Texto - 2 Resumo

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1 Resumo-

"Dwelling and Architecture" é uma discussão abrangente sobre o conceito de


morar e sua relação com arquitetura, explorando tanto a necessidade humana de
pertencimento quanto a expressão concreta desse pertencimento em forma de
edificações e espaços. O autor examina a ideia de "morar" como algo mais do que
ter um teto sobre a cabeça; envolve um sentido de comunidade, troca de ideias,
valores comuns e a busca de um espaço pessoal.

Modos de Morar

O texto distingue três modos de morar:

Coletivo, que é a interação com outros em espaços urbanos.

Público, que se refere à participação em instituições e atividades comunitárias.

Privado, que é a busca de um espaço pessoal e íntimo, como uma casa.

O autor também relaciona esses modos de morar com estruturas físicas:

Assentamentos refletem o aspecto coletivo.

Edifícios públicos representam o lado público.

Casas simbolizam o privado.

Além disso, o conceito de "morar" está intrinsecamente ligado à noção de


orientação e identificação em um lugar, onde a arquitetura desempenha um papel
crucial ao criar ambientes que refletem e reforçam um sentido de pertencimento.

Heidegger e a Natureza do "Thing"

O autor incorpora a filosofia de Heidegger para discutir a ideia de "thing" como um


"encontro" com o mundo. Para Heidegger, coisas como uma jarra ou um edifício
podem reunir e refletir uma série de elementos, como terra, céu, mortais e
divindades, formando uma espécie de microcosmo. A arquitetura, portanto, não é
apenas construção; ela é uma expressão da maneira como os seres humanos
habitam e compreendem o mundo.
Espaço Existencial

Outro ponto abordado é a ideia de "espaço existencial", que é distinta do espaço


geométrico. Este é um espaço que tem significado porque é onde a vida acontece.
Os elementos fundamentais desse espaço incluem centros (que representam
lugares de significado), caminhos (que ligam centros e fornecem direção) e
domínios (áreas que servem como cenário para ação).

Linguagem da Arquitetura

O texto também fala sobre a "linguagem da arquitetura", que consiste em


morfologia, topologia e tipologia. Morfologia refere-se à forma como as estruturas
são construídas; topologia envolve a organização espacial; e tipologia trata dos
diferentes tipos de construções e espaços. Esses elementos juntos formam a
base para a arquitetura que ressoa com os modos de morar.

A Natureza do Morar Poético

Por fim, o autor sugere que o objetivo final é criar uma arquitetura que permita que
as pessoas "morem poeticamente", ou seja, em harmonia com a terra e o céu,
encontrando sentido e identidade através do espaço em que vivem. A arquitetura,
segundo essa visão, é uma maneira de resistir ao tempo e à transitoriedade,
proporcionando uma estrutura onde a vida pode florescer.

Um resumo mais detalhado deve manter a essência do conteúdo enquanto


oferece uma análise mais profunda. Aqui está uma versão mais expandida:

---

O conceito de "morar" vai muito além de ter um teto sobre a cabeça. Envolve um
sentimento mais profundo de pertencimento, uma sensação de estar em casa que
é tanto física quanto emocional. No texto "Dwelling and Architecture", explora-se a
relação entre essa sensação de pertencimento e a arquitetura, mostrando como
as construções e os espaços que criamos refletem nossa necessidade de
encontrar um lugar no mundo.

A discussão começa com a ideia de que morar é uma experiência complexa, com
diferentes dimensões. Uma delas é a dimensão coletiva, que se refere à forma
como nos conectamos com outras pessoas em espaços públicos e urbanos. Esse
é o local onde trocamos ideias, produtos e sentimentos. É o aspecto comunitário
do morar, onde a diversidade e a riqueza da vida em sociedade se manifestam.

Outra dimensão é a pública, que se relaciona com a participação em instituições


e atividades que representam valores comuns. São esses locais que sustentam a
coesão social e promovem um senso de consenso e acordo entre as pessoas.
Edifícios públicos, como escolas, tribunais e igrejas, simbolizam esse aspecto do
morar, refletindo a importância das instituições na vida de uma comunidade.

A terceira dimensão é a privada, que representa o espaço pessoal e íntimo, como


uma casa. Este é o local onde podemos nos isolar do mundo externo, encontrar
refúgio e desenvolver nosso próprio senso de identidade. A casa é mais do que um
abrigo; é um lugar onde nossas mentes e corações podem florescer.

Além disso, o conceito de morar está intrinsecamente ligado ao ambiente físico ao


nosso redor. O texto faz uma ligação entre os modos de morar e as estruturas
físicas que os representam. Assentamentos refletem o aspecto coletivo, edifícios
públicos simbolizam o aspecto público, e casas representam o aspecto privado.
Cada uma dessas estruturas tem um papel na criação de ambientes que
sustentam um sentimento de pertencimento.

Para explorar mais profundamente o significado do morar, o autor invoca a


filosofia de Martin Heidegger, que via a ideia de "coisa" como um encontro com o
mundo. Para Heidegger, uma "coisa" é um centro de convergência de vários
elementos, como terra, céu, mortais e divindades. Por exemplo, um edifício não é
apenas uma construção física, mas também um microcosmo que reúne essas
forças. A arquitetura, então, é mais do que uma atividade prática; é uma expressão
de como os seres humanos habitam o mundo.

Outro conceito importante é o de "espaço existencial", que difere do espaço


geométrico ou matemático. Este é o espaço onde a vida acontece e onde
encontramos sentido. Os elementos fundamentais desse espaço incluem centros
(lugares de significado), caminhos (que conectam os centros e fornecem direção)
e domínios (áreas que servem como cenário para ação). Este tipo de espaço
reflete nossa experiência do mundo como seres humanos e é onde encontramos
sentido e orientação.

O texto também aborda a "linguagem da arquitetura", que inclui morfologia (a


forma como as estruturas são construídas), topologia (a organização espacial) e
tipologia (os diferentes tipos de construções). Estes elementos compõem uma
linguagem que permite à arquitetura expressar diferentes aspectos do morar.

Em última análise, o objetivo do texto é mostrar que a arquitetura tem o poder de


criar ambientes que nos permitem "morar poeticamente", ou seja, encontrar
harmonia com a terra e o céu, estabelecendo um senso de identidade e
pertencimento. Quando entendemos essa conexão, a arquitetura se torna uma
ferramenta para resistir ao tempo e à transitoriedade, proporcionando uma
estrutura para que nossas vidas possam florescer.

---

Espero que esse resumo mais detalhado capture a essência do texto e seus
principais conceitos. Se quiser mais detalhes sobre um tema específico, fique à
vontade para pedir.

2 – Resumo

O processo de assentamento no espaço natural envolve o estabelecimento de um


ponto de chegada, onde se cria um “dentro” em oposição a um “fora”. Essa ação
não só delimita um local, mas também sugere um relacionamento entre o
assentamento e seu entorno, criando uma dinâmica de interações entre o centro
do assentamento e as áreas circundantes.

Quando nos aproximamos de um assentamento, percebemos a importância de


elementos visuais, como o contorno da cidade e suas estruturas mais
proeminentes, como torres e cúpulas. Essas características físicas despertam um
senso de chegada e orientam o viajante em direção ao seu objetivo. O
estabelecimento de um centro não acontece em um vácuo, mas em relação ao
seu contexto, reunindo o ambiente circundante e oferecendo uma explicação
visual do espaço.

O texto aborda a noção de que os assentamentos podem variar em relação ao tipo


de interação que têm com seu entorno. Enquanto assentamentos menores, como
fazendas e vilarejos, são mais diretamente conectados a seus arredores
imediatos, cidades maiores e capitais funcionam como centros que abrangem
áreas mais amplas. A maneira como esses assentamentos se encaixam em sua
paisagem natural é fundamental para criar um relacionamento amigável entre a
presença humana e a natureza.

O autor destaca que cada paisagem possui um caráter distinto, seja ele
determinado por vales, bacias ou planícies. A topografia, a presença de água, a
vegetação e a orientação para a luz natural são fatores que contribuem para esse
caráter. O conceito de centros naturais é explorado, indicando locais onde a terra
e o céu se encontram de maneiras notáveis, criando picos, depressões e corpos
d'água. Essas áreas naturalmente atrativas têm historicamente desempenhado
um papel na escolha dos assentamentos humanos.

O texto também discute a importância de se estabelecer uma "amizade" com o


local, o que implica respeitar e cuidar do ambiente ao mesmo tempo que se
modifica e cultiva para atender às necessidades humanas. Os edifícios e a
organização do espaço contribuem para essa visualização do local, enfatizando as
qualidades naturais existentes ou complementando-as quando estão ausentes.

No contexto da arquitetura moderna, houve uma tendência ao planejamento


abstrato, resultando em assentamentos dispersos e sem uma clara identidade. No
entanto, atualmente há uma crescente reação contra essa abordagem, com uma
demanda por assentamentos mais densos e delimitados, que ofereçam um senso
de chegada e pertença. A volta ao conceito de vedute, ou visões panorâmicas,
reflete essa mudança na busca por uma reconexão com a identidade do lugar e
com a recuperação de uma qualidade figurativa nos assentamentos.

Tradução para o Português

O processo de assentamento na paisagem envolve delimitar uma área, um lugar.


Interrompemos nossa jornada e dizemos: "Aqui!" Criamos um “dentro” dentro do
“fora” abrangente. O assentamento é, portanto, um ponto de chegada. Ainda
podemos, em algum lugar, ter a experiência de nos aproximarmos de um
assentamento que nos espera como uma “coisa”. Primeiro, percebemos o
contorno principal e talvez um elemento dominante, como um campanário.
Aproximando-nos, a forma torna-se mais articulada, sugerindo algo sobre o que
está oculto dentro. Dependendo de onde viemos, a experiência varia. Se viemos
pela floresta, é diferente de vir através dos campos ou pelo mar; mas sempre
temos a sensação de ter alcançado um objetivo. Como um ímã, ele nos atrai e
desperta nossas expectativas.
Como, então, um assentamento se torna um objetivo? A própria experiência de
chegada implica um relacionamento com o que ficou para trás. Um objetivo não
existe no vácuo; é um objetivo em relação ao seu ambiente. Já sugerimos que essa
relação consiste em "reunir" o mundo ao redor. Assim, o assentamento age como
um centro e convida o homem a habitar. Em um centro, não devemos sentir que
estamos em um lugar diferente, mas onde o ambiente é “explicado”. Quem tem
sua morada pessoal no campo não deve se sentir um estranho ao visitar o centro,
mas sim experimentar que seu próprio lugar se torna parte de um todo maior.

Um assentamento pode reunir um mundo mais ou menos abrangente. A fazenda e


a vila estão relacionadas com seus arredores imediatos (embora geralmente
pertencentes a uma região maior), enquanto a cidade possui um escopo mais
amplo. A capital, finalmente, deve funcionar como um centro que reúne todo um
país. Em geral, o problema é se estabelecer de tal forma que se estabeleça um
relacionamento “amigável” com o local. Essa amizade implica que o homem
respeite e cuide do lugar dado. No entanto, cuidar não significa deixar as coisas
como estão; antes, elas devem ser reveladas e cultivadas. Assim, o assentamento
interpreta o local e o transforma em um lugar onde a vida humana pode acontecer.

Cada paisagem tem um certo caráter e estrutura espacial que são indicados por
nomes. Assim, dizemos: "vale", "bacia" e "planície"; ou seja, espaços que variam
conforme a topografia e a presença de rochas, vegetação e água. A orientação
também é importante, pois relaciona o local com a luz natural e a um microclima
específico. As paisagens possuem diferentes graus de complexidade,
compreendendo localidades subordinadas com um caráter distinto. No passado,
essas diferenças determinavam a localização de santuários que representavam as
“forças” naturais. Centros naturais são especialmente significativos, ou seja,
aqueles lugares onde o mundo, por assim dizer, se reúne. Centros naturais
desempenham um papel decisivo ao determinar a escolha de um “aqui” para
assentamento humano e, portanto, devem receber alguma atenção.

Quais propriedades, então, distinguem um centro natural? Em geral, podemos


dizer que o centro natural é um lugar onde a terra e o céu estão interligados para
formar uma totalidade notável. Isso acontece de três maneiras características.
Primeiro, a terra pode subir em direção ao céu para formar um pico ou crista. O
“lugar alto”, assim, sempre foi preferido pelo homem, não apenas porque dá uma
sensação de estar mais perto do céu, mas porque oferece a possibilidade de ver o
mundo ao redor. Assim, dá uma convincente sensação de estar no centro.
Segundo, a terra pode “receber” o céu ao recuar para formar uma bacia ou vale.
Tais depressões são geralmente mais férteis do que a terra ao redor e, portanto,
indicam a presença do céu como agente fertilizador. Uma bacia é ainda cercada
por um horizonte elevado que confere ao céu a qualidade de uma cúpula regular.
Finalmente, a terra pode refletir o céu e se misturar com ele. Isso acontece
quando o solo contém uma superfície de água delimitada, como um lago ou baía.
O lago reúne o mundo em uma imagem catóptrica, que, por ser invertida, revela a
atmosfera geral do lugar ao invés de suas coisas constituintes. A imagem, no
entanto, não é plana, mas compreende a altura do céu e a profundidade da terra.
A explicação que oferece é, portanto, insondável, e o mundo aparece como um
lugar de revelação e ocultação simultâneas.

Quando um centro natural é usado para a localização de um assentamento, a


arquitetura serve para revelar e enfatizar qualidades que já estão presentes.
Chamamos esse processo de visualização. Edifícios, portanto, podem dar ênfase
a um pico ou crista, como ilustram inúmeras cidades italianas. Ou eles podem
formar um centro para uma bacia ou um ponto de parada para o movimento de um
vale (frequentemente junto com uma ponte que conecta seus dois lados). Ou,
finalmente, edifícios podem seguir a delimitação de um lago ou baía e oferecer
pontos de observação, de onde o jogo de espelhos entre a terra e o céu pode ser
experimentado. Quando um centro natural não está presente, como no deserto ou
em uma vasta planície, a arquitetura deve adicionar o que está faltando.
Chamamos esse processo de complementação. Ou seja, edifícios são usados
para definir uma área e estabelecer um relacionamento entre a terra e o céu. A
arquitetura do deserto, de fato, consiste em dois elementos conspícuos: a parede
perimetral que dá fim à extensão infinita e o elemento vertical delgado (como o
minarete), que é simultaneamente centro e eixo mundi.

Em ambos os casos, a transformação do local em um lugar para habitar é


alcançada por meio da forma construída e do espaço organizado, e temos que
considerar ambos os aspectos em detalhes para entender a natureza do
assentamento. Como ponto de partida para a discussão, tomaremos a
experiência de chegada. Para servir como um objetivo, um assentamento precisa
possuir qualidade figurativa em relação à paisagem ao redor. É essa qualidade que
permite chamar o assentamento de “lugar”. Um grupo de edifícios só aparece
como uma figura se for relativamente denso ou tiver uma delimitação clara. As
antigas muralhas da cidade, portanto, não serviam apenas para fins de
fortificação, mas contribuíam essencialmente para a identidade do lugar.
A qualidade figurativa, no entanto, muda um pouco de acordo com as condições
topográficas locais. Em uma paisagem grandiosa, grandes unidades de edifícios
são mais naturais do que onde o ambiente possui uma “microestrutura” mais
variada. Em geral, a qualidade figurativa depende da forma construída e do espaço
organizado.

### Resumo Detalhado: A Natureza dos Assentamentos Humanos e sua Interação


com a Paisagem

O processo de assentamento humano em um local natural implica uma série de


interações complexas entre as estruturas construídas e o ambiente ao seu redor.
O texto examina como a criação de um assentamento cria uma distinção entre um
"dentro" e um "fora", estabelecendo um centro que dá sentido ao local, enquanto
proporciona um ponto de chegada para viajantes ou moradores.

#### Criação de um Centro e Definição do Lugar

O centro é uma parte fundamental do assentamento, atuando como um ponto de


referência e um lugar de reunião para as pessoas. Ao criar um centro, o
assentamento torna-se um destino, uma meta para quem se desloca. A qualidade
do centro é determinada pela maneira como ele interage com o ambiente ao
redor, seja pela complementaridade ou pela visualização dos elementos naturais.
Por exemplo, um assentamento em um terreno elevado pode oferecer vistas
panorâmicas e um senso de proximidade com o céu, enquanto um assentamento
em uma bacia ou vale pode estar mais próximo da fertilidade e da água. Esses
centros naturais podem ser reforçados por elementos arquitetônicos, como
torres, cúpulas ou estruturas que destacam a interação entre a terra e o céu.

#### Visualização e Complementação

A visualização é o processo pelo qual a arquitetura revela e enfatiza as qualidades


naturais de um local. Por exemplo, em cidades italianas situadas em colinas, os
edifícios complementam a topografia, destacando picos e vales. A arquitetura
pode também servir para complementar quando o centro natural está ausente,
como em paisagens desérticas ou planícies extensas, criando uma estrutura que
serve como um ponto focal para a comunidade.
#### Importância da Delimitação e Qualidade Figurativa

A qualidade figurativa de um assentamento é crucial para sua identidade. A


presença de uma delimitação clara, como paredes ou muralhas, não só contribui
para a segurança, mas também para o senso de lugar. Quando a delimitação é
ausente ou imprecisa, a identidade do assentamento tende a se diluir, resultando
em uma perda de conexão com o entorno. A densidade de edifícios também é um
fator importante para criar um senso de comunidade e pertencimento.

#### Diversidade de Formas e Influências Culturais

Os assentamentos podem variar muito em sua organização e estilo arquitetônico,


refletindo influências culturais e históricas. As torres, por exemplo, são elementos
comuns que representam uma forma de interação com o céu, sendo encontradas
em diversas culturas, desde os campanários clássicos da Itália até os minaretes
do mundo islâmico. As cúpulas também desempenham um papel significativo,
sendo vistas em diferentes contextos, como em igrejas, mesquitas e outros
edifícios importantes.

#### Reação ao Planejamento Moderno

O texto também aborda a reação à abordagem de planejamento moderno que


tende a criar espaços dispersos e sem identidade. A busca por um retorno à
qualidade figurativa dos assentamentos tradicionais é vista como uma resposta
ao sentimento de "perda de lugar" resultante de projetos modernos
excessivamente abstratos. A busca por um senso de chegada, densidade e
pertencimento é uma tendência crescente, onde os assentamentos estão sendo
repensados para criar um senso de comunidade e identidade.

#### Implicações para a Arquitetura Contemporânea

A reflexão sobre o passado e a ênfase na qualidade figurativa dos assentamentos


oferece uma base para a arquitetura contemporânea. A reconquista da qualidade
figurativa é vista como uma resposta à necessidade humana de conexão com o
lugar e com a comunidade. A consideração do gênio do lugar (genius loci) é
essencial para criar assentamentos que reflitam tanto a história quanto as
necessidades atuais. A compreensão do papel da topologia e da morfologia na
criação de lugares é um ponto-chave para arquitetos e planejadores urbanos,
permitindo a criação de espaços que atendam às necessidades humanas ao
mesmo tempo que respeitem e valorizem o ambiente natural.
3 Resumo

### Resumo em Português do Texto sobre Espaço Urbano e Encontro

Quando entramos em um assentamento e dizemos "aqui", um mundo de


possibilidades se abre. Embora a escolha ainda precise ser feita, o mundo reunido
ali inspira nossos desejos e nos convida a tomar decisões. O arquiteto Louis Kahn
descreve a cidade como um lugar onde um garoto pode ver algo que vai
influenciar o que ele quer fazer pelo resto da vida. A cidade, então, é onde
acontece o encontro entre pessoas e ideias. Aqui, as pessoas se reúnem para
descobrir o mundo dos outros. É como um espelho que recebe, reflete e
apresenta. Nela, tudo se espelha mutuamente, criando imagens que podem ser a
base para construir nossa existência.

Encontro e escolha são dimensões fundamentais da cidade. Através do encontro


e da escolha, ganhamos um mundo. Como Wittgenstein dizia, "eu sou meu
mundo". Com um mundo, habitamos, no sentido de obter uma identidade
individual dentro de uma comunidade complexa e muitas vezes contraditória. Por
um lado, "comunidade" significa compartilhar apesar das diferenças; por outro,
"identidade" significa não sucumbir à uniformidade. Assim, a cidade deve oferecer
um senso de pertencimento, mesmo diante de escolhas individuais.

Kahn sugere que a cidade oferece muitas atividades e, através delas, a revelação
de um mundo. A vida é apresentada em sua riqueza multifacetada, mas não
"como tal": a cidade faz com que a revelação da vida seja possível, porque ela é
um lugar. Portanto, a cidade e a vida estão intrinsecamente ligadas. A revelação
por meio do encontro não é apenas um ajuntamento aleatório, mas um processo
de construção de uma existência significativa.

Os encontros na cidade permitem a identificação, onde um indivíduo pode se


reconhecer em um determinado contexto. Por isso, as pessoas podem dizer, por
exemplo, "eu sou nova-iorquino" ou "eu sou romano", indicando que parte de sua
identidade vem do lugar onde estão e das escolhas que fazem.

Para permitir que esses encontros aconteçam, a cidade precisa ser densa,
indicando uma proximidade entre as coisas. A densidade é essencial para uma
cidade funcional; quando os elementos estão dispersos, a cidade perde sua
coesão. Além disso, a variedade é outro elemento importante para o encontro na
cidade, proporcionando um leque de opções. No entanto, variedade sem unidade
pode levar ao caos, portanto, deve haver uma certa continuidade e coesão para
manter a cidade funcional.

Em relação ao espaço urbano, duas formas principais são discutidas: as ruas e as


praças. As ruas são caminhos que conectam diferentes partes da cidade, e sua
densidade e variedade incentivam a descoberta e o encontro. As praças, por outro
lado, oferecem espaços abertos que agem como centros de reunião e pontos
focais para a comunidade. Em ambos os casos, a continuidade é vital para manter
a integridade do espaço urbano.

As formas construídas que compõem as ruas e as praças também desempenham


um papel crucial. A morfologia das ruas e praças deve refletir a funcionalidade e a
identidade do lugar. Isso inclui elementos como o piso, as paredes e os tetos das
ruas e praças. A variedade é fundamental, mas deve haver um tema subjacente
que una todos esses elementos para criar uma identidade coesa.

O texto também aborda a natureza tipológica dos espaços urbanos, indicando que
uma tipologia bem definida pode ajudar a construir espaços urbanos mais
coerentes e funcionais. No entanto, a busca por padrões abstratos pode
prejudicar a verdadeira função do espaço urbano, que é permitir encontros e
escolhas significativas.

Concluindo, o autor enfatiza a necessidade de se reconectar com o espírito do


lugar (genius loci) para criar espaços urbanos que permitam encontros
significativos e escolhas conscientes. O urbanismo moderno muitas vezes se
afastou desses princípios, mas há um movimento para retornar a um
entendimento mais autêntico do que significa criar espaços urbanos que reflitam
e apoiem a diversidade da vida humana.

Resumo Detalhado do Texto sobre Espaço Urbano e Encontro

Quando entramos em um assentamento e dizemos "aqui", um mundo de


possibilidades se abre para nós. Este ato de entrada simboliza mais do que
simplesmente encontrar um lugar físico; é o início de um processo de descoberta
e escolha em um ambiente onde diferentes pessoas e ideias se encontram. A
cidade, então, se torna um palco para a diversidade de experiências, onde as
pessoas podem descobrir novas possibilidades e decidir seus futuros caminhos.

O arquiteto Louis Kahn ilustra essa ideia ao afirmar que a cidade é um lugar onde
uma criança pode ver algo que vai inspirar o que ela quer fazer pelo resto da vida.
A cidade, portanto, é um lugar onde o encontro ocorre e onde podemos
experimentar a diversidade da vida. Tudo na cidade reflete, espelha e se apresenta
mutuamente, criando um ambiente onde novas ideias e experiências podem
surgir.

O conceito de encontro é fundamental para a cidade, pois permite a descoberta


de novas atividades e estilos de vida. Ao entrar em uma cidade, somos expostos a
diferentes atividades que sugerem um mundo mais amplo. Kahn destaca que a
cidade nos mostra uma estrutura de vida que inspira escolhas conscientes.
Através do encontro, a cidade nos proporciona uma base para ganhar uma
identidade individual enquanto participamos de uma comunidade complexa.

O encontro, porém, não é apenas uma reunião casual de pessoas e coisas.


Envolver-se em uma comunidade implica uma escolha consciente e a construção
de uma identidade que permite a participação significativa. Por isso, a cidade deve
ser projetada para oferecer um senso de pertencimento, mesmo diante de
escolhas individuais. Quando isso é alcançado, podemos nos identificar com um
lugar e dizer "eu sou daqui", como "eu sou nova-iorquino" ou "eu sou romano".

A escolha, um elemento crucial no contexto urbano, é facilitada quando a cidade


apresenta uma variedade de atividades e papéis a serem desempenhados. Essas
escolhas são manifestações de diferentes formas de entender o mundo,
conhecidas como vita activa, vita contemplativa e vita poetica. A vita activa é o
entendimento prático do mundo, manifestado pelo trabalho e pela política. A vita
contemplativa se concentra em revelar a ordem inerente ao mundo, seja por meio
da filosofia ou da ciência. Já a vita poetica entende o mundo como uma totalidade
de coisas inter-relacionadas, manifestada na arte e na arquitetura.

Essas formas de entendimento revelam diferentes aspectos do mundo urbano.


Uma cidade bem estruturada reúne uma série de atividades e conceitos que
permitem a escolha e a descoberta. Esses aspectos são importantes para criar
uma identidade urbana sólida, onde as pessoas possam encontrar um espaço
significativo para suas vidas.

Para que essas possibilidades de encontro e escolha existam, o espaço urbano


deve ser projetado para ser denso, promovendo a proximidade entre pessoas e
coisas. A densidade é fundamental para criar um ambiente vibrante, onde os
encontros possam ocorrer naturalmente. No entanto, a variedade é igualmente
importante para evitar a monotonia, enquanto a continuidade é necessária para
manter uma sensação de coesão.

O texto examina como ruas e praças desempenham papéis vitais como espaços
de encontro e escolha. As ruas conectam diferentes partes da cidade e devem ser
densas e variadas para fomentar encontros significativos. As praças, por outro
lado, são espaços de reunião e foco para a comunidade. A continuidade é
fundamental para ambos, permitindo que o ambiente flua de maneira natural,
sem interrupções bruscas.

A morfologia, ou forma dos espaços urbanos, é crítica para criar um senso de


lugar. As paredes que delimitam as ruas e praças têm um papel significativo em
expressar a identidade do lugar. A experiência de um espaço urbano é mais do que
a soma de edifícios; ela é uma percepção de uma forma superior que chamamos
de espaço urbano. A variedade deve aparecer como variações de temas
reconhecíveis para manter a coesão.

Finalmente, o texto aborda a importância de retornar a um entendimento mais


autêntico do espaço urbano. A busca por projetos que apenas imitam padrões
antigos sem compreender sua essência pode resultar em uma arquitetura vazia. A
verdadeira arquitetura urbana deve ter uma base existencial, apoiando-se no
espírito do lugar (genius loci) e na compreensão da função do espaço como
facilitador de encontro e escolha. A reconquista do espaço urbano é, portanto,
uma resposta à necessidade humana de se conectar com um lugar que ofereça
oportunidades significativas de descoberta e escolha.
Resumo 4

Resumo Detalhado do Texto sobre Instituições e Edificações Públicas

No contexto de um assentamento, as instituições desempenham um papel crucial


ao tornar visíveis os valores comuns de seus habitantes. Essas instituições,
representadas por edifícios públicos, surgem como resultado de escolhas feitas
com base em consenso e entendimento compartilhado. Esses edifícios fornecem
uma estrutura para a vida coletiva, manifestando a ideia de que a habitação
tornou-se um ato público e ordenado.

Os edifícios públicos, como igrejas, prefeituras, teatros, museus e escolas, têm


uma função dupla: eles permitem que as ações de consentimento comum
ocorram e, ao mesmo tempo, conferem presença concreta ao significado dessas
ações como modo de vida. Ao ficarmos diante de um edifício público, deveríamos
sentir que ele oferece uma explicação do mundo e da sociedade, organizando a
complexidade do ambiente urbano em uma imagem coerente. Ao entrar nesses
edifícios, a promessa de ordem e significado deve ser cumprida por meio de um
espaço que representa um microcosmo significativo.

As instituições são pontos de encontro entre a vida privada e a esfera pública. Elas
são lugares onde se deve encontrar tanto estrutura quanto espaço para
interpretação e variedade. Por exemplo, no teatro e na escola, a identidade
individual é parte integrante da função do edifício, enquanto na igreja e na
prefeitura, a expressão da individualidade é regulada por rituais e cerimônias.

O edifício público deve oferecer uma síntese entre a praticidade da vida cotidiana
e uma visão mais ampla do mundo. Ele deve ser um símbolo de um entendimento
compartilhado, mas ao mesmo tempo, estar aberto à variedade e à diversidade. A
arquitetura do edifício público é uma combinação de forma, espaço e significado,
onde a fachada é uma transição entre o exterior e o interior, preparando-nos para a
experiência de um espaço interior significativo. O edifício público também deve
refletir o genius loci, ou espírito do lugar, relacionando-se com a paisagem ao seu
redor.

A história da arquitetura nos mostra que diferentes estilos e épocas trouxeram


suas próprias interpretações do significado e do uso dos edifícios públicos. Desde
as igrejas góticas, que apresentavam uma visão do mundo fortemente
verticalizada, até as praças renascentistas, que buscavam harmonia e proporção,
a arquitetura sempre tentou equilibrar a funcionalidade e a estética. A Basílica de
Santo André, em Mântua, é um exemplo de uma abordagem clássica ao design de
edifícios religiosos, enquanto a igreja de São Carlos alle Quattro Fontane, de
Borromini, representa uma interpretação mais dinâmica e fluida do espaço
religioso.

Hoje, a arquitetura moderna enfrenta o desafio de recuperar o sentido de


pertencimento e significado em edifícios públicos. O movimento moderno tendeu
a se afastar de formas simbólicas e monumentais, preferindo a funcionalidade e a
simplicidade. No entanto, esse afastamento levou a uma perda de sentido e a um
aumento da alienação nas cidades modernas.

Arquitetos como Louis Kahn tentaram reinserir um sentido de significado e


simbolismo na arquitetura moderna. A pergunta de Kahn, "O que o edifício quer
ser?", reflete a busca por uma arquitetura que esteja profundamente conectada
com a função, mas que também mantenha um sentido de identidade e
significado. Novos arquitetos, como Michael Graves, estão buscando reconquistar
uma arquitetura mais figurativa, que use formas arquetípicas para criar edifícios
públicos que inspiram e comunicam significado.

O edifício público precisa ser uma expressão de um entendimento compartilhado


do mundo, uma combinação de forma e função que permita que as pessoas se
reúnam, encontrem significado e se identifiquem com uma comunidade. A
arquitetura pública moderna deve encontrar um equilíbrio entre eficiência e
simbolismo, proporcionando espaços que sejam simultaneamente funcionais e
inspiradores.~

Resumo 5

O texto fala sobre o papel do lar na vida humana, como descrito por Gaston
Bachelard. Ele começa afirmando que o lar é o "berço" do homem, onde ele se
torna familiar com o mundo em sua imediaticidade. Diferente do mundo exterior,
onde é necessário escolher um caminho e encontrar um objetivo, dentro do lar o
mundo simplesmente existe. O lar é o lugar onde a vida diária acontece e oferece
uma base para nossa existência.
O texto segue explorando o conceito de propósito na vida humana e como isso
está conectado ao mundo exterior. Embora o lar forneça um espaço de reconforto,
é necessário sair dele para encontrar um propósito maior na sociedade. As
instituições como igrejas, teatros, escolas e outras estruturas públicas
representam sistemas sociais que exigem nossa participação. Quando nosso
trabalho social é concluído, retornamos para casa para reestabelecer nossa
identidade pessoal. Nesse sentido, a casa é um lugar de descanso, onde
recuperamos nossa essência.

O autor menciona que, para Heidegger, o humor ou estado de espírito é o que nos
dá a percepção do mundo ao nosso redor e nos ajuda a direcionar nossas ações.
No lar, experimentamos essa percepção em sua forma mais simples e imediata. O
humor e o entendimento estão intimamente ligados; ao mesmo tempo que o
humor nos faz sentir parte do mundo, ele também nos ajuda a compreender as
coisas ao nosso redor. A casa deve ser capaz de expressar essa imediaticidade,
visualizando fenômenos naturais como luz e cor, assim como as atividades
humanas como comer, dormir, conversar e entreter.

O exemplo do Hill House, projetado por Charles Rennie Mackintosh, é usado para
demonstrar como uma casa pode representar tanto o ambiente externo quanto o
humor das ações que ocorrem dentro dela. O texto discute como os diferentes
ambientes da casa, como o hall de entrada, a sala de estar e o quarto principal,
foram projetados para refletir essas nuances.

O texto também aborda a importância do equilíbrio entre abertura e retiro no


contexto da casa. A casa deve oferecer um refúgio do mundo exterior, mas não
deve se desconectar totalmente dele. Deve ser um lugar onde as pessoas possam
reunir suas lembranças e associá-las ao dia a dia. O uso de elementos como
lareiras e cores contribui para a sensação de conforto e segurança.

Além disso, o autor fala sobre a relação entre a casa e a estrutura do mundo ao
seu redor. Ele menciona a ideia da casa como um microcosmos que reflete o
ambiente em que está inserida. A descrição de casas em diferentes regiões da
Europa ilustra como a arquitetura pode ser adaptada para refletir a paisagem
local.
O texto encerra discutindo a relevância da arquitetura moderna na construção de
lares. O Movimento Moderno trouxe novas ideias sobre design de casas, mas
também enfrentou críticas por ter perdido a conexão com a essência do lar como
refúgio e fonte de significado. Obras de arquitetos como Frank Lloyd Wright e
Robert Venturi ajudaram a reintroduzir elementos mais figurativos e simbólicos na
arquitetura de casas, buscando reconquistar um sentido de propósito e
identidade no design residencial.

Em suma, o texto explora a profunda conexão entre o lar e o sentido de identidade,


destacando a necessidade de um equilíbrio entre abertura para o mundo e retiro
para introspecção, e como a arquitetura pode ser usada para refletir e reforçar
esses conceitos.

Resumo 6

O texto examina a ideia de linguagem em relação à arquitetura, discutindo a


definição de linguagem e sua relação com o ser humano e com o espaço
construído. Ele parte do conceito de que a linguagem é o "lar do Ser", como
afirmado por Heidegger, significando que a linguagem contém toda a realidade.
Isso é explicado como a capacidade da linguagem de atribuir significado às
coisas, dando nome a elas e, assim, tornando-as parte de um mundo
compartilhado.

Heidegger sugere que a linguagem não é apenas um sistema de sinais


convencionais, mas sim um meio de revelar a verdade. Ao contrário das teorias
linguísticas que veem a linguagem como um código arbitrário para comunicação,
Heidegger defende que a linguagem é uma manifestação do ser e que os seres
humanos falam apenas como resposta à linguagem. Ele também argumenta que o
discurso é uma forma de colocar a verdade em palavras, mas que a verdade não é
absoluta, sempre havendo elementos ocultos mesmo quando algo é revelado.

O autor explora a ideia de que a arquitetura também fala, mas de uma maneira
diferente, não usando palavras, mas "colocando a verdade em trabalho" através
de formas e figuras. A arquitetura, como uma das artes, é uma forma de poesia, e,
segundo Heidegger, a poesia é a verdadeira maneira de habitar o mundo. A
arquitetura "fala" ao criar figuras que refletem o entrelaçamento entre terra e céu,
assim como a relação entre seres humanos e a natureza. O texto cita exemplos
como templos gregos que, ao simplesmente "ficarem ali", revelam um mundo ao
seu redor.

Para a arquitetura, a linguagem é um meio de criar figuras que revelam um espaço


habitável, que facilita a orientação das pessoas e oferece pontos de referência
significativos. O autor examina as características de várias construções e discute
como elas se relacionam com a terra, o céu e a luz. Ele também sugere que a
arquitetura clássica é um exemplo de uma linguagem que pode ser usada em
vários contextos devido à sua capacidade de apresentar uma variedade de formas
com um conjunto coerente de princípios.

O autor conclui ressaltando a importância da linguagem para a arquitetura e para


a experiência humana. Ele observa que a modernidade, com seu foco em
funcionalidade e abstração, resultou na perda de um senso de linguagem e figuras
no ambiente construído. Ao final, sugere a necessidade de um retorno à
"figuralidade" e à compreensão da arquitetura como uma maneira de recuperar a
poesia e a conexão com o mundo ao nosso redor. Este retorno à linguagem e às
figuras arquitetônicas pode ajudar a recuperar o sentido de pertencimento e
habitar o mundo de forma mais significativa.

Tradução da 80 à 110, capitulo 5

A Casa

“Antes de ser jogado ao mundo”, escreve Bachelard, “o homem é colocado no


berço da casa. Dentro da casa, o homem se familiariza com o mundo em sua
imediaticidade; ali ele não precisa escolher um caminho ou encontrar um
objetivo, pois na casa e ao redor da casa o mundo é simplesmente dado. Também
poderíamos dizer que a casa é o lugar onde a vida cotidiana acontece. A vida
cotidiana representa o que é contínuo em nossa existência, proporcionando,
portanto, uma base familiar. Por que, então, temos que nos lançar ao mundo
quando temos o berço da casa? A resposta é simples: os propósitos da vida
humana não são encontrados em casa; o papel de cada indivíduo faz parte de um
sistema de interações que ocorrem em um mundo comum baseado em valores
compartilhados. Para participar, temos que deixar a casa e escolher um caminho.
Quando nossa tarefa social é cumprida, no entanto, retiramo-nos para nosso lar
para recuperar nossa identidade pessoal. A identidade pessoal, assim, é o
conteúdo da moradia privada.
Qual é o mundo imediato que é reunido e visualizado pela casa? É simplesmente
o mundo dos 'fenômenos', em oposição ao mundo público das "explicações".
Principalmente, qualquer fenômeno é experimentado como uma 'Stimmung' ou
atmosfera, ou seja, como uma certa qualidade com a qual nosso “estado de
espírito” ou “humor” deve se conformar. Heidegger diz: “O humor já revelou, em
todos os casos, o Ser-no-mundo como um todo, e torna possível direcionar-se
para algo”. E Bollnow acrescenta: “O humor é a forma mais simples e original pela
qual a vida humana toma consciência de si mesma.” Juntamente com o humor, no
entanto, vem a compreensão, e uma atmosfera está, portanto, sempre
relacionada ao reconhecimento das coisas. "Um estado de espírito sempre tem
sua compreensão," diz Heidegger, e, "a compreensão sempre tem seu humor." Na
casa, esse mundo imediato e unificado de humor e compreensão torna-se
presente. A casa, assim, não oferece compreensão no sentido de explicação, mas
no sentido mais original de “permanecer sob” ou entre as coisas. Na casa, o
homem experimenta seu ser parte do mundo.

Como isso é realizado? Evidentemente, a casa precisa manter e visualizar os


fenômenos para torná-los acessíveis. A qualidade da luz, por exemplo, varia de
lugar para lugar, mas é difícil captar suas variações antes que se torne manifesta
por meio de uma forma construída. Assim, Louis Kahn diz: “O sol nunca soube o
quão grande ele é até atingir a lateral de um edifício.” Muitos arquitetos
entenderam isso e projetaram janelas que, por assim dizer, materializam a luz e,
assim, visualizam a atmosfera do lugar. Um exemplo particularmente bonito é a
janela em bay da Hill House, perto de Glasgow (1912), onde vários elementos
perfurados são adicionados à janela propriamente dita para revelar as ricas
nuances da luz escocesa.

Uma casa, no entanto, não apenas visualiza as qualidades atmosféricas do


ambiente, mas também deve expressar o clima das ações que ocorrem dentro
dela. Na Hill House, por exemplo, o hall de entrada é caracterizado pelo uso
abundante de madeira tingida, e uma lareira é encontrada imediatamente dentro
da porta de entrada, criando uma atmosfera de boas-vindas calorosas e abrigo
amigável. A sala de estar, por outro lado, celebra a luz, não apenas por meio da
janela mencionada, mas também por meio do uso de cores e azulejos vidrados. É,
portanto, experimentada como um lugar com um caráter libertador e festivo,
adequado para convivência descontraída e inspiradora. O quarto principal,
finalmente, é distinguido pela intimidade harmoniosa. Os motivos de flores
estilizadas nos móveis dão uma sugestão sutil de fertilidade e procriação. As
formas, no geral, são mais suaves aqui, unificadas visualmente e simbolicamente
pela “abóbada celestial” acima do leito conjugal. Assim, a Hill House manifesta
um mundo de fenômenos naturais e humanos em sua imediaticidade variada.

E esta é a tarefa da casa: revelar o mundo, não como essência, mas como
presença, ou seja, como material e cor, topografia e vegetação, estações do ano,
clima e luz. A Hill House mostra que essa revelação é alcançada de duas maneiras
complementares: abrindo-se para o mundo ao redor e oferecendo um refúgio do
mesmo mundo. No entanto, um refúgio não é um lugar onde o mundo exterior é
esquecido; em vez disso, é um lugar onde o homem reúne suas memórias do
mundo e as relaciona com sua vida diária de comer, dormir, conversa e
entretenimento. E um refúgio é, além disso, um lugar onde os fenômenos são
condensados e enfatizados para aparecerem como “forças ambientais”. Assim,
Frank Lloyd Wright diz para explicar seu uso da lareira como o núcleo mais íntimo
da casa: “Confortava-me ver o fogo queimando profundamente na alvenaria da
casa.”

O texto segue explorando como a casa molda a identidade pessoal e promove a


convivência, servindo como um ponto central para conectar-se com o mundo e
com outras pessoas. O lar é onde ocorre o encontro íntimo do lar privado, um
lugar baseado em amor e aceitação, que cria uma ligação direta com os
fenômenos e permite que a casa transforme um ambiente em um “lugar de
moradia”. Por meio da casa, tornamo-nos amigos de um mundo e ganhamos a
base de que precisamos para agir nele. O interior da casa reflete a interioridade do
morador e, ao realizar a moradia privada, experimentamos o que é conhecido
como “paz doméstica”.

Morfologia

Desde os tempos antigos, a casa tem sido entendida como um microcosmo.


Como um espaço dentro de outro espaço, ela repete a estrutura básica do
ambiente. O chão é a terra, o teto é o céu e as paredes são o horizonte que nos
cerca. A etimologia das palavras "chão", "teto" e "parede" confirma essa
interpretação. Qualquer obra de arquitetura, seja um edifício público ou uma
casa, é uma imagem do mundo. A diferença entre um e outro é que o edifício
público visualiza as propriedades gerais do ambiente, enquanto a casa apresenta
isso de maneira concreta e imediata. A arquitetura vernacular ilustra como isso é
feito.
Quando viajamos da Suíça pelo continente europeu até a Dinamarca,
encontramos uma série de casas que mostram uma relação evidente com suas
paisagens. O chalé de Simmental, por exemplo, distingue-se por uma grande
parede em estilo de frontão, que se abre para o sol e a vista, com fileiras de
janelas brilhantes. O telhado não é muito pontiagudo e o caráter geral é sólido e
próximo ao chão, proporcionando uma sensação de proteção e segurança entre
as formas selvagens das montanhas. Nas proximidades de Emmental, as
montanhas dão lugar a colinas arredondadas. Aqui, as casas também têm
enormes telhados, mas são mais íngremes e do tipo meia-água, dando à
construção uma aparência volumosa. Este tipo de telhado é comum em muitas
das regiões montanhosas ao norte e a leste dos Alpes e harmoniza-se bem com o
caráter da paisagem. Na Floresta Negra, no sudoeste da Alemanha, encontramos
um terceiro exemplo importante do Einhaus germânico. A Floresta Negra também
é uma região montanhosa, mas o nome sugere que é bastante diferente das
paisagens férteis e sorridentes de Emmental. Aqui, a forma geral das casas
visualiza o caráter ligeiramente sinistro do ambiente, e os grandes beirais
profundos sobre as janelas e varandas dão ao interior uma espécie de aparência
de caverna. Em Baixa Saxônia, nas planícies do norte da Alemanha, também
encontramos o Einhaus. Quem já viajou por Westfália, Oldemburgo ou pelos
Países Baixos lembrará como a paisagem aberta e ampla se centraliza nas
impressionantes volumes das grandes fazendas. Com suas longas cumeeiras
cercadas por grupos de árvores, elas parecem colinas artificiais que dão estrutura
ao ambiente.

A relação entre a casa e a paisagem não é estabelecida apenas pela forma geral e
pelo formato do telhado. Ela também é visualizada pelo uso de materiais e pelo
tipo de construção, e, portanto, pela forma construída da parede. Neste contexto,
podemos apenas apontar para as variações significativas no tratamento das
construções com estrutura de madeira, desde a estrutura "pitoresca" da
romântica Francônia até a grade regular da Baixa Saxônia.

As casas vernaculares, em geral, ilustram o conceito de Heidegger de que as


construções devem "trazer a paisagem habitada para perto do homem." A
paisagem da arquitetura vernacular é a paisagem concreta da vida cotidiana, e
suas características são reunidas e expressas pelas casas de forma direta e óbvia.
Como as visualizações às vezes são auxiliadas pela complementação, isso não
significa necessariamente que as casas "pareçam" com seus arredores. Os
principais meios utilizados para estabelecer essa relação são o formato do
telhado e a articulação da parede. De qualquer forma, as qualidades da terra são
de importância primária, enquanto o céu é considerado de uma maneira menos
direta.

O interior geralmente é concebido tanto como uma continuação quanto um


contraponto ao ambiente externo. A continuação é geralmente alcançada por
meio de materiais naturais, enquanto o mobiliário, as cores e a decoração podem
adicionar o que o ambiente externo não possui, como nos chalés noruegueses,
onde ricos padrões florais lembram o verão e a fertilidade, tornando possível
suportar psicologicamente o longo inverno sem cor. A arquitetura vernacular é
intimamente relacionada ao seu ambiente, já que a vida que ela serve é,
primariamente, voltada para o cultivo da terra. É natural perguntar se as casas
urbanas e suburbanas exibem uma relação similar, ou se representam uma
interpretação mais geral da moradia privada.

Uma diferença básica obviamente não pode existir, uma vez que o assentamento
como um todo deve manter e visualizar a “paisagem habitada”. A casa urbana, no
entanto, faz parte de um contexto social e, portanto, precisa se adaptar mais
diretamente aos seus vizinhos. A moradia suburbana, por outro lado, permanece
livre dessa restrição. Assim, Alberti escreveu: “...na cidade, você é obrigado a
moderar-se em vários aspectos de acordo com os privilégios do seu vizinho;
enquanto no campo você tem muito mais liberdade”. Portanto, “os ornamentos
para a casa na cidade devem ser muito mais graves do que para uma casa no
campo, onde todos os enfeites mais alegres e irrestritos são permitidos.” A
diferença apontada por Alberti é enfatizada pelo fato de que casas urbanas
geralmente contêm mais de uma residência e, portanto, requerem uma
coordenação geral dos elementos. No entanto, isso não contradiz o objetivo
básico de visualizar os fenômenos característicos do lugar. As casas urbanas de
cidades antigas como Veneza, Florença, Siena, Roma e Nápoles são, de fato,
diferentes, obviamente porque representam um ambiente diferente, embora
traços tipológicos básicos possam ser comuns.

Mesmo na grande casa urbana, como o palácio italiano, encontramos que o


tratamento da parede, e, em particular, a forma, tamanho e distribuição das
aberturas, a terminação superior, e o material e a cor, servem para visualizar os
caracteres ambientais dados e, assim, para relacionar o edifício a uma paisagem
habitada. Na casa urbana, no entanto, a relação com o céu é geralmente mais
importante do que nas construções vernaculares, enquanto a presença da terra é
menos sentida. Assim, a casa urbana torna-se parte daquela interpretação geral
do “entre” a terra e o céu que distingue qualquer assentamento. Os meios formais
empregados são os dos edifícios públicos, embora de uma forma menos
sistemática e conspícua.

No townhouse, o retiro naturalmente tem um significado diferente do que no


campo. Aqui, implica a criação de um domínio interior onde as memórias do
ambiente mais distante são reunidas. Desde tempos antigos, o pátio serviu como
o núcleo deste mundo interior da moradia privada. No palácio do Renascimento e
do Barroco, ele foi formalizado para aparecer como um eco daquela civilização à
qual a casa pertencia. Um exemplo particularmente esplêndido é o cortile do
Palazzo Farnese em Roma (1517 em diante), onde uma superimposição de ordens
clássicas torna a essência dos fenômenos naturais e humanos manifesta. Uma
solução semi-pública, portanto, que indica o sistema social integrado ao qual
pertencia.

A grande época da casa suburbana começou no século XIX,"® e em muitos países


ela ainda está viva. Como generalização, podemos dizer que a forma construída
da casa suburbana lembra tanto suas parentes vernaculares quanto as mais
“civilizadas” casas urbanas. Assim, ela reúne um complexo mundo de caracteres
naturais e circunstâncias, memórias do encontro urbano, e sonhos sobre a “vida
boa”. Um conteúdo multifacetado desse tipo pode facilmente levar a um jogo
superficial com motivos, e, de fato, levou durante o período de historicismo do
final do século XIX. No entanto, se o conteúdo for compreendido em termos de ser
humano entre a terra e o céu, o resultado pode ser uma declaração poética
significativa, como provam o Hill House de Mackintosh e seus contemporâneos: o
Hvittrask de Saarinen perto de Helsinque (1902), a própria casa de Behrens em
Darmstadt (1901), e o Palais Stocklet de Hoffmann em Bruxelas (1905). Um
exemplo particularmente interessante é oferecido pelo Dreihdusergruppe de
Olbrich em Darmstadt (1903), onde três residências são construídas juntas e ao
mesmo tempo distinguidas individualmente por gables “típicos”: acolhedores,
equilibrados e pontiagudos. A natureza fenomenológica da forma construída
doméstica aqui se manifesta.

A casa suburbana recebeu uma nova interpretação por Frank Lloyd Wright. Ou
melhor, Wright trouxe de volta nossa atenção para a natureza essencial da casa
como ponto de partida e retiro. Assim, ele abriu seus planos para interagir com o
ambiente, ao mesmo tempo em que criou um mundo interior de proteção e
conforto. Ele mesmo caracterizou a casa como um “abrigo amplo ao ar livre”. Para
alcançar esse resultado, ele trabalhou com planos paralelos à terra, que fazem
com que o edifício se identifique com o solo, em justaposição com elementos
verticais que direcionam o espaço e o fixam onde necessário. O núcleo é sempre a
grande chaminé ereta, onde o fogo “está queimando profundamente na alvenaria
da própria casa”.

Entendemos, portanto, que a “destruição da caixa” de Wright não contradisse a


ideia da casa, mas sim abriu caminho para uma moradia privada autêntica em
nosso tempo.

or causa das funções diferenciadas da vida cotidiana, os caminhos e objetivos da


casa produzem padrões mais complexos do que os do edifício público. Assim, a
casa é menos "formal", embora constitua um organismo espacial. Novamente,
encontramos que os três princípios básicos de organização determinam as
possíveis soluções. Planos centralizados e axiais foram usados convincentemente
ao longo da história, enquanto o simples agrupamento pode ser considerado uma
alternativa menos convincente. A origem do plano centralizado é
indiscutivelmente a casa de pátio do Oriente Próximo e dos países mediterrâneos.
Esse estilo tem sido usado até hoje, tanto na forma de uma estrutura de um único
andar para uma família quanto em um prédio de apartamentos de vários andares.
Na casa de pátio, o centro é a sala comum, em torno da qual as funções mais
especiais são organizadas. Na maioria dos casos, o layout não é estritamente
simétrico, e apenas visa a um senso geral de fechamento. A casa de átrio de
Pompéia representa o ápice da casa de pátio.

No livro "Vers une Architecture", Le Corbusier reconhece a importância desse tipo


de plano: "De novo, o pequeno vestíbulo que liberta a sua mente da rua. E então
você entra no Átrio; quatro colunas no centro disparam para o teto, dando uma
sensação de força e atestando métodos potentes, mas no final há o brilho do
jardim visto através do peristilo que espalha essa luz com um grande gesto,
distribui-a e acentua-a, estendendo-se amplamente da esquerda para a direita,
criando um grande espaço. Entre os dois, está o Tablinum, contraindo essa visão
como a lente de uma câmera. À direita e à esquerda, duas manchas de sombra —
pequenas."

Um paralelo nórdico à casa de pátio é representado pela "casa-salão", onde uma


sala comum está novamente colocada no centro, porém aqui fechada por um
teto. A solução, que remonta à Idade Média, é claramente determinada pelo clima
e pela demanda de um espaço onde a vida familiar possa ocorrer. Baillie Scott
escreve: “(O salão) ... é um lugar onde a família pode se reunir — um local de
reunião geral com sua grande lareira e espaço amplo no chão... Seja chamado de
salão, casa-sala, ou sala de estar, algum lugar desse tipo é uma característica
necessária como ponto focal para o plano da casa. Os outros cômodos da casa
podem ser considerados como subsidiários ao salão central dominante, e em
alguns casos, alguns desses podem assumir a forma de recessos dentro dele."

O que Baillie Scott aqui defende é uma alternativa ao agrupamento de pequenas


caixas separadas dentro de uma caixa maior, que era o método mais usual de
planejar uma casa nessa época. Sua concepção é relacionada à de Frank Lloyd
Wright. Ambos os arquitetos se opõem à “caixa” e também introduzem uma sala
comum com altura dupla como foco espacial da casa. Ambos também enfatizam
a importância da lareira como o núcleo mais íntimo. “... uma casa, por mais
quente que seja, sem uma lareira pode ser comparada a um dia de verão sem o
sol”, escreve Baillie Scott. No entanto, a diferença está na insistência de Wright
em abrir os cômodos para o ambiente externo para satisfazer o outro objetivo
básico da casa: reunir os fenômenos do local. Para isso, ele teve que combinar
seu abrigo “centralizado” com um conjunto de direções ativas.

Planos dirigidos também foram abundantes ao longo da história. Em casas


menores do tipo Megaron, a direção é simplesmente uma questão de simetria
axial, enquanto em casas maiores, ela pode ser marcada por um corredor ao qual
os cômodos são adicionados em ambos os lados. O corredor geralmente leva a
um destino, seja uma sala importante ou uma varanda. Encontramos essa
disposição básica em casas vernaculares, bem como em vilas suburbanas. Às
vezes, a direção do movimento é paralela à direção da própria casa, como na
Einhaus da Baixa Saxônia. Mas muitas vezes ela atravessa o volume principal para
conectar seus dois lados. Esse é o caso em vilas e palácios de jardim do Barroco,
onde um eixo une o cour d’honneur urbano ao jardim do outro lado, geralmente
integrando uma grande escadaria e uma sala terrena em seu caminho.

Recentemente, o plano dirigido foi revivido por vários arquitetos pós-modernos.

Embora a organização espacial de uma casa seja necessariamente menos


sistemática do que a de um edifício público, ela pode possuir uma qualidade
figurativa distinta. O pátio, o salão, o corredor e a varanda (ou alpendre) são
figuras que transformam o espaço doméstico em um lugar onde a vida pode
acontecer. A habitação privada, portanto, não consiste em um retiro para um
"não-lugar" sem forma, mas exige um palco definido e imaginável. "O palco vazio
de uma sala é fixado no espaço por limites; é animado pela luz, organizado por um
foco e libertado por uma perspectiva", lemos em "The Place of Houses" de Moore,
Allen e Lyndon.

O advento da arquitetura moderna contribuiu significativamente para o


desenvolvimento da tipologia doméstica. A "destruição da caixa" de Wright e o
resultante "plano livre" romperam com o uso convencional de caminhos e
objetivos, em termos de corredores e salões fechados. Em vez disso, o espaço era
projetado como um continuum fluido, sem zonas claramente definidas. O objetivo
geral era fazer com que o homem se sentisse "em casa" no mundo moderno e
aberto. Assim, Moholy-Nagy escreveu: "Uma moradia não deve ser um refúgio do
espaço, mas sim viver no espaço." Wright, portanto, criou um plano centrífugo,
que representava uma nova interpretação do conceito de refúgio. Em vez de um
retiro, a casa tornou-se um ponto fixo no espaço, a partir do qual o homem poderia
experimentar um novo senso de liberdade e participação. Esse ponto é marcado
pela grande lareira. A reinterpretação do lugar do homem no mundo é um dos
maiores feitos de Wright na história da arquitetura moderna.

Durante o desenvolvimento subsequente, porém, o plano livre degenerou em um


tipo de abertura geral e indefinível, fazendo com que a alienação se tornasse mais
evidente do que a liberdade. Assim, reconhecemos a necessidade eterna de
figuras espaciais que nos digam onde estamos.

Tipologia

Devido às multifacetadas formas da vida diária e às infinitas condições locais


variáveis, a tipologia da casa é muito mais complexa do que a da arquitetura
pública. E, mesmo assim, todos sabemos que tipos de casas existem. É suficiente
viajar por qualquer região europeia para perceber isso. Neste contexto, vamos
destacar apenas alguns exemplos fundamentais que têm ocorrido ao longo da
história.

Na Roma Antiga, dois tipos de estruturas domésticas foram criados, que


desempenhariam um papel importante na história da arquitetura: o domus e o
insula, sendo o primeiro a casa de átrio ou peristilo e o segundo um prédio de
apartamentos. O primeiro é o protótipo que iniciou o desenvolvimento da vila e da
casa suburbana no sul da Europa, e o segundo foi o ponto de partida para o bloco
urbano, conhecido na maioria das cidades ocidentais. Sendo casas de pátio,
ambos possuem uma qualidade figurativa perceptível em relação ao espaço. O
domus, no entanto, não se destaca como uma unidade identificável quando visto
do exterior. Essa relativa anonimidade da casa única dentro da malha urbana é
característica dos países mediterrâneos, onde o "lar" nunca ganhou a mesma
importância como objeto de identificação como no frio norte. O ditado "minha
casa é meu castelo" não se aplica à Itália, onde a habitação privada é subordinada
à vida social da praça. O que chamamos de "vida diária" aqui acontece ao ar livre,
enquanto a casa de uma certa distinção serve mais como um propósito semi-
público representativo. Este fato é comprovado pelo layout formal dos principais
espaços interiores (átrio, cortile, salão), bem como pela ordem simétrica da
fachada do palazzo. Mesmo assim, tanto o domus quanto o insula permitiam o
retiro, um valor que era necessário para escapar do barulho do tráfego nas ruas
lotadas.

Para continuar a tradução sobre tipologia e padrões de casas, vamos detalhar o


período medieval e o desenvolvimento da tipologia:

Durante a Idade Média, especialmente na Europa Central e Ocidental, dois outros


tipos de importância fundamental foram desenvolvidos: a casa-salão e a casa em
linha. Ambas eram geralmente concebidas como estruturas de frontão que
aparecem como figuras distintas em relação ao seu entorno. A imagem básica da
casa nórdica é determinada pelo telhado inclinado e íngreme. A origem dessa
forma é significativa e mostra como a casa adquiriu um significado que vai além
do seu propósito meramente utilitário. A casa de frontão vem de uma simples
construção de postes e vigas, que em sua forma primitiva consistia em dois
postes sustentando uma viga central, da qual os telhados desciam em direção ao
solo em ambos os lados. Os topos em forma de triângulo dos postes deram o
nome à estrutura ou, melhor, à sua aparência como forma construída. Jost Trier
mostrou que essa simples estrutura era considerada um modelo do mundo. Ou
seja, a casa se tornou um meio de entender o mundo; sua estrutura era, por assim
dizer, projetada no espaço entre a terra e o céu.

A relação íntima da casa com o que é imediatamente dado faz dela o elemento
constituinte do pano de fundo geral da vida humana, condicionando, assim, seu
humor. É como se ela representasse a "vida", enquanto o edifício público
representa a "ideia". Quando os tipos básicos de casas são repetidos, esse pano
de fundo se manifesta como uma matriz estendida que sustenta a vida diária. No
entanto, a repetição não é mecânica. Em vez disso, consiste no que chamamos de
"tema e variações". A arquitetura doméstica sempre foi baseada nesse princípio.
Na matriz das casas, figuras aparecem, desaparecem e reaparecem como os
motivos da polifonia musical, refletindo assim a transitoriedade e a recorrência
dos fenômenos.

A referência aos tipos básicos do Sul e do Norte sugere que os temas de diferentes
localidades não são os mesmos. No "clássico" Sul, o mundo é imediatamente
dado como algo construído e ordenado, e o homem não precisa da casa
estruturada para compreendê-lo. Daí a forma volumétrica "neutra" da casa do sul,
que só serve para oferecer um "aqui" permanente. Como resultado, a matriz
doméstica torna-se um pano de fundo geral para os edifícios públicos distintos e
marcantes, que revelam as propriedades da ordem dada. No "romântico" Norte,
ao contrário, o mundo é complexo e variável, distinguido por uma multidão de
nuances incompreensíveis. Para compreender este mundo, a explicação geral da
arquitetura pública não é suficiente; aqui, o homem também precisa de uma
imagem que ofereça segurança em sua vida diária. Ou seja, ele precisa de uma
casa que seja simultaneamente refúgio e abertura para o mundo.

Tipologia

A organização espacial não se torna um lugar até ser trabalhada por meio de uma
forma construída. As figuras típicas que constituem os substantivos da linguagem
da arquitetura podem ser definidas como figuras espaciais possuindo limites
concretos. A figura espacial em si é um "volume"; quando é trabalhada, no
entanto, torna-se um edifício com um caráter definido. Trabalhar significa tornar
um modo de estar entre terra e céu manifesto. Assim, um edifício pode se levantar
no espaço, estender-se ou delimitar um espaço, ao mesmo tempo em que se abre
de várias maneiras. Já destacamos que nossa linguagem possui nomes para esses
"seres": "torre", "bloco", "ala", "salão", "corredor" e "cúpula". Uma torre não é
apenas uma vertical abstrata, mas algo que se levanta e sobe. Uma ala não é
apenas uma horizontal, mas algo que se estende pelo chão. Um salão não é
apenas um volume, mas um espaço que se relaciona com o chão e o teto, e uma
cúpula é uma forma que lembra o céu imaterial sobre a terra sólida. As figuras
podem ser simples ou compostas; o Batistério em Florença, por exemplo, é uma
figura elementar, mas distinta, enquanto a catedral adjacente é composta. Esta
última, de fato, combina salão, cúpula e torre em uma complexa, mas distinta
totalidade.

No passado, nosso ambiente era composto por figuras simples e compostas. A


matriz construída das casas era geralmente composta por unidades figurar
simples, enquanto os edifícios públicos apresentavam composições mais
articuladas que agiam como pontos de referência e focos espaciais. Podemos
comparar com os blocos de madeira antigos usados por crianças, cujos
elementos figurativos simples podiam ser alinhados ou combinados para formar
composições mais complexas. Os jogos de Froebel, usados por Frank Lloyd
Wright em sua infância, eram desse tipo, e é interessante saber que as estruturas
resultantes deveriam receber um nome: "fazenda", "barcaça", "banca de jornal"...

Uma abordagem concreta e figurativa para arquitetura, em contraste com os


diagramas abstratos do funcionalismo. Arquitetura figurativa, portanto, não
consiste em invenções ocasionais, mas em elementos típicos que podem ser
repetidos, combinados e variados. Já sugerimos que os elementos típicos não são
apenas uma questão de convenção, mas representam modos básicos de estar
entre terra e céu. Eles são dados com o mundo, como a linguagem falada, e a
tarefa do arquiteto é fazê-los aparecer no momento e no lugar certos, isto é,
"como algo". Quando isso acontece, o tipo se torna uma figura concreta. O tipo,
como tal, não existe; apenas suas manifestações figurativas. Mas tem um nome,
enquanto a figura individual não. Portanto, pertence ao terreno geral onde todos os
fenômenos aparecem. Isso não significa que seja uma abstração, como "volume"
ou "proporção". É eminentemente concreto. Quando dizemos "torre", "cúpula" e
"coluna", nos referimos a uma entidade real que pode ser trabalhada.

Os tipos que permanecem constantes ao longo da história podem ser chamados


de "arquetipos", pois têm validade geral. No entanto, os arquetipos desaparecem
e reaparecem. A cúpula, por exemplo, não desempenhou um papel importante na
arquitetura ocidental durante a Idade Média, embora não tenha desaparecido
completamente. O que é importante é que arquetipos sejam sujeitos a novas
interpretações. Uma torre sempre se levanta no espaço, mas o que significa se
levantar aqui e agora? Qual é a figura que expressa esse se levantar?
Evidentemente, as interpretações não mudam completamente de caso a caso.
Circunstâncias locais e temporais têm certa estabilidade e, portanto, podemos
falar de tipos locais e históricos, como o "telhado de Emmental" ou a "torre
gótica".

A interpretação ou o trabalho do tipo consiste em um processo de articulação, ou


seja, de definir elementos constituintes e partes subordinadas. Por meio desse
processo, um modo básico de estar entre terra e céu é elucidado e variado. A
elevação vertical de uma torre, por exemplo, pode ser enfatizada ou suavizada, ou
um conflito entre repouso e elevação pode ser expresso. Já destacamos que a
forma artística é capaz de conter contradições lógicas. Assim, pode ser
simultaneamente pesada e leve, estática e dinâmica, ou, nas palavras de Robert
Venturi, pode ser "tanto e". Articulação, no entanto, não deve ser levada a um
ponto em que o tipo perca sua identidade. Nesse caso, a qualidade figurativa seria
perdida. O tipo, portanto, deve ser respeitado para ser contradito!

Para entender a natureza da tipologia, não é suficiente referir-se aos modos gerais
de estar entre terra e céu. Também precisamos lembrar que eles sempre
acontecem "como algo". Não nos referimos aqui às manifestações locais e
temporais, mas sim às categorias de ser coletivo, público e privado no mundo.
Assim, devemos investigar os arquetipos do ser coletivo no mundo, do ser público
no mundo e do ser privado no mundo. Essas são, evidentemente, variedades dos
arquetipos gerais ou representam escolhas entre eles. A torre, por exemplo, é
usada principalmente como uma forma pública, enquanto a contenção topológica
urbana se adequa ao coletivo.

Percebemos que morar depende da tipologia. Para ganhar um ponto de apoio


existencial em relação a coisas, a outros e a si mesmo, o ser humano precisa de
uma arquitetura que revele sua compreensão do mundo. Essa compreensão
compreende tanto uma intuição do que é geral quanto um conhecimento do que é
circunstancial. A compreensão geral está armazenada nos tipos, enquanto o
conhecimento circunstancial é expresso pela figura arquitetônica concreta que
coloca o tipo para trabalhar. Tipo e trabalho correspondem a linguagem e
discurso, e, portanto, à "casa do Ser" e suas manifestações. Assim, o ser humano
não apenas mora em espaços urbanos e edifícios, mas também na linguagem da
arquitetura. É, de fato, esse morar que torna todos os outros possíveis.

Linguagem hoje

A perda da forma construída e da figura espacial não é apenas resultado de uma


compreensão enfraquecida da natureza da forma e do espaço, mas antes de tudo
da eliminação da linguagem da arquitetura. O slogan "a forma segue a função" não
admite a existência de qualquer fundamento tipológico, mas afirma que as formas
são constituídas novamente, repetidamente. No máximo, reconhece a existência
de certas "tradições". A perda de linguagem decorre da tendência geral para
abstração que caracteriza nossa época. Assim, reduzimos a realidade ao que é
mensurável e transformamos um lugar concreto em um espaço abstrato. Como
resultado, o mundo cotidiano desaparece, e o ser humano se torna um estranho
entre as coisas. A faculdade de imaginação é morta, isto é, a capacidade de
compreender o mundo em termos de figuras que têm raízes na tipologia. Husserl
destacou esse perigo em sua crítica à ciência ocidental e, como remédio, lançou o
slogan "às coisas mesmas!". Assim, ele defendia um retorno ao concreto; um
objetivo que foi seguido por Heidegger, Merleau-Ponty, Bachelard, Bollnow e
outros.

Hoje, no entanto, experimentamos a promessa de um retorno à arquitetura


figurativa. Os problemas de tipologia e significado são muito discutidos, e a
necessidade de uma linguagem comum é reconhecida. A questão da memória
também ganhou destaque, pois qualquer forma significativa necessariamente é
algo que "lembra". Assim, as formas do passado estão de volta como possíveis
escolhas, especialmente as clássicas, porque a linguagem clássica representa o
sistema figurativo mais universal e coerente conhecido até agora. O perigo,
evidentemente, é um retorno ao historicismo superficial. Giedion já reconheceu a
diferença entre usar a história como um "armazém" de motivos e como uma fonte
de "fatos constituintes". Mas ele não entendeu a natureza dos fatos constituintes
como interpretações do modo de estar entre terra e céu. Mesmo os atuais
defensores do figurativismo "pós-moderno" raramente compreendem a natureza
existencial do tipo e da figura, e, portanto, facilmente tornam-se vítimas de um
novo ecletismo.

Para enfrentar esse perigo, temos que entender o significado do slogan de


Husserl. "Às coisas mesmas" implica que devemos recuperar a compreensão
natural do ser humano das coisas como modos de estar no mundo, ou seja, como
aglomerações. Consequentemente, precisamos desenvolver nossa intuição
poética e compreender o mundo em termos de qualidades, em vez de
quantidades. Isso não significa que reduziremos nosso entendimento a uma
intuição espontânea. Através do método fenomenológico, podemos "pensar"
sobre as coisas e revelar sua "coisa". Este livro, como um ensaio fenomenológico,
demonstra essa abordagem. A fenomenologia deve tornar-se o núcleo da
educação, e, portanto, o meio pelo qual podemos recuperar a consciência
poética, que é a essência do morar. O que precisamos, de forma geral, é de uma
redescoberta do mundo, no sentido de respeito e cuidado. Não melhoramos
nossa situação com grandes "planos", mas cuidando do que está próximo a nós,
ou seja, das coisas. "As coisas confiam em nós para serem resgatadas", diz Rilke.
Mas só podemos resgatar as coisas se primeiro as tivermos no coração. Quando
isso acontece, moramos, no verdadeiro sentido da palavra.
Se há uma única fonte para a estabilidade do ser humano na vida moderna, é a
casa. É a casa que nos dá a base para nosso ser no mundo. A casa é onde
encontramos nosso espaço privado e onde podemos estar com nossa família e
amigos. É um espaço de conforto e segurança, onde criamos memórias e
cultivamos nossa identidade pessoal. Bachelard nos lembra que a casa é o local
onde o mundo é simplesmente dado, onde não precisamos escolher um caminho
ou um objetivo, mas podemos simplesmente existir. Através do processo de
construir uma casa, aprendemos a entender nosso lugar no mundo.

Além disso, a casa é uma síntese do que é imediato e universal. É um


microcosmo, uma repetição da estrutura básica do ambiente. O piso representa a
terra, o teto, o céu, e as paredes, o horizonte. A casa é um espaço onde os
elementos fundamentais da vida - terra, céu, vento, luz, calor - se tornam
presentes. Os detalhes da arquitetura da casa refletem essa relação, usando luz,
materiais e cores para criar um ambiente acolhedor.

A moradia moderna é uma continuação dessa tradição, mas com adaptações para
se adequar ao estilo de vida atual. Como apontado por Frank Lloyd Wright, uma
das mudanças mais significativas é a abertura dos espaços internos para a
paisagem externa. Isso não apenas melhora a conexão com a natureza, mas
também cria uma sensação de liberdade dentro da casa. No entanto, com o
advento da modernidade, também houve uma perda do caráter figurativo da casa.
As casas modernas, embora práticas e funcionais, podem parecer sem vida e
carentes de personalidade.

A crítica pós-moderna à arquitetura moderna busca restaurar a conexão


emocional com a casa, reintroduzindo elementos convencionais como janelas
grandes, lareiras aconchegantes, varandas e jardins. Ao fazê-lo, a casa recupera
sua qualidade figurativa e sua capacidade de ser um lar, não apenas um espaço
habitável. O uso do estilo vernacular em conjunto com elementos modernos cria
uma linguagem de arquitetura que é ao mesmo tempo familiar e inovadora.

A ênfase na "figura" e na tipologia na arquitetura é uma reação ao funcionalismo


despojado do modernismo. Arquitetos como Venturi e Moore defendem uma
abordagem mais sensível ao design de casas, com ênfase no lugar e no
significado. Essa abordagem abraça a complexidade da vida moderna sem perder
a conexão com a tradição e a história. Como resultado, a casa moderna se torna
um local onde o ser humano pode sentir-se em casa, onde pode recuperar seu
senso de pertencimento e onde pode descansar do mundo agitado que o cerca.

Por fim, a casa é o lugar onde a humanidade pode encontrar paz e conforto. É um
lugar onde a família se reúne, onde as memórias são feitas e onde encontramos
nosso refúgio. Ao compreender o significado profundo da casa e sua relação com
o mundo, podemos criar espaços que sejam mais do que apenas um teto sobre
nossas cabeças; podemos criar lares que apoiem nossa jornada pela vida. Em
última análise, a casa é uma expressão do nosso ser no mundo, um lugar onde
podemos ser nós mesmos e encontrar a paz que tanto procuramos.

O trecho traduzido continua a explorar a arquitetura da casa, destacando como


ela reflete a relação entre a estrutura interna e o ambiente externo. A casa não é
apenas um abrigo físico, mas um espaço de interação emocional e espiritual. A
referência ao trabalho de Frank Lloyd Wright, que abriu as casas para a paisagem,
enfatiza a importância de integrar a natureza ao espaço doméstico.

Wright criou planos que permitiam a interação entre o ambiente interno e o


externo, mantendo ao mesmo tempo um senso de intimidade e proteção. Seu uso
de planos paralelos ao solo, em conjunto com elementos verticais, criava um
equilíbrio entre abertura e fechamento. O uso do pilar de chaminé como núcleo
central da casa, onde o fogo "queimava profundamente na alvenaria", exemplifica
a ideia de ter um centro forte que une toda a estrutura.

A parte sobre topologia menciona como as casas se organizam de acordo com


princípios básicos, como planos centralizados ou axiais. O uso de corredores e
salas centrais reflete a complexidade das funções domésticas. Em casas
menores, o plano pode ser simétrico, com uma passagem que leva a um espaço
de destaque. No entanto, o plano também pode ser assimétrico, para acomodar
diversas necessidades de espaço. A interpretação pós-moderna da arquitetura
domiciliar busca incorporar elementos clássicos, como arcos e gabletes, para
criar identidade e distinção.

Os autores também discutem a necessidade de formas definidas para criar uma


sensação de lugar dentro da casa. Elementos como pátios, corredores e varandas
contribuem para a identidade do espaço doméstico. Ao final do texto, a ideia do
"free plan", ou plano aberto, desenvolvido por Wright, é retomada. Embora esse
conceito tenha dado um novo rumo à arquitetura, ele também trouxe desafios,
pois às vezes levou a uma perda de figuras claras e identificação dentro do espaço
doméstico. A crítica pós-moderna procura recuperar essas figuras e introduzir
elementos que tornem a casa mais acolhedora e identificável.

A narrativa conclui destacando a importância da linguagem arquitetônica e como


ela reflete nossa relação com o ambiente e uns com os outros. Mesmo na
modernidade, é essencial manter um senso de identidade e continuidade,
buscando no passado elementos que tragam estabilidade para o presente. A casa,
portanto, permanece como um local central para encontrar refúgio e criar um
sentido de lar, um espaço que equilibra a abertura ao mundo com a necessidade
de um lugar seguro para o crescimento e a contemplação.

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