escolher o modelito para o
veló rio, preciso estar à altura, pois em poucos dias serei milioná ria.

O trio comemorava com as melhores bebidas, felizes porque sairiam ilesos do crime que cometeram.

O mé dico constatou que a condessa teve inú meras costelas quebradas, mas felizmente as queimaduras foram
super iciais e nã o havia risco de morte.

Depois de uma noite e um dia agonizante, Clara fora permitida entrar no quarto.

A enfermeira trocava o soro.

A Duomont parecia temerosa, mas quando viu os olhos verdes encarando-a, sentiu que seu coraçã o voltava a bater.

Ela quedou-se ali, diante da cama, apenas observando-a, vendo os arranhõ es em sua face, o machucado no canto da
boca.

-- Eu nã o conseguiria viver sem ti... – Falou com lá grimas nos olhos.

Vitó ria estendeu a mã o, tomando a da amada.

Observou as ataduras que protegia as queimaduras da Duomont.

Desde que acordara, ouvira das enfermeiras como a sua princesa fora corajosa, como ela fora destemida ao entrar
no está bulo, enquanto este estava em chamas.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Nunca mais faça isso... Nã o se arrisque desse jeito, jamais me perdoaria se algo te ocorresse. – Levou os curativos
a boca. – Oh, minha Branca de Neve... – Umedeceu o lá bio superior. – Eu pensei que nã o te veria mais... – Soluçou. – Em meus
pensamentos estavam seus olhos...

Clara a abraçou.

Os soluços de ambas nã o era mais de desespero, mas de felicidade, de contentamento por estarem ali, unidas,
mesmo diante de tudo que aconteceu.

-- Amo-te tanto, meu amor, amo-te mais do que a mim mesma...

-- Ah, minha condessa, eu amo você ... – Fitou-a. – Me arriscaria um milhã o de vezes para que nada te acontecesse.

O sorriso da ruiva nã o tinha preço.

A porta se abriu e lá estava Miguel.

-- Ah, nã o, mais um chorã o, ningué m merece. – Mattarazi debochou do tio.

O advogado nã o se preocupou com isso, abraçando-a.

-- Estou chorando de felicidade por ter voltado a ver esse sarcasmo de olhos verdes...

A ruiva depositou um beijo em seu rosto.

-- Preciso ver a Valentina... – Fitou a Clara.

-- Quem fez isso? – A Duomont se aproximou. – Você sabe? – Sua voz denotava preocupaçã o. – Temos que nos
assegurar que você ique segura.

-- Princesa... – Começou hesitante. – Nã o quero que se envolva nessa histó ria.

A empresá ria nã o desejava contar a jovem que a pró pria mã e estava envolvida em tudo aquilo.

-- Diga, eu desejo saber, eu preciso saber.

A condessa itou o tio e depois voltou a olhar a jovem.

-- Eu levei uma forte pancada na cabeça enquanto selava o Bastardo. – Deu uma pausa. – Quando acordei estava
amarrada e Alex estava lá ...

Miguel praguejou alto.

-- Nunca con iei naquele miserá vel!

-- Mas ele tinha denunciado... – Clara parecia incré dula.

-- Foi um plano para desviar a atençã o...

A Duomont a mirou, sentiu uma dor em seu peito ao ver os machucados em sua face.

-- Temos que avisar a Valentina... – A jovem já seguia até a porta, quando hesitou. – Ele quem te bateu?

-- Ainda tem mais...—Relutou. -- Marcos estava lá ... Ele me espancou... Estava fora de si...

-- Como? Minha mã e disse que estava com ele na festa...

A ruiva assentiu a irmativamente.

-- Era o á libi dele... A Clarice daria o mesmo á libi que deu quando seu avô foi assassinado...

A veteriná ria seguiu até ela.

-- Do que está falando?

-- Marcos matou Frederico Duomont e estava certo que faria o mesmo comigo e icaria impune... – O maxilar
enrijeceu. – Do mesmo jeito que icou impune o assassinato do meu irmã o... O desgraçado mexeu no carro... Marcelo mandou
fazê -lo... Só que ele pediu para avisar a Helena nã o ir junto, mas Marcos decidiu colocar um im de uma vez por todas no caso
que sua tia tinha com o pai dele.

-- O que a minha mã e tem a ver com tudo isso? – Pronunciou pausadamente cada sı́laba. – Fala!

-- Ela sabia de tudo... Mentiu no depoimento quando disse que Marcos estava com ela... Ela sabia o que eles estavam
fazendo comigo no está bulo...

Clara saiu do quarto.

Vitó ria tentou levantar, gritando de dor ao fazer o esforço.

-- Fique quieta, nã o deve se mexer. – O advogado repreendeu-a.

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-- Preciso icar com ela... – Insistia.

-- Deixe-a sozinha, ela necessita disso.

-- Nã o. Vá lá com ela, ique ao seu lado.

Miguel nã o encontrou Clara, mas fora informado por umas das enfermeiras que ela tinha seguido até a capela.

Tranquilo, decidiu ligar para a esposa.

Relatou tudo e com todos os detalhes, mas a delegada só se surpreendera quando o nome de Alex foi mencionado.

-- Temos que fazer algo.

-- Nã o se preocupe! – A delegada falava com segurança. – Felipe está me ajudando. Fizemos-nos pensar que a
Vitó ria está morta. Fui autorizada a usar uma escuta e grampear os celulares. Hoje mesmo já terei uma con issã o.

Daquela vez, Marcos, Alex e Clarice nã o tiveram chances de fugir. Uma semana depois do ocorrido, Valentina levou
os trê s até a delegacia.

A delegada estava sentada e observava a soberba e con iança no olhar dos que ali se encontravam.

-- Vou processá -la, delegada, isso é um absurdo. – O jornalista protestava. – Como ousa nos trazer aqui sob
acusaçõ es infundadas.

-- Quais provas tens de que tivemos algo a ver com o que aconteceu com a condessa? – Indagava Clarice espevitada.
– Nã o esqueça que minha ilha será a herdeira da Mattarazi, posso muito bem falar com seus superiores para que você seja
punida por isso.

Marcos se levantou impaciente.

-- Nã o farei parte dessa palhaçada! Nã o há testemunhas para as suas acusaçõ es...

A porta se abriu interrompendo-o.

-- Boa tarde, senhores... – Vitó ria Sorriu sarcá stica, encarando-os. – Olá , sogrinha...

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Capitulo 36 FINAL por gehpadilha

Notas do autor:

Olá , meninas :)

Hoje chega ao im mais uma histó ria... E mais uma uma vez só desejo
agradecer a todas pelo carinho e respeito que sempre tiveram por meus
enredos, desde que estive aqui pela primeira vez em Setembro de 2015
postando A tutora. Agora somo quatro romances que foram bem aceitos e
sempre esperados por todos.

Perdoe-me se em algum momento nã o agradei em algum dos tantos


capı́tulos ou se demorei demasiadamente, poré m saı́bam que sempre iz o
má ximo para que todos se sentissem bem ao ler meus textos.

Beijos a todas e até breve.

A condessa itou cada um dos rostos ali presente.

Contrariara as ordens mé dicas para estar ali naquele momento, tivera que discutir com a Maria Clara, pois ela
temia por sua segurança, poré m nada e nem ningué m a impediria de estar naquele lugar.

Sentiu uma pressã o nas costelas, ainda doı́a, mesmo com os analgé sicos que tomava. Talvez quando saı́sse da
delegacia retornasse ao hospital, mas naquele momento nã o arredaria os pé s dali.

Encarou os olhos arregalados de Clarice e mesmo tendo muita raiva daquela mulher, observando-a agora, també m
sentia pena, pena por ela ter que conviver com a dor que causara a ilha, pena por ela ter perdido tudo em nome de sua
ambiçã o cega.

Recordou-se de Felipe que fora de grande ajuda, ele colocara um microfone na roupa da respeitada senhora e
atravé s dele, conseguiram recolher as provas necessá rias para detê -los.

Fizera questã o de ouvir a gravaçã o e icou impressionada com a maldade daquele trio.

Esboçou um meio sorriso para Alex.

Conhecia-o desde que era uma criança e fora morar na fazenda. Ele sempre demonstrara interesse em sua pessoa e
quando icara viú va ainda tentara se aproximar, devido a isso muitas histó rias foram inventadas sobre eles, tudo mentira!
Jamais tivera qualquer tipo de interesse por tal critura, jamais se viu em seus braços.

Maneou a cabeça decepcionada.

Nã o chegara a pensar que ele fosse tã o desgraçado a ponto de tramar algo tã o macabro.

Estreitou as duas esmeraldas ao encarar Marcos.

Aquele nã o esboçava nada, apenas a covardia que era a mã e de suas açõ es.

Sempre tivera certa raiva dele, achava-o oportunista, até manipulador, poré m esquecera que personalidades como
a dele trazia també m junto a fraqueza de espı́rito.

Lembrou-se de que suspeitara da forma amigá vel que ele aceitara o processo de anulaçã o, agira como as cobras,
traiçoeiros e preparando o momento certo para dar o bote.

Nã o sabia como demonstrar a gratidã o que sentia por estar ali naquele momento, por ter conseguido sobreviver e
por ter algué m que a amava tanto ao seu lado a ponto de arriscar a pró pria vida por si.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Quando tudo aquilo terminasse iria pedir, implorar se assim fosse preciso para que sua princesa a aceitasse como
esposa, como sua companheira e dona por todos os dias de sua vida.

-- Como?????? – Clarice balbuciou. – Você estava morta...

Vitó ria observou as algemas que os prendiam e percebeu como eles tinham perdido aquela guerra.

-- Nã o... Graças ao anjo que é a sua ilha, estou aqui diante de ti... – Caminhou lentamente e com ajuda de Miguel,
sentou. – Nã o tenho raiva por ter tramado contra mim, seus sentimentos nunca foram os melhores. – O tom baixo e rouco
soava ameaçador. -- Poré m quando penso que a Clara poderia ter morrido na tentativa suicida de me salvar, sinto vontade de
apertar teu pescoço até ver se esvair teu ú ltimo suspiro.

A Duomont se encolheu diante daquela possibilidade.

-- A culpa é sua... Minha ilha se enfeitiçou por você ... Sua culpa... – Dizia chorosa.

A ruiva pareceu nã o acreditar na cena feita pela sogra. Deu de ombros, mirando os dois homens.

-- Quanto a você s... Gastarei até meu ú ltimo suspiro para que nunca saiam da cadeia, pois é lá o lugar de lixos...

Marcos tentou atacá -la, mas um dos policiais o tomou, derrubando-o e imobilizando-o no chã o.

-- Podem levá -los! – Valentina apontou a porta.

Podia-se ouvir os gritos da Clarice, suas lá grimas que naquele momento pareciam tã o falsas quanto uma nota de
quinze.

-- Nã o sabe como estou feliz em vê -la. – A delegada parecia emocionada. – Peço que me perdoe por tudo o que
passou, acho que fui injusta em muitos momentos e acabei nã o percebendo que era você a vı́tima de toda essa histó ria.

A condessa estendeu as mã os sobre a mesa, tendo as da esposa do tio nas suas.

-- Eu só tenho que te agradecer, você fez muito mais do que devia... – Piscou. – Hoje eu entendo o seu desejo secreto
de me tranca iar em uma dessas celas.

Os trê s caı́ram na risada diante do comentá rio.

-- Acho que a Clara terá essa vontade... – Miguel provocou.

Dias depois...

A condessa precisou retornar ao hospital devido à s costelas, icando por um tempo sob observaçã o.

Clara brigou até nã o ter mais fô lego com a amada e naquela manhã retornaram para a fazenda.

-- Acho que nã o vai icar bom...

Julieta itou o rosto da jovem todo sujo de farinha de trigo.

Ficou horrorizada ao ver a bagunça que se encontrava a cozinha.

-- Menina, em nome de Deus, que está s fazendo? – Começou arrumar algumas coisas. – Parece que um furacã o
passou por aqui.

A Duomont mordiscou o lá bio.

-- Queria fazer um bolo para a Vitó ria... – Limpou as mã os no avental. – Hoje é o aniversá rio dela... E mesmo eu
estando muito brava e ainda nã o tê -la perdoada por ter sido teimosa, queria preparar algo, lembrei que você tinha dito que
ela adorava bolo de chocolate.

A empregada se encostou à pia, tentando nã o cair na risada diante da cena que se apresentava.

-- Onde está a condessa?

-- Dormindo! Está emburrada por eu ter dado uma bronca e...

Levou a mã o a boca quando percebeu que quase dizia que tinha dormido no sofá , pois a ruiva tentou agarrá -la.

Maria observou o rosto da veteriná ria icar vermelho.

-- Ok, ok, eu irei te ajudar, mas por favor, tente nã o fazer tanta bagunça.

Clara icou tã o feliz que abraçou a boa senhora.

-- Suas mã os já estã o boas? Nã o quero que as machuque.

-- Estã o sim. – Beijou-lhe a face.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

O quarto estava mergulhado na penumbra.

A condessa despertou, felizmente ao se mexer nã o sentiu mais a dor incomoda nas costelas.

Nã o aguentava mais icar em repouso, ainda mais quando a mulher que amava nem se aproximava, porque achava
que a machucaria.

Discutiram na noite passada devido a isso, mas até tentava entender a posiçã o da amada de nã o desejar machucá -
la, poré m seu corpo estava em desespero para tê -la em seus braços.

A porta se abriu, Julieta adentrou o recinto, seguiu até a janela abrindo as cortinas, em seguida lá estava Clara.

A morena trazia um bolo de chocolate cheio de velinhas.

Sorriu!

Nem mesmo se lembrava que era o dia do seu aniversá rio.

Ficou emocionada quando as duas cantaram parabé ns pra você e se sentiu grata por Maria está ali. Durante todos
os seus anos, ela sempre lhe preparava um bolo e Vitor as acompanhava naquele momento.

Recebeu o abraço da esposa de Batista.

-- Que Deu lhe dê muitos e muitos anos para continuar perturbando as nossas vidas.

Vitó ria sorriu tocada pelo carinho que via no olhar da sua iel escudeira.

-- Obrigada!

A empregada deixou-as sozinhas.

A ruiva itou o ar doce e determinado da jovem.

Clara colocou a bandeja sobre a cama, em seguida sentou bem pró ximo a ela.

A empresá ria limpou-lhe a ponta do nariz que tinha resquı́cios de farinha.

-- Feliz aniversá rio, meu amor. – Colou os lá bios nos dela delicadamente.

A condessa saboreou a maciez daquela boca carnuda e a forma suave que sua lı́ngua se movimentava.

Segurou-lhe a nuca, trazendo mais para perto de si, abraçando-a forte, sentindo o contato dos corpos.

Aprofundaram ainda mais a carı́cia, até que necessitaram parar para respirar.

-- Obrigada, meu amor... Esse é o melhor aniversá rio da minha vida.

Clara pegou a bandeja colocando sobre o colo dela.

-- Nossa, esse bolo tá lambuzado de chocolate, do jeitinho que eu gosto. – Passou o dedo levando até a boca.

A Duomont observava, fascinada, os movimentos que ela fazia, lambendo tã o deliciosa iguaria.

Desde o incê ndio nã o se amaram mais, aconteceram tantas coisas, ainda mais pelo fato da ruiva ainda estar
convalescendo.

Maneou a cabeça para se livrar dos pensamentos con litantes.

Ainda nã o tinha tido coragem de ver a mã e, poré m Vitó ria insistiu em pagar um bom advogado para tentar
amenizar a pena.

A Duomont foi tirada de suas divagaçõ es por sua amada tossindo e cuspindo o alimento.

-- A Maria deixou queimar...

A expressã o da veteriná ria foi de constrangida até nã o conseguir segurar a risada.

-- Fui eu que iz. – Dizia sem conseguir segurar o riso.

A condessa a viu segurar a barriga de tanto gargalhar e acabou sendo contagiada por aquele som gostoso.

Afastou o bolo, trazendo a jovem para os seus braços.

-- Perdã o, moh, a Maria até que tentou... Mas eu acabei queimando... Entã o, a gente encheu de chocolate pensando
que você nã o iria perceber.

-- Que safadas! – Fez có cegas nela. – Achas que nã o perceberia, eu amo bolo de chocolate, sei o sabor dele.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Eu pensei que icaria bom...

-- Sei!

Vitó ria a deitou, pondo-se sobre ela.

Clara ainda gargalhava... Entã o a ruiva levantou-lhe a camiseta, abriu o sutiã , lambuzou a mã o com chocolate,
passando nos seios dela.

A Duomont a encarou, pensou em protestar, mas quando sentiu os lá bios lhe tocarem a pele cá lida, permaneceu
quieta.

A Mattarazi circundou os mamilos, melando-os, depois lambeu um a um. Repetiu o ato de cobri-lo, poré m a boca
agora se demorou mais, sugando... Chupando até ouvir a amada gemer baixinho.

Retirou-lhe a camiseta, passando a mã o pelo abdome irme.

-- Já sei como usar esse bolo... – Passou o dedo entre os seios até a braguilha da calça. – E já que você o queimou...
Eu preciso comer algo...

A garota se apoiou no cotovelo, itando-a.

-- Faça o que desejar, poderosa condessa, devo me redimir diante da senhora.

-- Ah, se vai se redimir, Branca de Neve... Eu exijo uma compensaçã o.

Clara mexeu o quadril, auxiliando-a a livra-lhe a vestimenta...

A ruiva tocou a calcinha de seda... Sentindo a maciez... Beijou o tecido demoradamente, aspirando aquele aroma
ú nico.

Delicadamente, retirou-a, deixando-a totalmente despida.

-- Você é a mulher mais linda de todo o mundo... – Ajoelhou-se entre suas pernas. – Poderia se mostrar para mim?

A Duomont dobrou o joelho, em seguida, abriu-se, mostrando toda a sua essê ncia feminina.

A empresá ria mordeu o lá bio inferior cheia de desejo.

Levantou-se, seguiu até a porta, fechando-a. Colocou a bandeja com a sobremesa sobre a cabeceira da cama. Mais
uma vez retirou grande parte do doce, espalhando em sua coxa.

Cravou os dentes na pele, mas nã o de forma violente... Passou a lı́ngua...

Clara se apoiou mais uma vez em seu braço para icar observando tudo o que a outra lhe fazia.

Rezou para que ela subisse mais e pareceu demorar um sé culo para que isso acontecesse... Viu-a seguir até sua
virilha... E implorou mentalmente por mais...

Vitó ria a itou, enquanto pegava uma grande quantidade de chocolate, passando na parte externa do seu sexo,
enquanto com o polegar, sentia-a molhada...

-- Sentiu minha falta? – Penetrou-a, enquanto lambia o chocolate. – També m necessitou desse momento? –
Substituiu os dedos pela lı́ngua.

A Duomont abriu-se ainda mais e quase desfaleceu ao senti-la se movimentar no interior do seu corpo...

Gemeu ao sentir o vai e vem delicioso, maneou o quadril mais rapidamente para senti-la mais forte, ouvia o som do
sexo sendo arrebatado e icou ainda mais excitada diante de tudo aquilo.

Segurou-lhe a cabeça para que ela nã o se afastasse...

-- Ain, delı́cia... Eu sou sua... Sua mulher... Faça o que quiser comigo... Sua...

As estocadas eram cada vez maior... Até os suspiros icarem mais fortes...

A condessa sabia que me breve sua mulher gozaria, poré m desejava compartilhar aquele momento ú nico com ela.

Afastou-se, deitando-a de bruços, mesmo sob os protestos apaixonados.

Clara a sentiu se posicionar sobre suas nadegas, levantou um pouco para que a mã o da ruiva pudesse tocar seu
sexo.

-- Você me pertence... – Sussurrava em seu ouvido. – Sempre irá me pertencer... Minha... – Invadiu-a... – Minha. –
Invadiu-a mais uma vez.

A Duomont a sentiu esfregar em si, movimentando-se mais e mais...

Nã o demorou muito para que ambas gritassem em puro ê xtase.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Alguns minutos depois, Clara descansava nos braços da amada.

-- Acho que vou querer que você cozinhe mais vezes. – Sussurrou em seu ouvido.

A jovem a itou.

-- Nã o, ainda me sinto decepcionada por meu bolo... Queria tanto te fazer algo de aniversá rio.

-- Mas você fez, princesa, eu amei... – Arrumou-lhe o cabelo. – Esse é o melhor aniversá rio de todos. – Beijou-lhe os
lá bios. – Eu te amo...

-- Eu te amo muito mais, Vitó ria Mattarazi.

Já era noite.

Valentina observava o marido se arrumar impecavelmente diante do espelho, seguiu até ele, abraçando-o por trá s.

-- Assim vou icar com ciú mes... Está s um gato.

O advogado se virou para ela.

-- Preciso caprichar, é o aniversá rio da minha sobrinha. – Deu-lhe um beijo rá pido.

-- Imagino que ela vai amar o presente que você leva.

-- Com certeza! – Sorriu.

Clara seguiu até a casa de Maria e Batista.

-- Sã o ordens da condessa que jantem conosco.

-- Mas, menina, de onde veio esse absurdo agora? – Batista protestou.

-- Bem, quero saber quem falará isso para a Vitó ria.

Depois de algumas discussõ es, acabaram aceitando, seguindo até a casa grande.

A mesa estava cheia de iguarias. Tudo fora preparado com muito esmero.

A condessa ocupava a ponta, tendo ao seu lado sua amada, Alé m de Batista e Maria, també m estavam presentes
Felipe, Miguel e Valentina com o pequeno Miguelzinho.

-- Tá uma delı́cia... – A delegada elogiou. – Vai ter bolo de chocolate?

Vitó ria nã o pode evitar o sorriso malicioso ao itar a Duomont.

-- Nã o sei, a Clara que anda se aventurando em fazer essas sobremesas.

Todos os olhares se voltaram para ela, observaram a face avermelhar-se instantaneamente.

-- E entã o, ilha? Estou ansioso para provar da sua receita.

A ruiva mordeu o lá bio para nã o cair na gargalhada.

-- Eu... – Gaguejava a jovem... – Eu... A Maria fez. – Disse por im.

-- Sim! – A ruiva segurou-lhe a mã o. – Mas a Maria que me desculpe, mas o seu bolo é muito gostoso. – Piscou
atrevida.

Clara levou o copo a boca, tentando conter o aquecimento da pele.

O jantar transcorreu animado e ao inal seguiram até a sala.

-- E como vai a fazenda, Felipe? – Serviu a todos com vinho, depois sentou na poltrona. – Sabe que em Junho
necessitarei de cana de açú car para a produçã o.

Clara acomodou-se ao seu lado, sentindo os carinhos feitos em seus cabelos.

-- Nã o terá que se preocupar quanto a isso. – O homem bebericou. – Eu mesmo cuido de tudo.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

A ruiva assentiu.

Miguel se levantou.

-- Como hoje é o seu aniversá rio, trouxe-lhe um presente. – Abriu a parta, retirando um envelope. – Aqui está ! –
Entregou-lhe.

A condessa aceitou, abrindo-o, leu o conteú do, esboçando um sorriso de felicidade.

-- Esse foi o segundo melhor presente que ganhei hoje... – Deu-lhe a Clara. – Agora basta que o seu pai me dê a
permissã o de fazê -la o icialmente minha esposa.

-- Pode ter certeza que aceitarei todas as decisõ es da minha ilha. – Levantou o copo em um brinde. – Que todos
possamos ser felizes.

Dois dias depois a condessa precisou se ausentar devido um grave problema em uma de suas iliais.

Desejou levar consigo a futura esposa, poré m teve que deixá -la, pois a jovem estava resolvendo todos os tramites
do casamento que aconteceria o mais rá pido possı́vel, sem falar que ela icará responsá vel por administrar a cidade.

Miguel estacionou em frente a fazenda.

Clara pedira que ele a acompanhasse até o lugar onde a mã e estava presa.

Toda a trajetó ria fora feita em silê ncio.

A Duomont parecia perdida em seus pró prios pensamentos, até chegarem a enorme construçã o de muros altos.

Vitó ria conseguira com um desembargador que o encontro das duas nã o fosse de forma tã o fria, mas como a
mulher ainda nã o tinha sido julgada, ele abriu uma exceçã o.

O advogado a deixou sozinha na sala e nã o demorou para que a mulher entrasse.

A jovem de inı́cio apenas icou a observar e icou consternada ao ver como aqueles quinze dias tinham apagados a
energia e vigor que sua mã e sempre exibia.

Levantou-se e foi até ela.

Clarice parecia envergonhada, recuada e temente, entã o se sentiu abraçada fortemente pela ilha, permaneceu
quieta, os braços caı́dos nas laterais do corpo e as lá grimas lhe turvando a visã o.

Lentamente, estreitou-a e pareceu que o tempo voltava no dia que a teve pela primeira vez em seus braços.

-- Por que veio? – Indagou, afastando-a. – Nã o desejo que volte a esse lugar.

Clara lhe tomou a mã o, fazendo-a sentar ao seu lado em uma poltrona.

-- Precisava te ver... – Disse em o io de voz.

-- Eu nã o mereço... – A mulher soluçava. – Nã o mereço o seu amor, arrisquei sua vida... Perdoe-me... – Ajoelhou-se
diante dela. – Por favor, me perdoe.

A Duomont a levantou, fazendo-a se acomodar novamente.

-- O advogado irá ajudá -la, em breve sairá daqui.

-- Nã o! – Levantou-se. – Nã o desejo sair daqui.

-- Como nã o, mamã e? – Seguiu até ela.

-- Preciso pagar por tudo o que iz. – Tocou-lhe a face. – Quando penso que por mina culpa você poderia ter
morrido, sinto-me o pior ser do mundo, pois até os animais irracionais protegem suas crias, e eu nã o.

-- Mamã e... – Protestou.

Clarice fez um gesto para que ela silenciasse.

-- Seja feliz e deixe que sua mã e possa seguir o melhor caminho.

As lá grimas de ambas selaram aquele momento, o ú nico em que a jovem Branca de Neve saboreou realmente o
sentimento de amor materno.

Dias depois.

A noite já estava alta, as estrelas enfeitavam o imenso abobado.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

Clara estava na varando do quarto, nã o conseguia dormir. Ansiava para que o dia seguinte chegasse, nã o apenas
porque seria o momento de se unir o icialmente com a mulher que amava, mas també m o seu regresso.

Deitou na rede.

Fitou o celular.

Esperava a ligaçã o da amada, como fazia todos os dias desde que viajou. Esperava que ela nã o demorasse no dia
seguinte, pois nã o gostara de jeito nenhum de saber que a futura esposa só chegaria no dia do enlace.

Pontualmente a viu chamar em vı́deo. Atendeu!

-- Boa noite, princesa Branca de Neve!

A Duomont sorriu.

Observou-a.

Decerto tinha acabado de sair do banho, pois os cabelos estavam molhados, usava um roupã o negro, estava deitada
em sua cama.

-- Boa noite, senhora condessa. – Piscou. – Espero que suas malas já estejam prontas.

-- Acredite, meu amor, por mim, viajaria hoje mesmo, meu corpo clama pelo seu... Meus lá bios necessitam dos seus
beijos...

Clara sentiu um arrepio percorrer a espinha.

-- Amanhã estaremos juntas e saiba que nã o permitirei que viaje sozinha.

-- Nem eu quero! – Sorriu. – Desejo apenas icar contigo...

A jovem princesa bocejou.

-- Fica comigo?

-- Sim, meu anjo, durma que icarei aqui velando seu sono.

-- Te amo, meu amor...

-- Te amo muito mais...

Vitó ria permaneceu ali, ouvindo a respiraçã o da amada icar mais tranquila, observou a expressã o de paz em seu
semblante.

Abraçou o travesseiro, fechou os olhos e icou a imaginar que estava nos braços da veteriná ria.

Valentina e Miguel recepcionavam os convidados.

A celebraçã o do casamento seria no pá tio de trá s da fazenda. O gramado verde forrava o a terra.

Foram colocadas muitas cadeiras e toda a populaçã o da cidade fora convidada.

Havia lores em toda extensã o, vermelhas e brancas.

As pessoas pareciam felizes e ansiosas para ver as noivas.

-- O juiz já está esperando. – A delegada avisou ao marido. – Onde está a sua sobrinha.

-- Já deve está vindo, o helicó ptero já pousou. – Fitou o arco que fora montado para a passagem das noivas. – Nossa,
a Clara está parecendo uma verdadeira princesa.

Todos os olhares se voltaram para a Duomont.

O advogado viu o celular tocar e lá estava a mensagem que precisava.

Fez um gesto a irmativo para Clara.

A Duomont usava um vestido branco, de alças inas, e a seda se ajustava ao seu busto, sendo um pouco mais solto
até os joelhos. Seus pé s estavam descalços, usava uma coroa de lores e seus cabelos estavam soltos.

Felipe a levava e demonstrava o orgulho de conduzi-la pelo braço.

Miguel seguiu até onde estava a sobrinha e icou maravilhado com a beleza estonteante da ruiva. O vestido era
idê ntico ao da futura esposa, usava a coroa de lı́rios, as madeixas ruivas brilhavam como fogo ao sol.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

O advogado conduzia a bela Mattarazi.

Clara a itava enamorada, demonstrando em seu olhar o encantamento por vê -la. Os de ambas pareciam atraı́dos
por imã , os verdes agora demonstravam toda a felicidade daquele momento, os negros o amor tã o intenso que trazia em seu
peito.

Chegando diante da noiva, Miguel uniu a mã o das duas.

Agora era vez de Miguelzinho. Todo vestido de branco, trazia uma pequena cesta as alianças do casal.

O relinchar de Bastardo, fez com que as duas mulheres mirassem em sua direçã o. O garanhã o exibia sua melhor
cela e ao seu lado estava a linda Branca de neve.

-- Estamos aqui reunidos para unir em matrimô nio essas duas jovens que atravé s do amor decidiram seguir o
mesmo caminho...

Valentina abraçou o marido, vendo como seus olhos pareciam emocionados, mas nã o era só ele, viu uma lá grima
solitá ria banhar a face do Duomont e també m sentiu essa mesma vontade de chorar, a inal, foram tantas barreiras para que
elas chegassem até ali, tantos medos superados, ó dios e mentiras, poré m o amor fora mais forte e vencera aquela difı́cil
batalha.

Trê s anos depois...

-- Conta, mamã e, quelo ouvir a histó lia da condessa má .

Vitó ria sorriu, observando pela porta entreaberta a esposa inclinada sobre o enorme berço onde repousava duas
garotinhas.

Suas ilhas: Aline e Alice.

Elas nasceram praticamente na mesma é poca, com dois dias de diferença. As duas mulheres decidiram fazer a
inseminaçã o e foram abençoadas com as duas crianças. Aline fora gerada por Clara e nascera com os cabelos vermelhos da
condessa e olhos azuis, Alice fora gerada pela ruiva e essa trazia os traços da Duomont, melhor, da Duomont de Mattarazi.

-- Contarei rapidinho, pois já está na hora de dormir.

As meninas gritaram de felicidade.

-- Era uma vez uma condessa muito linda que morava em um castelo cheio de escuridã o... Ela era arrogante,
orgulhosa... Uma dama de gelo! – Clara itou os olhos das garotinhas, pareciam hipnotizadas.

-- Ela comia “kiancinhas”? – Aline indagou temerosa.

-- Nã o, mas era assustadora, ainda mais quando subia em seu garanhã o negro...

-- Nã o esqueça de falar sobre a princesa de olhos de feiticeira.

As crianças vibraram em ver a empresá ria, dando os braços para serem pegas no colo.

A ruiva inclinou-se, trazendo as duas para seus braços.

-- Mamã e ta contando a histó lia da condessa de cabelo de fogo...

Os olhares das duas mulheres se encontraram.

-- Eu sei... – Disse Vitó ria, itando a esposa. – Ela adora esse enredo...

-- Termine de colocá -las para dormir, preciso banhar para descansar. – Piscou atrevida.

A veteriná ria beijou cada uma das ilhas, deixando-as sozinha com a Mattarazi.

-- Vai terminar a histó lia, mamã e? – Alice beijou a face da empresá ria.

-- Sim, vou contar como a condessa má se tornou um cordeirinho doce e inofensivo.

Era quase madrugada, a lua iluminava o quarto do casal, os gemidos de prazer podiam ser ouvidos, cheios de
paixã o.

Clara deitou nos braços da amada, exausta.

-- Acho que precisamos dormir... – Fitou-a. – Amanhã terei muito trabalho na clı́nica.

Vitó ria lhe enlaçou pela cintura.

-- Nã o esqueça que a Branca de Neve está quase para ter o herdeiro do Bastardo.

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14/08/2018 A condessa bastarda! por gehpadilha - Lettera

-- Amor, é o segundo ilho dele, você fala como se fosse o ú nico.

A ruiva tomou-lhe a boca.

-- O Bastardo é rico precisa de muitos herdeiros.

-- Igual você que já está a pensar em outros ilhos?

-- Bem, vai dizer que nã o adora isso? Nossas ilhas correndo pela fazenda, brincando felizes.

-- Ló gico que adoro, mas ainda nã o decidi se gosto quando a mã e delas é muito permissiva.

-- Ah, mais isso só acontece algumas vezes... – Tomou os seios da amada em suas mã os. – Mas eu te ajudo a cuidar
delas... – Levou um dos montes à boca. – Até as levo comigo para o trabalho em alguns momentos.

Clara mordeu o lá bio inferior, sentindo o corpo se excitar novamente.

-- Acho até bom porque nenhuma sirigaita ica dando em cima de ti...

A ruiva girou, posicionando-se sobre ela.

-- Nã o tem do que reclamar, até transferia a Larissa para Roma só para fazer suas vontades. – Desceu a mã o até o
sexo molhado.

-- Depois disso, nunca mais você pisou na Itá lia sem a minha companhia. – Abriu-se mais. – Tenho que cuidar do
que é meu... – Beijou-lhe. – E você me pertence, condessa bastarda...

Mattarazi sorriu, mordiscando a orelha.

-- Eu te amo, Branca de Neve... Minha princesinha de contos de fadas...

E naquela noite, mais uma vez o amor reinava no lugar onde um dia só houvera dor e tristeza, a felicidades
começava deixar seus frutos.

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