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TCR Final 16.01.23
TCR Final 16.01.23
RESUMO
Indivíduos com Síndrome de Down podem apresentar maior propensão ao ganho de peso e
desenvolvimento de doenças relacionadas devido às condições inerentes a síndrome e maus hábitos
alimentares. Nesse sentido, as tecnologias educacionais se apresentam como ferramentas
importantes para o aprendizado, ajudando a melhorar e definir novos hábitos de alimentação e
saúde. Dessa forma, o trabalho teve como objetivo elaborar uma tecnologia educativa sobre
alimentação saudável para crianças com Síndrome de Down. Trata-se de um estudo metodológico
de abordagem qualitativa e descritiva. A pesquisa aconteceu na APAE-Belém e contou com a
participação de pais ou responsáveis de crianças portadoras de SD, na faixa etária de 5 a 10 anos,
de ambos os sexos, regularmente matriculados na instituição. O estudo se dividiu em três etapas,
sendo a primeira composta pela revisão bibliográfica e diagnóstico situacional com aplicação de um
roteiro de entrevista e deles retiradas informações norteadoras da tecnologia; a segunda pela
conceituação e pré-produção da tecnologia e a terceira com a produção final do protótipo. O
procedimento de análise e interpretação dos achados incluiu a transcrição dos dados para iniciar o
processo de categorização a partir da análise de conteúdo que serviram de subsídio para a
elaboração da TE, sendo identificadas três categorias: alimentação da criança; alimentação
saudável; tecnologia educativa sobre alimentação saudável. Ao final do estudo pode-se observar que
a utilização de tecnologias voltadas para a educação alimentar e nutricional, principalmente para
crianças com Síndrome de Down, tem um potencial ainda pouco explorado.
ABSTRACT
Individuals with Down Syndrome may be more prone to weight gain and the development of related
diseases due to conditions inherent to the syndrome and poor eating habits. In this sense,
educational technologies are presented as important tools for learning, helping to improve and define
new eating and health habits. Thus, the work aims to develop an educational technology on healthy
eating for children with Down Syndrome. This is a methodological study with a qualitative and
descritive approach. The research took place at APAE-Belém and had the participation of parents or
guardians of children with DS, aged 5 to 10 years, of both sexes, regularly enrolled in the institution.
The study was divided into three stages, the first consisting of a bibliographical review and situational
diagnosis with the application of an interview script and from which information guiding the technology
was withdrawn, the second by the conceptualization and pre-production of the technology and the
third with the final production of the prototype. The procedure for analyzing and interpreting the
findings included the transcription of data to start the categorization process based on the content
analysis that served as a subsidy for the elaboration of the ET, identifying three categories: child
feeding; healthy eating; educational technology on healthy eating. At the end of the study, it can be
observed that the use of technologies aimed at food and nutrition education, especially for children
with Down Syndrome, has a potential that is still little explored.
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INTRODUÇÃO
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É primordial desenvolver estratégias tecnológicas que incentivem a postura ativa das
crianças (SILVA; GONÇALVES; MARTINS, 2020; ARAÚJO; SOUZA; SILVA; WEIS, 2022).
Os jogos são instrumentos que além de proporcionarem diversão, se configuram como
uma tecnologia capaz de facilitar e acelerar a aprendizagem e a mudança de
comportamento. Tais tecnologias vêm se tornando primorosas ferramentas pedagógicas no
campo da educação em saúde, pois oferecem funções didáticas estimulantes, aprazíveis e
eficientes, tanto a nível ambulatorial quanto domiciliar. É visível na sociedade
contemporânea o constante crescimento da tecnologia, abrindo novas possibilidades para a
utilização desse recurso na educação (MOREIRA; OLIVEIRA; ALMEIDA; MAGALHÃES,
2018).
Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo a construção de uma TE sobre
alimentação saudável, no formato de jogo de tabuleiro, voltada para estimular os bons
hábitos alimentares na prevenção de doenças e promoção de saúde.
MÉTODOS
Rev. APS, 3
Figura 1 – Etapas da pesquisa e produção da tecnologia educacional.
Revisão Conceituação
bibliográfica
Diagnóstico Protótipo
Pré-produção
situacional
RESULTADOS
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escolaridade, 38,8% apresentaram nível médio completo e recebiam entre dois e três
salários mínimos por mês.
Responsável
Mãe 13 72,2
Pai 5 27,8
30 — 39 6 33,3
40 — 49 8 44,5
50 — 59 4 22,2
Estado Civil
Solteiro 5 27,8
Casado 10 55,5
Escolaridade
Médio Incompleto 0 0
Renda familiar
2 a 3 salários 11 61,1
4 a 5 salários 1 5,6
Rev. APS, 5
O procedimento de análise e interpretação dos achados incluiu a transcrição dos dados
para iniciar o processo de categorização a partir da análise de conteúdo, com vistas a
sistematizar as categorias temáticas que serviram de subsídio para a elaboração da TE,
sendo identificadas três: alimentação da criança; alimentação saudável; tecnologia educativa
sobre alimentação saudável.
Nesta categoria foram abordadas questões como hábitos e rotina alimentar da criança,
tipos de alimentos consumidos com maior frequência e autonomia no momento da
alimentação. Diante das respostas recebidas, pode-se observar que existe certa dificuldade
quanto aos hábitos alimentares saudáveis e consumo de alimentos in natura, bem como
certa resistência por parte dos pais em deixar a criança ter mais autonomia com suas
escolhas. Tal percepção pode ser justificada nos trechos abaixo:
“Ela é um pouco enjoada para comer, gosta de comida molhada, seca ela não gosta. Ela
come verduras e legumes só se tiver misturado na comida” (P1).
“Verduras e legumes ela come só se for cortadinho e misturado. Frutas toma só suco,
não come muito” (P2).
“Gosta de açaí, aveia, carne, peixe, suco, pipoca, banana. Mas às vezes tem que ficar
insistindo. Confesso que eu dou suco de caju de garrafa, que é mais prático para mim”
(P3).
“Industrializado consome mais o iogurte e aqueles suquinhos de caixa que é mais prático
de transportar” (P5).
“Eu gostaria que tivesse mais autonomia, na maioria das vezes a gente oferece e ele só
aceita” (P7).
“Às vezes eu deixo ele escolher, mas normalmente eu que decido o que vai comer”
(P13).
Nesta categoria buscou-se verificar qual era o conhecimento dos participantes acerca do
tema alimentação saudável e quais as principais dificuldades apresentadas pelas crianças
em manter essa rotina. Diante das informações coletadas, foi notável que muitos
participantes ainda não são tão familiarizados com o assunto, limitando-se a relacionar uma
boa alimentação apenas ao consumo de frutas e verduras. As dificuldades relatadas foram
variadas, porém apresentou-se como ponto comum a recusa de alguns alimentos, gerando
certa seletividade. Segue trechos que enfatizam os achados acima:
Rev. APS, 6
“Para mim é comer frutas, legumes, suco natural e comer muitas coisas que ele não
come” (P10).
“É comer mais frutas, legumes, comidas que não tenham muita fritura, massa em
excesso” (P13).
“Acho que é comer mais salada, pouca fritura e gordura. Comer mais natural” (P6)
“Ele é muito seletivo, só come aquilo que gosta e normalmente é sempre a mesma coisa”
(P12).
“Eu sempre ofereço coisas boas, coisas novas, mas ele não quer, é difícil aceitar uma
comida diferente” (P7).
“Não gosta de comida seca, tem que ter um caldinho. Já tentamos mudar, introduzir
novos alimentos, mas ele não aceita” (P15).
“Acho muito benéfico. Todo projeto que é feito para ajudar no desenvolvimento deles é
ótimo“ (P11).
“Bem-vindo, sem dúvida. Se vem em forma de estímulo, já é um diferencial para ele”
(P12).
“É importante, né, para ela conhecer melhor os alimentos” (P16).
“Falar sobre quantidade, qualidade, o que deve ser consumido, o que não deve“ (P5).
“Acho que ensinar mais como fazer uma alimentação saudável e como oferecer isso para
ele, como abordar” (P7).
“.. Sobre a importância dos alimentos, os bem feitos que traz uma alimentação saudável,
não só para eles, mas para todos nós” (P14).
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montar uma refeição saudável, conhecer os alimentos e melhorar os hábitos alimentares.
O jogo é composto por quatro jogos americanos incluindo prato principal, sobremesa e
bebida (fig.4); um tabuleiro (fig.5); vinte e oito alimentos para montagem da refeição (fig.6);
vinte e seis cards educativos (sorte ou azar – fig.3); um dado e um peão. Acompanha um
folder contendo as regras do jogo (fig.2).
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Figura 3 – Exemplos de Cards (sorte e azar).
Rev. APS, 9
Figura 5 – Tabuleiro.
Figura 6 – Alimentos.
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DISCUSSÃO
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Na sociedade contemporânea, é visível o constante crescimento da tecnologia, abrindo
assim novas possibilidades de utilização deste recurso para a educação. Com a aplicação
de jogos educacionais, é possível criar uma conexão entre o lúdico e a organização do
pensamento, um recurso valioso para o trabalho com crianças (MOREIRA; OLIVEIRA;
ALMEIDA; MAGALHÃES, 2018). Os raciocínios lógico e motor são aprimorados através de
brincadeiras; no brincar ocorre a aprendizagem e se amplia a capacidade e as condições de
desenvolvimento por meio de troca de experiências com outras crianças, com os
profissionais ou com a família (MORAIS; VERGARA; BRITO; SAMPAIO, 2020).
Silva, Sampaio, Galiza, Cabral (2022), através de uma revisão integrativa da literatura
evidenciou em seus resultados a importância de se criar estratégias educacionais adaptadas
e eficazes para indivíduos com SD que fortaleçam o desenvolvimento de habilidades ainda
durante a infância, promovendo um melhor perfil de socialização e aprimorando tarefas
comportamentais e cotidianas.
CONCLUSÃO
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