Você está na página 1de 6

MEMÓRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA

Refere-se a presente memória descritiva ao projecto de Arquitectura para a alteração e


ampliação do edifício sito na Rua da Horta Seca, 32, 34, 36, 38, freguesia da Misericórdia,
Lisboa, cujo licenciamento foi requerido por Zona Restrita, Unipessoal, Lda, NIPC 509187706
com sede em Herdade do Zambujeiro, Cantinho das Glicínias, lote 54/55, Santo Estevão –
Benavente.

Introdução

Trata-se de um edifício habitacional antigo, inscrito na matriz anteriormente ao ano de 1951,


em razoável estado de conservação. Caracteriza-se por uma tipologia construtiva pombalina
com uma frente de cerca de 12m, e um pequeno logradouro a tardoz. Em termos de
volumetria, tem três pisos, com o último a ser em águas furtadas com trapeiras para a frente e
trapeirão para trás. Estruturalmente caracteriza-se por paredes de fachada de grande secção e
uma linha estrutural a meio do edifício que faz toda a altura do mesmo. As escadas de acesso
têm uma dimensão generosa e degraus de espelho reduzido. Os pés-direitos são altos a rondar
os 3.4m de altura e para se aceder ao primeiro piso terá de se subir mais de cinco metros.

O edifício encontra-se documentado com algumas peças no volume de obra do Arquivo


Municipal de Lisboa, que consultámos. Entre os registos, existem indicações de pequenas
alterações ao nível do R/c (desenho de 1892) e alterações no interior dos fogos de 1936
(colocação de I.S. na zona da cozinha e substituição de materiais de paredes interiores). Existe
ainda referência a uma queixa de obra ilegal no vizinho a norte. Essa obra incluiu a construção
de um pavilhão paredes meias com o logradouro deste edifício e a abertura de janelas sobre o
mesmo. Após vários procedimentos a obra foi de facto considerada ilegal e emitida a
respectiva intimação. Por alguma razão que desconhecemos nada foi feito e o processo
acabou arquivado. Resumindo, a obra ilegal do vizinho continua de pé e fazendo muito má
vizinhança.
Descrição e justificação da proposta para a edificação

Pretende-se ampliar o edifício num piso, em cerca de 3m (tanto para a cércea como para a
altura), mantendo o uso habitacional e as características originais da construção. Para tal
juntamos em anexo levantamento topográfico do arruamento com o cálculo das cotas que nos
permite cumprir o Artigo 42º, nº3, alínea b) e c) do PDM de Lisboa.

Por forma a aumentar a acessibilidade aos andares superiores propõe-se a colocação de um


elevador na parte do logradouro a tardoz, fazendo comunicação com a zona de entrada do
prédio. A saída nos andares será feita a meio piso, uma vez que é a única forma de
aproveitamento de espaço e manutenção das escadas. Isso fará com que o volume do
elevador se eleve apenas até à linha de cumeeira a tardoz, uma vez que para se aceder ao
último piso teremos de subir ainda meio lanço de escada.

No interior propõe-se pequenas alterações de vãos de porta e colocação de novas instalações


sanitárias. Todas estas obras terão pouca influência na estrutura do edifício e sua formologia,
procurando sobretudo dotar os andares de melhores condições de habitabilidade.

Enquadramento da pretensão nos planos municipais e especiais de ordenamento do


território vigentes e operação de loteamento

O edifício encontra-se inserido em ARU- Área de Reabilitação Urbana, em zona de imóveis


classificados da DGPC, Lisboa Pombalina. Como condicionante: Imóveis Classificados –
Conjunto de Interesse Público
Como qualificação do espaço urbano, o PDM em vigor classifica esta zona como Espaço Central
e Residencial – Traçado Urbano B Consolidado.
A proposta enquadra-se ainda no PDM de Lisboa e RMUEL.

Adequação da edificação à utilização pretendida

A utilização actual do edifício é para habitação e assim se manterá. O piso térreo dispõe de um
estabelecimento comercial de restauração mas onde não se pretende intervir. Esse espaço não
é objecto deste licenciamento uma vez que está operacional e com contrato de arrendamento
válido. Toda a intervenção superior pode ser feita com impacto mínimo para este espaço.

O projecto irá prever uma série de obras que visam a melhoria das condições de habitabilidade
e acessibilidade dos andares. Para além disso todas as infraestruturas serão refeitas e
adequadas à legislação em vigor.

Tanto a nível exterior como interior mantem-se a configuração original do edifício,


caracterizado pelo ritmo dos vãos, cobertura com trapeiras em alvenaria, tanto para a frente
como para tardoz e acabamentos e cores actuais.

No logradouro, mantém-se a configuração existente, colocando-se na zona junto à escada um


pequeno elevador. Aproveitam-se os vãos de janela existentes para servir de acesso ao
mesmo, sempre a meio piso.

Inserção urbana e paisagística da edificação referindo em especial a sua articulação com o


edificado existente e o espaço público envolvente

A proposta de ampliação procura manter uma relação coerente com a envolvente, em especial
os edifícios dessa frente edificada. A parte aumentada corresponde à permitida legalmente,
até ligeiramente mais baixa, de modo a manter uma configuração de cobertura idêntica à
actual, com desenho de trapeiras alinhadas com vãos inferiores.

Ainda ao nível dos vãos, procurou-se uma solução que fosse ao encontro do cheio vazio
predominante, tanto na vertical como na horizontal, com janelas de sacada na parte da frente,
e de peito na fachada tardoz.

O último piso mantém a cornija branca idêntica à original a separar a cobertura. Todos os vãos
são ainda demarcados por guardas de ferro pintadas a azul escuro, de desenho igual ao
existente.

Indicação da natureza e condições do terreno

O acesso exterior ao edifício é fácil com um arruamento de boas dimensões e estacionamento


público dos dois lados.
Como é comum nestes edifícios o pequeno logradouro enciontra-se completamente
impermeabilizado não estando para já planeada qualquer outra intervenção nesse espaço,
uma vez que também é de serventia do restaurante.

Adequação às infra-estruturas e redes existentes

O lote dispõe de ligação ao fornecimento de electricidade, água, gás e esgotos. No seguimento


do projecto de arquitectura todas as infraestruturas interiores terão de ser refeitas uma vez
que as anteriores estão completamente obsoletas.

Notas Finais

Com vista à recuperação rápida do edifício na sua totalidade, julga-se esta intervenção
enquadrável no Decreto-Lei n.º 53/2014 de 8 de Abril. A operação urbanística não origina
desconformidades nem agrava as existentes, contribuindo assim para a melhoria das
condições de segurança, salubridade e acessibilidade do imóvel.

Não nos foi possível cumprir o disposto no DL 163/2006 por se tratar entre outros aspectos de
uma intervenção nos pisos superiores do edifício existente. Conforme o disposto na alínea 1
do art.º 10 do referido diploma, as obras necessárias, ao cumprimento rigoroso do decreto,
iriam obrigar a meios económico-financeiros desproporcionados, eliminando a possibilidade se
intervir neste edifício.

Em anexo seguem diversos documentos do volume de obra que se encontra no Arquivo


Municipal de Lisboa e que acompanham o descrito nesta memória.

Lisboa, 29 de Outubro de 2015

Luís Cabral Pereira Miguel

Arquitecto inscrito na OA com o n.º 7410


DOCUMENTOS DO ARQUIVO MUNICIPAL DE LISBOA

Primeira alteração à entrada do edifício de 1892


Alterações interiores de 1936 – a janela a tardoz acabou por não ser modificada desta forma e mantém-
se de dimensões mais reduzidas

Queixa de 1989 sobre as obras ilegais do vizinho a Norte e que se mantém actualmente

Você também pode gostar