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Sarah Brianne - Os Mafiosos 2 - Vincent (Oficial)
Sarah Brianne - Os Mafiosos 2 - Vincent (Oficial)
FOLHA DE ROSTO
CRÉDITOS
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
CAPÍTULO 48
CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 51
CAPÍTULO 52
CAPÍTULO 53
CAPÍTULO 54
CAPÍTULO 55
CAPÍTULO 56
CAPÍTULO 57
CAPÍTULO 58
CAPÍTULO 59
CAPÍTULO 60
PRÓXIMO LIVRO
ALLBOOK EDITORA
Todos os direitos reservados
Copyright © 2023 by AllBook Editora.
Todos os direitos reservados e protegidos pela lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro,
sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais
forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. Os
direitos morais do autor foram declarados.
Esta obra literária é ficção. Qualquer nome, lugares, personagens e incidentes são produto da
imaginação do autor. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, eventos ou
estabelecimentos é mera coincidência.
1. Romance americano. 2. Livros eletrônicos. I. Taveira, Clara. II. Título. III. Série.
23-83943
CDD: 813
CDU: 82-31(73)
DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À ALLBOOK EDITORA
contato@allbookeditora.com
HTTPS://ALLBOOKEDITORA.COM
SUMÁRIO
CAPA
FOLHA DE ROSTO
CRÉDITOS
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
CAPÍTULO 48
CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 51
CAPÍTULO 52
CAPÍTULO 53
CAPÍTULO 54
CAPÍTULO 55
CAPÍTULO 56
CAPÍTULO 57
CAPÍTULO 58
CAPÍTULO 59
CAPÍTULO 60
PRÓXIMO LIVRO
ALLBOOK EDITORA
Lake fechou os olhos enquanto ouvia o som de metal do escapamento do
carro raspando no asfalto. O carro de seu pai era um velho Cadillac que ela
tinha certeza ser dos anos oitenta; honestamente precisava de um trato. Uma
velharia e tanto.
Seu pai de alguma forma conseguiu mantê-lo funcionando ao fazer por
conta própria alguns consertos, para isso usou peças de vários carros,
inclusive criou algumas delas. Lake gostava de chamá-lo de Frankenlac.
Ela achou que o pai poderia ter comprado um carro novo em algum
momento entre 1981 e 2014, mas não comprou. Ele tinha maneiras melhores
de gastar seu dinheiro. Sim, como apostar em cavalos ou em fichas de
pôquer.
Embora o pai de Lake fosse um jogador de nível doze na escala Richter,
ela não o trocaria por nada nem ninguém no mundo, porque conhecia muito
bem o outro lado da moeda.
Ela balançou a cabeça, sem vontade de pensar no próximo fim de
semana. A maioria dos adolescentes ficaria feliz por ser sexta-feira, mas não
era seu caso. Não, seus fins de semana não eram nada além de torturantes.
Literalmente.
Seu pai finalmente chegou ao destino e estacionou o carro.
— Beleza, guria. Tenha um bom dia. Nos vemos na segunda-feira.
Lake desviou a atenção de todos que a encaravam fora do carro e olhou
para o sorriso do pai.
— Você também, pai. Até segunda-feira. — Ela conseguiu forçar um
sorriso ao final da frase.
Lake abriu a porta e saiu do carro, pegando sua bolsa.
— Te amo, guria.
Dessa vez, Lake não precisou forçar um sorriso.
— Te amo, pai.
Quando ela fechou a porta, ouviu mais uma vez o som de asfalto sendo
raspado. Depois de ver seu pai ir embora, finalmente conseguiu se virar e
encarar os olhares dos adolescentes. Honestamente, não era tão ruim quanto
parecia; eles sempre tinham coisas muito melhores para falar. Sem mencionar
que todos pareciam ter déficit de atenção.
Veja, Lake não era popular nem impopular; ela era apenas... bem, Lake.
Bum!
Depois de um momento de completo silêncio, risadas altas encheram o ar
enquanto fumaça preta subia do carro de seu pai. Lake abaixou a cabeça e
puxou o capuz do moletom, tentando esconder o rosto.
Excelente. Tem como piorar? Ela foi andando pelo estacionamento,
ziguezagueando entre as pessoas e os carros.
Assim que começou a ouvir música alta se aproximando, Lake virou a
cabeça e viu um grande jipe branco vindo em sua direção. Teve de pular para
trás para evitar que o veículo a atingisse enquanto os freios eram acionados.
Lake ficou em estado de choque com o fino que tiraram dela, o coração
começando a bater forte. Ela sabia exatamente quem estava dirigindo antes
que a garota saísse do jipe junto com três de suas amigas.
Ashley. Era difícil para ela até mesmo pensar naquele nome.
— Ai, meu Deus. Eu nem te vi aí — Ashley disse sarcasticamente, dando
uma risadinha.
Lake decidiu aproveitar a oportunidade de ouro de poder responder. Ela
não teve muitas chances até então.
— Ai, meu Deus. Sério? Talvez você precise de óculos. Rápido, quantos
dedos você vê aqui? — Ela ergueu o dedo médio, em seguida ouviu risos
abafados.
Ashley fez uma careta e falou o mais alto que podia.
— Desculpe, eu não falo a língua de quem vive no meio do lixo em
trailers.
Era assim que boa parte do mundo via Lake – nada além de um lixo. Lixo
de trailer, para ser exata.
Lake ficou parada, vendo as meninas rirem com suas vozes estridentes.
Instantaneamente, ela percebeu que tudo poderia, de fato, piorar.
Indo contra seus instintos, ela decidiu começar a andar novamente.
Esperava não se arrepender de sua pequena explosão com Ashley, mas,
naquele momento, ela se sentiu orgulhosa de si mesma e decidiu que
aproveitaria a sensação. Por enquanto, ao menos.
Quando ela se aproximou das portas da frente, olhou para a placa amarela
presa à fachada de tijolos da escola que dizia “Bem-vindo” logo acima das
palavras “Eastern Hills High”. Ela achou que deveria estar escrito algo mais
parecido com “Bem-vindo às entranhas do inferno”.
Finalmente o último ano naquele inferno havia chegado - graças a Deus.
Aquela era a primeira semana de volta às aulas após as férias de Natal.
Ao entrar na escola, foi saudada pelo calor quente. Estava frio em Kansas
City, Missouri, então o calor era bem-vindo, ajudava a descongelar o nariz e
as bochechas.
Quando chegou à sala de química do primeiro período, ela foi direto para
o seu lugar, e mal sua bunda encostou na cadeira, o sinal tocou para a aula
começar.
Lake olhou para o assento vazio ao seu lado, balançando a cabeça e
abrindo um sorriso. Todo santo dia.
Olhando para o relógio pelos próximos cinco minutos, sem escutar uma
palavra além do que o professor estava dizendo, ela finalmente ouviu a porta
se abrir e viu uma moça de cabelo escuro aparecer e tentar se sentar
silenciosamente, na esperança de passar despercebida.
Assim que se acomodou ao lado de Lake, a garota sussurrou:
— Você acha que ele percebeu?
— Você chega atrasada todos os dias, Adalyn — o professor falou,
mudando de assunto no meio da frase para deixar claro que sabia da questão
dos horários.
— Arram — Lake respondeu em voz baixa.
Adalyn soltou um grande suspiro antes de começar sua história.
— Peço desculpas, senhor Wade. Então, estou tendo uma semana terrível
porque Deus decidiu punir todas as mulheres desde que Eva comeu aquela
maçã. Agora, minha tia Flow veio nos visitar e...
— Tudo bem, eu já entendi. — Sr. Wade ergueu as mãos em derrota.
Lake tentou desesperadamente não rir. E é por isso que ela é minha
melhor amiga.
Adalyn e Lake eram amigas desde quando usavam fraldas. Como seus
pais atuavam na mesma área profissional, a mãe de Adalyn serviu de babá
para Lake quando seus pais queriam sair. Bem, antes de se separarem.
Quando os pais de Lake se divorciaram muitos anos antes, ela passou a
ficar uma semana com o pai e a seguinte com a mãe. Bem, até que sua mãe
arranjou um namorado e se casou apenas alguns meses depois. Depois disso,
Lake passava os dias da semana com o pai e os fins de semana com a mãe.
Ela esfregou as têmporas, tentando não pensar em seu próximo fim de
semana. Não pense nisso ou você vai estragar o seu dia.
Ela estava livre até o último sinal da escola tocar, e então poderia
começar a se lamentar.
TINNG.
— Uau, quando eles vão consertar aquele sino patético? — Adalyn disse
enquanto se levantava e se espreguiçava.
Lake mal podia acreditar que a aula já havia acabado.
— Adalyn, você sabe que estudamos em escola pública, certo?
Adalyn colocou a mão no quadril.
— E daí? Meus pais pagam impostos.
— Espere, o dinheiro dos impostos realmente vai para as escolas
públicas? — Lake questionou.
— E eu sei lá? O governo provavelmente fica com a grana.
Lake olhou em volta para a sala de aula suja.
— É, tem razão. — Ela finalmente se levantou, as duas saíram da sala e
foram para os corredores igualmente sujos.
Parando em seu armário, Lake colocou sua senha e abriu antes de
começar a esvaziar a bolsa, para em seguida enchê-la novamente com outras
coisas.
— Veja! A diaba em pessoa está vindo em nossa direção, e devo dizer
que sua expressão está mais infeliz do que o normal. — Adalyn fechou o
armário com força e se recostou nele, certificando-se de colocar no rosto sua
expressão mais desagradável possível.
Lake seguiu o exemplo e tentou fazer cara feia para combinar. Mesmo
que provavelmente tenha falhado.
— Provavelmente porque eu dei o dedo para ela de manhã, quando ela
tentou me atropelar.
Adalyn desatou a rir.
— De que porra você está rindo, puta? — Ashley disse enquanto afastava
o cabelo do ombro.
Adalyn mal conseguia falar enquanto dava uma risadinha.
— Eu estava apenas tentando imaginar sua cara feia quando Lake te
mandou ir tomar no rabo. — Quando a expressão de Ashley se transformou
em uma careta, ela continuou: — Ah, calma aí, cá está ela!
Não ria, não ria. Lake riu.
— Você tá pedindo, não é, mana? Eu não quero estragar a surpresa, mas
mamãe vai sair com uns amigos hoje à noite.
De alguma forma, Lake teve o maior azar do mundo: sua mãe se casou
com o pai da diaba, o que fez com que elas se tornassem irmãs postiças.
Com sua mãe fora durante a noite, isso significava... Merda, não, não,
não, não, não.
Olhando para o rosto sádico de Ashley, Lake teve de pensar rápido.
— Desculpe, mas Adalyn e eu já fizemos planos.
Ashley tentou não engasgar com a risada.
— Sim, como se vocês, vagabundas, fossem a qualquer lugar.
Lake já tinha lidado com tudo o suficiente naquele dia. Ashley ia ver só.
— Bem, espero que você se divirta esta noite em casa enquanto Adalyn e
eu vamos ao Poison.
Quando o queixo de Ashley caiu junto com o de suas amigas, Lake sorriu
largamente. Pela primeira vez em sua vida, deixou Ashley sem palavras.
Agora, hora de ir embora!
Lake não era estúpida; sabia quando fugir. Especialmente de algo ruim.
Ela agarrou o braço de Adalyn e passou ao lado do rosto chocado de Ashley.
— Uhh... Lake, quando decidimos ir para lá? — O rosto de Adalyn estava
igualmente em choque.
Lake imediatamente começou a se arrepender do que havia dito.
— Eu não pude evitar. Saiu tipo vômito! — Ela começou silenciosamente
a dar uma leve surtada quando a ficha caiu. — Nós temos que ir. Você sabe
que ela fica xeretando redes sociais e espera que a gente poste sobre essas
coisas.
Todas as garotas da escola queriam ir ao Poison, um lounge
escandalosamente caro para adolescentes, só para postar fotos no Facebook.
No entanto, a maioria das garotas não podia nem chegar perto do lugar, e
mesmo que tivessem autorização, elas não conseguiam encontrar um par para
ir. Os meninos da escola pública não podiam pagar ou não queriam gastar seu
dinheiro com uma garota, a menos que fossem transar até o final da noite.
— Ouça, você sabe que eu sou a favor de esfregar a Poison na cara dela,
mas como diabos vamos nos dar ao luxo de entrar lá? Você sabe que meus
pais acabaram de me comprar um novo celular e roupas para o início do
semestre, então eles não vão me dar outro adiantamento de mesada.
Ela estava começando a surtar tanto quanto Lake.
Existe uma maneira de entrar…
Lake parou de andar e agarrou os ombros da amiga.
— Adalyn, o quanto você me ama?
Levou um instante para os olhos de Lake se ajustarem à iluminação néon do
salão. Assim que se acostumou, ela entendeu por que achou que estava
sentindo o cheiro de sexo no ar. Havia adolescentes tarados se esfregando na
pista de dança inteirinha.
Ela nem tinha notado o local onde se poderia fazer uma boquinha. Os
olhos dela e de Adalyn só conseguiam ver uma coisa. E eu não chamaria isso
de dança.
Lake sentiu seu braço sendo agarrado por seu par.
— Vamos dançar.
— Espera, eu preciso usar o banheiro. Desculpa, já volto, Michael.
Lake puxou o braço de Adalyn e disparou o mais rápido que pôde.
Ela sabia exatamente como entrar no Poison. Dois garotos da escola
estavam implorando para sair com elas o ano todo, então naquele dia elas
finalmente concordaram – com uma condição, é claro.
Michael e Tim não se importavam com quanto dinheiro teriam de gastar,
porque eles seriam os primeiros garotos a saírem com Lake e Adalyn, o que
lhes daria o direito de se gabar. E isso é tudo com que os caras se importam
mesmo.
Bem, a pergunta era: por que elas nunca tinham saído com um cara
ainda? Bem, era complicado.
Elas finalmente conseguiram conversar assim que entraram no banheiro,
onde ainda podiam ouvir a batida da música através das paredes.
— Você viu a cara do Michael quando você disse que tinha que ir ao
banheiro? — Adalyn deu uma risadinha.
Lake imitou sua amiga.
— Sim, ele não parecia muito feliz.
— Vamos torcer para que nosso plano funcione e eles não nos encontrem.
Elas tinham bolado o plano durante a escola: o velho esquema “finja que
você tem que ir ao banheiro, espere dez minutos, e então aja como se você
tivesse se perdido”. E reze para que eles arrumem outras garotas para
dançar.
Lake caminhou até o espelho para ver sua transformação. Tudo bem, não
foi uma grande mudança; a única coisa diferente era um pouco mais de
maquiagem e um vestido. Elas compraram suas roupas na loja favorita de
Adalyn com um cartão-presente que ela ganhou de Natal. Lake insistiu que
tinha um vestido para usar, mas quando sua amiga viu o vestido preto na
prateleira, pediu a ela para experimentá-lo. É óbvio que Adalyn a convenceu.
O vestido mal cobria sua bunda de tão curto, enquanto a parte de cima era
mais solta e menos reveladora. Lake era um pouco mais alta que as outras
garotas, com pernas mais longas, mas o que ganhou em altura, faltou em
curvas. Não importava o que Lake comesse, sempre se perguntava, ao olhar o
corpo magro, para onde ia. Ela acreditava que esse look era o mais sexy que
conseguiria ter; não pensava em si mesma dessa forma, nem um pouco.
Lake se considerava mediana, uma menina normal. Ela tinha cabelos
lisos, em um tom de castanho-claro, e olhos castanhos. Quando passou
maquiagem, achou que ainda parecia uma criança. Mesmo uma franja lateral
não ajudava a fazê-la parecer mais velha.
Terminando de criticar a si mesma, ela olhou para o reflexo perfeito de
Adalyn.
— Você acha que já passaram dez minutos?
Adalyn agarrou a mão de Lake, pronta para deixar seu porto seguro.
— Passou o suficiente. Estou pronta para dançar!
A música ficou muito mais alta quando saíram do banheiro. Elas fizeram
questão de se agachar um pouco enquanto corriam para a pista de dança,
onde conseguiram abrir caminho entre os casais suados até chegarem ao
meio. Satisfeitas por não terem sido encontradas de primeira, as duas
pegaram seus celulares e tiraram algumas selfies..
— Acho que é o suficiente! — Lake gritou quando conseguiu uma boa
foto de si mesma, com um casal chupando a cara um do outro ao fundo.
Ela guardou o celular e decidiu que iria se divertir pelo menos uma vez
na vida. Droga, eu já estou aqui mesmo, posso muito bem aproveitar ao
máximo.
Estava tremendamente feliz quando ela e Adalyn começaram a dançar.
As duas amigas tinham participado de muitas festas juntas quando Lake
passava a noite com Adalyn, e agora finalmente estavam em uma balada de
verdade.
Quem raios, nesse mundão de meu Deus, é dona dessa belíssima raba?
Vincent não conseguia mover seu corpo enquanto olhava para a perfeição
diante dele. Ele estava vendo uma garota com as pernas mais longas e sexy
que já vira dançar em um vestido preto que deveria ser ilegal. Especialmente
com uma bunda maravilhosa assim.
— Quem é aquela ali? Eu preciso conhecer aquela garota, porra.
Vincent teria de agradecer a seus amigos Nero e Amo por terem
planejado tudo isso. Ele tinha vindo para Poison com outra garota, com
planos de pegar a menina que era para ser o par falso de Nero também, mas
isso não importava mais. Ele tinha certeza que a garota balançando a bunda
ao som da música seria muito melhor do que o ménage que ele poderia ter
feito.
Já fiz sexo a três antes, mas ela... eu quero essa garota.
Ele soube que teria competição quando viu a multidão de caras que
cercavam a ela e a sua amiga, mas logo a viu afastá-los. Eu quero só ver essa
garota me afastar.
Vincent estava preparado, pensando em todo o sexo rude e glorioso que
iriam...
— Espera, acho que conheço as duas. — O flash da luz de néon iluminou
seus rostos por meros segundos. Naquele momento, ele teve certeza que
conhecia a amiga de vestido roxo da garota gostosa.
Vincent continuou a observá-los até o momento perfeito em que outro
raio de luz brilhou. Foi quando ele desejou poder voltar no tempo.
— Puta merda, essa é a porra da minha irmã! — Eu vou matar Adalyn e
queimar aquela porra de vestido roxo.
— Sim, mas quem é a outra, que eu preciso que esteja já na porra da
minha cama? — Amo estava igualmente extasiado.
Algo dentro de Vincent não gostou do que Amo tinha acabado de dizer.
Suas palavras saíram mais como um grunhido enquanto ele observava a
garota gostosa empurrar seu longo e sedoso cabelo para trás.
— Lake, a melhor amiga da porra da minha irmã.
Os olhos de Amo não se afastaram da bunda da moça.
— Droga, você tem mantido a garota só para você?
— Não, cara. Eu conheço essa garota desde a pré-escola, então nem
pense nisso. — Vincent se certificou de que a última parte saísse como um
grunhido dessa vez.
Ele tentou não dar ouvidos à risada de Nero. O cara estava claramente se
divertindo com o fato de as duas cabeças de Vincent estarem brigando. Não
estou pensando nela dessa maneira. Não estou pensando nela dessa
maneira...
— Merda, cara, imagina só todos os anos que você perdeu quando podia
ter ficado com aquela ali — Amo brincou, ainda com o olhar focado, o que
fez Vincent querer arrancar os olhos do cara da porra daquela cabeçona.
Eu vou matar todo mundo.
— Elas estão fodidas. — Embora Vincent tentasse manter o corpo sob
controle, a risada de Nero estava dificultando o processo. Então, quando dois
caras apareceram e começaram a agarrar as meninas, ele decidiu mandar o
controle para a puta que pariu.
— Não, eles estão fodidos.
À medida que a noite avançava, Lake e Adalyn entraram em uma vibe boa, e
não haveria nada que pudesse as impedir. Muitos caras tentaram dançar com
elas, mas foram afastados. Elas apenas dançaram uma com a outra, o que
atraiu ainda mais os homens.
Quando um grupo de caras se juntou ao redor das duas, Lake percebeu
que seus acompanhantes finalmente as encontraram. Ela decidiu tratá-los da
mesma maneira que todos os outros homens que tentaram apalpá-la,
empurrando-os para trás. Felizmente eles não lutaram muito, parecendo estar
contentes simplesmente assistindo.
Foi quando Lake e Adalyn foram rapidamente agarradas por dois caras
cansados de serem rejeitados.
Me larga! Ela estava tentando empurrar o cara quando Lake pensou ter
ouvido Adalyn gritar:
— Vincent!
— Ahn? — Confusa, ela rapidamente usou toda a sua força para afastar o
cara. Quando se virou, viu Vincent indo em sua direção.
Ah, que merda. Ela já sabia que ia dar ruim. Lake e Adalyn correram em
direção a ele.
Vincent era irmão de Adalyn. Bem, tecnicamente, seu irmão postiço. Eles
eram crianças quando sua mãe se casou com o pai de Adalyn. Caramba, eles
nem sabiam que não eram irmãos de sangue até ficarem mais velhos. Com os
dois tendo a mesma idade, poderiam muito bem ser gêmeos.
Está tudo bem. Ele não sabe que viemos com uns caras para cá.
Porém sua cara de sai-daqui-filho-da-puta diz o contrário.
— Que porra vocês duas estão fazendo aqui? — Vincent rosnou.
Michael e Tim as puxaram de volta.
— Elas estão com a gente.
Bem, agora ele sabe.
Vincent apontou para os caras com quem Lake e Adalyn estavam
tentando lutar.
— Ok, então quem diabos são vocês dois?
De repente, Lake e Adalyn foram empurradas para trás novamente pelos
dois que não gostavam de ser rejeitados. Tem como parar com essa merda?
O cara que segurava a irmã de Vincent teve a coragem de falar.
— Nós somos os caras que vão trepar com elas até o final da noite. Então
vão encontrar as de vocês.
Lake sentiu uma boa lapa de sua bunda sendo apalpada.
— Ei, me larga! — ela disse, batendo nele freneticamente.
Adalyn, por outro lado, estava calma.
— Você realmente não deveria ter dito isso.
Os olhos de Lake foram atraídos para Vincent, quando ele começou a
arregaçar as mangas da camisa preta de botão. Por alguma razão, ela o viu de
forma diferente do que o costumeiro. Porém não entendia o porquê.
Vincent tinha tudo em cima e nunca foi nada menos que imaculado. O
rosto bonito, o cabelo loiro, claro, perfeito e os olhos sonhadores de um tom
azul-bebê. Ele era um deus. E a pior parte era que Vincent sabia disso.
Ele terminou de arregaçar a manga.
— Você entendeu tudo errado, filho da puta. Essa que você tá agarrando
é minha irmã e, infelizmente, ela será a última garota que você vai poder
agarrar.
Lake piscou algumas vezes. Puta que me…
— Esta piranha não é sua irmã. — O cara segurando Lake começou a rir.
Olhando para ela, terminou: — Parece que você é minha.
Ela viu algo mudar nos olhos de Vincent enquanto ele flexionava a
mandíbula.
— Esses filhos da puta são meus; vocês dois peguem os merdinhas que
trouxeram as duas.
Lake finalmente notou os dois caras ao lado de Vincent. Quando eles
começaram a arregaçar as mangas como Vincent, estavam com sorrisos em
seus rostos. Nesse momento ela entendeu que um era assustador e lindo,
enquanto o outro era grande e assustador.
Mais uma vez, as garotas se viram sendo puxadas em direções diferentes
quando seus acompanhantes tentaram agarrá-las de volta. Isso está realmente
começando a me emputecer!
— Cara, eu pensei que você nunca pediria — disse o lindo, agarrando o
ombro de Vincent.
— Vocês podem me agradecer mais tarde por trazê-los aqui — o
grandalhão zombou, o que o tornou de alguma forma mais assustador.
É, eu sabia que isso tudo ia dar ruim.
Lake não podia acreditar no que estava assistindo dentro do círculo, ouvindo
as pessoas gritando “Briga! Briga! Briga!” Ela se perguntou se não estava
assistindo a um filme de ação bem diante de seus olhos.
Seu olhar alternava entre os três amigos batendo nos caras. Esses idiotas
não têm a menor chance. O assustador bonitão estava apenas brincando com
Michael, fingindo deixá-lo ganhar uma chance de ficar de pé. Assim que
Michael chegou perto, ele rapidamente o atingiu no rosto. Isso aconteceu de
novo, e de novo, e Michael continuou caindo nessa. Que imbecil.
Ela viu Tim praticamente se borrar todo enquanto olhava para o grandão
e assustador. Ele tentou fugir, o que obviamente não ia funcionar. Uma vez
que o grandão pegou Tim, logo o levantou do chão em um estrangulamento.
Tim literalmente não tinha metade do seu tamanho.
Sobrou Vincent, que estava se certificando de que os caras que as
apalparam na pista de dança pagassem pelo que fizeram. Sério. PAGASSEM,
p-a-g-a-s-s-e-m. Quando os dois tentaram atacá-lo, ele se esquivou, e eles
acabaram batendo um no outro. Lake tentou não estremecer quando o que
agarrou sua bunda foi para cima de Vincent novamente, mas dessa vez o
pegou desprevenido e deu uma joelhada nas bolas dele, derrubando-o.
Não demorou muito para Vincent se recuperar e agarrar a cabeça do cara
e dar uma joelhada no rosto do garoto, fazendo-o cair de vez no chão.
Ele é louco?, ela pensou enquanto Vincent ria, caminhando em direção ao
cara que tinha tateado Adalyn e estava implorando de joelhos.
Abaixando-se, Vincent agarrou sua camisa com força, puxando-o para
cima.
— Seu merda — disse ele enquanto batia na cara do sujeito. — Filho da
puta! — Outro soco.
O desafortunado caiu de cara no chão.
Lake esperava que tivesse acabado, mas é claro que não teve tanta sorte.
Quando Vincent pisou na mão do cara, ela tentou desviar o olhar, mas não
conseguia. Por favor, não faça isso...
— Nunca mais toque na minha irmã. — Vincent parecia mortal.
Ele vai fazer isso! Lake tentou desesperadamente fechar os olhos rápido o
suficiente, mas antes que ela percebesse, o pé dele se ergueu e voltou ao
chão. Os olhos dela finalmente se fecharam quando Lake ouviu o som dos
ossos quebrando e o grito de dor.
Lake ouviu risadas, e quando abriu os olhos viu os três vencedores
literalmente se divertindo com o que tinham feito. Enquanto olhava para os
corpos ensanguentados no chão, ela mudou de ideia sobre o que acabara de
testemunhar.
Isso foi quase um filme de terror estrelado por Vincent, o assassino
psicopata.
Lake não esperava o que veio a seguir quando uma loira quase ruiva
apareceu na multidão. Ela devia estar saindo com o bonitão, mas claramente
não estava esperando por ele lá, e ela também não estava esperando quando
uma garota em um vestido brilhante apareceu e o agarrou.
Lake viu duas outras garotas aparecerem em vestidos brilhantes
praticamente combinando, agarrando Vincent e seu outro amigo. Eles estão
saindo em casais. Ela não pôde deixar de estudar a garota loira enrolada na
cintura de Vincent, dona de uma bunda e uns peitos enormes.
O completo e absoluto oposto de mim. Ela não sabia por que esse
pensamento entrou em sua cabeça ou por que se importava, mas no fundo era
verdade.
Não demorou muito para que a loira quase ruiva fosse embora, os caras a
seguindo logo depois.
Lake ficou parada, em choque com os acontecimentos.
Virando a cabeça, encontrou os olhos de Adalyn.
— O que diabos aconteceu?
Adalyn olhou para o cara chorando a seus pés enquanto segurava a mão.
— Muita testosterona, foi o que aconteceu. Vamos. Precisamos sair daqui
antes que a polícia apareça! — Adalyn gritou, e elas contornaram o sangue e
a destruição.
Quando chegaram à porta grande e pesada e a abriram, os olhos de Lake
se arregalaram, Vincent apareceu na frente das duas do nada.
— Por que diabos vocês estavam aqui?
Vai dar ruim de novo. Ela rapidamente começou a puxar o vestido para
baixo, para cobrir mais as pernas, em seguida agarrou a parte de cima para ter
certeza de que o decote estava escondido. Ela começou a corar quando os
olhos do amigo grandão de Vincent a analisaram de cima a baixo.
Lake notou Adalyn se arrumando antes de sua boca grande se abrir.
— Por que diabos você acha?
O rosto de Vincent começou a se contorcer.
Vai dar muito ruim! Ela levantou a mão e confessou:
— Eu pedi que ela viesse dançar comigo. É minha culpa. A única
maneira de entrarmos era trazendo aqueles caras. Mas não fizemos nada com
eles. — Lake baixou os olhos para a calçada, sem conseguir encarar os olhos
azuis.
Ela ouviu Vincent respirar fundo.
— Que bom. Ninguém aqui vai sair com nenhum garoto até se formar. Eu
não me importo se faltam só alguns meses até lá. Eu não vou dedurar
ninguém, mas é melhor eu não pegar vocês duas de novo em uma situação
dessas.
Lake sentiu algum alívio e começou a assentir. Graças a Deus. Vendo o
olhar desafiador de sua amiga, ela bateu em seu braço, fazendo-a concordar
também, derrotada.
Ouvindo o tilintar de metal, ela observou Vincent entregar suas chaves.
— Vão para o carro. Vou levar as duas para casa.
Assim que Adalyn arrancou as chaves da mão de Vincent, as duas saíram
correndo.
Lake não era burra; ela sabia quando diabos fugir. Especialmente de um
cara louco desse jeito. Ela sabia que Vincent tinha um lado sombrio, levando
em conta todos os anos que o encontrou quando ficava com Adalyn. Mas,
puta merda, ele é um lunático!
— E vão queimar essas porras desses vestidos quando chegarmos em
casa! — Vincent gritou enquanto os saltos das duas faziam barulho no
asfalto.
Lake imaginou que ele diria isso, visto que Adalyn estava tentando
desesperadamente puxar para baixo seu vestidinho roxo. Ela instintivamente
tentou fazer o mesmo, embora não tenha conseguido por causa da rapidez
com que estava correndo.
Ela ouviu a voz dele novamente, muito mais calma dessa vez.
— Na verdade, me deem os vestidos. Eu quero me livrar deles.
Lake e Adalyn se entreolharam, confusas. É o quê? Por quê?
Elas foram capazes de localizar o carro de Vincent rapidamente, e Adalyn
apertou o botão de destravar. Lake abriu a porta do banco traseiro, ao lado do
motorista, enquanto Adalyn ia para o banco do passageiro na frente.
— Espera, eu não deveria sentar na frente, deveria? — sussurrou Adalyn.
— Ahn, não? — Lake exasperou baixinho para sua amiga enquanto
entrava no carro.
Um segundo depois, ela estava no banco traseiro, grata por Adalyn ter
seguido seu conselho.
Quando se sentiram seguras, Lake se sentiu à vontade para falar.
— Adalyn, fica só de boca fechada, a menos que seja para pedir
desculpas. Nossos pais não podem descobrir sobre isso…
Adalyn revirou os olhos.
— Eu sei, eu sei. Deus, não temos permissão para sair com ninguém. Mas
fala sério: aquilo foi muito divertido!
Lake teve de admitir que ela não se divertia tanto há muito tempo. Ok,
nunca tinha me divertido assim. Então Vincent apareceu do nada e arruinou
tudo.
— Sim, até o seu irmão pancada das ideias...
A porta do banco do motorista se abriu...
Em literalmente vinte minutos, a noite inteira de Vincent foi arruinada. No
entanto, sua raiva estava finalmente cedendo - ou quase.
No que diabos Adalyn estava pensando?
Quando ele agarrou a maçaneta da porta do carro, ouviu a voz abafada de
Lake.
— Sim, até o seu irmão pancada das ideias...
NÃO, NO QUE DIABOS LAKE ESTAVA PENSANDO?
Bem, sua raiva estava começando a ceder.
Quando Lake fechou a porta do quintal atrás dela, se deparou com três rostos
confusos.
— O que foi? — ela disse depois que eles continuaram a olhar para ela.
— O que você disse a ela? — Vincent perguntou.
Lake olhou para ele e então para Nero e Amo, todos se perguntando a
mesma coisa.
É o quê?
— Hum, por quê?
Vincent tentou novamente:
— Porque eu quero saber.
Agora me lembro por que não gosto dele.
Lake decidiu simplesmente passar por ele, ignorando-o completamente.
Lake parou de tentar falar com ele porque seu comportamento só piorou com
o passar dos meses. Além disso, ouviu a música começando e não perderia a
chance de dançar novamente com Adalyn.
Quando deu um passo para passar por ele, Vincent agarrou seu braço,
parando-a. Ela tentou recuar sem sucesso.
— Me. Solta.
— Não até que você me responda, querida.
— Eu não fui má com ela, se é isso que você estava pensando! — Lake
finalmente conseguiu soltar o braço. Ela alisou o vestido para o acertar nas
pernas. — Agora, por favor, saia da frente? Eu vou dançar. — Ela se
certificou de que a parte do “por favor” fosse sarcástica.
Amo deu um passo à frente, insistindo rapidamente:
— Eu vou com você.
Vincent rapidamente colocou a mão no ombro de Amo, apertando com
tanta força, que fez seus dedos ficarem brancos.
Lake olhou para Amo. Que armário. Sim, ele a assustava com o jeito
como a olhava de cima a baixo, e não, ela não queria dançar com ele porque
Amo não perguntou se podia, mas sim disse que iria. Se bem que no fundo
não estava se importando, porque estava claramente deixando Vincent puto
da vida.
Ela sorriu com doçura.
— Oka…
Vincent rapidamente agarrou seus braços e começou a empurrá-la para
trás até que ela se viu grudada na parede de vidro. Seus olhos se arregalaram
e se voltaram para o rosto de Vincent, percebendo que provavelmente o
provocou demais.
— O que eu te disse da última vez? — ele gritou.
Lake baixou a voz para um sussurro enquanto tentava ver por cima dele.
— Vincent, tem gente…
Vincent empurrou seu corpo para mais perto do dela, a apertando mais
ainda contra o vidro. Gentilmente, ele colocou a mão sobre seu pescoço para
que ela não tivesse outra escolha a não ser olhar para ele.
— Quando eu lhe fizer uma pergunta, querida, você vai me responder.
Agora, não me faça perguntar de novo.
O peito de Lake só faltou explodir dentro do vestido, de tanto que ela
estava respirando com dificuldade.
Seu polegar deslizou para frente e para trás sobre o pulso em sua
garganta, avisando que Vincent estava completamente ciente de como ela se
sentia. Ela tinha forçado a barra e tinha esquecido até então exatamente que
tipo de homem ele era.
— Eu... eu não me lembro. — Sim, mas não posso dizer.
Independentemente do quanto tentou matar Vincent em sua cabeça, essas
palavras que ele falou ainda vinham até ela.
— Eu te ajudo. — Tomando a outra mão, ele levou o cabelo sedoso e
castanho-claro atrás da orelha. — Eu disse que se você fosse a um encontro
novamente, eu cortaria a mão dele. Se trepasse com alguém, eu cortaria o pau
dele fora. Preciso sair para fazer alguma dessas coisas?
Sua boca ficou seca, e ela conseguiu balançar levemente a cabeça sob seu
aperto.
— Boa menina. — Inclinando-se, Vincent aproximou a boca o máximo
que pôde, tomando cuidado para não encostar na sua orelha. — Eu também te
disse que se eu te pegasse dançando, e com certas roupas de novo, seus dias
de virgem terminariam.
Lake apertou os olhos a cada palavra que ele sussurrava em seu ouvido.
O calor de sua boca tão perto de sua pele fez o corpo responder aquecendo
cada centímetro de sua carne.
Vincent se inclinou para trás, olhando seu corpo com intensidade.
— Querida, esse vestido é meio caminho andado já. — Soltando seu
cabelo, ele passou o dedo no lábio inferior carnudo dela. — Eu te desafio a
tentar.
Quando Vincent afastou as mãos depois de uma última carícia com o
polegar, o corpo de Lake instantaneamente gritou para eles retornarem à
posição de antes.
Ela observou Nero e Amo saírem da posição de bloqueio em que
estavam, só então percebendo que estavam lá o tempo todo. Os dois estavam
de costas para eles para que o mundo não pudesse ver.
Lake foi forçada a ver Vincent se afastar dela novamente, tão facilmente
quanto da primeira vez.
Porra, eu odeio esse cara.
Lake percebeu que estava sendo observada.
— Vocês dois vão me empurrar contra a parede também?
— Nem fodendo. Eu gosto muito do meu pau, boneca — Amo disse antes
de sair.
Nero riu, chamando a atenção de Lake.
— Vincent não faria isso, faria?
O sorriso sumiu do rosto do rapaz.
— O que você acha?
Ele faria. Lake engoliu em seco, claramente ciente de que a pergunta de
Nero era retórica.
Nero a aliviou de seus pensamentos.
— A propósito, não achamos que você tinha sido má com a Chloe.
— Então por que ele me perguntou sobre o que eu falei com ela? — Lake
viu que Nero pensou cuidadosamente antes de falar.
— Ninguém nunca correu atrás dela antes desse jeito. Então, quando você
o fez, ficamos curiosos para saber o porquê. Não estamos exatamente
acostumados com garotas sendo gentis com ela.
Lake se virou para olhar pelo vidro, e seu coração parou de bater por uma
fração de segundo quando viu Lucca caminhar até a entrada do gazebo onde
Chloe estava sentada.
— Ela já o conhece? — Lake se sentiu mal pensando em um homem
como Lucca se aproximando de uma garota como Chloe.
— Sim — ele respondeu com naturalidade.
Ela virou a cabeça para olhar para Nero, em choque com sua resposta.
Mesmo?
Quando Lake virou a cabeça para Chloe, pegou Amo olhando pela janela
no canto da sala. Seus olhos eram escuros como a noite, mas ela ainda podia
ver aquele olhar. Ela poderia não ter percebido se ele estivesse apenas
olhando para a moça, mas naquele instante, suas profundezas negras estavam
com uma aparência completamente diferente.
Voltando-se totalmente para Chloe, ela viu Lucca caminhar até ela e
estender a mão, fazendo sua respiração parar. Voltando-se para Amo, ela viu
o rosto dele se contorcer.
Ela continuou a olhar entre as duas cenas. Puta merda.
— Puta merda. — Olhando para Nero, ela viu isso escrito em seu rosto.
— Então Lucca e Chloe... e Amo e... Chloe? — Como havia dito cada
nome, ela olhou entre eles. — Como isso poderia dar certo?
— Não pode. — Ele disse isso como se tivesse certeza, como se pudesse
ver isso acontecendo diante de seus olhos.
Ela teve de concordar que era um desastre iminente.
Não havia dúvida de que Lucca era um demônio, embora fosse
assustadoramente bonito. Acima de tudo, ele não tentava esconder sua
verdadeira natureza como o resto dos caras; pelo contrário, se deleitava com
isso.
Amo, por outro lado, era apenas um pouco menos aterrorizante. Ele era
enorme para sua idade e não era de falar muito, o que piorava a situação.
Seus olhos eram tão escuros quanto sua personalidade, e algo lhe dizia que
era melhor não desejar conhecer sua verdadeira personalidade.
— Aquela garota não combina com nenhum deles. — A pergunta a se
fazer era: quem era pior para ela? — Mas especialmente com ele — Lake
disse, olhando para Lucca, aquele cara tão aterrorizante.
Nero sorriu.
— É o que Elle diz.
— E o que você acha?
— Você quer dizer quem eu escolheria entre meu irmão e meu melhor
amigo?
Lake assentiu, esperando por sua resposta.
— Não importa o que qualquer um de nós pensa. Ela é quem decide.
Como se eles fossem deixá-la decidir. Ela sabia que um ia ganhar ao
derrotar o outro. Chloe nunca teria escolha sobre seu próprio destino.
Ao olhar para trás, ela viu Lucca parar na frente de Chloe, olhando de
cima, como se ela fosse sua presa.
— Você não acha que ele deveria estar com ela, acha?
— Você não sabe, mas ela curte aquele negócio de ficar girando o
isqueiro.
Os olhos de Lake se arregalaram. Ele ouviu o que ela havia dito antes.
— Desculpe, eu não...
Nero a deteve.
— Tranquilo.
Ah, graças a Deus. Ela ficou aliviada, sabendo que ele falou sério.
— Além disso, eu não me preocuparia com Chloe. Você precisa se
preocupar com você mesma. Eu não brigaria com ele se fosse você.
Lake olhou em seus olhos verdes brilhantes. Quem? Vincent?
A voz dele ficou fria, enviando calafrios pela espinha dela.
— Nós. Somos. Todos. Insanos.
Sim, é realmente hora de ir, ela pensou enquanto observava Nero ir
embora. Lake foi encontrar Adalyn, e é claro que ela não se moveu do sofá,
envolvida em uma conversa. A pior parte era que Vincent, Nero e Amo
tinham voltado para lá também.
Ela realmente desejou que todos eles não parassem de conversar quando
ela falou baixinho.
— Adalyn, hum, eu preciso voltar para casa.
Adalyn tentou puxar o cartão de pena.
— Ah, fala sério, Lake. Você vai me abandonar em breve, lembra?
— Para onde você vai? — perguntou Maria.
Lake realmente não queria que eles soubessem para qual faculdade ela
iria. Quanto menos a máfia soubesse sobre ela, melhor.
Ela tentou dar uma risada.
— Eu não vou abandonar a…
— Sim, você vai, sim, me abandonar. Você vai para uma faculdade a
duas horas daqui.
Merda, Adalyn! Ela quis tapar a boca de Adalyn. Incapaz de desviar o
olhar para Vincent, não viu nenhum indício de qualquer sentimento em seus
olhos azuis-bebê. Lake não sabia por que, mas isso a incomodava, de certa
forma.
Maria olhou para Nero, cruzando os braços.
— Como é que ela pode sair da cidade para fazer faculdade? Isso não é
justo.
Porque eu não sou da realeza da máfia.
Lake deu a Adalyn um olhar que dizia que realmente é hora de ir embora.
— Tá bom. — Adalyn suspirou, levantando-se do divã.
— V-você está indo embora? — Chloe perguntou, vindo atrás dela.
— Sim, eu tenho que ir para casa, mas foi muito bom te conhecer. —
Lake sorriu para ela.
Chloe colocou o cabelo atrás da orelha, sorrindo também.
— Igualmente.
— A gente devia sair antes de você viajar — Elle interrompeu.
— Sim, é uma boa — respondeu Lake, sem saber por que Elle estava
sorrindo tanto. Seu rosto parecia com o de uma criança na manhã de Natal.
Todo mundo estava daquele jeito, com exceção da própria Lake e de Adalyn.
— Poderíamos fazer compras! — Maria interveio alegremente.
— Lake odeia fazer compras — comentou Adalyn, fazendo uma cara de
eu-odeio-que-você-não-goste-de-fazer-compras.
O rosto de Maria ficou confuso.
— Hmm, jamais imaginaria.
Depois de um momento constrangedor, com todos olhando para ela, Lake
agarrou a mão de Adalyn enquanto acenava com a outra.
— Sim. Bem, hora de ir. Tchau, gente!
Adalyn esperou até que Lake a puxasse o suficiente.
— Ai, meu Deus, Lake; esta casa é muito foda! Como você pode querer
ir embora? Quer dizer, sério, quão gostosos são todos os caras? A propósito,
eu vi Lucca, e você é pirada. O fato de ele ser tão assustador o torna muito
mais gostoso.
Ela viu Adalyn praticamente se abanar e então murmurou:
— Vocês todos realmente são insanos.
— E Nero! Aqueles olhos... eu quero tocar naqueles olhos!
Ela realmente cobriu a boca da amiga desta vez.
— Shiu! Talvez você tenha esquecido que ele tem namorada, a Elle.
Adalyn tirou a mão de Lake de sua boca.
— Nossa, Lake, eu disse que queria tocar nos olhos dele, não lamber o
abdômen. — Quando a porta da frente se fechou atrás delas, ela continuou:
— Além disso, eu nunca sairia com o melhor amigo do meu irmão. Isso é
muito errado.
Pelo que parecia ser a centésima vez naquele dia, ela engoliu em seco,
sentindo um nó na garganta.
— É... É... claro.
Deus me ajude.
Vincent ouviu uma batida no vidro, chamando sua atenção. Do outro lado,
Lucca estava fumando um cigarro e fazendo um gesto de “vem cá” com dois
dedos.
— Desde quando ele se importa com fumar dentro de casa? — disse ele,
levantando-se.
— Desde agora, por algum motivo. Ele só fuma no escritório agora —
Nero respondeu enquanto ele e Amo o seguiam.
— Essa sua garota tem uma opinião forte — disse Lucca, apontando o
cigarro para Vincent quando a porta se fechou.
— Ela não é minha garota.
— Bem, claro, foi isso que pareceu quando ela saiu correndo da sua
formatura. Você realmente precisava foder todas as mães daquele pessoal?
Como se não houvesse boceta suficiente no ensino médio.
Vincent flexionou a mandíbula, pensando em Lake saindo correndo do
ginásio. Ele nunca teria pensado que todas aquelas mulheres iriam agir como
se estivessem em um show do One Cu-rection. A primeira coisa que ele fez
quando terminou de atravessar o palco foi olhar para onde Lake estava; em
vez de a encontrar sentada, a viu correndo porta afora. Ele se odiava pelo fato
de que seu instinto tinha sido olhar para ela. Por que eu deveria me sentir mal
por trepar por aí? Ela não é dona do meu pau.
Ele queria acabar com essa conversa.
— Então, qual é o seu ponto?
Lucca sacudiu as cinzas.
— Meu ponto é que o pai dela claramente fez uma merda de um trabalho
ensinando a ela sobre respeito ou qualquer coisa nesse sentido. Você precisa
domar essa boca bonita dela antes que ela se meta em encrenca.
— O que diabos você fez com ela? Eu a ouvi nos chamar de insanos,
chamou você de maluco, e ela não liga muito para seus truques de Zippo.
Nero claramente gostou de contar a Lucca a última parte.
Vincent e Amo tentaram não rir quando Lucca deu uma tragada mais
profunda e mais longa do que o normal no cigarro.
— Bem, então ela é mais inteligente do que eu pensava. — Lucca olhou
para Vincent. — Mas esse é o meu ponto. Eu fiz com que ela se borrasse toda
de medo, e mesmo assim ela continuou tagarelando. Ela tem uma sorte do
caralho que eu a peguei conversando com Chloe.
— O que ela disse? — perguntou Amo.
— Lake se desculpou por ficar encarando Chloe, disse que ela não
deveria esconder o rosto. Além disso, falou que se ela precisasse conversar
com alguém, sabia como era estar sozinha.
Sozinha?
— O que diabos ela quis dizer com isso?
Lucca deu de ombros.
— A mãe dela não veio hoje.
— Por que caralho não? — Cada maldito membro da família tinha ido,
então Vincent esperava e, mais ainda, precisava de uma boa desculpa para a
mãe dela não ter vindo.
— Aparentemente, o marido dela estar doente era mais importante.
Vincent ficou furioso.
— Puta que pariu.
— Merda — disse Nero, passando a mão pelo cabelo.
— Que puta do caralho — Amo cuspiu.
Por que ele sabe tudo isso? Por alguma razão, Vincent não gostava que
Lucca soubesse coisas sobre Lake que ele mesmo não sabia.
Lucca podia ler os pensamentos de Vincent em todo o seu rosto.
— Ela é sua garota, então você resolve tudo, inclusive essa boca dela. Eu
odiaria ter que ensinar a ela eu mesmo.
— Ela não é minha garota — Vincent silvou, apertando a ponte do nariz
o mais forte que podia para se controlar. — Nada dessa porra importa; ela vai
para a faculdade no final do verão.
— Ela não precisa ir. — Dando uma última tragada no cigarro, nuvens de
fumaça apareceram a cada palavra que Lucca falava. — Que se foda a
faculdade.
Vincent voltou para dentro, ainda furioso com o fato da mãe de Lake não
ter ido à formatura de sua própria filha. Amo está certo; ela é uma puta do
caralho. Ele ainda não queria que essa coisa com Lake virasse algo,
considerando o fato de que ela ia embora de Kansas City, e seu pau nunca
pertenceria a uma pessoa, não importa o quanto Vincent se divertisse em
brigar com ela. No entanto, ele ia fazer uma visitinha à porra da mãe dela,
assim que tirasse da cabeça o fato de ter encostado em Lake.
Vincent examinou a sala, seus olhos passando por todas as mulheres pela
primeira vez naquela noite. Eu só preciso de uma distração.
— Sim, Vincent, você não precisa ser tão malvado — Lake imitou a amiga,
sorrindo. Sabia que ele estava prestes a explodir, mas se era para ficar presa
com ele o dia todo, pelo menos iria se divertir.
Maria cobriu a orelha mais perto dele.
— Concordo. Você gritou bem no meu ouvido.
— No meu também — acrescentou Chloe.
Elle se virou para olhar para Vincent.
— Você deveria tentar respirar profunda…
Nero rapidamente agarrou Elle e começou a arrastá-la para o carro, longe
do alcance de Vincent.
— Hora de ir embora.
Esquece o que eu disse, isso pode ser divertido, Lake pensou enquanto
olhava para o rosto de Vincent. A criança dentro dela queria mostrar a língua
para ele só pela cara feia que ele estava fazendo. Todo mundo sabia que
Adalyn poderia se safar falando desse jeito com Vincent surtado. Mas isso só
acontecia com ela mesmo.
Nero abriu a porta traseira de um Cadillac Escalade preto para eles
entrarem. Parecia novo em folha e era enorme, com três fileiras de assentos.
— De quem é esse carro? — Adalyn perguntou com admiração.
— De Lucca — Maria respondeu.
A boca de Adalyn se abriu.
— Por que ele emprestou esse carro? Eu nem mesmo deixaria minha mãe
encostar nele. É tão bonito.
Vincent deu um empurrãozinho na irmã.
— Bom saber disso.
Lake olhou para o rosto de Amo, percebendo rapidamente o que achava
daquela conversa. Em seguida, foi a vez de Chloe entrar.
— Ele sabia que íamos sair e que seria útil usar um grande SUV, foi isso
— respondeu Nero.
Hum... certo. Ela achou que a forma como Nero tinha dito aquelas
palavras havia sido calculada para acalmar Amo.
Lake rapidamente fez as contas.
— Adalyn, vamos no seu carro, já que não há assentos suficientes, e eu
prefiro não ser esmagada.
— S-se Nero e Elle sentarem na frente, então Maria terá de sentar ao seu
lado — Chloe disse para Vincent e Amo. — Mas isso vai me deixar
esmagada ao lado da outra pessoa. — Ela nem tinha entrado no carro ainda,
claramente preocupada que alguém acabasse tocando nela.
— Foda-se. Vou no meu carro. — Amo partiu em direção ao seu veículo.
— Eu vou com você. — Vincent foi rapidamente atrás dele.
Ela rapidamente puxou Adalyn para que fossem até seu carro. Os olhos
de Adalyn se iluminaram, como se tivesse recebido a oportunidade de ir
naquele belo veículo, e Lake estava com medo de que ela pulasse ao lado de
Chloe, sem saber de seus problemas.
A voz alta de Vincent soou em seus ouvidos.
— Adalyn e Lake, vocês vêm com a gente.
— Diga não, diga não — Lake sussurrou para ela, segurando o braço de
sua amiga com força quando Adalyn começou a ir em direção ao carro de
Amo.
— Desculpe, Lake disse não! — Adalyn gritou para Vincent.
Lake revirou os olhos.
— Você quer que eu te mate hoje?
— Faça isso! — Vincent gritou antes de fechar a porta do carro.
Lake tinha de admitir, ela estava um pouco chocada por estar se divertindo
tanto no shopping. Os meninos ficaram para trás, de olho nelas, e ela não se
incomodou com a presença de Vincent. Porém, de vez em quando, olhava
para trás e o pegava olhando para sua bunda. Ela olhava feio, mas Vincent
não se importava. Nem estava disfarçando.
Em geral, as meninas estavam olhando vitrines sem realmente encontrar
nada que gostassem o suficiente para comprar. Lake imaginou que não devia
ter passado tanto tempo desde a última compra delas.
Desistindo das lojas, foram para a praça de alimentação e escolheram
uma mesa grande o suficiente para todas se sentarem. Os caras trouxeram um
monte de hambúrgueres e batatas fritas.
— Você sabe que eu odeio quando você faz isso — Nero disse a Elle,
colocando a comida na frente dela.
— Desculpe, mas não há espaço para você se sentar conosco. — Elle
sorriu docemente para ele.
— Você vai pagar por isso mais tarde — ele avisou antes que fossem
atrás de uma mesa próxima.
Lake olhou para o rosto corado de Elle.
— O que ele odeia?
Chloe riu.
— Ele ainda está um pouco magoado por ela ter dito não quando ele
pediu para se sentar ao lado dela pela primeira vez no refeitório da escola.
— Você disse não a Nero? — Adalyn perguntou, o queixo caindo.
— Sim, e ele me lembra disso todos os dias — disse Elle antes de dar
uma mordida em seu hambúrguer.
— O que te fez mudar de ideia? — Lake perguntou com curiosidade.
Algo nela queria saber o que havia alterado sua opinião sobre um homem
como Nero. Ou Vincent.
Elle falou alto para que ele pudesse ouvir.
— Ainda estou tentando descobrir.
Essa não era a resposta que ela estava procurando, mas certamente não a
decepcionou. A expressão de Nero fez com que todos caíssem na gargalhada;
no entanto, as risadas de Elle não duraram muito.
Depois que terminaram de comer, elas decidiram experimentar mais uma
loja antes de sair, não querendo sair de mãos vazias.
Após procurar nas prateleiras que nem loucas, Lake encontrou um vestido
leve e arejado que pensou ser perfeito para o verão quente. Segurando-o, ela
pensou em pelo menos experimentá-lo. Pela primeira vez, ela tinha dinheiro
em sua bolsa, graças à noite anterior, para o comprar.
Não, eu não preciso disso.
— Ahn, experimenta. É tão bonito — Maria perguntou.
Lake olhou para as garotas em volta dela.
— Não vai ficar bem em mim. — Lake deu de ombros. — Aqui, você
pode experimentar. Vai ficar melhor em você de qualquer maneira.
Maria apontou para o provador.
— Deixe de ser boba e vá.
Ela não esperava que Maria dissesse isso.
Sorrindo, Lake foi em direção ao provador, mas parou quando viu Ashley
e as amigas.
— Olha só quem eu encontrei. Sua mãe quer que você venha para casa
pegar seu presente de formatura. Tenho certeza que meu pai adoraria
parabenizá-la também.
Ashley claramente gostou de contar a ela a última parte.
Afaste-se, antes…
Era tarde demais quando as meninas vieram procurá-la.
— Ai, meu Deus! Minha irmã realmente tem mais de um amigo? —
Ashley perguntou, fingindo estar em choque.
— Ela não é sua irmã — Adalyn a lembrou.
Lake queria desaparecer, sabendo que todos estavam testemunhando sua
humilhação.
— Nos vemos mais tarde. Vamos, pessoal. — Ela voltou para o provador,
não querendo que aquela situação aumentasse de proporção.
Ashley agarrou com força o vestido de sua mão.
— Esse vestido ficaria muito melhor em mim. Você não acha, lixo de
trailer?
Maria soou estranhamente doce quando falou.
— Oh, querida, você não acredita de verdade que ficaria bem em você,
não é? — Ela educadamente subiu e pegou o vestido de Ashley, que estava
chocada. — Nenhuma de nós foi abençoada com o corpo de Lake.
Lake balançou a cabeça.
— E-está tudo bem. Eu não quero esse vestido.
— Tudo bem. Eu também não gostaria de nada que tenha passado pelas
mãos dela.
Maria deu de ombros, pendurando-o de volta em uma prateleira.
Ashley saiu com a boca escancarada, suas amigas seguindo logo atrás
dela.
— Obrigada. — Lake sorriu para Maria antes que seus olhos voltassem
ao chão com vergonha.
— De nada.
— Adalyn, eu, hum... realmente preciso ir para casa — Lake disse a
amiga.
Adalyn assentiu.
— Ok, claro.
A cabeça de Lake se ergueu, e nesse momento ela notou os meninos
parados ali. Desejou que pudesse pelo menos ter recuado vinte segundos
antes, para que seus olhos não lacrimejassem quando ela visse o rosto de
Vincent.
Lake foi direto para o carro e ficou grata por Adalyn ter vindo junto.
Viajaram em silêncio durante todo o caminho de volta para a casa. Lake
gostava de manter as coisas para si mesma a maior parte do tempo, e sua
melhor amiga sabia quando era melhor deixá-la quieta. Quando chegaram à
casa, ela saiu rapidamente, se despedindo de Adalyn.
Lake foi até seu carro velho, querendo escapar antes que Amo deixasse
Vincent. Ela conseguiu fechar a porta antes que eles entrassem na garagem,
rapidamente colocou a chave na ignição e a girou, apenas para o motor não
pegar.
— Fala sério. Não hoje! — Ela virou a chave novamente e a manteve
assim por mais tempo, na esperança de que o motor pegasse.
Lake bateu no volante a cada palavra que gritava.
— Vai se foder, sua lata velha do caralho. Por que você não funciona?
Ela ouviu uma batida na janela do lado do motorista.
Virando a cabeça, viu Vincent. Calmamente, abaixou o vidro da janela,
usando a maçaneta.
— Sim?
— Me deixa adivinhar, ele faz esse tipo de coisa também? — ele
perguntou com um sorriso no rosto.
— Sim, está apenas precisando esquentar. — Ela girou a chave de novo,
e de novo, e de novo, até que Vincent estendeu a mão e a deteve.
— Ok, querida, acho que tá bom. Abra o capô.
Lake sentiu fogos de artifício na mão por causa de seu breve toque. Ela
odiava se sentir afetada quando ele claramente não sentia nada. Vincent mal
havia tocado a mão dela, apenas para soltá-la um segundo depois e ir para o
capô do carro.
Quando ela olhou para o rapaz pelo para-brisa, ele pediu que se
apressasse, só com um olhar. Ela apertou o botão para abrir o capô, em
seguida saiu do carro. Nossa, eu não quero te segurar aqui e te impedir de ir
comer uma fila indiana de garotas.
— Tá tudo bem. Não preciso da sua ajuda.
Vincent levantou o capô, revelando o motor.
— Sim, tudo bem, querida.
Quem ele pensa que é? O tom sarcástico a irritou.
— Eu vejo meu pai fazer isso o tempo todo. — Ela colocou a mão no
peito dele e o empurrou para trás.
Ele começou a levantar a voz.
— Aposto que você nem…
Lake se inclinou sobre o capô, olhando lá para dentro.
— Você provavelmente sabe mais do que eu. — Seu tom baixou
enquanto ele recuava ainda mais para ter uma visão mais ampla de sua bunda.
— Acho que deve funcionar — comentou ela depois de alguns minutos
batendo e girando algumas coisas, tentando imitar o que o pai fazia.
— Bom, muito muito bom — concordou Vincent.
Sorrindo, Lake voltou para o carro e virou a chave novamente. Quando
ainda não deu partida, ela voltou para o capô, perplexa.
— Pareceu que quase funcionou. Acho que o que você estava fazendo
estava funcionando — ele a encorajou.
— Sim, você tem razão. Pareceu mesmo que quase deu a partida. — Ela
se inclinou sobre o capô e saiu mexendo em mais algumas coisas.
— Vê aquela coisa lá atrás? Tente mexer nelas.
— O que, nisso? — Lake se inclinou mais para tocar num cano.
Vincent se aproximou dela, e então apontou para algo ainda mais atrás.
— Não, isso.
Ela precisou ficar na ponta dos pés para alcançar o que ele estava
apontando.
— Deixe-me ajudá-la, querida — disse ele, inclinando-se sobre ela.
Lake prendeu a respiração quando o corpo de Vincent cobriu o dela.
Então ela ligeiramente empurrou seu corpo para mais perto dele, inconsciente
de suas próprias ações. Os fogos de artifício voltaram, e ela quis mais quando
pôde sentir a protuberância em seu traseiro. Um segundo depois, sentiu a mão
dele ir para o topo de sua coxa, fazendo seu coração acelerar. Quando sentiu a
mão na polpa da sua bunda, exposta pelo short curto, ela saiu dessa neblina.
— Vincent, no que diabos você está pensando? — Ela rapidamente se
virou e puxou o short para cobrir a bunda novamente.
A voz sombria e rouca envolveu seu corpo.
— Querida, você não quer saber o que estou pensando.
Eu quero.
Ela umedeceu os lábios repentinamente secos e recuou para o capô do
carro, tentando criar algum espaço entre eles. Lake não conseguia raciocinar
direito estando tão perto dele.
— Hum, Adalyn pode nos ver. — Finalmente tinha conseguido escapar
de seus pensamentos.
— Eu disse ao Amo para distraí-la. — Ele deu um passo em direção a
Lake, cobrindo a frente de seu corpo.
— Então você sabia que isso ia acontecer? — Saiu mais ofegante do que
pretendia, ainda querendo lutar contra o desejo de tocá-lo.
Vincent esfregou o polegar sobre o lábio inferior molhado.
— Querida, meus sonhos com você não foram tão bons quanto você se
inclinando sobre o carro.
Os olhos de Lake foram de suas profundezas azul-bebê para seus lábios.
Ela estava muito perto de beijá-lo novamente. Lake vinha sonhando com o
último beijo que deram e sabia que este só faria ser melhor o anterior. A
maneira como Vincent falava com ela fez sua feminilidade responder a cada
palavra. Assustou-a o quanto ela queria isso, precisava disso.
Lake precisou fechar os olhos enquanto virava a cabeça para longe do
beijo.
— Não — ela sussurrou.
Vincent gentilmente agarrou o queixo de Lake e virou o rosto para olhar
para ele.
— Por que não? Eu sei que você me quer também, querida.
Lake não queria contar a verdade, mas sabia que se não contasse, ele a
beijaria. Vincent também não era um homem a quem uma garota pudesse
dizer não.
Ela teve de olhar para o peito dele, incapaz de olhá-lo nos olhos.
— Porque você vai me dizer que é um erro e me deixar para trás de novo.
Vincent tirou as mãos dela e deu um passo para trás, passando a mão pelo
cabelo.
— Você tem razão; isso não é justo com você. Desculpa. — Ele foi até o
capô do carro e começou a mexer no interior do veículo.
Lake sabia que tinha tomado a decisão certa pela rapidez com que
Vincent mudou de postura, e não importa o quanto tenha doído. Ele
obviamente só queria uma foda rápida, nada mais. Era a mesma coisa que
fazia com todas as outras garotas, e Lake não seria apenas um número para
um cara, mesmo que ele fosse descendente dos deuses. Duvido que ele ainda
não tenha perdido a conta.
Observando-o, Lake notou que tinha visto seu pai fazer o que Vincent
estava fazendo.
— Você sabe exatamente o que há de errado no carro, não é?
— Sim.
Ah, meu Deus! Lake bateu em seu braço.
— Você é um idiota. Você fez isso para poder olhar minha bunda, não
foi?
Vincent olhou por baixo do capô do carro e abriu um sorriso.
— Querida, eu avisei duas vezes para não se vestir assim, e acredite em
mim, essa sua bundinha estava implorando por isso com esse short.
Ela não entendeu exatamente o que ele disse no início, visto que o achava
irresistível quando falava com ela dessa forma. Não, ele não é!
— Bem, sua irmã não me explicou exatamente que eu iria ao shopping
com todos vocês, e eu também não sabia exatamente que meu carro ia fazer
isso.
— É este o carro que você vai levar para a faculdade? — Vincent
perguntou, soando quase preocupado.
Lake olhou para a calçada quando a percepção de que ela não tinha mais
dinheiro para ir para a faculdade finalmente a atingiu. Ela não tinha ideia de
como iria contar a Adalyn — ou a qualquer um, aliás —, de tão
envergonhada que estava por não poder mais ir. Era por isso que não ia
contar a Vincent.
— Não, esse é o carro do meu pai. Estou planejando alugar um
apartamento a apenas um quilômetro e meio da faculdade, então não vou
precisar de um.
— Você quer dizer então que vai para uma porra de uma cidade nova
onde você não conhece ninguém e que planeja andar a pé para tudo?
Lake não gostou daquele tom de voz, e se não o conhecesse, teria achado
que Vincent estava quase preocupado com ela.
— Isso ou pegar um ônibus. Ou, sei lá, vou encontrar alguém para me dar
uma carona.
— É melhor você estar brincando, Lake — ele rosnou para ela.
— Não finja que se importa comigo. — Lake se virou para sentar em seu
carro. Poderia esperar lá enquanto ele consertava tudo.
Vincent rapidamente agarrou a mão dela para detê-la.
— Eu me importo com você, querida.
Lake ficou impressionada com a rapidez com que a voz dele podia passar
de furiosa para suave. Ao olhar em seus olhos azuis-bebê, acreditou em
Vincent.
— Sério? — ela perguntou baixinho, querendo ouvi-lo dizer isso de novo.
— É claro. Você é a melhor amiga da minha irmã.
Foi quando o momento morreu para ela. Vincent só se importava com ela
por causa de Adalyn. Claro que não seria por minha causa. Finalmente
entendeu a diferença entre eles. Ela se importava com Vincent porque
gostava dele, não porque ele era o irmão de sua melhor amiga.
Lake se sentiu estúpida, sabendo que Vincent nunca iria gostar dela por
causa dela. Lucca tinha deixado claro que apenas italianos podiam fazer parte
da máfia, e Vincent só sabia amar uma coisa: a máfia. Se ele sossegasse, seria
com alguma mulher italiana sexy, que aí, se eles tivessem filhos, seus
descendentes poderiam seguir seus passos. Eu só mancharia o nome da
família Vitale.
Ela afastou a mão dele.
— Consertou?
— Sim. O que você tem?
— Nada — disse ela, tentando puxar a vara em que o capô estava se
equilibrando.
Vincent rapidamente agarrou o capô do carro.
— Puta merda, você vai cortar os dedos fora! — ele gritou para ela.
— Se eu fizesse, você só se importaria por causa de Adalyn, certo?
Quando Vincent simplesmente olhou para ela sem dizer nada, Lake se
virou e entrou no carro, batendo a porta. Rapidamente ela girou a chave na
ignição e finalmente deu partida.
Vincent mal conseguiu fechar o capô e sair com segurança do caminho
antes que ela pudesse atropelá-lo.
Droga, Deus! Você não poderia ter me deixado ganhar uma vez hoje?
Felizmente, o olhar em seu rosto quando Vincent pulou para fora do
caminho deu a ela um pouco de paz.
Ela tentou me atropelar, não foi? Ela tentou, sim, caralho!
Vincent estava fazendo um favor àquela garota, e ela nem sabia disso. Ele
não gostava de dizer que só se importava com ela porque era a melhor amiga
de sua irmã. Porra, ele queria acreditar nisso.
“Porque você vai me dizer que é um erro e me deixar para trás de novo”.
Essa única frase quase arrancou seu coração, e ele tinha certeza de que nem
sequer tinha um. Ela já estava com um pé fora de Kansas City, e quando
chegasse a hora de ir para a faculdade, ele não podia ir com ela. Lake nunca
cogitaria ficar, e Vincent nunca cogitaria ir embora.
Claro, ele poderia brincar com ela, se divertir por um tempo, mas sabia
qual seria o resultado. Vincent a destruiria; destruiria totalmente algo
precioso que já estava à beira de se partir.
Quando viu aquela piranha falar com Lake daquele jeito no shopping,
finalmente entendeu por que ela disse que se identificava com Chloe. Seu
instinto lhe disse que ela talvez tenha ficado sozinha a vida toda, e ele tinha
sido muito estúpido para conseguir notar isso.
Vincent começou a se lembrar vagamente de querer dar a volta com o
carro quando a deixou na casa da mãe dela. Eu deveria ter dado a volta. Ele
estava enjoado só de pensar em toda a merda que ela poderia ter passado nos
últimos dois meses. Eu a deixei lá.
O lugar onde seu coração deveria estar começou a doer. Ele nunca tinha
experimentado isso antes. Com medo, bloqueou a consciência, incapaz de
ouvir a voz em sua cabeça que tentava explicar o novo sentimento. Ele a
substituiu por uma que conhecia muito bem, uma que sussurrava seus desejos
pecaminosos. Deixou o sentimento de raiva começar a tomar conta de seu
corpo. Foi claro; destruí-la apenas o quebraria, e ele era inquebrável.
Vincent ouviu a porta bater. Olhando para cima, viu o rosto furioso de
Amo saindo da casa.
— Sua irmã não cala a boca, não é? Não tem uma porra de um filtro. O
tempo todo, eu tive que ficar ouvindo sobre quão gostosos Nero e Lucca são.
Ela é toda fodida de cabeça, assim como você. Ela treparia com os olhos de
Nero e o Escalade de Lucca se pudesse. Enquanto eu estava ouvindo e
tentando não criar uma imagem mental das paradas insanas dela, olhei pela
janela para ver se eu poderia dar o fora de lá e vi Lake curvada sobre a porra
do carro. Você estava lá, provando do sonho molhado de todo homem, e lá
estava eu, tentando distrair sua irmã para que você pudesse aproveitar.
Quando dormir, você vai ter a imagem daquela bela raba na cabeça, enquanto
eu vou ter um monte de pesadelos com sua irmã trepando com um Escalade
verde!
Com toda aquela frustração, Amo finalmente conseguiu abrir a porta do
carro.
Vincent tentou não engasgar com uma risada.
— Ninguém é mais fodido da cabeça sexualmente do que você, Amo.
Você logo vai achar algo que te distraia.
— Você me deve uma por isso, Vince, então por que você não vai
encontrar alguém para mim? — Amo gritou antes de fechar a porta.
Caralho?! Pela segunda vez hoje, ele teve de se esquivar para não ser
atropelado.
Eu provavelmente mereci, ele pensou, sorrindo ao se lembrar de como
ficou de pau duro só de olhar para Lake naquele shortinho minúsculo.
Vincent sofreu quando ela se curvou sobre o carro apenas o suficiente para
que a parte inferior de suas nádegas saltasse, mas valeu cem por cento a pena.
Ele não podia mais resistir ao desejo de tocá-la, sua mão já coçando para
fazer isso novamente. Ele achava que a mão dela era macia. Mas, caramba,
as pernas e a bunda são as coisas mais suaves que eu já senti.
Vincent tocou em muitas mulheres, mas nenhuma daquele jeito, e ele não
tinha ideia de como isso era possível.
Talvez ela tenha uma doença em que só nasce pelos e cabelo na cabeça?
Imaginar se essa doença existia o deixou curioso, com vontade de conhecer
exatamente a maciez que poderia existir em outros lugares. Claro, isso o fez
imediatamente interromper tais pensamentos e xingar Lake, e olha que ele
tinha feito a mesma coisa uns cinco minutos antes. Claro, nós cairíamos no
abismo e queimaríamos juntos, mas seria bom pra caralho, sua voz sinistra
sussurrou para ele.
— Estou realmente fodido da cabeça — disse a si mesmo.
Lake tentou reunir coragem para entrar pela porta da frente. Ela já havia
passado por muita coisa e não sabia quanto mais poderia aguentar.
Girando a maçaneta, ela entrou na casa dos horrores.
— Aí está meu bebê todo crescido! — Sua mãe correu até ela, dando-lhe
um abraço. — Sinto muito por não ter ido, mas eu tenho algo para você, para
compensar isso.
— Ah, obrigado, mãe. — Ela tentou soar tão entusiasmada quanto podia.
Quando sua mãe a arrastou para a cozinha, viu John e Ashley sentados à
mesa, comendo comida chinesa enquanto lançavam olhares de nojo pelas
costas de sua mãe.
Depois que sua mãe lhe deu uma grande sacola de presentes que pegou
no balcão da cozinha, Lake viu a mãe praticamente explodir de ansiedade,
esperando que ela abrisse.
Lake ia ter de fingir estar muito animada quando visse o que tinha na
sacola. Puxou o papel de seda de dentro e conseguiu ver o conteúdo. Quase a
matou ter de retirar o presente da sacola e mostrar a John e Ashley.
Agarrando as alças da bolsa de grife muito cara e grande, ela a puxou.
— Mãe, que demais. Obrigada. — Ela sorriu o máximo que pôde
enquanto lhe dava um abraço.
Olhando para o rosto deformado de John, ela temeu a tempestade que se
aproximava.
— De nada, querida. Eu sei que você não gosta de mochilas, e pensei que
você poderia colocar seus livros nela para a faculdade. Parabéns! — Sua mãe
lhe deu outro grande abraço.
— Bem, é perfeita. Obrigada. — Ela precisava encerrar aquele momento
e dar o fora dali. Ashley nem estava tentando esconder seu desgosto e inveja
naquele momento.
— John? — sua mãe cutucou.
— Parabéns. — Ele lambeu os dentes da frente. — Eles esqueceram as
costelas novamente. Eu preciso que você volte e pegue.
Merda, merda, merda. Ela tinha de pensar em algo.
— Ok, eu já volto, querida — sua mãe disse a ela.
— Na verdade, eu tenho que voltar. Papai voltou para casa, está
esperando por mim.
Ela tentou fazer com que John entendesse, enfatizando a parte do pai. Ele
não seria capaz de mantê-la e torturá-la naquela noite porque seu pai estava
esperando por ela, mas estava certa de que ele a faria pagar dez vezes por
isso, a julgar pelo olhar em seu rosto.
— Tudo bem, querida. Você pode me contar tudo sobre a formatura na
sexta-feira.
Lake soltou um suspiro de alívio imperceptível quando colocou a bolsa
de volta na sacola de presente.
— Lix… Por que você não vai levar isso para o seu quarto? Aí vai
proteger e mantê-lo novo para quando o semestre começar — John disse a
ela.
Ela engoliu o nó na garganta.
— O-Ok. Volto já, mãe. Podemos sair juntas…
Assim que Lake chegou à cozinha, andou o mais rápido que pôde sem
sair correndo. Rapidamente, subiu os degraus e correu pelo corredor. Pulou
para puxar a corda, mas apenas as pontas de seus dedos conseguiram alcançá-
la.
— Eu pensei que você precisava de um treino extra. Você estava ficando
muito boa nisso, pelo que eu vi da última vez — Ashley disse, vindo atrás
dela.
Ela se virou e estendeu a bolsa.
— Anda logo e pega.
— Não é tão divertido quando você só me dá.
Lake trouxe a bolsa de volta para o seu lado quando Ashley não quis
pegá-la. No momento em que o fez, Ashley a arrancou de suas mãos.
— Na verdade, é, piranha. — Ashley começou a rir. — Boa sorte para
entrar em seu quartinho de merda agora.
Lake a observou caminhar alegremente para seu próprio quarto com o
presente na mão. Ela sabia que não ficaria com ele, e a verdade é que nem
mesmo queria. Presentes deixavam todos tão felizes, mas, para ela, só
causavam medo. Quanto melhor o presente, mais assustada Lake ficava.
Dessa vez, ela decidiu correr, sem se importar se alguém iria ouvir. Ela
precisava descer antes que sua mãe saísse.
Quando Lake chegou ao topo da escada, sabia que era tarde demais. John
estava esperando por ela no final dos degraus. Se não tivesse que trabalhar,
ela teria se virado e se trancado em seu sótão.
Não tendo escolha, lentamente desceu os degraus. Cerca de quatro
degraus acima de John, ela parou e começou a rezar silenciosamente.
— Tenho planos para você neste fim de semana; grandes pilhas de merda
que só a escória de um lixo de trailer pode limpar. Você é minha, e vai
entender o quanto isso é verdade em poucos dias. Vou compensar todo o
tempo que vou perder quando você for para a faculdade. A única coisa que
vai ajudá-la a superar isso é pensar no que o merdinha do seu pai faria com
sua mãe se descobrisse como você é tratada aqui. O que você acha que
aqueles animais que pensam que cagam cheiroso fariam com ela? Eu sei que
você é retardada, mas tenho certeza que me entende, não é? — Ele disse a
última parte como se estivesse falando com um bebê.
Lake se lembrou de por que teve de aturar John torturando-a e por que
precisou manter isso em segredo todos esses anos. John estava certo; se ela
contasse a seu pai ou a Adalyn, a máfia viria atrás de sua mãe e a mataria.
Não havia dúvidas sobre isso. Sua mãe era sua família, seu sangue, e ela faria
o que precisasse para manter a família em segurança.
Ela olhou para o chão, derrotada.
— Sim, John. — Lake tinha tentado muitas vezes escapar daqueles fins
de semana de “A Hora do Pesadelo na Rua Quatro”, mas todas as suas
desculpas para não ir evaporavam sempre que sua mãe ligava para seu pai e
reclamava. Isso sempre levantava questões sobre por que ela não queria ir,
perguntas que nunca poderia responder.
Ele a encarou por mais um momento para incutir o medo do que estava
por vir antes de dar um passo para o lado.
Uma vez que ele se moveu, não levou dois segundos para Lake correr o
mais rápido que podia, descer os degraus e sair pela porta. Atrapalhando-se
com a maçaneta da porta do carro, ela finalmente conseguiu entrar e trancar
as portas.
Colocando o rosto nas mãos, ela começou a soluçar, perguntando a Deus,
por que eu? Por que eu…?
— Por que, Deus? — Lake chorou baixinho para si mesma enquanto
esfregava o vaso sanitário.
Ouvindo a porta do banheiro se abrir atrás dela, virou a cabeça para
trás e viu John.
— Porque você não é merda nenhuma, é por isso. Agora pare de chorar,
porra. Deus não vai te ajudar.
Ela cobriu a boca, tentando abafar o choro prestes a sair.
John foi até o balcão do banheiro e bateu as mãos o mais forte que pôde,
assustando Lake e a fazendo ficar em silêncio.
— Vá lá para cima. Foi exatamente por isso que fiz você se mudar para o
sótão. Estou farto de ouvir e olhar para nada além de um pedaço de merda.
Vai! — ele gritou com Lake.
Levantando-se e correndo o mais rápido que podia, ela atravessou o
corredor, parando apenas quando notou Ashley em uma escada da garagem.
Descendo lentamente, ela viu Ashley usar uma tesoura para cortar o fio
branco que foi usado para puxar as escadas do sótão para seu novo quarto.
Ashley finalmente a notou e estendeu a corda, mostrando-lhe o quanto
havia cortado.
— Achei um pouco longa. O que você acha?
Lake enxugou as lágrimas que escorriam por seu rosto sem lhe dar uma
resposta.
— Você está certa, piranha. Precisa cortar um pouco mais. Você é toda
boazuda, altona assim; Você consegue. — Ashley parecia ter pirado quando
disse “boazuda, altona assim” enquanto cortava mais um centímetro. —
Perfeito.
Ela observou Ashley descer a escada e tirá-la do caminho.
— Vá em frente, eu quero ver quão alto você pode pular. — Um sorriso
maligno apareceu em seu rosto.
Lake apenas ficou parada. Ela não ia deixar Ashley assistir.
— Você quer que eu chame meu pai, caralho? Tenho certeza de que ele
adoraria assistir a isso também. — Quando Lake não se moveu novamente,
ela começou a gritar. — PA…
Lake rapidamente se moveu em direção à corda, não querendo que John
viesse vê-la assim também.
Mais lágrimas fluíram quando ela pulou e tentou agarrar a corda. Ela
falhou nas primeiras vezes, tornando ainda mais difícil segurá-la depois que
começou a balançar para frente e para trás a cada tentativa fracassada.
A risada sádica de Ashley soou em seus ouvidos junto com as palavras:
— Mais alto. Pule mais alto, piranha…
Lake enxugou o rosto úmido de lágrimas usando as costas das mãos,
chegando à conclusão de que relembrar suas torturas passadas não a ajudaria
a parar de chorar, e chorar não resolveria nenhum de seus problemas.
Ela tinha de trabalhar naquela noite e se recompor se quisesse resolver
seu maior problema.
Para uma garota de dezoito anos, era triste pensar que a única maneira de
salvar a vida dela e de seu pai era trabalhar em um cassino hipersexualizado.
Às vezes, a vida simplesmente não era justa.
O segundo dia de trabalho não foi mais fácil que o primeiro. Seus pés ainda
estavam doloridos do dia anterior, e sair de trás da cortina vestida como uma
coelhinha da Playboy ainda a assustava. Levou a metade de seu turno para
que se acostumasse com tudo de novo.
Enquanto fazia suas rondas, ela foi para uma mesa de pôquer. Segurando
o bloco e a caneta, anotou os pedidos dos homens enquanto rapidamente dava
a volta na mesa.
— Quer que eu traga algo para você? — ela perguntou ao homem no
final da mesa enquanto anotava o pedido do último. Normalmente, ela não
precisava perguntar quando estava em uma mesa de pôquer; eles rapidamente
cuspiam o que queriam, e ela sequer precisava olhar para cima.
— Então é verdade. Devo dizer que, quando soube do que aconteceu, não
acreditei que você teria coragem de trabalhar aqui embaixo.
Ela nem precisou erguer os olhos do bloco para saber de quem era aquela
voz assustadora e sombria. Atordoada, ela não sabia o que dizer enquanto
olhava para os aterrorizantes olhos azul-esverdeados.
— Não se preocupe, querida. Estou tão chocado quanto você — Lucca
disse, olhando para sua transformação.
Sentindo-se envergonhada e constrangida com sua roupa reveladora,
Lake queria fugir.
— Q-quer que eu traga algo para você?
Lucca olhou para suas cartas, em seguida deslizou uma enorme pilha de
fichas para o meio da mesa.
— Quero um pouco de Jack, querida.
Ela foi até o bar, o coração começou a disparar enquanto se perguntava
quem sabia sobre sua dívida. Quem mais sabe? E se Adalyn descobrir?
Tentando acalmar os nervos, ela pegou a enorme bandeja de bebidas. Não
derrame! Ela estava tremendo tanto, que os líquidos derramavam
descontroladamente de seus copos.
Respirando profundamente, ela voltou para a mesa de pôquer e distribuiu
as bebidas. Quando pousou a bebida na frente de Lucca, ele nem sequer
ergueu os olhos de seu jogo. Obrigada. Saindo correndo, Lake foi para a
mesa ao lado.
A noite continuou, e toda vez que ela visitava o jogo de pôquer de Lucca,
ele não prestava atenção nela. As únicas palavras que disse a ela foram para
pedir um novo copo de Jack, mas nem uma vez olhou para ela. Lake estava
muito grata por isso, e depois das primeiras vezes, não prestou atenção nele
também, esquecendo o fato de que o conhecia como o subchefe. Caramba, ela
nunca teria pensado nisso, mas preferia servi-lo a todos os outros, já que ele
nunca olhava para sua bunda ou seus peitos.
Voltando mais uma vez para a mesa de pôquer, ela notou quão grande a
pilha de fichas de Lucca tinha ficado.
— Gostaria de beber algo mais?
— Não, obrigado, querida — disse ele, levantando-se. Enfiando a mão no
bolso traseiro da calça jeans escura, ele tirou um maço de dinheiro preso em
um clipe prateado.
Lake olhou para ele em choque enquanto Lucca tirava cinco notas de cem
dólares do clipe. Ela não sabia como aceitar. Ninguém tinha lhe dado uma
gorjeta tão grande assim, especialmente não alguém que só tinha bebido uma
garrafa de Jack.
— Pegue, querida — disse ele, empurrando as notas para mais perto dela.
Quando ela finalmente pegou a gorjeta, ele a impediu de guardar onde estava
prestes a fazer. — E você não precisa enfiar nos seus peitos. Não é por isso
que estou te dando o dinheiro.
— Obrigada — ela disse incrédula, e ele começou a juntar suas fichas.
Quando ele não disse mais nada, Lake voltou para o bar. O que diabos
aconteceu?
Lake desejou ter ido ao banheiro antes de se vestir com as roupas apertadas
que estavam cortando sua circulação. Ela estava trabalhando há quase uma
semana inteira, o que fez com que se sentisse um pouco orgulhosa. Bem, tão
orgulhosa quanto você pode ficar trabalhando aqui.
Felizmente, Sadie a manteve com o mesmo estilo de roupa, aproveitando
a vibe inocente que ela emanava. Naquele momento, usava um tom mais
claro de espartilho rosa que tinha um laço de seda preto entre os seios,
combinando com um short rosa-claro com babados, que pareciam encolher a
cada momento que passava, e meias pretas com laços de seda da mesma cor.
Ela ainda tinha de usar os mesmos sapatos pretos enormes, mas seus pés
finalmente estavam ficando dormentes e acostumados com a coisa toda,
como Maria havia dito que aconteceria.
A semana tinha sido muito difícil para Lake. Ela trabalhava até morrer
então ia direto para casa dormir, e repetiria tudo de novo no dia seguinte.
Parecia que a vida tinha sido sugada dela, e Lake não era mais capaz de
reconhecer seu reflexo no espelho.
A última vez que Lake viu o pai foi quando foi ao escritório de Dante.
Ela ligava para ele todos os dias, mas ele sempre mandava uma mensagem
dizendo que a veria mais tarde. Ela estava preocupada que pudesse haver algo
de errado acontecendo com ele, então decidiu ir até Dante depois de seu turno
para fazer algumas perguntas.
Ela também não gastou mais do que uns vinte dólares das gorjetas, então
planejava dar todo o dinheiro que recebera a Dante, para ajudar a pagar a
dívida de seu pai. Lake imaginou que se desse esse dinheiro além do salário,
ela não iria trabalhar para ele pelo resto da vida. Faria o que fosse preciso
para pagá-lo o mais rápido possível, mesmo que isso significasse viver
contando moedas no processo. Lake estava acostumada com isso, de qualquer
maneira.
Certificando-se de que sua maquiagem e seu cabelo grande estavam
adequados, ela foi para a frente do enorme vestiário, pois queria usar o
banheiro antes de seu turno.
Virando a esquina, deu de cara com dois corpos que estavam bloqueando
a porta do banheiro.
— Desculpa…
— Puta merda. Lake? — Amo olhou para tudo quanto é canto dela,
menos seu rosto.
Oh, não.
— Merda. — Nero deu uma batida na porta do banheiro.
Oh, não.
Lake precisava escapar. Ela tentou passar rapidamente por eles e entrar
no banheiro antes que vomitasse o pouco de comida que tinha na barriga.
— Boneca, você não vai querer entrar aí.
Amo moveu-se para bloquear completamente a porta.
Está vindo! Rapidamente, ela colocou a mão sobre a boca para não
vomitar.
— Ah, que se foda. — Amo se esquivou do caminho como se pesasse
cinquenta quilos.
— Entrando! — Nero gritou, dando-lhe um amplo espaço.
Lake rapidamente abriu a porta, sua mão ficando frouxa assim como seu
queixo.
— Vincent? — Ela piscou algumas vezes, esperando que aquilo fosse
apenas uma terrível ilusão.
Vincent afastou a boca da mulher que chupava seus lábios e fechou a
braguilha.
— Lake? — Ele se virou, revelando uma loira platinada com peitos
enormes, nus e perfeitos, com mamilos que poderiam arrancar seus olhos.
— Kim? — Ela desejou ter dito seu nome enquanto olhava para seu
rosto. De todas as garotas de lá, Kim era a mais escrota, não dizia nem as
horas quando Lake perguntava.
— Ela é sua namorada? — Kim perguntou a Vincent.
Vincent ficou parado, em estado de choque, claramente sem saber se
deveria ficar mais surpreso com a situação ou com o fato de Lake estar
vestida como uma estrela pornô enquanto a olhava de cima a baixo.
— Não, e eu duvido muito que um dia será depois disso — Amo
murmurou atrás deles.
— Eu tentei te avisar, porra — Nero disse a ele.
Lake sentiu o mundo começar a girar enquanto a bile subia mais uma vez.
— Acho que vou…
Kim caminhou em direção a ela, adorando o fato de que poderia mostrar
seus seios para três homens bonitos.
— Sai daqui, novata. Estamos ocupados.
Lake não conseguiu mais pensar ou conter o enjoo. O alvo infeliz? Dois
peitos enormes.
Um grito agudo encheu o ar.
Há coisas que você não consegue desver.
Kim continuou a gritar a plenos pulmões.
— Sinto muito, eu não... — Lake cobriu a boca novamente, com medo de
que não tivesse terminado, a sensação de tontura continuando.
Vincent correu para agarrar Lake e segurá-la. Ele a trouxe até a pia, onde
rapidamente abriu a água fria e colocou a mão dela debaixo da água corrente.
— Sua puta do caralho! — Kim continuou a gritar.
— Querida, você precisa se acalmar. — A voz de Vincent se tornou letal.
— O que diabos está acontecendo…? — Sadie se espremeu entre Amo e
Nero, que estavam rindo histericamente. — Ah, querida…
— Tá vendo o que aquela vagabunda fez? — Kim começou a tremer, sem
saber como limpar a sujeira.
Sadie caminhou até ela e deu um tapa na cara da mulher.
— Cale a boca, caralho, antes que eu enfie meu salto de stripper na sua
garganta. Essa não é a coisa mais nojenta que já caiu em seus peitos falsos, e
não será a última vez que acontecerá. É por isso que temos chuveiros. Sinta-
se à vontade para usar um, e, na próxima semana, você vai ter que trepar com
os homens mais sujos que entrarem pelas portas.
Kim botou a mão no rosto vermelho e saiu correndo.
Sadie virou-se para Amo.
— Você se importa de pegar um suco da geladeira? Obrigada, querido.
Amo balançou a cabeça lentamente por um momento, atordoado, antes de
sair.
Eu entendo toda a parada de gerenciar o cassino agora.
Sadie foi até Lake, ainda tonta – os saltos não estavam ajudando na
situação – e começou a esfregar suas costas.
— Você está bem?
Lake conseguiu assentir antes de Amo entrar para lhe dar um pouco de
suco. Ela tomou um gole do líquido e sentiu um pouco de sua força vital
retornar.
— Sinto muito, querida. Eu só posso te dar cinco minutos de folga antes
de você voltar.
Lake percebeu que Sadie não estava feliz de dizer aquilo.
— Eu sei. Tudo bem…
Vincent falou sobre ela.
— Não, não está nada bem, caralho. Ela não pode trabalhar assim. Vá
encontrar alguém para substituí-la.
Sadie balançou a cabeça.
— Eu realmente não posso. Não é minha função. Nenhuma das minhas
garotas vai trabalhar de graça. — Ela começou a se afastar. — Vou tentar te
dar dez minutos, querida.
Ela tomou um gole maior dessa vez. Ai, meu Deus. A ficha de tudo que
tinha acontecido finalmente estava caindo.
— Lake, o que diabos ela quer dizer com isso? E por que diabos você
está trabalhando aqui?
— Não importa. — Ela se afastou de Vincent, percebendo que ele a
estava segurando esse tempo todo.
Sua voz áspera a lembrou do que diabos ele estava fazendo lá com Kim
apenas alguns minutos antes.
— Sim, importa — ele rosnou, indo agarrá-la novamente.
Lake afastou a mão de Vincent como se ele estivesse com uma doença
contagiosa.
— Não me toque depois do que fez. O que você veio fazer aqui? Ou isso
é uma pergunta idiota?
— Acabamos de terminar a porra do nosso primeiro turno. Nós
trabalhamos aqui agora.
Primeiro turno?
— Quer dizer que você só começou a trabalhar aqui hoje e veio foi trepar
no banheiro? A Kim foi o que, a quinta do dia?
— Não, não foi, caralho! Acabamos de terminar nosso turno tem uns
cinco minutos!
Nero começou a tossir, dizendo um “cale a boca”.
Lake esperava que a dor estampada em seu rosto não fosse visível para
ele. Para ela, tudo havia terminado naquele momento. Você ganhou, Vincent;
de uma vez por todas.
— Você poderia, por favor, ir embora? Como se isso já não fosse
humilhante o suficiente para mim. — Ela pegou o enxaguante bucal que eles
mantinham no balcão e se esforçou para acabar tanto com o enjoo
remanescente quanto com o gosto horrível em sua boca após vê-lo com Kim.
Dessa vez, Vincent falou com mais calma, porque ela não conseguiu
esconder a dor em suas profundezas cor de avelã.
— Eu não vou embora até que você me diga por que está aqui embaixo.
Lake jogou fora a toalha de papel que usou para esfregar os lábios,
esperando que os germes do beijo de Vincent de meses atrás fossem
removidos desse jeito.
— Tudo bem, eu vou.
Nero e Amo bloquearam a porta com o comando de Vincent.
— Eu tenho que voltar ao trabalho, Vincent! — Ela estava cansada de
seus jogos. Vincent não dava a mínima para ela, e Lake perdeu todo o
sentimento por ele no momento em que passou pela porta do banheiro.
— Me diga por que, e você pode ir.
Eu o odeio tanto!
Sua dor e fúria a fizeram derramar.
— Porque Dante ia matar meu pai por uma dívida imensa de dinheiro. Eu
não tive escolha!
— Querida, por quê…?
— Não me chame assim nunca mais. Se você fizer isso, eu juro que será
a última palavra que você vai falar comigo.
Essa palavra fez sua pele arrepiar depois que ela o ouviu chamar Kim
assim.
Vincent passou a mão pelo cabelo, tentando manter a calma.
— Eu poderia ter ajudado você, Lake. Por que não me contou?
Lake balançou a cabeça, tentando não chorar.
— Não, você não poderia.
Ele tentou se aproximar novamente.
— Sim, eu poderia. E eu vou. Você não sabe quem é meu p…
Ela deu um grande passo para trás.
— Seu pai foi quem me colocou aqui, Vincent. Ninguém pode me ajudar
além de mim mesma.
Dessa vez, eles a deixaram passar, e pela primeira vez, Lake conseguiu se
afastar dele.
Vincent bateu na porta do escritório pela segunda vez naquele dia. Dessa vez,
ele ouviu “Entre” em vez de “Espere”.
Abrindo a porta, ele entrou na sala enfumaçada e se sentou na frente do
chefe.
Dante deu uma tragada em seu charuto.
— Isso tem a ver com a garota?
— Como você sabe?
— Recebi uma ligação dizendo que você arrastou Lake para longe de um
cliente muito importante meu — disse Dante, recostando-se na cadeira.
Bem, isso está começando muito bem.
— Peço desculpas. Não vai acontecer de novo.
— Como caralhos eu posso ter certeza disso?
Vincent enfiou a mão em uma bolsa que trouxera e colocou pilhas de
dinheiro na frente dele.
— Trinta mil para quitar a dívida de Lake.
Dante recostou-se na cadeira, pensando por um momento.
— Lake trabalhando para mim traz muito mais dinheiro do que apenas o
valor da dívida. Meus clientes vão lá apenas para vê-la, então é melhor para
mim que ela trabalhe, mais do que você me dar o dinheiro e ela ir embora no
dia seguinte. Então é isso que vou fazer: vou aceitar seu dinheiro e quitar a
dívida de Lake, mas ela tem que continuar trabalhando para mim lá embaixo
por um mês.
“Aquele cliente de quem você a arrastou hoje, o David, tem uma queda
por Lake e está aqui a negócios pelo próximo mês. David é meu maior cliente
agora, então quando ele for embora, Lake pode ir também. Isso também
servirá como punição pelo que você fez. Agora, você vai ter que ficar
olhando para ela no meio daquela perversidade doentia todos os dias.”
Filho da puta.
Vincent deu um aceno de cabeça, incapaz de falar, até porque se o
fizesse, nada de bom sairia disso.
— Vou mandar que paguem as horas trabalhadas de Lake.
— É só adicionar ao meu salário, eu repasso para ela.
Dante fumou mais de seu charuto.
— Se você diz.
Vincent passou as mãos pelo cabelo, sem saber se queria a resposta para a
outra coisa em sua mente.
— O pai dela não voltou para casa nem falou com ela esta semana.
O chefe pegou seu telefone e discou um número, em seguida colocou-o
sobre a mesa no viva-voz.
O homem do outro lado atendeu.
— Olá?
— Eu preciso ver você em meu escritório — Dante respondeu.
— Chego aí assim que o trabalho terminar, chefe.
— Vejo você em breve, Paul. — Ele desligou o telefone, olhando para
Vincent. — Satisfeito?
Ele assentiu. Eu estaria satisfeito de verdade se Lake não precisasse
voltar a trabalhar.
— Bom. Vou avisar a Paul que a dívida está paga e sua filha está
preocupada com ele. Nenhum mal vai acontecer com ele enquanto ficar longe
de meu cassino — Dante prometeu a ele.
— Obrigado, chefe. — Vincent se levantou, indo até a porta.
O chefe tinha palavras de despedida para ele, assim como seu pai.
— Se eu fosse você, colocaria um pouco de juízo na porra da cabeça
daquela garota.
Aquele não era um conselho como o de seu pai; foi um aviso claro para
caralho.
Vincent conseguiu assentir uma última vez antes de fechar a porta.
Uma coisa era certa: ele ia colocar uma porra de juízo naquela cabeça de
formas distintas. Contanto que ela não me mate atolado na merda em que
continua chafurdando.
Lembrando da rapidez com que ela se atreveu a apertar o botão para subir
e ver o chefe, ele estava certo de que a morte viria antes que ele conseguisse
fazer o que prometeu.
Lake esperou nervosamente no saguão pelo retorno de Vincent. Ela estava
uma pilha de nervos, se perguntando se o pai estava bem enquanto
continuava a observar o elevador.
Quando ela finalmente viu Vincent aparecer, seu coração parou, e ela não
queria mais saber de nada. Ela se viu andando até o carro em vez disso.
Ouviu Vincent gritando seu nome, mas ainda assim começou a correr pelo
cassino até atravessar as portas. Precisou se esforçar para passar pela
multidão, e sabia que Vincent não ia lidar bem com isso.
Tateando a porta do carro, ela a abriu e enfiou a chave na ignição. Tentou
ligar o carro, que nem deu sinal de vida. Estava completamente silencioso.
Lake deitou a cabeça no volante, tentando respirar fundo. Então a porta
do lado do motorista se abriu um segundo depois, e ela nem levantou a
cabeça para olhar quem era.
— Por que diabos você fugiu de mim assim?
Ela continuou a manter a cabeça baixa após a pergunta dura de Vincent.
— Lake, olhe para mim — sua voz ordenou.
Olhando para Vincent, que estava furioso, seus olhos começaram a se
encher de lágrimas.
— Estou com medo do que você vai me dizer.
Vincent suavizou tanto a expressão quanto as palavras.
— Ele está bem. Acabei de falar com ele.
— Está? — Seus olhos pararam de lacrimejar.
Vincent começou a diminuir seus medos.
— Sim. Ele só está ocupado trabalhando, ao que parece, mas sabe que
você está preocupada com ele. Ele provavelmente vai para casa hoje à noite
para te ver.
Lake sentiu o peso em seu peito ceder só de saber que o pai estava vivo.
Graças a Deus.
— Eu tenho que ir para a casa da minha mãe hoje à noite para passar o
fim de semana. Estou feliz por ele estar bem.
— Olha, não havia necessidade de fugir de mim, Lake. Eu não quero que
você faça isso de novo. — Seu tom ficou um pouco mais áspero.
Os olhos dela desceram para o peito dele.
— Só fiquei com medo.
— Eu sei. Está tudo bem. Venha, eu vou te levar para a casa da sua mãe.
Ele abriu a porta do carro para ela.
— Não, tudo bem. Eu pego o ônibus. — Eu não vou entrar no carro dele
novamente.
— Você não vai pegar a porra de um ônibus — Vincent retrucou.
— Caramba, o que você tem contra o transporte público?
— Lake, você tem alguma ideia de onde você está e de quão perigoso é o
centro da cidade?
Merda, ele tem razão.
— Talvez Nero possa me levar?
Ele balançou a cabeça, ficando irritado.
— Não, ele está ocupado com Elle, depois que eu o fiz trabalhar turno
duplo para ficar de olho em você.
— Bem, que tal A…?
Vincent agarrou seu braço e começou a puxá-la para fora do carro.
— Não se atreva a dizer Amo. Aliás, eu deveria deixar que ele te levasse
para casa só por você dizer isso.
Sem outra opção, ela foi até o carro de Vincent. Por que meu carro não
deu partida exatamente hoje? Era como se toda vez que ele estivesse perto
dela, o carro magicamente não funcionasse.
Quando Vincent abriu a porta do carro para Lake, ela entrou e afivelou o
cinto de segurança enquanto ele ia para o lado do motorista.
— Amo é uma pessoa ruim? — ela perguntou quando ele ligou o carro.
Ele olhou para ela.
— De onde diabos isso veio?
Ela deu de ombros.
— Não sei. Você acabou de dizer “eu deveria deixar que ele te levasse
para casa”, e isso me faz pensar que ele é uma pessoa ruim.
— Nenhum de nós é bom, Lake. Acho que você não entende isso.
— Mas quão ruim é o Amo... comparado ao Lucca?
Vincent virou a cabeça para olhar para ela.
— Presta atenção. Fique fora dessa porra de situação. Isso é algo que
você com certeza não quer se meter. Você vai descobrir muito rápido quão
ruim Amo e Lucca realmente são. — Quando ela não respondeu, ele
perguntou: — Entendeu?
— Sim. Foi só uma pergunta. Por que você está todo mandão hoje? —
Ela cruzou os braços sobre o peito. Ele precisa se acalmar. Ficava mudando
de humor a cada cinco segundos.
— Porque você é um ímã de problemas. Você não pensa antes de falar,
ou de agir, porra. O que você fez foi suicídio. Meu pai me contou que você
foi pedir para ver o chefe e tacou vinte mil na frente dele. Ninguém, ninguém
se aproxima de Dante assim e sai vivo para contar a história. Você não faz
ideia de quão sortuda é. De agora em diante, você vem falar comigo, Nero e
Amo. É isso. Os homens da família não são homens; nós somos animais
insanos do caralho.
Lake olhou pela janela.
— Ele te disse?
Vincent entendeu o que ela queria dizer.
— Sim, ele me disse que você deu todo o dinheiro da faculdade. Por que
você fez isso?
— Era a única opção que eu tinha. Meu pai é minha família. Por favor,
não conte nada a Adalyn. Ainda não sei como dizer a ela que não vou para a
faculdade.
Vincent levou um momento antes de responder:
— Você não precisa se preocupar. Não vou contar nada a ela.
Lake acreditou nele, até porque ele provavelmente teria muitas
explicações a dar se o fizesse.
Ela descansou a cabeça na janela, tentando relaxar antes de ter de
enfrentar uma noite torturante com John e Ashley. Ela tinha certeza que ele
iria matá-la, já que ela já estava exausta de trabalhar. John estava lívido da
última vez que a viu, e ele teve uma semana inteira para planejar sua morte.
Quando Vincent parou na enorme casa, pela primeira vez ela pensou que
seria melhor ficar em seu carro.
— Como é que eu nunca conheci sua mãe? — Vincent perguntou.
— Ela e meu pai terminaram quando eu era jovem, e ela geralmente está
ocupada. — Lake foi abrir a porta.
— Ela trabalha?
— Não — ela respondeu rapidamente, indo abrir a porta novamente.
Vincent a deteve.
— Eu só acho estranho que eu nunca a tenha visto. Por que ela não estava
na sua formatura?
Lake balançou a cabeça.
— Obrigada pela carona e por me contar que meu pai está bem. — Ela
conseguiu abrir a porta dessa vez antes que ele agarrasse seu braço, parando-
a.
— De nada, mas você poderia me agradecer me convidando para jantar.
— Ele sorriu, mostrando um sorriso magnífico.
Ele sabe de alguma coisa?
— Hum, talvez da próxima vez, quando eu puder avisar minha mãe.
Tchau! — Lake rapidamente saiu do carro, pegando sua bolsa e fechando a
porta atrás de si.
Ela entrou apressadamente em casa, agradecida por ter conseguido sair
daquela situação. Vincent não era exatamente alguém que desistia, e ele
definitivamente estava escondendo em alguma coisa.
— Oi, querida! — Sua mãe a encontrou na porta e a puxou para um
grande abraço. — Então, você prometeu me contar tudo sobre a formatura,
mas vai ter que esperar até eu fazer essas tarefas para John. Eu acabei de
comprar uma comida chinesa del…
Diiing.
Lake se virou. Ele não fez isso.
— Quem será? — Sua mãe foi abrir a porta.
De jeito nenhum é ele.
Um deus loiro de olhos azuis-bebê em um terno estava na porta, sorrindo.
— Olá.
Ele fez, puta merda.
— Ora, olá. Quem é você? — a mãe de Lake disse, sorrindo de orelha a
orelha.
— Sou amigo de Lake. Vincent. Prazer em conhecê-la. — Quando ele
estendeu a mão, sua mãe a pegou.
— Eu sou Pam, a mãe dela. Muito prazer. — Ela continuou apertando a
mão dele, não querendo soltá-la.
Lake olhou para sua mãe, que estava com os olhos arregalados para
Vincent. Que porra é essa, mãe?
Vincent finalmente conseguiu sair de seu alcance para pegar o telefone de
Lake do bolso.
— Você deixou isso no carro.
Ela rapidamente conferiu o bolso do moletom onde ela sabia que tinha
guardado o celular e que estava com ela o tempo todo. Olhando para seu
rosto exultante, entendeu o que havia acontecido. Ele roubou meu celular!
Ela foi pegar o aparelho, mas sua mãe passou na frente, pegando-o de suas
mãos lentamente.
Pam sorriu.
— Você é um amor por fazer isso.
A boca de Lake se abriu com o flerte óbvio de sua mãe. Ela mal podia
acreditar que a mãe estava agindo daquela maneira na sua frente. Ela não
seria capaz de aguentar muito mais tempo.
— Bem, obrigada. Até logo. — Ela fez menção de fechar a porta.
— Que cheiro bom. O que está cozinhando? — Vincent perguntou,
parando-a.
Sua mãe riu.
— Comprei comida chinesa, só isso. Gostaria de ficar para o jantar? Eu
comprei muita.
— Eu pensei que você tinha algumas tarefas do John para fazer. — Lake
lembrou sua mãe.
— Ah, não seja boba. Aquilo pode esperar. Precisamos conversar sobre a
formatura, lembra?
Nunca pôde esperar enquanto eu era torturada. Lake olhou para Vincent,
implorando silenciosamente para que ele dissesse não.
— Obrigado. Eu adoraria. — Vincent entrou na casa, olhando ao redor.
— Sua casa é muito legal, Pam.
— Obrigada. Ashley, minha enteada, mantém tudo arrumado. — Pam
jogou o telefone de Lake em sua bolsa no chão. — Aqui, vou te mostrar a
cozinha.
Vincent passou o braço sobre Lake como se não visse Pam estendendo a
mão.
— Eu tenho certeza que é ela quem arruma tudo mesmo.
Lake forçou um sorriso nervoso para Vincent. O que diabos está
acontecendo?
Pam rapidamente soltou a mão, rindo enquanto o levava para a cozinha.
— John, Ashley, o amigo de Lake, Vincent, está aqui para jantar.
Lake e Vincent entraram na cozinha atrás de Pam, viram caixas de
comida chinesa espalhadas sobre a mesa e John e Ashley já comendo dois
pratos bem cheios.
John chupou os dentes, olhando Vincent de cima a baixo.
— Você não tinha que correr para fazer algumas tarefas?
— Pode esperar até amanhã. — Pam foi e pegou mais alguns pratos e
garfos do armário antes de colocá-los na mesa. Então pegou água na
geladeira. Finalmente, se sentou ao lado do marido. — Vincent, venha e
sente-se. — Ela deu um tapinha no assento vazio ao lado dela e de Ashley.
Vincent arrastou Lake para a cozinha com o braço ainda ao redor dela e
foi para o outro lado da mesa com dois assentos vazios. Então deixou cair o
braço e puxou o assento mais próximo de Ashley, gesticulando para Lake se
sentar.
Assim que o fez, ela olhou para Vincent com curiosidade. Quando o viu
tirar o casaco e começar a arregaçar as mangas, desviou o olhar e viu Ashley
e sua mãe praticamente babando por ele. Olhou para John e conseguiu
imaginá-lo assassinando Vincent de cinquenta milhões de maneiras em sua
mente.
Ele estendeu a mão enquanto enrolava as mangas.
— Prazer em conhecê-lo, senhor.
John teve que olhar para Vincent enquanto apertava sua mão.
— É, igualmente.
Vincent sentou-se ao lado de John e pegou dois pratos, garfos e águas da
mesa para colocar na frente de Lake, e em seguida na sua frente.
Ashley pousou o garfo, sorrindo.
— Que legal te conhecer. Meu nome é Ashley, sou meia-irmã de Lake.
Vincent nem sequer olhou para ela enquanto começava a se servir com a
comida.
— É, eu estava no shopping segunda-feira quando você veio falar com a
Lake.
Lake abriu sua garrafa de água, bebendo apressadamente o conteúdo. Isso
não está acontecendo, está?
Ashley soltou uma risada nervosa enquanto pegava o garfo e voltava a
comer.
— Você não vai comer, Lake? — Vincent perguntou a ela quando ele e
Pam tinham novamente enchido seus pratos.
Lake estava observando John ficar cada vez mais puto enquanto Vincent
pegava um pouco de comida. Assim que viu seu rosto depois da pergunta de
Vincent, notou que definitivamente não queria que ela tocasse em nada.
Eu nunca toquei na comida dele.
Ela mordeu o lábio, duvidando do que fazer. Ele certamente iria puni-la
se o fizesse.
— Eu não estou com fome. Acho que ainda estou um pouco enjoada.
— Você está enjoada porque não comeu. Coma.
Ela não tinha opção a não ser comer, se não quisesse fazer uma cena.
Lake pegou uma colherada de arroz e o item não ser o favorito de John,
frango e brócolis.
— Você precisa comer mais. — Vincent colocou mais arroz no prato dela
e pegou a última costela, acrescentando-a à sua porção.
Não, esse é o prato favorito dele!
Olhando rapidamente para John, ela viu que a fumaça estava
praticamente escapando de sua cabeça.
Vincent começou a comer enquanto voltava a atenção para Pam.
— O que foi mesmo que você precisava falar com Lake? Formatura ou
algo assim?
— Sim, eu não pude ir porque estava cuidando de John. Como foi? —
sua mãe finalmente se dirigiu a ela.
Lake foi falar, mas Vincent falou primeiro.
— O que houve? — ele perguntou, olhando para John.
John limpou a boca com as costas da mão.
— Eu peguei um resfriado.
Ela falou antes que qualquer outra coisa pudesse ser dita.
— Deu tudo certo no final. Vincent também se formou.
O rosto de Pam se iluminou.
— Mesmo? Sinto muito por ter perdido. Eu gostaria de ter visto você se
formar, Vincent.
Lake apertou o garfo enquanto beliscava a comida. Seu apetite havia
desaparecido completamente a essa altura, embora não tivesse comido o dia
todo. As palavras e ações de sua mãe continuaram a machucá-la. Ela teria
preferido os planos de John a essa situação.
— Você deveria ter ido ver sua filha. — Vincent sorriu para Lake e deu
um aperto na coxa dela por baixo da mesa.
Lake se viu sorrindo de volta para ele, pela tentativa de a confortar.
— Então, o que você vai fazer agora? — Sua mãe voltou o assunto para
Vincent.
Ele abriu a água e tomou um gole.
— Meu pai trabalha no centro da cidade, no hotel-cassino. Ele é amigo de
infância do proprietário, Dante Caruso. Mas você sabe disso, porque o pai de
Lake trabalha lá. Estou trabalhando lá há alguns meses.
Ai, Deus.
— Sim, nós sabemos tudo sobre o pai dela trabalhando lá — disse John,
apontando para Lake.
Vincent olhou John nos olhos.
— Que bom. Fico feliz que você saiba.
O resto da refeição se passou em silêncio. Vincent apreciou cada
pedacinho da comida, comendo com paixão enquanto John olhava para
Vincent toda vez que ele ia pegar mais. Sua mãe e Ashley não conseguiram
parar de olhar para Vincent. Lake mal conseguiu engolir algumas bocadas no
meio disso tudo.
Depois do jantar, Lake foi para a sala de estar com Vincent. Ok, hora de
ir.
Pam entrou um momento depois, indo até a bolsa de Lake, que ela havia
deixado na porta.
— Você sabe que nós não largamos nossas coisas por aí, querida. Anda,
vai levar a bolsa para o seu quarto.
Lake pegou a bolsa da mão de sua mãe, confusa.
Eu sempre deixo minhas coisas lá. Foda-se, eu nem me importo. Você
quer esse cara, fica com ele. Ela já estava cansada de ver a mãe flertar com
Vincent. Claramente, ela estava no caminho e ficaria feliz em escapar
daquela situação.
Ela subiu as escadas, tentando fingir que não estava realmente magoada
por sua mãe ter feito isso tudo com ela. Por que ela faria isso? Ela nunca
tinha feito nada assim antes. Mas Lake também nunca a apresentou a
ninguém, nem mesmo a Adalyn.
Caminhando pelo corredor em que seu quarto estava, ouviu alguém vir
atrás dela. Corre!
Lake saiu correndo, com medo de que John ou mesmo Ashley a tivessem
seguido. No final do corredor, ela sentiu alguém passar os braços ao redor
dela. Instantaneamente, soube quem era.
Lake estava sem fôlego quando sussurrou:
— Você quase me matou de susto, Vinc...
Vincent rapidamente a virou para que pudesse encará-la, ainda
segurando-a contra ele.
— Por que diabos você saiu correndo?
Ela virou a cabeça, incapaz de olhá-lo nos olhos.
— Você veio atrás de mim de um jeito suspeito. Isso me assustou.
Ele agarrou o rosto dela e a virou, a forçando a olhar para ele.
— Porra nenhuma! Ninguém sai correndo fugindo assim na própria casa.
Olhando para seu rosto predatório, ela teve de continuar mentindo.
Um mau pressentimento começou a se formar em sua mente: como a
noite poderia terminar. Esse pressentimento gritava em sua cabeça que a
merda estava prestes a bater no ventilador.
— Eu te disse, Vincent, você me assustou. Estou muito cansada. — Ela
se afastou dele, não querendo que ele continuasse a abraçá-la. — Agora, volte
para o andar de baixo. Te encontro assim que guardar minha bolsa.
Ela se abaixou para pegar a bolsa do chão.
— Eu não vou sem você. Eu disse a sua mãe que nós dois vamos ficar de
bobeira juntos.
— V-você quer entrar no meu quarto? — ela perguntou, sua boca
secando.
Vincent cruzou os braços sobre o peito.
— Sim. Tem algum problema nisso, porra?
— Bem, sim! Eu nem queria que você estivesse aqui, para início de
conversa. Eu sei que você roubou meu celular, e agora você quer entrar no
meu quarto? Vamos parar por aqui.
— Por que você está fazendo tanto caso de eu ver seu quarto? Se é tão
importante que eu não veja nada, fico esperando aqui enquanto você guarda
suas coisas. — Ele se encostou na parede.
Lake olhou para a corda dos degraus que levavam ao seu quarto no sótão.
Droga! Ela precisava tomar uma decisão. O quarto mais próximo ao dela era
o antigo, mas continha equipamentos de ginástica, e ela estava com medo que
Vincent desse uma olhada no interior. Se ela admitisse que seu quarto era no
sótão, com esperança tudo acabaria bem, porque não era tão estranho assim.
Certo? Hoje em dia isso é normal. Ela tinha um quarto no sótão. Se ela
fizesse disso algo grande, ele também ia achar que era importante.
Deu um pulo para pegar a corda, mas errou. Ashley tinha cortado muito
curto da última vez. Ela rapidamente pulou de novo, mas as pontas de seus
dedos mal roçaram a corda.
— O seu quarto é lá em cima? — ele perguntou, parecendo confuso.
— Sim. — Lake riu e fez menção de tentar de novo
Vincent se aproximou, impedindo-a de tentar pular novamente, e
facilmente agarrou a corda que balançava, a puxando para baixo e revelando
as escadas.
Ótimo, agora ele se tornou definitivamente um deus perfeito e alto.
— Obrigada. — Ela sorriu enquanto ele descia as escadas.
Lake se arrastou para cima, sentindo-se constrangida até pisar no sótão e
afastar sua bunda do ângulo de visão de Vincent. Ela apressadamente foi
colocar sua bolsa no colchão, que estava no chão, e tentou correr de volta
antes que ele aparecesse.
Virou o rosto para trás quando ouviu um rangido na escada e viu o rosto
de Vincent espiando do buraco no chão.
— É-é legal, não é?
Quando ele subiu completamente as escadas, fez um três-meia-zero, seu
rosto ficando mais horrorizado e desgostoso a cada segundo.
— Lake, olhe ao seu redor! Essa é a merda do seu quarto?
Seus olhos se arregalaram.
— Si…
— Pegue qualquer coisa aqui que seja importante, caralho. — Ele estava
começando a tremer.
— O quê? Por quê?
— Agora! — rosnou para ela.
Lake deu um pulo de susto e olhou ao redor do quarto escuro e vazio.
— I-isso é tudo que eu preciso. — Ela colocou a bolsa de volta no ombro.
— Porra! Isso é tudo o que é importante aqui? — Ele balançou a cabeça,
apontando para os degraus. — Desce logo. Eu não quero que você leve nada
dessa porra de lugar, de qualquer maneira. Provavelmente há mofo e merda
de rato por toda parte.
— Não entendo. Para onde eu vou? — Ela estava à beira das lágrimas
naquele momento.
Vincent se aproximou e agarrou a mão dela, levando-a para as escadas.
— Você está indo embora, Lake, e você não vai voltar, porra.
Lake ia discutir, mas o rosto de Vincent a fez mudar de ideia. Não havia
possibilidade de vitória contra o animal parado na frente dela naquele
momento.
Lágrimas caíram por suas bochechas enquanto ela descia os degraus, seu
estômago mais enjoado do que antes, dizendo-lhe que algo terrível estava
para acontecer.
Vincent desceu os degraus logo atrás dela e olhou para as lágrimas
silenciosas caindo em seu rosto. Estendendo a mão, ele pegou seu rosto e
enxugou as lágrimas com os polegares.
— Você não pode ficar aqui, baby. Eu sinto muito.
Lake fechou os olhos, tentando parar o choro.
— Eu não posso deixar minha mã…
— Ela não é mãe para você — ele disse enquanto continuava a enxugar
as lágrimas. — Você não percebe? O que ela está deixando John fazer com
você?
Lake não podia dizer nada, incapaz de mentir para Vincent por mais
tempo. Nem podia argumentar contra ele, pois sabia que tudo o que ele dizia
era verdade.
Quando ele viu a derrota em seus olhos torturados, deu um beijo
carinhoso em sua testa e pegou sua mão.
— Vamos.
— O que diabos você pensa que está fazendo? — John perguntou,
virando a esquina, Pam e Ashley atrás dele, curiosas.
— Ela está indo embora, é isso. — Vincent deu um passo à frente.
John começou a caminhar em direção a eles.
— Não, ela não está. Eu não sei o que te dá o direito de entrar na porra da
minha casa a e agir como se você fosse o dono. Saia daqui antes que eu
chame a polícia.
— Chame a porra da polícia. Vamos explicar por que ela está morando
em um sótão. Quantos quartos você tem aqui? — Vincent largou a mão de
Lake e abriu a porta mais próxima a ele, revelando uma grande sala cheia de
equipamentos de ginástica. — Bem, aqui está um quarto perfeitamente bom
em que ela poderia dormir. — Ele deu um passo à frente, dando uma boa
olhada em John. — Aposto que você não pôs um pé nessa porra de quarto.
O rosto de John se contorceu, sabendo que Vincent estava certo.
— Cai fora.
— Com prazer, caralho. — Vincent agarrou a mão de Lake e começou a
andar pelo corredor.
Deus, por favor, me ajude.
Lake pensou que seu coração ia parar a qualquer momento, ela mal
conseguia respirar. Só queria que Vincent saísse de lá antes que fizesse
qualquer coisa pela qual ela nunca pudesse perdoá-lo. Nesse ponto, precisou
sair com ele, porque se não o fizesse, de duas, uma: ou ele iria matá-los na
frente dela ou ia embora para trazer de volta toda a máfia Caruso e cumprir a
tarefa.
Quando Lake e Vincent começaram a passar por John, ele a alcançou.
— Você não vai levar a lix…
Vincent empurrou Lake para trás de si antes que John pudesse agarrá-la,
então jogou John contra a parede, prendendo-o com o braço sobre sua
garganta.
— De que nome você ia chamar ela, caralho?
Lake cobriu a boca, incapaz de permitir que os gritos escapassem de sua
garganta, assim como sua mãe e Ashley haviam feito.
Quando John não respondeu, Vincent pressionou o braço com mais força
em sua garganta, cortando mais sua circulação.
— Nem uma vez eu ouvi você se dirigir a ela pelo nome. Agora, diga.
De. Que. Nome. Você ia chamar ela, caralho?
— Lixo de trailer! — John engasgou como se estivesse feliz por
finalmente o apelido ser revelado.
Quando Pam cobriu a boca e resfolegou como se estivesse chocada,
Vincent olhou para ela.
— Não aja como se estivesse surpresa, porra. Você consegue se lembrar
da última vez que ele disse o nome dela?
— Eu não sabia…
— Sim, você sabia, sua vagabunda. Você só ignorava e fingia que nada
estava acontecendo.
Ao ouvir as palavras dele, Pam agiu como se Vincent a tivesse golpeado.
Vincent começou a cortar mais a circulação de John.
— O que mais você fez com ela, filho da puta?
— Vincent, por favor! — Lake chorou. Se ele continuasse, ela tinha
certeza que a cabeça de John iria explodir.
Ele deu mais um aperto na garganta de John antes de deixá-lo cair no
chão, tentando recuperar o fôlego.
— Se eu descobrir que você encostou um dedo nela, eu vou voltar aqui e
cortar sua maldita garganta.
Lake foi até Vincent e tocou levemente seu braço, um pouco com medo
de cutucar o animal raivoso.
— Vamos. Por favor, vamos.
— Eu disse que você não vai a lugar nenhum. Você é minha, sua
merdinha inútil — John disse sarcasticamente entre golfadas de ar ásperas.
Vincent o chutou na boca em um movimento rápido.
— É melhor você começar a rezar, filho da puta, porque a única razão
pela qual eu não te mando direto para o inferno agora é porque ela está aqui.
Você não a possui e nunca a possuirá. Lake é minha. Ela nunca mais vai te
ver. Tente se aproximar e você vai descobrir o que acontece com os filhos da
puta que mexem com a família Caruso.
Claramente satisfeito, ele agarrou a mão trêmula de Lake e seguiu pelo
corredor.
Ao passar por Pam e Ashley, ambas horrorizadas, ele deu um aviso.
— Isso vale para todo mundo aqui, caralho.
Aterrorizada, Lake deixou Vincent levá-la para o carro dele.
Quando ele entrou no lado do motorista e ligou o motor, ela estava quase
se mijando de medo. Ela não conseguia mais ver Vincent. Em seu lugar
estava um homem que a estava deixando petrificada. Lake sabia que ele tinha
algum transtorno de personalidade, mas aquele foi o mais extremo que ela já
tinha presenciado, e ele realmente admitiu que estava se segurando por causa
dela.
Se isso é ele se segurando, então... Uma coisa era certa, Lake precisava
ficar longe do assustador Vincent.
— P-para onde estamos indo?
Ele apertou o volante com força.
— Neste momento, estou pensando em voltar para lá.
Não!
— N-não. — Ela não conseguia conter o choro.
Ele cerrou os dentes.
— Por que não, caralho? Você já está com medo de mim, então eu
deveria pelo menos te dar algo para justificar esse pavor todo. — Vincent
saiu da estrada e estacionou o carro. — Ele merecia muito mais do que eu fiz,
Lake. Eu estou indo embora por você. Ele pediu por aquilo quando não calou
aquela boca imensa. Eu não sou idiota. Eu sei que você está tomando no cu
com eles há muito tempo, e, por mim, todos eles estariam mortos agora
mesmo!
— Eu-eu sei, mas ela é minha mãe, independentemente do que ela fez.
Ela é minha família. — Lake tentou evitar que seu corpo tremesse tanto
enquanto enxugava as lágrimas.
Lake entendeu que era a maneira insana dele de tentar salvá-la, mas ela
não gostava desse Vincent.
Eu nunca quis que ninguém me salvasse. Ela estava com muito medo de
que o preço dessa salvação fosse a cabeça de sua mãe.
Ele respirou longa e profundamente enquanto alisava o cabelo.
— Onde fica sua casa?
Lake rapidamente se voltou para ele, os olhos lacrimejantes.
— O que, a do meu pai?
— Sim, a do seu pai, a menos que você queira que eu volte para a casa da
sua mãe. — Ele botou o carro na estrada de novo.
Nem ferrando que Vincent iria para a casa do pai dela se o que tinha
acabado de acontecer fosse acontecer de novo, só que lá.
— Eu não quero que você vá lá — ela sussurrou.
— Por que diabos não? — Sua voz começou a subir novamente.
Porque você vai me deixar sem-teto.
— Você não pode.
Ele fez menção de entrar em um retorno.
— Tudo bem, eu vou te levar para a porra da minha casa.
— Espera! — Lake rapidamente agarrou o volante. Ela pensou por um
momento, tentando decidir se era pior ser sem-teto ou sem-virgindade. —
Nós podemos ir para a casa do meu pai.
Lake olhou pela janela do carro e viu o oposto da casa de sua mãe. Eles não
estavam mais nos subúrbios, mas em uma parte decadente da cidade. A única
coisa boa sobre a rua era que era praticamente segura à noite, já que a maioria
das pessoas que morava ali era de classe média baixa, trabalhadores.
— Você não vai embora sem antes entrar, né? — Ela pensou que ele pelo
menos pediria.
— O que você acha? — Vincent estacionou o carro e desligou o motor.
Lake respirou fundo. Imaginei.
Ela saiu do carro, subiu na varanda de aparência suja, em seguida tirou as
chaves da bolsa antes de abrir a fechadura.
Antes que pudesse destrancar a porta, se virou para Vincent.
— Não conte ao meu pai sobre minha mãe. Ele não sabe de nada, e se
soubesse, morreria.
— Entra logo — ele assobiou.
Imaginei que diria isso também.
Ela virou a chave e entrou na casa, permitindo que Vincent entrasse logo
atrás. Fechou a porta e garantiu que estivesse trancada antes de acender os
interruptores que mostrariam o lugar sombrio.
Era o mais limpo possível para algo tão antigo, precisava de melhorias e
reparos sérios. A pequena cozinha continha uma pequena mesa de jantar, que
se conectava à pequena sala de estar, com uma namoradeira e uma TV. Os
móveis não combinavam, eram velhos, assim como os eletrodomésticos, mas
para ela era um lar, e Lake se sentia mais segura lá do que em qualquer outro
lugar do planeta. O lugar sujo, velho e decadente era seu porto seguro, e ela
amava cada centímetro daquilo.
Ela não queria que Vincent visse, porque passaria a olhar para ela do jeito
que todo mundo olhava – como um lixo de trailer. Algo estúpido nela
realmente se importava com o que Vincent pensava. E agora ele finalmente
pode ver quem eu sou de verdade.
Incapaz de olhar para o rosto dele ainda, Lake caminhou pelo pequeno
corredor e bateu em uma das três portas, a que levava ao quarto do pai.
Quando ele não respondeu, ela abriu a porta e viu o cômodo vazio.
Por que ele não está aqui?
— Talvez ele apareça mais tarde — ela disse, voltando para a sala e
colocando a bolsa no chão.
Vincent olhou para Lake com compaixão.
— Tenho certeza que ele vai aparecer. Por que você não vem se sentar
enquanto eu vou preparar algo para você comer?
Ela balançou a cabeça.
— Acabamos de comer. Eu não estou...
Vincent a deteve, tirando o terno e a gravata, em seguida afrouxando os
botões de cima.
— Você não comeu porra nenhuma, estava preocupada em não tocar na
porra da comida preciosa dele. Agora vai sentar antes que desmaie.
O queixo dela caiu, mas Lake logo se recompôs, foi para a cozinha e se
sentou à mesa, que rangeu. Ela observou Vincent vasculhar os poucos
armários e a geladeira, se perguntando se ele sabia que coisas eram aquelas.
Ela não achava que Vincent passava muito tempo em uma cozinha.
— Pode ser cereal? — ele perguntou, pegando leite na geladeira.
Ela torceu o nariz.
— Hum, isso tá velho.
Vincent verificou a data de validade para ver se ela tinha razão e então o
jogou na pequena lixeira. Ele pegou um pequeno pacote de miojo, que era
praticamente a única coisa que restava, e procurou na embalagem a data de
validade.
— Eu não acho que miojo passe da validade — ela disse.
— Sério? — Ele olhou para ela como se não acreditasse em suas
palavras..
— Quero dizer, eles fazem isso para estudantes universitários e pessoas
pobres, então não pode estragar, porque nunca podemos jogar comida fora.
Vincent apertou a ponte do nariz.
— Puta que pariu... — ele murmurou para si mesmo.
O quê? É triste, mas é verdade.
Ele encontrou uma pequena panela no lado limpo da pia, encheu-a de
água e colocou-a no fogão. Então pegou o saco de pão e tirou as duas últimas
fatias, que eram as cascas do pão.
— Claro — disse ele, jogando-os de volta no saco e indo jogar fora.
— Opa, essa é a melhor parte! Eu acabei de dizer que não jogamos
comida fora. Meu pai te mataria se você jogasse essa parte fora.
Será que ele ouve alguma coisa que eu digo?
Vincent olhou para Lake como se ela tivesse vindo do espaço sideral.
— Isso é literalmente a casca, é feita da parte que você corta fora do
sanduíche. Ninguém come essa parte.
— Talvez no lugar de onde você venha, mas aqui é um crime cortar a
casca. Se ninguém come, por que se vende o pão com essas duas fatias? Ou
por que não vendem pão sem casca se todo mundo corta e joga fora? — Lake
ergueu as sobrancelhas, esperando uma resposta.
Eu acabei de dar um nó na cabeça dele.
— Por que diabos tudo o que você está dizendo faz sentido? O pior é que
não sei se devo ficar bravo ou triste com isso. — Vincent espalhou a
manteiga de amendoim na casca. — Quero dizer, como diabos as duas fatias
de casca são a melhor parte?
— Não rejeita antes de provar. É surpreendentemente delicioso.
Vincent abriu um sorrisinho enquanto lambia um pouco de manteiga de
amendoim do dedo.
Lake se pegou admirando Vincent preparando sua comida. Ela realmente
gostou de observá-lo daquele jeito, porque parecia que ele era humano. Ela
sempre o tinha visto como um deus. Claro, Vincent ainda parecia um deus na
cozinha dela, mas ele estava fazendo algo normal pela primeira vez.
Ela começou a sorrir quando notou que ele realmente sabia o que estava
fazendo e que estava fazendo isso por ela. Foi gentil. O que é realmente
muito estranho.
Ela tirou a correspondência e as contas do caminho quando ele veio
colocar o prato dela na mesa. Pegou o sanduíche de manteiga de amendoim e
começou a comer.
Ele procurou algo na geladeira.
— Você não tem nada para beber?
— Há copos naquele armário e há água na torneira. — Ela tentou não
engasgar com o sanduíche enquanto ria.
— Não sei por que perguntei.
Quando ele colocou dois copos com água na mesa, Lake ergueu o
sanduíche e sorriu para ele.
— Tá muito bom.
Vincent passou a mão em volta do pulso dela enquanto dava uma grande
mordida.
— Isso tá surpreendentemente delicioso. — Vincent conseguiu dar mais
uma pequena mordida antes que Lake puxasse a mão de volta.
— Eu te disse. — Ela riu para ele.
Quando ele se sentou, sorrindo na frente dela, seu estômago deu uma
cambalhota de felicidade. Lake tinha certeza de que deveria gostar disso, mas
ficou assustada. Ela não queria gostar dele; Vincent era louco e uma pessoa
terrível. Certo? Ela nunca pensou que diria isso, mas na verdade preferia o
Vincent versão malvada. Quando ele era malvado, ela não queria beijá-lo.
— Por que você está sendo tão legal? — Talvez a pergunta tenha saído
mais rude do que pretendia.
— Então você fica brava comigo por ser malvado, e agora que eu sou
legal, você não gosta? — ele retrucou.
Não, não. Eu gosto mais da versão legal.
— Desculpa, eu não queria que soasse assim. Só não estou acostumada
com isso. — Ela se sentiu mal. — Obrigada por me fazer o sanduíche.
— De nada.
Ela estava grata que a versão bondosa tinha voltado.
Ficou chocada quando viu que comeu toda a comida, não lembrava da
última vez em que comeu uma refeição completa, aproveitando cada bocada.
Mas é aquilo, estava praticamente faminta. Nesse ponto, qualquer coisa além
da comida chinesa de John teria um gosto bom.
Quando Lake bebeu o último gole de sua água, Vincent foi botar os
pratos na pia.
— Bom. Agora podemos conversar, cacete.
Ai, meu Deus. Ela sabia que o Vincent Bacana tinha finalmente ido
embora. Nada de bom viria da conversa que ele queria ter.
— Por que não conversamos enquanto eu comia pelo menos? Assim você
teria me deixado em paz de uma vez.
Vincent flexionou a mandíbula.
— Porque você não come quando está chateada, teria dado só algumas
mordidas. Você se lembra da última vez em que sentou e comeu uma refeição
inteira?
Merda, alguém me salva…
... deste psicopata.
— Acabei de comer, não foi?
Vincent balançou a cabeça.
— Você não teria comido se eu não te obrigasse.
Lake balançou a cabeça para ele.
Vincent estava prestes a perder a cabeça.
— Por que tudo tem que ser tão difícil com você? Em um dia — ele
levantou um dedo — descobri que você está trabalhando para Dante porque
te vi trabalhando lá embaixo. — Outro dedo sobe. — Soube das inúmeras
vezes que você quase foi morta no espaço de uma semana. — Outro dedo. —
Então, para completar, vou até a casa da sua mãe e descubro que ela é uma
fodida que está deixando um cara mais fodido ainda te machucar. Então, se
não for pedir muito, você poderia, por favor, se colocar no meu lugar e parar
de ser tão difícil?
Lake respirou fundo, percebendo que Vincent tinha um pouco de razão.
— Ele nunca me machucou.
— O quê?
Lake teve de desviar os olhos para a mesa enquanto falava.
— Ele nunca me machucou, porque ele tinha muito medo. Sabia que teria
cruzado a linha se me tocasse. Se deixasse uma marca, meu pai o teria
matado.
— Lake, você pode machucar as pessoas sem colocar a mão nelas. Não
vem com essa de que ele nunca te machucou. — Vincent manteve sua voz
entre calma e forte. — O que exatamente ele fez com você?
Não há como fugir.
Passando a unha no tampo da mesa, Lake mordeu o lábio. Ela realmente
não queria contar a ele, mas tinha certeza que Vincent sabia de tudo, só
queria ouvir dela.
— Desde que ele me conheceu, soube que não gostava de mim. Ele
sempre me ignorava ou me olhava feio pelas costas da minha mãe, então
comecei a passar mais dias com meu pai e menos com minha mãe. Lembro
que ela estava deprimida e vivia chorando antes de conhecê-lo, e ela
finalmente parecia estar muito feliz, então eu estava feliz. Eu não achava que
importava muito se John gostasse de mim ou não, porque eu só tinha que vê-
lo nos fins de semana, e ele me ignorou até a primeira vez em que minha mãe
saiu de casa e me deixou lá.
“Foi como se ele tivesse esperado por aquele dia. Finalmente, estava livre
para me chamar do que quisesse e me obrigar a fazer o que ele quisesse. Ele
passou a mandar minha mãe fazer mais tarefas na rua enquanto eu ficava lá
para limpar, cozinhar e servi-lo sempre que ele quisesse. Fiz tudo o que
ordenou e nunca disse nada ao meu pai, porque John me disse que se eu
fizesse, papai não só mataria ele e Ashley, mas iria atrás de minha mãe
também. Eu era jovem e estava com medo suficiente para acreditar nele, mas
velha o suficiente para entender o que meu pai fazia no trabalho. Quanto mais
eu limpava e o ouvia me xingar, mais eu sabia que John estava certo; ele os
mataria.
Vincent flexionou a mandíbula.
— Como seu pai não descobriu? Você está me dizendo que ele não sabe
de nada?
— Não, não sabe. — Ela olhou para Vincent como se ele fosse louco.
— Como vou acreditar nisso, Lake?
Ela não ia deixá-lo pensar isso de seu pai. Vincent poderia dizer o que
quisesse sobre a mãe dela, porque Deus sabia que ela não era perfeita, mas
Lake não iria deixá-lo culpar o pai quando ele sempre fez o melhor que podia
por ela, apesar de sua fraqueza. Meu pai é tudo que me resta. E ela não ia
deixar Vincent tirar isso dela.
Lake olhou para suas profundezas azuis, sabendo que o que diria a seguir
iria machucá-lo.
— Da mesma forma que Adalyn e você não sabiam. Não havia como
saber, a menos que você estivesse lá para presenciar, exatamente como você
fez esta noite. Meu pai nunca teve estômago para ir até aquela casa enorme e
lidar com o motivo pelo qual minha mãe o deixou: por dinheiro. Quando pedi
para passar apenas os fins de semana com minha mãe, disse a ele que era
porque ela não estava sozinha, e eu não queria que ele ficasse só. A mesma
coisa que eu te disse meses atrás, e você não se importou com isso.
“Minha mãe era uma boa mãe antes de John, independentemente de você
acreditar em mim ou não. Eu nunca teria acreditado que John e seu dinheiro a
mudariam, mas foi o que aconteceu. Eu sabia que seria difícil para meu pai
acreditar também, e foi por isso que nunca lhe dei nenhuma razão para pensar
o contrário.”
Vendo a raiva por trás de seus olhos quando ele começou a apertar a
mesa, Lake se sentiu mal por ter dito aquilo tudo, mas ela não tinha escolha –
viu que Vincent estava pensando em matar seu pai. Ainda assim, tentou
consertar a situação. Ela não queria que ele se culpasse.
— Vincent, não tinha como você saber o que aconteceu, assim como
Adalyn e meu pai também não podiam saber. Não há culpados…
Ele pulou da mesa, praticamente virando tudo.
— Há culpados! Esses filhos da puta precisam morrer só pela forma
como te trataram hoje à noite.
— Por favor, me escuta. Estou implorando, não os machuque. — Mais
uma vez, ela não ousou olhar para ele, voltando a olhar para a mesa.
Vincent estendeu a mão e agarrou seu queixo, inclinando a cabeça para
encontrar seus olhos.
— Você nunca mais vai encontrar com eles. Se você fizer isso, e eles
olharem para você da maneira errada, eu os matarei lenta e dolorosamente.
Você entendeu?
Lake engoliu em seco, em seguida assentiu em compreensão. Discutir
com Vincent quando ele estava assim não era uma opção. Ela teve sorte por
ele concordar em não machucá-los.
Vincent soltou o queixo dela e calmamente sentou-se depois de passar a
mão no cabelo.
— Não conte ao meu pai e, por favor, não o culpe. Não tinha como ele
saber. Ele faz o melhor que pode por mim, mas você sabe que ele não é
oficialmente da máfia e que ganha pouco. Ele trabalha duro para o Dante para
ganhar o máximo que puder e nos sustentar. Há um teto sobre minha cabeça,
comida na minha barriga e roupas para vestir. Se houver algo extra depois
disso, ele usa tudo na jogatina. Ele não consegue evitar, é um viciado em
jogos de azar.
“Todo mundo tem seu ponto fraco, e o dele é uma mesa de pôquer. Esse é
o prazer dele. Nunca me incomodou, e não me importo se não temos muito
dinheiro. Meu pai é a melhor pessoa que conheço. Ele adora entrar aqui e
dizer que ganhou no jogo. Sempre que isso acontece, ele me leva para comer,
e então vamos ao supermercado e ele me deixa encher o carrinho. Depois, ele
me dá dinheiro para comprar o que eu quiser. Isso é mais do que muitos pais
fazem por seus filhos. Se você contar a ele sobre minha mãe e John, nunca
vai se perdoar, e ele não merece isso.
Lake não pôde deixar de chorar enquanto suplicava a Vincent.
Levantando-se da mesa, ela correu para seu quarto, incapaz de parar os
soluços que escapavam de seu corpo.
Depois de alguns segundos, sentiu os braços de Vincent à sua volta.
— Eu não vou dizer a ele se você não quiser.
Lake tirou as mãos do rosto e chorou em seu peito.
— E-eu não quero que você conte.
— Então eu não vou contar. — Ele começou a acariciá-la de volta
enquanto a segurava mais perto de si.
— E-ele não vai voltar para casa de novo, né? Ele está com vergonha de
mim porque eu trabalho no cassino — ela sussurrou para Vincent em meio às
lágrimas.
Ele não consegue mais falar comigo ou olhar para mim. Esses
pensamentos tomaram conta de sua mente durante toda a semana.
— Não, baby, ele não está. Ele está com vergonha de si mesmo. Vai ser
difícil para ele se perdoar por colocar você em perigo e te fazer pagar a dívida
dele. Você vai ter que dar a ele algum tempo para que consiga te encarar de
novo.
Outro choro escapou de sua garganta quando percebeu que realmente
sentia falta do pai, que precisava dele.
— Baby, shh... — Vincent a apoiou na cama e a sentou na beirada do
colchão. — Você está exausta e vai se sentir melhor quando acordar amanhã.
— Ele se ajoelhou e começou a desamarrar seus velhos tênis.
Ai, ai, ai. Lake tentou não estremecer quando ele os tirou de seus pés.
Então, quando Lake se encolheu, ele foi até a meia para ver o que havia
causado isso. Ela não teve sucesso novamente enquanto tentava impedi-lo de
tirar a peça.
Vincent tirou lentamente a meia e examinou cuidadosamente o pé cheio
de bolhas antes de fazer o mesmo com o outro. Ele se levantou do chão.
— Deita.
Lake subiu na cama e se deitou enquanto o observava sair do quarto. Ela
enxugou as lágrimas restantes, tentando imaginar o que ele estava fazendo.
Ela estava tão exausta, que quase adormeceu antes que Vincent voltasse
ao seu quarto, vestindo um short de ginástica e uma camisa. Olhando para
suas roupas trocadas, percebeu que poderia ter cochilado.
— De onde você tirou isso? Espera, por que você trocou de roupa?
Ele se sentou na ponta da cama e colocou os pés dela em seu colo.
— Eu sempre deixo algumas mudas de roupa no carro, vou passar a noite
aqui.
— Não, você não vai. — Ela fez menção de se sentar e tirar os pés do
colo dele, mas Vincent segurou suas pernas.
— Você não vai ficar sozinha neste bairro a noite toda, especialmente
sem ter um carro na frente da sua casa se eu for embora. — Ele esguichou um
pouco de um gel transparente em suas mãos e começou a esfregá-lo nos pés
dela.
Seus pés estremeceram de frio, mas logo uma sensação boa se espalhou
quando Vincent os massageou.
— O que é isso?
— Babosa.
Lake apenas olhou para ele, atordoada.
— Liguei para Maria e perguntei o que ajudaria. Então fui andando até
uma loja bem rápido para pegar as coisas da lista que ela me deu — explicou
ele.
Andando?
— Por que você não foi de carro?
— Eu te disse que você não pode ficar sozinha neste bairro sem ter um
carro na frente da casa. Ninguém vai tentar entrar com meu Cadillac lá.
Agora deita.
Apreensiva, ela descansou a cabeça no travesseiro e o observou cuidar de
seus pés. Seu toque era leve e calmante, e ele foi cuidadoso com a região ao
redor das bolhas. Lake não conseguia tirar os olhos dele enquanto Vincent se
demorava nos cuidados. Ele estava sendo incrivelmente doce e gentil. Seu
coração vacilou por ele ter ligado para Maria e ido até a loja para resolver
algo tão bobo quanto bolhas em seus pés. Lake não queria que ele passasse a
noite, mas não teve coragem de argumentar depois disso tudo.
No momento em que Vincent cobriu suas bolhas em uma estranha fita
marrom e vestiu algum tipo de meia especial muito macia, seus olhos
começaram a se fechar. Ela sentiu as cobertas envolvê-la quando um corpo
deslizou ao seu lado.
— Você não pode dormir aqui, Vincent — ela sonolentamente disse a ele
enquanto se virava para lhe dar as costas.
— Por que não? — ele perguntou, puxando-a para seu peito e envolvendo
seu braço ao redor de Lake.
— Porque você vai tentar algo comigo, e eu não vou fazer sexo com
você. — Ela tentou se livrar de seu braço.
Vincent simplesmente puxou Lake contra seu corpo com mais força.
— Você não precisa se preocupar. Eu não te comeria na casa do seu pai.
Ah, bom. Agora me sinto bem.
Lake relaxou contra ele, muito cansada para lutar.
— Somos apenas amigos, Vincent. Eu poderia perder meu emprego se
Sadie pensasse o contrário.
— Tudo bem, nós somos amigos. Agora vá dormir — ele murmurou.
Ela deixou a exaustão tomar conta de seu corpo, seu último pensamento
retomava o que Vincent havia dito a John mais cedo. Lake é minha.
Vincent fez Lake voltar a dormir quando ela acordou no meio da noite. Para
uma garota que disse não desejar que ele dormisse ao lado dela, Lake
definitivamente gostava de ser abraçada com força.
Ele não conseguiu dormir enquanto os pensamentos de quão fodido
aquele dia tinha sido povoavam seu cérebro. Ele nunca quis tanto torcer o
pescoço de alguém quanto o de John. Aquele filho da puta a torturava sabe-se
lá há quanto tempo, e aquela vagabunda da Pam não deu a mínima e flertou
com ele na frente de Lake. Vincent pode ter comido um monte de mães, mas
nenhuma mostrou descaradamente que estava interessada nele na frente de
suas filhas, como ela tinha feito. Elas sempre tentaram ao máximo esconder
aquilo tudo.
Esse foi o jantar mais difícil que ele precisou participar na vida, com
Lake morrendo de medo de comer uma porção pequena da porra da comida
daquele idiota. Então, quando ele subiu as escadas e descobriu que o quarto
dela era o sótão, perdeu a cabeça. A porra do sótão? Em uma mansão,
caralho?
Ele a viu tentar pular e pegar a corda, e ficou enjoado só de pensar que
eles gostavam de vê-la se esforçando sem nem chegar perto de conseguir
abrir as escadas. Vincent sentiu a textura da ponta da porra da corda e soube
na hora que eles a tinham cortado. Considerando a altura, um deles precisaria
de uma escada e um caráter mínimo, o que significava que aquela piranha da
Ashley tinha feito isso.
Quando Lake disse “é legal” para ele, Vincent sinceramente acreditou
que uma parte dela realmente pensava isso, como se tivesse se forçado a
acreditar. Ele sabia que jamais a deixaria lá por mais cinco minutos.
Levá-la para a casa de seu pai foi uma experiência totalmente diferente. A
casa era velha e pequena. O bairro era uma merda, perigoso para uma garota
como Lake, mas ele viu como ela mudou ao chegar lá. Pôde ver que Lake
sentia como se estivesse em casa, em segurança, o que era tudo o que
importava para ele. Vincent não a julgou — ou ao seu pai, aliás — por não
ter muito dinheiro.
Era difícil para um homem estar na família e não ser da família. Todos os
melhores trabalhos, com os melhores pagamentos, iam para os homens
oficialmente da máfia — era assim que funcionava. Os outros carregavam a
maldição de serem soldados por toda a vida com base apenas no fato de não
terem nascido com sangue italiano. Era uma regra rígida da família, muito
antiga, e as regras raramente eram quebradas. Toda a existência de Vincent
era voltada para a família; no entanto, ele jamais gostaria de estar no lugar do
pai de Lake. Saber que ele sempre quis ser um homem de família, mas foi
forçado a estar na base de tudo era o pior pesadelo de Vincent.
Lake tinha razão. Ele não podia culpar o pai dela mais do que se culpava
por tê-la deixado naquela casa meses antes sem nunca ter percebido ao longo
dos anos que poderia haver algo de errado acontecendo com ela. Ele não
tinha uma única pista até que seu instinto gritou que algo estranho estava
acontecendo naquele dia. Mas eu a deixei lá, porra, mesmo assim.
Lake não precisava se preocupar com ele contar tudo a seu pai; Vincent
não o faria. Se o fizesse, seu pai teria o prazer de matá-los, e ele iria se
certificar de que essa satisfação fosse toda dele.
Vincent olhou para o rosto adormecido de Lake. “Ele não vai voltar para
casa de novo, né? Ele está com vergonha de mim porque eu trabalho no
cassino”. Uma parte dele se partiu em dois no momento em que essas
palavras saíram da boca de Lake. Vincent estava preocupado com a
possibilidade de machucá-la se eles ficassem juntos, mas o lance é que ela já
estava danificada. Ele ia consertar as partes quebradas de Lake, pedaço a
pedaço, e começaria afastando a escuridão que havia dentro dele.
Lake precisava que a consciência dele se reestabelecesse. Vincent não
daria conta de vê-la olhando com medo para ele nunca mais. Lake sentiu
medo por muito tempo, e ele ia fazer o que fosse necessário para que daquele
momento em diante ela pudesse ser feliz, mesmo que isso significasse perder
uma parte de si mesmo. Vincent havia excluído Lake de sua memória meses
antes, mas naquele momento disse a si mesmo que era hora de começar um
novo jogo.
“Somos apenas amigos, Vincent”. Ele entendeu que ela precisava de um
amigo naquele momento, então era isso que ele seria. Até aquele maluco
ruivo sair de cena, ou Vincent o matar. Então iria se certificar de que Lake
compreendesse que eles não seriam mais apenas amigos.
Ele não ia contar para ela sobre ter quitado sua dívida. Saber que
precisaria continuar trabalhando porque aquele filho da puta assustador tinha
uma queda por ela só a assustaria. Pelo menos, era isso que ele estava
dizendo a si mesmo. A verdade era que Lake planejava não ir mais para a
faculdade, e uma parte insana de sua mente não queria que ela fosse;
portanto, teve medo de lhe dizer que não precisava mais trabalhar, pensando
que ela poderia deixá-lo. Vincent tinha um mês para fazê-la querer ficar, e ele
iria se certificar de que assim fosse.
Ele gemeu quando Lake se mexeu mais perto dele, roçando a bunda em
seu pau.
Porra, vai ser um longo mês.
Lake franziu a testa quando acordou no dia seguinte com a cama vazia, assim
como tinha feito no mês passado. Ela nunca iria admitir isso, mas sempre
odiou o fato de que Vincent nunca estava lá de manhã.
Saiu de seu quarto e foi ao corredor rumo ao banheiro, quando sentiu um
cheiro delicioso. Mmmmm...
Ela rapidamente entrou no pequeno banheiro para se arrumar o mais
rápido que pôde. Assim que terminou de escovar os dentes, foi para a
pequena cozinha.
— Isso, minha comida preferida: bacon e panquecas! — Sua boca
praticamente encheu d’água quando viu a enorme pilha de comida.
Lake fez menção de ir pegar pratos no armário para colocar na mesa, mas
uma mão surgiu e agarrou sua cintura, a puxando contra um corpo duro e sem
camisa.
— Vá sentar. Eu trago para você. — Vincent deu um beijo em sua
cabeça.
Lake o empurrou, botando a mão em seu peito nu.
— Pare com isso, Vincent. Quantas vezes eu já disse que posso ajudar
também? Eu não sou um bebê. E quantas vezes eu te disse para colocar uma
camisa?
Vincent sorriu maliciosamente antes de deixá-la ir.
— Por que isso te incomoda tanto?
Lake foi se sentar à mesa, decidindo responder apenas em sua cabeça.
Porque você é perfeito, e ficar olhando para você me mata. É por isso.
Ela o observou colocar a comida na mesa junto com os pratos. Então
Vincent abriu a geladeira ridiculamente cheia e serviu um pouco de suco de
laranja. Lake o examinou quando ele começou a encher seu prato. Ele parece
diferente.
Vincent deu uma mordida em uma fatia de bacon.
— Baby, por mais que eu goste de você olhando para mim, você precisa
comer.
Lake disse ao seu corpo para ignorar o fato de que gostava quando ele a
chamava daquele jeito, e então franziu o nariz.
— Por que você parece tão feliz?
— O que, eu não posso ficar feliz nunca?
Ela balançou a cabeça.
— Você nunca fica feliz quando estou prestes a ir trabalhar, e você
acabou de fazer o café da manhã que eu mais gosto. Eu não sei... Parece que
você está comemorando.
Ele encolheu os ombros.
— Bem, hoje completa um mês que começou a trabalhar. Achei que você
merecia algo especial.
Droga. Ela de alguma forma sempre se fazia parecer uma idiota.
Lake começou a fazer seu prato com algumas delícias saborosas.
— Obrigada. Isso foi muito legal da sua parte.
— Eu sei como você pode realmente me agradecer. — Vincent piscou
para ela.
Lake riu.
— Você não desiste, não é?
— Nunca.
Lake sorriu para ele e começou a comer. Tinha sido um mês longo e
difícil no início, e ela não achava que teria sobrevivido sem ele. Ela ainda não
tinha visto o pai desde aquele dia no escritório de Dante, mas Vincent se
certificou de que ele estava bem. Para ser sincera, ele havia resolvido muitos
problemas para ela, problemas em que Lake se meteu sozinha.
Todos os dias ela trabalhava no cassino, sem tirar um dia de folga, e
todos os dias ele a levava para o trabalho. Vincent se certificou de que a
geladeira estivesse sempre cheia e ela comesse regularmente. Vincent a
mimou completamente, dos pés à cabeça. Literalmente.
Na primeira noite, ele conseguiu curar seus pés cheios de bolhas, e
seguindo as instruções de Maria, os pés continuaram dessa forma. Lake ficou
chocada no dia seguinte quando descobriu que seus saltos de trabalho
estavam cheios de algum tipo de gel amortecedor.
Ela tinha sacado Vincent muito rápido depois daquele primeiro dia e
passou a saber como lidar com ele. Vincent queria soar todo durão, mas
assim que a viu tão chateada, mudou completamente.
Ele não gostava de vê-la ferida, e Lake tinha certeza de que foi por isso
que ele não tentou ir atrás de sua mãe ou de John. Tinha sido um mês de
folga do Vincent Malvado, e ela estava tremendamente grata por isso.
Eles não passavam muito tempo separados, especialmente porque
Vincent sempre se recusava a sair da cama. Ela precisava admitir que não se
esforçou muito para que ele fosse embora. Lake tinha certeza de que, depois
de um mês, ela deveria se sentir sufocada, mas não se sentiu.
Vincent realmente se tornou meu amigo. Mesmo que seja difícil olhar
para ele ou estar tão perto e não querer…
Lake desviou os olhos do abdômen de Vincent e se levantou da mesa.
— Preciso me preparar para o trabalho.
Ele estendeu a mão e agarrou a dela quando Lake passou, arrastando-a
para seu colo.
— Você não vai me agradecer mesmo?
Lake olhou para seus lábios, lembrando-se do gosto da primeira e última
vez que se beijaram. Seus lábios se aproximaram dos dele até que estivessem
a poucos centímetros de distância.
— Vá vestir uma camisa — ela sussurrou antes de pular de seu colo.
— Isso foi cruel para caralho — Vincent disse antes que ela sumisse em
seu quarto.
Lake fechou os olhos com força enquanto apoiava a cabeça na porta
fechada. Foi cruel para mim também.
Um mês inteiro vendo e dormindo ao lado de um deus sem camisa estava
se tornando algo absolutamente doloroso. Não sei quanto tempo mais posso
aguentar.
— Sadie, você está falando sério? — Lake olhou para a calcinha preta que
substituiria o short de sempre.
Sadie arqueou a sobrancelha.
— Bem, quando eu falei, cinco segundos atrás, para você usar isso aí, eu
estava falando bem sério.
Mas… mas!
— Mas por quê? Você nunca me fez usar isso antes.
— Uns centímetros a mais de bunda aparecendo é algo tão grande assim?
— Ela colocou a mão no quadril, fazendo seus seios saltarem como de
costume.
Lake assentiu furiosamente.
— Sim, sim, para aqueles caras lá fora é.
— E é exatamente por isso que você vai usar isso aí, querida. Agora,
apresse-se e vista-se. Mal posso esperar para ver a porra do playbo... — A
voz de Sadie sumiu enquanto praticamente saltitava, indo se arrumar.
É fácil escapar de uma acusação de assassinato? Tenho certeza de que
Vincent me ajudaria a desovar o corpo. Talvez ele até me ajudasse no crime
em s...
Lake vestiu um espartilho de renda, rosa-choque, semitransparente até o
bojo nos peitos. Graças a Deus. Assim que vestiu a calcinha e as meias
pretas enfeitadas com renda, ela se olhou no espelho. Não achava que parecia
muito inocente naquele momento. Não havia laços ou babados, apenas renda
sexy fazendo com que Lake se sentisse tão constrangida quanto no primeiro
dia em que trabalhou lá.
Ela estava ficando confusa. Achei que Sadie queria que eu parecesse
inocente. Era o lance que ela mais queria, certo?
Sadie deu o tapinha de encorajamento de sempre quando ela estava
prestes a sair do vestiário.
— Eu sou totalmente hétera, mas trocaria de time por você na hora.
Isso é reconfortante.
— Por favor, não me obrigue a fazer isso. — Lake não se importava de
implorar.
— Hum, deixe-me pensar. — Sadie deu um tapinha no queixo. — Não.
Todo o ar saiu dela como se fosse uma bexiga.
— Eu nunca vou te perdoar por isso.
Sadie riu dela.
— Ah, querida, você vai.
Estamos na lua cheia? Todo mundo está agindo estranho. Lake mordeu o
lábio, e Sadie a empurrou pela cortina.
Nada está diferente. Você só está revelando mais um centímetro de pele,
só isso.
Ela se dirigiu para sua primeira mesa, que infelizmente tinha o assustador
David sentado lá, esperando por sua chegada.
Os olhos de David escanearam o corpo dela enquanto estendia seu cartão.
— Eu quero só a prateleira de cima, e não me faça esperar tanto tempo
por esse teu rabo.
Lake forçou um sorriso, pegou o cartão e rapidamente recebeu os pedidos
dos outros homens. Correndo até o bar, ela deu à bartender o pedido junto
com o cartão de David. Algo naquele homem a deixou nervosa. Ela não
gostou do olhar de David.
Levando as bebidas para a mesa, ela encheu seu copo com o melhor
uísque.
Ele deu a ela uma nota de cem dólares.
— Isso é só o começo.
Lake pegou o dinheiro das mãos dele e fez sua dancinha enquanto o
guardava no espartilho. Esta vai ser uma longa noite.
Foi para suas outras mesas assim que conseguiu escapar e anotou todos
os pedidos antes de voltar para o bar, quando sua mão foi agarrada ao passar
pelos banheiros. Ela foi puxada para dentro antes que a porta se fechasse
atrás dela. Ela se viu pressionada contra a parede, olhando para um homem
cujos olhos não paravam de rolar sobre seu corpo.
Ela empurrou seu peito.
— Jesus Cristo, Vincent! Você está tentando me ferrar?
Ele pegou suas mãos, que tentavam o afastar, e as colocou atrás das
costas, mantendo os pulsos bem presos.
— Você já está ferrada, baby.
O calor borbulhou em seu corpo quando ele conseguiu fazê-la arquear as
costas perfeitamente para exibir as polpas dos seios. Lake apertou as coxas
uma contra a outra, sentindo o formigamento passar por suas pernas.
— E-eu não fiz nada.
— Você fez quando decidiu usar isso. — Sua mão livre percorreu o corpo
dela e parou sobre a garganta, o polegar parado onde era possível sentir a
pulsação.
Ela apertou os olhos com a mesma força com que mantinha as coxas
unidas.
— Sadie me fez usar... — Abrindo os olhos depois de respirar fundo, ela
terminou sua explicação. — Ela vai me matar se eu não voltar para lá.
— Estou debatendo se devo deixar você voltar para lá.
Lake umedeceu os lábios secos.
— Por favor?
Ele nunca recusava quando ela pedia gentilmente.
Vincent deixou sua mão descer de seu pescoço e passar sobre os seios
antes de soltá-la.
— Lembre-me de agradecer a Sadie depois de matá-la.
Lake riu nervosamente e se dirigiu para fora do banheiro.
— Eu adoraria te ajudar nessa.
Respirando fundo ao sair, ela viu Nero e Amo protegendo o banheiro com
um sorriso no rosto.
— Eu vou me vingar de vocês dois, seus psicopatas, um dia — ela disse a
eles enquanto passava.
Eles adoram vê-lo tirar vantagem de mim.
Conseguindo chegar ao bar dessa vez, ela se abaixou e tentou acalmar o
corpo. Droga, eu o odeio pra caralho.
A tensão entre eles aumentava a cada dia que passavam juntos. Não sou
nenhuma cientista, mas tenho certeza de que está quase no ponto de
ebulição. Vincent nunca fez nenhuma tentativa de esconder seus sentimentos,
enquanto Lake lutou com unhas e dentes para mascarar os dela; conseguia se
sair bem, até que ele fazia aquele lance de botar o dedo e sentir sua pulsação.
Aí ela perdia sempre.
Lake não queria gostar de Vincent. Droga, ela deveria odiar até o chão
onde ele pisava. Ele era um galinha, um idiota e um assassino, ela tinha
certeza. Mas, cacete, o mês anterior mudou sua opinião sobre ele. Ela nunca o
pegou olhando para outra garota, mesmo quando as seminuas estavam
constantemente em seu campo de visão. Ela não achava que Vincent poderia
ter tido tempo para comer qualquer uma delas, levando em conta que estava
24 horas por dia de olho nela. Claro, ele ainda pode ser um idiota, mas não
era um idiota com ela. Pelo menos, não mais. Quanto à coisa de matar... Bem,
ela não achava que ele tivesse muito tempo para fazer isso também.
Ai, meu Deus. O que há de errado comigo?
Vincent estava prestes a quebrar o nariz de tanto que o apertava. Ele não
podia acreditar que a tinha deixado sair do banheiro daquele jeito,
especialmente sem que ela ao menos o consolasse um pouco. A única razão
pela qual ele não a beijou foi porque não era a hora ou o lugar certos. Vincent
sabia que assim que a beijasse novamente, não haveria como parar, já que ele
tinha certeza de que iriam até o fim.
Ele passou um mês sem comer ninguém enquanto olhava para sua bunda
e corpo perfeitos em muitas roupas sensuais diferentes. Então, naquele dia
especificamente, ela saiu com a bunda coberta só com renda. Seu olhar usual
de garota sexy porém doce se foi. A única coisa que veio à mente de Vincent
foi como comê-la sem a machucar.
Três dias costumava ser o recorde sem trepar, mas um mês? Seu pau
estava constantemente atento, e ele não sabia exatamente como duraria mais
de trinta segundos com ela. Eu vou me machucar antes de machucá-la.
Vincent saiu do banheiro assim que ordenou que sua metade sombria
voltasse para o esconderijo, como ele tinha feito todos os dias no mês
passado.
— Você sabe o que caralhos ela acabou de dizer? — Amo disse quando a
porta do banheiro se abriu.
— O que caralhos ela disse para você dessa vez? — Vincent perguntou a
ele, que constantemente odiava as muitas coisas que Lake lhe dizia.
— Ela simplesmente passou sem nem olhar para nós dois e disse: “Eu
vou me vingar de vocês dois, seus psicopatas, um dia” — Amo tentou imitar
a voz dela, fazendo Vincent e Nero rirem de sua pobre tentativa.
— Porra, não a leve tão a sério, Amo — Nero disse, dando risada.
Amo cruzou os braços.
— Okay, certo. Eu nem sei por que me surpreendo. Se ela tem culhão
suficiente para enfrentar Dante e nos chamar de psicopatas, ela tem culhão
suficiente para fazer algo com a gente. Hoje é o último dia, certo? Eu não
posso continuar trabalhando todos os dias da porra da minha vida só para
você poder comer a garota.
Vincent não queria dizer a eles que Amo estava certo sobre Lake.
— Sim, hoje é o último dia que esses filhos da puta vão olhar para ela
vestida assim, e você também, seu puto — ele rosnou para Amo.
Amo sabia que era melhor não comentar sobre como ele iria sentir falta
de vê-la daquele jeito.
— Por favor, me diga que você finalmente a beijou lá dentro. — Quando
Vincent não respondeu, Amo balançou a cabeça. — Porra, cara, isso não é
saudável.
— Eu vou ter que concordar com ele — acrescentou Nero.
Ele olhou para as pernas e a bunda de Lake enquanto ela se inclinava
sobre o bar para pegar as bebidas.
— Não se preocupe. Depois de ter aparecido com aquela roupa, a
virgindade de Lake está com as horas contadas.
— Porra, estou chocado que você está deixando ela trabalhar assim —
disse Nero.
— Ambos deixam suas mulheres pisarem em vocês. — Amo olhou para
ele. — Você não vê, cara? Lake fez você comer na mão dela.
Vincent poderia admitir — apenas em sua cabeça — que estava deixando
ela fazer essas coisas, mas Lake era especial e valia a pena tentar conquistá-
la, não importa quão azuis suas bolas ficassem.
— Eu vou te lembrar disso um dia — Nero mandou para Amo.
— Eu vou também — Vincent jogou para ele, também.
Ele olhou para Sadie, exultante do outro lado da sala, e seu sangue
começou a ferver.
— Com licença. Eu preciso ver a arrombada que achou que seria
engraçado colocar Lake naquela roupa.
— Aquela puta é doida, vai sentar o cacete em você como a boa cafetina
que ela é. — Amo finalmente conseguiu rir com Nero dessa vez.
— O que você vai fazer? — Nero riu.
— Até segunda ordem, hoje é a porra do meu aniversário — Vincent
disse, se afastando.
Era hora de dar carteirada naquela vagabunda. Hoje é meu aniversário,
caralho.
Lake estava servindo as bebidas na mesa quando notou Sadie subindo no
palco. Caramba, eu vou ter de assistir a outra sessão de apalpação. Houve
dois aniversários no dia anterior, e ela tinha certeza de que as dançarinas de
pole estavam ficando cansadas disso.
— Temos um aniversariante. Suba aqui. — Sadie não colocou muito
entusiasmo e sensualidade no pedido, como costumava fazer.
Lake praticamente se borrou quando Vincent subiu no palco.
Ah, porra, não. Ah, porra, não. Ah, porra, não. Ah, porra, não. Ah,
porra, não. Ah, porra, não.
Sadie pegou o braço dele e quase o jogou na cadeira, praticamente
mordeu a língua enquanto falava.
— Ok, querido, quem vai ser?
Ela o observou examinar a sala até seus olhos pousarem nela. Ah, porra,
não.
Vincent acenou para ela.
Lake ficou imóvel. Não me fode.
Sadie voltou ao microfone.
— Lake, querida, venha aqui em cima.
Notou que Sadie não estava mais feliz do que ela nesse momento.
Tentando se lembrar de como se anda, ela foi em direção ao palco, mas
quando chegou ao primeiro degrau, teve certeza de que iria desmaiar.
Merda, eu não consigo fazer isso! Sadie lhe ensinara alguns truques caso
ela fosse escolhida. Mas eu nunca deveria ser escolhida!
— Deixe-me ajudá-la, boneca. — Amo agarrou o braço dela e a
empurrou escada acima para o palco.
Lake olhou de volta para a porra de seu rosto presunçoso e lhe deu um
olhar mortal, cheio de promessas malignas em um futuro próximo.
Caminhando lentamente em direção à cadeira, ela se perguntou se seria
infantil recusar, mas percebeu que seria demitida e a morte logo viria atrás
dela.
Quando parou na frente de Vincent, viu que os olhos deles estavam
cheios de fome, a devorando só com o olhar.
Sadie cobriu o microfone antes de sussurrar apressadamente para ele:
— Mantenha essas porras dessas mãos longe dela, playboy. — Saindo do
palco, ela gritou: — Manda ver!
A sala ficou escura como breu antes que um holofote se acendesse e a
música começasse a vibrar pela sala.
Lake umedeceu os lábios secos, percebendo que era hora do show,
querendo ou não. Ela se virou para o ambiente escuro, incapaz de encarar os
olhos sedentos até que, Lake esperava, conseguisse ficar mais confortável.
Ela tentou se concentrar na coreografia básica que Sadie havia mostrado,
em vez do fato de que todos estavam olhando para ela, e ela estava prestes a
se aproximar de Vincent.
O pensamento é apenas uma dança, e eu amo dançar foi o que fez com
que se obrigasse a mover os quadris.
Sacudindo-os, ela começou a se curvar lentamente até que sua bunda
estivesse perfeitamente posicionada no rosto dele. Voltando para cima, ela se
sentou em seu colo, rolando os quadris sobre ele enquanto se inclinava de
costas em seu peito. Virou a cabeça para o lado, para que pudesse olhar para
ele, em seguida levou o braço para trás para o passar na lateral de seu rosto.
Quando a expressão mais do que satisfeita de Vincent se aproximou de
seus lábios, Lake dançou em seu colo, sentindo-se mais confiante. Eu vou
pelo menos tornar a situação dolorosa para ele.
Lake se virou para Vincent e se agachou com o rosto entre os joelhos
dele. Sorrindo enquanto piscava, ela colocou as mãos em suas coxas e as
deixou seguir por seu corpo até se sentar em seu colo, encarando-o dessa vez.
Ela podia sentir quão duro Vincent estava quando moveu a bunda contra
o pau. Seu corpo queria explodir em chamas ao sentir e ver o quanto ele a
queria. A ardência em sua pele começou a irritá-la; ela deveria estar
torturando Vincent, não a si mesma.
— Não é seu aniversário — ela sussurrou em seu ouvido.
Ele gradualmente moveu uma de suas mãos do lado da cadeira e colocou-
a levemente em sua coxa nua, longe da visão da plateia.
— Não era, mas agora é.
Sua respiração ficou presa na garganta quando ele moveu a mão pela
parte interna de sua coxa. Ela se encontrou esfregando a bunda nele com mais
força. Via o quanto ele a queria em seus olhos azuis-bebê, e Lake
definitivamente podia sentir o quanto.
As pontas dos dedos dele roçaram sua coxa, a centímetros de distância de
seu sexo, fazendo um fluxo de umidade escapar dela. Olhando para seus
lábios muito próximos, ela esqueceu o mundo e se aproximou, querendo,
precisando prová-lo novamente...
As luzes de repente voltaram a se acender.
Lake deu um pulo, saindo do torpor. Ela só faltou sair correndo do palco.
Cacete! Seu corpo estava em chamas.
— A música ainda não acabou — Vincent sussurrou quando ela começou
a passar por Sadie.
— Acabou quando eu vi essa tua mão ninja se esfregando nela. — Sadie
agarrou a mão de Lake, fazendo-a ficar.
— E daí, caralho? Ninguém mais estava vendo! — Ele agarrou a outra
mão de Lake e tentou ir embora com ela.
— Nem ferrando, playboy. Você não vai a lugar nenhum com ela. O
turno de Lake não acabou, e se eu deixá-la ir com você, ela vai entregar a
virgindade para você contra a parede do banheiro.
O rosto de Lake ficou vermelho-vivo. Eu estou bem aqui!
Vincent deu a Sadie um olhar mortal antes de soltar a mão de Lake e ir
embora.
— Hum, como diabos você deixou isso acontecer? — Lake olhou para
Sadie, querendo sacudi-la. Estava finalmente caindo a ficha o que ela tinha
acabado de fazer lá na frente de todos.
Sadie olhou para ela estupidamente.
— Ah, droga, não sei. Quando aquele idiota veio me dizer que era seu
aniversário e que, se eu tivesse problema com isso, eu poderia ligar para o pai
dele, naturalmente eu disse: “Eu estou pouco me fodendo para quem é seu
pai”. Mas quando ele me disse que o sobrenome dele é Vitale, então eu, é
claro, passei a me importar muito com o assunto.
— Isso é tudo culpa sua porque você me colocou nessa porra de roupa —
Lake disse a ela, puxando a mão.
— Sim, bem, teria sido bom que você me avisasse que o playboy é filho
do sr. Vitale, não acha?
Lake não a deixaria ir embora dando a última palavra.
— Você sabe que não era o aniversário dele, certo?
— Vaca, eu sei disso! — Sadie foi embora.
— Que bom, só queria ter certeza! — Lake gritou de volta para ela,
concentrando-se em tentar não rir.
Enquanto ela voltava para suas mesas, viu que Amo estava de pé contra
uma parede, sorrindo.
— É meu aniversário hoje também, sabe?
Lake apontou o dedo para o rosto assustador dele.
— Você deveria ter muito, muito medo.
Mesmo depois que Lake saiu do palco com Vincent, ainda não conseguia
manter seu corpo sob controle. Ela se viu constantemente olhando para ele, o
que a manteve excitada. Pare de pensar nisso!
Lake foi conferir a mesa onde David estava. Quando seu turno começou,
ela sentiu que algo estava diferente nele, e à medida que a noite avançava, o
olhar do sujeito ficou cada vez mais insano, e mais insano. Quando ela se
aproximou, notou uma mudança ainda mais severa nele.
— Está satisfeito ou gostaria de beber mais um pouco? — ela perguntou,
esperando que ele não pedisse mais.
Ele e os homens ao redor da mesa, que estavam bebendo de graça na
conta dele, já estavam bem embriagados. Ali, naquele andar, porém, ninguém
era impedido de beber mais. Era uma das vantagens.
— Não, nós precisamos de outra porra de garrafa. Não é, senhores? —
David olhou ao redor da mesa para todos os homens, que concordaram com a
cabeça e gritaram. — Certo, então apresse esse teu belo rabo, e eu vou fazer
valer a pena.
Lake assentiu enquanto se afastava da mesa, incapaz de fingir um sorriso.
Ele estava realmente começando a assustá-la.
Enquanto ia para o bar e pegava o pedido, aproveitou para respirar e
acalmar seus nervos. Não importava quão bêbados esses homens ficassem,
eles ainda tinham muito medo de quebrar as regras, tinham receio de serem
impedidos de voltar.
Chegando à mesa, ela serviu as bebidas para os homens, em seguida
colocou a garrafa na frente de David, que estava segurando outra nota de cem
dólares. Pegando o dinheiro, ela fez sua dança e o colocou em seu espartilho
antes de se virar para sair. No entanto, alguém agarrou seu braço com força;
quando se voltou para David, notou que o sujeito estava com os olhos turvos.
— Eu não acho que tenha valido cem dólares. O que vocês acham? — ele
perguntou aos outros homens, que balançaram a cabeça em concordância. —
Que tal você tentar de novo?
— Que tal você tirar a porra da sua mão dela — a voz letal de Vincent
falou sobre ele.
Lake olhou e viu Vincent, Nero e Amo parados a meio metro de
distância. Isso não vai acabar bem, vai?
— Eu vou, assim que sentir que valeu a porra do meu dinheiro. — David
aplicou mais pressão no braço de Lake.
Vincent deu um passo à frente.
— Filho da puta, eu vou te dar cinco segundos. Cinco… Quatro…
— Ok, vamos todos nos acalmar. — Lake levantou a mão.
— Três…
— Sério, eu soltaria se fosse você — ela implorou a David.
A voz de Vincent ficou mais sombria.
— Dois…
David a soltou e levantou as mãos.
— Tudo bem. Tá bom, tá bom. — Ele se levantou, oscilando um pouco.
— Vou pegar a porra do meu dinheiro de volta.
Lake gritou e agarrou seus seios quando David tentou puxar seu
espartilho.
— Filho da puta! — Vincent deu-lhe um soco bem no rosto.
Amo rapidamente tirou Lake do caminho antes que Vincent pudesse
começar sua destruição.
Ela estremeceu quando viu a cabeça de David sendo esmagada na mesa
de pôquer, fazendo as fichas voarem no ar como confetes.
— Hum, cara, eles não parecem muito felizes — ela disse a Nero e Amo
quando viu um dos homens se levantar com uma garrafa de vidro.
Nero rapidamente tirou o terno.
— Eu estive esperando por isso o mês inteiro. Que se foda esse lugar.
Eles vão morrer!
Ela viu os outros homens começarem a se levantar, Nero pegou uma
garrafa e a esmagou na cabeça do primeiro cara.
— Ah, porra! Este foi o melhor trabalho que já tive. — Amo começou a
tirar o terno, sussurrando vários palavrões que Lake não sabia que existiam.
— Esses filhos da puta precisam arruinar tudo que há de bom na vida.
Mesmo que Vincent, Nero e Amo estivessem em menor número, eles
ainda estavam sentando o cacete naqueles homens. Finalmente, ela viu os
outros guardas começarem a se mover na direção deles.
— Esses merdinhas estão começando a realmente me irritar. — Sadie
veio para o lado dela, cruzando os braços.
Lake voltou-se para a luta e viu os guardas parados ali, observando.
— Por que eles não estão impedindo a briga?
Sadie começou a gritar com eles:
— Porque eles são um bando de cagões! Eu estou pouco me fodendo se
eles são filhos de Jesus, impeça-os!
Os caras de terno não se moveram.
— Puta merda. — Sadie foi até Amo e agarrou suas mãos, que estavam
ao redor da garganta de um cara. — Tudo bem, garotão. Pare com essa merda
antes que eu decida estapear tua fuça inteira.
Amo soltou a garganta do homem, deixando-o cair no chão como se fosse
um tijolo.
— Agora vai lá e controla a porra dos seus namorados — ela sussurrou
para ele.
— Que porra você acabou de dizer? — Amo olhou para ela, dando-lhe
um olhar intimidador.
Sadie esticou a mão para pegar seu enorme salto alto de stripper.
— Foi isso mesmo que você ouviu!
Amo rapidamente se afastou de seu alcance, em seguida puxou Nero de
cima de um cara que estava apanhando no chão. Então Lake viu Amo e Nero
tentarem tirar Vincent de cima de alguém, mas ele voltou a bater em David
novamente.
Ela correu e agarrou seu braço quando Vincent colocou o pé sobre a
garganta de David, que jazia indefeso no chão.
— Hum, eu acho que ele já recebeu o suficiente. — Ela tentou falar
calmamente na esperança de acalmá-lo.
Vincent olhou para Lake, começando a aplicar pressão na garganta do
infeliz.
Ela apertou o braço dele.
— Por favor?
Ele pressionou um pouco mais antes de tirar o pé. Enxugou as palmas das
mãos em sua camisa já ensanguentada, e em seguida agarrou a mão de Lake.
Para onde estamos indo?
“Para onde diabos você pensa que vai?” Sadie fez a pergunta silenciosa à
Lake, entrando na frente deles.
— Ela terminou por hoje — ele retrucou enquanto passava direto por
Sadie.
Lake tentou desvencilhar sua mão, mas isso só fez com ele apertasse com
mais força ainda.
Olhando para Sadie, ela a viu abrir a boca apenas para fechá-la
novamente, mordendo a língua.
Lake murmurou um “desculpa” para ela, já planejando como iria implorar
pelo perdão no dia seguinte. Ela sabia que Vincent tinha feito aquilo porque
seu turno já estava quase no fim, e definitivamente sabia que não deveria
discutir, já que tinha certeza de que ele não iria embora sem ela. Se Vincent
não fosse embora, seu pé voltaria a pisar a garganta de David.
Vincent pegou o terno da cadeira em que a havia colocado e continuou
arrastando Lake porta afora rumo ao elevador.
— Toma, veste — Vincent rosnou enquanto segurava o terno para Lake
passar os braços.
Ela obedeceu e fechou o paletó.
Olhando para seu rosto ainda descontente, percebeu que o terno não
cobria o alto de suas coxas o suficiente; portanto, suas meias de renda ainda
estavam aparecendo.
Ele a puxou pela cintura dela enquanto esperavam o elevador abrir, e o
olhar de Lake se voltou para a porta do cassino, de onde alguns homens
estavam saindo. Eles não pareciam muito animados pela festa ter acabado.
— Esqueci minha bolsa — ela falou baixinho quando percebeu que a
havia deixado em seu armário.
As portas se abriram, e Vincent a puxou para o fundo do elevador.
— Você não precisa dela hoje.
— Mas…
— Ela vai estar lá amanhã. — Vincent soltou o braço de sua cintura, em
seguida parou na frente dela.
Lake olhou para o ombro dele, que bloqueava a maior parte de sua visão.
Ahn, eu preciso dela, sim. Minhas chaves estão na bolsa!
Vincent estendeu o braço e encostou a mão na coxa de Lake.
Ela engoliu em seco quando as portas começaram a se fechar. Ele não vai
me levar para casa, vai?
Lake achava que ia sair do elevador assim como os outros homens, ou seja,
no primeiro andar do cassino oficial, mas quando Vincent não se mexeu, ela
se deu conta de que não tinha ideia de para onde estavam indo.
Algumas pessoas entraram no elevador logo antes de fechar e apertaram
botões de andares aleatórios do hotel. Ela conseguiu ver alguns deles,
principalmente os homens, dando uma olhada nela. Lake imaginou que foi
por isso que Vincent tinha permanecido na frente dela.
Quando o elevador fechou e começou a subir novamente, ela sentiu as
pontas dos dedos dele roçando a parte superior de sua coxa em um
movimento suave, para cima e para baixo. A sensação de estar em cima de
Vincent, dançando enquanto sua mão se aproximava tanto de sua
feminilidade, retornou. Era um toque terno e reconfortante, o que tornava
tudo ainda mais erótico para ela, especialmente porque estavam em um
espaço muito confinado e repleto de estranhos.
Incapaz de pensar em qualquer coisa, exceto na sensação da mão de
Vincent naquele momento, ela encostou nos dedos sobre sua coxa, em
seguida subiu até o bíceps, puxando-o um pouco mais para perto dela.
Vincent deu um leve aperto na coxa de Lake antes de retornar ao
movimento, dessa vez um pouco mais alto.
Lake apoiou a testa na parte traseira do ombro dele, ainda segurando seu
braço, querendo se aproximar mais. Eu tinha razão; chegamos ao nosso
ponto de ebulição.
Ela ouviu o elevador fechar novamente logo antes de Vincent puxá-la
pelas costas e depois empurrá-la contra a parede. Ela o viu digitar o código
até o topo, imaginando como raios não tinha notado ninguém saindo.
Seu peito começou a subir e descer pesadamente quando a atenção de
Vincent se voltou para ela. Lake já tinha visto aquele olhar, quando estava
dançando para Vincent.
A mão de Vincent foi até seu rosto, o polegar alisando o lábio inferior de
Lake.
— Tudo o que eu quis fazer foi beijar você desde o momento em que
afastei a boca da sua pela primeira vez, baby.
Eu também foi seu único pensamento quando os lábios dele finalmente
cobriram os dela. Vincent avidamente chupou seu lábio inferior enquanto
segurava o queixo de Lake para poder acessar sua boca completamente.
Os lábios de Lake derreteram contra os dele, permitindo que Vincent
explorasse sua boca como se fosse a primeira vez. A língua dele habilmente
separou seus lábios, e ela se pegou os abrindo mais. Quando ele encostou em
sua língua, Lake gemeu contra sua boca enquanto ele a chupava. Era do jeito
que ela lembrava, e muito mais.
Ela estendeu a mão e agarrou seu cabelo, querendo-o mais perto e
tentando aprofundar o beijo, mas Vincent de repente se afastou, passando a
mão pelo cabelo para alisar a parte que ela despenteou. Então as portas se
abriram, e ele pegou a mão dela, puxando-a para fora do elevador sem dizer
nada.
Lake poderia jurar que estava tendo um déjà-vu, pois tinha certeza de que
a mesma coisa aconteceu com seu primeiro beijo. Ela não entendia o que
continuava fazendo de errado. Ela pensou que querer tocá-lo e beijá-lo de
volta era a forma certa de se fazer aquilo, mas toda vez que fazia, ele
terminava o beijo abruptamente.
Enquanto enxugava os lábios, ela não pôde deixar de se sentir um pouco
magoada. Eu obviamente não sei beijar.
Ela foi rapidamente tirada da névoa de que Vincent não gostava de beijá-
la quando teve a percepção de que estavam no último andar. Ela não tinha
ideia de por que ele a estava levando ao escritório de Dante. Sua confusão só
aumentou quando ele a puxou pelo corredor em vez de ir direto ao escritório.
Naquele momento, ela não tinha ideia de onde eles estavam indo.
O nervosismo começou quando ele foi para a penúltima porta do lado
esquerdo do corredor. Ela o viu enfiar a mão no bolso e tirar um cartão-chave
do hotel.
Ela mordeu o lábio.
— Hum, por que estamos entrando aqui?
Vincent deslizou o cartão até que a luz piscou verde. Então ele abriu a
porta e a arrastou para dentro do quarto escuro.
Lake pulou quando a porta se fechou atrás dela.
— Vincent, o-onde estamos? — ela sussurrou.
Olhando em volta, mal conseguia distinguir alguma coisa, mas sua
atenção foi atraída para uma enorme janela panorâmica que dava para a
cidade. Era de tirar o fôlego.
Quando as luzes acenderam, ela piscou, ajustando-se à claridade, e sua
boca se abriu enquanto observava o enorme espaço. Caminhando mais para
dentro do lugar, percebeu que aquela era a cobertura de todas as coberturas.
Era um espaço muito escuro. As paredes eram pretas, como quase todo o
resto. Havia apenas indícios de cinza-escuro e prata que vinham de vários
objetos espelhados. Era quente, mas frio, convidativo, estruturado,
contemporâneo, e vitoriano, tudo ao mesmo tempo escuro e sem luz. Ela
nunca teria sonhado que gostaria de algo tão obscuro e livre de qualquer coisa
brilhante, mas achou completamente convidativo e atraente.
Sua mão correu sobre uma almofada de pele falsa preta sobre uma
enorme manta de couro.
— Você mora aqui, não é?
— Sim.
Lake olhou para ele.
— Desde quando?
Vincent encolheu os ombros.
— Há alguns meses. Ficou pronto um pouco antes da formatura.
Pouco antes de nos vermos novamente.
Ela não sabia o que tinha acontecido naqueles meses depois que eles se
beijaram pela primeira vez, mas seja lá o que fosse, não achava que a leveza
dele aparecesse com muita frequência. O lado sombrio de Vincent deu seu
toque principalmente na concepção de seu lar; no entanto, ela podia ver os
poucos espaços de seu lado bom. Olhando em volta, alguém pensaria que os
dois lados lutaram entre si. No entanto, eles não brigaram; eles deram as
mãos e criaram uma unidade no lugar.
Assim que olhou para ele, viu que Vincent estava esperando sua
aprovação, parado ali, com a camisa manchada de sangue.
— É perfeito, Vincent. — Assim como você.
Talvez Lake fosse louca e demente por pensar isso, mas a maneira como
ele sempre a tratava tornava mais fácil justificar seus sentimentos.
Lake caminhou em direção a ele, e quanto mais perto chegava, mais
torturado ele parecia.
— Eu preciso de um banho. — Ele começou a desabotoar a camisa
ensanguentada e se afastou quando ela se aproximou muito.
Ela o olhou fixamente enquanto ele subia as escadas de vidro. Os
sentimentos de mágoa e confusão voltaram, e ela enrolou a roupa dele em
volta de si com mais força, em uma tentativa de se abraçar. Lake não entendia
o que estava fazendo de errado, e os sentimentos que ela via emanando dele
eram tão contraditórios, que só faziam aumentar sua confusão.
Vincent flertou com ela sem parar por um mês inteiro, e pouco tempo
antes, ele basicamente a forçou a fazer uma lap dance. Então, depois de
meses e mais meses, eles se beijaram no elevador, apenas para ele rejeitá-la,
afastando-se quando ela tentou beijá-lo de volta e puxá-lo para mais perto.
Ela precisava admitir que o queria muito, sabia que Vincent a queria
também. Lake não sabia por quanto tempo mais conseguiria aguentar ter
Vincent se afastando dela.
Lake estava ficando com nojo de si mesma pelo quanto seu corpo queria
o dele depois de apenas pensar em Vincent desabotoando a camisa cheia de
manchas de sangue.
Eu pirei totalmente.
Lake lentamente subiu os degraus quando percebeu que não havia outro lugar
para ir. Vincent ia dar carona para ela, mas depois da noite que ele teve, Lake
sabia que fugir não o faria muito feliz. Por mais que gostasse de fugir, isso só
iria piorar as coisas para ela. Definitivamente não era sábio testar Vincent
depois de ele praticamente tentou matar um homem. Além disso, ela passara
um mês com ele, dia e noite, e aprendera a lidar com o jovem. Lake estava
um pouco nervosa pelo fato de que o relacionamento dos dois estava
mudando.
Eu tenho tudo sob controle. Nada vai acontecer mesmo.
Subindo o último degrau, um quarto enorme a recebeu, a fazendo parar
de andar. A cama grande chamou a atenção, parecia luxuosa, com os lençóis
de seda preta refletindo as luzes da cidade.
Subiu o último degrau e chegou ao segundo andar, sentindo como se
estivesse em uma varanda. Dava para ver o resto do apartamento de lá. Lake
gostou particularmente da cozinha gourmet. Um mês antes, ela poderia ter
ficado surpresa, mas ao conhecer Vincent melhor, descobriu que ele gostava
de cozinhar e era surpreendentemente bom nisso.
A decoração do segundo andar combinava com o restante da casa, mesmo
que fosse apenas um quarto enorme. Andando ao redor, pôde ouvir o
chuveiro ligado atrás de uma porta. Ela se perguntou que coisas mágicas não
haveria em seu banheiro, além do corpo lindo de Vincent. Ela tinha uma forte
sensação de que o banheiro era tão incrível quanto o resto da casa dele.
Vendo outra porta, ela avançou e a abriu, revelando um enorme closet.
Jesus Cristo, quanto terno.
Havia uma série de ternos perfeitos e alinhados. Ela jamais entenderia
como raios Vincent conseguia parecer tão imaculado. Não apenas mantinha a
aparência impecável, como sua casa e até mesmo a porcaria do closet eram
tão perfeitos quanto ele.
Ela se virou, tonta de tanta perfeição, e teve um vislumbre de si mesma
no espelho. Lake se sentia como uma fraude completa. Sua maquiagem
escondia um rosto imperfeito, e o penteado em seu cabelo grande e
encaracolado escondia o fato de que era na verdade fino e liso que nem
espaguete. Que droga, até mesmo os peitos pareciam maiores por causa do
espartilho.
Assim que viu um pedaço do dinheiro amassado que ela havia escondido
em seus peitos, o puxou e enfiou no bolso do terno de Vincent, que ela ainda
estava usando. De certa forma, isso a fazia se sentir uma mulher barata, e ela
tinha certeza de que o Vincent Perfeito só gostava dela pela mesma razão que
todos os homens no andar de baixo gostavam. Em sua mente, não havia como
um deus como ele querer um lixo de trailer sem graça como ela.
Seus olhos foram capturados por algo no espelho. Voltando-se para isso,
ela olhou para o final do closet. Tudo estava perfeitamente no lugar, mas
notou algo se destacando.
Caminhando naquela direção, ela pegou um cabide que sustentava uma
roupa preta. Por que ele ficou com isso? Ela não sabia o que pensar.
Os olhos de Lake se moveram para a entrada do closet e viram Vincent
de pé vestindo nada além de uma toalha enrolada nos quadris.
— Você guardou o vestido da Adalyn? — ela perguntou, lambendo os
lábios secos.
Ele começou a vasculhar suas roupas, procurando algo para vestir.
— Porra, não, eu queimei.
Lake olhou para o vestido preto que ela usou naquela noite na Poison.
— Então por que você guardou o meu?
— Eu não consegui queimar. Você tava muito gostosa nele.
— Ok, mas por que você guardou? — Lake perguntou novamente.
Ninguém guarda um vestido aleatório no closet por meses.
Quando Vincent não respondeu e simplesmente continuou escolhendo o
que vestir, ela jogou o vestido no chão e fez menção de ir embora. Foda-se
ele. Ele está sendo um completo idiota hoje!
Vincent rapidamente a agarrou quando ela passou por ele, segurando-a
perto de seu corpo nu. Em seguida, puxou o cabelo dela para forçá-la a olhar
para ele.
— Fiquei com o vestido porque queria ver você nele de novo. Você sabe
qual foi o outro motivo?
Ela balançou a cabeça suavemente enquanto se forçava a olhar para os
lábios dele em vez de mirar seus olhos azuis intensos.
Ele deu um leve puxão no cabelo dela, fazendo-a olhar de novo para seus
olhos.
— Porque eu também pretendo te comer com você dentro desse vestido
um dia.
— Somos apenas amigos, lembra? — Ela odiava que sua voz saísse mais
ofegante do que pretendia.
Um sorriso tocou os lábios de Vincent.
— Baby, você sabe muito bem que eu não quero ser só seu amigo. — Ele
lentamente botou a mão no quadril de Lake, subiu pelo peito e pelo pescoço,
deixando o polegar encostar em seu local favorito. Sentiu nesse momento o
coração dela bater com força. — É isso que você quer, ser apenas minha
amiga?
Lake estava sob o efeito do seu controle. Ele gostava de fazer isso quando
queria ouvir a verdade dela. Lake até podia mentir, mas ele saberia e a faria
pagar por isso, ou poderia dizer a verdade, o que faria mais um carinho no
seu já enorme ego. Não havia vitória para ela.
— S-sim, eu só quero ser sua amiga.
Ele roçou o polegar mais devagar na garganta dela enquanto movia o
rosto, a ponto de seus lábios ficarem quase unidos aos dela.
— Você tem certeza disso, querida? Eu vou parar, eu prometo.
Eu não disse que ele me faria pagar por isso?
Lake olhou para seus lábios, querendo que Vincent a beijasse novamente.
Seu corpo estava em chamas, desejoso que ele a tocasse mais. Lake sabia que
era tarde demais para voltar atrás. Não havia como impedir um trem
descarrilado depois que ele saía dos trilhos.
— Por favor, não pare — ela sussurrou em derrota.
Vincent mexeu a cabeça para sussurrar em seu ouvido:
— Eu não ia parar.
Lake estremeceu quando sentiu os lábios de Vincent em uma parte
sensível de seu pescoço, em seguida a sucção na sua pele.
Ela queria desesperadamente agarrá-lo e sentir seu corpo rígido, que
estava a centímetros do dela, mas temia que se o fizesse, ele pararia de beijá-
la como sempre fez.
Vincent agarrou seus ombros nus por baixo do terno e começou a deslizar
o paletó até que caísse no chão. Então se inclinou e deu um beijo no ombro
de Lake.
— Você é linda para caralho. — Ele colocou a mão no zíper preto na
frente de seu espartilho, entre os seios.
Ela começou a corar quando ele lentamente puxou o zíper. Lake tinha
certeza, se não fosse por seus beijos carinhosos e contínuos, ela o teria
impedido. O espartilho caiu no chão, e ela teve de desviar o olhar de Vincent,
que encarava seus seios. Lake não achava que ele os acharia bonitos sem o
espartilho.
Vincent acariciou levemente o seio direito enquanto a beijava.
— Perfeita — ele disse contra seus lábios enquanto seu polegar circulava
o mamilo, o intumescendo.
Lake choramingou sob seu toque, enquanto ele continuava a torturar seu
mamilo. Ela envolveu o pescoço dele com os braços, sem saber se suas
pernas iriam mantê-la de pé por muito mais tempo. Quando ele rapidamente a
pegou e começou a ir em direção à cama, Lake passou suas pernas pelos
quadris dele.
Retribuindo o beijo com força, ela chupou sua língua, querendo saboreá-
lo por conta própria.
Tão rápido quanto a pegou, Vincent a deitou na cama sem tirar os olhos
de Lake.
Por que ele não me deixa beijá-lo? Ela estava ficando sexualmente
frustrada por causa disso. Não era justo que ele pudesse fazer o que quisesse,
mas que ela não pudesse retribuir o favor.
Lake se inclinou para pegar a toalha, mas Vincent segurou sua mão antes
que ela pudesse chegar mais perto.
— Não se mova — ele rosnou para Lake.
Isso foi o mais próximo que ela viu de seu lado sombrio em um mês. Ela
não gostava quando Vincent ficava assim, principalmente quando estava
seminua em sua cama.
— Por que você continua me impedindo de te beijar ou fazer qualquer
outra coisa? Eu sou tão ruim assim nisso?
Vincent balançou a cabeça e parecia quase chocado que ela pensasse isso.
— Não, baby. Eu te quero demais. Eu te quero a meses para caralho.
Estou tentando ir devagar com você, mas você beija muito bem. Eu vou te
machucar se você não ficar parada, e então eu não vou me perdoar se eu
tornar isso mais doloroso para você do que já vai ser.
Enquanto ele falava, Lake começou a vê-lo de uma forma diferente. Ela
podia ver e sentir as mãos dele começando a tremer. Vincent não estava
oscilando à beira de seu lado sombrio; o Vincent na frente dela era a versão
mais pura dele. Ele estava se torturando fisicamente para não lhe causar
qualquer dor ou desconforto.
Ela entrelaçou os dedos nos dele.
— Você não poderia me machucar.
Ela realmente acreditava nisso também. Vincent só a machucou uma vez,
e foi naquele dia em que a deixou na casa de sua mãe, mas ela finalmente
pôde ver que o machucou também. Em seu coração, Lake sabia que ele nunca
iria querer fazer isso de novo, e foi por isso que Vincent se esforçou tanto
para deixá-la feliz.
— Sim, eu posso, Lake. Me promete que você vai ficar quieta. — Sua
respiração ficou pesada quando ele se inclinou para lhe dar um beijo.
— Prometo que vou tentar. — Ela sorriu antes de morder o lábio inferior.
As mãos de Vincent correram sobre suas meias e depois pelas coxas nuas.
— Eu tive que ver você andando por aí vestindo essas coisas e os saltos,
então eu mereço comer você vestida com isso. — Ele avançou e agarrou as
laterais da calcinha de seda preta. Ela levantou ligeiramente os quadris
quando ele começou a puxar a peça para baixo. Suas bochechas esquentaram
de nervoso quando Vincent deslizou a calcinha sobre suas meias e saltos.
Olhando para sua boceta perfeitamente lisa, seus olhos ficaram mais
escuros.
— Porra.
Os olhos de Lake se arregalaram quando ele rapidamente deixou cair a
toalha de seus quadris, libertando seu pau enorme e muito duro. Ai, puta que
me…
Todos os pensamentos foram perdidos quando ele a beijou loucamente, a
puxando para cima na cama. Seu peito ficou pesado quando Vincent beijou
seu pescoço, em seguida, rapidamente abocanhando um mamilo rosa ainda
mais sensível, o que a fez ofegar.
Então sua mão foi para a boceta, e o dedo médio pressionou suas dobras.
— Como você consegue ser tão sedosa? — A voz de Vincent soava
tortuosa, combinando com sua aparência.
Foi difícil para Lake se concentrar no que ele disse quando o dedo
mergulhou dentro dela. Ela teve de morder o lábio inferior para não gritar.
— Baby, você é tão apertada, e está tão molhada para mim. — Ele se
moveu para o mamilo negligenciado e o chupou até que se transformou em
uma pequena protuberância enquanto seu dedo deslizava mais fundo.
Lake estendeu a mão, agarrando o cabelo de Vincent, um gemido
escapando por seus lábios quando o polegar dele deslizou sobre seu clitóris.
Depois de mais alguns movimentos, ela sentiu outro dedo entrar nela,
Vincent começou um movimento dentro dela, como se comesse sua boceta
com os dedos.
Ela puxou o cabelo dele quando Vincent afastou o polegar do clitóris bem
quando ela tinha certeza de que estava prestes a gozar. Ele vai me matar.
— Vincent, por favor — Lake gemeu, esperando que ele fizesse algo para
a aliviar. Ela sentiu vontade de chorar quando ele, em vez disso, tirou
totalmente os dedos.
Vincent rapidamente moveu seu corpo sobre o dela, até que a cabeça de
seu pau estivesse pressionada em suas dobras.
Lake colocou a mão em seu peito, parando-o.
— Que tal um preservativo?
— Você está tomando pílula, e eu não pensaria em te comer se não
tivesse certeza de que não tenho nada. Eu sou o único que vai foder essa sua
boceta perfeita, e eu não vou fazer isso com um preservativo. Nem agora nem
nunca. — Ele se inclinou e mordeu a parte cheia de seu lábio enquanto a
ponta de seu pênis deslizou para dentro.
Instintivamente, ela passou as pernas ao redor da cintura dele, querendo
mais, as unhas arranhando as costas de Vincent.
Ele deslizou para dentro, rompendo sua barreira em um movimento
rápido.
— Droga, baby — ele gemeu. Rapidamente, voltou para o clitóris,
usando o polegar e o dedo indicador.
A dor foi dura e rápida, fazendo seus olhos se fecharem. Então começou a
diminuir, e a fome dentro dela mascarou a dor mais e mais a cada movimento
de seus dedos.
— Desculpa. — Ele roçou um beijo contra seus lábios.
Abrindo os olhos, ela viu a decepção no olhar dele.
— Está tudo bem — ela disse a Vincent antes de aprofundar o beijo,
deslizando a língua na boca dele.
Seus quadris finalmente começaram a se mover acima dela, começando
com um ritmo lento. Com cada golpe, o ritmo ia mudando. Vincent começou
a tirar mais o pau antes de mergulhar mais fundo em sua boceta.
Lake cravou os calcanhares na bunda dele tanto quanto suas unhas
estavam rasgando as costas de Vincent. Ela estava deixando que ele ditasse o
ritmo, mas de alguma forma era muito lento, ao mesmo tempo que era muito
rápido, no sentido de que estava pronta para gozar a qualquer segundo.
Sentindo o pau aumentando dentro dela e ouvindo sua respiração dolorosa,
Lake soube que Vincent estava prestes a explodir também.
— Eu preciso gozar — ela gemeu alto quando o pau deixou sua boceta
apenas para mergulhar de volta.
Dessa vez, seu ritmo mudou, fodendo-a com movimentos muito mais
rápidos e duros.
— Goza pra mim, querida. — A respiração estava irregular antes que ele
mais uma vez tivesse o pescoço de Lake preso à sua boca.
A mão dela abafou o grito alto prestes a escapar de seus lábios. Lake
gozou no pau dele enquanto Vincent fazia o mesmo dentro dela, a julgar
pelos movimentos intensos e profundos que realizava em sua boceta.
Ainda deitada, agora mole e sem fôlego, Lake o sentiu lamber seu
pescoço. Ela mal o sentiu mordê-la quando chegou ao clímax, mas agora,
sentindo a ardência na pele, assumiu que Vincent tinha dado uma bela
mordida. Mas estava tudo bem; em troca, ela havia navalhado as costas dele,
Vincent ficaria com marcas de arranhões por semanas.
Lake mal conseguiu abrir os olhos quando ele rolou de cima dela, tirou os
saltos de seus pés e, em seguida, puxou seu corpo para perto do dele. Todas
as noites Vincent a abraçava de costas para seu peito, mas era a primeira vez
que ela era abraçada estando nua, e, cara, aquilo era muito bom.
Vincent acariciou a coxa de Lake.
— Você não me disse por que está tão depilada e macia assim.
Ela sorriu suavemente.
— Sadie faz todas as garotas se depilarem regularmente.
— Droga, eu odeio essa vagabunda.
— Acho que ela sente o mesmo por você. — Lake riu, sonolenta.
Ele a puxou para mais perto ainda em seu peito, mudando o tom.
— Durma, querida.
Lake se sentiu parte de alguma coisa pela primeira vez na vida, ali, com
Vincent, quando ele deu um beijo leve em seu ombro. Lake nunca se sentiu
assim com sua mãe, com o pai, ou mesmo com Adalyn.
Adalyn... Ah, meu Deus. Como diabos ela poderia explicar isso para sua
melhor amiga, quando ela nem contara que o tinha beijado? Imagina dizer
que transou com o irmão dela e que tinha certeza de que ambos queriam que
aquilo se repetisse?
Lake acabou dormindo, exausta e cheia de culpa. Ela se sentiu ainda pior
pelo fato de que tinha gostado tanto e pela porra do fato de que Vincent a
deixou feliz pela primeira vez.
Perdoe-me, pai, pois eu pequei.
Lake voltou para a cama, tentando encontrar o corpo de Vincent. Ela ainda
estava praticamente sonâmbula, mas seu relógio interno estava lentamente lhe
dizendo que era hora de acordar.
Ela rolou, olhando para o outro lado da cama, mas não viu Vincent. Por
que ele sempre me deixa sozinha? De alguma forma, seu cérebro disse a ela
que entregar sua virgindade faria com que ele estivesse lá de manhã quando
ela acordasse.
Saindo da cama, pegou o cobertor e o envolveu em torno de seu corpo nu.
Em seguida, foi para o final da varanda, olhando para o primeiro andar,
apenas para conferir se ele não estava lá também.
Lake foi até o closet e descobriu que ele pegara seu vestido preto e o
pendurara de volta no lugar. Algo nesse gesto a fez sorrir. Vincent também
havia recuperado suas roupas da noite anterior e a bolsa que ela havia
deixado no closet e arrumado tudo, com seu espartilho e as gorjetas da noite.
Estavam em um banquinho de couro no meio de seu enorme closet.
Lake dirigiu-se ao banheiro com uma empolgação silenciosa por
finalmente poder ver o que havia atrás da porta.
Puta merda! Ela não ficou desapontada.
Lake nunca teria pensado que existissem banheiros pretos, mas, cara, ela
estava errada. Iria experimentar tudo e gastar com calma seu precioso tempo
tomando banho no enorme chuveiro, que mais tarde descobriu que soltava
água que nem um dilúvio. Então ela iria tomar o melhor banho de sua vida na
grande banheira de hidromassagem.
Lake estava praticamente salivando enquanto se livrava de sua roupa
improvisada. Como diabos ele conseguiu usar meu banheiro minúsculo e
patético?
Olhou para a banheira preta e acreditou que era de lá que o ditado “uma
vez que você vai no preto, não tem mais jeito” tinha se originado. A pobre
criança dentro dela já aos prantos, pensando que o relógio acabaria batendo à
meia-noite, e então a carruagem voltaria a ser uma abóbora. Porque por mais
que se sentisse em casa naquele lugar, em última análise, não era sua casa, e
Lake não estava planejando morar com Vincent tão cedo. Não é como se ele
quisesse que eu fizesse isso, de qualquer maneira.
Relaxar não foi o que ela fez. Muitos pensamentos ocupavam sua mente,
principalmente sobre perder a virgindade, Vincent, Adalyn, sua mãe, seu pai,
Dante – a lista era enorme. Lake rapidamente se vestiu com as roupas que
usara para trabalhar no dia anterior e até fez algo para comer na cozinha
glamourosa.
Sem ter nada para fazer, ela se perguntou para onde Vincent tinha ido.
Isso a fez se sentir como um cachorrinho esperando o dono voltar. Faltava
cerca de uma hora e meia até dar a hora de seu trabalho, mas ela não podia
mais ficar sentada ali, não queria se desesperar, aguardando o retorno de
Vincent.
Ela pegou suas coisas e desceu para o cassino, embora tivesse certeza de
que Vincent ficaria muito chateado com isso.
Lake estava colocando a bolsa na penteadeira quando notou Kim vindo
atrás dela pelo reflexo no espelho.
Kim olhou para o reflexo de Lake, vendo seu cabelo úmido e roupas da
noite anterior.
— Pelo visto ele finalmente rompeu teu selinho. Talvez agora que ele te
comeu e vai te largar, vai me deixar dar umazinha de novo. Porque, vamos
ser honestas, Vincent é como qualquer outro homem: eles querem um desafio
de vez em quando, mas, no final das contas, querem mesmo é alguém com
experiência chupando seu pau. — Seu sorriso se abriu. — Aposto que você
nem chupou o pau dele, não é?
Ela observou Kim rindo sem esperar pela resposta. Lake rapidamente se
afastou de seu reflexo, não querendo olhar para si mesma, e começou a se
sentir mal. Sabia que não deveria ouvir uma palavra que saísse da boca de
Kim, mas alguma coisa fez com que pensasse que tudo que Kim estava
dizendo era a mais pura verdade.
— Querida, o que você está fazendo aqui? — Sadie perguntou,
aproximando-se dela.
Lake fez o possível para deixar de lado as palavras de Kim.
— Decidi chegar um pouco mais cedo para me desculpar. Eu sinto muito,
muito, muito por tudo que acont…
Sadie ergueu a mão.
— Está tudo bem. Aqueles tarados do caralho mereciam. Mas você não
trabalha mais aqui. O playboy já não te contou?
— Contou o quê? — Lake olhou para ela, confusa.
— Claro que não contou. Ele me fez prometer não te contar que ontem à
noite foi sua última noite trabalhando aqui. Sua dívida está paga, querida!
A boca de Lake se abriu.
— Ahn? Como?
Sadie deu de ombros.
— Não sei. Ele não me contou essa parte. Você deveria estar feliz,
pulando e gritando por aí. Ou algo do tipo.
Virando-se, Lake rapidamente pegou sua bolsa e se dirigiu para a porta,
sua mente acelerada. Ela apertou o botão do elevador enquanto pensava.
Por que Vincent não queria que eu soubesse? Claramente, havia uma
razão para ele ter dito a Sadie que mantivesse o assunto em segredo e para ele
mesmo não ter contado. Apenas uma pessoa lhe contaria a verdade, toda a
verdade.
Assim que entrou no elevador, ela digitou o código para levá-la ao último
andar. Lake estava indo para o alto da porra da cadeia alimentar da máfia.
Havia outra visita surpresa reservada para Dante Caruso.
Vincent passou o dia limpando a merda que fizera na noite anterior. Com
toda a honestidade, ninguém gostava daquele filho da puta do David, nem
mesmo Dante, que estava acumulando uma tonelada de dinheiro com ele.
Depois que deixou David praticamente em coma, quando ele tinha um voo de
volta para o Canadá no dia seguinte, algumas das garotas que ele pagou para
o levar de volta ao seu quarto de hotel finalmente falaram sobre como o cara
tinha sido bastante abusivo e lhes dera uma quantia enorme para manter tudo
em segredo.
O dia foi ótimo. Ele só faltou mijar na porra do túmulo de David. Não só
isso, Vincent finalmente acordou ao lado do corpo quente e nu de Lake
naquela manhã, e suas bolas estavam com um tom menor de azul.
Ele se apressou a sair do elevador, pensando em como contar que ela não
trabalhava mais no andar de baixo. Vincent havia planejado contar a ela na
noite anterior, mas a briga com David e a frustração sexual colocaram o
assunto em segundo plano. Ele estava guardando para a manhã, mas um
telefonema de Dante dizendo-lhe para correr até seu escritório o impediu de
compartilhar a notícia.
Enquanto pegava seu cartão, ele se lembrou do jeito que Lake olhou para
ele deitada em sua cama, usando apenas a peça de renda, meias até a coxa e
salto alto. Dá para esperar mais vinte minutos.
Ele deslizou o cartão, destrancando a porta, sua necessidade de tê-la
passando por cima do momento de contar para Lake sobre sua dívida. Algo
lhe disse que provavelmente o tópico causaria uma discussão entre os dois.
Ele tinha certeza de que Lake diria que ele não podia ter feito algo tão louco.
Não que isso importasse, porque já estava feito. E de jeito nenhum ela ia
vestir minhas roupas na frente de outros homens.
Vincent passou a chamar as lingeries sensuais de Lake de “dele”, porque
ela as usaria somente em seu apartamento dali em diante. A porra da parte
ruim disso era que Vincent precisaria ser legal com Sadie, porque planejava
entregar seu cartão de crédito para que ela pudesse encher o closet com peças
daquele tipo. Ele também planejou que aquelas depilações que eram “só para
garotas que trabalhavam com ela” estivessem disponíveis para Lake. Quem
diabos estava depilando Lake era uma porra de uma pessoa com toque
mágico.
Abrindo a porta, ele esperava ver Lake no andar de baixo. Talvez ela
ainda esteja na cama. Aposto que ela finalmente encontrou o banheiro...
Vários pensamentos sacanas rodaram em sua mente quando descobriu que ela
não estava na cama. Hoje é um dia e tanto.
As fantasias sexuais de Vincent estouraram como um balão quando viu
que ela não estava lá tomando banho como havia imaginado. Vincent sentiu
como se todas as suas esperanças e sonhos estivessem morrendo de repente.
Ele sabia que ela só poderia estar em um lugar no hotel, e ele certamente não
ficava feliz com isso.
Assim que voltou para o elevador e digitou o código do andar correto,
torceu que Sadie tivesse mantido sua boca grande fechada. Ele meteu o dedo
no botão de fechar, tentando apressá-lo. Porra, anda logo! Vincent já sabia
que ia ter que costurar a boca de Sadie.
Uma vez no andar certo, Vincent rapidamente se moveu entre os corpos e
entrou no vestiário, indo direto para a penteadeira de Lake. Encontrou-a
vazia, assim como seu apartamento.
Uma mão alisou suas costas e apertou seu ombro.
— Ela não está aqui, e eu sei que ela não cuidou do seu pau, mas eu
posso ajudar com isso.
Ele olhou para Kim, que usava nada além de uma calcinha rosa. Ele na
hora agarrou sua garganta, dando-lhe um aperto firme.
— O que você disse a ela, porra? — Sua voz era letal.
Kim agarrou seu pulso, tentando conseguir mais espaço para respirar e
falar.
— Nada! Acabei de vê-la conversando com Sadie, e então ela foi embora
furiosa.
— Se me tocar de novo, sua puta, nunca mais vai ser paga para dar para
os homens mais ricos e bizarros daqui em um quartinho limpo e com
segurança. Vou garantir que teu rabo esteja trabalhando na esquina, dando
pros caras falidos, indo para quartos de motel nojentos e se perguntando se
você vai sair viva daquele programa. Entendeu? — Ele apertou a garganta
dela um pouco mais forte.
Kim acenou com a cabeça. Sadie apareceu ao lado deles.
Vincent finalmente a soltou.
— E fique longe de Lake.
Kim agarrou a garganta, ofegante, enquanto olhava para Sadie como que
pedindo que ela fizesse alguma coisa.
Sadie cruzou os braços e jogou a bomba:
— Eu não sei o que te faz pensar que eu dou a mínima, quenga. Você tem
sorte que eu não te dei uma coça antes. Não preciso saber o que você fez, já
sei que merecia até mais que isso. Agora saia da minha frente.
Vincent olhou para Sadie. Por que noventa e oito por cento de mim odeia
essa mulher, mas os outros dois por cento gostam dela ao mesmo tempo?
Porque ela é uma louca psicótica, e disso ele entendia.
— Você contou pra ela, não foi? — perguntou.
— Sim, claro que contei, caralho, já que você se esqueceu de contar que a
dívida dela foi paga.
Um por cento.
Ela revirou os olhos.
— Não se preocupe. Eu não disse a ela que você pagou, playboy.
Sua sobrancelha se ergueu.
— Eu não disse que fui eu.
— Eu pareço uma puta burra para você? — Ela começou a bater o
calcanhar novamente.
Vincent não ia responder a isso.
— Para onde ela foi?
— Não sei. Ela acabou de fugir daqui, depois que eu disse que você me
fez prometer não contar. Não vou deixar Lake brava comigo porque você não
teve coragem...
Vincent começou a correr na direção da porta.
— Sério? Vocês, seus putos, precisam aprender boas maneiras! — Sadie
gritou com ele.
Correndo pela multidão, ele rapidamente chegou ao elevador e apertou o
botão para cima. Porra, porra, porra, anda!
Seu instinto sabia exatamente para onde ela tinha ido, porque Lake era
louca o suficiente para aquilo. Finalmente a porta do elevador se abriu e ele
digitou o código para levá-lo ao topo.
Encare Dante Caruso uma vez, Deus te ajude.
Encare Dante Caruso duas vezes, torça para que Ele abra os portões para
você.
Lake lambeu os lábios muito secos quando seus dedos pousaram na porta
preta.
— Entre — uma voz sombria soou do outro lado da porta.
Entrando no quarto escuro, ela notou o sr. Vitale servindo dois copos de
uísque enquanto Dante estava sentado em seu trono.
Dante se recostou na cadeira.
— Bem, senhorita Turner, devo dizer que não achei que a veria
novamente.
Ela observou o sr. Vitale colocar uma bebida na frente de Dante, dando-
lhe um olhar de advertência pelas costas. Ela rapidamente olhou de volta para
Dante.
— E-eu sinto muito. Eu estava curiosa sobre algo que tem a ver com o
nosso acordo. Receio que Vincent não esteja me mantendo bem-informada,
então esperava poder conversar com você sobre isso, sr. Caruso.
Ele tomou um gole de seu uísque.
— Sente-se, então.
Lake respirou fundo e se sentou na cadeira ao lado do pai de Vincent. Por
que ele sempre tem que estar aqui nos piores momentos?
Tentando acalmar seus nervos, ela falou em um tom um tanto uniforme.
— Fui trabalhar hoje, mas Sadie me disse que não trabalho mais lá. Ela
me disse que minha dívida foi paga, mas não entendo como isso é possível.
— Ele não te contou? — Dante tomou outro gole de sua bebida,
parecendo achar graça. — Vincent veio aqui há um mês e pagou toda a sua
dívida.
Ele fez o quê? Ela balançou a cabeça, não acreditando.
— Se isso é verdade, então por que passei o mês trabalhando lá? Vincent
tem te dado dinheiro de todas as gorjetas que eu recebi, para que eu pudesse
quitar tudo mais rápido, não é?
— Não, não recebi esse dinheiro. Eu permiti que ele pagasse sua dívida
contanto que você continuasse trabalhando para mim por mais um mês.
Infelizmente para seu azar, você causou uma grande impressão em David, e
ele é – era – meu maior cliente. Eu tenho dado seus contracheques para
Vincent. Suponho que você também não os tenha recebido.
Ela estremeceu quando ele enfatizou a palavra era, sabendo que ele quis
dizer que o homem estava morto. Além disso, saber que ela tinha sido
forçada a trabalhar lá por causa da paixão de David por ela fez sua pele se
arrepiar ainda mais.
Ela balançou a cabeça.
— Não, ele não me deu nenhum salário. — Ela não podia acreditar que
Vincent estava mantendo isso em segredo e, ao mesmo tempo, retendo todo o
seu dinheiro.
Dante a olhou de cima a baixo.
— Para uma garota que descobriu que é uma mulher livre, você
certamente veio ao lugar errado.
Lake engoliu em seco, imóvel.
— Ela foi paga pelo trabalho da semana passada? — Vinny questionou.
Dante olhou para ele.
— Não, eu ainda não dei o dinheiro para Vincent.
— Toma. — O sr. Vitale colocou sua bebida na mesa e enfiou a mão no
bolso do paletó, tirando dinheiro e rapidamente contando as notas e
estendendo para ela pegar. — Isso deve cobrir. Aconselho que você pegue
esse dinheiro e se mande para a faculdade ou para qualquer lugar que não
seja aqui.
Ela teve que usar a cadeira para conseguir se levantar. Assim que pegou
as notas, foi até a porta enquanto ainda tinha chance.
— Senhorita Turner, eu não voltaria a passar pela minha porta novamente
se eu fosse você — a voz fria de Dante a advertiu.
Ela deu um aceno rápido antes de sair do quarto, fechando a porta atrás
de si. Fechando os olhos com força, ela tentou manter sua respiração sob
controle. Tudo o que ouvira a atingiu como se trombasse contra uma parede
de tijolos. Todas as coisas que Vincent tinha feito e não contou a ela, somado
ao aviso de que ela deveria ir embora.
Lake não era estúpida; ela sabia quando devia correr, quando devia fugir.
Especialmente de uma família inteira de psicopatas.
Enquanto esperava que a porta do elevador se abrisse, sua mente estava a
um milhão de quilômetros por hora, imaginando para onde diabos fugir. Uma
coisa era certa: ela ia direto para casa em um ônibus e arrumaria um saco com
suas merdas. Lake Turner finalmente ia fazer o que ela sempre sonhou, mas
ela nunca esperava ter sentimentos contraditórios em relação a tudo isso.
Lake se preparou por meses para deixar seu pai e Adalyn para trás, mas
deixar Vincent estava sendo pior. Ela não entendia por que se sentia tão mal,
uma vez que estava mais do que nunca claro que ele era um idiota mentiroso,
um galinha totalmente maluco.
Uma parte dela queria que Vincent aparecesse quando a porta do elevador
se abrisse, para convencê-la a desistir e de alguma forma consertar tudo que
estava errado enquanto seu julgamento sobre ele ainda estava nebuloso.
A porta do elevador se abriu com um ding.
Adeus, Kansas City.
Lake puxou seu vestido preto um pouco para baixo. Ela estava feliz por Elle
ter dito que Nero guardava uma chave da casa de Vincent em caso de
emergência. Esta é uma emergência.
Ela colocou o vestido preto que Vincent guardou por meses, não
querendo tocar nos novos que ele havia comprado. Elle usava um de seus
muitos vestidos brancos e sensuais que Lake achava incríveis.
Elle não queria abrir a porta.
— Tem certeza que devemos fazer isso? Vincent me disse para não
deixar você sair, e Nero vai...
Ela colocou a mão no quadril.
— Você sabe que fazem pole dance lá embaixo, certo?
— Foda-se. — Elle abriu a porta.
Lake e Elle pararam quando viram Lucca saindo pela porta do outro lado
do corredor. Seu cabelo estava todo molhado e ele parecia um pouco sem
fôlego, mas sua reação a elas parecia ser a mesma das duas.
Ela passou a gostar mais de Lucca desde o último encontro deles,
enquanto a pontuação de Amo só caía quanto mais aquele idiota falava. No
entanto, os pontos de Lucca, conquistados por sua reação a Chloe, sofreram
baixas. Menos cinquenta pontos.
— Bem, onde acham que vão as duas vão vestidas assim? — Lucca se
inclinou contra a porta e as olhou de cima a baixo.
— Eu disse que isso era uma má ideia. — Elle lançou um olhar para
Lake. — Nós nem passamos pela porta!
Considerando que elas já estavam encrencadas, Lake não tinha nada a
perder.
— Queremos ir dançar no Poison porque estamos bravas com Nero e
Vincent. Existe alguma maneira de você fingir que não nos viu?
Lucca riu dela.
— Querida, o que diabos faz você pensar que eu faria isso?
Lake retribuiu o favor de olhar para ele de cima a baixo.
— Que tal fingirmos que não te vimos assim? — Ela se virou para Elle.
— Chloe não precisa saber sobre isso, precisa?
— Hmm, eu não sei... — Elle cruzou os braços, tentando de alguma
forma parecer intimidadora em um vestido sexy.
Lucca se afastou da parede e caminhou lentamente até elas, seus olhos
perfurando suas almas.
Ah, merda. Lake tentou manter sua postura, mas estava prestes a fazer
xixi na calcinha e sair correndo. Como eu sempre me meto nessas roubadas?
Ele finalmente parou a centímetros de distância, facilmente capaz de
pegá-las pelo braço e ensinar modos a elas.
— Eu dirijo — ele resmungou, virando no corredor.
Lake havia atingido com sucesso o intruso, o suficiente para que a arma
caísse no chão, mas não sem disparar algumas vezes antes.
Corre! Ela aproveitou a oportunidade para abrir a porta enquanto o
sujeito olhava para a arma deslizando pelo chão. Se ela pudesse atraí-lo para
fora e possivelmente para os andares inferiores, então as vidas no banheiro
seriam salvas.
Ela tinha corrido apenas metade do caminho antes de cair no chão, um
corpo despencando em cima dela.
Tentou bater na cabeça dele novamente com a luminária, mas sentiu seu
corpo sendo rapidamente agarrado e virado. Encarando o intruso que a olhava
de cima, viu que ele era da máfia. Aquele olhar sempre denunciava aqueles
homens.
— Onde diabos ela está? — o homem enlouquecido perguntou.
Vai se foder! Lake lutou contra ele com unhas e dentes, chutando,
arranhando e até conseguindo mordê-lo quando seu braço chegou muito
perto.
— Sua puta do caralho! — ele rugiu, fechando as mãos sobre sua
garganta.
Nenhuma quantidade de chutes e arranhões poderia arrancar aquelas
mãos dela. Lake começou a sentir a vida se esvair de seu corpo...
Lentamente…
Lentamente…
Tudo estava embaçado, sua força vital quase havia desaparecido. Lake não
conseguia ver nada, mas podia sentir algo mudando. A pressão do homem em
seu abdômen se foi, o aperto ao redor de sua garganta foi liberado e a
dormência em seu corpo começou a desaparecer.
— Lake. — Amo balançou suavemente o queixo.
Lake piscou para ele e se sentou rapidamente, agarrando a garganta.
— Você está bem? Onde estão as meninas? — Amo perguntou,
ajudando-a a sentar.
— Sim, estou bem. Estou bem! Elas estão no banheiro — falou com a
voz rouca. Tudo o que ela queria era que Amo se certificasse de que as
meninas estavam bem.
Quando ele se afastou, Lake finalmente foi capaz de absorver o que
acontecia nos arredores. Nero já estava na porta do banheiro, chutando-a.
Amo estava bem atrás dele. Seus olhos se moveram, e o terror a preencheu ao
ver Vincent socar violentamente o homem até o rosto virar uma polpa, uma
pequena poça de sangue já se formando ao redor da cabeça.
Seu olhar se voltou para Lucca subindo as escadas.
— Não se atreva a matar esse filho da puta. — Lucca puxou Vincent, que
ainda estava em posição de combate.
Seus olhos selvagens finalmente encontraram os dela, a arrepiando toda.
Enquanto se aproximava dela, a aparência de Vincent lentamente suavizou.
Ele caiu de joelhos na frente dela.
— Baby, por favor, não tenha medo de mim.
Lágrimas inundaram seus olhos, o horror do que passou finalmente
cobrando seu preço.
Seu abraço quente a rodeou, e Lake relaxou contra sua pele. Ela estava
finalmente em segurança.
Ouvindo passos novamente, um homem de terno que ela não tinha visto
antes subiu as escadas segurando um bastão.
— Porra, cara. Ele pegou o Al. Eles deveriam estar fazendo a limpa,
não... — Sua voz sumiu quando ele viu a cena com todas as garotas.
Lucca tirou o taco de suas mãos.
— Obrigado, Sal. — Em seguida, ele bateu com tudo na perna do homem
caído no chão.
O som de osso sendo obliterado em milhares de pedacinhos foi o pior
som imaginável. Lake cobriu as orelhas com as mãos, tentando abafar o
barulho enquanto enfiava o rosto com mais força no peito de Vincent.
— Chega! — Vincent gritou.
Lucca esmagou a outra perna com o taco.
— Porra! Chega! — Amo foi quem gritou dessa vez.
Lucca puxou o bastão para trás mais uma vez, como se fosse bater, mas
parou no ar, sua atenção indo para a cena no banheiro.
Lake ergueu a cabeça, vendo Elle na mesma posição que ela, embora nos
braços de Nero. Adalyn estava de pé, lágrimas no rosto e o queixo quase no
chão. Chloe ainda estava na banheira, com um olhar vazio no rosto enquanto
observava Lucca com o taco nas mãos.
Lucca apertou o taco.
Ela mal conseguiu virar a cabeça para trás antes que o som de osso sendo
esmagado cumprimentasse seus ouvidos uma última vez. Só quando ouviu o
taco bater no chão Chloe ergueu a cabeça.
Lucca respirou fundo, usando ambas as mãos para puxar para trás os fios
soltos de seu longo cabelo escuro.
— Agora sim, chega.
Lake engoliu em seco, imaginando quantos pesadelos ela não teria com
ele. O Bicho-Papão. Lake tinha ouvido Elle se referir a Lucca assim,
tomando o apelido como uma piada no início; naquele momento ela entendeu
perfeitamente que, na verdade, não era uma piada.
Adalyn foi a primeira a se mexer. Ela deu passos pequenos e muito lentos
até que finalmente passou por Lucca e correu para Lake o mais rápido que
pôde. Ela se sentou ao lado deles, agarrando Lake em um de seus apertos
mortais.
Vincent as abraçou, dando um beijo na cabeça de cada uma.
Adalyn começou a chorar novamente, interrompendo o abraço para
sacudir suavemente Lake.
— Eu deveria te matar pelo que você fez!
Todos ficaram em silêncio, olhando para ela.
— O que ela fez? — Vincent perguntou o que estava na cabeça de todos.
Não diga a ele! ela implorou com os olhos.
— Ela nos fez entrar no banheiro, mas decidiu pagar de fodona, não vir
junto e nos trancar lá dentro. — Adalyn a abraçou com força novamente.
Droga, Adalyn.
Lake abraçou a amiga de volta. Ela estava feliz que a última lembrança
dela chorando, tentando escapar da banheira, não seria a última.
Elle, que estava tentando despertar Chloe do choque, levantou-se e foi
para o quarto, mas parou para olhar para Lucca, que estava fumando um
cigarro.
— Não pense em me dizer para apagá-lo. Você não tem ideia de quantos
lances de escada eu acabei de subir. — A voz de Lucca estava fria.
— Eu não ia falar nada. — Elle rapidamente passou por ele, exatamente
como Adalyn tinha feito. Então repetiu o mesmo gesto de Adalyn, sentando-
se para dar um abraço em Lake. — Obrigada — ela sussurrou.
Lake a abraçou de volta, sabendo que Elle estava agradecendo mais por
salvar a vida de Chloe do que a sua.
— De nada.
Depois que Elle se levantou para voltar ao banheiro, Lake olhou para
Vincent. Estava escrito em todo o seu rosto que ele não gostou de como ela
arriscou a vida.
Finalmente, Amo e Elle conseguiram tirar Chloe da banheira.
— Vem, vamos te levar para casa. — Amo tirou o casaco, colocando-o
sobre os ombros dela e tomando cuidado para não tocar nela.
Chloe apertou o casaco contra si enquanto começava a andar com Amo.
Lake viu o agradecimento silencioso que Amo tinha dado a ela. Ela viu o
olhar aterrorizado nos olhos de Chloe ao passar por Lucca. Ela viu a fúria de
Lucca olhando de volta.
Amo e Lucca eram duas pessoas diferentes lutando por uma garota
quebrada. Amo mudava quando estava perto de Chloe, tornando-se um
homem melhor. Lucca, no entanto, não mudava, mostrava a ela exatamente o
homem que ele era.
— Sal, leva Adalyn para casa? — Vincent perguntou, tentando quebrar a
tensão no ar.
— Claro — ele respondeu.
Adalyn deu um último abraço em Lake e Vincent antes de se levantar.
— Hum, ele tá morto? — ela perguntou, apontando para o elefante
branco na sala.
Lucca jogou a ponta do cigarro em cima dele.
— Não, eu preciso dele vivo.
Isso não é nem um pouco assustador…
Adalyn fez uma careta.
— Um “não” teria sido suficiente. — Então ela rapidamente se mandou.
Sal riu, indo atrás dela.
Vincent então se levantou do chão, ajudando Lake.
— Ele disse alguma coisa? — Lucca perguntou, mexendo em seu Zippo
para acender a ponta de outro cigarro entre os dentes.
Lake levou um momento, pensando.
— Ele só perguntou onde ela estava.
— Maria ia vir, mas ficou doente — Nero revelou a Lucca.
Era exatamente sobre isso que Lake pensava que o intruso estava falando.
Ela e Elle eram as novas namoradas dos soldados. Ninguém ousaria cagar no
pau da máfia por elas.
Lucca levou um longo golpe.
— Eu vou passar esse filho da puta.
— Ah, tem uma arma no closet — ela apontou.
Vincent rosnou, pegando sua mão.
— Me avisa se o filho da puta abrir a boca.
A fumaça encheu o ar enquanto Lucca exalava.
— Ele vai.
Lake tentou não pensar se o homem merecia o destino que o esperava
enquanto todos desciam os degraus. Ninguém merece a brutalidade de Lucca.
Saindo pela porta quebrada e indo rumo à de Vincent, logo ao lado, Lake
fez menção de entrar quando Nero a parou, puxando-a para um abraço
apertado.
— Obrigado por mantê-la segura.
— De nada, Nero. — Ela o abraçou de volta assim que o choque passou.
— Vejo você amanhã, Elle? — Lake sorriu para ela.
Elle sorriu de volta.
— Si…
— Não força a barra — Nero disse a Lake, pegando a mão de Elle e
voltando pelo corredor com pressa. — Ela vai estar ocupada.
O quê…? A mão de Lake foi agarrada enquanto ela observava Nero e Elle
descerem pelo corredor; nesse momento Lake foi puxada, a porta se fechando
logo atrás dela. Seu corpo foi então empurrado contra a parede enquanto
mãos trêmulas corriam para cima e para baixo em seu corpo.
— Por que diabos você fez aquilo? — Os lábios de Vincent pousaram
sobre os dela, beijando-a avidamente, como se estivesse morrendo de fome.
Eu só fui lá e fiz.
— E-eu... — Lake tentou falar através do beijo, mas não conseguiu. Não
sabia o que dizer, e Vincent não estava facilitando as coisas, mal dando
tempo suficiente para respirar.
Ele começou a beijar seu rosto e depois a descer até o pescoço, tomando
cuidado para não encostar no galo que já havia começado a se formar.
— Por quê?
Lake tentou não mostrar o susto que levou ao ouvir quão áspera a voz
dele estava em seu ouvido.
— Eu não podia deixar que elas se ferissem.
O grunhido baixo de Vincent a arrepiou enquanto suas mãos desciam
para sua calça jeans, desabotoando-a rapidamente e puxando-a para baixo
junto com a calcinha.
Olhando em seus olhos, ficou claro que Vincent estava tão assustado
quanto ela. Ela tinha certeza de que assistir alguém estrangular a pessoa que
você ama devia ser difícil, e Lake estava feliz por não ter sido o alvo disso.
No entanto, ela estava com medo dele, do lado perigoso de Vincent, que
nesse momento estava ali, na superfície.
— V-Vincent…
Ele a beijou novamente, dessa vez com mais ternura. Ainda era rude, mas
a beijou por ela dessa vez, não por ele, dando a Lake o que ela precisava no
momento.
A maioria de seus medos diminuiu quando o beijo se aprofundou, a
língua dele começou a fazer todas as coisas que faziam seu corpo arder como
louco. Lake o ajudou tirando os sapatos e as calças, o desejando também.
Abrindo o zíper de suas próprias calças, o pau duro foi liberado, e
Vincent não esperou mais um segundo para pegá-la e em seguida deslizá-la
rumo à sua ereção.
Lake agarrou seus ombros e passou suas pernas ao redor do corpo de
Vincent, gritando contra seu ombro, chocada com a velocidade com que ele
conseguiu a penetrar.
Ele só esperou um momento antes de encostar as costas dela contra a
parede e começar a bombar dentro e fora de sua boceta quente e molhada
com movimentos curtos e rápidos, segurando-a pela bunda.
Houve uma leve dor no início, Lake não estava acostumada com a
aspereza, mas seu corpo reagiu ao dele. Seus mamilos ficaram rígidos, e sua
boceta e sua bunda formigavam cada vez que ele se chocava contra ela. Lake
apertou suas paredes internas no pau dele e fincou os calcanhares na bunda
dele mais profundamente enquanto Vincent metia descontroladamente.
A voz áspera de Vincent voltou ao seu ouvido, soando ao mesmo tempo
cheia de prazer e de dor.
— Baby, você nunca mais faça isso.
Lake gemeu alto, deixando a cabeça cair para trás quando sentiu os
primeiros sinais de seu orgasmo. Não havia resistência ou duração. Ela nem
sabia se iria sobreviver a ele. Passar de quase ser assassinada para aquilo só
intensificou ainda mais a foda já intensa.
Vincent enfiou o pau em sua boceta mais rápido.
— Você entendeu? — ele questionou.
— Sim! — Seus sussurros se transformaram em gemidos, ela queria que
ele diminuísse a velocidade. No entanto, quando ele gozou dentro dela,
manteve o ritmo áspero. Vincent começou a assustá-la novamente, estando
mais perto do que nunca daquele lado muito sombrio de si mesmo.
Lake sentiu como se seu corpo a tivesse traído, desfrutando da aspereza
de Vincent contendo seu clímax até que o dele finalmente chegasse ao fim.
Sua respiração estava pesada, e ela pensou que seu coração fosse saltar para
fora do peito enquanto ele a segurava ali, tentando acalmá-la. Lake estava
com medo de se mexer ou mesmo pensar, sem saber se a versão boa ou ruim
de Vincent a estava segurando.
Vincent deixou a parede suportar a maior parte de seu peso. Dessa forma,
ele poderia puxar o cabelo dela para que olhasse para ele.
Ela engoliu em seco, com medo de encontrar aquele olhar novamente.
Lake não esperava ver olhos azul-bebê lacrimejantes olhando para ela.
Ela instantaneamente amoleceu novamente, incapaz de vê-lo ferido.
— Eu sei que sou um fodido do caralho, mas estou tentando tanto manter
essa parte minha longe de você — Vincent sussurrou para ela com a voz
rouca, segurando-a mais apertado contra si. — Lake, eu te amo. Você nunca
vai entender o quanto eu te amo.
O beijo suave em seus lábios combinado com suas palavras fez o coração
de Lake doer.
Acho que estou começando a entender.
Dante girou o líquido escuro em seu copo enquanto olhava para seu filho
Lucca abrindo e fechando o isqueiro.
— Por favor, me explica por que diabos acabei de recolher um dos meus
homens do chão e como esse filho da puta conseguiu chegar perto o
suficiente para possivelmente matar minha filha.
O elevador estava programado com dois códigos secretos: um para levá-
lo ao cassino no porão e outro para levá-lo ao topo, onde ficava o escritório e
os quartos para seus homens. Os botões daquele andar não existiam, porra,
então ninguém poderia simplesmente apertar um botão e, “puf”, brotar onde
não devia.
Lucca continuou a acender o isqueiro enquanto falava.
— Suponho que Al pensou que poderia lidar com isso sozinho, já que não
alarmou mais ninguém na sala de segurança. Quando alguém percebeu o que
estava acontecendo, eu já tinha chegado ao apartamento de Nero.
Dante tomou um gole. Estúpido filho da puta. Al sempre foi um idiota
arrogante, mas ele tinha sido um de seus melhores homens na sala de
segurança, e foi por isso que ele especificamente ficava de olho no elevador e
nos corredores no topo.
— Como o filho da puta conseguiu entrar no elevador?
— Ele tinha a chave do quarto, então Joe o deixou passar.
Dante sabia a resposta de Lucca antes de ouvi-la, mas precisava perguntar
de qualquer maneira.
Inclinando-se para trás em sua cadeira, olhou para seu confidente Vinny,
que ainda não havia falado uma palavra. Sabia o que estava em sua mente.
Estava em todas as suas mentes.
— Ele é da máfia, não é?
Lucca começou a enrolar o isqueiro entre os dedos.
— Pela aparência dele, sim.
Porra. O filho da puta não era um Caruso, então isso significava que ele
pertencia a uma família diferente.
— É a segunda vez que um Luciano veio atrás de mim.
Vinny finalmente quebrou o silêncio.
— Tenha cuidado, Dante. Temos mais a perder desta vez se uma guerra
acontecer.
Dante bateu as mãos na mesa.
— Ele foi atrás da porra da minha filha!
Ele respirou fundo, acalmando-se para tentar pensar no assunto
logicamente. Fazia muito tempo desde que sua família de sangue havia sido
atacada, e ele estava muito envolvido na situação para enxergar tudo
claramente. Independentemente disso, seu consigliere estava certo. Depois
que Dante se tornou o chefe, a família ficou mais rica, mais bem-sucedida.
Ele precisava de uma maneira de provar as acusações contra a família
Luciano. Se ele sequer mencionar a tentativa de dar um golpe nele, poderia
ser motivo de guerra por desonra de nome. Uma guerra que poderia matar
toda a sua família.
Eles estavam em paz há anos, mas era óbvio que os Luciano estavam
ficando zangados por terem pouco. A última guerra entre as famílias foi
brutal, até que os Luciano finalmente fizeram um acordo para viver
pacificamente com uma pequena porção de Kansas City. Quando Dante
assumiu sua parte da cidade, eles prosperaram muito, enquanto os Luciano
lentamente destruíram a deles.
Dante tomou outro gole.
— Como diabos eu devo provar alguma coisa se o cara morreu? — Ele
não podia provar nada quando os filhos da puta do Luciano que entravam em
seu hotel-cassino apareciam mortos todas as vezes.
Lucca fechou o isqueiro.
— Ele não morreu.
— Você não o matou dessa vez?
— Não, ainda não. — Lucca se levantou, indo até a porta.
Isso certamente mudaria as coisas. Ele iria responsabilizar Lucca pela
noite.
— Bom, limpe essa porra de bagunça.
Lucca assentiu enquanto passava pela porta, e Dante pôde ver que ele já
havia planejado fazer exatamente isso. Não importa o que fosse aquilo, não
era negócio para Lucca. Era algo totalmente pessoal. Isso não deveria tê-lo
chocado, considerando que Maria era sua irmã, mas Lucca não era de se
importar com nada depois de aprender que amar só causava dor.
Dante tinha visto aquele olhar em seu próprio rosto uma vez antes. Tipos
de vingança pareciam ser diferentes em pessoas diferentes, mas sempre havia
uma vingança que era igual às outras.
Uau...
Ao acordar no dia seguinte, a garganta de Lake estava dolorida, e Vincent
não estava ao lado dela, piorando a sensação. À medida que a sonolência
passava, ela se lembrava dele a beijando em algum momento antes de dizer
que precisava cuidar de algumas coisas. Lake entendia. Ela sabia que Vincent
precisava lidar com o que tinha acontecido no dia anterior. Quanto mais
pensava nisso, mais feliz ficava por estar sozinha.
O pensamento de Vincent transando com ela daquele jeito, a apenas um
passo da porta, ainda a deixava toda arrepiada. Enquanto alguns arrepios
eram de medo, outros eram de tesão. Lake estava certa; cada vez que eles
fodiam, tornava-se mais intenso, e o controle que Vincent tinha sobre seu
lado sombrio diminuía.
O que diabos aconteceu? Foi como se…
Lake honestamente nem conseguia comparar a situação com qualquer
outra, mas sabia que aquilo não era parecido com o que imaginava a respeito
de sexo.
Saindo da cama, ela levou seu tempo no banheiro, banhando-se
preguiçosamente na banheira para afastar a dor do corpo. Quando ela saiu, se
sentiu cem por cento melhor. Bem, quase.
Seus pensamentos sobre como Vincent a tinha comido ainda pesavam em
sua mente. Lake estava assustada, simples assim. Ela estava com medo de
amá-lo. Certamente estava com medo dele. Acima de tudo, Lake estava com
medo de transar com ele novamente.
Ela rapidamente vestiu um roupão que estava pendurado atrás da porta,
amarrando-o na cintura. Abrindo a porta do banheiro, não o viu a princípio,
mas quando o encontrou, Lake levou a mão ao peito, morrendo de medo.
Olhando para o homem sentado na cama, ela fechou mais o roupão com
as mãos trêmulas enquanto ele a olhava de cima a baixo.
— O-o que você…?
— Sente-se, querida — Lucca ordenou a ela.
Lambendo os lábios muito secos, ela se moveu lentamente, a voz dele a
obrigando a fazer o que era pedido. Depois do dia anterior, Lake realmente
não queria provocá-lo. Nunca mais, se ele me deixar viver.
Ela se sentou suavemente na cama, mantendo o rosto reto para a frente.
Lake tinha visto o suficiente de sua aparência esfarrapada para saber que a
noite dele deve ter sido longa. Cada palavra que saísse de sua boca teria que
ser precisa.
— Por mais que eu goste de você finalmente ter entendido que deve ter
medo de mim, pode relaxar. Eu nunca te machucaria.
Sua voz ainda soava fria, então Lake teve de olhar para ele para ver se
estava dizendo a verdade. Ele…
Lake balançou a cabeça.
— Não?
Algo lhe dizia que Lucca Caruso não riscava ninguém de sua lista de
“vou matar se me der na telha”. Ela tinha certeza de que até o nome de seu
irmão Nero não estava riscado.
Lucca agarrou seu queixo com o polegar e o dedo indicador, a impedindo
de se mover.
— Não, eu não machucaria. Eu te dou minha palavra.
Sendo forçada a olhar em seus olhos insanos, ela podia ver o sol das
janelas realçando mais o verde do que o azul.
— É por causa da Chloe, não é?
Lucca a encarou por um momento, ignorando sua pergunta.
— Por que você fez aquilo? Arriscar sua vida pela delas?
Lake viu que ele se esforçava para entender seus motivos. Os sentimentos
e emoções que ela possuía eram muito diferentes dos dele, mas Lake podia
ver além de sua máscara sem emoção o suficiente para entender que
compartilhavam os mesmos sentimentos sobre Chloe.
— Acho que nós dois sabemos por que eu não podia deixá-la se
machucar.
Lucca olhou para ela por mais um segundo antes que a pressão
aumentasse ligeiramente em seu queixo. Então a soltou.
— O que você fez foi estúpido. — Seu comportamento frio voltou.
Graças a Deus. Ela estava grata por finalmente poder desviar o olhar.
— Eu sei. Eu já ouvi esse discurso de Vincent, então pode poupar a
saliva.
Se voltasse no tempo, Lake com certeza faria de novo.
Lucca rapidamente se aproximou mais, olhando de cima, agarrando o
queixo de Lake com mais força desta vez e virando levemente a cabeça dela
de um lado para o outro.
— Ele tem sorte, mas sei que ele ainda não te danificou.
Lake estava com muito medo para que suas palavras fossem absorvidas.
— Se você sentir vontade de falar com Dante novamente, não vá até ele.
Venha falar comigo.
Lake assentiu, sabendo que era o que ele queria.
Lucca soltou o queixo dela uma última vez.
— Estou te devendo uma. Seja o que for ou quando for, basta me pedir, e
farei o que puder por você.
Ela mordeu o lábio inferior.
— Qualquer coisa?
— Qualquer coisa, querida. De matar uma pessoa a permitir que você
desapareça... — Sua voz arrepiante foi diminuindo enquanto ele descia as
escadas. Logo saiu pela porta.
Piscando, Lake se perguntou se o encontro deles foi mesmo real. Apenas
os leves calafrios que ainda formigavam em seu queixo, onde Lucca a havia
tocado, provavam sua existência. Sua leve caminhada pelo lado sombrio de
Vincent fez com que pensasse em Lucca de uma forma um pouco diferente.
Puta merda.
Ainda não me danificou? Lake finalmente conseguiu parar de pensar no
encontro como um todo quando as palavras de Lucca começaram a ressoar
em sua mente. Ainda não me danificou! Isso só a fez sentir mais medo de
Vincent, entendia que ele estava lentamente ganhando poder sobre seu corpo
e mente.
Ela tentou se concentrar nas outras partes do encontro. Sim, em como ele
está me devendo um favor! Pensar que Lucca se importava o suficiente para
lhe fazer algo assim a surpreendeu, assim como quando ele dissera para ir até
ele em vez de ir encontrar Dante. Lucca basicamente disse que sua porta
estava sempre aberta se ela precisasse, mas Lake não sabia se teria coragem
de fazer isso depois daquele dia.
De matar uma pessoa a permitir que você desapareça... Essas palavras
vieram à mente novamente. Ele estava lhe dando uma saída, e ela sabia disso.
Lake poderia virar de costas e nunca mais olhar para trás.
Mas sei que ele ainda não te danificou.
Lake gritou quando seu celular tocou, os pensamentos a deixando
constantemente assustada.
Ela pegou o telefone rapidamente sem olhar para o identificador de
chamadas e falou um “alô” trêmulo.
— Lake! Meu bebê... meu bebê... — sua mãe gritou ao telefone.
Ela segurou o telefone com mais força, com medo por sua mãe.
— Mãe, o que houve? Você está bem?
— Não, é John. Ele só... — Ela parou por um momento. — Você poderia
vir me buscar? Ele foi embora e pegou minhas chaves. Eu preciso sair e ir
para um quarto de hotel antes que ele... antes que ele me mate.
Sua mãe estava histérica.
Lake correu para o closet para se vestir.
— Estou indo, mãe. Chego aí em breve.
— Obrigada, bebê. Não conte ao seu pai, ao Vincent, ou a ninguém. Eles
vão matá-lo. Eu não quero que ele seja assassinado.
Ela mordeu o lábio, considerando o pedido.
— Ok, já chego aí.
A chamada terminou, e seu ouvido encontrou o silêncio.
Lake se vestiu o mais rápido que pôde, pegando a última roupa limpa da
pequena pilha que havia levado para Kentucky. Se ela ia ficar com Vincent,
precisaria ir à casa de seu pai para pegar algumas roupas. No entanto, isso
imediatamente foi deixado de lado, como sempre acontecia quando algo
importante surgia. Estas últimas semanas tinham sido realmente um absurdo.
Correndo escada abaixo, ela olhou para as chaves do carro de Vincent
sobre a mesa. A adrenalina estava a mil. O que devo fazer?
Primeiro, ela teve sorte de que eles não estivessem lá. Vincent claramente
ainda estava no hotel, ou então tinha saído acompanhado dos outros caras.
Lake entendia o receio da mãe. Foi por isso que nunca contou a ninguém
sobre John, com medo de que eles matassem a mãe também.
Olhando para as chaves do carro, ela sabia que Vincent ficaria puto por
ela ter ido embora. Ele a havia avisado para nunca mais fazer isso, mas ela
estava pensando em fazer exatamente isso.
Mas sei que ele ainda não te danificou.
Lake pegou as chaves do carro, determinada a provar que não seria
quebrada.
Vincent não foi capaz de passar o dia como queria — em sua cama com
Lake. Ele queria muito, ainda mais considerando que quase a tinha perdido
no dia anterior.
Ele não se lembrava de nada depois que subiu as escadas e viu um filho
da puta enforcando Lake. Tudo ficou preto, até que enxergou o rosto
assustado de Lake. Quando se aproximou dela lentamente, o bem que havia
nele lutou contra o mal.
Quando finalmente conseguiu ficar sozinho com ela, precisou senti-la.
Vincent precisava tê-la em volta dele, e foi quando a guerra interna começou.
Ele nunca tinha transado assim em toda a sua existência, precisando tanto de
alguém naquele instante a ponto de ambas as versões dele a desejarem
igualmente. A bondade a comeu, e a maldade finalmente teve sua chance de
fazer isso também. Uma vez que atingiu seu orgasmo, ele finalmente manteve
o controle necessário para afastar a escuridão novamente. A escuridão
finalmente teve seu gostinho, e queria mais, muito mais.
Eu não deveria ter feito isso.
Vincent estava com raiva de si mesmo por tê-la tratado daquela maneira,
sabendo que ela ficara assustada no final, mas não conseguiu parar. Não teve
como. Ele deveria ter se acalmado e se controlado antes de tocar nela. Foi aí
que eu fiz merda.
Lake merecia mais do que aquilo depois do que tinha feito. Ela não
merecia viver uma vida com medo. Vincent nem sequer a merecia, porra. Ele
sabia que deveria deixá-la ir ao final do verão. No entanto, como disse a ela
na noite anterior, sou todo fodido.
Vincent respirou fundo, alisando o cabelo. Realmente não era o dia para
ser um homem da máfia. Estava se questionando muito sobre como diabos
tudo aquilo tinha acontecido. Ele não sabia nada além do óbvio, já que Lucca
estava lidando com a situação. Quando ou se descobrissem todos os detalhes,
ele não saberia. Vincent ainda era apenas um soldado, independentemente de
quem fosse seu pai, e era por isso que ele tinha que passar o dia trabalhando
nos novos detalhes de segurança.
Os códigos foram todos alterados e entregues apenas a certos homens da
família. Havia também um novo guarda no último andar ao lado do elevador.
Eles nunca exigiram um guarda lá, já que havia vigilância. Além disso, para
chegar ao escritório de Dante, você tinha que seguir pelo longo corredor e
depois entrar na sala de segurança com as TVs e os guardas, e então você
poderia finalmente entrar no escritório dele. Isso para não mencionar que era
necessário ser um idiota completo por querer entrar no elevador dele e digitar
o código. No entanto, alguém ainda tinha feito isso e conseguiu afastar Al
dali.
Vincent deslizou seu cartão pela porta, ansioso para ver Lake novamente.
Ele tinha odiado deixá-la sozinha, não queria que algo como a noite anterior
acontecesse novamente. Se não fosse pelo trabalho e pelo novo guarda, ele
não teria saído.
Subindo rapidamente as escadas quando não a encontrou lá embaixo,
sentiu um déjà-vu quando viu que Lake não estava lá. Porra, não, não, não!
Era como se ele soubesse que ela não estaria no banheiro.
Vincent pegou o telefone, ligando para ela rapidamente. Assim como da
última vez, foi direto para o correio de voz. Correndo escada abaixo, notou
que suas chaves haviam sumido. Ela o havia deixado descaradamente.
Saindo pela porta e descendo o corredor, ele parou na frente do guarda.
— Uma garota de cabelo castanho-claro…
O guarda o interrompeu.
— Alta e gostosa? Sim, ela saiu daqui mais cedo hoje.
Vincent flexionou a mandíbula.
— Quando? Ela disse alguma coisa? Você notou alguma coisa?
— Acho que algumas horas atrás. Ela apenas parecia estar com uma
pressa do caralho…
Vincent já estava correndo pelo corredor em direção ao escritório de
Dante, rezando para que Sal estivesse na sala de segurança para ajudá-lo a
descobrir onde ela tinha ido.
Porra, Lake!
Ele sabia que tinha algo terrivelmente errado acontecendo. Vincent
simplesmente sabia disso, como sempre quando se tratava de Lake. Vincent
não aguentava mais. Ela estava literalmente o matando toda vez que fazia
algo assim.
Por que ela faz isso comigo? Chegou em um ponto em que ele acreditou
que a garota gostava de fazer aquilo.
Os nós dos dedos de Lake bateram na porta da frente de sua mãe. Algo
parecia estranho, mas ela não tinha exatamente tempo para se preocupar com
isso, estava com medo de que John pudesse voltar a qualquer momento.
Quando sua mãe abriu a porta, Lake cobriu a boca ao ver sua aparência.
Puta merda.
— Mãe, você está…?
— Sim, sim, depressa. Entre. — Enlouquecida, a mãe rapidamente
agarrou seu braço, arrastando-a para dentro e trancando a porta atrás dela. —
Minhas malas estão lá em cima.
Ela continuou andando com sua mãe pelas escadas enquanto segurava seu
braço com bastante força. Sua mãe parecia um pouco selvagem, e seu instinto
gritava que tudo isso estava muito errado.
Quando sua mãe a conduziu pelo corredor que continha seu antigo
quarto, e não o de sua mãe, ela ficou confusa.
— Seu quarto é do outro lado.
— Eu tenho dormido na sala de ginástica. — A mãe colocou a mão na
maçaneta da porta.
Lake foi empurrada para dentro por sua mãe assim que ela abriu a porta, e
um tapa forte em seu rosto a fez cair no chão.
— Sua putinha, lixo de trailer do caralho. — John cuspiu no corpo dela.
Lake, sentindo-se atordoada pelo golpe, olhou para a mãe, que estava
com lágrimas nos olhos.
— Mãe, vá! — Então ela começou a chutar John quando ele tentou
agarrá-la.
John conseguiu esbofeteá-la com força na mesma bochecha.
— Sua merdinha estúpida, sua mãe não te ama. — Ele a agarrou pelos
cabelos, arrastando-a pelo chão. — Não fique aí parada; abra o sótão, vadia!
Ele parecia sem fôlego.
Pam começou a chorar enquanto puxava a corda e começava a abrir as
escadas.
Lake tentou lutar com ele enquanto as lágrimas começavam a escorrer
pelo rosto. Ela estava conseguindo vencê-lo, mas Pam se juntou a ele,
ajudando-o a puxá-la pelas escadas desdobradas.
— Mãe, por que você está fazendo isso? — Lake chorou, esperando que a
mãe voltasse a si. Os dois claramente tinham ido para o fundo do poço desde
a última vez que os viu.
— Sinto muito, querida. Ele me fez te trazer aqui. Eu não sei limpar e
cozinhar para ele direito.
— Sobe logo, caralho! — John gritou, sem fôlego.
Lake começou a subir rapidamente as escadas assim que John bateu sua
cabeça em um dos degraus. Ele iria matá-la se ela não escapasse. John não
estava em forma o suficiente para subir os degraus, e se Lake pudesse fugir,
poderia aproveitar o tempo que ele precisaria para recuperar suas energias.
John gritou enquanto ela subia as escadas:
— Eu sou seu dono, lixo de trailer! Você é minha, sua puta arrombada!
Seu pé quase ficou preso quando eles fecharam as escadas atrás dela.
Ficou deitada no chão, chorando enquanto o ouvia prender a escada de
alguma forma.
Mãe, por que você fez isso comigo? Ela se curvou em posição fetal. Eu
sou sua filha. Eu sou sangue do teu sangue! Ela soluçou tanto, que uma poça
de lágrimas começou a se formar no chão.
Lake desejou que tudo isso fosse um sonho, desejou desesperadamente
estar em casa. Porém o local que lhe veio à mente não era onde ela se sentia
em casa há anos. Em vez disso, a casa de seu pai foi substituída pela de
Vincent.
Lake chorou ainda mais, seus verdadeiros sentimentos estão finalmente
vindo à tona. Eu prometo, nunca mais vou fugir de você. Por favor, me salve.
O fato de que ela orou para que Vincent a salvasse em vez de Deus provou
que seus sentimentos eram verdadeiros.
Ela apertou os olhos, fazendo outro fluxo de lágrimas cobrir seu rosto.
Eu te amo, Vincent.
A viagem de carro foi longa, e ele estava morrendo de vontade de sair
correndo quando Amo parou no longo caminho privado.
Sal rapidamente vasculhou seus registros telefônicos e viu que a mãe de
Lake havia ligado. Não foi preciso pensar muito para descobrir onde ela
estava.
Quando o sol começou a se pôr, Vincent esperou que não estivesse
atrasado. Eu não estou. Vincent estava se recusando a acreditar em outra
coisa além de que ia encontrar Lake sã e salva. Então ele iria levá-la para casa
e ter certeza de que Lake nunca mais ia fugir novamente. Ele tinha chegado
ao fim de sua paciência com ela, e Lake finalmente iria aprender o que era
preciso para amar um homem da máfia.
Amo estacionou o carro, e Vincent saltou, indo para o porta-malas. Ele
viu faróis aparecerem logo atrás, um carro estacionou atrás do de Amo.
Depois que ele e Amo tiraram alguns itens do porta-malas, ele o fechou e
se virou para ver Nero e Maria esperando. Ele falou rapidamente, doido para
entrar na casa.
— Eu não dou a mínima para o que eles fizeram, vocês não têm
permissão para matar esses dois filhos da puta. Eu tenho. Maria, eu preciso
que você cuide daquela vagabunda da Ashley se ela estiver aqui.
Ashley tinha apenas dezessete anos; portanto, a regra de não matar
menores de idade ainda estava de pé. Maria é a nossa porra de brecha.
Quando todos concordaram com a cabeça, Vincent seguiu para a casa
com eles no encalço. Esgueirando-se até a residência, se agachou perto dos
arbustos, olhando para a porta da frente. Seus olhos então seguiram os saltos
agulha de Maria enquanto eles faziam barulho na calçada até ela chegar à
porta da frente.
Maria acertou suas ondas loiras perfeitas um pouco antes de bater.
Vincent reconheceu alguém tentando sorrateiramente espiar pelo canto de
uma janela antes que as cortinas se fechassem rapidamente, e então ouviu um
farfalhar na porta. Idiota.
A porta se abriu apenas ligeiramente, a corrente visível.
— Posso ajudar? — uma voz viscosa falou através da porta.
— Olá. Desculpe incomodá-lo, senhor, mas usei sua entrada para dar a
volta e meu carro quebrou. Queria dizer que estou bloqueando sua entrada, e
vai levar algumas horas até que o guincho chegue aqui. Eu só queria que você
ficasse ciente e peço desculpas se isso for um incômodo. — Maria girou nos
calcanhares para se afastar.
— Espere — a voz do outro lado da porta chamou.
Maria parou e se virou para encará-lo, sorrindo.
— Alguém vai te dar carona de volta para casa? Uma garota bonita como
você não deveria ficar esperando. — A voz soava cada vez mais viscosa.
Maria corou, virando ligeiramente a cabeça.
— Meu namorado só sai do trabalho daqui a uma hora. Ele deve levar
apenas trinta minutos depois disso para me pegar.
— Você gostaria de esperar aqui dentro? — Ele sorriu pela fresta da
porta.
— Ah, eu odiaria a...
A porta se fechou rapidamente, e então o som da corrente pôde ser
ouvido antes que a porta reabrisse, desta vez totalmente, revelando o homem
que Vincent estava mais do que pronto para matar.
— Entre e espere aqui dentro — John disse a ela, lambendo os lábios.
Maria riu.
— Bem, se você insiste.
Vincent, Nero e Amo se prepararam.
Dando um passo para dentro, Maria sorriu para John antes de sua mão
quebrar o nariz do homem em um golpe rápido.
Vincent correu rapidamente quando ouviu o som de ossos sendo
esmagados. Nero e Amo seguiram logo atrás, fechando a porta.
— Onde ela tá, caralho? — Vincent chutou o filho da puta no estômago
enquanto John ainda estava de pé segurando o nariz, o sangue começava a
jorrar.
Ele caiu para trás com um baque forte no chão. Então começou a rir
maniacamente.
— Aquele lixo do trailer tá morto!
Algo dentro de Vincent se partiu.
— Filho da puta, onde ela está? — Vincent começou a chutá-lo com toda
a força que podia.
Nero trouxe Pam, que estava escondida na cozinha, histérica.
Amo empurrou Vincent para trás, tentando acalmá-lo.
— Vá procurá-la, certifique-se de que ela está bem, e então você mata
esse filho da puta.
Ele assentiu algumas vezes, se controlando.
— Você tem razão. — Ele se dirigiu para as escadas, tentando manter
seus demônios afastados por um pouco mais de tempo. — Maria, vamos.
Ele e Maria subiram as escadas e viram uma espécie de poste mantendo a
escada fechada no teto. Porra! Ele correu pelo corredor, gritando para Maria
verificar se Ashley estava lá.
Vincent rapidamente moveu o poste para fora do caminho, o coração
pulsando no peito. Puxando para baixo a corda, ele desdobrou as escadas e
rapidamente se arrastou o mais rápido que pôde. A cada passo que dava, ele
repetia em sua mente, Por favor, fique bem. Por favor, fique bem. Por favor,
fique bem
O mundo parou quando viu Lake no chão frio e duro enrolada feito uma
bola. Seu coração se apertou em um nó quando ele estendeu a mão para ela,
as pontas dos dedos acariciando levemente o hematoma em sua bochecha.
— Lake... baby...
Lake deixou Vincent levá-la para fora da casa depois que ela prometeu
manter os olhos fechados. O normal de se pensar é que seria difícil não olhar,
mas foi bastante fácil quando ouviu o silêncio ensurdecedor e sentiu o cheiro
de gasolina. Uma vez que o ar frio da noite de verão atingiu seu rosto, Lake
sentiu como se fosse capaz de respirar novamente.
Nenhum deles disse nada ou olhou um para o outro até que ele a colocou
no banco traseiro do carro, dizendo que voltaria logo.
No momento em que ela começou a sentir o cheiro, as portas do carro
foram abertas. Amo e Vincent entraram, o cheiro de queimado entrando com
eles. Quando o carro começou a descer a longa entrada, Lake olhou pelo
espelho retrovisor para a fumaça e as chamas que cresciam.
Ver a casa onde sofreu diversas torturas pegando fogo deveria ser algo
difícil de não olhar. Ela imaginou que queimar junto da casa o que aconteceu
naquela noite era o melhor a se fazer. Pelo menos, quando ligasse o
noticiário, lesse o primeiro jornal ou ouvisse fofocas na cidade, ela nunca
saberia como eles tinham feito aquilo tudo.
Era por isso que era fácil para ela não olhar. Eu não quero saber como
eles morreram.
Lake caminhou pelo corredor atrás de Vincent. Durante todo o caminho de
volta, eles não trocaram uma palavra. Vincent nem uma vez chegou perto de
tocá-la ou mesmo de olhar para ela. Lake se pegou desejando ser tocada, ser
vista, a cada vez que olhava para Vincent, mas sabia que não deveria. Não
depois do que ele fez.
Quando ele abriu a porta, ela o seguiu, então ele os trancou. Vincent
caminhou até o sofá, sentando-se e colocando as mãos nas coxas, em silêncio
e olhando para o nada.
Lake ficou parada na porta, observando-o tomar seu lugar. O Vincent
sombrio sentado ali, daquele jeito, parecia assustador, mas ela não estava
com medo dele como costumava ficar. Não havia mais medo nela quando se
tratava de Vincent. Não há razão para existir. Ele mudou toda a sua vida por
ela, cuidou dela, salvou-a mais de uma vez, e por último, deu a ela múltiplas
oportunidades.
Lake sabia que ela não deveria ter saído por aquela porta sem dizer nada
a ele. Se eu tivesse feito, o dia de hoje teria sido muito diferente.
Lake caminhou até ficar perto da escada, sem desviar os olhos de
Vincent. Quando viu que ele não se moveu, ela continuou a entrar na sala.
Parou na frente dele, em seguida ficou de joelhos para poder encará-lo no
nível dos olhos. Olhando em seus olhos, era como se Vincent olhasse
diretamente além dela, como se Lake nem estivesse lá.
Mordendo o lábio, ela estendeu a mão, indo para o botão de cima da
camisa dele.
Vincent agarrou sua mão, segurando-a com força.
— Você não vai querer fazer isso agora — ele a avisou com um grunhido
baixo.
Ela moveu a outra mão para a camisa dele, apenas para ser agarrada
também.
— Estou tentando ser legal com você — ele grunhiu, afastando suas
mãos. — Vai. Para. A. Cama.
Olhando em seus olhos, Lake viu que estavam brilhando em um azul
feroz. Ela nunca os tinha visto brilhar assim antes, e isso só aumentou sua
aparência assustadora.
Você não me assusta mais.
Os olhos dela desceram até o peito dele. Vincent nunca a deixou tocá-lo,
explorar seu corpo, ou mesmo controlar o sexo. Ela sabia que era porque ele
não aguentava, tinha muito medo de que a escuridão saísse. Ela tinha
desistido de tocá-lo, com medo de encontrar esse lado também, não importa o
quanto ela quisesse. Mas naquele momento, Lake se sentou de joelhos na
frente daquela escuridão enquanto Vincent lhe dava a chance de fugir.
Mesmo a parte mais insana dele não queria tocá-la com as mãos sujas de
sangue. Ela podia ver o tormento disso escrito em toda sua expressão; Lake
queria que isso desaparecesse, para sempre.
Ela se aproximou, parando entre suas pernas, tomando cuidado para não
tocá-lo, embora suas mãos estivessem coçando para fazê-lo.
— Por favor, Vincent. Deixe-me tocar em você.
Vincent deu a ela um aviso final e frio:
— Encosta em mim e não vai ter como fugir até que eu termine.
Lake lambeu o lábio inferior, estendendo as mãos novamente. Dessa vez,
ela foi capaz de tocar no botão de cima dele, selando seu destino. Não tinha
como voltar atrás.
Ela soltou o primeiro e depois o seguinte, cada botão revelando mais e
mais dele. Buscando uma visão melhor, ela abriu a camisa, e seu olhar vagou
sobre o corpo duro e tonificado. Sua boca começou a encher d’água quando
suas mãos finalmente foram capazes de se espalmar em seu peito.
Ele é tão perfeito, que chega a doer.
Inclinando-se, seus lábios levemente beijaram sua pele, e então ela se
aproximou de um dos mamilos. Olhando para ele, Lake botou a língua para
fora. Quando Vincent não se mexeu, e apenas o menor indício de desejo
apareceu em seus olhos, ela se moveu mais para baixo, beijando e lambendo
seu abdômen. As mãos dela desceram pelo corpo dele até a parte de cima da
calça, abrindo o botão.
Vincent manteve as mãos nas coxas, sem tirar os olhos dela enquanto
Lake abria lentamente o zíper de suas calças. Quando seu pau duro saltou
livre, ela finalmente foi capaz de ver os sentimentos que ele estava
escondendo.
Agarrando levemente seu pau, ela quase esperou que Vincent finalmente
se mexesse. Quando ele não o fez, uma onda de desejo de agradá-lo percorreu
seu corpo, fazendo-a acariciá-lo para cima e para baixo.
Curvando-se, sua língua lambeu a ponta e girou em torno da cabeça do
pau. Tomando-o lentamente em sua boca, ela começou a chupar suavemente.
Foi quando pôde ouvir seu grunhido baixo em resposta. Ela começou a
chupar mais, e mais dele, os sons vindos de Vincent fazendo com que ela só
quisesse agradá-lo ainda mais.
Ao olhar para ele novamente, viu claramente o desejo em seus olhos, mas
ele ainda não havia movido um músculo. Lake o tirou de sua boca até que
apenas a cabeça estivesse entre seus lábios, esperando um momento antes de
encher a boca completamente.
Finalmente, as mãos de Vincent foram para o cabelo dela, fazendo-a
sorrir, e ela começou um movimento para cima e para baixo em seu pau.
Quando as mãos de Vincent começaram a apertar em seu cabelo, ela gemeu
em seu pênis, encontrando prazer em agradá-lo.
Segurando o cabelo com força, ele começou a mover os quadris, fodendo
sua boca.
Lake ficou atordoada no início, mas depois achou erótico enquanto ele se
movia para dentro e fora de sua boca. Ela relaxou a garganta, deixando-o
deslizar mais fundo, o que só o fez fodê-la mais rápido. Quando ele a soltou
para respirar, as chamas se espalharam por seu corpo. Lake olhou para ele e
lentamente começou a perder o controle. Isso foi apenas o começo, uma
amostra do que estava por vir, e seu corpo ardeu de ansiedade.
Lake ansiosamente o tomou de volta na boca, e ele começou a fodê-la
novamente. Ela sentiu o pênis pulsando e ficou surpresa quando ele a afastou.
— Tira as roupas e fica de quatro no chão — Vincent disse a ela
asperamente, agarrando seu cabelo mais apertado antes de soltá-lo.
Sua respiração estava pesada, seu peito subia e descia enquanto ela tirava
as roupas o mais rápido que podia. O calor e a necessidade entre suas pernas
eram quase dolorosos. Lake ficou de costas, fazendo o que Vincent pediu.
Por favor, anda logo. Ela sentiu como se fosse explodir enquanto aguardava
que ele finalmente a tocasse.
Ela o sentiu se mover, caindo de joelhos, o que tornou tudo ainda mais
torturante.
Vincent agarrou sua bunda.
— Eu esperei tanto tempo para foder você assim. — Passou a mão pelas
costas dela e empurrou sua cabeça contra o chão.
Com a bunda para cima, ela mexeu os quadris enquanto ele apenas
continuava a apertar sua bunda.
Curvando-se, ele deu uma mordida em uma das nádegas perfeitas,
fazendo-a levantar a cabeça em resposta.
— Mantenha a cabeça para baixo — ele ordenou.
Lake abaixou a cabeça, choramingando. Ela precisava de Vincent dentro
dela.
Sentir a cabeça de seu pau esfregando em sua boceta molhada fez com
que ela segurasse um grito, certa de que quase poderia ter um orgasmo se ele
fizesse isso de novo.
Ele parou de esfregá-la com seu pau, removendo-o completamente de sua
abertura.
— Não segure mais seus gritos ou gemidos. Eu quero ouvir você gritar
por mim. — Ele pressionou o pau contra sua abertura. — Entendeu?
— Sim! — Lake gritou quando voltou a seguir seu toque. Ela não
recebeu nenhum estímulo físico, mas sentiu como se pudesse atingir o
orgasmo a qualquer segundo.
— Boa menina. — Ele bateu em sua bunda antes de agarrá-la rudemente.
— Me fode, por favor — ela gemeu, as palavras escapando
inconscientemente enquanto mexia os quadris para trás, esperando que o
pênis entrasse.
Vincent dizendo aquele “boa menina” a deixou louca. Ele não a chamava
assim há muito tempo, e isso só acrescentava mais desejo à parte dentro dela
que queria desesperadamente agradá-lo.
Ele agarrou seus quadris, acalmando-a.
— Se você fugir de mim, arriscar sua vida ou fizer qualquer coisa
estúpida de novo, essa sensação que você tem agora, de querer que eu te foda,
será sua punição.
Lake quase levantou a cabeça e gritou de prazer quando ele deslizou o
pau rapidamente, com força, preenchendo-a completamente. Apenas o medo
de Vincent se afastar a manteve com o rosto para baixo.
— Faça isso de novo, e da próxima vez meu pau não vai entrar na sua
boceta apertada. Entendeu? — Vincent a manteve imóvel e não se mexeu
nem um pouco dentro dela.
— Sim! Sim! Sim! — Ela estava praticamente chorando, querendo trepar
com ele incontrolavelmente e obter o alívio que estava morrendo de vontade
de receber.
A mensagem foi alta e clara. Foi torturante o suficiente. De jeito nenhum
ela poderia sobreviver a Vincent não a comendo.
— Boa menina — ele murmurou, em seguida tirou o pau de dentro dela,
apenas para meter de novo, e de novo.
Era indescritível o prazer que ela sentia a cada entrada agressiva em sua
boceta. Lake acompanhou o ritmo dele, empurrando os quadris para trás,
sendo mais ativa pela primeira vez, o que tornou tudo mais prazeroso.
Ele agarrou seus quadris com ainda mais força, fodendo-a mais rápido e
não segurando nada desse seu lado como costumava fazer.
Uma nova onda de prazer se espalhou sobre o corpo de Lake por causa da
velocidade aumentada, levando-a mais perto do limite para seu clímax, mas
ele continuou a fodê-la, não lhe dando nenhum alívio. Toda vez que ela
estava prestes a atingir o orgasmo, ele se afastava e a penetrava duramente
algumas vezes, começando tudo de novo.
— Porra! Por favor, me deixa gozar! — Lake gritou, se pressionando
contra Vincent com mais força.
Vincent levou as mãos aos seios pequenos e a puxou para cima com
força, até que as costas dela estivessem contra seu peito. Uma de suas mãos
foi até o queixo dela, virando o rosto para o lado, para que ela pudesse
encontrar seus olhos.
Um grunhido baixo escapou de sua garganta.
— Você é minha, Lake.
Ao olhar nos olhos dele, Lake soube exatamente o que ele queria, mas em
vez de dizer, mexeu os quadris, fazendo o pau se mexer dentro de si.
— Diga — ele rosnou, mais alto dessa vez, segurando-a ainda e não
dando a ela o alívio que buscava.
Tantas pessoas possuíram Lake, e finalmente quando ninguém mais a
mantinha presa, Vincent pedia que ela se submetesse a ele. Era a única coisa
contra a qual ela havia lutado.
— Eu sou sua — Lake sussurrou para Vincent e para si mesma. Deixou
transparecer através de seus olhos para que ele acreditasse e não pensasse que
estava dizendo isso apenas para que ele terminasse de fodê-la. — Eu sou sua
— ela sussurrou para ele novamente com evidente necessidade em sua voz.
A boca de Vincent reivindicou a dela em um beijo possessivo antes que a
fizesse se curvar de novo.
— Você é minha — disse, agarrando seus ombros para meter nela com
mais força.
Com apenas algumas estocadas, ela gemeu livremente, seu corpo
oscilando com as ondas que a arrebentavam em um mar de prazer e alívio.
Sua cabeça tombou de volta ao chão, seu corpo finalmente ficando mole
por tudo que ela passou naquele dia.
Vincent prendeu a respiração e foi pegá-la, embalando-a em seus braços
enquanto subia as escadas.
Quando sua cabeça encostou no travesseiro, Lake estava tão exausta, que
não percebeu que Vincent não se deitou ao lado dela, até que ouviu o
chuveiro. Ela cochilou por algum tempo, mas acordou quando o colchão
afundou ao seu lado. Ela esperou que ele a abraçasse, e então se sentiu
magoada quando ele não o fez, assim como antes.
Virando-se, ela o encarou, vendo que a escuridão ainda reinava.
— Eu não gosto quando você não encosta em mim — ela confessou a
Vincent.
— Você ainda quer que eu encoste em você? — ele perguntou, parecendo
surpreso.
O coração de Lake se apertou com a percepção de que o pior lado dele
era um pouco inseguro.
Lake se aproximou um pouco mais dele para que Vincent pudesse abraçá-
la facilmente.
— Sim.
Quando ele ainda não a tocou, ela sussurrou outra confissão:
— Eu te amo, Vincent…
Ele se desmanchou, tocando seu rosto antes de trazê-la para perto de seu
corpo nu.
— Droga, baby, você não deveria.
— Eu amo. Eu amo tudo em você. — Ela relaxou debaixo dele,
entregando-se de corpo e alma.
Eu te amo tanto, que você nunca vai entender.
— Aonde você vai? — Lake passou os braços em volta do pescoço de
Vincent, impedindo-o de amarrar a gravata.
Ele agarrou sua bunda, levantando-a do chão e fazendo-a passar as pernas
em volta de sua cintura.
— Eu tenho que ir trabalhar. Você ainda não cansou de trepar comigo?
Lake tinha sido comida por Vincent impiedosamente por dois dias
seguidos. E, porra, não, eu não estou cansada disso ainda. Embora ela não
achasse que Vincent precisava saber disso.
Ela mordeu o lábio inferior dele.
— Um pouco.
Seus olhos brilharam para ela, mas o som de batidas o fez rosnar.
— Você tem sorte de ele estar aqui; caso contrário, eu iria te botar de
quatro e bater nessa tua bunda.
Ahn, por favor?
Depois que Vincent a colocou de volta no chão, agarrou a mão dela e
começou descer pelos degraus enquanto Lake afastava a imagem sexy da sua
mente.
— Quem é?
Vincent lhe deu um de seus beijos quentes que sempre faziam Lake
esquecer tudo o que estava pensando.
— Eu estarei de volta hoje à noite, e não pense que eu não vou te dar uns
tapas por isso quando eu voltar. — Ele a deixou toda acesa na sala de estar
enquanto ia abrir a porta.
— Espera, você não... — Lake virou a cabeça e viu seu pai parado na
porta. Lágrimas começaram a encher seus olhos. Ela não o via havia um
tempão.
Correndo em direção a ele, Lake começou a chorar quando finalmente
conseguiu abraçá-lo novamente.
— Eu senti tanto sua falta.
— Eu também senti, guria.
Vincent se aproximou da porta, pensando nos dois melhores dias de sua vida.
Ele nunca teria sonhado, em um milhão de anos, que uma garota poderia
extrair tudo dele. E, em seguida, trepar comigo ainda mais. No entanto, Lake
certamente o estava mimando, já que ele a comia avidamente toda vez que o
desejo surgia.
Deixá-la pela primeira vez em dois dias foi difícil, mas ele a deixou nas
mãos do pai. Lake o fizera prometer que não contaria ao pai dela nada do que
acontecera, não queria que ele se culpasse e caísse em outro fundo do poço.
Vincent havia concordado que não contaria a ele até que achasse que o
homem poderia lidar com isso. Vincent, ele mesmo, teria de lidar com o fato
de que a deixou naquele dia na casa de sua mãe, pelo resto de sua vida.
Portanto, mais cedo ou mais tarde, o homem precisava saber pelo que sua
filha havia passado.
Havia apenas uma coisa que o estava impedindo de começar o seu “para
sempre” com Lake – o filho da puta do Lucca.
Ele tinha oferecido a ela um favor que era literalmente um “cartão para
sair da prisão” na vida real. Lucca era um homem com tanto poder e
determinação, que poderia fazer o impossível acontecer. Sim, algo como
deixar Lake desaparecer para sempre.
Vincent bateu apressadamente na porta, sabendo que ia tentar o seu
melhor para evitar que isso acontecesse.
Quando a porta foi aberta, ele foi rapidamente puxado para dentro.
— Meus avós estão fazendo arranjos para uma porra de um funeral falso,
sem corpo. Eles devem voltar daqui a uma hora.
Ele ergueu a sobrancelha.
— Uma hora?
— Sim — ela respondeu, agarrando sua gravata. — O que você vai fazer
comigo por uma hora inteira?
Encarar Ashley diante dele o deixou enjoado. Ela é uma vagabunda
burra que não vê o que está na cara. Ela não tinha a menor ideia de que ele
havia matado seu pai; não que ele achasse que Ashley se importaria.
Ashley se mudou para a casa de seus avós quando o pai e a mãe de Lake
piraram de vez, e ela não dava a mínima para o pai, apenas queria a certeza
de que o dinheiro que ele deixou para trás fosse para o nome dela. Não só
isso, mesmo que Vincent lhe dissesse que tinha matado John na cara dela, ela
ainda o teria deixado entrar em sua casa. Ela queria dar para ele por uma
razão: Lake.
Ashley queria ter tudo que Lake tivesse, então a oportunidade de dar para
seu namorado a fez praticamente salivar.
Vincent agarrou seus pulsos, apertando-os com força antes de a jogar no
chão.
— Nada.
A porta da frente se abriu, e então o som de saltos no chão preencheu a
sala.
— Mas ela vai.
Ashley começou a chorar.
— O-o que está acontecendo? O que essa piranha está fazendo aqui?
— Estou tão feliz que você se lembra de mim. — Um sorriso doce se
abriu em seu rosto. — Mas você precisa me chamar de Maria.
Vincent riu enquanto se sentava.
A inveja ficou nítida no rosto de Ashley quando deu uma boa olhada na
loira usando um vestido que ela morreria para ter. Em seguida, seus olhos
desviaram para os sapatos nude, que custaram caro, mas estavam cobertos de
manchas vermelhas. Ela imediatamente começou a se erguer do chão.
— Vagabunda! Saia da minha casa…!
Atingindo-a no rosto com o salto, Maria a viu cair de volta no chão,
gemendo.
— Eu realmente insisto que você me chame de Maria.
— Não a mate. Apenas ensine a ela uma lição sobre como manter a boca
fechada.
Vincent não queria aumentar suas esperanças de que poderia ir mais
longe. Não que eu realmente me importe, de qualquer maneira.
Ashley estava gritando enquanto segurava o rosto ensanguentado.
Maria deu risadinhas enquanto ouvia os lamentos.
— Eu adoro quando elas gritam.
O próximo grito alto que irrompeu da garganta de Ashley deixou Vincent
quase em êxtase. Eu também.
Tinha sido uma semana sem nada mais agitado do que as sessões constantes
de sexo. Graças a Deus.
Foi bom não ser quase assassinada por uma semana inteira; no entanto,
Lake estava começando a sentir a necessidade de ser um pouco má. Ela tinha
aprendido que um pouco de maldade era bom. Ela gostava de sentir impacto
tanto pelo lado bom quanto pelo lado ruim de Vincent. Ok, talvez mais pelo
ruim.
Lake puxou as meias um pouco mais e, em seguida, ajustou de novo o
vestido, pensando em toda a diversão de fazer compras junto de Sadie com o
cartão de crédito de Vincent. Sadie, é claro, foi quem mais se divertiu
gastando o dinheiro dele. A mulher a fez comprar um armário inteiro cheio de
lingerie de várias sex shops. Mesmo quando olhou para a fatura do cartão de
crédito, Vincent disse que valeria completamente a pena.
Ele também passou a semana dizendo a ela que o acordo estava
cancelado, e ela ficaria por lá depois do verão. Vincent tinha até preenchido
um requerimento para ela ir à universidade em Kansas City. Porém, Lake não
disse nada em resposta e percebeu que o fato de não ter concordado o estava
deixando um pouco chateado. Mas tudo isso vai mudar esta noite.
— Nós realmente vamos fazer isso de novo? — Elle disse nervosamente
quando elas saíram pelo corredor e pararam na frente da porta.
Lake olhou para ela, a mão pairando e quase batendo na porta.
— Hum, como foi o sexo naquela noite?
Elle rapidamente bateu na porta.
Rindo de sua amiga, ela foi silenciada quando a porta se abriu.
— Uh... uh... Nós estávamos pensando se…
As duas engoliram em seco quando seus olhos passaram por um corpo
muito suado e muito musculoso, vestido apenas com jeans de cintura baixa.
— Sim, querida? — Lucca sorriu para ela, cruzando os braços enquanto
se apoiava no batente da porta, seu corpo bloqueando completamente a visão
das duas.
Lake se distraiu um momento antes que seus olhos se voltassem para o
rosto dele.
— Gostaria de saber se você poderia nos levar para Poison novamente —
ela conseguiu dizer.
Os olhos dele vagaram sobre seus corpos.
— Eu tenho uma maneira melhor de deixá-los com ciúmes, querida.
Vocês dois gostariam de entrar e descobrir?
Si…
Elle limpou a garganta.
— Não, obrigada. Nós queremos dançar, mas Vincent e Nero pagaram ao
guarda para garantir que não saíssemos.
Lake mordeu o lábio, balançando a cabeça quando Lucca a olhou em
busca de uma resposta, incapaz de falar. Ela temia que sua voz pudesse traí-
la.
Ele deu uma olhada nas duas uma última vez.
— Que péssimo. Me deem dez minutos.
Elle e Lake inclinaram a cabeça para o lado enquanto ele fechava a porta,
ambas querendo dar uma olhada lá dentro. Quando a porta se fechou,
soltaram um suspiro.
— Droga, é errado que eu quisesse entrar? — Lake começou a andar em
círculos, abanando-se.
— Nem um pouco. Eu queria ver o que havia lá também, e eu odeio ele
pra caralho. — Elle se encostou na parede, descansando a nuca.
Lake olhou para Elle.
— Team Lucca?
Elle olhou de volta.
— Talvez por uma hora... ou um dia...
Sim... um dia no máximo.
Ambas praticamente deram um salto quando a porta se abriu, e Lucca,
recém-banhado e vestido, apareceu.
— Tem certeza de que não estão tentando deixá-los com ciúmes? —
Lucca perguntou, andando pelo corredor.
Elle tentou explicar:
— Não, o objetivo não é deixá-los com ciúmes. Nós nem vamos dançar
com ninguém.
— Sim, é apenas para nos divertir e deixá-los um pouco bravos quando
chegarmos em casa — acrescentou Lake.
— Entendo. — Lucca passou pelo guarda, que parou Lake e Elle.
— As duas sabem muito bem que não posso deixar vocês descerem pelo
elevador, especialmente vestidas assim. Nero e Vincent vão botar meu rabo
no olho da rua.
Lucca apertou o botão e tirou algumas centenas de dólares do bolso.
— Você é um homem melhor do que eu. Eu teria pelo menos pedido para
comer as duas para deixá-los passar. — Ele colocou o dinheiro no bolso do
terno do guarda, em seguida, passou os braços ao redor dos ombros de Lake e
Elle. — Mas você tenta isso, e eu corto a porra da sua garganta.
— Não, senhor, eu não tentaria. — O guarda recuou, deixando-os passar.
— Vou dizer a eles que você lutou bravamente e merece mais dinheiro
pelo que faz. — Ele levou as meninas para o elevador.
O guarda assentiu para ele.
— Obrigado, senhor.
Lake e Elle estavam de queixo caído quando a porta se fechou.
Santo Jesus Cristo, Deus Todo-Poderoso, eu sinto muito por…
— Então, você não quer que eu conte ao Nero e ao Vincent que vocês
vão ao Poison? — Lucca quebrou o silêncio enquanto o elevador descia
alguns andares.
Lake revelou a ele a outra razão pela qual queriam que ele viesse junto.
— Não, nós queremos muito que você faça isso.
— Lá estão eles! Rápido, aja sexy como fizemos da última vez. — Lake se
moveu apressadamente atrás de Elle e colocou as mãos em seus quadris,
dançando atrás dela.
— Ai, merda, eles parecem putos da vida! — Elle gritou, olhando pelo
canto do olho com cuidado.
— É porque eles viram nossas roupas. Eles vão superar isso. — Lake
moveu o cabelo louro quase ruivo de Elle para um ombro sensualmente, o
que também exibiu seus seios incríveis.
Lake viu Nero se colocar na frente de Elle enquanto sentia mãos
circulando sua cintura e girando-a. Ela estava ansiosa para saber com qual
Vincent iria se encontrar. A melhor parte era ser capaz de trepar com dois
caras sem ser traição. Lake se intitulou a garota mais sortuda do mundo.
Seu cabelo foi agarrado, e ela foi forçada a olhar nos olhos brilhantes.
Mmm... Vincent malvado.
Praticamente lendo sua mente, Vincent agarrou o cabelo de Lake com
mais força, puxando para baixo, para que sua boca ficasse escancarada e a
língua dele deslizasse e a possuísse.
— Você sabe que não tem permissão para usar a porra das minhas roupas
sem mim, e você conhece a punição por fugir — ele rosnou para ela.
Lake já estava sem fôlego quando ele terminou de beijá-la.
— E-eu não fugi de você. Eu garanti que Lucca me trouxesse aqui em
segurança e disse a ele para te contar para onde eu estava indo. Achei que
você gostaria de me encontrar assim para você. — Ela levantou levemente a
frente de seu vestido, revelando as meias de renda até a coxa.
Girando-a de volta, suas mãos subiram até o topo de suas coxas, em
seguida agarrando seus quadris e puxando-a contra seu pau duro.
— Eu gosto, e essa é a prova, baby.
Lake moveu seus quadris da maneira que sempre acabava com Vincent,
rebolando até que seu pênis estivesse perfeitamente entre sua bunda.
— Boa menina — ele a avaliou antes de morder seu pescoço.
Eu adoro quando ele diz isso.
Ela continuou o movimento, sentindo-o ficar mais duro a cada
movimento de seus quadris. Lake o fez ficar totalmente ereto e gemendo em
questão de minutos. Mais algumas reboladas, e ele vai...
Vincent foi arrancado de seu paraíso quando Lake foi puxada de suas
mãos. Olhando para cima, Elle a levou para dançar na frente dela, enquanto
Nero dançava presunçosamente atrás de Elle. Eles estavam todos dançando
em um trenzinho sexy, do qual Vincent não fazia parte.
Lake riu quando ele tentou agarrá-la de volta, mas Elle e Nero seguraram
seus quadris, impedindo-a de sair.
— Eu te disse, filho da puta, que aquele teu timing merda ia ter volta —
Nero sibilou e riu dele ao mesmo tempo.
— Filho da puta, eu não te interrompi quando Elle estava chupando seu
pau no armário. — Ele pegou Lake de volta quando Elle deixou cair as mãos,
em estado de choque. — Esperei até o final.
Lake riu histericamente enquanto Vincent rapidamente a levava pela
multidão para longe de Nero. Vincent jogava tão sujo quanto falava, e ela não
achava que Nero faria aquilo de novo tão cedo.
Levando-a para um lugar mais calmo nos fundos, ele a empurrou contra
uma parede, botando a mão sobre sua garganta e passando o polegar em seu
pulso.
— Eu te amo.
— Eu também te amo — Lake disse a ele, mostrando que era verdade.
Ela não esperava essas palavras depois que ele a empurrou contra a parede.
Mmm... Eu amo o Vincent bonzinho.
— Você ama? — ele continuou a esfregar seu pulso.
Ela olhou para trás e mirou os olhos de um tom de azul-bebê.
— Cobrei meu favor a Lucca hoje.
O polegar parou de se mover.
— O que você pediu?
Ver o nervosismo em seus olhos fez seu coração doer.
— Pedi a ele que oficialmente colocasse meu pai na máfia.
Tirando a mão de seu pescoço, Vincent a colocou na lateral do rosto de
Lake.
— Pediu? — ele sussurrou asperamente, pressionando o corpo no dela.
— Sim — Lake sussurrou de volta, afirmando que era sua para sempre
em uma palavra.
Aquele favor de Lucca era a única coisa que poderia tê-la afastado de
Kansas City e de Vincent para sempre.
Lake seguiu o conselho de Lucca, jogou as regras da máfia no Google e
descobriu que apenas algumas vezes na história uma família famosa colocou
um homem sem raízes italianas oficialmente na máfia. Quando ela perguntou
a ele se seu pai poderia ser uma das exceções, Lucca disse a ela que daria seu
jeito. Ela selou seu destino para sempre no momento em que pediu para que o
pai fosse oficializado. Não havia como fugir da máfia sendo filha de um
membro dela. Não importava. Ela planejava ficar com Vincent até o fim dos
tempos.
Ele sempre vai me encontrar. Ele sempre me salvará. Ele é minha família
agora. Eu sou dele. Para todo sempre.
Quando Vincent a beijou rudemente e ela viu a paixão em seus olhos,
uma onda de prazer a percorreu por o ter agradado.
A mão de Vincent foi por baixo do vestido de Lake, descobrindo que ela
não estava usando calcinha. Ele apertou sua bunda nua.
— Boa menina.
O Sol Nascerá Amanhã
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