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Revista de APS ISSN: 1809-8363 (on-line)

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA CRIANÇAS COM SINDROME DE DOWN:


DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL

HEALTHY EATING FOR CHILDREN WITH DOWN SYNDROME:


DEVELOPMENT OF EDUCATIONAL TECHNOLOGY

RESUMO
Indivíduos com Síndrome de Down podem apresentar maior propensão ao ganho de peso e
desenvolvimento de doenças relacionadas devido às condições inerentes a síndrome e maus hábitos
alimentares. Nesse sentido, as tecnologias educacionais se apresentam como ferramentas
importantes para o aprendizado, ajudando a melhorar e definir novos hábitos de alimentação e
saúde. Dessa forma, o trabalho teve como objetivo elaborar uma tecnologia educativa sobre
alimentação saudável para crianças com Síndrome de Down. Trata-se de um estudo metodológico
de abordagem qualitativa e descritiva. A pesquisa aconteceu na APAE-Belém e contou com a
participação de pais ou responsáveis de crianças portadoras de SD, na faixa etária de 5 a 10 anos,
de ambos os sexos, regularmente matriculados na instituição. O estudo se dividiu em três etapas,
sendo a primeira composta pela revisão bibliográfica e diagnóstico situacional com aplicação de um
roteiro de entrevista e deles retiradas informações norteadoras da tecnologia; a segunda pela
conceituação e pré-produção da tecnologia e a terceira com a produção final do protótipo. O
procedimento de análise e interpretação dos achados incluiu a transcrição dos dados para iniciar o
processo de categorização a partir da análise de conteúdo que serviram de subsídio para a
elaboração da TE, sendo identificadas três categorias: alimentação da criança; alimentação
saudável; tecnologia educativa sobre alimentação saudável. Ao final do estudo pode-se observar que
a utilização de tecnologias voltadas para a educação alimentar e nutricional, principalmente para
crianças com Síndrome de Down, tem um potencial ainda pouco explorado.

PALAVRAS-CHAVE: Síndrome de Down; Educação em saúde; Tecnologia educacional; Alimentação


saudável.

ABSTRACT
Individuals with Down Syndrome may be more prone to weight gain and the development of related
diseases due to conditions inherent to the syndrome and poor eating habits. In this sense,
educational technologies are presented as important tools for learning, helping to improve and define
new eating and health habits. Thus, the work aims to develop an educational technology on healthy
eating for children with Down Syndrome. This is a methodological study with a qualitative and
descritive approach. The research took place at APAE-Belém and had the participation of parents or
guardians of children with DS, aged 5 to 10 years, of both sexes, regularly enrolled in the institution.
The study was divided into three stages, the first consisting of a bibliographical review and situational
diagnosis with the application of an interview script and from which information guiding the technology
was withdrawn, the second by the conceptualization and pre-production of the technology and the
third with the final production of the prototype. The procedure for analyzing and interpreting the
findings included the transcription of data to start the categorization process based on the content
analysis that served as a subsidy for the elaboration of the ET, identifying three categories: child
feeding; healthy eating; educational technology on healthy eating. At the end of the study, it can be
observed that the use of technologies aimed at food and nutrition education, especially for children
with Down Syndrome, has a potential that is still little explored.

KEYWORDS: Down's syndrome; Health education; Educational technology; Healthy eating.

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INTRODUÇÃO

A Síndrome de Down (SD) ou Trissomia do Cromossomo 21 é uma condição humana


geneticamente determinada. É a alteração mais comum em humanos e uma das principais
causas de deficiência intelectual na população. Dados do Ministério da Saúde mostram que
é gerada em média uma criança com SD a cada 600 a 800 nascidos, independente de etnia,
gênero ou classe social (ARRUDA; SANTOS; COSTA, 2019; BRASIL, 2013).
A presença do cromossomo extra na constituição genética determina características
físicas específicas e atraso no desenvolvimento. Entretanto, sabe-se que as pessoas com
SD quando atendidas e estimuladas precoce e adequadamente, têm grande potencial para
uma vida saudável e plena de inclusão social (BRASIL, 2013).
Os avanços da medicina e da nutrição no acompanhamento e tratamento dos portadores
da SD vêm contribuindo de forma significativa na expectativa de vida e melhoria na saúde
desses indivíduos, uma vez que apresentam maior propensão ao desenvolvimento de
algumas condições como: hipotonia muscular, alteração na mastigação e deglutição,
redução do peristaltismo e esvaziamento gástrico, resistência à insulina, alterações
tireoidianas, ingestão calórica inadequada, obstipação e sobrepeso/obesidade (ALMEIDA,
2017; MUSTACCHI; SALMONA, 2017; SILVA; SOUSA, 2018).
De acordo com Silva e Sousa (2018), a maioria das crianças com SD podem apresentar
ganho de peso elevado em decorrência de hábitos alimentares monótonos e inadequados,
associados a características inerentes a síndrome como a alteração na taxa metabólica
basal, o que evidencia a necessidade de uma intervenção nutricional e acompanhamento
dietético adequado.
Nesse contexto, a educação em saúde apresenta-se como uma estratégia fundamental
para promover conhecimento, possibilitar melhores escolhas alimentares e mudança de
comportamento, representando um ambiente propício para as atividades de Educação
Alimentar e Nutricional (EAN) e ações de promoção à saúde. Para isso é necessário levar
em consideração a visão integral e multidisciplinar da criança, verificando o contexto familiar,
comunitário, social e ambiental, proporcionando o desenvolvimento de hábitos alimentares
saudáveis (COSTA; DIAS; BORGHETTI; FORTES, 2013; MORAIS; VERGARA; BRITO;
SAMPAIO, 2020).
As Tecnologias Educacionais (TE) são ferramentas que possibilitam atividades de
educação em saúde e sua utilização permite que os momentos de ensino se tornem
diversos, sendo quesito essencial para alcançar a aprendizagem e estimular à integração e
a participação efetiva das crianças, apresentando maior interesse, através do lúdico e da
dinamicidade.

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É primordial desenvolver estratégias tecnológicas que incentivem a postura ativa das
crianças (SILVA; GONÇALVES; MARTINS, 2020; ARAÚJO; SOUZA; SILVA; WEIS, 2022).
Os jogos são instrumentos que além de proporcionarem diversão, se configuram como
uma tecnologia capaz de facilitar e acelerar a aprendizagem e a mudança de
comportamento. Tais tecnologias vêm se tornando primorosas ferramentas pedagógicas no
campo da educação em saúde, pois oferecem funções didáticas estimulantes, aprazíveis e
eficientes, tanto a nível ambulatorial quanto domiciliar. É visível na sociedade
contemporânea o constante crescimento da tecnologia, abrindo novas possibilidades para a
utilização desse recurso na educação (MOREIRA; OLIVEIRA; ALMEIDA; MAGALHÃES,
2018).
Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo a construção de uma TE sobre
alimentação saudável, no formato de jogo de tabuleiro, voltada para estimular os bons
hábitos alimentares na prevenção de doenças e promoção de saúde.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo metodológico, de abordagem qualitativa, descritiva, com foco na


produção de uma tecnologia educacional com vistas a auxiliar a EAN tanto por profissionais
nutricionistas quanto pelos pais ou responsáveis. A pesquisa ocorreu no ano de 2022, entre
os meses de maio e agosto, na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Belém
(APAE-Belém) e contou com a participação de dezoito pais ou responsáveis de crianças
portadoras de SD, na faixa etária de cinco a 10 anos, de ambos os sexos, regularmente
matriculados na instituição, sendo a coleta de dados encerrada ao atingir o ponto de
saturação (FONTANELLA; RICAS; TURATO, 2008). A pesquisa foi desenvolvida seguindo
os preceitos éticos, sendo realizada após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do
Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA), sob o parecer de n° 5.262.350.
Os pais ou responsáveis que aceitaram participar do estudo assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido e o Termo de Autorização para Registro por Gravação de
Áudio. A pesquisa foi realizada em três etapas distintas, como mostrado na figura 1.

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Figura 1 – Etapas da pesquisa e produção da tecnologia educacional.

Seleção de Construção Produção


conceitos

Revisão Conceituação
bibliográfica
Diagnóstico Protótipo
Pré-produção
situacional

Fonte: Elaborada pelas autoras.

A primeira etapa do estudo consistiu na seleção de conceitos mediante levantamento


bibliográfico a partir da questão norteadora: “Quais as principais dificuldades relatadas pelos
pais ou responsáveis das crianças portadoras de SD sobre alimentação saudável? ” e do
diagnóstico situacional através de entrevista guiada por um roteiro abrangendo informações
sobre: dados socioeconômicos e demográficos dos pais ou responsáveis, conhecimento e
hábitos alimentares das crianças. Com o objetivo de manter o anonimato dos entrevistados,
estes foram identificados como “P” de participante e enumerados conforme sequência das
entrevistas.
Em seguida, foi realizada a transcrição das gravações por meio da análise categorial –
temática, sendo realizada a leitura flutuante do material transcrito, com recortes dos textos
em unidade de registros e agregação das informações em categorias e posterior tratamento
e interpretação dos resultados. A categorização foi definida levando em consideração os
objetivos da pesquisa e o roteiro de entrevista utilizado com os indivíduos participantes
(MINAYO, 2007).
A segunda etapa foi a construção da TE na modalidade de jogo de tabuleiro, a qual foi
fundamentada com base nas informações obtidas sobre as dificuldades alimentares
relatadas pelos pais ou responsáveis e do levantamento bibliográfico. A partir dessas
informações, a terceira e última etapa foi a produção do protótipo que permite trabalhar o
conteúdo de forma abrangente e dinâmica. A formatação de identidade interativa e visual do
jogo foi elaborada com o auxílio de um designer gráfico.

RESULTADOS

De acordo com os achados do perfil socioeconômico e demográfico, foi possível


observar que do total de entrevistados (n = 18) a maior parte dos responsáveis pelas
crianças é composta por mães (72,2%). A faixa etária predominante com 44,5% ficou entre
40 e 49 anos de idade e de acordo com o estado civil, 55,5% eram casados. Em relação à

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escolaridade, 38,8% apresentaram nível médio completo e recebiam entre dois e três
salários mínimos por mês.

Tabela 1 - Caracterização do perfil socioeconômico de pais ou responsáveis das crianças


com Síndrome de Down.
VARIÁVEIS N %

Responsável

Mãe 13 72,2

Pai 5 27,8

Faixa etária (anos)

30 — 39 6 33,3

40 — 49 8 44,5

50 — 59 4 22,2

Estado Civil

Solteiro 5 27,8

Casado 10 55,5

União Estável 3 16,7

Escolaridade

Fundamental Incompleto 3 16,7

Fundamental Completo 2 11,1

Médio Incompleto 0 0

Médio Completo 7 38,8

Superior Incompleto 3 16,7

Superior Completo 3 16,7

Renda familiar

Até 1 salário 4 22,2

2 a 3 salários 11 61,1

4 a 5 salários 1 5,6

Mais de 5 salários 2 11,1


*Valor do salário mínimo em 2022 de R$ 1.302 reais.

Fonte: Elaborada pelas autoras.

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O procedimento de análise e interpretação dos achados incluiu a transcrição dos dados
para iniciar o processo de categorização a partir da análise de conteúdo, com vistas a
sistematizar as categorias temáticas que serviram de subsídio para a elaboração da TE,
sendo identificadas três: alimentação da criança; alimentação saudável; tecnologia educativa
sobre alimentação saudável.

Categoria temática A: Alimentação da criança.

Nesta categoria foram abordadas questões como hábitos e rotina alimentar da criança,
tipos de alimentos consumidos com maior frequência e autonomia no momento da
alimentação. Diante das respostas recebidas, pode-se observar que existe certa dificuldade
quanto aos hábitos alimentares saudáveis e consumo de alimentos in natura, bem como
certa resistência por parte dos pais em deixar a criança ter mais autonomia com suas
escolhas. Tal percepção pode ser justificada nos trechos abaixo:

“Ela é um pouco enjoada para comer, gosta de comida molhada, seca ela não gosta. Ela
come verduras e legumes só se tiver misturado na comida” (P1).
“Verduras e legumes ela come só se for cortadinho e misturado. Frutas toma só suco,
não come muito” (P2).
“Gosta de açaí, aveia, carne, peixe, suco, pipoca, banana. Mas às vezes tem que ficar
insistindo. Confesso que eu dou suco de caju de garrafa, que é mais prático para mim”
(P3).
“Industrializado consome mais o iogurte e aqueles suquinhos de caixa que é mais prático
de transportar” (P5).
“Eu gostaria que tivesse mais autonomia, na maioria das vezes a gente oferece e ele só
aceita” (P7).
“Às vezes eu deixo ele escolher, mas normalmente eu que decido o que vai comer”
(P13).

Categoria temática B: Alimentação saudável.

Nesta categoria buscou-se verificar qual era o conhecimento dos participantes acerca do
tema alimentação saudável e quais as principais dificuldades apresentadas pelas crianças
em manter essa rotina. Diante das informações coletadas, foi notável que muitos
participantes ainda não são tão familiarizados com o assunto, limitando-se a relacionar uma
boa alimentação apenas ao consumo de frutas e verduras. As dificuldades relatadas foram
variadas, porém apresentou-se como ponto comum a recusa de alguns alimentos, gerando
certa seletividade. Segue trechos que enfatizam os achados acima:

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“Para mim é comer frutas, legumes, suco natural e comer muitas coisas que ele não
come” (P10).
“É comer mais frutas, legumes, comidas que não tenham muita fritura, massa em
excesso” (P13).
“Acho que é comer mais salada, pouca fritura e gordura. Comer mais natural” (P6)
“Ele é muito seletivo, só come aquilo que gosta e normalmente é sempre a mesma coisa”
(P12).
“Eu sempre ofereço coisas boas, coisas novas, mas ele não quer, é difícil aceitar uma
comida diferente” (P7).
“Não gosta de comida seca, tem que ter um caldinho. Já tentamos mudar, introduzir
novos alimentos, mas ele não aceita” (P15).

Categoria temática C: Tecnologia educativa sobre AS.

Quando questionados sobre os benefícios da elaboração de uma TE sobre alimentação


saudável, que estimule o conhecimento e desperte o interesse das crianças sobre o tema foi
notória a aceitação dos participantes. Dentre as opções de tecnologias, a construção de um
jogo lúdico foi o mais evidenciado nas entrevistas.
Foi possível observar que muitas das dúvidas a serem sanadas eram de interesse
comum, como: se existem alimentos específicos que são mais indicados para consumo; se a
criança pode e deve comer de tudo; informações sobre os alimentos saudáveis, foram
algumas das sugestões dos participantes para serem abordadas no jogo. As falas abaixo
evidenciam os principais pontos destacados pelos participantes:

“Acho muito benéfico. Todo projeto que é feito para ajudar no desenvolvimento deles é
ótimo“ (P11).
“Bem-vindo, sem dúvida. Se vem em forma de estímulo, já é um diferencial para ele”
(P12).
“É importante, né, para ela conhecer melhor os alimentos” (P16).
“Falar sobre quantidade, qualidade, o que deve ser consumido, o que não deve“ (P5).
“Acho que ensinar mais como fazer uma alimentação saudável e como oferecer isso para
ele, como abordar” (P7).
“.. Sobre a importância dos alimentos, os bem feitos que traz uma alimentação saudável,
não só para eles, mas para todos nós” (P14).

Produção da Tecnologia educacional

A partir das informações coletadas pelo roteiro de pesquisa e de evidências da literatura,


a TE foi construída considerando itens como: conteúdo, linguagem, layout, ilustração e
interatividade. O jogo de tabuleiro foi intitulado “Meu prato pai d’égua”, e tem como objetivo

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montar uma refeição saudável, conhecer os alimentos e melhorar os hábitos alimentares.
O jogo é composto por quatro jogos americanos incluindo prato principal, sobremesa e
bebida (fig.4); um tabuleiro (fig.5); vinte e oito alimentos para montagem da refeição (fig.6);
vinte e seis cards educativos (sorte ou azar – fig.3); um dado e um peão. Acompanha um
folder contendo as regras do jogo (fig.2).

Figura 2 – Regras do Jogo.

Fonte: Elaborada pelas autoras.

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Figura 3 – Exemplos de Cards (sorte e azar).

Fonte: Elaborada pelas autoras.

Figura 4 – Jogos Americanos.

Fonte: Elaborada pelas autoras.

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Figura 5 – Tabuleiro.

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Figura 6 – Alimentos.

Fonte: Elaborado pelas autoras.

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DISCUSSÃO

O presente trabalho descreveu o desenvolvimento de uma TE em formato de jogo de


tabuleiro que tem por finalidade proporcionar interação e aprendizado sobre alimentação
saudável entre os jogadores. A construção de materiais educativos potencializa as
orientações verbalizadas em consulta, tais ferramentas têm impacto positivo ao gerar
conhecimento, satisfação e melhor aderência às informações repassadas (FRAGA et al.,
2021).
De acordo com Leite, Prado, Peres (2018), as TE proporcionam interações entre o
profissional da saúde, paciente e família, sua confecção promove aquisição de
conhecimento adequado à realidade, e assim, provoca mudanças de atitudes, estimulando
decisões de forma autônoma por meio do entendimento de que os sujeitos, através de seus
comportamentos, influenciam seu próprio padrão de saúde.
Ações educativas executadas de forma lúdica possibilitam mudanças no conhecimento
sobre nutrição e alimentação entre as crianças e permite modificações positivas na rotina
alimentar, bem como o aumento do consumo de alimentos saudáveis (BARBOSA;
OLIVEIRA; CARVALHO; MARTINS, 2018). A utilização de jogos de tabuleiro como
estratégia para essas ações mostrou-se adequada para a absorção de conteúdos
relacionados aos bons hábitos alimentares e de saúde (SANTOS; SOUZA, 2020)
Silva et al. (2020), concluíram que existem evidências fortes para determinar a eficácia
de jogos e dinâmicas na educação em saúde, após realizar um estudo aplicando
intervenções lúdicas em crianças com SD, onde alguns pais relataram mudança no
comportamento alimentar das mesmas que passaram a consumir mais frutas, sucos naturais
e tiveram melhor aceitação dos vegetais na sua rotina. Desta forma, a elaboração de jogos é
uma boa estratégia de EAN que pode influenciar nos hábitos alimentares e de saúde, visto
que, essa população apresenta maior risco de desenvolver alergias alimentares e apresenta
maior prevalência de obesidade do que a população em geral (ALVES; HOSTINS, 2019).
Estudos vem demonstrando que dentre as variadas estratégias utilizadas para EAN, os
jogos foram os que fizeram maior sucesso entre as crianças e auxiliaram na assimilação do
conteúdo apresentado (PRADO; FORTES; LOPES; GUIMARÃES, 2018). Fraga (2021),
reforça que materiais educativos têm respostas positivas como instrumento adequado para
auxiliar pais, famílias, crianças e profissionais nas atividades de educação em saúde.
Existem diversos tipos de TE, no entanto, as que apresentam recursos audiovisuais, como
jogos, aplicativos e vídeos, conseguem alcançar de forma multissensorial, permitindo
interatividade e possibilitando uma maior apreensão do conteúdo que está sendo
transmitido.

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Na sociedade contemporânea, é visível o constante crescimento da tecnologia, abrindo
assim novas possibilidades de utilização deste recurso para a educação. Com a aplicação
de jogos educacionais, é possível criar uma conexão entre o lúdico e a organização do
pensamento, um recurso valioso para o trabalho com crianças (MOREIRA; OLIVEIRA;
ALMEIDA; MAGALHÃES, 2018). Os raciocínios lógico e motor são aprimorados através de
brincadeiras; no brincar ocorre a aprendizagem e se amplia a capacidade e as condições de
desenvolvimento por meio de troca de experiências com outras crianças, com os
profissionais ou com a família (MORAIS; VERGARA; BRITO; SAMPAIO, 2020).
Silva, Sampaio, Galiza, Cabral (2022), através de uma revisão integrativa da literatura
evidenciou em seus resultados a importância de se criar estratégias educacionais adaptadas
e eficazes para indivíduos com SD que fortaleçam o desenvolvimento de habilidades ainda
durante a infância, promovendo um melhor perfil de socialização e aprimorando tarefas
comportamentais e cotidianas.

CONCLUSÃO

O desenvolvimento de TE gera um efeito positivo no que tange aos saberes


relacionados à alimentação saudável, reforçando a necessidade da disseminação de
conteúdos em novas tecnologias para estimular a autonomia, aprendizado, bem como a
modificação dos hábitos alimentares e consequentemente de saúde, buscando alcançar
maiores benefícios a esses indivíduos. Dessa forma, lançar mão de ferramentas
tecnológicas no processo de ensino-aprendizagem é benéfico tanto para crianças com
Síndrome de Down e seus familiares, quanto para o profissional, visto que dispositivos
educativos são pouco explorados para essa população.

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