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Katharine Ashe - O Clube Do Falcão 05 - O Conde (Viagem No Tempo)
Katharine Ashe - O Clube Do Falcão 05 - O Conde (Viagem No Tempo)
Katharine Ashe
Sinopse
A MISSÃO
Encontrar pessoas desaparecidas e trazê-las para casa.
O diretor
Anônimo
(Duque de Read — secreto)
Os agentes
Colin, Conde de Gray — Peregrino, Secretário do Clube
(recentemente afastado)
Lady Constance Read — Pardal (Afastada)
Leam, conde de Blackwood, herdeiro do duque de Read —
Águia (Afastado)
Capitão Jinan Seton — Falcão do Mar/ Faraó (Afastado)
Wyn Yale — Corvo (Afastado)
A sua Nêmesis:
Lady Justiça, panfletista (ativa como sempre)
Uma nota da autora
O Menino Silencioso
Outubro 1801
Maryport Court, Cumbria, Inglaterra
A Lady
Londres, 1822
Da Londres Weekly:
Lady Justiça
Brittle & Sons, Impressoras de Londres
Querida Madame,
Durante cinco anos você criticou-me publicamente e aos
outros membros do meu clube. Publicou as cartas que lhe
escrevi, pedindo que deixasse de nos perseguir e, ao lado as
suas respostas a essas cartas. Fez falsas acusações e
deliberadamente entendeu mal o nosso propósito. Por entre o
ressoar da revolução você as publicou para que qualquer tolo
com libras pudesse comprar seus panfletos, me insultando, e a
meus amigos e a todos os homens que nos governam. Você tem
sido uma pedra o meu sapato.
Agora, que o Falcon Club finalmente se desfez, me escreve
— em particular — implorando minha ajuda.
Como eu devo responder? A descarada Lady Justiça
ajoelhada implorando a um membro entediado e devasso da
classe mimada e privilegiada por ajuda? Eu mal posso tolerar
isso. Devo publicar seu desesperado apelo para que o mundo
leia e julgue, tal como você publicou cada uma de minhas cartas
para você?
Eu não o farei. Em vez disso, agora farei as minhas
exigências. Diga-me como você descobriu a verdadeira missão
do clube e a razão pela qual você não revelou isso ao seu
público. Depois demonstre-me que sua coragem é pelo menos tão
grande quanto sua bravura: encontre-me cara a cara. Só então
considerarei seu pedido de ajuda.
Em antecipação da sua aquiescência,
Peregrino, ex-secretário do Falcon Club
Peregrino
14½ Dover Street, Londres
Prezado Senhor,
Durante anos você tem me insultado, provocado,
atormentado e flertado comigo através de sua correspondência,
quando tudo que eu busco, tudo que eu procuro é a melhoria
deste reino para o benefício da maioria de seu povo, pessoas que
você chama — tolos, — para que todos possam desfrutar de
suas riquezas e prosperidade, e não apenas os poucos
privilegiados e ricos que acumulam poder. Que você continue
afirmando que é a parte prejudicada me surpreende. Você disse
que eu sou uma pedra no seu sapato? Fico feliz por ter-lhe
causado desconforto! Quando um homem sente a maior dor é
que seu verdadeiro caráter é revelado — covarde ou herói.
Não posso dizer-lhe como descobri o objetivo do Falcon
Club. Comecei a suspeitar disso nos meses que se seguiram à
minha descoberta da verdadeira identidade do membro de seu
clube, que atendia pelo nome de Corvo. Se você possuísse
alguma inteligência, teria notado a mudança na minha
correspondência naquele momento: eu parei de fazer acusações
contra o seu clube. Meus comentários depois foram dirigidos
exclusivamente a você, às injustiças e as desigualdades sofridas
por inúmeros assuntos da coroa, dos quais homens como você
são completamente ignorantes, dando de ombros e afastando-se
na pior das hipóteses.
Quanto à sua segunda demanda, nunca te encontrarei
pessoalmente. Fazer isso seria pôr em perigo aqueles com quem
trabalho. Não vou pôr em risco a segurança das pessoas que eu
amo com o fim de satisfazer a sua vaidade. O desespero, no
entanto, me obriga a renovar o pedido de minha carta anterior.
Permita-me apresentar meu caso diante de você, por escrito e me
ajude.
Sinceramente, Lady Justiça
Querida lady,
Estou impressionado com sua tenacidade. Na verdade,
estou emocionado. Sua lealdade a seus amigos e sua
determinação em manter sua segurança apesar de sua
necessidade é louvável. Isso altera minha opinião sobre você
dramaticamente. Não só isso. Me deixa mais esperançoso como
nunca antes.
Como pode ser que o terno coração feminino que bate tão
sinceramente por esses amigos e as pessoas da Inglaterra
poupe um espaço para mais uma alma?
Temos sido amigos íntimos nas nossas cartas pública há
anos que sinto que a conheço. Eu quero que você me conheça
também, sinceramente. Permita-me reivindicar sua amizade
pessoalmente para que possa ver em seus olhos sua admiração
por mim e, ao ouvir a estima em minha voz, saber que sou —
finalmente — um homem mudado por sua causa.
Encontre-me e eu juro respeitar o seu pedido de ajuda.
Com esperança,
Peregrino, ex- secretário do Falcon Clube
Caro Senhor,
Da condenação à sedução em tão poucas linhas! Você me
deu uma chicotada. Suas lisonjas, no entanto, não me seduzem.
Não permitirei que me seduza através de cartas para me fazer
cair ofegante na mais perfeita idiotice. O fato de você imaginar
que ganhará minha submissão tão facilmente através de uma
duplicidade de insultos tão transparente, me faz pensar se
realmente leu uma palavra do que escrevi nos últimos cinco
anos.
Repito: eu não irei encontrá-lo.
Mas, em um fato você forçou–me a ceder. Vou divulgar o
teor do meu pedido, na esperança de que sua humanidade
supere sua teimosia e venha em auxílio de alguém que está em
perigo.
Uma jovem das minhas relações desapareceu. Durante
vários anos escreveu-me das Índias Ocidentais com perfeita
regularidade, contudo, não recebo uma carta sua em meses.
Tenho razões para crer que tentava desvendar um mistério e
viajou para a Escócia em busca de respostas.
Eu não tenho recursos para investigar o seu
desaparecimento como eu gostaria. Desejará o senhor confirmar
a minha opinião original, de que não passa de um aristocrata
ocioso, apenas com divertimentos mesquinhos a inspirá-lo? Ou,
Sr. Peregrino — até recentemente um agente secreto, dedicado a
encontrar pessoas perdidas, — ajudar-me-á?
Impacientemente, Lady Justiça
CAPÍTULO 2
O Lorde
Setembro de 1822
Maryport Court - Cumbria, Inglaterra
Mais uma tarefa, não para o clube ou seu diretor. Para ele
mesmo.
Ele retirou uma folha de papel e uma pluma e escreveu
três palavras em resposta. Selando a carta, ele puxou a
campainha chamando seu criado. Enquanto esperava, ele foi
até a janela.
— Informe ao Sr. Grimm que ele retornará a Londres
imediatamente com isso, — disse ele quando Cooper entrou. —
E prepare-se para a minha partida amanhã.
Ele olhou para a colina, para as duas árvores ao longo da
estrada. Elas haviam crescido entrelaçadas, seus galhos
emaranhados, a casca cinzenta de um e o marrom da outra
quase indistinguíveis em seu abraço. Assim como o jardineiro
havia predito anos atrás. Assim como sua mãe, estupidamente,
havia planejado.
— E, Sr. Cooper, — disse ele. — Diga ao jardineiro que eu
gostaria de vê-lo.
****
Londres, Inglaterra
Um Encontro, Finalmente
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A Promessa
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Minha lady,
Sua irmã está na Escócia e precisa de sua ajuda. Ao
amanhecer da manhã do Dia de Todos os Santos, venha ao
portão sul do Castelo Kallin e você se encontrará com ela.
Um amigo
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O Voo
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Colin chegou ao cume. Diante deles, na base da colina,
Loch Lomond se espalhava em magnificência clara e cintilante
até a margem oposta. Ao redor, as árvores estavam vestidas
para o outono em vermelho, âmbar e ocre. Em uma hora,
quando as névoas se dissipassem, o lago refletiria o céu azul e
a cena seria de tirar o fôlego.
Mas era tão fácil desviar o olhar da beleza natural da
Escócia para o perfil da mulher, como sempre fora fácil ignorar
o resto do mundo quando Emily Vale estava por perto.
— Eu imploro seu perdão, — disse ele.
— Para o quê? Por fazer a suposição que a maioria dos
homens fazem quando uma mulher os rejeita: que ela deve ter
se desviado de alguma maneira?
— Por perguntar a você o que não é meu direito saber. —
Seus ombros subiram para cima em uma inalação dura.
— É um lago lindo, — disse ela. — Mas eu gostaria que
fosse uma enorme tigela de mingau. Ou um pouco de bacon,
um prato de bolinhos e um bule de chá.
— Você é verdadeiramente extraordinária.
— E, no entanto, para todos os adjetivos superlativos que
você aplica a mim, não consigo fazer o café da manhã aparecer
magicamente diante de nós agora. Várias colinas atrás eu vi
ovelhas. Eu me pergunto que gosto tem o guisado de carneiro.
Eu suspeito que Clarice saiba. Os franceses são tão aventureiro
com a sua cozinha. — Ela mordeu sobre seus lábios. — Eu não
deveria tê-los deixado.
— Eles não estão sob suspeita. Eles estão bem.
— Eu gostaria que pudéssemos usar sua pistola para tirar
o café da manhã. Mas você deve guardar as balas para
ameaçar os homens furiosos, é claro. — Ela virou-se totalmente
para ele. — Por que não nos entregamos a eles? Quão difícil
poderia ser convencer uma multidão enfurecida pelo roubo e
assassinato de nossas identidades reais?
— Essa é a sua fome falando.
Seu rosto abruptamente corou de rosa.
— Então, claramente, não devo deixar minha fome me
dominar. — Ela recolheu suas saias e desceu a colina. — Loch
Lomond se estende quase ao Norte, — ela disse para ele. — Nós
certamente ultrapassamos Luss. A aldeia de qualquer tamanho
mais próxima ao longo da margem deve ser Tarbet.
— Como você sabe disso? Eu pensei que suas viagens
escocesas só a levaram a propriedade de Edimburgo e
Blackwood.
— Estudei os mapas dessa região antes de fazer essa
viagem. O terreno continuará montanhoso. Se seguirmos a
margem do lago, será preciso menos escalada e nos moveremos
mais rapidamente para o Norte, e é mais provável que nos
deparemos com casas. Esta não é a única estrada de Stirling
para as ilhas ocidentais, mas é menos montanhosa e mais
curta do que a viagem ao redor do extremo Norte de Loch
Lomond. Deve ter ocasionalmente habitações. De fato, eu
dependo disso. São dez milhas, pelo menos, para Tarbet, de
Luss, e outras cinco para o porto de Ardlui, e eu realmente não
acho que possa andar tão longe sem uma refeição ou uma
troca de roupa. Que intrépidos viajantes do mundo devemos
ser.
Tão intrépida quanto esta mulher, aparentemente. Mas o
plano dela combinava com o dele. Cada pedaço de informação
que ele tinha recolhido dos movimentos de Penny Baker desde
o Leste do Porto de Leith, a Oeste de todo o país, mostrou-a
viajando para o Oeste. Um vendedor ambulante com quem ele
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compartilhara ales em Stirling acreditava ter visto a
senhorita Baker perto de Tarbet no inverno. Outro viajante a
colocou em Arrochar. Ele não ficou surpreso com a longa
memória desses homens: uma mulher de pele morena e um
sotaque das Índias Ocidentais era facilmente perceptível no
interior da Escócia.
Mas em Balloch a trilha esfriara. Eles estavam muito mais
interessados em estudar sua imagem e se alguém ali tivesse se
lembrado dela, não compartilhariam a notícia com um ladrão
de estrada.
Uma vez que Emily estivesse a salvo e ele tivesse
esclarecido esse perigoso caso de identidade equivocada, ele
buscaria a trilha de Penny Baker novamente e a encontraria.
A influência da agitadora espalhara-se, até mesmo para
uma minúscula e remota taverna em um vale rural da Escócia,
movimentando a ira de homens ignorantes contra seus
superiores. Lady Justiça devia ser parada. Os homens e as
mulheres da Grã-Bretanha sofreram bastante com a guerra no
exterior nas últimas décadas. Não precisava de guerra entre
compatriotas em seu próprio solo. Ele exporia publicamente
Lady Justiça como uma anarquista em busca de fama, e a
desmascararia antes que mais pessoas fossem seduzidas por
suas mentiras.
O dia tinha surgido completamente no esplendor outonal,
o sol iluminando a severa paisagem e o céu em rica
magnificência. A mulher em meio a tudo — francamente
vestida, espetacularmente fatigada, e reclusa — parecia tão à
vontade neste deserto acidentado quanto há anos atrás no
vasto parque de Willows Hall, nas florestas e nos penhascos de
Egremoor.
Cinquenta metros à frente dele, a luz do sol ficou presa em
seus cabelos quando ela se moveu para além de um conjunto
de árvores, e Colin parou para observá-la. Anos atrás, quando
a família do Conde de Vale veio para o Norte em busca de
férias, o simples som de sua voz, quando ela atravessou as
portas de Maryport Court e chamou seu nome, acalmou toda a
sua ansiedade.
Então, durante a noite, o oposto se tornou verdade.
Agora ele esperava semear a paz entre os britânicos
governantes e súditos, quando ele mal conseguia evitar brigas
com uma mulher que conhecera a vida inteira, não era um bom
presságio para sua chance de sucesso. Mas Emily era uma
exceção a todas as regras.
E ela tinha a pele mais macia e suave que qualquer
mulher que ele já havia tocado.
E sob o seu vestido escuro, ela usava uma anágua de
seda, com fitas de cetim amarrando seu espartilho.
E o deslocamento suave do linho fino se agarrava a suas
nádegas como se fosse a modesta roupa íntima de uma dama.
E suas pernas eram ágeis e fortes e seguravam os quadris
de um homem como se ela passasse todos os dias na sela
montada.
E ele não deveria saber nada disso. Mas ele sabia. E ele
não conseguia tirar isso da cabeça. Ou o cheiro do cabelo dela,
uma mistura inebriante de sálvia e mel. Ou o brilho de seus
olhos quando ela sorria. Ou sua coragem diante de uma
ameaça fantástica.
À frente, uma estrada estreita corria para as colinas nas
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margens do lago abaixo. Uma dilapidada ribanceira de canto
caia contra a metade da estrada e quase inclinava-se para o
telhado frágil de uma cabana com teto de palha onde a estrada
apontava abruptamente para o ápice. Ela parou antes, virou-se
para ele com o dedo indicador sobre os lábios e levantou a mão,
a palma na direção dele. Ele balançou a cabeça. Seus olhos
brilharam com desagrado e ele quase riu. Mas ele permaneceu
imóvel e silencioso, sobre ele o gorjeio dos pássaros e o
farfalhar do lago abaixo.
Em seguida, ela partiu, além do canto da inclinação da
ribanceira, em direção a cabana e seus músculos agruparam-
se para saltar atrás dela.
Protegê-la-ia quer ela gostasse ou não? Ou confiar em sua
inteligência e coragem?
Ele enfiou a mão no bolso para pegar a pistola e ficou em
pé. Foi a coisa mais difícil que ele fez em anos.
CAPÍTULO 8
****
Seus passos haviam se abrandado e Colin diminuiu seu
ritmo, também para permanecer vários metros atrás dela.
Quando as batidas dos cascos soaram à distância, rítmicas
como as batidas duras de seu coração, eles caminhavam ao
longo de um trecho reto, totalmente expostos do Norte ao Sul.
Ele foi para o lado dela e ela olhou em volta. Um cavaleiro
solitário galopava ao longo da estrada em direção a eles.
— É tarde demais para correr para as árvores, — ela disse.
— E não acho que possa correr até essa inclinação de qualquer
maneira. É muito íngreme e minhas pernas estão muito
cansadas. Eu acredito que eu entraria em colapso.
— É apenas um homem.
— Um homem que poderia ir embora e dizer a muitos
homens que nos viu.
— Então, esperemos que ele não esteja procurando por
nós.
Quando o cavaleiro se aproximou, ele diminuiu a
velocidade e parou ao lado deles. Por seu roupa, ele parecia
mais cidadão do que agricultor. Colin não o reconheceu do
grupo de Laird's Leed. Ficando entre o cavalo e Emily, ele
assentiu.
— Bom dia, senhor, — o cavaleiro disse com um aceno de
cabeça.
— Bom dia, — disse Colin.
— Suponho que você tenha visto dois cavalheiros viajando
por ai, um quase de sua altura, senhor, e o outro um rapaz
mais baixo. — Ele olhou para Emily.
— Nós não vimos.
O cavaleiro olhou para ele por mais um longo momento.
Então enfiou a mão no casaco.
No instante seguinte, dois canos de pistola se
enfrentaram.
— Devolva isso para o seu bolso e eu não vou atirar em
você, — disse Colin.
A testa do escocês brilhava de suor.
— Quais são seus negócios neste condado, senhor?
— Meu negócio não é teu assunto. Mas garanto-lhe que
não sou nem ladrão nem assassino. — Ele deu um passo em
direção ao homem montado. — Ainda.
Emily começou a chorar.
O cavaleiro olhou para ela e Colin mergulhou para a frente
e descarregou o cabo da arma no joelho dele. O homem uivou.
Colin rebateu sua pistola para longe. O cavalo recuou. Colin
agarrou as rédeas. Chutando para fora, o escocês procurava
pelos couros das rédeas.
— Pare! — A voz de Emily soou clara através do lago. —
Ou eu vou atirar em você.
Ela estava do outro lado do cavalo, apontando a pistola do
escocês para sua cabeça com uma mão sublimemente firme.
O homem ficou imóvel.
— Como, talvez, você já esteja ciente, senhor, eu sou
certeira com um tiro, — disse ela. — Eu recomendo que você
faça exatamente como sua senhoria requeira agora. E nem
sequer considere estimular este cavalo para a frente ou vou
atirar na parte de trás da sua cabeça enquanto você foge.
As narinas do escocês se dilataram. Mas seus lábios se
fecharam.
— Incline-se para frente e envolva seus braços em volta do
pescoço, — disse Colin.
O sujeito o fez rapidamente. Colin removeu o freio da
cabeça do animal e usou as rédeas para amarrar os braços do
homem. Então, virando o cavalo para a direção de onde tinham
vindo, com um grito ele bateu em sua coxa, e o cavalo saiu em
um galope.
Emily ficou imóvel, a pistola apontada para o cavalo em
retirada e o cavaleiro. Quando eles desapareceram em uma
curva, seus braços finalmente caíram. A pistola pendurada em
seus dedos, ela vacilou.
— Bom Deus, — disse ela sem ar.
Ele pegou a arma de seus dedos flácidos, jogou-a para
longe e a pegou em seus braços quando ela desabou.
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Um Abotoar
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— Emily.
Sua voz veio através dos sonhos.
— Emily, acorde.
Ela arregalou os olhos para a escuridão iluminada por
uma única vela. Um homem apareceu ao lado da cama. Colin.
Seus ombros largos. Seus braços fortes. Sua poderosa
presença. Ao lado da cama dela.
Ela certamente, ainda, estava sonhando.
Ela se virou de lado, longe da aparição.
— Emily.
Ela olhou por cima do ombro. A aparição estava muito
rígida para ser qualquer coisa, mas na verdade era ele.
— Você é real, — ela murmurou.
— Acorde.
— Estou acordada. Já é de manhã? — Não poderia ser.
Até a medula óssea dela latejava.
— É hora de partirmos.
O calor do sono arrastou-a para baixo novamente. Seu
sonho tinha sido muito mais agradável do que isso.
— Mm-humm.
— Sair da cama.
Lentamente ela forçou suas pálpebras a se abrir
novamente.
— Que hora são?
— Uma hora antes do amanhecer. — Ele virou as roupas
de cama para o lado. Ela se arrastou para fora do colchão e ele
encheu as mãos dela com suas próprias roupas.
Ela pegou seus óculos.
— Estou supondo que essa pressa é necessária, — ela
sussurrou.
— Sim, é.
— Deve abotoar-me de novo, a menos que tenha trazido a
Sra. Archer, que não ficaria satisfeita por você está aqui,
testemunhando, ao me ver vestindo apenas minha camisa e
meias.
— Rapidamente.
Na oscilante luz da vela, ele abotoou seu espartilho de
novo e depois seu vestido, e ela suportou, porque ainda estava
quase dormindo e não tinha outra escolha. Ela escreveria seu
próximo panfleto sobre os males da roupa que exigiam que
uma mulher tivesse assistência para se vestir, tornando-a
dependente de outra pessoa até mesmo para sair de casa. Mas
certamente essa era toda a ideia da alta costura: os tecidos
mais delicados e os abotoadores inacessíveis, os servos
necessários para preparar os vestidos e depois para vestir,
portanto a riqueza era óbvia e mostrada no simples ato de usar
roupas. Seus dedos roçaram a curva de suas nádegas e
instantaneamente ela estava compondo o panfleto em sua
cabeça — qualquer coisa para distrair da selvagem imagem do
seu sonho e de suas mãos circulando sua cintura e puxando-a
de encontro a ele.
Isso não aconteceu.
Vestida, ela rastejou atrás dele descendo as escadas. A
noite ainda estava excepcionalmente quente e, em um matagal
perto da parede, um grilo solitário cantava para as estrelas.
Mas Colin não andou em direção ao estábulo. Em vez disso, ele
gesticulou para a igreja. Na escuridão ela o seguiu, com os pés
afundando na terra coberta de musgo, quando passaram pela
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porta e contornaram a curva externa da abside . Com um
brilho negro e ampla sob a lua, o lago chegava a margem,
batendo ritmicamente em um modesto cais.
Amarrado no fim da doca estava um barco a remos.
— O que estamos fazendo? — Ela sussurrou.
— Escapando no escuro da noite, — ele respondeu,
soltando a corda que prendia o barco ao cais. — Eu pensei que
era óbvio. — Ele estendeu a mão.
— Mas por quê? Os barqueiros estarão dispostos a nos
ajudar.
— Eu não estou inteiramente certo disso. Mas, se
estiverem dispostos a ajudarem, devem ficar agradecidos em
vez de não serem arrastados para o perigo.
— Você quer preservá-los de problemas, não é? Ele é tão
velho e enfermo.
— Por que devo exigir continuamente que você entre no
transporte? — Ele perguntou. Impacientemente.
— Se você esperava uma mulher dócil com quem
compartilhar esta horrível aventura, esperou em vão. — Mas
ela tomou sua mão e entrou cautelosamente no barco.
Deslizando no banco, ela puxou as saias apertadas em
torno dela e olhou para a silhueta maciça da igreja na margem
acima.
— Eu não gosto de deixar Pip assim, no meio da noite, —
ela disse. — Nem mesmo com pessoas da igreja.
Ele apontou para uma pilha de cobertores no chão entre
eles, depois empurrou a embarcação para longe da doca e
pegou os remos. Ela levantou o cobertor no canto e observou
um pequeno pé. Baixando o cobertor, ela olhou para ele.
Ele balançou a cabeça e puxou os remos. Ela entendeu. O
som dos remos era rápido e claro sobre a superfície do lago. Até
mesmo o bater dos remos levemente no silêncio cortando a
água, perturbava o remanso que jorrava na margem e o
chilrear dos pássaros acordados nas árvores.
— Quando você se cansar, vou tomar seu lugar nos
remos, — ela sussurrou. Ele respondeu com um olhar
completamente expressivo.
Girando em torno do banco para olhar para frente, ela
puxou seu manto sobre ela. O céu estava surgindo em tons de
cinza sobre a margem oposta, e as colinas erguiam-se em picos
ondulantes, cobertos de nuvens escuras e névoa azulada.
— É impressionante, — ela suspirou, mas é claro que ele
não respondeu. Ele era extremamente disciplinado. Ele sempre
fora.
Mantendo-se perto da margem irregular, escondido pelos
troncos salpicados de bétulas, subiram velozmente o lago.
Movendo-se em torno de um conjunto de árvores projetando-se
para o lago, se depararam de repente com os barcos de pesca.
Colin conduziu os remos até a beira da água e o barco virou
abruptamente para a margem. Zenóbia agarrou as laterais e,
sob os cobertores, veio um gemido. Libertando uma mão, ela se
inclinou e tocou os cobertores. Eles se mexeram e o pequeno
nariz sardento de Pip, que lembrava tanto de sua irmã
Amarantha, apareceu.
— Milady?
Apertando a mão de Pip, ela levou um dedo aos lábios. Pip
se arrastou para fora dos cobertores e para o banco. Zenóbia
colocou o braço em volta da pequena menina, com os olhos nas
costas dos três pescadores. A proa bateu no banco de areia.
Colin colocou os remos silenciosamente no barco e ajudou as
duas antes de descerem a terra. Em um bosque perto, eles
vasculharam por entre as árvores vagamente espaçadas, os pés
se prendendo nas raízes e nos arbustos e subiram por uma
trilha.
Ela estava deserta. A verdadeira luz do dia ainda estava a
uma hora ou mais de distância. Colin acenou para que ela o
alcançasse, Pip em seus calcanhares.
— Também não devemos confiar nos pescadores, — ela
disse.
— Sr. Griffin retornou a casa paroquial na noite passada
depois que você foi dormir. Os impostores atiraram em um
homem em Inverberg.
— Não.
— O homem ainda está vivo. Mas a caçada se intensificou.
— Então por que estamos indo para o Norte?
— Eu estou esperando que eles não tenham alcançado
Ardlui.
— Esperando?
— Se você preferir orar, seja minha convidada. Fizemos
um bom tempo sobre a água. Eu acho que nós temos, apenas,
uma milha ou duas para caminhar. A estrada é a rota mais
direta, e pedi aos barqueiros e ao sr. Griffin para negarem que
haviam nos encontrado se alguém perguntasse.
— Você espera alugar cavalos ou um veículo em Ardlui. É
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uma aldeia de tropeiro .
— Sim, Griffin e Archer me disseram. — Ele não ofereceu
a ela um sorriso. — Claramente eu poderia ter simplesmente
consultado você.
— Eu te disse, estudei a estrada. — E todas as possíveis
colinas, aldeias e vilarejos que sua irmã pudesse ter viajado ao
mesmo tempo. — Eu sou livresca, lembre-se.
— Na verdade, eu estou tendo um momento difícil de
manter isso na mente. — Pip veio ficar entre eles.
— Estamos chegando ao castelo do diabo?
— Ainda não. — Zenóbia segurou a mão dela. Sufocando a
dor nos pés, ela acelerou o passo. — Venha agora. Precisamos
nos apressar.
— Sim, milady, — declarou Pip e, saindo de seu controle,
correu à frente.
Mas quando os pequenos passos de Pip começaram a se
arrastar, Zenóbia deu boas-vindas ao ritmo lento.
— Devemos nos mover mais rapidamente, — disse Colin.
— A estrada aqui é muito estreita para permanecermos.
Ela imaginou as noites apavoradas e sem sono de Pip até
ontem.
— Ela está dormindo enquanto caminha.
Então ela olhou, espantada, quando Colin se inclinou e
levantou a menina como se ela pesasse uma pena. Pip
pendurou os braços em volta do pescoço dele, deitou a cabeça
no seu ombro e adormeceu prontamente. Ele recomeçou a
andar.
Quando alguns minutos se passaram, ele disse baixinho:
— Nós não poderíamos deixá-la lá.
— Sim. — O reverendo e sua esposa tinham boas
intenções. Mas Pip pertencia à família de seu tio, e quatro
fazendeiros fortes contra um homem idoso não era uma
competição justa. — Por que deixamos Charlie na casa
paroquial?
Ele olhou para ela. O fantasma de um sorriso apareceu em
sua bochecha e uma onda nervosa como resposta atravessou
seu estômago.
— Por que você me olha assim? — Ela perguntou.
— Por que você esperou tanto tempo para me perguntar
sobre o cavalo?
— Eu ainda estava quase dormindo. — E qualquer
conversa que a lembrasse de estar quase sentada em seus
quadris a fazia ficar acalorada. Ela arrastou sua atenção para o
nevoeiro agora pairando sobre a cintilante massa cinza do lago.
— Conte-me.
— Eu o devolvi para a fazenda dos MacLeods.
— Para a... ontem à noite? Mas isso deve ter levado horas!
— E um perigo potencial na estrada. O pensamento fez uma
fraqueza abrupta e estranha passar por ela. — Você não
dormiu?
— Querida, um cavalo como aquele seria rastreado. Pip
teria sido culpada pelo roubo. Por que você estava viajando
com apenas Madame Roche e Jonah? Sem uma criada e num
país estrangeiro? Seu pai sabe como você viaja?
— Há quanto tempo você está esperando para me
perguntar isso? — Ele não respondeu. — Meu pai tem muito
pouca preocupação sobre a minha vida nos dias de hoje.
— Eu peço desculpa, mas não concordo. — Havia uma
certeza em sua voz.
— Por que você diz isso?
— Quando você recebeu a última oferta de casamento? —
Ele olhou para ela por cima do topo da cabeça de Pip. — De um
homem que não seja eu. — Ela só podia piscar de surpresa. —
Você não precisa me dizer, na verdade, — disse ele. — Eu sei
que Lorde Willis ofereceu-lhe uma proposta no último Natal.
Seus pés cheios de bolhas tropeçaram e pararam. As
sombras sob o dossel de troncos e galhos cinzentos incrustados
de liquens verdes os encobriram rapidamente.
— Papai disse a você? — Ela perguntou.
— Cada vez. Cada pretendente. Cada oferta — ele disse
sem interromper o passo ou levantar a voz. — Então, como
você vê, seu pai continua preocupado com sua vida. A
propósito, os meus cumprimentos pelo número de ofertas
impressionantes que recebeu, apesar de sua reputação de
recusar pretendentes admiráveis.
— Sarcasmo agora? — Ela perguntou com os lábios
subitamente entorpecidos. O lago margeava à sua direita, a dez
metros de distância. Se quisesse, poderia levantar uma suave
onda e engoli-los inteiros, desavisados, indefesos contra a
encosta íngreme da montanha à sua esquerda. Mas ela o via
caminhar adiante dela e duvidou que um mero lago, mesmo o
gigantesco Loch Lomond, ousasse engolir o conde de Egremoor.
Depois de uma noite dormindo em um bosque e outra sem
dormir, e apesar de um pouco da escura barba que o fazia
parecer realmente um verdadeiro ladrão de estrada a cada
hora, ele ainda era elegante, ainda severo, ainda em perfeito
controle.
— Os pretendentes não foi ideia minha, — disse ela. —
Meu dote é grotescamente enorme, é claro.
Ele se virou e veio até ela. Antes que soubesse o que ele
pretendia, sua mão envolveu seu queixo e ergueu-lhe o rosto.
— Pare com isso, — disse ele em um grunhido. — Pare de
fingir que não tem nada para atrair um homem.
A criança se agitou em seus abraços, então suspirou e
colocou o queixo mais confortavelmente em seu peito.
— Tire sua mão de mim.
Ele a soltou e ela deu um passo para trás. Seus olhos
ardiam peculiarmente brilhantes no resplendor pálido da
aurora.
— Eu não posso acreditar que você é ingênua como finge
ser, — disse ele.
— Estou longe de ser ingênua. Eu sei o que atrai homens
de riqueza e status: mais riqueza, e beleza se puderem ser
obtido também. Mas eu não tenho beleza, nem mesmo ares
femininos gentis. Eu não me importo com sorrisos ou flerte, e
não entendo metade dos gracejos que passam por conversas
sofisticadas entre cavalheiros e damas em Londres. Em vez
disso, posso até entender, mas os acho fúteis. Sou tímida como
companhia e, quando falo, muitos lordes olham para mim
como se eu fosse uma simplória ou como se tivesse crescido
uma segunda cabeça. Mas essa não é realmente a questão,
pois nem Lorde Willis, nem qualquer um dos outros homens
que me ofereceram casamento, falaram até cinquenta palavras
comigo antes de pedir permissão ao meu pai para fazer suas
petições.
— Eu falei, — disse ele friamente.
— Você não precisou perguntar a ele, não foi? Ele te
ofereceu. E seu pai exigiu até mesmo da sepultura. Então, acho
que podemos descontar com segurança esse pequeno exercício
do dever filial. Mas voltando para o problema, minhas decisões
para casar ou viajar com um bando de servos são minhas, não
do meu pai.
— Por que ele continua permitindo que você viva sozinha,
e dá-lhe um subsídio? Por que ele não a forçou a se casar
ameaçando com a remoção desses privilégios?
O peso de suas palavras esvaziou seus pulmões.
— Essa é a sua solução para as mulheres que não fazem o
que seus parentes do sexo masculino desejam? Retirar dinheiro
delas até capitularem?
— Eu só quis saber por quê, — disse ele — quando
obviamente ele deseja que você se case, que...
— Que ele me ameace com a pobreza se eu não fizer o que
manda? — Seu estômago era um buraco cheio de víboras
atingindo-a. — Eu suspeito que é porque ele se importa
comigo, Colin. Como pessoa. E ele me conhece bem o suficiente
para entender que o casamento com os homens que se
ofereceram me mataria.
Uma transformação completa apareceu em seu rosto, a
raiva se derretendo em um arranjo inteiramente diferente de
suas feições. Choque, mas havia algo mais. Havia tal emoção
em seus olhos, que ela sentiu como se suas entranhas
estivessem pressionando em suas costelas e torcendo em seu
interior. Durante anos ela pensou que ele era um estranho.
Agora, aqui, nesta estrada com a luz incerta viu novamente o
sentimento agudo nos belos olhos do menino que ela um
diatinha adorado. Ela olhou para os braços dele que estavam
com tanta firmeza sobre a garotinha, uma criança que ele mal
conhecia, mas que sentiu a responsabilidade de proteger, e
algo duro e incrustado dentro dela, se despedaçou.
Era demais para ela — demais, e ela não entendia. Ela
arrastou o olhar para longe dele e passou por ele, e suas bolhas
e músculos doloridos não eram nada agora que estava
desesperada para fugir.
Ela estava mentindo para ele novamente.
Seu pai não reteve os fundos para forçá-la a casar, porque
sabia que não importaria se o fizesse. Durante anos sempre
soube que ela tinha uma renda independente. Quando ela
tinha ganho suas primeiras libras com a venda de seus
panfletos, ela pediu que seu pai patrocinasse uma conta
bancária em seu nome. À medida que a popularidade de Lady
Justiça aumentava e sua renda crescia suprindo além das
necessidades de sua casa, ela começou a doar a ampla mesada
que seu pai lhe dava para instituições de caridade. No entanto,
ele nunca questionou isso. Em vez disso, ele elogiou suas
escolhas: a obra de caridade de Serena Savege para viúvas de
guerra e órfãos, o programa de Lady Ashford nas docas e a
modesta escola que Diantha Lucas estabelecera recentemente
para educar crianças que trabalhavam nas minas galesas.
Seu pai sabia sobre sua renda. Mas ele nunca perguntou
a sua fonte. Ela só sabia que ele queria sua felicidade, ao
contrário deste homem, que a estava colocando de dentro para
fora.
— Posso te perguntar sobre seus planos de viagem
também? — Ela perguntou. — Eu não sabia que os grandes
senhores costumam viajarem sozinho pelas as estradas e a
cavalo.
— Você diz grandes senhores como se as palavras
tivessem um sabor ruim.
Ela fechou os olhos e os pés dela a levou ao longo da
estrada rapidamente. Ele conhecia Lady Justiça muito bem
para ser descuidada.
Passou algum tempo antes de falar. Sua voz veio de vários
metros atrás dela.
— Antes de expressar sua preocupação sobre isso mais
cedo, — ele finalmente disse, — eu não tinha considerado o
inconveniente que poderia causar a falta de transporte para o
vigário e seus paroquianos.
— Eu suspeito que você raramente se encontra sem várias
carruagens e cavalos ao seu alcance imediato.
— Nunca, claro.
— Nem considerou errado pedir que três pessoas
inocentes mentissem por nós.
— Eu não exigi. Eu pedi.
— Quando um conde requer que um pobre vigário e sua
esposa mintam para ele, a diferença entre exigir e pedir é
pequena.
— Como você nota, nenhum deles acreditava que eu fosse
um conde. E só pensei em levá-la para a segurança o mais
rápido possível.
Ela parou e esperou enquanto ele caminhava na direção
dela. Havia uma cautela peculiar em seu passo agora, com os
ombros rígidos e o rosto severo e ilegível.
— Obrigada, — ela forçou passagem pelo nódulo em sua
garganta.
— Pelo que você está me agradecendo?
— Por me encontrar e me tirar do perigo em Laird's Leed.
Por me carregar naquela colina depois que desmaiei. — Ela
olhou para a criança em seus braços. — Por resgatar Pip do
mal. Por não dormir.
— Eu dormi três horas antes de sair esta noite. Você está
satisfeita?
— Você aceitará meus agradecimentos ou não?
— Se você insiste.
— E peço desculpas por perguntar sobre os filhos
ilegítimos e casamento. Clarice sempre me diz que falo sem
primeiro pensar. Como você, ela acredita que sou impulsiva.
Isso não é inteiramente verdade. Mas eu tenho dificuldade em
conter minha língua. Ela insiste que, se eu não consertar
minhas atitudes, algum dia serei como a duquesa de
Hammershire, dizendo o que quiser a quem quer que seja, sem
qualquer noção dos sentimentos de alguém.
— Você não quer ser confundida com uma duquesa?
— Eu não quero machucar as pessoas. E ainda assim às
vezes faço dano, e acho que o fiz quando te questionei sobre
crianças. Eu não deveria ter falado disso com você.
— No entanto, aqui está você falando sobre isso de novo.
— Milagrosamente, um toque de leveza brincava em sua voz,
como os primeiros movimentos do amanhecer no lago ao lado
deles.
— Eu não deveria ter falado da vontade do seu pai com
tanta alegria também. Deve ser difícil para você.
— Você sempre falou alegremente comigo, — disse ela. —
Você sempre disse qualquer coisa que lhe ocorresse. Quando
nós éramos crianças, — ela acrescentou, porque havia muitas
coisas, agora, que não estava dizendo-lhe. Ela começou a andar
novamente. — Não tomei lições de reticência feminina da
minha mãe. Eu acreditava que minhas opiniões eram tão
dignas quanto as de qualquer outra pessoa.
— Todos falavam comigo em um sussurro.
Atrás dela, suas palavras caíram em silêncio. Mas ela
ouviu o som de seus passos na estrada cheia de seixos.
— Eles fizeram isso, — disse ela. — Eu tinha esquecido
disso.
— Todos eles fizeram. Servos, arrendatários, aldeões,
convidados, todos falavam comigo como se o meu silêncio
exigisse o deles também. Meu tutor, o Sr. Gunter, sussurrava
todas as lições que ele me dava. Houve momentos em que eu
desejei ter uma panela de metal para bater em sua cabeça,
simplesmente para arrancar algum volume dele.
Ela sorriu.
— Ele era um rato. E ele se recusou a me emprestar seus
livros, o que o colocou na minha lista permanente de pessoas
menos favoritas do mundo.
— Ele era um estudioso brilhante, — disse ele com
bastante facilidade. — Aqueles que não sussurravam para mim
gritavam, como se eu não pudesse ouvir o discurso regular.
— Que irracional.
— Exceto você. Você não fazia isso. Você nem sussurrava
e nem gritava. E nunca segurou sua língua. Falava comigo
como se eu realmente pudesse respondê-la.
— Tenho certeza de que não fui a única pessoa. Deve ter
havido outros que...
— Não. Só você. — Um momento se passou. — Você não
ouvia o meu silêncio.
Na verdade, ela mal se lembrava do silêncio dele.
Lembrava-se apenas de que ele a ouvira como ninguém fazia,
não distraidamente ou impaciente, mas com toda a sua
atenção. Anos mais velho que ela, ele poderia tê-la ignorado ou
se afastado dela. Mas ele não tinha feito isso. Ele a tratou com
grande bondade — até o dia em que ele mudara.
— Seu pai falava racionalmente com você, — disse ela.
— Ele acreditava que, se fingisse que minha deficiência
não existia, não acontecia de fato.
Ela não tinha nada a dizer sobre isso. O velho conde
nunca escondera sua desaprovação por ela. Nunca culpando
seu pai, ele acreditava que seu caráter deficiente era devido ao
mau treinamento de sua mãe a filha primogênita.
— Sua morte não afetou-me como eu esperava. — Colin
olhou para ela com muita clareza, como se não houvesse nada
escondido por trás de suas palavras. — Eu estava, mas
acredito que era mais devido ao seu sofrimento, enquanto ele
estava doente do que com a minha perda. O sentimento mais
forte que tenho agora é... alívio. Eu estou aliviado que ele se foi.
Neste lugar... Eu admito para você essa verdade desagradável.
— Você nunca admitiu isso para mais ninguém?
— Não.
— Por que não?
Ele hesitou por um momento.
— Porque ninguém mais entenderia, eu acho, — ele
finalmente disse. Seu estômago era um emaranhado de
confusão.
— Eu sei, — disse ela. — Eu também estou surpreendida
por algum tipo de familiaridade com você que me encoraja a
dizer coisas que eu não deveria. — Ela se envolveu mais com o
manto. — É uma falsa familiaridade, claro. Mas suponho que
seja o efeito de conhecer uma pessoa quando se é jovem. Isso
me engana, imaginando que o conheço agora, e talvez tenha
tido o mesmo efeito em você. — Talvez fosse isso o que a Sra.
Archer tinha visto, aquela falsa familiaridade.
— Emily, considere nossas circunstâncias atuais. — Um
sorriso espreitava em seus lábios novamente. — A familiaridade
é inevitável.
Ao redor deles, a terra estalava de vida — pássaros nas
árvores que pairavam sobre eles acordavam, o vento agitava os
galhos, e o constante jorro de água contra os terrenos de
bancos de areia a distância.
— Você abotoou meu vestido duas vezes, afinal, — ela
admitiu.
— Só isso.
Ela segurou o sorriso.
— E você pode me chamar de Zenóbia.
Ele parecia estar estudando seu rosto agora,
particularmente seus lábios.
— Mas acho que você subestima o efeito do que fala, — ele
disse. — Não é um truque.
— Isto é. Duas décadas estão entre nós, o antes e o agora.
— E duas identidades secretas. — Nós não somos as mesmas
pessoas que éramos antes. Isso é muito claro para mim. Por
exemplo, você não gosta de mim agora, como gostava antes.
— Eu não antipatizo com você agora.
— Claro que você não gosta. A rigidez da sua coluna e o
frio em seus olhos declararam isso toda vez que nos
encontramos em todos esses anos.
Olhando para as árvores, ele levantou a mão e passou-a
pelo rosto. Em seu ombro, a cabeça confusa de Pip se virou.
— Já chegamos? — ela murmurou com o pequeno dedão
enfiado em sua boca.
— Ainda não, — disse ele, em seguida, olhou por cima da
cabeça novamente. — Em breve luz do dia chegará e a estrada
é muito estreita aqui para que escapemos se um cavaleiro
quiser nos ultrapassar. Você vê o fogo à frente, perto do
barranco?
Zenóbia olhou até que entrou em foco.
— O barranco se sobressai ali. É uma enseada, talvez
Ardlui.
— Esperemos que sim.
— Acho que agora entendo por que você ainda não se
casou, — disse ela, forçando os pés doloridos a ignorar as
pedras e depressões da estrada.
— Você sabe?
— Seu dever para com seu pai era oferecer uma proposta
para mim, mas você não podia suportar a ideia disso. Mas
nunca poderia negar seus desejos. Então você esperou para
cumprir o seu dever quando não pudesse escapar mais. Que
fardo terrível, foi neste caso, sua devoção a ele. Quão horrível
deve ter sido o fato de ter pairado isso sobre sua cabeça todos
esses anos. Agora, felizmente, você está livre para fazer o que
quiser. Case-se à vontade, meu lorde! Pois eu te deixo livre.
Depois de algum tempo, ele disse em voz baixa:
— Você é uma bagagem.
— Eu, ao que parece, devo ser tratada como uma — disse
ela, sentindo a lembrança da mão dele com tanta firmeza no
seu rosto. — Apesar dos meus desejos.
Ele não respondeu, não procurou justificar-se. Foi melhor
assim. Quando ele a tocava como se tivesse o direito de fazê-lo,
isso a enfurecia. Mas quando olhava para os lábios dela, queria
esquecer que ele era um arrogante, manipulador, um estranho,
um mentiroso que ela não conhecia mais. Ela queria se
lembrar de uma época em que eles se entendiam. Quando eles
tinham sido a exceção de um com o outro.
Melhor assim em vez de encorajar seus silêncios pétreos.
Melhor lembrar que ele tinha mudado.
— Qual é o nosso plano agora? — Seus olhos estavam
escuros e sua pele pálida, mas sua voz era clara, ao contrário
da manhã subindo em torno deles. Nuvens espessas e escuras
com a chuva rolavam pelo céu. O vento havia aumentado.
Varrendo a superfície da terra, se enrolava no lago em
explosões frias. Colin viu quando uma rajada a atingiu e ela
oscilou para o lado, em seguida, pressionou o ombro nela. Ela
levantou a mão e tirou os fios soltos de cabelo da bochecha.
— Encontrar cavalos ou uma carruagem o mais rápido
possível e dirigirmo-nos até o castelo de Loch Irvine ainda hoje,
— disse ele. — A menos que você tenha outro desejo.
— Estamos a vinte milhas, — disse ela.
— Se mantivermos esse ritmo, deveremos alcançar o
castelo do duque no próximo Natal.
— Não diga isso, — ela disse com um vinco em sua testa.
— Isso foi para fazer você sorrir, sabe.
— Eu não posso.
— Porque você ainda está com raiva de mim por lidar com
você rudemente?
— Nada mudou nos últimos minutos, não é? Mas na
verdade são as bolhas, não você, que estão atualmente
impedindo minha alegria.
— O duque espera por você? — Ele perguntou.
Ela estava mordendo o lábio inferior. Era uma visão
peculiar — essa mulher confusa em pensamentos.
— Emily? — Ele cutucou.
— Zenóbia.
— Você é esperada no Castelo Kallin?
— Eu também posso te perguntar sobre seus planos de
viagem? — ela respondeu brevemente, puxando seu manto
mais firmemente sobre ela. — Seus planos de viagem originais,
isso é.
— Se você quiser, — disse ele.
Seu olhar foi para o dele.
— E quais eram eles?
— Eu vim para a Escócia em busca de uma jovem que não
se tem notícias dela em vários meses. Suas amigas estão
preocupadas com sua segurança, mas incapazes de fazerem
essa viagem.
— Eu entendo, — ela disse calmamente. — Quando você
foi forçado a fugir de Balloch, a encontrara?
— Vestígios dela, somente. Alguns meses atrás, parece
que ela viajou nesta direção.
— Ela pode estar em qualquer lugar agora.’
— Sim, — disse ele.
— Quando estivermos seguros novamente, — se
estivermos seguros novamente — você continuará sua busca
por ela?
— Até que eu a encontre.
— Quem são essas amigas dela, para que você venha tão
longe para elas?
— Apenas uma delas pediu isso. E é claro que eu não
previ perder meu cavalo ou ser obrigado a fugir de escoceses
enfurecidos. Seria uma tarefa nada notável de realizar.
— Mas você deve ter muitas outras responsabilidades que
exigem sua atenção e muitos servos para fazerem isso. Você
mal conseguiu o título de seu pai e o Parlamento está em
sessão.
— O Parlamento pode esperar.
Os olhos esmeraldas estavam arregalados.
— Pelo o pedido de uma pessoa? Você deve ter essa pessoa
em alta estima.
— Em vez disso é o oposto. Mas fiz uma barganha com
ela. — Uma barganha que Lady Justiça tinha cancelado. Mas
isso importava pouco. A panfletária estava desesperada para
encontrar Penny Baker e Colin sabendo que, se o fizesse, Lady
Justiça o encontraria. — Eu pretendo mantê-la.
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O Preço
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36
Uma ale deslizou-se pela garganta de Colin como a bem-
vinda carícia da mão de uma amante. Ele teria preferido
brandy, mas esta estalagem, cujos patronos pareciam serem
todos trabalhadores, oferecia apenas cerveja e whisky. De pé no
bar, enquanto engolia as últimas gotas, ele entendia o sotaque
pesado dos homens o suficiente para saber que nenhum deles
suspeitava dos viajantes na vila. Mas eles não estariam seguros
aqui por muito tempo. A entrega de grãos era devido ao barco
que viaja para o Norte neste dia. Aquele barco certamente
traria notícias do conde impostor e seu cúmplice.
Em uma mesa próxima, as mulheres e a menina esperava
pelo barman voltar com a torta de carne que ele dizia ser o
melhor da Escócia. Pip consumia pedaços de pão enquanto
Madame Roche tagarelava sem parar misturando francês com
inglês e gesticulando com as mãos, e Emily ficara olhando a
comida dos outros fregueses. Havia uma qualidade de fome em
seus olhos que ele nunca tinha visto antes.
Então, de repente, seu olhar pousou sobre ele e a
intensidade de sua fome parecia somente para ele. Em sua
pele, sua mandíbula, seus ombros, seu peito — ela olhava para
ele como se com os olhos pudesse sentí-lo também.
Impossível.
Pousando o copo no balcão do bar, ele pegou o seu casaco
e saiu para fora da estalagem. Seu cocheiro cochilava em um
banco ao lado da carruagem.
— Jonah, de onde você viajou hoje? Os cavalos estão
descansados?
— Eles viajaram ontem o dia todo, milorde. Nós chegamos
aqui ontem à noite e foram apenas encilhados para sairmos em
busca de vocês. Desde que eu ouvi a notícia desses sujeitos, —
ele apontou para a estalagem — do preço que o duque impôs
sobre os salteadores, eu e Madame Roche não queríamos mais
nada que encontra-los.
— O preço?
A testa de Jonah enrugou-se.
— Você não ouviu?
— Loch Irvine colocou um preço pela cabeça dos ladrões?
— Loch Irvine e Argyll, milorde, embora digam que Sua
Graça de Argyll está em Londres neste momento.
— Bom Deus. Que preço?
— Dez libras.
Uma fortuna para qualquer homem neste país.
— Qual desses cavalos é mais rápido?
— Seria Mason. — Jonah afagou o cavalo cor de chumbo
na garupa.
— Como ele é para cavalgar?
— Irritado. Toby é uma alma gentil. Ele é mais forte, tem
mais resistência, e ele aceita melhor uma sela, mas eu não
tenho uma. Qual é o seu plano, milorde?
— Precisamos nos apressar. Desatrele Mason. — Bom
Deus, não havia outra solução. — Assim que formos, espere
pelo menos uma hora, depois dirija-se ao homem da autoridade
local e diga-lhe a verdade, de como o Conde de Egremoor levou
o cavalo e que acredita que estou indo para o Sul. Então
cavalgue como o vento para o Castelo de Kallin. É minha
esperança que um de nós dois cheguemos lá antes que Lady
Emily e eu tenhamos sido encontrados.
— Sim, senhor. — Ele já havia começado a retirar os
couros da carruagem.
— E maldição, Jonah, se Madame Roche reclamar deste
plano, ignore-a.
— Não há muita utilidade nisso. Ela me roubaria as
rédeas se eu a ignorasse.
— Você não terá um par de cavalos de tiro para conduzir
de qualquer maneira. Você tem dinheiro suficiente para
acomodá-la e a criança em um quarto nesta estalagem por uma
semana?
Jonah assentiu.
— Faça isso.
— O que eu devo dizer à lei sobre a sua dama?
— A verdade. Que eu levei uma dama comigo, mas não dê
o nome dela. Quanto menos conhecimento sobre ela, melhor.
Ao entrar novamente na casa pública, ele encontrou o
longo olhar de Emily, fixo na porta. Ela saltou da cadeira e
aproximou-se dele.
— Clarice acaba de me dizer que o duque de Loch Irvine
colocou um preço em nossas cabeças — ela disse baixinho. —
Ou seja, pela cabeça dos ladrões.
— Jonah falou-me disso agora.
— Por que não nos entregamos ao duque?
— Eu temo o que poderia nos acontecer entre entregarmo-
nos e sermos levados perante ele.
— Devemos sair agora. Aqueles homens do outro lado da
sala estão me encarando.
Colin olhou para os olhos esmeraldas brilhantes e pensou
que se ele fosse aqueles homens, também estaria olhando para
ela. Seus lábios estavam quase vermelho, suas bochechas
coradas, seu cabelo de um jeito ou de outro belo. Ela não se
parecia em nada com a solteirona que ele havia visitado um
mês antes em Londres. Em vez disso, ela estava... comestível.
Ele queria saboreá-la.
Ele queria provar seus lábios. Ele queria provar primeiro
seu lábio superior, aquela carne levemente curvada que
poderia mordiscar com suavidade, e depois sua acompanhante.
Depois ele queria provar sua língua. Então a pele sedosa do
pescoço dela. Depois queria soltar os laços de seu vestido que
ele tinha abotoado duas vezes e provar o vale salgado entre
seus seios. Em seguida seus mamilos que seriam apertados em
suas carícias. Em seguida, as pontas dos dedos e a carne
macia da barriga, seu ventre e a fenda quente de sua
feminilidade que teria gosto de sexo e mulher. Essa mulher.
Emily.
Bom Deus. Emily.
Ele tinha sido sábio por ter se afastado dela por anos.
Essas fantasias estavam fora de controle. Mesmo em meio a
um perigo e pressa de fuga, ele não conseguia estancá-la.
Algo tinha acontecido com ele. Como brasas acesas sob
suas costelas, o órgão há muito adormecido estava agitado e
em vigília. Ele pulsava rapidamente e com dificuldade. Não se
sentia como o homem que trabalhou assiduamente para se
tornar. Pela primeira vez em anos se sentia completamente
como uma outra pessoa.
Ele queria acreditar que era o perigo, ou a Escócia, ou
qualquer outra coisa que causasse isso. Mas não Emily.
Ela piscou aqueles olhos verdes maravilhosamente
sinceros, e ele soube então que era ela. Finalidade,
responsabilidade e controle rígido tinham sido seu mundo por
anos. Agora ele queria colocar tudo o que estava pensando — e
sentindo — diante dela. Ele queria deixar de pensar
inteiramente. Ele queria unicamente sentir, porque agora, com
ela, pela primeira vez em anos, se sentia bem.
Não só bem. Ele se sentia vivo.
Ele era uma ilusão, uma mentira enterrada na lembrança
e distorcida pela distância Não havia nada naquele passado
remoto exceto vergonha e dor. No entanto, seu coração não
cessava seu ritmo frenético.
— Colin? — Ela olhou para ele. — Você está bem?
— Bem. Sim. — Ele falou depressa demais. — Vá para
fora, por trás do edifício. — Virando-se, saiu do
estabelecimento, e quando ela agarrou seu manto, ouviu-a
falar com sua acompanhante. Então ela estava seguindo-o, sem
questionar.
Esse milagre terminou instantaneamente.
— Por que Mason está desatrelado? Jonah, por que você...
— Estou partindo, — disse Colin. — E você vem comigo. —
Ele deu um passou e levou suas mãos até ela.
— Novamente? Agora? Por quê?
— Eles estão bem atrás de nós e os homens daqui já
tiveram notícias dos assaltantes e da recompensa. Não há lugar
seguro para atrasarmo-nos nesta estrada.
— É como se os impostores estivessem nos seguindo
intencionalmente. — Havia um fio tecido de medo e descrença
em sua voz. — É uma coincidência terrível, não é?
— Parece mais do que coincidência para mim, — Jonah
comentou.
— Coincidência ou não, devemos sair daqui
imediatamente, Emily.
— Mas deve haver outra solução. Clarice e Jonah irão
atestar por nós. Todos nós vamos defender nosso caso.
— É isso que você deseja fazer?
Ela olhou-o como se tivesse falado em um idioma que ela
não entendia.
E então ela balançou sua cabeça.
— Eu quero fugir do perigo. Toda vez que fecho os olhos, o
homem com a pistola está apontando para nós e eu não desejo
desmaiar novamente.
Ele quase riu.
— Essa é a sua principal preocupação?
— Eu sou uma covarde miserável, eu sei.
— Não. Você é extraordinária.
Ela piscou uma vez, eloquentemente.
— Você está tentando lisonjear-me para que concorde com
isso.
— Não.
— E Pip? — Ela olhou para o cavalo da carruagem. —
Charlie pôde carregar os três, mas Mason não poderia, pelo
menos não muito longe.
— Pip irá permanecer nesta estalagem com Madame
Roche. Jonah contará uma história convincente e nos coletará
em breve, quando estiver mais seguro.
— Isso não vai ser possivel. Considere o vestido e a fala de
Pip. Ninguém vai acreditar que uma menina camponesa e
escocesa esteja viajando intimamente com uma mulher da
sofisticação de Clarice.
— Ela poderia ficar comigo no estábulo, — disse Jonah. —
Percebi que ela tem um jeito com os cavalos. Verdade seja dita
— acrescentou ele com uma palha nos dentes — eu sempre
quis uma filha. Posso fingir que tenho uma agora.
— Você é tão sem sentido como Lorde Egremoor, — disse
ela com uma sobrancelha franzida. — As pessoas vão saber
que você está mentindo. Pip não parece nada com você. Ora,
ela parece mais ser filha dele que sua.
— Então ela será minha, — disse Colin. — Jonah, se você
ou Madame Roche forem perguntados, diga que deixei a
menina aos seus cuidado para procurar sua mãe no Sul.
— Sua? — Ela ficou boquiaberta. — Mas ontem você
disse...
Ele segurou a mão dela, apenas a mão dela, e até isso era
demais; ele a sentiu em todos os lugares.
— Eu não posso permitir que você venha a ser
machucada.
— Eu não sou sua responsabilidade, — disse ela
entrecortada, fracamente.
— Claro que você é.
— Temos de nos separar, — disse ela, afastando a mão. —
Se estivermos separados, se não formos vistos juntos, ninguém
pensaria que somos os ladrões.
— Eu não vou deixá-la desprotegida. Agora, quantas vezes
tenho que dizer-lhe para montar no cavalo?
— Só se trouxermos Pip conosco. — Ele não tinha
nenhuma escolha. Ela sabia disso.
— Jonah, desatrele Toby em vez disso.
Jonah encontrou a menininha no canto do estábulo,
mastigando alegremente do pacote de pãezinhos. Colin colocou
as mulheres no lombo nu do animal, Pip na garupa do cavalo
com os braços em volta da cintura de Emily. Ele subiu antes da
dama.
— Jonah, — Emily chamou quando Colin conduziu o
cavalo para a frente. — Diga a Clarice que ficaremos bem e
lamento sair tão abruptamente. Cuidem um do outro, eu te
imploro. Eu os verei de novo, em breve.
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O Imprevisto
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E foram.
Pip sussurrou para ela que seu anjo havia enviado um
milagre. Zenóbia concordou sem reservas. A partir do momento
em que abriu a porta, Abigail e Graeme Boyd, um casal de
meia-idade com aparência jovem e sorrisos calorosos, os
recebeu em sua aconchegante casa escondida ao lado da
colina; apresentou-os as suas cinco filhas, dois filhos e o tio
idoso de Abigail, Murdo; ofereceu-lhes água quente e sabão,
roupa limpa, e um delicioso chá com biscoitos, linguiça e
queijo; e atendeu às necessidades de Toby em seu celeiro
resistente.
A casa de pedra sólida tinha dois andares, a segunda era
apenas como uma grande prateleira estreita sobre a qual as
camas de dormir das crianças estavam arrumadas. Mas mesmo
esse recurso modesto provou a prosperidade da família. Eram
criadores de ovelhas há três gerações, os Boyds tinham a
vantagem de uma localização privilegiada dentro das milhas de
ambas as encruzilhadas do Norte e o extremo Norte de Loch
Lomond, e ideal para o comércio. Suas saudáveis crianças
asseguravam que não precisavam contratarem homens para
ajudar em sua fazenda.
Pouco tempo depois Zenobia sentou-se ao lado da ampla
lareira na sala principal que servia também como cozinha e
uma fonte de calor para a casa a inteira. As duas garotas mais
jovens, que não tinham mais que seis e sete anos de idade,
estavam atrás dela, as mãozinhas puxando os pentes pelos
seus cabelos, exclamando que seu brilho era sedoso em
comparação com seus próprios cachos negros de primavera e
trançando-os de novo e de novo. Suas irmãs mais velhas, uma
delas era uma jovem, costuravam e cozinhavam enquanto a
neve caía, e Abigail e Graeme falavam alegremente da família e
da fazenda. Seus filhos e uma seca, limpa e penteada Pip tinha
acompanhado o velho tio para o celeiro para esfregar o cavalo
por baixo e ver como os outros animais na tempestade se
agrupavam para conseguirem calor.
— É provável que a neve caia o dia todo, — Abigail disse
com um grande sorriso que dividia as bochechas da cor de
maçãs, o qual seus filhos compartilhavam.
— Sim, é uma boa tempestade. — Graeme assentiu
pensativamente e socou o tabaco no seu cachimbo. — Teve um
pouco de sorte em ter encontrado Siccar Ha'en antes que os
ventos aumentassem. — Como para ilustrar, uma rajada bateu
contra a parede da casa, sacudindo as janelas e enviando uma
explosão de frio da chaminé para o quarto.
— Siccar Ha'en? — Perguntou Zenóbia.
— Porto seguro, — disse a filha do meio, mexendo uma
panela sobre o fogo.
Porto Seguro.
De pé ao lado da janela mais próxima da porta, que dava
para a colina inclinada e para baixo na estrada, Colin estava
olhando não para fora, mas para o copo de whisky na mão.
Como se sentisse o olhar dela, ele ergueu o dele.
Insistiu que ela usasse o único quarto da casa para se
limpar enquanto a esperava, e ele próprio acabara de chegar de
lá. A barba projetava uma sombra escura na mandíbula e nos
lábios, o cabelo molhado e enrolado no colarinho, e ele usava a
roupa de Graeme, que lhe servia bem — uma camisa de linho e
calças limpas — e seu próprio casaco escuro, agora limpo,
seco, escovado e livre de crina de cavalo e lama.
As roupas emprestadas deveriam ser as melhores de seus
anfitriões; o linho e a lã eram macios. Abigail havia lhe
emprestado um vestido de excelente qualidade, da cor dos
musgos e roupas íntimas quentinhas para usar, enquanto as
moças haviam levado a lavanderia seu próprio vestido e anágua
para serem lavadas. Abigail era larga no peito, cintura e
quadris, e o vestido ficou folgado mesmo sendo atado duas
vezes em torno da cintura de Zenóbia por uma longa faixa. Ela
estava seca, porém, com comida em seu estômago e uma xícara
de chá na palma da mão. O simples conforto desta família lhe
convinha.
Mas mesmo com roupas de fazendeiros e um alívio
gravado nas belas linhas de seu rosto, Colin ainda parecia um
lorde. Ele não parecia nada mais, pensou ela. A autoridade
natural tinha sido completamente criada para ele que mesmo
na sua postura de agora, relaxada, mas ainda vigilante, falava
de autoconfiança, do tipo que não precisava ser gritada ou
insistida desde as vigas. E ainda, quando Graeme tinha aberto
a porta para eles uma hora mais cedo, Colin tinha os
apresentado apenas por seus nomes cristãos. Ela queria
perguntar-lhe porquê. E queria acariciar com seus dedos ao
longo da linha dura de sua mandíbula e saber a textura dele
ali.
— Fuma? — O anfitrião perguntou a Colin, puxando um
segundo cachimbo de uma caixa de madeira.
Com um rápido olhar para ela, Colin disse:
— Obrigado, Sr. Boyd. Mas eu vou declinar.
— Apenas fumo após trazer o rebanho de volta ao vale, —
Graeme disse, em seguida, com uma rápida adição: — Nunca
no decorrer do percurso. Depois, sim, eu vou curtir um
cachimbo ou dois.
— Um homem merece um momento de prazer após o
trabalho duro, — respondeu Colin, sua voz um estrondo de
veludo escuro e rico. Ele estava exausto, mas tentando
esconder isso. Quanto tempo ele dormiu sem seu sobretudo, e
com ela em seus braços, ela não fazia ideia, mas não poderia
ter sido muitas horas de descanso. Ela esperava que a
tempestade não cessasse até a noite para que pudessem ficar
aqui uma noite inteira. Ninguém iria procurá-los nesse clima. E
com mais dois dias para o dia de Todos os Santos, ela poderia
pagar caro pelo breve atraso.
Abigail encheu sua xícara de chá fumegante.
— Ah, moça, — disse ela, apertando os dedos por um
longo momento. — Agora que aqueceu-se um pouco, deve nos
contar toda história, começando pelo início, se você quiser.
— História?
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— Mither não gosta de mais nada do que um belo conto
romântico, — sua segunda filha, Claire, informou.
— Você é uma fugitiva, não é? — Abigail disse após um
aceno satisfeito. — Eu ouvi histórias de ingleses e moças indo
até a fronteira para se casarem, mas nunca vi por mim mesmo,
nem por aqui. Mas no momento que Claire disse que um bonito
homem e uma bela moça estavam parados na porta com nada
mais que um único cavalo, eu sabia a verdade disso.
— Sra. Boyd — disse ela, rezando para que Colin não
tivesse escutado a anfitriã — posso assegurar-lhe que não
estamos fugindo.
A testa da escocesa franziu-se.
— Você não é casada com outra pessoa, é?
— Não. Não, eu não sou casada.
Abigail ofereceu ao conde uma leitura silenciosa.
— E Colin?
— Ele também não é casado.
Sua anfitriã assentiu e deu um tapinha no joelho de
Zenóbia.
— Então moça é melhor arrebatá-lo rapidamente, ou
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alguma outra lass vai superá-la nisso. — Relaxando em sua
cadeira, ela pegou sua própria xícara de chá e colocou ambas
as mãos em torno dela. — Quando um bom homem é doce com
uma moça, ela é uma tola para fazê-lo esperar.
— Ele não é... — Ela baixou sua voz. — Ele não é doce
para mim. Estávamos apenas viajando na mesma direção e
apareceram para nós algumas dificuldades.
Os olhos de Abigail brilharam.
— Então você precisará fazer um trabalho rápido, moça.
Mas não lhe dê o leite até ele comprar a vaca inteira.
— O leite? Eu... oh. Ah, claro.
— Nenhum rapaz vai oferecer um anel quando ele já tem o
que mais quer, — acrescentou ela com uma piscadela.
A porta da frente se abriu e, após uma rajada de neve e
vento frio, entraram o tio, os filhos de Abigail e Pip. Abigail
largou a xícara e foi cuidar deles, poupando Zenóbia de tentar
explicar por que ela estava corando.
O jantar foi uma refeição saudável tomada à última hora
da tarde, quando a maior parte da alta sociedade londrina mal
saía dos seus colchões de penas. Abigail e suas filhas
trouxeram prato após prato de simples iguarias sobre a mesa:
salsichas grossas e pretas, bacon rosa salgado, biscoitos de
aveia que se desmoronaram em cima da língua, purê de nabos,
repolho suave e amanteigado, e um picante molho. Abigail
explicou que ela teria ensopado de carne para seus convidados,
mas que não tinha nada fresco até que os tropeiros voltassem.
O comentário fez sua filha mais velha ficar corada ferozmente e
escondesse o rosto atrás de seu avental.
— O namorado de Meghan é esperado com um rebanho de
Orchy a qualquer momento — Claire explicou em um sussurro
enquanto tio Murdo se queixava da última viagem dos tropeiros
pela fazenda, e de como parte do rebanho se desgarrara e
pisoteara um campo de aveia para o inverno.
— Sim, Murdo. Mas eles trouxeram mais ouro para as
montanhas do que problemas, — disse Graeme.
— Se o gado nunca tivesse chegado — disse Murdo, — os
fazendeiros teriam cinco vezes mais ouro do que agora, seu
idiota. — Ele bebia generosamente da garrafa de whisky.
— Cinco vezes mais magros, você quer dizer: — Abigail
disse com um olho na barriga do seu tio. — O rebanho dobrou
de preço este ano desde que o novo cais foi construído.
— Você quer dizer, — disse Zenóbia, — que o cais
construído para transportar o gado através do lago agora é
usado para transportar lã para outros lugares também?
— Sim, moça, — disse Graeme, sugando seu cachimbo. —
Toda a estrada até Loch Awe. É uma benção.
— Sim, pai, mas só para nós que temos o uso disso, —
disse Claire com um olhar sombrio. — Os Fletchers tiraram
apenas metade do que os nossos fizeram, já que não tinham
moedas para pagar os impostos.
— É um problema, — concordou Graeme balançando a
cabeça. — Mas não vamos pesar as mentes de nossos
convidados hoje. — Ele ergueu o jarro de whisky em direção a
Colin. — A cerveja de Loch Lomond é bom para você, senhor?
Ela queria perguntar mais, para entender exatamente por
que os Boyds poderiam se darem ao luxo de pagar os impostos,
mas seus vizinhos, os Fletchers, não podiam. Reformadores
escocês em Edimburgo alegaram que as faixas de terras para
pastoreio de gado e mesmo de ovelhas haviam empurrado
famílias de Highlanders que eram agricultores para a pobreza,
enquanto Parlamentares em Londres alegavam que a Coroa
política em todos os seus territórios foram para o benefício de
todo o império. Que alguns fazendeiros locais aqui pudessem
prosperar como esta família, enquanto outros sofreram as
provas de que a situação era muito mais complicada do que
qualquer um dos lados admitia. A mera ideia dessa
complexidade fez seu sangue se acelerar como sempre fazia
quando ela descobria algo novo. Ela ansiava por ouvir tudo o
que esta família sabia e quando voltasse a Londres, escreveria
sobre isso para seus leitores.
Ela não pode perguntar. O nobre sentado à mesa, bebendo
whisky com o anfitrião, tornava isso impossível.
E talvez ela nunca voltasse a Londres. Talvez eles nunca
chegassem em casa, apesar de sua determinação de levá-la em
segurança e que o fez caminhar na lama, dormir ao ar livre e
quase beijá-la.
O filho mais novo dos Boyds relatou um conto sobre seu
irmão e uma cabra que fez todos rirem, e impostos e rebanhos
de gado foram esquecidos. Roubando um olhar de Colin, ela viu
sua atenção não sobre seus filhos, mas em sua anfitriã. Havia
tanto carinho e orgulho nos sorrisos alegres de Abigail por seus
filhos. No entanto, o rosto de Colin estava pensativo enquanto
ele a estudava. Seus olhos mostravam uma luz estranha.
Dor.
Ele não deveria perceber isso. Ele nunca revelaria tal coisa
conscientemente.
Quando as crianças começaram a incomodar, Abigail
enviou todos para suas tarefas, incluindo Pip, que saiu
alegremente, enquanto as filhas mais velhas limpavam a mesa.
Zenóbia pediu para ajudar, e sua anfitriã enxotou-a.
— Não vou ter nenhum de vocês lavando panelas e
frigideiras, senhorita. É o meu melhor vestido de domingo que
você usa. E deve manter essas mãos finas e suaves para
agradar seu homem, — ela disse em uma voz baixa
perfeitamente audível.
As bochechas de Zenóbia arderam. Lançando um olhar
para Colin, ela encontrou seu olhar calmo sobre ela.
Movendo-se para a janela, ela puxou as cortinas de lado e
bateu na condensação no painel. Sem a nevasca parecia mais
claro.
Ela tirou a capa do lado da lareira. Ainda não estava bem
seco, mas o suficiente para usar.
— Estou saindo por um momento apenas, — disse ela a
Colin, e saiu rapidamente.
O tempo mudara completamente. Nuvens de marfim
espalhadas enviavam uma camada de flocos suaves para a
encosta da colina, que se transformara de esmeralda em
branca. Tudo cheirava a frio fresco e úmido, e o silêncio cobria
a terra, quebrado apenas pelo crepitar borbulhante de um
riacho correndo em uma rápida e esburacada trilha até a
estrada.
Mas é claro que não era a estrada que ela via abaixo,
percebeu porque se o fosse também estaria coberto de neve. A
linha escura era um rio que brilhava no sol da tarde,
serpenteando pelo comprimento do vale entre as montanhas.
Eles deviam ter andado ao lado do rio, mas ela nem sequer
ouvira. Um sintoma de sua exaustão, ela supôs, e a confusão
que Colin fazia na sua cabeça.
Sob a crista da montanha em frente, um pássaro solitário
com asas enormes voava, avançando em direção ao vale, mas
permanecendo alto no céu, distante da terra coberta de neve.
Uma águia, provavelmente, neste país montanhoso,
procurando um último alimento antes do anoitecer. Uma ave
de rapina inspecionando seu reino, a salvo da agitação da vida
abaixo — como o ex-secretário do Falcon Club, que não falaria
do fio de desejo que os unia agora — tanto quanto ela supunha
que não gostava de falar das malhas de afeto que os unira
quando eram crianças.
Ela baixou o olhar das longas espirais de voo da águia
para o reino do vale. Ao longe, junto ao rio, uma forma movia-
se contra a terra coberta de neve. Não havia lobos na Grã-
Bretanha. Ela pensou.
A figura afastou-se do rio em direção à estrada. Sua visão
costumava enganá-la a distâncias com pouca iluminação. Mas
quando a forma ficou subitamente mais alta, ela entendeu o
que estava vendo: um homem montando um cavalo. E ele
estava andando em direção à fazenda dos Boyds. Rapidamente.
Ela se virou na direção da casa e a porta se abriu. A filha
mais velha dos Boyds voou para fora dela.
— É Davie! — gritou Meghan e na neve que caía desceu
correndo a colina.
CAPÍTULO 14
A verdade
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Prova, de um só tipo
Coragem
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O Anjo de Pip
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Diversas descobertas
significativas
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Ele a beijou, tomando-a em seus braços e moldando seu
corpo ao dele. Ela puxou a roupa dele, tirou-lhe o casaco dos
ombros e livrou as longas bainhas de sua camisa de seus
calções. Tirando-o, ele jogou a roupa de lado. Em seguida, as
mãos dela vieram sobre sua pele, arrastando-se por seus
braços, peito e na cintura, e era uma tortura, tortura perfeita
para jogá-la imediatamente de costas e afundar-se nela.
Com uma mão na parte de trás de seu pescoço, puxando-o
e ela roubando beijos, e deixando em sua garganta, e sua outra
mão deslizou sobre seu abdômen para cobrir seu pênis.
— Você está pronto? — Sua voz pareceu pegar. — Quando
você estará pronto de novo?
Ele curvou suas mãos pelas costas. Sua pele era fina, fina
sobre seus ossos, como o leite. Obrigou-se a segurá-la
levemente, vagamente. Seu nariz, boca e cabeça estavam cheios
dela, ainda assim ele poderia pegá-la e consumi-la de um só
gole. Ele nunca tinha entendido a peculiar e intensa
sensibilidade de seus sentidos, nunca soube por que a ele
tinha sido dada esta maldição.
Não era mais uma maldição.
— Sempre que você precisar de mim, — disse ele.
— Sempre que...? — Seus olhos dispararam para
encontrar os dele. — Agora?
Ele sorriu, todos os outros músculos em seu corpo em
total contenção.
— Bom Deus, Colin! — Ela riu. — O que você está
esperando? — Ela agarrou o braço dele e puxou-o. Ela era uma
coisinha pequena, mas ele permitiu que o atraísse para a
cama. Ele não podia lhe dizer a verdade: que estava esperando
por isso desde aquela noite da festa de seus pais anos atrás,
que ele havia negado isso a si mesma de novo e sempre até que
finalmente acreditou que não queria, e que agora ele estava
apavorado. Se ele permitisse que essas palavras começassem a
fluir, ele nunca seria capaz de estancá-las.
Então ele tomou sua boca. Deitando-a no colchão, seus
olhos consumindo o rosa leitoso de sua beleza prateada e
dourada iluminada pela luz do fogo, finalmente ele a provou.
Ela engasgou quando a boca dele se fechou sobre um mamilo
rosado. Ele provou como uma groselha preta. Ela tinha gosto
de groselha por toda parte, doce, azeda e fresca, assim como
seu discurso — groselhas entre os dentes e a língua. E a sentiu
como seda em suas mãos e contra sua bochecha. Seda e
groselha. Ele ficou tonto inalando-a.
Movendo-se debaixo dele, ela levantou as costas do
colchão e choramingou.
Seus seios eram macios e confortavelmente pontiagudos e
perfeitos para sua boca e mãos.
— Oh, Colin, isto é... isso… -— Seus olhos estavam
apertados, os lábios entreabertos, engolindo o ar, suas mãos
arrancando a colcha de linho da cama. Ela soltou a colcha e
agarrou a cintura dele. — Por favor, consuma isso. Agora. Eu
temo que eu estou na beira de derreter-me — gemeu! Ela
gemeu e se esfregou contra a mão dele. — Re… — Ela
engasgou, ondulando seus quadris com suas carícias, mesmo
quando empurrava o cós de sua calça. — Re… remova-o e entre
dentro de mim. — E então ela estava rindo. — Quantas vezes
eu devo dizer-lhe que deve montar no cavalo? — Ela exclamou e
convulsionou em riso.
Ele afastou-lhe os joelhos e empurrou seu pênis dentro
dela. Sua risada cessou abruptamente. Seus olhos se
arregalaram. Então seus lábios se abriram levemente. Um
gemido de puro prazer feminino se derramou dela.
Pressionando para frente, ele sentiu sua carne abrir-se para
ele, acolhendo-o. Profundamente. E, em seguida, ele estava
dentro, rodeado por ela, bloqueado dentro dela que estava
quente, molhando seu membro, sua barriga plana contra a dele
e, suas coxas rodeando seus quadris. Ela estava apertada,
muito apertada, e ele estava dentro dela e o mundo estava
girando em torno dele, cambaleando-o.
— Oh, — ela sussurrou. Uma lágrima caiu do canto do
seu olho, cintilando uma pequena estrada prateada de seu
cabelo. Seus dedos fizeram crateras em seus ombros.
— Estou te machucando? — Ele perguntou e pensou ter
dito, do fundo de sua garganta. Ela não podia estar chorando.
Ela não devia estar chorando.
— Não, — ela quase sussurrou. — Não. Não. — Agora seus
seios se levantaram contra seu peito, respirações duras e
rápidas, uma após a outra. Seus corpos estavam totalmente
imóveis, mas dentro dela, ela estava trabalhando nele,
ordenhando-o.
— Emily, — ele proferiu, lutando contra o aperto de seus
testículos.
— Se eu me mexer, — ela murmurou, seus músculos
delicados, fortes e internos massageando-o. — Se você se
mover...
— Isso vai acabar rapidamente.
— Podemos ficar assim? Bem assim? Até que a... a
urgência passe?
Ele quase riu. Ele não se atreveu. Ele mal conseguia
respirar.
— Você deve parar o que está fazendo, — ele sussurrou.
Seus lábios se curvaram em um sorriso diabólico. Ele
queria mordê-la.
— Eu não desejo deixar de fazer isto, — ela cantarolou,
apertando seus músculos em torno de seu pênis novamente,
enviando o mundo em espiral novamente, em um lugar, um
nexo, o próprio centro dele. — Eu gosto de fazer com que todos
os tendões do seu pescoço e do tórax estejam completamente
angustiados, — ela disse.
Ele se dirigiu para ela. Capturando sua boca na dele, ele a
beijou e a tomou, duro, mais rápido com cada impulso, até que
ambos estavam ofegantes, esforçando-se. Ele era um selvagem,
entrelaçados pele, músculo e calor que obrigou-o ir mais fundo
e, em seguida, mais profundo ainda, juntos. Então,
rapidamente, eles estavam chegando ao êxtase. Ela gritou seu
nome muitas vezes. Sua voz era música, doce, pura, inebriante,
corajosa e soando a sexo, que ele estava fazendo com ela, que
ela estava fazendo com ele, tudo dentro dele afunilando,
rasgando, canalizando e derramando dentro dela. Ela o pegou,
arrastando-o cada vez mais para dentro, envolvendo-se mais
em torno dele, cada parte dele dentro dela, e ela esvaziou-o
com as carícias de mãos em seu corpo e o puxão glorioso de
sua vagina em gozo.
Havia estrelas diante de seus olhos, estrelas reais.
Engolindo ar, ele a tocou, acariciou-a, aliviou-a, acalmou-
a, através de seus gemidos finais, mais suaves e depois seus
suspiros.
Um de seus braços caiu no colchão e seus olhos estavam
fechados, mas seus lábios estavam sorrindo e seus dedos
estavam em seus cabelos e suas coxas estavam em torno de
seus quadris.
— Decidi — disse ela languidamente — que prefiro
cavalgar com você dessa maneira.
Ele riu e enterrou seu nariz na sedosa curva de seu
pescoço. Inalando o ar que acariciava sua pele, intoxicando-se
no doce almíscar de seu suor e alguns cheiros de ervas ou
flores que se agarrava a ela. Distraidamente, parecia que as
pontas de seus dedos acariciavam a nuca dele.
Eles não disseram nada por algum tempo, sua respiração
desacelerou e a umidade de seu corpo ficou fria.
Quando ele levantou a cabeça, seus olhos estavam
abertos, sonolentos, mas limpos. Ela sorriu simplesmente.
— Se eu sair de dentro de você, — ele disse, — vai levantar
e sair?
— Eu não vou sair nem mesmo levantar. — As pontas dos
dedos dela caminharam ao longo de seu ombro e depois
desceram pelo peito dele. — Em vez disso, vou me envolver em
torno de você e descobrir o que é gostar de ficar imóvel contra
corpo de um homem.
Sua garganta estava muito grossa.
— O corpo de um homem? — Seu olhar se afastou dele.
— Seu corpo, — ela sussurrou. — Você. — E, então: — Só
você.
Ele entendeu. Ela estava fazendo uma concessão para o
ciúme dele, mas ela não gostava de fazer isto.
Ele afastou-se, beijando seu ombro, e então o seu seio, e
rolou de costas, levando-a consigo. Puxando as cobertas sobre
eles, ela virou-se para seu lado, colocando suas mãos em torno
de seu braço e sua bochecha contra seu ombro, e curvando-se
para que seus joelhos tocasse seu quadril. Possivelmente ela
disse algo, sussurrou contra sua pele. Mas ele já estava
adormecendo, ou parcialmente adormecido, e ela nunca teria
dito o que ele achava que ouvira de qualquer maneira.
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O impostor
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Um grande homem
Um panfleto
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Minha dama,
Eu sou todo admiração — desta vez com total sinceridade.
Se eu estivesse diante de você agora, veria um homem cheio de
grata humildade. Se eu não soubesse que você tenha pago o que
acreditava ser sua dívida comigo, não só uma vez, que eu sabia,
mas duas vezes e tão generosamente, e não tenha lhe
agradecido por isso. Eu o faço agora com profunda gratidão.
Meus cumprimentos mais dignos para você.
Meus elogios adicionais por puxar a venda dos olhos de
Gray por tantos anos. Eu gostaria de ter visto seu rosto no
momento em que ele descobriu a verdade. Eu, simplesmente,
terei que imaginá-lo e sentir a alegria de saber que você perfurou
aquela fachada controlada, quando nada do que eu fizesse pôde
conseguí-lo.
W. Yale
Ela não podia sorrir. Não havia nenhuma satisfação nisso,
quando ela, ainda, via diante dela os olhos zangados de Colin
pela sua traição, enquanto ele olhava-a do outro lado do pátio
da estalagem do Solstício.
Da porta, Franklin pigarreou.
— Minha lady, outra carta acaba de chegar, também via
mensageiro privado. — A nota está assinada pela mão de Kitty
Blackwood.
Muito Feliz
— Pallas.
O som da carruagem retumbou sobre as pedras, quase
abafando a sugestão de Diantha Yale.
— Mas ela já foi Athenas, — respondeu Kitty. — Pallas é
outro nome para Athenas. Seria redundante.
— Então Safo, — ofereceu Diantha. — Como seria Safo?
Apesar de sua experiência não negligenciável nas artes
sensuais, em seu canto da carruagem, Emily, apesar de tudo,
corou. O nome Safo inevitavelmente lembrava do quarto de
dormir no Solstício Inn no qual ela havia experimentado das
artes sensuais com seu amante e nêmesis com total abandono.
Não foram, é claro, os detalhes daquele abandono que a fez
corar, mas o resultado final disso. O fato de suas amigas já
estarem acostumadas a seu acordo com o conde de Egremoor
não tornava nenhum aspecto mais fácil para ela negociar.
No assento oposto, Viola Seton chamou sua atenção e
sorriu, como se soubesse o que Emily estava pensando.
Emily afastou o olhar e espiou pela janela, lamentando ter
concordado que Colin fosse para o clube com Leam, Wyn,
Jinan e Constance. Hoje à noite, em uma cerimônia privada em
uma antecâmara durante a festa, Sua Majestade agradeceria
pessoalmente aos ex-agentes do Falcon Club. Antes disso, os
cinco queriam fechar o escritório na 14½ Dover Street,
juntamente com um último brinde.
Ela não podia invejá-lo. Ela não poderia negar-lhe nada.
Seu ânimo era só de nervosismo.
— Eu tenho uma ideia, — disse Kitty. — Molly Brown. Ela
era uma pirata famosa.
Viola fez uma careta bonita.
— Famosa, sim. Boa nisso, não. Eu sugiro Nefertiti. Ela
era uma rainha.
— Você gosta de egípcios, é claro, — disse Diantha com
olhos sinceros.
A carruagem rastejou pelo tráfego em direção à magnífica
massa de Carlton House. Diantha, Kitty e Viola continuaram a
debater, mas Emily só tinha atenção para o homem que estava
em pé com seus amigos diante do prédio, observando-a.
— Vamos pensar em algo, tenho certeza, — disse Kitty
enquanto um lacaio descia o degrau.
Colin estendeu a mão e Emily colocou a sua, enluvada em
pelica fina, na palma da mão dele. Ele levou-a aos lábios e deu
um beijo tão suave que não deixou nenhuma marca em sua
luva e, ainda assim, ela sentiu até nos dedos dos pés. Havia,
descobriu ela, muitas vantagens em ter um amante que fosse
ao mesmo tempo um cavalheiro consumado e um especialista
em esconder de olhares indiscretos aquilo que ele não desejava
que vissem.
— Minha lady, — disse ele com um sorriso. — Eu senti
sua falta.
Eles ficaram separados por apenas duas horas. Mas ele
tinha dito as mesmas palavras tantas vezes nas últimas
semanas que ela suspeitava que dissesse isso para lembrar a si
mesmo que podia — que o passado que o governou não tinha
mais nenhum poder.
Enfiando os dedos na dobra do braço dele, ela entrou na
festa. A casa estava iluminada com candelabros cintilantes,
música e risos. O rei não economizara nos gastos e festejava
profusamente. Toda Londres estava de bom humor.
Para o horror de Emily, eles também estavam todos aqui.
Era a primeira vez que lady Justiça se aventurava na sociedade
desde que revelara sua identidade, e Kitty e Constance lhe
disseram que ninguém se atreveria a perder a ocasião.
Nas últimas semanas, de toda a Grã-Bretanha, as pessoas
escreveram para ela. Alguns a assustaram, alegando que ela
era uma aberração da feminilidade e uma mancha na
sociedade, na Inglaterra, na Grã-Bretanha e, por falar nisso,
em todas as mulheres. Mas a maioria a aplaudia, agradecendo-
lhe, implorando favores, sugerindo novas reformas, até
propondo casamento, e muitos aconselhando-a a prosseguir
com Peregrine, por um lado, e Lord Egremoor, por outro.
Alguns deles insistiram para que ela continuasse
insistindo que o ex-secretário do Falcon Club se revelasse
publicamente e que, quando ele fizesse, ela o transformasse em
uma espécie de criado exaltado — possivelmente seu
secretário, por ironia. Quando ela sugeriu isso a Colin, ele
revirou os olhos e, sem comentar, voltou a ler o jornal.
Outros, no entanto, recomendaram que ela aceitasse o
pedido do Conde de Egremoor, que Sybil Charney fizera fofocas
comuns em todas as salas de estar e casas públicas de
Glasgow a Londres. Para ajudá-la querida, Sybil escrevera para
ela em roteiro efusivamente enrolado, pois eu sabia que você
nunca faria o certo se fosse por si mesma!
Quando informado sobre a natureza pública e maciça de
sua proposta, Colin levantou uma sobrancelha, colorindo
apenas ligeiramente as bochechas, e então tentou influenciar
sua decisão beijando-a, enquanto oferecia motivos racionais
sobre os benefícios de se tornar uma condessa: o ouvido
perfeito de um estadista influente, a abundância de fundos
para prosseguir programas de reforma, uma propriedade
extensa sobre a qual colocar suas ideias revolucionárias em
prática real e, claro, ele.
Ele não era, em suma, de nenhuma ajuda.
Dado tudo isso, ela agora estava compreensivelmente
apreensiva. E o vestido que sua mãe insistiu que ela usasse
estava incrustado de lantejoulas, e o espartilho era muito
apertado em suas costelas.
— Se eu desmaiar de sufocamento, — ela murmurou para
seu belo acompanhante, — você vai me levar até uma
montanha de novo?
Ele apertou os dedos dela.
— Sempre, — ele murmurou tranquilizadoramente. — Mas
você não vai desmaiar.
— Meu temperamento é mais adequado para reuniões
modestas. — Ela se esforçou para ver os rostos das pessoas
através de seus óculos, que tinham ficado embaçado. — O
encontro de duas pessoas pelo menos.
— Eu prometo realizar um encontro com você assim que
chegarmos em casa hoje à noite, — disse ele com um olhar
benigno para a multidão. Mas a covinha amassou sua
bochecha.
— Você está tentando me distrair.
— É eficaz?
— Um pouco. — Eles estavam avançando para linha a ser
formalmente apresentada. Dezenas de olhos seguiram seu
progresso, monóculos erguidos para estudar a mulher de carne
e osso por trás dos panfletos.
— Eu nunca quis isso, — ela sussurrou. — Esta
notoriedade.
— Você não é notória. Você é famosa. Há uma diferença.
À frente deles na porta da grande sala de estar, o
mordomo anunciou:
— Sr. Frederick Saint-André Sterling e Lady Constance
Sterling! — A luz das velas cintilou no punho da espada de
Saint e cintilou nos diamantes de Constance, cegando Emily
momentaneamente. Então, abruptamente, não havia ninguém
na frente dela. Ela estava inteiramente exposta, de pé diante de
centenas de pessoas lotadas no lugar mais exaltado de
Londres, com a mão tremendo ferozmente no aperto firme de
seu melhor amigo.
Ele inclinou a cabeça para ela e sussurrou em tom de
conversa:
— O que era que as outras estavam falando quando você
chegou?
— Oh. — Sua voz vacilou. — Agora que Zenóbia não está
mais na moda, elas estão tentando decidir um novo nome para
mim.
— Ahh, — ele disse com desenvoltura. Então, com um
sorriso torto que lhe deu nervosismo, acrescentou com voz
rouca: — E eu aqui pensando que você já tinha um.
O mordomo limpou a garganta.
****
Lady Justiça
Querida lady, estou no salão do andar de baixo.
Eu preparei as festividades que prometi mais cedo. Se você
conseguir se afastar do trabalho, aguardo apenas a convidada
de honra — a Lady do meu coração.
Em ansiosa expectativa, seu consorte,
Peregrino
Conde de Egremoor
Mestre do dormitório
****
Caro Colin
Essa é a melhor carta que já recebi. Em aproximadamente
dez segundos, quando eu lhe entregar esta resposta
pessoalmente, mostrarei exatamente o quanto eu adoro — amo
você — adoro a gente!
Com todo meu amor
Sua Emily
Uma nota sobre os direitos das mulheres
Inspiração Histórica
****
[←1]
O falcão-peregrino é uma ave de rapina diurna de médio porte que pode ser
encontrada em todos os continentes exceto na Antártida.
[←2]
Asceta - Pessoa que busca se afastar dos prazeres, dedicando-se a orações,
privações e flagelações.
[←3]
Ardósia - Lousa, de ardósia ou não, onde se escreve ou desenha com ponteiro
da mesma pedra.
[←4]
M apetite – minha pequena.
[←5]
Sauf – exceto em francês.
[←6]
Tout à fait - totalmente
[←7]
Oui - sim
[←8]
Non - não
[←9]
Ma chère – minha querida.
[←10]
C'est ça – é isso!
[←11]
Ce soir – esta noite.
[←12]
Oui - sim
[←13]
Bataille - batalha
[←14]
O duque do diabo?
[←15]
Meu Deus!
[←16]
As Terras Baixas da Escócia (gaélico escocês A' Ghalldachd', significado
aproximado 'região não-gaélica', em inglês Scottish Lowlands) são a região
plana no sul da Escócia. É também a zona mais desenvolvida da Escócia, ali se
situando as cidades de Glasgow e Edimburgo.
[←17]
Les Paysans - Os camponeses
[←18]
Peut-être - talvez
[←19]
bien sûr – é claro.
[←20]
Blaggard - Um canalha ; uma pessoa desprezível desprovida de princípios; uma
pessoa não confiável. Normalmente, usado apenas para se referir a um homem.
[←21]
Isnurrecionista - Os Insurrecionistas, também chamados de insurgentes ou
rebeldes, são grupos de humanos dedicados a libertarem-se da esfera de
influência do Governo Unificado.
[←22]
Une bonne idée, certainement - Uma boa ideia, certamente
[←23]
Sauf vous – exceto você
[←24]
Chicana - Ardil, sofisma.
[←25]
barouche-landau - é uma carruagem grande, aberta, de quatro rodas, pesada e
luxuosa, puxada por dois cavalos. Foi moda ao longo do século XIX. Seu corpo
fornece assentos para quatro passageiros, dois passageiros no banco traseiro
em relação a dois atrás do banco alto do cocheiro. Um teto de couro pode ser
erguido para dar aos passageiros dos bancos traseiros alguma proteção contra
as intempéries
[←26]
Escambo - Troca de mercadorias sem que haja uso de dinheiro.
[←27]
Curiosidade animal. Insetos que mordem: Pulga, pernilongos, mosquitos e
formigas.
[←28]
Ales – forma de expressão para cerveja. Ale é um tipo de cerveja produzida a
partir de cevada maltada usando uma levedura que trabalha melhor em
temperaturas mais elevada
[←29]
Ribanceira - barranco
[←30]
Dispepsia - Dificuldade ou embaraço na digestão.
[←31]
Abside - Extremidade, em semicírculo, de uma basílica romana, e, por
analogia, do coro de uma igreja.
[←32]
Tropeiro - Condutor de tropas de animais; condutor de bestas de carga.
[←33]
Enchantée – encantada.
[←34]
tout de suíte – imediatamente ou agora.
[←35]
Quelle aventure romantique – que aventura romantica
[←36]
Ale- cerveja
[←37]
Highland Clearances ( gaélico escocês : Fuadaichean nan Gàidheal [ˈfuə̯t̪içən
nəŋ gɛː.əl̪ˠ] , o "despejo dos Gaels ") foram os despejos de um número
significativo de inquilinos nas Terras Altas da Escócia, principalmente durante
os séculos XVIII e XIX. Eles resultaram de cercados de terras comuns e uma
mudança de agricultura para criação de ovelhas e gado, em grande parte
realizada por proprietários de terras aristocráticos hereditários que
anteriormente tinham status como chefes de clãs gaélicos escoceses . Os
Clearances foram uma série complexa de eventos que ocorreram ao longo de
mais de cem anos. [1] A Highland Clearance foi definida como "um despejo
simultâneo forçado de todas as famílias que vivem em uma determinada área,
como um vale inteiro. Wikipédia
[←38]
Algonquian é um dos grupos de idiomas nativos mais populosos e difundidos
da América do Norte . Hoje, milhares de pessoas se identificam com vários
povos algonquinos. Historicamente, os povos eram proeminentes ao longo da
costa atlântica e no interior ao longo do rio St. Lawrence e em torno dos
Grandes Lagos .
[←39]
non sequitur – não me siga
[←40]
Mither – mãe em gaélico. Uma variação.
[←41]
Lass – moça em gaélico.
[←42]
O estorninho-comum, também chamado de estorninho-malhado, é um pássaro
da família dos esturnídeos, nativo da Eurásia e introduzido na América do
Norte, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia
[←43]
Bain - menino
[←44]
Sassenach - estranjeiro
[←45]
Nêmesis Segundo a Mitologia Grega, deusa da vingança e da justiça equitativa.
Inimigo.
[←46]
Fato - coletivo de cabras e bodes.
[←47]
Bonnie - bonita, bela. – Lass- moça.
[←48]
Penny - centavo.
[←49]
Quatre Bras - A Batalha de Quatre Bras (16 de junho de 1815) pôs frente a
frente aos contingentes anglo-aliados com a ala esquerda do exército francês
próximo do cruzamento de Quatre Bras, na atual Bélgica, poucos dias antes da
decisiva Batalha de Waterloo
[←50]
Corte a la Brutus - é um corte com cachos na parte da frente, caindo sob os
olhos, e atrás rebaixado.
[←51]
les paysans- dos camponeses
[←52]
Comme ça - assim
[←53]
Bien sûr - claro.
[←54]
Boxing Day é um feriado celebrado no dia seguinte ao dia de Natal. Originou-se no Reino Unido, e é
celebrado em vários países que anteriormente faziam parte do Império Britânico. Boxing Day é em
26 de dezembro, embora o feriado bancário ou o feriado público em anexo possam ocorrer no
mesmo dia ou dois dias depois. Boxing Day é um feriado bancário (na Inglaterra, País de Gales e
Irlanda do Norte desde 1871.
[←55]
si cela te plaît - se você gostar.
[←56]
Whig - Membro do partido reformador e constitucional britânico que buscou a supremacia do
Parlamento e foi finalmente sucedido no século XIX pelo Partido Liberal
[←57]
Tories - Membro do ou partidário do Partido Conservador
[←58]
O termo protofeminismo é, às vezes, aplicado a uma pessoa que defendia valores semelhantes aos
atuais valores feministas em uma época em que o termo "feminista" ainda era desconhecido, ou
seja, antes do século XX. No entanto, a utilidade do termo protofeminista é rejeitado por alguns
estudiosos modernos.
[←59]