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PESQUISA QUALITATIVA: TIPOS FUNDAMENTAIS

mentos e temáticas a serem examinados, teúdo tenha privilegiado as formas de co-


a falta de um formato padrão para muitos municação oral e escrita, não exclui outros
deles e a complexidade da codificação das meios de comunicação. Qualquer comuni-
informações neles contidas são aspectos cação que veicule um conjunto de signifi-
que têm sido apontados como parte das cações de um emissor para um receptor
dificuldades metodológicas enfrentadas pode, em princípio, ser decifrada pelas téc-
por esse tipo de pesquisa. nicas de análise de conteúdo. Ela parte do
pressuposto de que, por trás do discurso
Desenvolvimento da pesquisa aparente, simbólico e polissêmico, escon-
documental por meio da análise de de-se um sentido que convém desvendar.
conteúdo Nos seus primórdios, a análise de con-
Na pesquisa documental, três aspectos teúdo sofreu as influências da busca da
devem merecer atenção especial por parte cientificidade e da objetividade recorren-
do investigador: a escolha dos documen- do a um enfoque quantitativo que lhe atri-
tos, o acesso a eles e a sua análise. buía um alcance meramente descritivo. A
A escolha dos documentos não é um análise das mensagens então se efetuava
processo aleatório, mas se dá em função por meio do simples cálculo de freqüên-
de alguns propósitos, idéias ou hipóteses. cias. Nesse caso, as informações obtidas
Por exemplo, para uma análise do proces- pelo emprego da técnica se reduziam aos
so de avaliação de desempenho de uma índices de freqüência com que surgem cer-
empresa, o exame dos formulários utiliza- tas características do conteúdo. Mas a ne-
dos pode ser muito útil. Esse documento . cessidade de interpretação dos dados en-
já não será necessário se quisermos estu- contrados fez com que a análise qualitati-
dar as formas de interação entre os empre- va também tivesse lugar dentro da técni-
gados. ca. Nesta análise, o pesquisador busca
Evidentemente o acesso a documentos compreender as características, estruturas
oficiais, como leis
e estatutos, será Considerando que a abordagem qualitativa,
mais fácil do que
àqueles de uso
enquanto exercício de pesquisa, não se
particular de uma apresenta como uma proposta rigidamente
empresa ou os de estruturada, ela permite que a imaginação e a
caráter pessoal, criatividade levem os investigadores a propor
como as cartas. É trabalhos que explorem novos enfoques.
possível imaginar
que, quando o
pesquisador trabalha com documentos e/ ou modelos que estão por trás dos frag-
não-pessoais, torna-se mais fácil adquirir mentos de mensagens tomados em consi-
uma grande amostra. Já o pesquisador que deração.
fará uso de documentos pessoais geral- O esforço do analista é, então, duplo:
mente opta por uma pequena amostragem entender o sentido da comunicação, como
ou casos que serão estudados em profun- se fosse o receptor normal, e, principal-
didade. mente, desviar o olhar, buscando outra sig-
Selecionados os documentos, o pesqui- nificação, outra mensagem, passível de se
sador deverá se preocupar com a codifi- enxergar por meio ou ao lado da primeira.
cação e a análise dos dados. A análise de Para Bardin, o termo análise de con-
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conteúdo, segundo a perspectiva de Bar- teúdo" designa um conjunto de técnicas de


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dírr', tem sido uma das técnicas mais utili- análise das comunicações visando a obter, por
zadas para esse fim. Consiste em um ins- procedimentos sistemáticos e objetivos de des-
trumental metodológico que se pode apli- crição do conteúdo das mensagens, indicado-
car a discursos diversos e a todas as formas res (quantitativos ou não) que permitam a 3. BARDIN, L Análise de con-
de comunicação, seja qual for a natureza inferência de conhecimentos relativos às con- teúdo. Lisboa: Edições 70,
1977.
do seu suporte. dições de produção/recepção(variáveis inferi-
Embora na sua origem a análise de con- das) destas mensagens">. 4. Idem, ibidem, p.42.

RAE· v.35 • n.3 • Mai./Jun.1995 23

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