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Relatório de inspecção e diagnóstico

Análise preliminar do estado de conservação do edifício

Praça Parada Leitão n.º11/ Campo Mártires da Pátria n.º 65, Porto

Março 2011
01|Introdução

O presente relatório refere-se à análise do estado estrutural dos pisos em estrutura de


madeira do edifício sito na Praça Parada Leitão, nº11, na cidade do Porto.

Para a sua execução procedeu-se a diversas visitas técnicas ao edifício tendo em vista o
levantamento do esquema estrutural, a caracterização geométrica das peças de madeira
que o compõem e a determinação do seu estado de conservação. Foi efectuada a inspecção
visual das vigas e das entregas nas paredes de granito.

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02|Objectivo

Este estudo tem como objectivo determinar o estado de conservação da estrutura de


madeira do edifício e da sua capacidade resistente global. Os dados recolhidos através da
análise preliminar ao seu estado de conservação, revelam-se fundamentais para uma
correcta adequação do programa de intervenção, permitindo adequar a soluções técnicas de
projecto à realidade e respectiva optimização de meios, recursos e custos na execução da
obra.

O presente relatório tem por base:

− O levantamento estrutural;

− O levantamento de patologias;

− A visualização do estado dos elementos estruturais;

− Registo fotográfico

A inspecção tem como objectivo caracterizar o estado de conservação edifício analisando as


suas estruturas portantes, nomeadamente as paredes resistentes de alvenaria de pedra e a
sua capacidade de receber novas estruturas, assim como o estado das entregas dos
vigamentos de madeira que constituem os pavimentos actuais. Através da recolha destes
dados pretende-se obter uma estereotomia aproximada da estrutura do edifício e do seu
funcionamento, que servirá de base ao futuro estudo do comportamento estrutural e
definição das medidas de substituição, conservação e reforço a empreender. Irá identificar a
necessidade de efectuar alterações pontuais para a melhoria do seu desempenho e
segurança, assim como a eventual necessidade de solidarização, contraventamento ou
reforço dos elementos estruturais.
Serão também documentadas as principais patologias resultantes da degradação
progressiva do edifício ao longo dos anos e que contribuem de forma decisiva para o actual
estado de conservação.

Para o efeito proceder-se-á a uma campanha de sondagens que permitirá uma análise
parcial dos elementos e materiais.

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03|Método de inspecção

A campanha de sondagens realizada foi baseada numa análise visual de todos os elementos
construtivos. Nas sondagens foram utilizadas técnicas reduzidamente destrutivas.
A realização da inspecção implicou o acesso aos elementos estruturais. Para o efeito
procedeu-se à remoção de elementos não estruturais de acordo com o seguinte esquema:

a) Remoção/corte de tábuas de soalho junto às entregas nas paredes;


b) Remoção de argamassas de revestimento nas paredes de pedra.

Conseguiu-se desta forma visualizar a qualidade e as características geométricas dos


elementos principais da estrutura.

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04|Caracterização do edifício

O edifício objecto de análise do presente relatório situa-se na Praça Parada Leitão, nº11,
Porto/ Campo Mártires da Pátria, n.º65, Porto. Trata-se de um imóvel de interesse
patrimonial assinalado na Carta de Património do PDM (ref.V16). Está incluído na Lista do
Património Mundial da UNESCO, em Imóvel de Interesse Público (Centro Histórico do Porto).
O edifício data de 1860 e é um exemplar da Escola “Beaux-Arts”, dentro de um estilo
neoclássico.

Fig. 1 - Planta de localização

04.1|Envolvente

Edifício inserido em quarteirão com edifícios confrontantes em duas faces e localiza-se num
remate de esquina.

F 1- Fachada Campo Mártires da Pátria F 2 - O gaveto em 2008 F 3 - O gaveto actualmente

04.2|Envelope

Paredes das fachadas revestidas a azulejos de bisel, de 7,5x15,5 cm de cor vermelha.


Empenas cegas e com poucas aberturas.
Coberturas inclinadas em telha cerâmica com zona em chapa ondulada.
Caixilharia em madeira com vidro simples com portadas interiores.

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04.3|Esquema organizativo

O edifício é constituído por cave, RC, 1º e 2º andar. Todos os pisos são morfologicamente
diferentes, havendo muitos pontos de coincidência entre o RC e o 1º andar.
De forma a simplificar a leitura deste relatório, os compartimentos irão ser designados pelo
código do andar e um número de ordem. Por exemplo: P1.1 designa o compartimento 1 do
1º Andar.

_Cave

Fig. 2 - Planta da cave

A cave ocupa uma área de implantação inferior aos


restantes pisos. O acesso faz-se unicamente através
de uma escada de madeira a partir do RC. Esta
escada localiza-se na prumada dos lanços que ligam
os restantes pisos. Possui três compartimentos
distintos tendo dois deles janelas, que neste
momento se encontram entaipadas.
Pela configuração das paredes portantes podemos
adivinhar que este lote resultou da reconfiguração de
duas casas preexistentes uma vez que o lote actual é
de dimensão sensivelmente dupla da das casas vizinhas, marcadas ainda pela antiga
métrica cadastral do quarteirão. Além dos três compartimentos existe uma rampa em pedra
que comunica com um dos vãos que ligavam essas casas a uma antiga viela.

F 4 – Vista geral da cave F 5 – A rampa em pedra F 6 – As escadas de acesso ao RC

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_RC

Fig. 3 – Planta do RC

O RC já não conserva a integridade da composição


octogonal organizadora dos espaços presentes no 1º
e 2º andar, mas deixa ainda perceber a coerência
formal do projecto inicial da casa.
A entrada principal faz-se por uma escadaria em
granito emoldurada por duas pilastras também elas
em granito.
Possui 5 compartimentos distintos, um dos quais de
geometria circular.
Uma escada complementar, com acesso independente remata as traseiras. Esta escada foi
um acrescento posterior à construção e apenas serve o 2º andar.

F 7 – Vista geral do hall (RC.3) F 8 –Zona serviço (RC.6) F 9 – Acesso 1º andar (RC.3)

F 10– Vista do hall (RC.5) F 11 – Entrada principal F 12 – Sala redonda (RC.2)

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_1º Andar

Fig. 4 - Planta do 1º andar

No 1º andar um hall central de forma octogonal


emoldurado por carpintarias trabalhadas faz a
distribuição para os três compartimentos principais,
todos eles com fogões de sala em ferro fundido. À
semelhança do RC existe um compartimento redondo
com tectos trabalhados com três vãos que ligam a
uma varanda em pedra. O piso é completado por
compartimentos de serviço mais pequenos nas traseiras, onde estava instalada a casa-de-
banho principal e uma cozinha.
No acrescento das traseiras existe ainda um pequeno wc, característico desta época,
instalado na antiga varanda existente.

F 13 – Hall octogonal (P1.3) F 14 –Acesso vertical (P1.3) F 15 – Antiga varanda (P1.9)

F 16 – Sala (P1.4) F 17 –Sala redonda (P1.2) F 18 – Sala (P1.1)

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_2º Andar

Fig. 5 - Planta do 2º andar

Em termos organizacionais a planta do 2º andar


assemelha-se à do 1º, com o hall central de forma
octogonal rematado por uma clarabóia. Neste piso os
compartimentos são mais reduzidos havendo uma
maior compartimentação dos espaços. Para além do
acesso vertical que serve todos os pisos, existe um
segundo na parte posterior que apenas serve este
andar.
Um varandim a toda a extensão das fachadas coroa o edifício com balaustradas em pedra.
Este varandim, juntamente com os compartimentos P2.3 e P2.4, encontra-se a uma cota
superior vencida por quatro degraus.

F 19 – Hall octogonal (P2.5) F 20 – Varandim F 21 – Sala (P2.8)

F 22 –Sala (P2.1) F 23 –I.S. (P2.7) F 24 – Sala (P2.1)

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04.4|Interiores

Paredes divisórias em tabique.


Revestimentos de tectos em estuque trabalhado.
Pavimentos em soalho de madeira, alguns com formas geométricas e efeitos decorativos.
Carpintarias trabalhadas em vãos e pavimentos.
Clarabóias em ferro fundido.

F 25 – Tecto em estuque F 26 – Corrimão em madeira trabalhada F 27 - Clarabóia

04.5|Estrutura e fundações

Paredes resistentes de alvenarias de pedra de granito, com vãos em peças de cantaria.


Pavimentos em estrutura de madeira.
Cobertura do edifício em estrutura de madeira.
Cobertura do varandim superior suportada por escoras de ferro
Pilar no rés-do-chão em ferro.
Escadas em estrutura de madeira.
Fundações directas das paredes resistentes.

F 28 – Estrutura de pavimento F 29 –Pilar em ferro F 30 – Estrutura do varandim

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05|Detecção de patologias

Numa fase prévia à realização da campanha de sondagens foi efectuado um levantamento


das principais patologias que afectam o edifício.
As patologias verificadas resultam essencialmente da acção dos agentes atmosféricos e
biológicos que ao longo dos anos actuam no edifício.
Um tempo de serviço prolongado juntamente com a ausência de um plano cuidado de
manutenção que possa adequar com exactidão as necessidades constantes de intervenção
conduziu ao seu actual estado.
A nível de projecto aquando da realização da estrutura existente não era considerada a
verificação de segurança em relação à deformação e efeito da fluência associada ao
envelhecimento da madeira, com consequente deformação dos pavimentos. A alteração do
uso e funções dos espaços ao longo dos anos, com aplicação de cargas pontuais agrava
estas deformações. Por último, a humidade que se verifica, aliada ao facto de estar devoluto
há vários anos e permanentemente fechado, com fraca ventilação dos espaços, conduz a
uma aceleração do efeito destes agentes.

05.1| Exterior

_Vãos e fachadas

Verifica-se grande perda de estanqueidade dos vãos das fachadas pelo apodrecimento das
caixilharias de madeira ou mesmo a sua ausência.
Vidros partidos ou ausentes.
As soleiras e peitoris também se encontram muito degradados.
Elementos cerâmicos de cor diferente ou ausentes em alguns locais (perda de revestimento
e isolamento).
A zona de ligação do edifício original ao acrescento apresenta uma fissura vertical que
atravessa todo o edifício.

F 31 –Caixilho em falta F 32 – Vidro em falta F 33 – Fissura vertical F 34 – Cerâmicos diferentes


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_Cobertura

A perda de estanqueidade em alguns locais da cobertura, nomeadamente na rufagem das


clarabóias e ausência de vidros, bem como telhas partidas e falta de vidros nas caixilharias
provocou infiltrações de água, contribuindo para um ambiente interior húmido. Nos pontos
críticos de entrada de água, nomeadamente ao nível do 2º andar observam-se fungos de
podridão, resultado de um teor de água superior a 20%.

F 35 – Tecto danificado (P2.5) F 36 – Tecto com fungos (P2.6) F 37 – Clarabóia sem vidros (P2.9)

05.2| Interior

_Deformações nos pavimentos

Deformação generalizada do pavimento dos pisos por abatimento do núcleo central da caixa
de escadas e abatimentos pontuais das estruturas portantes, provocando inclinações em
vários sentidos, com maior preponderância para o núcleo da caixa de escadas.

F 38 – Pavimento deformado (RC.4) F 39 – Pavimento deformado (P1.3) F 40 – Deslocação pavimento (P1.2)

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_Vigamentos podres

Ao nível do tecto da cave são visíveis vigamentos danificados por actuação de caruncho
pequeno, em que a madeira se apresenta sulcada por galerias e pulverulenta, com
destruição da camada de borne (camada superficial) reduzindo a secção do vigamento.
Algumas vigas apresentam fissuração.

F 41 – Viga com caruncho (P1.4) F 42 – Viga fissurada (CV.1) F 43 – Viga apodrecida (P2.5)

_Estuques e argamassas de revestimento

Destacamento e fissuração de alguns elementos decorativos em estuque nos tectos.


Apodrecimento de argamassas das paredes em tabique com fungos visíveis na camada
superficial. Alguma fissuração.

F 44 – Estuque danificado F 45 – Estuque apodrecido (P1.3) F 46 – Estuque apodrecido (P1.4)

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_Soalhos e madeiras podres

Tábuas de soalho totalmente degradadas ao nível do 2º andar. No rés-do-chão é visível a


perda de massa do soalho.
Apodrecimento dos aventais das janelas.

F 47 – Focinhos dos degraus em falta F 48 – Perda de massa dos soalhos (P1.4) F 49 – Soalho podre (P1.2)

F 50 – Caixilhos danificados F 51 – Aventais degradados F 52 – Madeiras degradadas

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05.3| Localização das patologias

T0n – Tectos danificados


S0n – Soalhos danificados

Fig. 6 - Planta da cave Fig. 7 - Planta RC

Fig. 8 – Planta 1º andar Fig. 9 – Planta 2º andar

05.4| Conclusão

Na generalidade o edifício apresenta um moderado grau de degradação tanto a nível


estrutural como a nível dos materiais e revestimentos interiores: soalhos, paredes em
tabique e tectos estucados, com zonas visivelmente mais degradas que outras.

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06|Campanha de sondagens

A avaliação do estado de conservação, permitirá delinear a estratégia de intervenção no que


se refere a:
- substituição parcial e/ou reforço;
- substituição total do elementos, mantendo o sistema estrutural;
- construção de uma estrutura alternativa.

Seguidamente representa-se em planta uma esquematização da campanha de sondagens


realizada e o levantamento fotográfico das mesmas.

06.1| Paredes

_RC

As sondagens foram efectuadas nas paredes de


alvenaria de pedra para saber o estado de
conservação e o tipo/dimensão da pedra. A
sondagem P4 serviu apenas para confirmar se se
tratava de um pilar de pedra.
Fig. 10 – Planta RC

F 53 - P1 F 54 – P2 F 55 – P3 F 56 – P4

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_1º Andar

As sondagens foram efectuadas nas paredes de


alvenaria de pedra para saber o estado de
conservação e o tipo/dimensão da pedra. A
sondagem P10 e a P11 serviram apenas para
confirmar se se tratavam de paredes de tabique.
Fig. 11 - Planta 1º andar

F 57 – P5 F 58 – P6 F 59 – P7 F 60 – P8

F 61 – P9 F 62 – P10 F 63 – P11

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_2º Andar

As sondagens foram efectuadas nas paredes de


alvenaria de pedra para saber o estado de
conservação e o tipo/dimensão da pedra.
Fig. 12 - Planta 2º andar

F 64 – P12 F 65 – P13

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06.2| Pavimentos

_1º Andar

As sondagens foram efectuadas junto aos apoios


para levantamento do esquema estrutural, a
caracterização geométrica das peças de madeira que
o compõem e a determinação do seu estado de
conservação.
Fig. 13 - Planta 1º Andar

F 66 - PV1 F 67 – PV2 F 68 – PV3 F 69 – PV4

F 70 - PV5 F 71 – PV6 F 72 – PV7

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07|Identificação do esquema estrutural

07.1| Paredes

O edifício apresenta as paredes resistentes (assinaladas a vermelho nas plantas)em granito.


As paredes interiores são de tabique simples: tábuas costaneiras verticais com fasquiado
horizontal, reboco de pardo e acabamento estucado. Este tipo de paredes são usadas, em
algumas situações (RC.1 e P1.1), para corrigir a esquadria do compartimento e permitir o
desenho regular das sancas em estuque.

Fig. 14 - Planta da Cave Fig. 15 - Planta RC

F 73 – Parede em pedra à vista na Cave F 74 – Parede de pedra no RC F 75 – Parede em tabique simples

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As paredes em pedra prolongam-se até ao 2º andar, com excepção das de fachada que
terminam no varandim. Neste piso as paredes envolventes, marcadas a azul nas plantas,
são executadas em taipa e suportam a cobertura.
As paredes meeiras e de empena são também em alvenaria de pedra com peças de
geometria razoável.

Fig. 16 - Planta 1º Andar Fig. 17 - Planta 2º Andar

F 76 e F 77 – Parede de taipa com acabamento em madeira no varandim F 78 – Parede em pedra

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07.2| Pavimentos

De acordo com a observação realizada prevê-se que a estrutura actual existente apresente
a distribuição de cargas e esforços representadas nas plantas seguintes. A azul estão
marcadas as lajes de pedra.

Fig. 18 - Planta estrutural do piso de RC Fig. 19 - Planta estrutural do piso do 1º andar

Fig. 20 - Planta estrutural do 2º andar Fig. 21 - Planta estrutural do varandim do 2º andar

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07.2.1| Vigamentos

Os vigamentos em madeira são na sua maioria rolados, havendo nalguns casos vigamentos
em madeira esquadriada. Os vigamentos rolados são falqueados na face superior ou nas
duas faces para receberem o soalho e forro do tecto. Têm vãos variáveis entre 3,50m e
6,5m, em alguns locais com tarugamento. O afastamento médio entre o eixo das vigas é de
0,60m. Da observação visual verifica-se que de uma forma geral as extremidades das vigas
são encastradas nas paredes de alvenaria ou simplesmente apoiadas sobre frechais de
madeira corridos e embutidos nas paredes, visíveis ao nível da cave.
Nas zonas dos vãos das fachadas, as vigas não descarregam directamente nas paredes.
As tábuas de soalho com 20 a 30mm de espessura pregadas ao vigamento têm a função de
distribuição de cargas e aumento da rigidez. As dimensões das réguas são variáveis,
havendo já remendos em alguns compartimentos. Os vigamentos rolados com espessuras
variáveis apresentam uma secção média de 0,2x0,2m.

F 79 – Frechal no vão da fachada F 80 – Viga encastrada na parede de pedra F 81 – Vigas falqueadas

07.2.2| Ligações estruturais tradicionais

As ligações entre elementos estruturais são realizadas através de entalhes, onde as tensões
são transmitidas por compressão e/ou por atrito entre as superfícies de contacto. Estas
estão basicamente limitadas à transmissão de esforços de compressão e de corte. É visível
alguma deterioração destas ligações, comprometendo a segurança dos próprios pavimentos
e a segurança global do edifício relativamente à acção sísmica.

F 82 – Ligação entre vigas e tarugos (cave) F 83 – Entalhe entre vigas F 84 – Ligação entre vigas e tarugos (P1.1)

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07.2.3| Comportamento estrutural

Verifica-se grande vibração estrutural, quando sujeita a compressões pontuais


momentâneas, provocando uma sensação de desconforto na circulação. Em todos os pisos
verifica-se uma deformação estrutural com inclinações dos pavimentos.

07.2.4| Estrutura da cobertura em madeira

Não foi realizada qualquer sondagem à cobertura, nem aferido o seu estado de conservação
pois o programa de arquitectura não prevê a sua manutenção.

07.2.5| Fundações

Não foi realizada qualquer campanha de sondagens para determinar a constituição do solo
ao nível da cave.
Num edifício com estas características, as fundações serão directas, relativamente
superficiais em alvenaria ordinária de pedra e continuas sob paredes, provavelmente sobre
maciço rochoso existente que é visível junto à parede meeira e nas escavações de
arqueologia já realizadas. Apesar de não ter sido observada esta solução, pode presumir-se
com alguma segurança que exista.
A nível das fundações prevê-se a existência de maciços graníticos de considerável
dimensão, com implicações a nível da escavação e obtenção das cotas de projecto.

F 85 – Escavação da cave do edifício vizinho F 86 e F 87 – Escavação arqueológica, RC e Cave

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07.2.6| Alterações estruturais

O edifício incorpora várias fases de transformação anteriores à sua configuração actual,


evidenciadas, sobretudo nas diversas técnicas construtivas utilizadas (pedra, ferro fundido,
betão armado).
No RC verifica-se a substituição da parede estrutural por pórtico que usa um pilar circular
metálico com secção no ponto médio de diâmetro 0,3 e viga de ferro como reforço. Pelo que
foi possível apurar, esta alteração data de 1910 e não foi possível aferir as características
do pórtico existente.
Como última alteração substancial do edifício verifica-se a construção, em acrescento e
imitação, do volume que ocupa o topo da antiga viela. Esta adição que é datada dos anos
40, foi licenciada e construída com estruturas mistas de pedra e cimento, nomeadamente
na execução das molduras dos vãos que imitam as cantarias de granito do edifício original.

F 88 – Foto 1941 sem o acrescento F 89 – Cornija existente na viela F 90 – Cachorro da varanda da viela

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08| Considerações finais

Qualquer programa de reabilitação actual deverá cumprir um conjunto de normas e


legislação que determinam o nível de segurança e conforto.
Qualquer programa proposto para o edifício pressupõe a adopção de medidas de conforto e
segurança excepcionais para fazer face ao normativo actual.
As sondagens demonstram que as paredes em pedra se apresentam em bom estado de
conservação, pouco fragmentadas, com peças de dimensão e geometria razoável capazes
de receber novas estruturas.
Pelas sondagens realizadas é possível concluir que na generalidade os vigamentos
estruturais constituintes dos pavimentos se apresentam em bom estado. No entanto as
peças de madeira que realizam acções de contraventamento e suporte secundárias
apresentam algum apodrecimento.
A nível das paredes constata-se que são em alvenaria de pedra com boa capacidade para
receber cargas equivalentes.

08.1| Vigamentos estruturais em madeira

Recomenda-se a remoção de todos os soalhos e manutenção dos elementos resistentes de


madeira dos pisos, com eventual substituição de algumas vigas que se encontrem em
condições deficientes. Nesta substituição poderão ser aproveitadas as vigas existentes em
zonas a demolir.
Recomenda-se ainda a limpeza das madeiras a manter e a aplicação de um tratamento
preventivo/curativo que passa pela aspersão dos elementos com um produto tipo
“Sarpamer” que poderá ser dado à trincha.
Numa fase prévia à execução da obra recomenda-se a intervenção na cobertura de forma a
minimizar a entrada de água e consequente deterioração dos vigamentos estruturais dos
pavimentos.

08.2| Paredes resistentes de alvenaria

Recomenda-se a remoção das argamassas e pedras de pequena dimensão e respectivo


tratamento e consolidação das juntas. Prevê-se a eventual necessidade de reforço e
consolidação das paredes através da projecção de betão sobre malha electrossoldada, fixa à
parede de alvenaria através de pregagens.

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Porto, 15 de Março de 2011

Tiago David
(Eng.º Civil)

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