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CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS

Missão: “Formar Profissionais capacitados, socialmente responsáveis e aptos a


promoverem as transformações futuras”

HANA TAMARA KHALED GHOTME


VICTÓRIA LUANE BERNARDO DE OLIVEIRA HENEG

QUEIXAS AUDIOLÓGICAS E OTONEUROLÓGICAS ENCONTRADAS EM


UNIVERSITÁRIOS

Foz do Iguaçu – PR
2023
HANA TAMARA KHALED GHOTME
VICTÓRIA LUANE BERNARDO DE OLIVEIRA HENEG

QUEIXAS AUDIOLÓGICAS E OTONEUROLÓGICAS ENCONTRADAS EM


UNIVERSITÁRIOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de
Fonoaudiologia do Centro Universitário
Dinâmica das Cataratas como requisito
para obtenção do grau de Bacharel em
Fonoaudiologia.
Orientadora: Professora Ms Wanya
Bulhões.

Foz do Iguaçu – PR
2023

TERMO DE APROVAÇÃO
1
Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado como requisito parcial para
obtenção do Título de Fonoaudiologia, pelo Centro Universitário Dinâmica das
Cataratas.

Foz do Iguaçu, _______/_______/2023

_______________________________________
Profa Me. Aline Josiane Acordi Mertz Peixoto
Coordenadora do Curso de Fonoaudiologia

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Profª Me. Wanya M. B V. Chaise de Freitas (Orientadora)


Centro Universitário Dinâmica das Cataratas – UDC

_____________________________________________________

Profª Me. Aline Josiane Acordi Mertz Peixoto (Avaliadora)


Centro Universitário Dinâmica das Cataratas – UDC

_____________________________________________________

Profª Especialista Bruna da Silva Rocha (Avaliadora)


Centro Universitário Dinâmica das Cataratas - UDC

DEDICATÓRIA
2
Esse trabalho é dedicado, primeiramente, à Deus, nosso socorro em todos os
momentos, cuja presença nos auxilia abrindo caminhos e nos dando confiança
frente aos desafios e adversidades.

Aos nossos familiares, por todo apoio e suporte em toda nossa jornada
acadêmica, nos dando forças nos momentos mais difíceis e nos incentivando a
buscar sempre além, sem eles nada disso teria sido possível.

Às nossas professoras, pela persistência e paciência, e por nos


proporcionarem todo conhecimento necessário para iniciarmos a nossa jornada
profissional.

AGRADECIMENTOS

3
Prezados leitores,
Primeiramente expressamos a nossa sincera gratidão a Deus, por nos guiar e
sustentar ao longo de toda a jornada, somos gratas por todo o Seu cuidado e
orientação, que foram fundamentais para que pudéssemos completar essa etapa tão
importante da nossa vida acadêmica. Como também agradecemos por ter nos dado
sabedoria e discernimento para compreender os conceitos e superar os desafios
que surgiram ao longo do processo de pesquisa.

Assim como, gostaríamos de agradecer a nossa orientadora Wanya Bulhões,


pela sua orientação, paciência e dedicação ao longo de todo o processo. Sua
experiência e conhecimento foram fundamentais para o desenvolvimento deste
trabalho, e somos gratas por suas sugestões valiosas e pelo constante
encorajamento.

Estendemos nossos agradecimentos a todas as professoras do curso de


Fonoaudiologia, que compartilharam seu conhecimento e expertise, contribuindo
para a nossa formação acadêmica. Suas aulas e orientações foram de extrema
importância para o embasamento teórico deste trabalho.

Não podemos deixar de mencionar nossos pais Tatiane e Vitalino, Aliçar e


Khaled, que se fizeram presentes em todos os momentos, nos incentivando e
apoiando. O amor incondicional e suporte constante foram a força motriz que nos
impulsionou a alcançar este objetivo, sem eles com certeza a tarefa teria sido muito
mais árdua. Em especial ao meu irmão Ayman, sua presença transformou a minha
vida, me ensinou a superar desafios e me deu forças para continuar em tempos
difíceis. À vocês todo nosso amor e gratidão.

Agradecemos também aos nossos esposos, Anderson e Mohamad, que


estiveram ao nosso lado durante essa jornada acadêmica. Suas palavras de apoio,
amor e paciência, foram essenciais para nos fortalecer e assim concluirmos com
sucesso este trabalho.

É com grande satisfação que compartilhamos os resultados desta pesquisa e


reconhecemos que esta conquista não teria sido possível sem o apoio e a
colaboração de todos aqueles que de algum modo contribuíram para a realização
deste trabalho de conclusão de curso (TCC).

4
Esperamos que este trabalho possa trazer contribuições relevantes para a
área de estudo e que possamos continuar aprimorando nosso conhecimento e
buscando soluções para os desafios que se apresentam.

5
Ser fonoaudiólogo, é ouvir uma lágrima,

articular uma emoção, vocalizar um desejo,

ler a alma e escrever um sorriso.

Enfim, ajudar a expressar o que o homem tem de humano.

Mara Behlau

RESUMO

6
A presente pesquisa teve como principal objetivo investigar possíveis queixas
audiológicas e otoneurológicas em universitários de uma Instituição privada de
Ensino Superior, do município de Foz do Iguaçu - PR. Trata-se de um estudo
descritivo, qualitativo e quantitativo, onde foi realizada uma coleta de dados através
de pesquisa de campo, de forma descritiva. O instrumento utilizado para a coleta de
dados foi um questionário, com perguntas direcionadas a queixas audiológicas e
otoneurológicas via Google Forms. Participaram deste estudo graduandos dos
cursos de Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Estética e Cosmética,
Farmácia, Fisioterapia, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia e Psicologia. A
amostra foi composta por 126 universitários, com média de 22 anos, sendo a maior
parte do gênero feminino. Como resultado, verificou-se que a maioria dos
estudantes nunca se consultaram com um fonoaudiólogo e nunca realizaram exame
específico de audição (audiometria). Em relação aos participantes que apresentaram
queixas audiológicas e/ou otoneurológicas, observou-se que a menor parte ainda
não procurou ajuda profissional para tratamento das mesmas. O estudo revelou
ainda que os participantes possuem pouco conhecimento sobre a atuação
fonoaudiológica nas queixas abordadas.

Palavras-chave: Otoneurologia, Zumbido, Audição, Perda Auditiva, Fonoaudiologia.

ABSTRACT

7
The main objective of this research was to investigate possible audiological and
otoneurological complaints in university students at a private institution of higher
education in the city of Foz do Iguaçu - PR. This is a descriptive, qualitative and
quantitative study, where data collection was carried out through field research, in a
descriptive way. The instrument used for data collection was a questionnaire, with
questions directed to audiological and otoneurological complaints via Google Forms.
Undergraduates from Biomedicine, Physical Education, Nursing, Aesthetics and
Cosmetics, Pharmacy, Physiotherapy, Veterinary Medicine, Nutrition, Dentistry and
Psychology courses participated in this study. The sample was made up of 126
university students, with an average of 22 years old, the majority of whom were
female. As a result, it was found that the majority of students never consulted a
speech therapist and never underwent a specific hearing test (audiometry). In
relation to the participants who presented audiological and/or otoneurological
complaints, it was observed that the smallest proportion had not yet sought
professional help to treat them.The study also revealed that the participants have
little knowledge about speech therapy in relation to the complaints addressed.

Keywords: Otoneurology, Tinnitus, Hearing, Hearing Loss, Speech Therapy.

LISTA DE GRÁFICOS
8
GRÁFICO 1 – AMOSTRA DOS PARTICIPANTES EM RELAÇÃO A IDADE 20
GRÁFICO 2 – AMOSTRA DOS PARTICIPANTES EM RELAÇÃO AO GÊNERO 20
GRÁFICO 3 – REALIZAÇÃO DE CONSULTA COM PROFISSIONAL FONOAUDIÓLOGO 21
GRÁFICO 4 – REALIZAÇÃO DE EXAME DE AUDIÇÃO (AUDIOMETRIA) 22
GRÁFICO 5 – PRESENÇA DE DIFICULDADE DE AUDIÇÃO 24
GRÁFICO 6 – DIFICULDADE NA AUDIÇÃO E O SINTOMA APRESENTADO 24
GRÁFICO 7 – RELATOS SOBRE OS TIPOS DE PROBLEMAS NO OUVIDO 25
GRÁFICO 8 – PRESENÇA DE ZUMBIDO 26
GRÁFICO 9 – RELATOS DE ZUMBIDO (LATERALIDADE) 27
GRÁFICO 10 – FREQUÊNCIA DE ZUMBIDO 27
GRÁFICO 11 – INTENSIDADE DE ZUMBIDO 28
GRÁFICO 12 – TIPO DE ZUMBIDO 28
GRÁFICO 13 – RELATO DE TONTURA 29
GRÁFICO 14 – FREQUÊNCIA DA TONTURA 30
GRÁFICO 15 – MOMENTOS EM QUE PIORA A TONTURA 31
GRÁFICO 16 – COMO SE SENTE QUANDO ESTÁ COM TONTURA 31
GRÁFICO 17 – INTENSIDADE DA TONTURA 32
GRÁFICO 18 – RELATO SOBRE O QUE SENTE QUANDO TEM TONTURA 32
GRÁFICO 19 – QUEIXA DE EQUILÍBRIO 33
GRÁFICO 20 – RELATO SOBRE O DESEQUILÍBRIO, O QUE SENTE 34
GRÁFICO 21 – FREQUÊNCIA DO DESEQUILÍBRIO 34
GRÁFICO 22 – BUSCA POR AJUDA PROFISSIONAL PARA TRATAR AS QUEIXAS

RELACIONADAS A AUDIÇÃO, TONTURA E EQUILÍBRIO 35


GRÁFICO 23 – CONHECIMENTO DO FONOAUDIÓLOGO COMO PROFISSIONAL HABILITADO

PARA TRATAR QUEIXAS RELACIONADAS COM A AUDIÇÃO 35


GRÁFICO 24 – CONHECIMENTO DO FONOAUDIÓLOGO COMO PROFISSIONAL HABILITADO

PARA TRATAR QUEIXAS RELACIONADAS COM TONTURA E EQUILÍBRIO 36

9
LISTA DE QUADROS E TABELAS

QUADRO 1 – AMOSTRA DOS PARTICIPANTES POR CURSO E PERÍODO DOS ACADÊMICOS 19

10
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AB- Atenção Básica


ANSI- American National Standards Institute
CEP- Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos
CFFa- Conselho Federal de Fonoaudiologia
CNS- Conselho Nacional de Saúde
CONEP- Conselho Nacional de Ética em Pesquisa
DHI- Dizziness Handicap Inventory
MAE- Meato Acústico Externo
OMS- Organização Mundial da Saúde
PR- Paraná
SUS- Sistema Único de Saúde
TCLE- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

11
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 13
2. OBJETIVOS 14
2.1 OBJETIVO GERAL 14
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 14
3. METODOLOGIA 15
3.1 TIPO DE ESTUDO 15
3.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA 15
3.3 LOCAL DA PESQUISA 16
3.4 MATERIAIS E INSTRUMENTOS 16
3.5. PROCEDIMENTO 17
3.6. ASPECTOS ÉTICOS 18
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 19
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 37
REFERÊNCIAS 38
APÊNDICE A – PESQUISA DE QUEIXAS AUDIOLÓGICAS E
OTONEUROLÓGICAS 40
ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) 44

12
1. INTRODUÇÃO

A Audiologia é reconhecida pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa)


como área de especialidade da Fonoaudiologia desde 1995, direcionada para a
promoção, prevenção, diagnóstico, acompanhamento, reabilitação da função
auditiva periférica e central, avaliação e reabilitação da função vestibular, incluindo
estudo e pesquisa.
Segundo Fernandes, Mendes e Nava (2009), o fonoaudiólogo audiologista
busca garantir a comunicação e a qualidade de vida do indivíduo por meio da
otimização de suas habilidades auditivas. Na sua atuação clínica estão incluídas as
atividades que identificam, avaliam, diagnosticam, administram e interpretam
resultados de testes relacionados à audição, equilíbrio e outros sistemas nervosos
humanos.
Lourenço et al. (2004), evidenciam que na atuação audiológica encontra-se a
otoneurologia, que é uma ciência que explora a audição e o equilíbrio corporal. O
equilíbrio é a manutenção de um corpo em sua postura ou posição normal, sem que
existam oscilações ou desvios. Indivíduos que apresentem zumbido, tontura,
desequilíbrio, vertigem e/ou perda auditiva neurossensorial, devem passar por
exames otoneurológicos.
De acordo com Guimarães et al. (2014), o zumbido é caracterizado pela
percepção de um som na ausência de um estímulo acústico externo, sendo
considerado como um sintoma, não uma etiologia. Portanto, todas as possíveis
causas devem ser investigadas para que o tratamento mais adequado seja indicado.
Guimarães et al. (2014) também menciona que o zumbido pode ser
associado a diferentes tipos de sons, sendo alguns exemplos: som de apito, barulho
de cachoeira, motor, grilo, chuva, panela de pressão, chiado, rádio fora de sintonia,
cigarra, batimentos cardíacos, abelha entre muitos outros. Os tipos são: objetivo, o
qual pode ser ouvido tanto pelo paciente, quanto pelo examinador; ou subjetivo, que
é quando o som é ouvido unicamente pelo paciente. O zumbido também possui
variação de modos como: contínuo ou pulsátil.
Storper e Roberts (2018) descrevem a tontura como "uma sensação de
orientação espacial alterada, ou qualquer sensação de desconforto na cabeça. Pode
ser causada por fatores circulatórios, metabólicos, endócrinos, degenerativos ou

13
psicológicos". Estima-se que cerca de 85% das tonturas são provocadas por
disfunção do sistema vestibular, periférico ou central.
O desequilíbrio também foi descrito por Storper e Roberts (2018) como
sinônimo de "instabilidade" ou de "oscilação". O sentido de equilíbrio e de posição no
espaço é uma função integrada de múltiplos estímulos sensoriais ao cérebro,
incluindo os sistemas visual, vestibular e proprioceptivo. A vertigem pode ser
definida como qualquer sensação anormal de movimento entre o paciente e o
ambiente que o circunda. Episódios de vertigem podem ocorrer caso sejam levadas
ao sistema nervoso central informações insuficientes ou conflitantes entre a orelha
esquerda e a direita.
Para Bess et al. (1995), a perda auditiva é vista como a discrepância entre o
desempenho do indivíduo e a habilidade normal de percepção sonora conforme
padrões especificados pela American National Standards Institute (ANSI) em 1989.
Podendo ser dividida em perda de condução e neurossensorial, os dois tipos são
determinados de acordo com o local da lesão. A perda auditiva de condução, ou
condutiva, é devida à alteração do ouvido externo e/ou médio. A perda auditiva
neurossensorial, ou sensório-neural, geralmente é motivada por lesão da cóclea ou
do nervo coclear.

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Investigar possíveis queixas audiológicas e otoneurológicas em universitários


de uma Instituição privada de ensino superior, do município de Foz do Iguaçu - PR

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Analisar as queixas audiológicas e otoneurológicas em universitários.


Verificar quais as queixas audiológicas mais frequentes.
Verificar quais as queixas otoneurológicas mais frequentes.
Verificar o conhecimento dos acadêmicos da área de saúde sobre a atuação
fonoaudiológica no campo da audiologia e otoneurologia.

14
3. METODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO

O presente estudo caracteriza-se como quantitativo e qualitativo, onde a


coleta dos dados foi realizada através de pesquisa de campo, de forma descritiva.
Gil (2007) define a pesquisa como um método lógico e ordenado que visa
conceder respostas aos problemas que são apresentados. A pesquisa sucede
através de uma metodologia composta de várias fases, desde a elaboração do
problema até a apresentação e discussão dos resultados.
Para Michel (2005) a pesquisa quantitativa trata-se de um mecanismo de
pesquisa social que aplica a quantificação nas categorias de coleta de informações e
no seu tratamento, por intermédio do uso de técnicas estatísticas, onde as táticas
podem ser percentual, média, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de
regressão, entre outros.
Oliveira (2013), expõe que a perspectiva da pesquisa qualitativa procura dar
significado aos acontecimentos verificados, o pesquisador dispõe-se a cooperar, a
abranger e a interpretar as informações por ele selecionadas, alcançadas por meio
de sua pesquisa. O estudioso apresenta simultaneamente a pesquisa qualitativa
como um modo de reflexão e inspeção da veracidade, empregando mecanismos e
técnicas para o conhecimento detalhado do objeto de estudo no seu contexto
histórico e/ou de acordo com sua composição.
De mesmo modo, o presente estudo pode ser classificado como descritivo,
visto que não possui o propósito de provar, mas sim, descrever os resultados
encontrados através da coleta de dados.

3.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA

Para a realização deste estudo, participaram universitários de uma


determinada universidade da rede privada de ensino, situada em Foz do Iguaçu -
PR.
Critérios de inclusão: Participaram desse estudo graduandos dos cursos de
Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Estética e Cosmética, Farmácia,

15
Fisioterapia, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia e Psicologia. Foram
convidados a participar da pesquisa alunos de todos os períodos, para que seja
possível realizar um comparativo entre as respostas dos alunos dos primeiros
períodos do curso e os últimos períodos.
A faixa etária requisitada para a participação no estudo foi de, no mínimo, 17
anos, visto que esta é a idade mínima que o indivíduo pode ingressar em nível
superior.
Critérios de exclusão: Foram descartados do estudo graduandos do curso
de Fonoaudiologia, pois um dos objetivos da pesquisa era verificar o nível de
conhecimento desta profissão e os mesmos apresentam conhecimento técnico
científico sobre a Fonoaudiologia e as áreas de atuação.

3.3 LOCAL DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada em uma determinada Instituição da rede privada de


ensino superior situada no município de Foz do Iguaçu - PR. As atividades desta
instituição iniciaram no ano de 2000, sendo hoje constituída por três câmpus locais
ativos, que oferecem 63 cursos de graduação, nos períodos matutinos e noturnos.
A sede selecionada para a coleta dos dados da presente pesquisa oferece
cursos direcionados à área de saúde, sendo eles: Biomedicina, Educação física,
Enfermagem, Estética e Cosmética (Tecnólogo), Farmácia, Fisioterapia,
Fonoaudiologia, Medicina veterinária, Nutrição, Odontologia e Psicologia.

3.4 MATERIAIS E INSTRUMENTOS

O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário, elaborado


pelas pesquisadoras, com dez perguntas objetivas, direcionadas a queixas
audiológicas e otoneurológicas, as quais foram submetidas à plataforma Google
Forms (Apêndice A).
Na plataforma, também foi exposto o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), contrato individual firmado entre cada participante e os autores
da presente pesquisa, constando informações aos participantes sobre o formato de
funcionamento da pesquisa (anexo).

16
3.5. PROCEDIMENTO

3.5.1 Etapa I – Autorização dos responsáveis pelo campo de estudo

Foram recolhidas assinaturas dos responsáveis pelo campo de estudo


selecionado para a presente pesquisa, autorizando a realização da coleta de dados
com os universitários, utilizando o Termo de Ciência do Responsável pelo Campo de
Estudo.

3.5.2 Etapa II - Coleta de dados

Após a coleta das assinaturas, o link do questionário a ser respondido através


da plataforma Google forms, foi enviado aos coordenadores dos cursos
selecionados (Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Estética e Cosmética,
Farmácia, Fisioterapia, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia e Psicologia)
que, por sua vez, enviaram aos graduandos de todos os períodos, com idade
mínima de 17 anos, de ambos os gêneros, para que assim pudessem responder às
perguntas. O questionário ficou disponível para acesso por um período de trinta dias.

3.5.3 Etapa III - Organização dos dados

Os dados fornecidos pelos participantes através da plataforma Google Forms


foram organizados após finalização da coleta. Foram separados por gráficos e
tabelas, divididos por categorias, como idade, gênero, curso e por queixas
audiológicas e otoneurológicas para serem analisadas pelas pesquisadoras.

3.5.4 Etapa IV - Análise dos dados

Ao final da organização dos dados em gráficos, os resultados encontrados


foram analisados mediante as respostas de todos os participantes, de forma geral, e
comparados com estudos encontrados na literatura atual.

3.5.5 Etapa V - Finalização

17
Como forma de devolutiva, ao final do questionário foi disponibilizado um
material informativo sobre a importância da atuação fonoaudiológica nas queixas
citadas, e informações sobre o atendimento gratuito que o curso de Fonoaudiologia
oferece à população, como terapias e avaliações audiológicas, realizadas na Clínica
Escola da instituição onde foi realizada a presente pesquisa.

3.6. ASPECTOS ÉTICOS

Este estudo somente teve início após a aprovação do Comitê de Ética em


Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (CEP), vinculado ao Conselho Nacional de
Ética em Pesquisa (CONEP), respeitando todas as questões éticas e legais regidos
nas resoluções CNS 466/2012 e CNS 510/2015, mantendo a integridade física e
emocional, a dignidade e os interesses de todos os envolvidos na pesquisa. Foram
cumpridos todos os preceitos de anonimato e respeito na pesquisa envolvendo
seres humanos adotados pela Resolução 446/2012 do Conselho Nacional de Saúde
(CNS).

18
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A presente pesquisa, realizada em um Centro Universitário localizado na


cidade de Foz do Iguaçu teve como participantes 126 acadêmicos dos cursos da
área da saúde, sendo eles Biomedicina, Educação física, Enfermagem, Estética e
Cosmética (Tecnólogo), Farmácia, Fisioterapia, Medicina veterinária, Nutrição,
Odontologia e Psicologia, matriculados entre o 1° e o 10° período dos referidos
cursos. Para uma melhor compreensão da amostra, é apresentado o Quadro 1:

Quadro 1 – Amostra dos participantes por curso e período dos acadêmicos


Curso 1°P 2°P 3°P 4°P 5° 6°P 7°P 8°P 9°P 10° Alunos por
P P curso

Biomedicina - 7 2 1 - 7 - - - - 17

Educação Física 3 8 4 6 2 1 - - - - 24

Enfermagem - - 1 2 - 2 1 3 - 1 10

Estética e 3 - 2 6 - - - - - - 11
Cosmética

Farmácia 1 - 1 2 1 1 - 4 - - 10

Fisioterapia - 7 - 1 1 1 1 - - - 11

Medicina 1 1 1 - - 1 1 3 - 2 10
Veterinária

Nutrição 2 7 1 - - - - - - - 10

Odontologia 1 2 - 1 1 1 - 3 - 1 10

Psicologia 3 1 - - 1 4 - 2 - 2 13

TOTAL 14 33 12 19 6 18 3 15 - 6 126

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

Em relação ao perfil dos participantes dessa pesquisa quanto à idade, a


amostra foi composta por acadêmicos de 17 a 53 anos, de ambos os sexos,
conforme observado no Gráfico 1:

19
Gráfico 1 – Amostra dos participantes em relação a idade

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

Conforme visualizado no gráfico acima, o perfil principal dos participantes da


pesquisa é de acadêmicos jovens, sendo que a maioria se encontra na faixa dos 19
e 20 anos. Em relação à média de idade dos participantes de todos os cursos,
verificou-se que também se trata de uma amostra jovem, com média de 22 anos.
Em relação ao gênero dos 126 participantes, conforme dados da pesquisa,
verificou-se que 98 participantes são do sexo feminino (78%) e 28 do sexo
masculino (21%), enquanto 1 participante não declarou essa informação (1%). Os
dados podem ser verificados no Gráfico 2:

Gráfico 2 – Amostra dos participantes em relação ao gênero

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

20
De acordo com esses dados, as mulheres são maioria nos cursos da área da
saúde e, conforme Borges e Detoni (2017), as mulheres possuem mais
oportunidades de colocação no mercado de trabalho, especialmente na área da
saúde e educação. A justificativa para o grande número de mulheres atuantes nos
setores voltados aos cuidados e saúde é porque essas atividades são semelhantes
ao que elas desempenham no seu cotidiano, como os cuidados com a família. As
autoras explicam que, para alguns postos de trabalho, é exigido virilidade, enquanto
outros requerem paciência, delicadeza e atenção, características naturais do modo
de sentir e agir das mulheres.
Após conhecer o perfil dos participantes da pesquisa, os mesmos foram
questionados sobre o fato de já terem necessitado de atendimento fonoaudiológico
em algum momento da vida, sendo que as respostas podem ser visualizadas no
Gráfico 3:

Gráfico 3 – Realização de consulta com profissional fonoaudiólogo

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

Conforme dados da pesquisa, 81% dos respondentes afirmaram que nunca


se consultaram com um fonoaudiólogo, enquanto 19% já se consultaram. É de suma
importância que futuros profissionais da saúde busquem compreender os aspectos
relacionados a sua própria saúde, especialmente para melhorar aspectos da
comunicação, como fala e audição, tendo em vista que o comprometimento dessas
funções afetam negativamente a interação humana e a qualidade de vida dos
indivíduos.
De acordo com Guckert, Souza e Arakawa-Belaunde (2020), o profissional
fonoaudiólogo passou a integrar a saúde pública entre as décadas de 70 e 80,

21
apesar de ainda pouco expressiva a sua atuação, além do acesso desigual dos
usuários. Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988, mudanças
importantes ocorreram, onde a saúde passou a ser um direito de todos, com acesso
integral aos serviços de saúde. Com isso, surgiram novas discussões sobre a
atuação do fonoaudiólogo na Atenção Básica (AB), o que favoreceu o acesso da
população ao profissional, diminuindo o fluxo na atenção secundária.
Conforme Marcuzzo (2019), o profissional fonoaudiólogo pode atuar de modo
autônomo e independente, exercendo suas funções nos setores público e privado,
no cuidado de pacientes em todos os ciclos da vida. O fonoaudiólogo é responsável
por ações de promoção da saúde, atividades de ensino, pesquisa e administrativas,
além de atuar em 12 especialidades (audiologia, disfagia, fluência, fonoaudiologia do
trabalho, fonoaudiologia educacional, fonoaudiologia neurofuncional, gerontologia,
linguagem, motricidade orofacial, neuropsicologia, saúde coletiva e voz), em
consultas, avaliação, exames e terapias.
Os estudantes das áreas da saúde participantes da pesquisa, também foram
questionados sobre já terem realizado exame de audiometria para avaliação da
audição e as respostas estão explanadas no Gráfico 4:

Gráfico 4 – Realização de exame de audição (audiometria)

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

Conforme os dados acima, constata-se que a grande maioria dos acadêmicos


(98 alunos) nunca realizou exame específico de audição, enquanto apenas 28
alunos afirmaram já terem realizado o exame.

22
Pernambuco (2021) afirma que a audição é essencial para a comunicação
humana e, em qualquer fase da vida, a deficiência auditiva não tratada pode
comprometer o processo de comunicação e a socialização, afetando negativamente
a qualidade de vida do indivíduo. Cabe salientar que, em adultos, a deficiência
auditiva tem sido associada a risco aumentado de isolamento social, depressão e
demência. Os fatores mais comuns para a deficiência auditiva no adulto são
envelhecimento, exposição prolongada a ruído excessivo, doença cardiovascular
e/ou diabetes e estilo de vida (tabagismo).
Na realização da anamnese são analisados fatores como idade, capacidade
cognitiva, comportamento geral, produção de fala, condições de linguagem e de
audição para responder a avaliação, motivação e questões atencionais. Por meio
das informações, o profissional pode selecionar e sugerir testes diagnósticos
apropriados para coletar informações válidas e confiáveis para conclusão de um
diagnóstico multidisciplinar preciso (PERNAMBUCO, 2021).
A realização de avaliação audiológica básica tem como objetivo verificar a
integridade do sistema auditivo e, quando detectada perda auditiva, visa auxiliar no
diagnóstico do quadro patológico que impacta a audição, buscando informações
para o tratamento e/ou reabilitação. A avaliação é iniciada desde a observação do
comportamento auditivo do paciente, seguida de anamnese audiológica e inspeção
visual do meato acústico externo - MAE (otoscopia) (SCHOCHAT et al., 2022).
A questão seguinte teve como intuito verificar se os acadêmicos participantes
deste estudo apresentavam alguma dificuldade de audição, e as respostas são
apresentadas no Gráfico 5:

Gráfico 5 – Presença de dificuldade de audição

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

23
Os resultados demonstram que 76% dos acadêmicos (96 alunos) não
possuem nenhum tipo de dificuldade relacionada à audição, enquanto 24% (30
alunos) afirmaram possuir algum tipo de dificuldade. Na sequência do questionário,
deveriam responder a próxima pergunta aqueles estudantes que afirmaram sentir
alguma dificuldade de ouvir, e as respostas podem ser visualizadas no gráfico
abaixo:

Gráfico 6 – Dificuldade de audição e o sintoma apresentado

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

Alguns estudantes que responderam a essa questão assinalaram mais de


uma alternativa, uma vez que apresentavam mais de um dos sintomas relacionados,
sendo que o incômodo ou desconforto a sons intensos foi a alternativa mais
mencionada, seguida da afirmativa de que escuta, mas não entende ou apresenta
dificuldade de compreensão e, ainda, sensação de estar com os ouvidos tapados.
Alves et al. (2018) explicam que, além da perda parcial ou total da audição,
pessoas com audição normal podem apresentar sintomas auditivos ou relacionados
à audição, como zumbido e tontura. Em sua pesquisa, os autores perguntaram para
uma amostra de 80 estudantes se eles tinham alguma queixa relacionada à audição,
onde a queixa mais mencionada foi a dificuldade com sons intensos em ambiente
ruidoso (64 pessoas), além da dificuldade de compreensão quando existem muitas
pessoas falando (39 pessoas).

24
Macedo e Nogueira (2021) realizaram uma pesquisa com 43 estudantes, de
18 a 29 anos, com idade média de 22 anos, onde 13 participantes (30,23%)
relataram dificuldade em ambiente ruidoso e 6 participantes (13,95%) afirmaram que
não compreendem bem a conversação em ambientes ruidosos e/ou em grupos de
pessoas.
Os participantes desta pesquisa, também foram questionados se em algum
momento já apresentaram algum problema no ouvido e, em caso positivo, deveriam
assinalar qual era o problema:

Gráfico 7 – Relatos sobre os tipos de problemas no ouvido

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

De acordo com o gráfico acima, 84 acadêmicos responderam que nunca


tiveram nenhum tipo de queixa relacionada ao ouvido, enquanto 42 indivíduos
afirmaram que sim. As infecções de ouvido foram a queixa específica mais citada
por 25 respondentes e as dores de ouvido foram assinaladas por 22 respondentes.
Nota-se que a quantidade de queixas ultrapassa o total de entrevistados, pois em
muitos casos os respondentes tinham múltiplas queixas.
Os acadêmicos foram perguntados sobre existência de queixa de zumbido
(barulho) no ouvido, conforme gráfico abaixo:

25
Gráfico 8 – Presença de zumbido

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

As respostas apontam que 79% dos acadêmicos entrevistados (99


participantes) referem não sentir zumbido no ouvido, enquanto 21% (27
participantes) afirmam que sim.
Segundo Oiticica et al. (2023, p.01) “zumbido é definido como a percepção
consciente de um som, na ausência de uma fonte sonora externa”. Pode ser
classificado em: subjetivo (percebido exclusivamente pelo paciente); objetivo (o
examinador também é capaz de escutar o som); primário (idiopático ou associado a
perdas auditivas); secundário ou para-auditivo (atribuído a uma causa orgânica
identificável, que não uma perda auditiva); agudo (duração é inferior a seis meses);
crônico (duração é superior a seis meses); rítmico (apresenta um padrão de
cadência sonora ou não rítmico).
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o zumbido afeta
aproximadamente 15% da população e sua prevalência aumenta com a idade,
atingindo até 35% das pessoas com mais de 60 anos, mas com o aumento da
expectativa de vida das pessoas, esses dados podem disparar. De modo geral,
atinge mais as mulheres, com crescimento progressivo com o envelhecimento e, em
relação ao incômodo relacionado ao zumbido, uma pesquisa realizada na cidade de
São Paulo apontou que 64% das pessoas afetadas referem incômodo, enquanto
36% não apresentam qualquer queixa relacionada ao sintoma (OITICICA et al.,
2023).
Na sequência, os entrevistados foram perguntados sobre a lateralidade do
zumbido e as respostas estão descritas no gráfico 9:

26
Gráfico 9 – Relatos de zumbido (lateralidade)

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

Dados da pesquisa apontaram que 23 participantes afirmaram sentir zumbido


em ambas as orelhas, 2 afirmaram sentir somente na orelha direita e 2 apenas na
orelha esquerda. Perguntados sobre a frequência do zumbido, 19% dos acadêmicos
responderam sentir o zumbido eventualmente e 81% sentem às vezes, conforme
gráfico abaixo:

Gráfico 10 – Frequência de zumbido

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

Acerca da intensidade do zumbido, os acadêmicos puderam assinalar as


opções leve (22), moderado (4), intenso (1) e severo, sendo esta última opção não
assinalada por nenhum respondente. Abaixo, é apresentado o gráfico relacionado à
questão:

27
Gráfico 11 – Intensidade de zumbido

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

Ainda sobre a questão do zumbido, foi solicitado que os acadêmicos


respondessem qual o tipo de zumbido percebido, assinalando as opções: apito (12),
chiado (9), pulsátil (3), contínuo (1), cachoeira (1) e outro tipo (1), e as respostas
estão expressas no gráfico abaixo:

Gráfico 12 – Tipo de zumbido

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

O zumbido (tinido ou tinnitus) é um sintoma otoneurológico que corresponde à


percepção de um som não relacionado a uma fonte externa de estimulação. O
sintoma geralmente referido pelos pacientes é um chiado, apito, barulho de chuveiro,
28
de cachoeira, de cigarra, de campainha, do escape de panela de pressão, do
esvoaçar de insetos, de pulsação de coração ou batimento de asa de borboleta. A
ocorrência de zumbido pode ser contínua ou intermitente e varia como constante,
mono (apenas uma melodia) ou politonal (superposição de melodias, cada qual com
uma tonalidade diferente). Em relação a localização, pode ocorrer em um ouvido, em
ambos ou ainda pode se apresentar como se ressoando em toda a cabeça. Ainda, a
intensidade é variável de pessoa para pessoa (CESAR, 2021).
De acordo com a literatura, o zumbido no ouvido pode ser comum em
diferentes populações e faixas etárias. Barbosa (2019) realizou um estudo para
analisar o perfil audiológico de adultos e idosos, onde analisou 592 prontuários de
pacientes com idade igual ou superior a 18 anos atendidos em uma clínica escola.
As queixas mais frequentes foram de dificuldade auditiva, zumbido e tontura.
Dando continuidade ao questionário, os acadêmicos ainda responderam
sobre a presença de tontura, onde 84 participantes responderam não sentir tontura,
enquanto 42 responderam sentir, conforme observado no gráfico que se segue:

Gráfico 13 – Relato de tontura

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

“Na anamnese, o médico tem o objetivo de decifrar o que o paciente tem a


dizer. Tontura e vertigem são termos vagos, não mensuráveis, cuja descrição, para
o paciente, é mais difícil do que parece” (BITTAR, 2020, p.27). É preciso levar em
consideração o aspecto emocional do paciente com distúrbio de equilíbrio, onde os
sinais e sintomas associados à tontura devem ser exaustivamente questionados. O
aspecto psíquico é realizado pela aplicação de questionário específico para tontura,
o Dizziness Handicap Inventory (DHI), que estabelece o perfil do paciente

29
vertiginoso, definindo quais os aspectos da qualidade de vida estão mais
prejudicados.
Tontura é a sensação de orientação espacial perturbada ou comprometida
sem a sensação de movimento falso ou distorcido. O termo não deve ser aplicado
quando houver sensação de desmaio iminente (pré-síncope), pensamento
desordenado (confusão mental), ou desapego da realidade (despersonalização ou
desrealização). Da mesma forma, o termo tontura não deve ser usado quando a
queixa do paciente é de fraqueza ou mal-estar. A tontura classifica-se em tontura
espontânea e desencadeada por um gatilho. À semelhança da vertigem, os fatores
desencadeantes caracterizam a tontura em posicional, associada ao movimento da
cabeça, induzida pelo estímulo visual, pelo som, pela manobra de Valsalva,
ortostática ou associada a outros fatores (BITTER, 2020).
A frequência da tontura foi uma das perguntas aplicada aos participantes, que
responderam que ocorre às vezes (30), eventualmente (11) e o dia todo (1),
conforme expresso no gráfico 14:

Gráfico 14 – Frequência da tontura

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

Ainda em relação a essa questão, os acadêmicos expressaram em que


momento notam piora da tontura, sendo as respostas: quando se levanta (23),
quando está em movimento (exemplo: no carro) (9), não sabe informar (8), quando
deambula (1), quando se senta (1). As respostas estão descritas no gráfico 15:

Gráfico 15 – Momentos em que piora a tontura

30
Fonte: Dados da pesquisa (2023)

Quando questionados sobre como se sentem quando estão com tontura as


respostas e as equivalências foram: o ambiente roda (17), desequilíbrio (9) e que a
própria pessoa roda (8), uma oscilação como se estivesse em um navio (7) e o chão
se mexe (1), conforme demonstrado no gráfico abaixo:

Gráfico 16 – Como se sente quando está com tontura

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

Acerca da intensidade das tonturas, as opções assinaladas pelos


participantes da pesquisa foram: são leves e não atrapalham suas atividades (35),
são moderadas e atrapalham suas atividades (6) e são intensas e impedem suas
atividades (1), conforme pode ser visualizado no gráfico:

31
Gráfico 17 – Intensidade da tontura

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

Concluindo as questões relacionadas a tontura, os acadêmicos responderam


sobre os principais sintomas associados ao episódio de tontura, e as respostas
objetivas foram: escurecimento da visão (14), dor de cabeça (10), ânsia de vômito
(9), palpitação (3), palidez (2), sensação de ouvidos tampados (2), presença de
zumbido (1) e desmaios (1). O gráfico 18 representa os dados obtidos:

Gráfico 18 – Relato sobre o que sente quando tem tontura

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

Conforme Cesar (2021), a tontura é a 3a queixa mais comum em consultórios


médicos, perdendo apenas para dor e febre, sendo as causas diversas, com mais de
300 quadros clínicos associados a esse sintoma. A tontura é um sintoma
predominante no sexo feminino (1,3 para 1) e sua incidência aumenta

32
significativamente com o envelhecimento. As principais queixas são a diminuição da
capacidade de concentração, fadiga, irritabilidade, insegurança física e psíquica,
perda de autoconfiança, depressão, pânico, agorafobia, cefaleia, quedas. Não é
incomum que pacientes passem a restringir as atividades físicas e a interação social,
acabando por se isolar.
A questão sobre queixa de equilíbrio foi respondida pelos acadêmicos, dos
quais 109 disseram não ter esse tipo de queixa, enquanto 17 afirmaram que sim,
conforme o gráfico abaixo:

Gráfico 19 – Queixa de equilíbrio

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

Para melhor compreender esse sintoma, foi perguntado como é o


desequilíbrio, o que se sente, e as respostas foram as seguintes: não consegue
caminhar em linha reta (7), insegurança para caminhar (4), sente que está bêbado
(4), precisa andar acompanhado (1) e sente que está em nuvens (1), conforme o
gráfico:

Gráfico 20 – Relato sobre o desequilíbrio, o que sente

33
Fonte: Dados da pesquisa (2023)

“O equilíbrio normal é decorrente da interação contínua entre os mecanismos


vestibular, proprioceptivo e visual, os quais, por sua vez, são integrados e
modulados por todos os níveis do sistema nervoso central” (BRONSTEIN, 2018,
p.25).
Sobre a frequência do desequilíbrio, portanto, os acadêmicos responderam
raramente (8), às vezes (7) e constante (2), conforme gráfico abaixo:

Gráfico 21 – Frequência do desequilíbrio

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

34
Em questionamento aos acadêmicos sobre já terem procurado algum
profissional para tratar as queixas mencionadas em relação a audição, tontura e
equilíbrio, 74 participantes afirmaram não ter nenhuma queixa relacionada, 41
afirmaram que não procuraram ajuda profissional e 11 já procuraram, conforme
exposto no gráfico abaixo:

Gráfico 22 – Busca por ajuda profissional para tratar as queixas relacionadas a


audição, tontura e equilíbrio

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

Em relação ao conhecimento sobre a atribuição do fonoaudiólogo nos


cuidados relacionados a audição com a questão: “você sabia que o fonoaudiólogo é
o profissional habilitado para tratar queixas relacionadas com a audição?”, verificou-
se que 52 participantes responderam “não” e 74 responderam “sim”, conforme o
gráfico:

Gráfico 23 – Conhecimento do fonoaudiólogo como profissional habilitado para tratar


queixas relacionadas com a audição

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

35
Da mesma forma, os acadêmicos foram questionados sobre ter conhecimento
que o fonoaudiólogo é o profissional habilitado para tratar queixas relacionadas com
a tontura e o equilíbrio, dos quais 83 participantes responderam “não” e 43
responderam “sim”, de acordo com o gráfico abaixo:

Gráfico 24 – Conhecimento do fonoaudiólogo como profissional habilitado para tratar


queixas relacionadas com tontura e equilíbrio

Fonte: Dados da pesquisa (2023)

Quanto ao conhecimento da população sobre a fonoaudiologia e suas


atuações, Barros et al. (2011) realizaram um estudo em três colégios da rede
estadual de ensino da cidade de Jandaia do Sul/PR, somando 70 alunos
participantes, do 3º ano do ensino médio, na faixa etária entre 16 e 19 anos.
Concluiu-se que 11% dos estudantes referem ter tido contato com o fonoaudiólogo,
enquanto 89% negam ter tido contato anterior. Ainda, 57% dos estudantes têm
conhecimento do trabalho fonoaudiólogo, enquanto 43% dizem não conhecer o
trabalho desse profissional.
Ainda de acordo com Barros et al. (2011), alguns dos problemas tratados pelo
fonoaudiólogo para os participantes da pesquisa citada, são: gagueira, surdez,
afasias, voz e dislexia (61%); apenas língua presa (frênulo limitante) (27%); só
ensina a criança a falar (7%); apenas melhorar o sotaque (4%). Diante dessas
informações, pode-se concluir que os estudantes, de uma forma geral, possuem
pouco ou quase nenhum conhecimento sobre a atuação fonoaudiológica.

36
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em análise aos dados obtidos provenientes desta pesquisa, observamos que


a maioria dos participantes afirmou nunca ter consultado com um fonoaudiólogo ou
realizado exames específicos de audição. No entanto, a realização de avaliação
audiológica é fundamental para identificar e minimizar os impactos das queixas
apresentadas, pois por meio do diagnóstico precoce e preciso é possível um
direcionamento à terapêutica adequada. Ao examinar as alterações mais comuns na
população universitária estudada, constatamos que os estudantes relataram maioria
das queixas relacionadas ao zumbido e a tontura. Os resultados indicam a
necessidade de orientações e informações multiprofissionais em âmbito acadêmico,
para que os universitários saibam qual profissional procurar e indicar quando for
preciso.
É importante uma ótica profissional e humanizada baseada nas queixas
audiológicas e otoneurológicas citadas pelos participantes deste estudo, pois o
diagnóstico e direcionamento para tratamento precocemente, minimiza os impactos
emocionais e educacionais que tais queixas podem desencadear, refletindo
diretamente na qualidade de vida dos estudantes. Embora o estudo em questão
tenha revelado que os participantes possuem conhecimento parcial sobre a atuação
do fonoaudiólogo na reabilitação das queixas abordadas, é essencial que, como
estudantes da área da saúde, maior número de indivíduos tenham o mínimo de
conhecimento sobre o assunto e estejam atentos para auxiliar nas ações de
promoção da saúde, prevenção e procura precoce de ajuda profissional logo no
início do aparecimento dos sintomas.
Por fim, constatou-se defasagem na literatura de fonoaudiologia em relação
ao tema abordado, o que indica a necessidade de realizar novas pesquisas que
investiguem queixas audiológicas e otoneurológicas na população universitária,
visando redução dos impactos que os sintomas relacionados podem acarretar na
vida acadêmica e qualidade de vida em geral.

37
REFERÊNCIAS

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olhar fonoaudiológico. Formação@ Docente, v. 10, n. 1, p. 7-28, 2018.

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Grande do Norte. 2019. 48f. Trabalho de Conclusão de Curso (Fonoaudiologia).
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ROWLAND, L. P.; e PEDLEY, T. A. Tratado de Neurologia. Décima Segunda
edição. Guanabara. 2018.

39
APÊNDICE A – PESQUISA DE QUEIXAS AUDIOLÓGICAS E
OTONEUROLÓGICAS

40
41
42
ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

43

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