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AUDIOLOGIA CLÍNICA E

OCUPACIONAL I E II
Prof. Esp. Kelly Dias de Almeida Silva
REITORIA Prof. Me. Gilmar de Oliveira
DIREÇÃO ADMINISTRATIVA Prof. Me. Renato Valença
DIREÇÃO DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Me. Daniel de Lima
DIREÇÃO DE ENSINO EAD Profa. Dra. Giani Andrea Linde Colauto
DIREÇÃO FINANCEIRA Eduardo Luiz Campano Santini
DIREÇÃO FINANCEIRA EAD Guilherme Esquivel
COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Me. Jeferson de Souza Sá
COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E PROCESSOS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EAD Profa. Ma. Sônia Maria Crivelli Mataruco
COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luiz Fernando Freitas
REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Caroline da Silva Marques
Eduardo Alves de Oliveira
Jéssica Eugênio Azevedo
Marcelino Fernando Rodrigues Santos
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Bruna de Lima Ramos
Hugo Batalhoti Morangueira
Vitor Amaral Poltronieri
ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz
DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira
Carlos Henrique Moraes dos Anjos
Kauê Berto
Pedro Vinícius de Lima Machado
Thassiane da Silva Jacinto

FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

S586a Silva, Kelly Dias de Almeida


Audiologia clínica e ocupacional I e II / Kelly Dias de
Almeida Silva. Paranavaí: EduFatecie, 2024.
108 p.: il. Color.

1. Audiologia Clínica. 2. Audiometria. 3. Emissões


Otoacústicas. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de
Educação a Distância. III. Título.

CDD: 23 ed. 616.855


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

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obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la
de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
AUTOR
Professor Esp. Kelly Dias de Almeida Silva

● Bacharel em fonoaudiologia pela Faculdade Ingá (2007)


● Especialista em Audiologia Clínica pelo conselho federal de fonoaudiologia (CFF)
● Aperfeiçoamento em Aparelhos Auditivos
● Atualização em Avaliação comportamental infantil, avaliação eletroacústica e eletro-
fisiológica na Audiologia.
● Aperfeiçoamento em PAC (Processamento auditivo Central)
● Atualização em Tecnologias Auditivas (Implante; AASI; Baha)
● Responsável técnica Escute Mais Maringá

Fonoaudióloga com ampla experiência em diagnóstico audiológico básico (audio-


metria e imitanciometria) e adaptação auditiva (AASI). Responsável Técnica pela avaliação
audiológica, seleção e adaptação dos pacientes.

● Link do Currículo na Plataforma Lattes.http://lattes.cnpq.br/8157525155848299

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APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Olá, querido aluno, fico muito feliz por, neste momento de aprendizado, ter a opor-
tunidade de contribuir e auxiliar em seu crescimento, fornecendo da melhor forma a teoria
e as aplicações clínicas da prática exercida. Esta apostila está sendo elaborada com muito
carinho, e nela, você terá o primeiro contato com a audiologia e seus fundamentos básicos.
Ao criar este material, tento transmitir todo meu amor e conhecimento por essa
especialização da fonoaudiologia. Esta disciplina irá mostrar a você uma das grandes
possibilidades de atuação. Nesse sentido, quando começamos a conhecer a audiologia e
todas as suas abordagens, percebemos o quão essencial ela é para o desenvolvimento da
comunicação e socialização do indivíduo.
Na Unidade I, vamos conhecer um pouco mais sobre a anatomia e fisiologia au-
ditiva, para que posteriormente possamos entender as avaliações básicas realizadas na
audiologia clínica, como audiometria tonal e vocal, logoaudiometria e imitanciometria.
Quando compreendemos o que é "normal" e qual a função de cada área da audição,
torna-se mais fácil entender o propósito do exame e seus achados. Além disso, reservamos
um espaço na apostila para a avaliação audiológica pediátrica, onde você conhecerá as
especificações dos exames e os padrões de normalidade específicos para cada idade.
Nas Unidades II e III, abordarei os exames que apresentam aplicações clínicas mais
específicas, como Emissões Acústicas e PEATE. Esses são exames objetivos que ajudam
muito em pacientes que têm dificuldades em responder. Você compreenderá a importância
de complementar os exames e nunca se basear apenas em um único resultado.
Para finalizar nossa apostila, na Unidade IV, vamos conhecer um pouco da Audio-
logia Ocupacional, uma área que trabalha com diagnóstico, mas tem seu foco maior na
orientação e prevenção da saúde auditiva.

4
SUMÁRIO

UNIDADE 1
Avaliação Audiológicas Básica

UNIDADE 2
Emissões Otoacústicas

UNIDADE 3
Avaliação Eletrofisiologica da Audição

UNIDADE 4
Audiologia Ocupacional

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Prof. Esp. Kelly Dias de Almeida Silva
AUDIOLÓGICA BÁSICA

• Realizar raciocínio clínico, bem como fornecer o melhor


• Saber relacionar queixas com achados audiológicos.

diagnóstico e tratamento possível para o paciente.


• Audiometria tonal, vocal e logoaudiometria;
AVALIAÇÃO

• Conhecer o funcionamento da audição.


Objetivos da Aprendizagem
UNIDADE

• Avaliação audiológica básica;


Plano de Estudos

• Avaliação Infantil.
• Imitanciometria;
1
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INTRODUÇÃO
Caro aluno (a), seja bem-vindo (a) a disciplina de Audiologia Clínica e Ocupacional
I e II, um ramo da fonoaudiologia que realiza diagnósticos e tratamentos relacionados aos
distúrbios da comunicação. Acredito que, ao familiarizar-se com o sistema auditivo, você
desenvolverá cada vez mais o desejo de aprofundar seus conhecimentos e descobrir como
identificar perdas auditivas, compreender as razões por trás dos zumbidos e aprender a
tratá-los.
No primeiro momento, é necessário aprender sobre a anatomia e fisiologia auditiva,
abrangendo a identificação dos ossos, ligamentos e músculos. Nesse estágio, é de extrema
importância compreender como cada forma, líquido e tecido interferem no processo da
audição.
Uma vez que tenhamos uma compreensão sólida desse funcionamento, você será
introduzido ao exame mais utilizado em nossa prática clínica, que é a Audiometria Tonal e
Logoaudiometria. Ambos os exames são realizados em conjunto, e um complementa o outro.
Essas avaliações são fundamentais para iniciar qualquer diagnóstico auditivo, fornecendo
dados como a intensidade mínima que o paciente consegue ouvir. A logoaudiometria, por
sua vez, auxilia na confirmação da audiometria e na compreensão da discriminação auditiva
do paciente.
Logo em seguida, você será apresentado à imitanciometria, uma técnica que
veio para complementar e enriquecer o diagnóstico audiológico. Essa abordagem é
objetiva, dispensando a necessidade da resposta do paciente, e é particularmente útil na
identificação do tipo de perda auditiva, fornecendo dados cruciais para distinguir entre uma
perda condutiva e uma neurossensorial.
Por fim, no último tópico, iniciaremos a exploração da avaliação infantil, abordando
os exames realizados nesse público e os cuidados essenciais que devemos ter durante o
atendimento.

Bons estudos!

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 7


1
TÓPICO

AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA
BÁSICA

A avaliação audiológica é baseada por procedimentos e técnicas devidamente


testadas, validadas e reconhecidas cientificamente, que visam garantir a qualidade do
exame e a segurança do paciente.
Ela é composta por diversos procedimentos comportamentais, eletroacústicos
e eletrofisiológicos. Dentre eles estão a audiometria tonal limiar, logoaudiometria e
timpanometria esses formam a tríade de exames básicos para o diagnóstico.
Para ser confirmada a perda auditiva é necessário a realização de vários exames, visto
que a confirmação da perda não é obtida apenas pelo resultado de um único procedimento,
para um diagnóstico preciso é necessário realizar um crosscheck (checagem e análise
de cada exame) permitindo classificar a alteração auditiva existente e, posteriormente, o
tratamento mais adequado (BEVILACQUA et al., 2011).
A avaliação audiológica tem como objetivo verificar a integridade do sistema
auditivo e realizar o diagnóstico, verificar o tipo, grau e configuração da perda auditiva, para
posteriormente se necessário, realizar encaminhamentos para os tratamentos adequados
(LOPES, et al., 2015).
Para podermos realizar esses procedimentos é necessário a compreensão e
o conhecimento da audição inicialmente periférica. Conhecer sua anatomia, fisiologia e
peculiaridades.

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 8


1.1 Anatomia da orelha
A orelha é um dos principais sistemas sensoriais do nosso organismo, ela repre-
senta duas funções essenciais para nosso desenvolvimento, esses sistemas são: aparelho
auditivo e vestibular.. Ambos são formados até o 6º mês da gestação, provavelmente
porque são fundamentais para o desenvolvimento neuropsicomotor da criança (Soares et
al., 2005)
O sistema auditivo é composto por estruturas e conexões centrais responsáveis
pela audição. Este sistema pode ser dividido em duas porções distintas, inter-relacionadas,
definidas como sistema auditivo periférico e o sistema auditivo central (BEVILACQUA,
2011).
Podemos dividir as estruturas anatômicas da orelha em 3 partes, cada uma com
sua importância: orelha externa e média (responsável pela condução do som) e interna
(percepção) e o sistema nervoso periférico (nervo vestibulococlear).
Essas estruturas estão localizadas na área temporal da cabeça, constituída do
osso temporal que apresenta relações ósseas com o restante do crânio e pode ser dividido
em quatro partes: escamosa, timpânica, mastóidea (processo mastóide) e petrosa (BEVI-
LACQUA, et al., 2011).

Orelha externa:
A orelha externa é composta pela orelha (pavilhão auricular) e meato acústico
externo (partes cartilaginosas e ósseas).
Vamos conhecer por meio de ilustração essas estruturas (figura 1).

Orelha média:
A orelha média é representada pela cavidade timpânica, localizada no osso tempo-
ral, preenchido por ar e revestimento de mucosa timpânica. Dentro dessa cavidade estão
os ossículos (martelo, bigorna e estribo). Eles estão articulados entre si e suspensos pelos
ligamentos (BEVILACQUA et al., 2011).

Orelha Interna:
A cóclea (orelha interna) encontra-se na parte petrosa do osso temporal, constituído
pelo labirinto ósseo preenchido por um líquido chamado de perilinfa e membranoso (parte
posterior). Já na parte anterior da orelha interna encontra-se o labirinto anterior ou a cóclea
(formato de espiral) e essa é a principal responsável pela audição.

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A cóclea é uma estrutura helicoidal que apresenta em torno de dois giros e meio em
torno do seu eixo central, chamado de modíolo, ela mede cerca de 3,5 mm de altura e 7,5
mm de diâmetro na sua base.
Há três rampas ou compartimentos (escalas vestibular, média e timpânica), preen-
chidos por líquido (endolinfa e perilinfa), por meio de membranas (reissner e basilar).
No compartimento central conhecida também como membrana basilar encontra-se
o Órgão de Corti, ele está ao longo do ducto coclear, sobre a lâmina basilar, sendo formado
pela membrana tectória, células de sustentação e células ciliadas. Essas responsáveis pela
sensação da audição, através dos movimentos do líquido circundante, transformando as
ondas sonoras em impulsos nervosos.

FIGURA 1: ANATOMIA ORELHA EXTERNA, MÉDIA E INTERNA

Fonte: MARCONDES (2019)


https://www.clinicamarcondes.com.br/post/otites-de-repeti%C3%A7%C3%A3o-quando-se-preocupar

1.2 Conceitos básicos do som

Iniciaremos falando sobre alguns conceitos básicos que constituem o som. Primeiro,
ele é uma energia mecânica, resultante da transmissão de energia de partículas de ar em
vibração, de uma fonte sonora em direção às partes mais distantes. Esse som apresenta
peculiaridades como frequência sonora que caracteriza a altura de um som (tonalidade ou
pitch), definindo-o como grave, médio ou agudo.
A frequência é expressa em Hertz (Hz), ou ciclos por segundo, e é inversamente
proporcional ao comprimento de onda. Intensidade sonora (Loudness) corresponde à am-

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 10


plitude das vibrações periódicas das partículas de ar e está associada à pressão e energia
sonora (som fraco e forte), e é expressa em decibéis, a unidade de sensação sonora.
O timbre é descrito por Coelho (1996) como a qualidade subjetiva que distingue
dois sons com mesma intensidade e frequência, emitidos por fontes sonoras diferentes.
Exemplo disso são os instrumentos que produzem a mesma nota na mesma intensidade
(MENEZES et al., 2005).

1.3 Fisiologia Auditiva

Conhecer a respeito da fisiologia da audição é fundamental para o fonoaudiólogo,


tanto no diagnóstico quanto na reabilitação auditiva, entender como funciona o som é ex-
tremamente importante para criar um raciocínio clínico.
O ser humano utiliza o som, em conjunto com outros estímulos, proveniente do
ambiente para perceber o mundo à sua volta. A audição é, talvez, o principal meio de
interação entre os seres humanos, sendo através dela que ocorre o desenvolvimento da
linguagem e do intelecto.
Para isso, temos um sistema de captação, magnificação, percepção, discriminação e
interpretação. E é nesta ordem que se faz todo o processo da energia sonora desde o momento
que chega na orelha (pavilhão auricular) até o córtex cerebral (MENEZES et al., 2005).
Como mencionado anteriormente, a orelha é constituída de 3 partes, a captação da
onda sonora é realizada por meio da orelha externa, formada pelo pavilhão auditivo, con-
duto auditivo externo e membrana timpânica, que promovem a localização da fonte sonora,
amplificação e condução do som até a orelha média. Na cavidade timpânica existem três
ossículos ligados à membrana timpânica e articulados entre si, formando um sistema de
alavanca, o sistema tímpano-ossicular, que amplifica o som em até 1,3 vezes.
A onda sonora que incide sobre o tímpano, provoca vibrações que são conduzidas
pelo sistema tímpano-ossicular até a janela oval da cóclea (orelha interna), a diferença de
tamanho entre elas, na proporção 17:1 (membrana timpânica e janela oval) promovem um
aumento de dezessete vezes na pressão sonora.
A orelha média realiza exatamente esse trabalho, de aumentar a pressão sonora,
fazendo com que ela sensibilize o líquido existente dentro da cóclea. Sem esse feito, o som
ao passar do meio aéreo para o líquido (diferente densidade) perderia 99% de sua energia
(Zemlin, 2000; Russo e Santos, 1994; Oliveira, 1994).
Na orelha interna, inicia-se outro processo, que é a condução dos impulsos nervo-
sos pelas vias auditivas até a área auditiva do cérebro. Ela possui duas porções: o vestíbulo

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e a cóclea. A porção vestibular atuará na captação de informações sobre o posicionamento,
auxiliando assim na manutenção do equilíbrio.
A cóclea, possui três ductos preenchidos por líquidos chamados de: rampa vesti-
bular (superiormente), rampa média, rampa do tímpano (inferiormente) ambas preenchidas
por perilinfa estão em comunicação com helicotrema e a rampa média, formada por duas
membranas, a basilar e a vestibular (de Reisnner) preenchidas por endolinfa, sobre a qual
se encontra o órgão de Corti, onde estão localizadas as células sensoriais da audição
(BEVILACQUA et al., 2011).
A membrana basilar possui uma característica diferenciada, que são as fibras na
qual o comprimento aumenta e o diâmetro diminui da base até a cúpula, surgindo assim
uma das teorias sobre o funcionamento passivo da cóclea ou ondas viajantes de Georg Von
Békésy, em 1961.
As fibras da base (curtas e rígidas) tendem a vibrar nas frequências mais altas,
enquanto as fibras longas e flexíveis nas frequências baixas. A pressão sonora que incide
sobre a janela oval, pressiona a perilinfa, percorre a rampa vestibular até o ápice, sensi-
bilizando a membrana de Reissner, que por sua vez, sensibiliza o fluido da rampa média,
endolinfa, e consequentemente, a membrana basilar. Todas as estruturas cocleares vibram
em fase (Oliveira, 1994; Russo et al., 1994; Zemlin, 2000). Para ondas de alta frequência,
o ponto de maior energia encontra-se próximo à janela oval, enquanto, para as baixas
frequências, o pico de vibração encontra-se próximo ao ápice da cóclea (OLIVEIRA, 1994).

1.3.1 Outras teorias que completam a fisiologia da cóclea.

1.3.2 Transdução mecanoelétrica nas células ciliadas externas.

As ondulações ocorridas na membrana basilar e no órgão de Corti geradas pela


perilinfa causam a deflexão mecânica do feixe dos estereocílios, que se deflete como um
todo. As conexões permitem que a pressão aplicada a um estereocílio seja aplicada ao
cílio vizinho. Há também uma conexão (“tip-link”) que une a extremidade dos estereocílios
mais altos e acredita-se que aí exista um canal iônico de transdução. No repouso, ocorre
oscilação desse canal, ficando aberto e fechado. Quando ocorre o deslizamento dos este-
reocílios (tip-link) abrindo o canal de transdução e permitindo o influxo de cálcio e potássio,
despolarizando a membrana celular.

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 12


1.3.3 Transdução eletromecânica nas células ciliadas externas: na (cóclea
ativa) os potenciais elétricos provocam contrações rápidas das células ciliadas externas,
que constituem a base da eletromotilidade e ocorrem em fase com a frequência sonora que
foi específica, tais contrações aumentam a vibração da membrana basilar em um espaço
restrito do órgão de Corti. Essas contrações rápidas podem ser ocasionadas por um meca-
nismo de eletrosmose que depende do sistema de cisternas laminadas das células ciliadas
externas.

1.3.4 Transdução mecanoelétrica nas células ciliadas internas: o aumento das


vibrações da membrana basilar provoca o contato dos cílios longos das células ciliadas
internas, com a membrana tectórica e consequente a inclinação deles. Isto nas células
de uma área limitada, onde é liberada a energia pelo mecanismo ativo. A inclinação e
estimulação dos cílios, dá início a despolarização das células ciliadas internas, com for-
mação de potenciais receptores pela entrada de potássio pelos canais iônicos dos cílios e
posteriormente ocorre a liberação de neurotransmissores e a formação de uma mensagem
sonora específicas em cada impulso elétrico, sendo enviado então ao Sistema Nervoso
Central pelo nervo acústico.

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2
TÓPICO

AUDIOMETRIA TONAL
LIMIAR (ATL)

A audiometria tonal limiar constitui a base da avaliação audiológica, apesar de ser


um teste subjetivo (depende da resposta do paciente) ela é considerada padrão ouro nas
avaliações auditivas, apesar dos enormes avanços tecnológicos que temos hoje como as
avaliações dos potenciais evocados e as emissões otoacústicas (GAMA, 2001).
Por meio dessa avaliação é possível determinar a existência de perda auditiva e
suas configurações; auxiliar no diagnóstico diferencial das lesões na orelha externa, média
e/ou interna; topodiagnóstico; fornecer informações para as reabilitações (aasi ou terapias);
orientações aos pacientes (triagens auditivas escolares e controle de conservação auditiva)
e determinar a necessidade de encaminhamentos/tratamentos (BEVILACQUA et al., 2011).

Para realização do exame, precisamos realizar alguns procedimentos padrões:

1. Anamnese: tem como objetivo coletar informações fundamentais sobre a saúde do


paciente, principalmente saúde auditiva, para uma hipótese dos achados como a
principal queixa que trouxe o paciente até a clínica. Durante a anamnese também é
possível observar o comportamento auditivo do paciente (verificar se ele usa leitura
dos lábios e se pede para repetir);
2. Inspeção visual do meato: é realizada para verificar se há impedimentos para
realização do exame como corpos estranhos, cerúmen e perfuração de membrana
timpânica. Lembrando que não cabe ao fonoaudiólogo comentários sobre os acha-
dos, se necessários realizamos encaminhamentos.

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 14


A audiometria é realizada por meio de um equipamento chamado de audiômetro,
composto por fones que realizam a via aérea (supra-aurais, inserção e circum-aurais) ou
até mesmo campo livre e o vibrador ósseo que realiza o exame de via óssea. Os resultados
são anotados em uma folha com um gráfico chamado de audiometria, onde é anotado o
resultado obtido em cada estímulo.
Para que esse exame seja realizado sem interferências é necessário um ambiente
controlado acusticamente, para isso usamos cabines e/ou salas acústicas, todas calibradas
com padrão internacional (Padrão Iso, 1964¹ e ANSI, 1969²). (BEVILACQUA et al., 2011).
O sucesso da avaliação audiométrica está na forma e na clareza com que as
instruções são fornecidas aos pacientes. Para realizarmos a pesquisa do limiar, o paciente
tem que estar sentado e confortável. Durante a pesquisa realizamos a via aérea (Va):
refletem o funcionamento de todo o sistema auditivo (OE, OM e OI) e se necessário a via
óssea (Vo) medida sensorioneural (OI).
A instrução dada ao paciente é: todas as vezes que ouvir o som (mesmo que em
fraca intensidade) precisa levantar a mão ou apertar a Pêra (equipamento que emite sinal
visual no audiômetro toda vez que apertado) indicando sinal de resposta ao examinador.
O exame inicia-se sempre na melhor orelha (dado coletado na anamnese) caso o
paciente não relate diferença entre elas, inicia se pela orelha direita, após realizar o teste na
melhor orelha é realizado o mesmo procedimento na orelha oposta. O método mais comum
de realizar o procedimento é o descendente, que realiza os seguintes passos:

● Apresentar um estímulo sonoro em uma intensidade mais forte (que seja mais
perceptível) ao paciente;
● Iniciamos o teste pela frequência de 1000HZ, por ser mais fácil percepção;
● A intensidade será diminuída de 10 em 10 dB até que torne-se inaudível;
● Aumentamos a intensidade de 5 em 5 dB até que o paciente perceba novamente
o som;
● Inicia-se a 50 dBNA para indivíduos ouvintes ou com perdas leves;
● De preferência, é usado o tom contínuo, mas se houver queixa de zumbido, utiliza-
-se o tom puro modulado ou pulsátil (warble) (ref. Tratado. pag. 68).
A resposta considerada é a menor intensidade onde o paciente responde 50% dos
estímulos. Ou seja, 2 de 4 apresentações. Na via aérea as frequências analisadas são
(250, 500, 1000Hz, 2000Hz, 3000Hz, 4000Hz, 6000Hz e 8000Hz) e na via óssea (500,
1000Hz, 2000Hz, 3000Hz e 4000Hz).

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 15


Conforme citado anteriormente, os resultados obtidos na pesquisa de limiar
são anotados no audiograma. Os Símbolos foram recomendados pela ASHA, onde são
atribuídas cor, forma e direção diferentes para cada orelha (BEVILACQUA et al., 2011).
Todavia, precisamos ficar atentos com a presença de GAP, principalmente em
frequências mais altas, pois podemos estar lidando com um fenômeno chamado de
Colabamento. Geralmente, quando colocamos o fone podemos ocasionar tal situação no
conduto do paciente, principalmente em pacientes idosos.

FIGURA 2. QUADRO DE SÍMBOLOS

Os padrões de normalidade variam de adulto para crianças e do autor utilizado na


classificação. Para classificarmos os resultados dos limiares auditivos é necessário usar
uma classificação padronizada e o fonoaudiólogo deverá identificar qual foi a classificação
adotada.
Precisamos analisar 3 critérios para laudar o exame, sendo: tipo de perda (condu-
tiva, sensorioneural e mista) grau (normal, leve, moderada, severa e profunda (Davies e
Silvermann, 1970) e configuração do audiograma: horizontal, descendente (leve, em rampa
e subida), em U e entalhe.
Além disso, podemos colocar a relação de simetria entre as orelhas: assimétrica:
cada orelha tem grau e configuração diferentes e simétricas: consideradas as que possuem
o mesmo grau e a mesma configuração audiométrica.
A classificação tipo de perda auditiva tem por objetivo realizar o topodiagnóstico
da alteração.

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 16


» Pode ser condutiva (alterações na orelha externa e/ou média) quando há o decrésci-
mo da quantidade da energia sonora a ser transmitida na orelha interna.
» Perda Neurossensorial, quando a condução do som se encontra normal, porém há
uma alteração de orelha interna.
» Perda Auditiva mista, quando apresenta características condutivas e neurossenso-
riais, ou seja, os dois componentes estão presentes.
O Conselho Federal De Fonoaudiologia (CFFA) sugere a descrição de tipo de
perda com base nos autores Silman e Silverman (1997), apresentada nas imagens abaixo:

FIGURA 3. CLASSIFICAÇÃO DE PERDA AUDITIVA

Fonte: Silman e Silverman(1997)

A classificação de grau também apresenta vários autores, colocaremos os 3 mais


usados. Segundo o manual do audiologista, fornecido pelo Conselho Federal De Fonoau-
diologia (CFFA).

FIGURA 4. CLASSIFICAÇÃO DO GRAU DE PERDA AUDITIVA (PRINCIPAIS AUTORES)

Lloyd e Kaplan (1978)

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 17


Davis (1970/1978)

BIAP (1996)

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 18


2.1 Logoaudiometria
Entender e/ou compreender a fala é um dos requisitos fundamentais para a eficiência
da comunicação. A avaliação da capacidade auditiva de um indivíduo não pode ser restrita
apenas a habilidade para captar sons puros (audiometria tonal linear), nesse caso, usamos
então a logoaudiometria, que avaliará a habilidade de detecção e reconhecimento da fala.
Os exames realizados para isso são:

● Limiar de detecção de fala (LDF): Realizado em situações em que o paciente


não consegue realizar o LRF, ou seja, não consegue reconhecer a fala.
Ocorre então a detecção do som da fala pelo paciente. Utiliza-se a mesma
técnica da audiometria tonal, pois o paciente só vai detectar a presença do
som, são usadas palavras simples e repetidas, como exemplo (pa, pa, pa). O
resultado é em dBNA, e deve ser consistente com a melhor frequência entre
250 e 4000Hz (BEVILACQUA, et al., 2011).

● Limiar de reconhecimento de fala (LRF): O limiar de reconhecimento de fala,


é a menor intensidade em que o paciente reconhece 50% dos estímulos
(fala). No Brasil, é realizado o método descendente de Hughson-Weslake¢¹,
onde a palavra é apresentada 30 a 40 dB acima do limiar esperado. A cada
resposta correta abaixa 10 dB. Quando a resposta for incorreta apresenta-se
então 4 estímulos onde a resposta é fixada quando o paciente acertar 50%.
O resultado é dado em dBNA em cada orelha. Existe correlação entre esse
exame e os limiares de audibilidade das frequências de 500, 1000 e 2000
KHz. O principal objetivo nessa etapa é a confirmação dos limiares audiomé-
tricos e ver o quanto o paciente consegue reconhecer da fala supraliminar
(BEVILACQUA, 2011).

● Índice de reconhecimento de fala (IRF): tem como objetivo obter a “inteligibi-


lidade da fala” recebida pelo paciente. Conseguimos ver o quanto o paciente
consegue reconhecer da fala, esses resultados são dados em porcentagem.
Para realização utilizamos uma lista de 25 palavras, inicialmente monossílabas
e anotamos o erro. Utiliza as palavras dissílabas quando o paciente apresenta
dificuldade na primeira etapa do exame (monossílabas). Para iniciar o teste
utilizamos na prática a intensidade de 40 dbNS, acima da média tritonal ou do
LRF.

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 19


2.2 Mascaramento Clínico
Durante o processo de avaliação auditiva, é possível ocorrer a audição cruzada,
que é a resposta da orelha não testada durante a avaliação da orelha testada, gerando as-
sim uma curva sombra. Essa situação pode ocorrer nas perdas uni ou bilateral assimétrica.
Assim, o fonoaudiólogo deve estar sempre atento à possibilidade de haver a interferência da
orelha oposta. Para evitar essa situação, usamos o mascaramento (BEVILACQUA, 2011).
O mascaramento pode ser definido como um ruído que usamos para um outro som
deixar de ser percebido quando é apresentado simultaneamente em intensidade superior,
o ruído mascarante é utilizado para elevar o limiar da orelha não testado (ONT), para que
essa não venha interferir ou influenciar nos resultados da orelha testada (OT), sendo esse
o principal objetivo do procedimento.
Atenuação Interaural (AI) é fundamental para entendermos o processo de mas-
caramento. Ela é a redução da intensidade de um tom do fone da OT para cóclea da
ONT. Ou seja, é a perda de energia entre as orelhas, é a energia perdida ao atravessar a
cabeça e estimular a cóclea oposta. Elas são diferentes em função da frequência, tipo de
sinal acústico, variações anatômicas e modelo de fone. Alguns estudos sugerem que seja
utilizado o valor mínimo de segurança de 40 dB. Porém abaixo colocaremos os valores a
serem considerados.

QUADRO 1. ATENUAÇÃO INTERAURAL - FONES TDH39


Frequência 2 5 0 500 Hz 1000 Hz 2000 Hz 3000 Hz 4000 Hz 6000 Hz 8000 Hz
Hz
Atenuação 40db 40 dB 40 dB 45 dB 45 dB 50 dB 50 dB 50 dB
Interaural

(adaptado do modelo utilizado no livro tratado de audiologia, Bevilacqua, 2011.)

QUADRO 2. ATENUAÇÃO INTERAURAL- FONES DE INSERÇÃO


Frequência 250 Hz 500 Hz 1000 Hz 2000 Hz 3000 Hz 4000 Hz 6000 Hz 8000 Hz
Atenuação 95db 85dB 70 dB 70 dB 75dB 70dB 70 dB 70dB
Interaural

Fonte: Adaptado do modelo utilizado no livro tratado de audiologia, Bevilacqua, 2011

No caso de via óssea, consideramos a AI praticamente 0, pois a transmissão ocorre


por meio de vibração, e o crânio vibra como um todo, estimulando simultaneamente as
duas cócleas, raramente a AI chega a 10dB.
Durante o procedimento de logoaudiometria, precisamos considerar o valor de
45dB para o exame de reconhecimento de fala, pois estimula várias frequências (espectro

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 20


modulado) e para fone de inserção 55 dB (BEVILACQUA, 2011). No exame LDF utilizamos
o mascaramento de 35 dB.
A seguir apresentaremos o raciocínio clínico para a realização do mascaramento,
lembrando que a atenuação interaural real é igual ao mascaramento máximo e platô
(estabilidade do limiar testado).

Mascaramento na via aérea:

● Comparar o limiar de via aérea com a via óssea oposta (se exceder a ate-
nuação interaural precisa mascarar)
● Acrescentamos ao mascaramento mínimo, incrementos de 10 em 10 dB
até realizar platô.
● A regra para mascaramento mínimo é: VA ONT+10 dB
● Mascaramento máximo: VO da OT + AI- 5 dB

Mascaramento na VO:

● Sempre que não acoplar precisa ser realizado o mascaramento


● Em perdas sensorioneurais máscara a melhor cóclea, em perdas conduti-
vas bilateralmente
● Acrescentamos o mascaramento de 5 em 5 dB
● A regra para mascaramento mínimo é: VA ONT+10 dB + Efeito oclusão
(audição normal ou perda sn)
● Mascaramento máximo: VO da OT + AI - 5 dB

Mascaramento na Logoaudiometria:

● A regra para mascaramento mínimo é: LRF (ONT) + 15 dB


● Mascaramento máximo: Média tritonal + AI -5
No mascaramento de logoaudiometria, é preciso cuidar da configuração da perda,
pois a média pode não ser compatível com a melhor óssea, fazendo com que essa respon-
da na hora do teste.

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 21


Tipos de sons mascaradores.

● White Noise: Ruído branco de faixa larga, contém todas as frequências do


espectro audível com a mesma quantidade de energia.
● Speech Noise: em inglês significa ruído de fala, é um ruído de faixa larga
filtrado, frequências baixas e médias de 250 a 4000Hz. Usamos para mas-
carar os teste de fala: LDF, LRF e IRF
● Narrow Band: Faixa estreita, restrita para cada frequência. Usado para
mascarar tom puro por via aérea ou óssea.

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 22


3
TÓPICO

IMITANCIOMETRIA

As medidas de imitanciometria consistem praticamente em dois procedimentos na


nossa prática clínica e são eles; timpanometria e reflexos acústicos. São testes objetivos
e eletroacústicos, que por sua vez são formas de medir a integridade da orelha média e a
função dos mecanismos periféricos da audição.
A timpanometria reflete as mudanças ocorridas nos sistemas tímpano-ossiculares
(integridade de membrana timpânica, estruturas de orelha média e tuba auditiva) quando
a pressão aérea é modificada no meato acústico externo (GAMA, 2001). Ou seja, a timpa-
nometria é a medida da variação que ocorre com a passagem do som, seja por facilitação
(admitância) ou oposição (impedância).
A curva timpanométrica é formada a partir da complacência do sistema com as
alterações de pressões.
Para realizar esses exames faremos os seguintes procedimentos:

● Realização de inspeção do meato acústico


» excluir a presença de cerúmen,
» integridade de membrana timpânica
» escolha de oliva
» É inserida uma sonda no meato acústico que ocorre o vedamento dele.
» Orientar o paciente sobre a realização do exame.
● Vedação do meato
● Verificar coerência entre queixa, curva (volume e pressão) e reflexo.

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 23


FIGURA 5. COMPONENTES DA SONDA

Fonte: http://www.cochlea.eu/po/exploracao-funcional/metodos-objetivos

A forma da curva traz informações importantes sobre o estado mecânico da orelha


média. As principais curvas medidas na sonda de 226HZ segundo a classificação de Jerger
(1970) e Jerger e Mauldin (1972) são:

FIGURA 6. CLASSIFICAÇÃO CURVA TIMPANOMÉTRICA.

Fonte: Disponível em: http://fonoaudiologia.org.br/wp-content/uploads/2020/09/CFFa_Manual_Audiologia-1.pdf

Agora, entenderemos um pouco mais sobre o reflexo acústico, pois é ele que avalia
as condições da orelha média até a região do complexo olivar superior. Ele é uma contração
involuntária do músculo tensor do tímpano e do estapédio diante da estimulação sonora em
forte intensidade. Tem como principal função a proteção da orelha interna.
Essa contração ocorre de forma simultânea e bilateralmente, mesmo quando há
estímulo unilateral.

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 24


A pesquisa do reflexo, realizamos logo após a timpanometria. Há duas formas de
coletar o reflexo, de forma ipsilateral (som é gerado e captado na mesma orelha) e contra-
lateral (som de um lado e captação do outro). O reflexo contralateral é captado entre 70 e
100 dB NS, sendo assim, o paciente precisa ter bons limiares para desencadear o mesmo
(BEVILACQUA, 2011).

QUADRO 3. REPRESENTAÇÃO AFERÊNCIA E EFERÊNCIA.

Fonte: https://blogcocleativa.com/2022/04/11/imitanciometria/

Quando pensamos em ipsilateral, o caminho realizado pelo som é: orelha média,


cóclea e nervo vestíbulo coclear (VIII), a informação chega ao tronco encefálico (onde ocorre
a decussação de fibras nervosas e o complexo olivar superior). Inicia então a eferência, via
nervo facial (VII par) e orelha média (BEVILACQUA, 2011).
Podemos observar a presença de recrutamento durante a pesquisa de reflexo, que
é a sensação distorcida da intensidade sonora, devido ao campo dinâmico da audição
reduzido, causada pela falta de células ciliadas externas.
Resumindo, para o reflexo estar presente precisamos de:

● Limiar suficiente para desencadear;


● Nervo acústico;
● Tronco encefálico;
● Nervo facial;
● Orelha média adequada;

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 25


4
TÓPICO

AVALIAÇÃO
INFANTIL

Para finalizarmos essa unidade, aprenderemos sobre as avaliações auditivas e as


respostas esperadas nessa população tão específica.
Atualmente, lançamos mão de muitos recursos para avaliação auditiva em crianças,
exames que possibilitam a identificação e até mesmo grau e tipo de perda auditiva.
Quando pensamos em criança, precisamos enfatizar que é por meio dos sentidos
que será gerado todo o desenvolvimento, assim sendo, estar com a audição e limiares
dentro dos padrões da normalidade e de forma funcional é fundamental para o desenvolvi-
mento linguístico (COSTA et al., 2016). As alterações auditivas geram privações sensoriais
que prejudicam o desenvolvimento e quando não diagnosticadas precocemente impedem
o tratamento correto (BERRETIN, et al., 2009).
Em vista disso, a Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU) tem como objetivo
realizar avaliação por meio de emissões otoacústicas (eoa) e identificar assim possíveis
alterações.
Um fator muito importante a considerar durante o processo de triagem auditiva são
os fatores de risco. Caso a criança apresente alguns dos indicadores de risco, ela já deve
ser submetida ao exame de Potencial Evocado Auditivo Automático (do BERA triagem).
Caso não tenha indicador de risco, a criança deverá ser triada pelo exame de emissões
otoacústicas evocada- triagem.
Essa avaliação é realizada preferencialmente nas primeiras 48 horas de nascido,
quando há falha de resposta, inicia-se então o processo de diagnóstico e investigação, e o

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 26


primeiro passo é o acolhimento a família, sempre orientando com clareza sobre cada passo
do diagnóstico (BEVILACQUA et al., 2011).
Devido à dificuldade de respostas na população infantil faz se necessário o princípio
do crosscheck (capacidade de correlacionar resultados de exames para fechar diagnóstico).

4.1 Avaliação Comportamental


Da mesma forma que a audiometria tonal, vocal e imitanciometria é fundamental
para a avaliação audiológica no adulto, a avaliação comportamental é padrão ouro na ava-
liação infantil, pois tem como objetivo estabelecer os valores mínimos de intensidade tonal
nas frequências da fala e se possível avaliar a percepção de fala (AAA, 2020).
A audiometria da observação do comportamento é composta por 3 procedimentos
básicos, as quais são; detecção dos sons do ling.; desenvolvimento da função auditiva de
localização e reflexo cocleopalpebral (contração do músculo orbicular do olho) frente a um
som forte, em torno de 90 dBNPS (HODGSON, 1978).
Por não ser confiável, essas avaliações são aplicadas para detectar a normalidade
e a presença de alterações auditivas (BEVILACQUA et al., 2011).

QUADRO 3. SONS DO LING UTILIZADOS PARA OBSERVAÇÃO COMPORTAMENTAL


Fonema Frequência (Hz)
/u/ 275
/m/ 250
/a/ 1.000
/ch/ 2.500
/i/ 3.000
/s/ 6.000
Fonte: Bevilacqua et al. 2011
As respostas observadas e descritas são: comportamentos reflexos ou atencionais.
(NORTHEN E DOWNS, 2005).

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 27


QUADRO 4. RESPOSTA COMPORTAMENTAL X IDADE

Fonte: AZEVEDO E ANGRISANI, 2015

A audiometria com reforço visual deve ser realizada em crianças com mais de 6
meses, visto que é necessário que ela tenha resposta motora para virar a cabeça para o es-
tímulo visual que é realizado logo após o estímulo sonoro. A aplicação deste teste também
pode ser realizada em crianças com outros comprometimentos como déficit de atenção
e mental, entre outros (MOMENSOHN-SANTOS, 2015). O exame pode ser realizado em
uma sala acústica, cabine, fone de ouvido, inserção ou até mesmo campo sonoro.
Audiometria Lúdica: Essa avaliação foi descrita pela primeira vez por Lowell em
1956, é explicada como a observação das respostas comportamentais da criança a estímu-
los acústicos em situação controlada (BEVILACQUA et al., 2011).
Temos como objetivo um diagnóstico preciso, como o limiar de audibilidade em
cada orelha e frequência específica, definir o grau, tipo e configuração da perda auditiva.
Durante o teste a criança aprende a responder ao estímulo auditivo por meio de um brin-
quedo simples como por exemplo, brinquedos de encaixe. Em caso em que a criança não
consegue responder bem só ao estímulo, iniciamos a técnica peep-show, onde o brinquedo
(caixa) é iluminado sempre que o estímulo sonoro é realizado (BEVILACQUA et al., 2011).
Esta técnica é recomendada para crianças com idade cognitiva de 3 anos ou mais,
mas também pode ser utilizada para avaliar aquelas com problemas neurológicos, com
déficit de atenção ou crianças pouco cooperativas.
Como nesse exame já conseguimos resultados de limiares, vamos ressaltar aqui
que os valores de normalidade são diferentes.

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 28


4.2 Medidas de avaliação da percepção da fala.

A logoaudiometria é uma avaliação muito importante nos testes audiológicos infan-


tis, algumas questões são importantes para a aplicação deste procedimento em crianças.
Utilizamos palavras que são adequadas ao nível de competência linguística e ao nível de
desenvolvimento cognitivo da criança.

QUADRO 5. RESUMO TESTE X IDADE

Fonte: BEVILACQUA et al. 2011

4.3 Imitância Acústica

Anteriormente, discutimos um pouco sobre os objetivos desse exame e os


procedimentos realizados. Na população infantil, essa avaliação é crucial para um
diagnóstico diferencial.
Nas crianças, por apresentarem muitos quadros de infecções auditivas, a
timpanometria acaba sendo fundamental no protocolo de avaliações para descobrirmos o
tipo de perda auditiva (BEVILACQUA et al., 2011).
A sonda utilizada normalmente é 226hz, porém em crianças com menos de 7 meses
é recomendada a sonda de 600 ou 1000hz, porque a admitância é dominada pelo efeito
massa, o que diminui assim a ressonância do conduto.
A orientação para a criança precisa ser muito clara e lúdica, para que o exame possa
ser realizado com segurança e conforto. No mais, seguimos os mesmos procedimentos e
cuidados que temos com o adulto.

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 29


4.4 Emissões Otoacústicas.

Agora, entenderemos um pouco sobre as Emissões Otoacústicas, um exame que é


objetivo, rápido e indolor, o que facilita muito na prática clínica nessa população.
As EOA são respostas provenientes das células ciliadas externas durante a esti-
mulação de um som. Essas respostas são captadas por um microfone. Há duas formas
de captação das emissões: as emissões otoacústicas transientes (EOE) e as otoemissões
otoacústicas por produto de distorção (EOEPD), (BEVILACQUA et al., 2011).
EOE são estimuladas pelo click nas bandas de frequência em torno de 0,7 a 4,0
KHz. Ausência de resposta sugere perda, porém a presença não exclui perda leve, já que
ela estimula em torno de 25 a 30 db. São mais realizadas em triagem. É uma primeira
investigação, caso haja falha, iremos para EOEPD.
Produto de distorção, nesse caso as emissões são estimuladas por dois tons puros
nas bandas de frequência em torno de 0,7 a 8,0 KHz. A ausência de respostas leva a crer
em perdas auditivas de grau moderado, já que o estímulo é maior, em torno de 55 dB.
Nessa unidade, não aprofundaremos os resultados e quais critérios, já que faremos
esse estudo posteriormente de forma clara e bem minuciosa.

4.5 PEATE.

O exame de potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE), é um exame


objetivo na obtenção de resposta, indolor, porém exige cuidados importantes na realização,
como colocação correta dos eletrodos e mínima colaboração do paciente (estar quieto,
mínimo de esforço possível).
O PEATE é a resposta elétrica do nervo auditivo e tronco encefálico frente a
estimulação auditiva. As respostas são caracterizadas por 5 ondas, onde cada uma é
responsável por um local ao longo da via auditiva. Sendo assim, ondas I e II (nervo coclear)
III (neurônios que saem do complexo dos núcleos cocleares) e IV e V lemnisco, laterais ipsi
e contralateralmente (BERRETIN-FELIX, et al., 2009).
Por meio desse exame é possível verificar o sistema maturacional do nervo audi-
tivo, porém na prática clínica tem sido utilizado para auxiliar no limiar eletrofisiológico, no
qual consideramos o menor limiar onde a onda V é registrada. Em bebês as respostas do
PEATE sofrem mudanças, devido ao processo de maturidade. Tendo assim que considerar
valores de normalidade diferenciados, considerando a idade (GAMA, 2001).
Guarde esses princípios sobre PEATE, porque na próxima Unidade aprofundare-
mos os estudos sobre esse tema, conhecendo mais sobre via auditiva, as ondas, resultados
e aplicações clínicas.

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 30


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao terminar esta unidade, espero que tenha despertado em você o desejo de
conhecer cada vez mais sobre o sistema auditivo. Conhecemos um pouco mais da anatomia
e, principalmente, o funcionamento de como a energia sonora é transformada em um som
complexo e cheio de conexões.
Foi possível abordar os exames audiológicos básicos em adultos, como a audiometria
tonal, vocal e imitanciometria, compreendendo os objetivos e padrões de normalidade,
tendo em vista que é fundamental para avaliações clínicas e interpretação dos resultados
dos exames. Também exploramos as peculiaridades da avaliação audiológica infantil e a
importância do diagnóstico precoce para a intervenção.
Concluímos, assim, compreendendo a importância do raciocínio clínico para realizar
o cross-check ideal, obtendo um diagnóstico preciso e encaminhando e orientando sempre
para o melhor tratamento para o seu paciente.

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 31


LEITURA COMPLEMENTAR
Sugiro leitura do artigo sobre avaliação periférica em crianças com síndrome de
down. Onde você vai começar a entender a importância dos diagnósticos na população
infantil, tipos de exames e perdas.

Título: Avaliação auditiva periférica em crianças com síndrome


de Down
Fonte: http://dx.doi.org/10.1590/S2317-643120140003000012
Autores: Bárbara Carriço, Alessandra Giannella Samelli, Carla Gentile Matas,
Fernanda Cristina Leite Magliaro, Renata Mota Mamede Carvallo, Suelly Cecília Olivan
Limongi, Ivone Ferreira Neves-Lobo.

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 32


MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
● Título:Tratado de Audiologia
● Autor: SCHOCHAT, Eliane; SAMELLI, Alessandra Gianella;
COUTO Christiane Marques do ; TEIXEIRA Adriane Ribeiro
● Editora: EDITORA MANOLE LTDA
● Sinopse: A terceira edição do Tratado de Audiologia resgata
o estado da arte sobre as diversas subáreas da Audiologia, bem
como os avanços demonstrados cientificamente e incorporados
recentemente na prática clínica.

FILME
● Título: A Família Bélier
● Ano: 2014
● Sinopse: Na família Bélier, todos são surdos, exceto a filha
Paula, que acaba sendo a intérprete para as tarefas diárias de seus
pais e irmãos, porém ela quer viver um sonho pessoal e infelizmente
para que isso se realize é necessário se mudar, consequentemente
ficar longe dessa família tão dependente.
● Comentário: O filme traz à tona a questão da inclusão,
necessidade de comunicação e de uma sociedade mais receptiva
a todos.

UNIDADE 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 33


2
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UNIDADE

EMISSÕES
OTOACÚSTICAS

Prof. Esp. Kelly Dias de Almeida Silva

Plano de Estudos
• Emissões Otoacústicas
• Conceito de aparelhos
• Tipos aplicações clínicas
• Realização e interpretação de resultados

Objetivos da Aprendizagem
• Conhecer todas as formas de emissões otoacústicas;
• Ter conhecimento das especificações técnicas dos equipamentos
para uma escolha assertiva relacionada com o objetivo a ser
realizado e consequentemente o melhor protocolo para cada
situação;
• Saber sobre as aplicabilidades do teste de emissões otoacústicas
e correlacionar os resultados encontrados com as queixas e os
exames auditivos básicos.
INTRODUÇÃO
Caro aluno(a), nesta unidade, vamos começar a entender os exames complementares.
Já estudamos sobre os exames audiológicos básicos, lembra? (audiometria, logoaudiometria
e imitanciometria).
Agora, vamos nos aprofundar nos exames de Emissões Otoacústicas. Você já
deve ter ouvido falar sobre eles, mas talvez não tenha associado esse nome, uma vez que
popularmente é conhecido como "teste da orelhinha" ou Triagem Auditiva Neonatal (TAN).
Você vai conhecer o que são as emissões otoacústicas fisiologicamente, quais
os tipos de emissões que conseguimos obter por meio da resposta da cóclea, mais
especificamente das células externas, e quais os equipamentos disponíveis no mercado e
qual usar.
Para começar a entender a importância desse exame, vamos mostrar as aplicações
clínicas, os objetivos e como identificar a necessidade dos protocolos. Por fim, você vai
aprender a realizar o exame passo a passo, os cuidados que devemos tomar durante o
procedimento e quais resultados esperar.
As emissões fazem parte do crosscheck (análise de vários exames para um
diagnóstico), facilitando o resultado. Sendo assim, é de extrema importância conhecer as
boas práticas para que, quando necessário, as faça com excelência.

UNIDADE 2 EMISSÕES OTOACÚSTICAS 35


1
TÓPICO

EMISSÕES
OTOACÚSTICAS

Quando pensamos no exame de Emissões Otoacústicas, precisamos conhecer o


funcionamento da cóclea, pois ela será a principal responsável pela resposta nesse exame.
Você se lembra do funcionamento da cóclea ativa, estudamos na Unidade I, em fisiologia
da audição. Vamos recordar?
A cóclea ativa está relacionada às células ciliadas externas, no momento que ocorre
a transdução eletromecânica.
Você se lembra da Unidade I, na qual, por meio da movimentação das células,
ocorre a despolarização. O potássio entra, gerando o movimento de contração das células
externas. É nesse momento que ocorrem as emissões. Segue uma sequência de animação
na qual a despolarização ocorre.

FIGURA 1: DESPOLARIZAÇÃO DAS CÉLULAS PARA REALIZAR MOVIMENTO DE CONTRAÇÃO.

Fonte: http://www.cochlea.eu/po/celulas-ciliadas

UNIDADE 2 EMISSÕES OTOACÚSTICAS 36


Tal fenômeno gera a amplificação do som de forma mais efetiva, mas também
ocorre a seletividade de frequência. KEMP definiu as emissões como a liberação de ener-
gia gerada pela cóclea (células ciliadas externas), que passa pela orelha média e conduto
(BEVILACQUA et al., 2012). Outro autor que traz o explicação sobre o funcionamento é
Probst em 1990, que relatou sobre a cóclea ser capaz de receber sons e produzir energia
acústica, devido ao processo de micromecânica coclear.
A descoberta de Gold em 1948, mostrava que o meato acústico externo apresen-
tava a capacidade de captar sons oriundos da cóclea, constituindo assim o princípio das
emissões otoacústicas (EOA) (BOGER, 2012).
Nesse contexto, cabe ressaltar que estudos apontam que as emissões acústicas
são prejudicadas quando ocorrem lesões cocleares, sendo assim muito utilizadas em estu-
dos e nas aplicações clínicas.
Agora que sabemos como funciona a eliciação e a captação das EOA, vamos en-
tender o objetivo deste exame.
As EOA têm como objetivo verificar a integridade da função coclear, mais espe-
cificamente as células ciliadas externas. Assim sendo, não teremos limiares, mas sim, a
integridade de um sistema. Vale a pena ressaltar que é importante ter bom funcionamento
de orelha média para que o som seja captado pela sonda. Se lembrarmos o caminho do
som, veremos a importância da integridade do conduto e da orelha média para captação
de resposta das emissões. Lembramos também que as EOA são pré-neurais, sendo assim,
lesões a nível de nervos ou tronco não afetam os resultados.
Dentro das características das emissões otoacústicas, podemos descrevê-las de
duas formas, que estão relacionados à forma de elicitar os sons provenientes da cóclea e
estas estão relacionadas a presença ou não de estímulo externo que seria espontânea ou
evocada.

Quanto à descrição das EOA, Kemp em 2011, trouxe quatro definições:

1. Emissões otoacústicas espontâneas (EOAE): foram as primeiras emissões a serem


estudas, onde apresentam emissão de som na cóclea mesmo sem estímulo, este
tipo de registro pode ser encontrado em torno de 50% de pacientes adultos com
limiares auditivos normais para tons puros e estão ausentes em limiares maiores
de 30 dB (DURANTE, 2010). Porém, por não ser detectada em todos os pacientes
ouvintes, a aplicação clínica não é indicada, sendo utilizada somente em estudos.

UNIDADE 2 EMISSÕES OTOACÚSTICAS 37


2. Emissões otoacústicas transientes (EOAT) ou evocadas: São assim nomeadas por
serem obtidas por meio de uma breve estimulação da cóclea. Esses estímulos
podem ser de duas maneiras; click (estímulo de banda larga, mas as respostas
podem estar presentes em torno de 1 a 4 Khz) ou turn bust. Utilizamos essas
emissões na prática clínica, já que estão presentes em 99% das orelhas normais
(DURANTE, 2010). Ausências de respostas neste exame, sugerem-se perdas e de
origem coclear.
3. Hoje o exame de EOA mais conhecido (popularmente falando) são as EOAT, de-
vido as triagens auditivas neonatais (TAN), hoje praticada na grande maioria dos
hospitais do país após recomendações e diretrizes do ministério da saúde, onde
recomenda a TAN nas primeiras 48 horas ou no máximo nos primeiros 30 dias
de vida, para que se identifique caso houver alterações e já encaminhe para os
melhores tratamentos. MINISTÉRIO DA SAÚDE(2012).
4. As emissões otoacústicas de estímulo-frequência (EOAEF), são evocadas por um
estímulo contínuo. É o resultado pela diferença entre a forma da onda que gerou o
estímulo e a onda que foi registrada (soma dos registros). Esse exame não é utili-
zado nas realizações de diagnóstico clínico, por limitações relacionadas a resposta
do estímulo utilizado no teste
5. As Emissões Otoacústicas Produtos de Distorção (EOAPD): exame muito utilizado
na prática clínica, correspondem aos sinais sonoros fracos originados por dois tons
puros geradores na banda de frequência de 0,7 a 8,0 Khz, chamados de f1 e f2, na
qual f2 é maior que o f1, sendo o principal harmônico 2f1-f2 e a razão deve ser de f2
por f1 de aproximadamente 1,22. Ou seja, sempre que há estímulos de intensidade
e tons muito próximos, é gerado um terceiro tom, isso é produto de distorção.

FIGURA 2. EOA PRODUTO DE DISTORÇÃO

FONTE: http://www.cochlea.eu/po/exploracao-funcional/metodos-objetivos/otoemissoes

UNIDADE 2 EMISSÕES OTOACÚSTICAS 38


2
TÓPICO

CONCEITOS, FUNDAMENTOS E
ESCOLHA DOS APARELHOS DE
EOA

Em 1980 foi desenvolvido o equipamento de emissões otoacústicas, melhorando o


diagnóstico audiológico, por meio do equipamento conseguimos medidas de forma objetiva,
não invasiva e sem necessidade de sedação.
Para garantir a confiabilidade do exame, o conselho federal de fonoaudiologia obriga
a calibração anual do equipamento (regulagem de um equipamento através da comparação
de medidas padrões). O equipamento é composto basicamente por sonda, cabo, bateria
recarregável, oliva e programação.
A realização do exame de EOA consiste em colocar a sonda (gerador de estímulos
+ um microfone) no conduto auditivo externo, que gera a vibração da membrana timpânica,
estimula os líquidos presentes na cóclea e ativa as células ciliadas externas. Essa energia
gerada pela cce volta pela orelha média a qual será captada pelo microfone. O equipamento
faz a leitura (por meio de algoritmos) e gera a amplitude das emissões.

UNIDADE 2 EMISSÕES OTOACÚSTICAS 39


FIGURA 3. ESTÍMULO E CAPTAÇÃO DAS EOA EVOCADAS

Fonte: http://www.cochlea.eu/po/exploracao-funcional/metodos-objetivos/otoemissoes

Os equipamentos utilizados apresentam diferenças nas configurações de acordo


com o objetivo. Temos os equipamentos para triagem, que são portáteis, realizam EOAT e
PD, e geralmente os resultados são expressos em aprovação/falha. Os equipamentos utili-
zados na clínica fornecem informações mais detalhadas, como frequência, ruído, amplitude
de resposta, entre outros.
É importantíssimo a seleção do protocolo correto e da sonda para cada tipo de
exame a ser realizado. Os protocolos são próprios de cada equipamento, mas mostram
as opções de triagem ou clínico. E as sondas são específicas para cada tipo de emissão.
Sendo assim, é de extrema importância a comunicação do profissional (fonoaudiólogo) com
o fabricante e/ou representante para entender as características específicas dos equipa-
mentos adquiridos.
Para a realização da EOAT, utiliza-se uma sonda de 2 furos, onde um deles gera o
estímulo e o outro o capta. Já para a EOAPD, são utilizados 3 furos, um para cada estímulo
(F1 e F2) e outro para captação.
Geralmente, o sistema conta com indicação gráfica do ajuste de sonda (checkfit),
algoritmo para redução do ruído, alerta de instabilidade de sonda, excesso de ruído e co-
nexão com PC. O equipamento tem a função de realizar a filtragem, ou seja, selecionar

UNIDADE 2 EMISSÕES OTOACÚSTICAS 40


o ruído externo, ruído do nosso corpo e o som emitido da cóclea (emissões), e verificar
se o que está captando é uma resposta puramente auditiva. No exame, a resposta que
observamos ou mensuramos é a amplitude, ela que nos diz sobre toda a filtragem recebida
do equipamento.

FIGURA 4. APARELHO DE EMISSÕES OTOACÚSTICA - TRIAGEM

Fonte: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5659856/mod_resource/content/1/EOA%20%2B%20PEATE.pdf

Esse é um exame complementar, e traz como principal vantagem a rapidez e a


eficiência de medida (possibilidade de registro de respostas de frequência específica,
particularmente para a medição EOAPD).

UNIDADE 2 EMISSÕES OTOACÚSTICAS 41


3
TÓPICO

TIPOS E APLICAÇÕES CLÍNICAS

Quando optamos por aplicar um exame, precisamos saber a função que ele tem e
a confiabilidade. Pensando em EOA, os exames com aplicabilidade clínica são as EOAT
e EOAPD, por estarem presentes em 99% das orelhas normais. As emissões por produto
de distorção são mais utilizadas na clínica por fornecerem especificidade em uma faixa de
frequência maior quando comparadas à EOAT.
As emissões apresentam variações no efeito da idade (diminuem com o aumento da
idade). É necessário utilizar um protocolo específico para crianças e adultos, considerando
o gênero (mulheres apresentam maiores níveis de resposta) e a orelha (a orelha direita
apresenta níveis de resposta mais altos) (DURANTE, 2010).
As emissões otoacústicas são muito conhecidas hoje como teste da orelhinha
(Triagem auditiva Neonatal-TAN), por ser o primeiro exame a avaliar a cóclea (e não a
audição) do bebê. A triagem é uma das aplicações clínicas mais conhecidas, mas, abaixos
iremos conhecer as possíveis aplicabilidades desse exame (DURANTE, 2005).

3.1. Principais aplicações clínicas na criança (DURANTE, 2010)

● Triagem auditiva neonatal;


● Triagem auditiva escolar;
● Avaliação pediátrica;
● Monitoramento da função cóclea quando exposto a agentes ototóxicos;
● Diagnóstico da neuropatia auditiva;

UNIDADE 2 EMISSÕES OTOACÚSTICAS 42


3.2. Principais aplicações clínicas no adulto.
● Diagnóstico diferencial da perda auditiva de origem coclear e retrococlear;
● Identificação de neuropatia auditiva;
● Auxiliar no diagnóstico de perda auditiva funcional;
● Auxiliar na indicação do implante coclear;
● Zumbido;
● Diagnóstico de Perda auditiva súbita;
● Monitoramento da audição (ruídos, processo cirúrgico, doença de meniére e
ototóxicos) (DURANTE, 2010).
O EOA faz parte da avaliação audiológica, por ser objetivo e indolor facilita a
realização além de que apresenta uma grande vantagem, pois pode detectar precocemente
a perda auditiva.

UNIDADE 2 EMISSÕES OTOACÚSTICAS 43


4
TÓPICO

REALIZAÇÕES E
INTERPRETAÇÕES DE
RESULTADOS

Após conhecer as aplicações clínicas e as especificações de cada exame, você


deve estar se perguntando qual é o exame mais adequado: EOAT ou EOAPD?
Pois bem, ambos avaliam a cóclea, porém cada um utiliza um estímulo e analisa
frequências de maneira diferente. Por isso, muitas vezes, é necessário utilizar ambos os
exames para fechar o diagnóstico, pois são complementares. Geralmente, as EOAT são
utilizadas em triagens e em crianças, enquanto as EOAPD são mais empregadas em
adultos por fornecerem informações mais específicas e abrangerem outras frequências
(DURANTE, 2012).
É importante sempre lembrar que o exame de emissões é rápido, indolor e subjeti-
vo (não depende da resposta do paciente). Ele avalia a integridade e o funcionamento das
células ciliadas externas; portanto, não é possível determinar o limiar auditivo. Trata-se de
um exame que complementa o crosscheck.
É um exame mais sensível para identificar alterações na cóclea do que os exames
psicoacústicos (audiometria), já que é possível ter redução de resposta ou até mesmo
ausência nas emissões e ainda ter limiares auditivos dentro da normalidade.
Para análise de respostas das emissões transientes se utiliza a reprodutibilidade e
a relação sinal/ruído por frequência, determina-se presença quando a reprodutibilidade e a
relação sinal/ruído apresentam valores dentro do esperado. Os parâmetros de análise para
definir a presença das EOA são diferentes em cada faixa etária.
Para triagem auditiva é necessário o uso de modo de registro não linear, o critério
de “passa” ou “falha” ou “refer” depende do programa de triagem e do equipamento.

UNIDADE 2 EMISSÕES OTOACÚSTICAS 44


F5: EQUIPAMENTO DE TRIAGEM- EOAT

Fonte: (A Autora, 2023)

O registro das EOA é sensível a interferências mecânicas e acústicas e para que seja
realizado um exame fidedigno precisamos tomar alguns cuidados durante o procedimento.
● Calibração do equipamento (cada equipamento apresenta um protocolo de cali-
bração específico, que serve para eliminar o máximo de ruído/artefatos);
● Meatoscopia (verificar se há empecilhos como cerúmen, infecções e vernix);
● Integridade de orelha média (impede a captação do som emitido, dando falso
negativo). Se possível realizar a timpanometria;
● Estar em lugar silencioso, de preferência com controle acústico (sala tratada ou
cabine);
● O paciente precisa estar tranquilo (se for criança de preferência em sono natural);
● Sonda: Ideal para o exame a ser realizado;
● Verificar protocolo do equipamento;
● Oliva: colocação e tamanho ideal.
O exame é muito fácil de fazer dura segundos. No entanto, é importante verificar
cada passo:
6. Realizar Meatoscopia e se possível imitanciometria;
7. Selecionar o protocolo e a sonda específica para o exame a ser realizado (Tran-
siente ou Produto de distorção/ triagem ou clínico);
8. Explicar o exame para o paciente (adulto) ou para o responsável (quando criança);
9. Selecionar a oliva (conforme tamanho observado na Meatoscopia) e colocar a
sonda;

UNIDADE 2 EMISSÕES OTOACÚSTICAS 45


10. Iniciar o exame;
11. Verificar a amplitude de resposta e os outros itens que validam o exame.

4.1 Critérios resultados

Segundo Durante (2012) os critérios e/ou protocolos variam de adultos para crian-
ças e trazem o seguinte parâmetro para EOAT:
● Intensidade de estímulo: 80 dB NPs;
● Janela de análise (de 12 a 20 ms);
● Estabilidade da sonda (maior que 70 %);
● Nível de resposta geral;
● Nível resposta s/r (> 6db);
● Reprodutibilidade geral (> 50%);
● Número de registros coletados (pelo menos 50).
Para crianças consideram-se além dos itens acima; número de estímulos (min.50);
tempo de teste reduzido na versão triagem (12 ms).
Nas emissões por produto de distorção o protocolo mais utilizado é o L1= 65 db
NPS L2 = 55 db NPS por parecerem mais sensíveis para identificar a perda.
Os critérios de respostas deste exame geralmente estão relacionados a relação
sinal/ruído, são considerados presentes quando essa relação é de pelo menos 6 db NPS.
O registro das EOAPD pode ser de duas maneiras: PD grama ou curva de cres-
cimento. A forma mais utilizada é PD grama, onde visualiza as amplitudes em relação a
frequência em uma intensidade fixa.
Durante (2011) traz como benefício o uso das EOAPD para avaliar frequências
agudas até 8 khs, já que as EOAT avaliam até 4-5 kHZ.
Segue modelo de triagem por produto de distorção, verifique as frequências e a
relação S/R.

UNIDADE 2 EMISSÕES OTOACÚSTICAS 46


FIGURA 6. TRIAGEM EOAPD

Fonte: https://otosonic.com.br/produtos/ero_scan_screener/Eroscan%20Screener.pdf

UNIDADE 2 EMISSÕES OTOACÚSTICAS 47


De acordo com a OMS, em 2005, 278 milhões de pessoas têm perdas auditivas de grau moderado a pro-
fundo, sendo que 80% destas vivem em países em desenvolvimento. A metade dos casos de deficiência
auditiva poderia ser prevenida e seus efeitos minimizados se a intervenção fosse iniciada precocemente.
Segundo dados de diferentes estudos epidemiológicos, a prevalência da deficiência auditiva varia de um a
seis neonatos para cada mil nascidos vivos, e de um a quatro para cada cem recém-nascidos provenientes
de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Esta prevalência é considerada elevada se compara-
da a outras doenças passíveis de triagem na infância, como: fenilcetonúria 1:10.000; anemia falciforme
2:10.000; surdez 30:10.000 (NCHAM, 2012).
Leia na íntegra - disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_triagem_auditiva_neonatal.pdf

“A maior deficiência não está no corpo do deficiente físico, mas na alma do preconceituoso. “
Sebastião Barros Travassos
Fonte: https://www.pensador.com/deficiente_auditiva/

UNIDADE 2 EMISSÕES OTOACÚSTICAS 48


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Agora que conhecemos bem sobre as emissões, encerramos esta unidade com a
certeza de que a captação das EOAs apresenta importância significativa em nossa atuação
clínica. Por meio dela, podemos verificar a função coclear (CCE), mesmo antes de dar
sinais na audiometria (limiares normais).
Além disso, ela nos auxilia desde a triagem auditiva, realizando um passa-falha
no diagnóstico precoce em bebês e crianças em fase escolar, no acompanhamento e na
prevenção de perdas auditivas em indivíduos expostos a medicações ototóxicas (quimiote-
rapia) ou a ruídos muito intensos. Acrescenta-se ainda que desempenha um papel crucial
no auxílio e no topo-diagnóstico de lesões retrococleares e cocleares.
Dessa forma, podemos concluir a importância dela no fechamento de um diagnósti-
co (crosscheck), destacando sua relevância abrangente na avaliação auditiva e no suporte
aos diversos aspectos clínicos relacionados ao sistema auditivo.

UNIDADE 2 EMISSÕES OTOACÚSTICAS 49


LEITURA COMPLEMENTAR
Emissões Otoacústicas: Conceitos Básicos e Aplicações Clínicas.

O registro das Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAs) é o mais novo método


para a detecção de alterações auditivas de origem coclear. Consiste em método objetivo,
relativamente simples, rápido, não invasivo, o qual dispensa o uso de eletrodos e que pode
ser realizado em qualquer faixa etária, ressaltando-se sua aplicação em recém-nascidos.
O equipamento para teste das EOAs está entrando na rotina da Audiologia Clínica (Kemp
et al., 1990).
As emissões otoacústicas foram primeiramente observadas pelo inglês David Kemp,
em 1978, o qual as definiu como liberação de energia sonora originada na cóclea, que se
propaga pela orelha média, até alcançar o conduto auditivo externo (Kemp et al., 1986).
Ele pôde demonstrar que as EOAs estão presentes em todos os ouvidos funcionalmente
normais e que deixam de ser detectadas quando os limiares tonais estiverem acima de
20-30 dB.
O recente descobrimento das EOAs contribuiu substancialmente para a formação
de novo conceito sobre a função da cóclea, mostrando que esta não é só capaz de receber
sons, mas também de produzir energia acústica (Probst, 1990). Este fenômeno está rela-
cionado ao processo de micromecânica coclear, além do fato de que as EOAs, ao serem
geradas na cóclea, sugere que nesta encontre-se um componente mecanicamente ativo,
acoplado à membrana basilar, através do qual ocorre o processo reverso de transdução de
energia sonora (Lim, 1986). Esta propriedade vem sendo recentemente atribuída às células
ciliadas externas (Plinkert, 1991) e é controlada através das vias auditivas eferentes.

Gosto muito desse artigo, apesar do tempo de publicação, ele traz um apanhado
sobre as emissões otoacústicas. Traz revisões de literatura com importantes nomes da
área, que explicam os conceitos e as aplicações clínicas.
Leia na íntegra - disponível em: https://arquivosdeorl.org.br//conteudo/acervo_port.
asp?id=13

UNIDADE 2 EMISSÕES OTOACÚSTICAS 50


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
● Título: Conhecimentos Essenciais para Entender Bem Emis-
sões Otoacústicas e BERA
● Autor: Marina Stela Figueiredo
● Editora: Pulso
● Sinopse: O livro introduz o Sistema Auditivo ao leitor,
demonstrando as características fisiológicas da orelha externa,
média e interna, em seguida, explica a estrutura coclear, dividindo-a
em três etapas funcionais: vibrações mecânicas da membrana
basilar e do órgão de Corti; contrações das células ciliadas e
transmissão de impulsos elétricos ao sistema nervoso central, pelo
nervo acústico. Após aprofundar o tema a respeito das Emissões
Otoacústicas (EOA). Por fim, “Emissões Otoacústicas e BERA”
esclarecem como fazer a Audiometria de Tronco Encefálico (BERA)
e de que forma relacionar o resultado com a deficiência auditiva,
condutiva, coclear e retrococlear.

FILME/VÍDEO
● Título: Anatomia e Fisiologia Auditiva
● Ano: 2018
● Sinopse: Aula de fisiologia sobre a cóclea.
● Link do vídeo (se houver): https://www.youtube.com/watch?-
v=MJi4pXb-OCA

UNIDADE 2 EMISSÕES OTOACÚSTICAS 51


3
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UNIDADE

AVALIAÇÃO
ELETROFISIOLOGICA
DA AUDIÇÃO

Prof. Esp. Kelly Dias de Almeida Silva

Plano de Estudos
• Anatomia da fisiologia auditiva
• Potenciais auditivos de curta latência: Eletrococleografia Potenciais
auditivos de curta latência: PEATE
• Potenciais de média e longa latência
• Respostas Auditivas de Estado Estável
• Critérios de normalidade e protocolos

Objetivos da Aprendizagem
• Entender sobre fisiologia auditiva central, para que consiga
correlacionar com os achados audiológicos e eletrofisiológicos dos
exames de PEA
• Conhecer e finalizar a parte de estudos com exames
complementares, com o PEATE, conhecendo as diferenças e objetivos
de cada um.
• Estabelecer a importância de um protocolo específico para cada
público e objetivo a ser investigado.
INTRODUÇÃO
Caro aluno (a), nessa unidade vamos dar continuidade a UNIDADE III, onde fala-
mos dos exames complementares. Agora vamos iniciar nossa jornada com os exames de
Potenciais Evocados Auditivos (PEA).
Aqui vai conhecer quais são as características de cada exame, iniciaremos pela
divisão dos exames de potenciais evocados, que se caracterizam como curta, média e
longa latência.
Abordaremos rapidamente os exames de curta latência no tópico II, e nos aprofun-
daremos no PEATE, pois clinicamente é o que apresenta maior aplicação.
No tópico III, iremos entender a funcionalidade, características e aplicabilidades
dos potência de média e longa latência, onde conheceremos o famoso P300, que está
sendo considerado como um exame de última geração, na audiologia (lembrando que é
exame complementar, não excluindo a bateria de testes audiológicos).
Posteriormente vamos falar do Estado estável que é complementar ao PEATE, há
indicação quando não temos boas respostas nos testes audiológicos comportamentais.
E para finalizar, falaremos dos padrões de normalidade e dos protocolos que exis-
tem na literatura, mas de antemão vamos sempre lembrar que vai depender da idade do
paciente, objetivos a serem alcançados e principalmente do equipamento.
O exame de potencial tem auxiliado muito no diagnóstico diferencial audiológico,
ajudando a concluir laudos de forma objetiva, nos dando segurança e favorecendo o trata-
mento do paciente. Portanto, conhecer a fisiologia, objetivos de cada exame e os protocolos,
se tornam essenciais para essa prática.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 53


1
TÓPICO

ANATOMIA DA FISIOLOGIA
AUDITIVA

Caro (a) aluno (a), vamos iniciar esta unidade explorando o fascinante mundo do
sistema auditivo (anatomofisiologia), direcionando nosso enfoque para a área central. Aqui,
nossa intenção é compreender minuciosamente como o som é processado após a cóclea
até atingir o córtex cerebral.
Dessa forma, este aprofundamento nos permitirá desvendar os intricados meca-
nismos que regem a interpretação auditiva em níveis mais avançados do sistema nervoso,
proporcionando uma visão abrangente e detalhada dessa fascinante jornada sensorial.
A fisiologia da audição pode ser dividida anatomicamente em duas partes: Sistema
Auditivo Periférico (SAP) e Sistema Auditivo Central (SAC). Eles são interdependentes,
porém, a maior parte (anatomicamente falando) é central. Esta será a introdução para que
você consiga, a partir daí, entender como funciona a captação de respostas do exame de
Potencial Evocado Auditivo. Vamos recapitular tudo o que estudamos até agora sobre a
fisiologia da audição periférica?

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 54


QUADRO 1: SISTEMA AUDITIVO PERIFÉRICO

Fonte: (A Autora, 2023)

O sistema auditivo é responsável pela sensação e percepção dos sons. Ao lon-


go das vias, existem vários centros de integração, cada um correspondendo a uma área
responsável por diferentes habilidades auditivas. Os impulsos sonoros são transmitidos
pelas fibras do nervo auditivo (VIII PAR) até o núcleo coclear, tronco encefálico, tálamo e,
finalmente, alcançam o córtex cerebral.
Essas fibras mantêm uma organização tonotópica ao longo de toda a via, respeitan-
do a distribuição das frequências sonoras. É importante destacar que, a cada "estação" ao
longo do percurso, há um aumento nos graus de complexidade (TEIXEIRA e GRIZ, 2011).
Quando abordamos o Sistema Auditivo Central (SAC), é crucial ter em mente que
toda a organização é tonotópica. Dessa forma, as informações de frequências carregadas
pelas fibras ao sair da cóclea são preservadas e transmitidas por toda a via auditiva.

Quando o sinal elétrico, transmitido pelas fibras neurais que compõem o


nervo auditivo, passa para o tronco cerebral, ocorrem sinapses em uma
série de estações, que enviam a informação acústica para os centros do
processamento auditivo no córtex. Essa rede é composta por inúmeras fibras
nervosas e é conhecida como sistema nervoso auditivo central. (TEIXEIRA;
GRIZ e CALDAS, 2015).

Resumidamente, a via auditiva se projeta do complexo núcleo coclear até o córtex.


As estruturas envolvidas na auditiva central são: nervo, núcleos cocleares; núcleos olivares
superiores; lemnisco lateral; colículo inferior; corpo geniculado medial e o córtex auditivo.
Logo, entenderemos a importância de cada um desses núcleos. Veja agora na imagem,
como é realizada essa transferência de informação.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 55


FIGURA 1: VIA AUDITIVA CENTRAL

Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f5/Via_Auditiva.png

Os núcleos cocleares são divididos em três partes: ventral (anterior, posterior e


dorsal). Estão relacionados ao processamento temporal, fundamental para a localização,
sendo a única estrutura do Tronco Encefálico (TE) que carrega informações ipsilateralmente
trazidas da cóclea (TEIXEIRA; GRIZ e CALDAS, 2015).
O Complexo Olivar Superior (COS) recebe informações ipsi e contralaterais, de-
sempenhando um papel crucial na transmissão sonora. É responsável pela diferenciação
temporal e de intensidade do sinal sonoro, contribuindo para a localização espacial do som
(TEIXEIRA; GRIZ e CALDAS, 2015).
O Lemnisco Lateral é uma via auditiva primária que se estende do COS até o
colículo inferior, mantendo a representação bilateral do estímulo auditivo e a organização

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 56


tonotópica. No entanto, seus neurônios respondem principalmente a altas frequências
(TEIXEIRA; GRIZ e CALDAS, 2015).
O Colículo Inferior, maior estrutura do TE, é responsável pela transmissão da infor-
mação auditiva para os centros auditivos superiores, relacionando-se também com a fonte
sonora recebida e integrando estímulos visuais e outros estímulos sensoriais (TEIXEIRA;
GRIZ e CALDAS, 2015).
O Corpo Geniculado Medial, dividido em três partes (ventral, dorsal e medial), tem
a parte ventral respondendo inicialmente aos estímulos acústicos, enquanto as outras
divisões contêm neurônios que respondem a informações acústicas e somatossensitivas.
A parte ventral transmite informações específicas de discriminação para o córtex
cerebral, enquanto a divisão dorsal projeta axônios para áreas de associação do córtex au-
ditivo. Essa parte do corpo geniculado pode ser responsável pela manutenção da atenção
auditiva e, possivelmente, funcionar como um sistema de alerta multissensorial (TEIXEIRA;
GRIZ e CALDAS, 2015).
A Formação reticular é um conjunto de células e fibras nervosas que ocupam toda
a região central do tronco encefálico, do bulbo o mesencéfalo, e influencia quase todos os
setores do sistema nervoso central (SNC). Ele está intrinsecamente conectado à formação
reticular, que tem como principais funções o controle da atividade eletrocortical (sono e vigí-
lia), a formação reticular pode ser responsável pela habilidade de ouvir na presença de ruído.
E por fim, o famoso córtex auditivo: está circundado pela associação auditiva (área
42 de Brodmann), composto por 3 células nervosas principais (piramidal, estrelada e fusi-
forme). Recebe informação ipsi e contralateral.
O córtex auditivo primário é responsável pela sensação e percepção auditiva e apre-
senta ligação com a área de Wernicke. Resumindo, o córtex apresenta função importante
na discriminação, interpretação e armazenamento, contribuindo no significado linguístico.

FIGURA 2: CÓRTEX AUDITIVO

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3rtex_auditivo#/media/Ficheiro:Brodmann_41_42.png

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 57


2
TÓPICO
POTENCIAIS AUDITIVOS
DE CURTA LATÊNCIA:
ELETROCOCLEOGRAFIA E
POTENCIAIS AUDITIVOS DE
CURTA LATÊNCIA

Na área de Audiologia Clínica, realizamos exames subjetivos, que dependem da


participação do paciente, como a audiometria e a logoaudiometria, sendo de extrema impor-
tância no diagnóstico. Além disso, há exames objetivos, que não dependem de respostas do
paciente. É claro que estudos buscam cada vez mais exames objetivos, especialmente em
casos nos quais o paciente apresenta dificuldades em fornecer respostas coerentes, como
crianças e adultos com comprometimentos neurológicos, para auxiliar no diagnóstico auditivo.
Atualmente, o uso de procedimentos eletrofisiológicos na avaliação auditiva é
fortemente preconizado, com o objetivo de obter mais dados sobre o funcionamento do
Sistema Nervoso Auditivo Central (SNAC). Baseado nas necessidades relatadas acima,
começou-se a utilizar o PEA (Potencial Evocado Auditivo).
Para entender um pouco de eletrofisiologia, vamos falar sobre os potenciais de
ação, que nada mais são do que sequências de potência da membrana, eliciadas por
algum estímulo (acústico, físico, químico), que geram uma mudança no estado "normal" de
repouso das fibras nervosas. Quando essas atividades são desencadeadas por estímulo
acústico, chamamos de Potencial Evocado Auditivo (PEA).
Bueno (2020), definiu o (PEA) como procedimentos eletrofisiológicos que
representam a atividade neuroelétrica da via auditiva em resposta a um estímulo acústico,
do nervo auditivo até o córtex.
A captação das ondas pode ser realizada colocando eletrodos fixados na superfície
do couro cabeludo, fronte, lóbulos das orelhas ou mastoides. As respostas são neuroelétri-

UNIDADE 2 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 58


cas, passam por um filtro e por amplificação. Logo após são separadas dos artefatos, ruídos
e somadas. Gerando a onda, que pode ser observada na tela conectada ao equipamento.
O PEA é classificado segundo a latência em que ocorre, a origem anatômica (sí-
tio gerador da atividade neuroelétrica como nervo coclear, tronco encefálico ou potencial
coclear) a relação entre estímulo e resposta (transitória e contínua x endógena/ exógena).
Porém vamos abordar a classificação mais utilizada, que é a latência. Elas podem ser
classificadas como: potenciais precoces ou de curta latência; potenciais de média latência
e potenciais tardios ou de longa latência.

2.1 Eletrococleografia (ECoG)

Nesse tópico, abordaremos os potenciais de curta latência. Iniciaremos com a


Eletrococleografia (ECoG), um procedimento para registrar o potencial elétrico sincrônico
gerado pela cóclea e pelos segmentos iniciais do nervo auditivo durante a conversão dos
sons em impulsos nervosos. Segundo Soares e Lins (2015) quanto mais próximo à cóclea
estiverem os eletrodos, maior será a amplitude dos potenciais.
A captação do ECoG é realizada por eletrodos extratimpânicos e transtimpânicos,
por estímulo clique, e têm aplicação clínica na identificação e monitoramento da pressão do
sistema endolinfático e neuropatia auditiva. Seu objetivo é avaliar o microfonismo coclear e
o potencial de somação (atividades bioelétricas da cóclea) e de ação (mede as aferências
distais cocleares e a atividade elétrica das fibras do nervo coclear) (NETO e MARÇAL, 2015).
É possível captar respostas com eletrodos no MAE (meato acústico externo) com
a ECoG extratimpânica, porém a resposta é mais bem captada quando colocado próximo
a janela redonda (ECoG transtimpânica) ou seja, um procedimento cirúrgico, método mais
invasivo.
As informações que captamos no ECoG são: limiar de resposta ao clique; valor de
amplitude máxima; forma da resposta; formato das curvas e limiares para cliques filtrados
(RUSSO e SANTOS, 2011).
Abaixo vou trazer um quadro de estímulo e registro obtidos na ECoG e posterior-
mente os protocolos.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 59


FIGURA 3 . ESTÍMULO E REGISTRO DO ECOG.

Fonte: ANASTACIO, 2012.

2.2 Peate

É o registro de respostas elétricas desencadeadas por estímulos acústicos, envol-


vendo o sistema auditivo periférico até o nível do tronco cerebral. Essas atividades elétricas,
ocorridas no sistema auditivo e no Tronco Encefálico (TE), permitem que a audição que
ocorreu na cóclea seja transmitida para o cérebro.
O exame é considerado mais um teste de sincronia neural do que de audição, em-
bora possa ser utilizado para inferir sobre a sensibilidade da audição periférica. O PEATE
depende tanto da audição periférica (integridade de ouvido médio e ouvido externo) quanto
das vias auditivas (VIII par e TE).
O PEATE também pode ser chamado de latência curta, pois analisa um complexo
conjunto de cinco a sete ondas em até 10 ms após o estímulo. A formação das ondas do
PEATE ocorre pela ativação e sincronia das fibras; Jewett, Romana e Williston (1970) foram
os primeiros a descreverem essas ondas de forma técnica.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 60


Apesar de algumas pequenas divergências sobre os sítios geradores das ondas,
a proposta mais aceita é a de Moller et al., onde a formação da onda I e II ocorre no nervo
auditivo; III no núcleo coclear; IV no complexo olivar superior; V no Lemnisco lateral; VI no
colículo inferior; e a onda VII no corpo geniculado medial (MATAS e MAGLIARO, 2011).
Segue a formação das ondas.

FIGURA 4: FONTES GERADORAS DE ONDAS

Fonte: https://www.passeidireto.com/arquivo/106279156/peate

As ondas mais importantes são as ondas I, III e V, são sempre encontradas, in-
dependentemente da idade. Já as ondas II, IV, VI e VII podem ser encontradas de forma
assimétricas ou até mesmo ausentes. Por ser um dos fatores mais importantes no exame
de PEATE, vamos ver as características de cada uma (latência absoluta, interpicos e inte-
raural).
Latência absoluta: é o tempo entre a apresentação do estímulo e o pico da onda em
medida de ms. A latência da onda do PEATE é a característica mais confiável e importante,
sabe se que quanto maior a intensidade, menor a latência absoluta da onda, ou seja, é
inversamente proporcional, às latências mais analisadas são as das ondas I, III e V
A medida entre picos (interpicos) é o tempo entre os picos registrados, é o intervalo
de latência interpico usa a latência do pico mais precoce como referência. Os interpicos
mais analisados são: I-III; III-V e I-V.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 61


Na diferença na medida latência interaural: Comparar a latência absoluta da onda
V obtida no lado direito com a resposta do lado esquerdo na mesma intensidade. Ajuda na
característica retrococlear ou central.
Resumindo, a análise é realizada considerando
● Ausência ou presença das ondas I, III e V
● Latência interpicos I-III; III-V e I-V
● Diferença Interaural.

FIGURA 5 : CAPTAÇÃO PEATE - VISUALIZAÇÃO DAS ONDAS

Fonte: http://www.cochlea.eu/po/exploracao-funcional/metodos-objetivos/vias-auditivas

As principais características do PEATE são:


● Exame objetivo (para o paciente, porque o profissional precisa marcar as on-
das);
● Eletrofisiológico;
● É um procedimento não invasivo;
● Exame complementar;
● As respostas são consideradas campo distante, pois são colocados os eletro-
dos longe dos geradores.
É muito importante saber sobre as influências que o exame pode ter, para isso antes
da realização do procedimento, é necessário saber o que estou buscando, qual área quero
estimular. Podemos dizer que temos 4 situações que interferem no resultado do exame.
1. Tipo de estímulo: Temos 4 estímulos (clique, chirp, tone burst e fala) porém os mais
utilizados são Tone Burst (faixa de frequência mais estreita, no entanto, analisa a
frequência de forma isolada; são mais difíceis de serem visualizadas nas frequência
baixas e a apresentam latência maior, frequências analisadas e Clique (abrange
ampla gama de frequência, porém depende dos fatores como intensidade, anatomia
transdutor) frequências analisadas;

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 62


2. Intensidade do estímulo: A intensidade do estímulo tem relação direta com o número
de fibras a serem ativadas. Ou seja, quanto maior intensidade, maior o número de fi-
bras, gerando mais atividades neuroelétrica aumentam a amplitude das ondas. Matas
e Magliaro (2015), trazem a relação entre intensidade e latência, como inversamente
proporcional, já que menores intensidades demoram mais. Isso ocorre porque inten-
sidades fortes estimulam as CCI, fibras neurais aferentes, nervo auditivo e tronco
cerebral. Já em intensidade fraca, estimula as CCE e elas serão responsáveis por
estimular as CCi e continuar o ciclo (levando mais tempo).
3. Polaridade do estímulo: Reflete a fase (positiva ou negativa) em que a onda sonora é
apresentada pelo transdutor. Nomeia-se polaridade condensada (positiva) e rarefeita
(negativa). O estímulo clique pode apresentar rarefeita, condensada ou alternada. A
polaridade mais utilizada clinicamente é a rarefeita, por apresentar respostas mais
rápidas.
4. Velocidade de apresentação do estímulo: a velocidade de apresenta tem relação
direta com latência e amplitude da onda. Quanto maior a velocidade, maior a latência
e menor a amplitude.
Os principais objetivos ao realizar esse procedimento são:

1. Avaliar a integridade funcional das vias auditivas: (detecção de tumores, lesão


de TE, monitoramento cirúrgico, avaliação do grau de coma e auxílio no diagnóstico de
morte encefálica, neuropatia auditiva, maturação do sistema auditivo em Neonatos e auxílio
no diagnóstico de Perda auditiva) (MATAS e MAGLIARO, 2015).
● Utiliza-se intensidade alta, vai identificando as latências absolutas das ondas
principais;
● Estuda se os tempos de latências absolutas e interpicos;
● Comparar com os valores obtidos na orelha oposta.

2. Pesquisa do limiar eletrofisiológico. Aqui é possível identificar o grau da perda


auditiva, porém é importante entender que o grau vai estar relacionado ao tipo de estímulo
utilizado. De acordo com Matas e Magliaro (2011) o estímulo clique vai estimular a faixa de
frequência de 3000 a 6000 Khz ou 2000 a 4000 kHz (depende do equipamento utilizado) o
estímulo tone burst o grau será referente às frequências de 500,1, 2 ou 4 KHZ).
Uma observação importante é que o limiar eletrofisiológico pode ser encontrado
mais alto que o limiar audiológico. No estímulo clique essa diferença pode ser de 15 dB e no
tone burst essa diferença é em média 40 / 50 dB (principalmente nas frequências baixas).

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 63


● Iniciar o teste com estímulos fortes, descendo de 20 em 20 dB até o momento que
a onda V não esteja mais presente;
● Aumentar de 10 em 10 dB até a obtenção da menor intensidade que irá desenca-
dear o aparecimento novamente da onda V.
O procedimento para realizar o exame de PEATE é simples, porém precisa
seguir padrões. Primeiramente, é necessário estar em uma sala tratada acusticamente e
eletricamente, e o paciente deve estar extremamente confortável (cadeira de deitar, maca).
A utilização dos eletrodos deve seguir as normas impostas pelo International Electrode
System (IES) 1020-25, que define as mastoides direita (M2) e esquerda (M1), ou ainda os
lóbulos das orelhas direita e esquerda (A2 e A1, respectivamente). Os eletrodos de referência
(negativos) são posicionados na fronte (Fpz) como eletrodo "terra", enquanto a fronte (Fz)
ou o vértex (Cz) são utilizados como eletrodo ativo (positivo) (MATAS e MAGLIARO, 2015).

FIGURA 6 : POSICIONAMENTO ELETRODOS

Fonte:https://www.passeidireto.com/arquivo/95454624/potenciais-evocados-auditivos-na-pratica-clinica-2021

A Figura abaixo apresenta o posicionamento dos eletrodos no pré amplificador para


utilização de equipamento de dois canais.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 64


FIGURA 7: POSICIONAMENTO DOS ELETRODOS- EQUIPAMENTO 2 CANAIS

Fonte: (MATAS e MAGLIARO, 2015)

Para finalizar esse tópico, vamos falar sobre mascaramento no PEATE. Ele deve
ser sempre realizado quando encontrarmos perda auditiva unilateral ou perdas bilaterais de
forma assimétricas. A atenuação a ser considerada aqui é de 65 dB para estímulo clique.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 65


3
TÓPICO

POTENCIAIS DE MÉDIA E LONGA


LATÊNCIA

Nesse tópico iremos abordar os exames de potenciais de média e longa latência.


Entender os diferenciais,objetivos, resposta de estímulo e as aplicabilidades específicas.

3.1 Potencial evocado auditivo de média latência (PEAML)


O PEAML, diferentemente do PEATE, é desencadeado em torno de 10 a 60 ms
após o estímulo. É uma resposta “intermediária” do PEATE e precede o Potencial Evocado
Auditivo de Longa Latência (PAELL). Esse potencial foi o primeiro a ser descrito, é um po-
tencial auditivo sincrônico e a captação reflete a atividade cortical envolvida nas habilidades
de audição primária e secundária (SCHOCHAT, 2012).

FIGURA 8: MARCAÇÃO DOS POTENCIAIS EM RELAÇÃO A LATÊNCIA

Fonte :https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/115281/ISSN21784736-2013-04-01-01-20.pdf;sequence=1

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 66


A resposta do PEAML apresenta relação com o limiar auditivo comportamental,
podendo entregar informações importantes sobre a integridade do SNAc. O estímulo
pode ser por cliques, tone pips, tone bursts e fala, o que vai possibilitar uma avaliação
por frequência específica pelo PEAML. São conexões auditivas centrais e preservam a
tonotopia da cóclea.
Os principais componentes responsáveis pela geração de respostas do MLR são:
Pa (30 ms), Pb (50 ms), Na (18ms) e Nb (40ms) esses sãos os pontos mais analisados, pois
são maiores em amplitudes e mantém estabilidade. E geralmente a Pa é a maior, sendo
assim comparada com a Onda V (no PEATE) (SCHOCHAT, 2012).
Em relação a aplicabilidade do teste, inicialmente está na estimativa de limiares
por frequência baixa, posteriormente na avaliação de candidatos a implante coclear;
auxiliar na avaliação e diagnóstico do funcionamento da via auditiva, localização de lesão e
monitoramento intra cirúrgico.
Atualmente os potenciais de média latência são considerados um dos melhores
testes para avaliar o sistema nervoso auditivo central e os distúrbios do processamento
auditivo, porém não faz parte da rotina clínica, apesar de existirem várias pesquisas
para validar suas aplicabilidades para aumentar o uso e melhorar o diagnóstico auditivo.
(SCHOECHAT, 2012).

3.2 Potencial evocado auditivo de longa latência (PEALL)

O PEALL está relacionado às mudanças elétricas ocorridas no SNAP ao receber


um estímulo acústico ou elétrico. Pernambuco e Assenço (2020) trazem esse potencial
como respostas bioelétricas da atividade do tálamo e do córtex que podem ocorrer na
latência entre 80 e 600 ms.

FIGURA 9: REGISTRO DO PEALL(PARADIGMA ODDBALL TIPICO)

Fonte: REIS E FRIZZO, 2015

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 67


Dentro dos potenciais de longa latência, existem duas divisões importantes, que
referem a geração de estímulo. Temos os exógenos (PEAE) e o potencial evocado auditivo
endógeno (P300).
O potencial é considerado exógeno quando a resposta reflete a característica
acústicas e temporais do estímulo como intensidade e frequência. É representado pelo
complexo (P1-N1- P2).
Os possíveis sítios geradores desse componente são: parte do córtex auditivo
primário; secundário e sistema límbico, isso tudo com interferência do processo maturacional.
Por outro lado, os potenciais evocados endógenos influenciam-se por eventos
internos relacionados com a função cognitiva, sendo demonstrados por meio dos
componentes N200 e P300 (PERNAMBUCO e ASSENÇO, 2020). É um potencial gerado
de forma voluntária e ativo durante uma tarefa específica proposta pelo profissional. Desses
potenciais endógenos, o que tem maior aplicabilidade clínica é o P300, sendo assim
traremos as características mais importantes nesse procedimento.
Este potencial é composto por uma onda positiva com latência aproximadamente
em 300 ms após estímulo e refletem a atividade de áreas cerebrais as áreas que provavel-
mente auxiliam na geração de resposta são; hipocampo, córtex auditivo e o frontal (REIS e
FRIZZO, 2011).
Para realizar esse procedimento pedimos para o paciente interagir, com os estí-
mulos recebidos, contar entre outras atividades. A resposta do p300 é eliciada com uma
tarefa de discriminação entre 2 estímulos diferentes, como exemplo (um estimulo frequente
e outro raramente).
A análise mais importante no P300 é a latência de onda. É recomendado a análise
das 3 principais ondas (N1-P2-N2). A amplitude da onda também precisa ser considerada,
é medida em microvolts. A variação pode ser de 5 a 10 mv.
Aqui também temos algumas interferências importantes na realização do exame.
São elas: características de estímulo (o mais apropriado é o estímulo longo, como o "torn
bust", realizado por dois estímulos de frequências diferentes, podendo haver outra opção
para distração, seguindo, portanto, a sequência frequente, raro e distração); intensidade (a
variação de intensidade implica em diminuição da latência); taxa de estímulo/rate (pouca
interferência); número de estímulos (em geral, são necessários 20 estímulos raros para
elicitar o p300) (REIS e FRIZZO, 2011).
Para a realização do registro, é importante um sistema de gravação especial. Onde
faz parte um gerador de estímulo; pré-amplificador; filtro; amplificador e computador.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 68


4
TÓPICO

RESPOSTAS AUDITIVAS DE
ESTADO ESTÁVEL

Os potenciais evocados apresentam diversas formas de aplicação, equipamentos e


estímulos. Neste tópico, abordaremos a Resposta Auditiva de Estado Estável (RAEE), que
oferece a possibilidade de avaliar pacientes com dificuldades nos testes comportamentais
e permite a avaliação dos níveis mínimos (BUCUVIC e IÓRIO, 2011).
Essa técnica complementa o exame de PEATE por clique/torn bust, pois a
estimulação ocorre simultaneamente em quatro frequências (500, 1, 2 e 4 KHz), em
intensidades mais fortes, tornando o estímulo específico e simultâneo. Com estímulo de
clique (mais rápido), a forma de apresentação (velocidade) não permite que o sistema
auditivo retorne à condição inicial, evocando respostas que se sobrepõem. Essa resposta
neural contínua é denominada resposta estável.
A apresentação pode ocorrer por meio de fone supraaural, via óssea, alto-falante
ou fone de inserção. Pode ser evocada por estímulos modulados em amplitude e/ou fre-
quência (BUCUVIC e IÓRIO, 2011).
A RAEE é captada e registrada por eletrodos de superfície, e a atividade gerada é
enviada para o computador, que processa se a resposta está presente ou não.
As respostas são analisadas pela frequência, sendo os principais parâmetros am-
plitude e fase da resposta. Pelo método, é necessário observar a coerência de fase (uma
resposta presente apresenta respostas consistentes), a Fast Fourier Transformation-FFT
(que faz a conversão de frequência) e o teste F (que compara a amplitude estimulada com
as circunvizinhas) (SCHOECHAT, 2015).

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 69


5
TÓPICO

CRITÉRIOS DE NORMALIDADE E
PROTOCOLOS

Neste tópico, abordaremos o que os autores consideram como normal e/ou espe-
rado para cada faixa etária, bem como os protocolos que são recomendados de acordo
com o tipo de equipamento utilizado. É sempre necessário que cada clínica/profissional
elabore seu protocolo, levando em consideração os fatores mencionados anteriormente,
como idade, equipamento e objetivo. Vamos começar com o exame de Eletrococleografia.

FIGURA 10 : PROTOCOLO DE REGISTRO DA ECOG

Fonte: ANASTACIO, 2011. PAG.170-171

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 70


FIGURA 11 : RESUMO DOS PRINCIPAIS FATORES RELACIONADOS AO ESTÍMULO E À
AQUISIÇÃO DO REGISTRO. ECGO

Fonte: ANASTÁCIO, 2015

Os critérios de normalidade mudam conforme o eletrodo, abaixo segue um quadro


com referência para exame de potencial de ação e potencial de somação.

FIGURA 12 : VALORES DE REFERÊNCIAS PARA RAZÃO PS/PA EM RELAÇÃO O TIPO DE


ELETRODO

Fonte: ANASTÁCIO, 2015

Protocolos e medidas PEATE

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 71


FIGURA 13 : VALORES PARA ANÁLISE DE LATÊNCIA

Fonte: MATAS E MAGLIARO, 2015

FIGURA 14: VALORES DE CORREÇÃO PARA ESTÍMULO TURN BUST.

Fonte: MATAS e MAGLIARO, 2015

FIGURA 15 : PARÂMETROS PARA PEATE - ESTÍMULO CLIQUE.

Fonte: MATAS e MAGLIARO, 2015

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 72


FIGURA 16 : PARÂMETROS PARA PEATE TB - POR FREQUÊNCIA ESPECÍFICA.

Fonte: MATAS e MAGLIARO, 2015

FIGURA 17: PARÂMETROS PARA PEAML COM ESTÍMULO CLIQUE: LATÊNCIA E AMPLITUDE

Fonte: (SCHOCHAT, 2015)

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 73


FIGURA 18 : PARÂMETROS PARA P300: LATÊNCIA

Fonte: (REIS e FRIZZO, 2015)

FIGURA 19: PARÂMETROS DE ESTIMULO E AQUISIÇÃO DE RESPOSTA DO P300

Fonte: (REIS E FRIZZO,2015)

Agora que você já conhece os principais protocolos para realização do PEA, vamos
entender como aparece as latências, relacionado a cada patologia esperada no PEATE
(maior aplicabilidade clínica).

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 74


FIGURA 20: QUADRO COM RESULTADOS ESPERADOS PARA ALTERAÇÕES AUDITIVAS
● Aumento da latência
Condutivas
absoluta de todas as ondas

● Latência interpico I-V


normais

● Limiar eletrofisiológico
moderadamente elevado

● Latência absoluta de
Coclear ondas I, III e V normais

● Latência interpico
normais

● Limiar eletrofisiológico
elevado

● Latência interpicos I-V


Retrococlear (indicativos) aumentada;

● I-III e III-V prolongadas

● I-V aumentada à custa


de I-III

● I-V aumentada à custa


de III-V

● Presença somente da
onda I

● Ausência de todas as
ondas com limiar melhor
que 60dB

● Falta de replicabilidade

● Latência interpico I-V ou


absoluta da onda V maior
que 0,3 ms

● Amplitude da onda V
menor que da onda I
Fonte: https://www.passeidireto.com/arquivo/70265532/avaliacao-eletrofisiologica-da-audicao ; https://www.otorrinousp.org.br/imageBank/
seminarios/seminario_26.pdf ; https://cdn.gn1.link/iapo/manuals/br_Avaliacao-da-Perda-Auditiva-na-Infancia.pdf

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 75


A eletrofisiologia na prática clínica vem crescendo de forma expressiva, com isso estudos começam a surgir
e não necessariamente sobre doenças auditivas, mas sobre exames que podem auxiliar preventivamente
na aplicabilidade audiológica. O estudo a seguir, traz correlação do exame de PEA com diabetes, de forma
preventiva.
WEBSIX. Atualidades do I Congresso Internacional de Eletrofisiologia para Audiologia. Disponível em: ht-
tps://www.atenaeditora.com.br/catalogo/ebook/atualidades-do-i-congresso-internacional-de-eletrofi-
siologia-para-audiologia . Acesso em: 23 jul. 2023.

A produtividade se resume a duas etapas: identificar o essencial e depois eliminar o resto. (Awebic, 2022)

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 76


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Querido aluno chegamos ao fim de mais uma unidade, onde percebemos o
quão grande e complexa é a área da audiologia. Foi possível revisar nessa unidade a
anatomofisiologia auditiva, entendendo a função de casa sistema auditivo (periferico e
central), o que nos faz entender como esse sistema auditivo é complexo e dependente um
do outro, sendo assim influenciado por patologias que acometam as vezes uma unica área,
porem com comprometimento como um todo.
Quando pensamos em realizar a avaliação eletrofisiológica, inicialmente temos
que ter em mente o objetivo, analisando a area a ser investigada. O PEA (potenciais
evocados auditivos) é uma avaliação detalhada de todo o sistema auditivo e que fornece o
diagnósticos diferenças entre alterações auditivas coclear e retrococlear, porem diferentes
latências, estimulos de intensidade avaliam diferentes áreas.
Ao conhecer os exames de potenciais evocados auditivos, finalizamos a parte de
exames complementares, fechando nosso conhecimento em exames audiológicos. Espero
que esse breve conhecimento, tenha despertado em você o desejo de explorar ainda mais
seus conhecimentos em eletrofisiologia da audição, para que possa atuar com segurança,
clareza e responsabilidade.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 77


LEITURA COMPLEMENTAR
ANÁLISE DOS POTENCIAIS EVOCADOS AUDITIVOS DE TRONCO ENCEFÁLICO
(PEATE) EM PACIENTES COM PERDA AUDITIVA NEUROSSENSORIAL DESCENDEN-
TE EM RAMPA

RESUMO
O PEATE ou BERA tem a capacidade técnica de registrar potenciais elétricos em
vários níveis do sistema nervoso em resposta a um estímulo acústico, isso tem aumentado
sua aplicabilidade na otorrinolaringologia, audiologia e neurologia. Por isso a importância
de conhecer os tipos de traçados do PEATE mais esperados para cada tipo e grau de perda
auditiva. Objetivo: Caracterizar os resultados do PEATE em um grupo de indivíduos com
perda auditiva, analisando os valores das latências absolutas das ondas I, III e V e latências
inter-picos I-III, III-V e I-V desta amostra. Método: Um estudo Coorte observacional, onde
foram avaliadas 62 orelhas selecionadas através da configuração audiométrica, perda
auditiva neurossensorial com uma curva descendente em rampa. Resultados: Os resultados
obtidos em cada orelha foram estudados separadamente através de uma analise descritiva.
Das orelhas estudadas 58% apresentaram alterações e 41% sem alterações no PEATE. Das
alterações encontradas a mais frequente foi aumento das latências absolutas das ondas I,
III e V. Conclusão: No tipo de perda auditiva estudada o PEATE pode se apresentar normal
em alguns casos ou com alterações principalmente de latências absolutas. Além disso, o
PEATE isolado não é um bom exame para definir o tipo de perda auditiva, o que reforça a
importância de analise conjunta do PEATE com a audiometria.
Fonte: JÚNIOR, Dercio Alvares et al, 2017. Disponivel em: https://www.nucleodo-
conhecimento.com.br/saude/tronco-encefalico

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 78


MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
● Título: Manual de Eletrofisiologia e Eletroacústica
● Autor: Pedro de Lemes Menezes
● Editora: Booktoy ed
● Sinopse: A cooperação científica entre dois centros de estudos e
pesquisas sobre os potenciais eletrofisiológicos, o grupo de pesquisa audição,

tecnologia e envelhecimento, do Laboratório de Audição e Tecnologia (LATEC),

da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL), e

o grupo de estudos sobre a Audição, do Laboratório de Avaliação Objetiva

da Audição (LAAUD), da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita

Filho (UNESP - Campus Marília), somado à colaboração de pesquisadores

renomados, resultou, em 2018, no Tratado de Eletrofisiologia para a

Audiologia. Posteriormente, o Centro de Eletrofisiologia e Neuroaudiologia

Avançada (CENA) uniu-se a esses dois grupos e o trabalho dos três centros,

mais uma vez com a colaboração de estudiosos de destaque nacional e

internacional, resultou na elaboração da presente obra.

FILME/VÍDEO
● Título: Emissões otoacústicas e PEATE: Aplicações clínicas
● Ano: 2023
● Sinopse: Este vídeo traz a importância de EOA e Peate dos
diagnósticos diferenciais
● Link do vídeo (se houver): https://www.youtube.com/watch?-
v=T6mXwn97QxQ&t=351s

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO ELETROFISIOLOGICA DA AUDIÇÃO 79


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UNIDADE

AUDIOLOGIA
OCUPACIONAL

Prof. Esp. Kelly Dias de Almeida Silva

Plano de Estudos
• Atenção Integral na saúde do trabalhador
• Cuidados Auditivos
• Meios de Proteção
• Ambiente de trabalho seguro

Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar sobre a evolução médica na área
ocupacional
• Compreender os fatores de risco e os cuidados auditivos
• Estabelecer a importância dos programas médicos /
fonoaudiológicos na saúde do trabalhador.
INTRODUÇÃO
Iniciamos a última unidade da nossa disciplina de Audiologia Clínica e Ocupacional
I e II. Nesse contexto, o enfoque será em um tema muito importante que vem crescendo
de forma exponencial na área da audiologia: a audiologia ocupacional. Atualmente, ela já
integra as especializações na área fonoaudiológica.
No tópico I, apresentaremos como era a abordagem da medicina no ambiente de
trabalho. Antigamente, o médico responsável tinha como foco principal tratar a doença para
que o funcionário pudesse retornar o mais breve possível à função. Contudo, com todos
os estudos e avanços médicos, agora reconhecemos que prevenir, orientar e promover a
saúde são as melhores opções.
Nos tópicos II e III, discutiremos os cuidados auditivos gerais e os equipamentos
que auxiliam na manutenção de uma boa saúde auditiva.
Para concluir, abordaremos os programas criados com o objetivo de proteger o tra-
balhador e, consequentemente, a empresa de futuros processos. Você terá conhecimento
sobre a importância dos principais programas preventivos, como PCMSO e PPPA.
Ao finalizar esta unidade, espero que perceba a importância de estudar e evoluir
como profissional. Somente atualizando nossos conhecimentos, seremos capazes de
fornecer as melhores informações e, consequentemente, o melhor atendimento, seja no
tratamento como paciente ou nas práticas preventivas relacionadas ao trabalhador.
Atualmente, a fonoaudiologia precisa ampliar sua atuação na área ocupacional,
deixando de ser apenas clínica e contribuindo ativamente na elaboração de programas de
prevenção, destacando especialmente seu valor no Programa de Conservação Auditiva
(PCA).

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 81


1
TÓPICO

ATENÇÃO INTEGRAL NA SAÚDE


DO TRABALHADOR

Hoje em dia, muito se fala em saúde do trabalhador, que compreende o conjunto


de ações no campo da saúde coletiva. Por meio das atividades de vigilância epidemiológica
e sanitária, busca-se promover e proteger a saúde dos trabalhadores, além de contribuir
para a recuperação e reabilitação daqueles expostos a riscos e agravos decorrentes das
condições de trabalho (SAÚDE DO TRABALHADOR, 2016).
Você sabia como esse processo se desenrolou clinicamente? Mesmo com a pre-
sença do médico do trabalho nas empresas, nem sempre o trabalhador foi o foco principal.
Vamos entender a trajetória clínica.
As abordagens relacionadas à saúde do trabalhador foram didaticamente divididas
em três momentos, nos quais a perspectiva de cuidado com o trabalhador passou por mo-
dificações. Inicialmente, tivemos a medicina do trabalho, seguida pela saúde ocupacional,
e hoje vivemos na era da Saúde do Trabalhador (BENAZZI, 2020).
A medicina do trabalho: era focada em assegurar e dar continuidade e reprodução
do processo de produção industrial que estava sendo ameaçado pelas condições de traba-
lho insalubres, ou seja, estava ali em defesa dos donos das empresas. Ali atuava somente
o médico, no processo de literalmente remediar os problemas que vinham aparecendo no
dia a dia.
A saúde no trabalho teve início após a 2ª guerra e tinha como característica a atua-
ção médica direcionada ao trabalhador, começando a considerar também o cuidado com o
ambiente de trabalho. Nesse período, surgiu a ideia de formar uma equipe multidisciplinar
com foco na higiene industrial.

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 82


A saúde ocupacional ou do trabalhador teve seu início na década de 70, impulsionada
por movimentos sociais que influenciaram políticas sociais e resultaram em mudanças
na legislação trabalhista, abordando aspectos relacionados à saúde e segurança do
trabalhador. Abaixo, segue um quadro com as características desse novo modelo.

QUADRO 1: CARACTERÍSTICAS DA SAÚDE OCUPACIONAL

Fonte: (GONÇALVES e GUIDA, 2015)

Outras mudanças foram observadas como características importantes na saúde


do trabalhador, como a multidisciplinaridade, estruturação pelo tripé (epidemiologia,
administração e planejamento em saúde e ciências sociais em saúde) e a perspectiva da
saúde no trabalho como direito (GONÇALVES e GUIDA, 2015).
A saúde do trabalhador está no setor de saúde coletiva, onde o objetivo principal é
o estudo e a ação das relações produção x consumo e saúde x doença dos trabalhadores,
para transformar os processos produtivos em processos promotores de saúde. A atenção
integral à saúde do trabalhador (ST) trabalha em 3 níveis de atuação. Segue quadro com
as explicações.

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 83


QUADRO 2. NÍVEIS DE ATUAÇÃO – ST (ADAPTADO)

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%BAde_do_trabalhador#cite_note-1

No Brasil, foi criada a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora


(PNSTT) em 2012 e consolidada em 2017, definindo princípios, diretrizes e estratégias a
serem cumpridas pelo SUS para atenção integral à saúde do trabalhador (Ministério da
Saúde, 2012).
A PNSTT enfatiza a Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT), considerada a
principal estratégia para atuar sobre os determinantes do processo saúde-doença-trabalho,
graças ao conhecimento dos riscos, permitindo, assim, a antecipação e, consequentemente,
a prevenção. O principal objetivo da VISAT é a promoção e proteção da saúde do trabalhador.
Além disso, existem outros órgãos importantes, como a RENAST (Rede Nacional
de Atenção à Saúde do Trabalhador), voltados para promoção, assistência e vigilância, e o
CEREST (Centros Estaduais e Regionais de Referência em Saúde do Trabalhador).
Para Gonçalves e Guida (2015) os profissionais que trabalham na área ocupacional,
visam prevenir os problemas de saúde dos funcionários que ocorrem devido a função
exercida. Em vista disso, nós enquanto fonoaudiólogos também temos responsabilidade
sob essa população.
O Conselho Federal de Fonoaudiologia, 2013, trata sobre a Resolução n.° 428
de 02/03/2013 que "Dispõe sobre a atuação do fonoaudiólogo na saúde do trabalhador e
dá outras providências.", onde devemos cuidar da saúde do trabalhador, identificando os
fatores que podem gerar danos à saúde e realizar sua prevenção e intervenção, quando
necessário.

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 84


A fonoaudiologia, teve início na saúde do trabalhador, na década de 80, mas era
limitada a realizar audiometria e não tinha a intenção de prevenir. E por incrível que pareça,
era realizado somente limiares auditivos por via aérea e nas frequências de 500 Hz, 1 kHz,
2 kHz e 4 kHz, e a perda auditiva calculada pela tabela de Fowler.

FIGURA 1: EXEMPLO DE TABELA DE FOWLER

Fonte: http://oldfiles.bjorl.org/suplementos/detalhes_debates.asp?id=53

Apesar de todo esforço para se manter fiel a proposta que gera promoção de
saúde ao trabalhador, ainda temos muitos modelos de gestão de empresas que mantém
as características de atendimento da década de 80, incluindo nossa área, onde ficamos
focadas em realizar unicamente a audiometria e não cuidar e prevenir assuntos relacionados
à saúde auditiva desse trabalhador.

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 85


2
TÓPICO

CUIDADOS
AUDITIVOS

Quando falamos em saúde auditiva, diversos são os riscos no ambiente de


trabalho, na audiologia podemos citar como exemplo a exposição ao ruído intenso e aos
contaminantes químicos ototóxicos que combinados com riscos organizacionais e sociais
podem causar um impacto ainda maior a saúde geral e a audição dos trabalhadores.
Vamos começar falando sobre os agentes de risco para a nossa audição. Temos os
ruídos e as vibrações encontrados em indústrias, gerados por máquinas e/ou equipamentos;
os produtos químicos, como solventes (tolueno, xileno, benzeno, tricloroetileno), metais
(chumbo, arsênico, mercúrio) e os asfixiantes (monóxido de carbono, nitrato de butila).
Além disso, problemas crônicos de infecções, má higienização, entre outros, podem causar
perdas auditivas.
Mont’alverne, Corona, e Rêgo (2016) trazem um estudo sobre a relação de agentes
químicos e PAO (Perda auditiva ocupacional), onde conseguiram evidenciar essa relação,
porém eles deixam claro que existem muitas dúvidas sobre o tema.
Em contrapartida, temos os ruídos, que sempre tiveram a atenção dos audiologistas,
médicos e dos próprios trabalhadores.
Para compreender melhor esse risco químico, vamos trazer a definição de
ototoxicidade, lesão da orelha interna provocada por agentes químicos, seja por via
hematogênica, linfática, liquórica ou diretamente através de perfuração da membrana
timpânica que possa existir.

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 86


Em caso de perda auditiva por ototoxicidade, a manifestação auditiva mais comum
é perda auditiva sensório neural, inicialmente em frequências agudas, progredindo para as
médias e graves com a continuidade de exposição à droga. (MITRE, 2003)
Outro fator de risco muito importante, é a exposição a ruídos É sempre uma grande
preocupação, já que em indústrias é um dos fatores mais agravantes das perdas auditivas.
Ele é caracterizado por um som indesejado, que causa sensações perturbadoras. Para a
OIT (1977) o ruído pode ser caracterizado por qualquer som que possa provocar uma perda
auditiva ou ser nocivo à saúde. A exposição contínua a níveis elevados de ruído causam
alterações auditivas. Um dos fatores determinantes em relação ao ruído é o tempo de
exposição. Veja a figura abaixo.

FIGURA 2. LIMITE DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO (NR-15)

Fonte: Y ONEZAKI e HIDAKA, 2013

A exposição prolongada pode provocar problemas auditivos temporários ou


permanentes no limiar auditivo ou até mesmo trauma acústico. Além dos efeitos auditivos,
o ruído pode acarretar outros problemas de saúde física e emocional como; estresse,

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 87


irritação, diminuição no rendimento de trabalho, dor de cabeça, alterações de humor,
alteração gastrointestinal, perda de apetite, alterações de sono, ansiedade e nervosismo.(Y
ONEZAKI e HIDAKA, 2013).
Quando a audição é afetada pelo ruído chamamos de Perda Auditiva Induzida por
Níveis Elevados de Pressão Sonora (PAINEPS) ou PAO (Perda auditiva ocupacional) ou
PAIR (perda auditiva induzida por ruído). Essa perda apresenta características e sintomas
bem marcantes como: perda auditiva sensorioneural; inicialmente com rebaixamento nas
frequências de 3, 4 e 6 KHZ; zumbido bilateral (com pitch agudo) (queixa comum); irrever-
sível e progressão gradual. A maneira mais eficiente de proteger da PAIR é diminuindo a
exposição ao ruído por meio de prevenção coletiva ou individual (falaremos em breve sobre
essas condições).
Cuidar dos ambientes em que frequenta, como shows, televisões e rádios faz
parte da prevenção auditiva, já que por muitas vezes estão com níveis elevados, e nem
percebemos que estamos nos expondo a isso fora do trabalho.

FIGURA 3. RELAÇÃO DE EQUIPAMENTOS E INTENSIDADE DO RUÍDO

Fonte:https://prodi.ifes.edu.br/images/stories/novembro-seguranca_saude_ruido.pdf

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 88


FIGURA 4. AUDIOMETRIA COM CARACTERÍSTICAS de PAIR

Fonte: Y ONEZAKI e HIDAKA, 2013

Outros cuidados que devemos ter para prevenir perda auditivas:

● Corpos estranhos (como insetos, objetos como tampa de caneta e ramona) podem
causar infecções no meato acústico gerando uma perda auditiva condutiva.
● Evite cotonete, as hastes são extremamente perigosas, pois podem por acidente
gerar feridas no meato e até mesmo perfuração de membrana timpânica. Além de que
o algodão acaba empurrando a cera, gerando rolha de cerume.
● Rolha de cerume: a cera é proteção, porém o excesso pode gerar um acúmulo,
impedindo o som de passar, nessa situação o indicado é realizar a remoção. Esse
procedimento é realizado pelo ORL.
● Rejeite medicamentos sem prescrição, alguns medicamentos, como os aminoglicosí-
deos são prejudiciais à saúde dos ouvidos e podem, inclusive, levar à perda auditiva
permanente (MITRE, 2003).
● Fraturas: muito cuidado com quedas, use sempre o EPI, pois fraturas de crânio, po-
dem gerar perda auditiva

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 89


● Caxumba é uma infecção que pode levar a perda auditiva sensório-neural unilateral,
de início súbito, comumente acompanhada de náuseas, vômitos e vertigens. Também
é possível a ocorrência de zumbido e sensação de plenitude auricular. Vale lembrar
que a caxumba é considerada a causa mais comum de perda auditiva sensorioneural
adquirida em crianças, no Brasil e a prevenção pode ser realizada por meio de vacinas
(MITRE, 2013).
● A rubéola congênita: Uma doença que pode causar perda auditiva sensorioneural bila-
teral e simétrica, geralmente severa, mais acentuada em frequências agudas, causada
por degeneração do órgão de Corti, atrofia da estria vascular e distorção do sáculo e
da membrana tectorial. No Brasil, a rubéola é a principal causa de deficiência auditiva
congênita, causando sérios e irreversíveis danos à audição e, consequentemente, à
aquisição de fala e linguagem. Porém é evitável com o uso de vacinas, sobretudo para
as mulheres em idade fértil (MITRE, 2003).
● Carregue protetores de ouvido. Sempre que for frequentar ambientes ruidosos fora do
trabalho, utilize, mesmo que temporariamente os protetores, eles diminuirão o tempo
de exposição, tornando menos nocivo a audição.
● Cuide corretamente de infecções e gripes mal curadas, pois o aumento de secreção
na orelha média pode causar perda condutiva, e a repetição pode tornar definitiva.
● A maioria das pessoas não sabem, mas doenças como diabetes, hipertensão e ar-
teriosclerose podem prejudicar a saúde dos ouvidos. Por isso, manter o controle é
essencial (segue figura 5 com relação a doenças e perda auditiva).
Por fim, dê descanso sempre que possível, vá para um lugar silencioso, o ideal é
ter esses momentos em torno de 2x por dia

FIGURA 5. RELAÇÃO DE DOENÇAS METABÓLICAS E PERDA AUDITIVA

Fonte: https://www.scielo.br/j/rcefac/a/36FyGkp4MX49sJxkv3qbhRK/?format=pdf

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 90


3
TÓPICO

MEIO DE
PROTEÇÃO

Neste tópico, abordaremos os meios de proteção e como são fundamentais na


prevenção. Além disso, nos próximos, discutiremos todos os programas que criarão um
ambiente de trabalho agradável e seguro.
A perda auditiva induzida por ruído é passível de prevenção. Com esse propósito,
foi iniciado o PCA (Programa de Conservação Auditiva), que envolve um planejamento para
minimizar o risco por meio de um conjunto de medidas preventivas, incluindo a redução
do ruído, seja diretamente na fonte, no trajeto ou, como geralmente ocorre, o uso de
Equipamentos de Proteção Individual (EPI) (RIBEIRO, ANGELO e SOARES, 2015).
Embora a redução ou eliminação total do ruído no ambiente seja a melhor opção
para prevenir perdas auditivas, reconhecemos que seria impossível eliminar completamente
o ruído. Portanto, outra opção é o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), que
tem como função atenuar os ruídos que alcançam a orelha, minimizando assim os riscos de
perda auditiva (DE; MARÍLIA; SONEGO, 2015).
Segundo Samelli e Fiorini (2015) há uma variedade de protetores auditivos e a
escolha deve ser pensada considerando os seguintes itens:

● Tipo de ambiente onde o trabalhador usaria o EPI


● Conforto
● Aceitação do usuário
● Custo e durabilidade do EPI
● Segurança
● Higiene

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 91


● Atenuação adequada (aqui é muito importante verificar se; está sendo
suficiente a atenuação ou se atenuação é exacerbada a ponto de deixar o
trabalhador isolado, porque também expõe a risco de acidente pela falta
de sons de alerta)
Os Níveis de Redução de Ruído (NRR) dos amplificadores são fornecidos pelos
fabricantes e são eles que vão nos dar base para a melhor escolha.

FIGURA 6: LISTA DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL-EPI NR 6 ANEXO 1


ANEXO C- EPI PARA PROTEÇÃO AUDITIVA
C.1 Protetor Auditivo:
a) Protetor auditivo circum-auricular para proteção do sistema auditivo contra NPS superiores ap
NR- 15 , Anexos nº 1 e 2;
b) Protetor auditivo de inserção para proteção do sistema auditivo contra NPS superiores ap NR-
15 , Anexos nº 1 e 2;
c) Protetor auditivo semiauricular para proteção do sistema auditivo contra NPS superiores ap NR-
15 , Anexos nº 1 e 2;
Fonte: https://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr6.htm

Didaticamente vamos dividir em 2 modelos, que são os protetores auditivos de


inserção e os tipos concha.
Os protetores de inserção também se subdividem em pré-moldados e inserção
moldável.
FIGURA 7. MODELOS DE PROTETORES AUDITIVOS.

Fonte: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5170/tde-06082015-125854/publico/RaquelFornazieroGomes.pdf

Segue benefícios e desvantagens de cada modelo.

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 92


QUADRO 3. PROTETOR AURICULAR MODELO INSERÇÃO - PRÉ MOLDADOS

Fonte: (A Autora, 2023)

QUADRO 4. PROTETOR AURICULAR MODELO INSERÇÃO – MOLDÁVEIS

Fonte: (A Autora, 2023)

QUADRO 5. PROTETOR AURICULAR MODELO CONCHA

Fonte: (A Autora, 2023)

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 93


4
TÓPICO

AMBIENTE DE
TRABALHO SEGURO

Neste tópico, abordaremos os programas que contribuem para um ambiente de


trabalho seguro, dando ênfase aos programas auditivos.
Os Programas de Segurança e Saúde no Trabalho têm como objetivo contribuir
para a manutenção da saúde do trabalhador. A intenção é eliminar o risco, mas caso não
seja possível, as empresas deverão pagar aos empregados expostos à condição de risco
o adicional de insalubridade ou periculosidade respectivo (SEGURANÇA E SAÚDE NO
TRABALHO [s.d.]).
Os riscos ocupacionais devem ser devidamente gerenciados por meio da identifica-
ção, classificação, priorização, prevenção e controle dos perigos. Mas, afinal, para prevenir
os riscos, é necessário conhecê-los. Segue a classificação.

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 94


FIGURA 8 : RISCOS OCUPACIONAIS

Fonte: https://www.sstonline.com.br/o-que-sao-riscos-ocupacionais/

Para prevenir os problemas de saúde no trabalho, temos à nossa disposição uma


série de medidas e equipamentos de proteção coletiva e individual, visando, além de
proteger muitos trabalhadores ao mesmo tempo, à otimização dos ambientes de trabalho,
destacando-se por serem mais rentáveis e duráveis para a empresa (ALVES, [s.d.]).
Os Equipamentos de Proteção Coletiva são todas as medidas, dispositivos, sinais,
imagens, sons, instrumentos ou equipamentos destinados à proteção de uma ou mais
pessoas. Ex.: escadas de emergência, extintor de incêndio.
Equipamento de Proteção Individual (EPI): é todo dispositivo de uso individual,
destinado à proteção de uma pessoa. Ex.: botas, luvas, capacetes e protetores auriculares.
Seguem algumas medidas de proteção sugeridas pelo Ministério da Saúde em 2001.

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 95


QUADRO 6: MEDIDAS DE PROTEÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS E AGRAVOS
RELACIONADOS AO TRABALHO: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001

Fonte: https://prodi.ifes.edu.br/images/stories/Trabalho_seguro_e_saud%C3%A1vel.pdf

Agora que conhecemos os riscos, vamos conhecer os principais programas que


regem a saúde do trabalhador, principalmente na área auditiva. É importante saber que
existe uma legislação (Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho – NR), a qual
deve ser respeitada na elaboração dos programas de prevenção (Y ONEZAKI e HIDAKA,
2013).
A legislação que traz os riscos do ruído para a audição, descrita por (SAMELLI e
FIORINI, 2012) incluem:
» NR 7: define o Programa Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), onde trata do
monitoramento audiométrico dos trabalhadores;
» NR 9: estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação do PPRA
(programa de prevenção de riscos ambientais) promovendo a prevenção por an-
tecipação, reconhecimento, avaliação e monitoramento do ruído inclusos do PPPA
(programa de prevenção de perdas auditivas);

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 96


» NR 15: descreve as atividades operacionais e insalubres e define seus limites de
tolerância;
» Ordem de serviço nº 608/98 do INSS fortalecimento sobre a condução do PPPA;
» Instrução normativa nº 78, de 2002, com o PPP (perfil profissiográfico previdenciário)
com ênfase nos exames audiométricos aos critérios para cálculos da exposição ao
ruído.

FIGURA 9: FORMAÇÃO DO PCA

Fonte:http://www.audiometracenter.com.br/exames/para-sua-empresa/pca-programa-de-conservacao-auditiva/

Os programas de preservação auditivas podem ser chamados de PPPA (programa


de prevenção de perdas auditivas) ou PCA (programa de Conservação auditiva). É um
conjunto de medidas que tem como objetivo minimizar e gerenciar os riscos auditivos, evi-
tando assim perdas auditivas. Para aplicar o PPPA, é necessário conhecer a organização,
atividade, os recursos humanos, o espaço físico e o grau de risco. É importante entender a
intenção da organização em relação ao programa, se é de fato preventivo ou somente para
cumprir a legislação.

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 97


QUADRO 7 : FASES DO PCA-RESUMIDA

Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/10844971/

IMAGEM 10: FLUXOGRAMA PPPA

Fonte: (SAMELLI e FIORINI, 2012)

Ao entender a importância dos programas na qualidade de vida dos trabalhadores,


começamos a refletir sobre nossa atuação. A audiologia na saúde do trabalhador vai muito
além de realizar o exame audiológico. Vimos que a nossa participação em conjunto com a
equipe multiprofissional irá trazer qualidade de vida ao trabalhador, visto que o ruído não
afeta só a audição.
O fonoaudiólogo deve participar efetivamente de reuniões, e claro realizar com
qualidade todo processo de avaliação audiológica, já que a gestão e monitoramento
dependem dessa avaliação.

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 98


A POLUIÇÃO SONORA ATACA TRAIÇOEIRAMENTE O CORPO

Você sabia que o ruído excessivo pode causar impotência sexual?


Pois é, o corpo ativa o sistema nervoso para “proteção”, causando aumento de pressão arterial, paralisação
do estômago e intestino, má irrigação da pele e até mesmo impotência sexual.

Fonte: http://labs.icb.ufmg.br/lpf/2-14.html

“Todo homem tem dentro de si a responsabilidade de afastar-se dos caminhos inseguros “


Fonte:https://www.segurancadotrabalho.ufv.br/reflexao-sobre-seguranca-do-trabalho/

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 99


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim da última unidade, e com ela trouxemos temas de extrema
importância na área ocupacional. Vimos como a medicina evoluiu, incorporando conceitos
importantes sobre a relação saude e doença, melhorando a equipe de atendimento
(multidisciplinar) adquirindo assim qualidade de vida ao trabalhador.
Foi importante entender que auditivamente podeemos sofrer lesões por varios
motivos (higienização, infecções, exposição continua a ruidos elevados), sendo necessario
orientar o trabalhador para os aspectos preventivos dentro e fora do ambiente de trabalho.
Aprendemos sobre os cuidados auditivos e os meios de proteção auditiva como
os equipamentos de proteção individual (EPI) mais especificamente para a audição, os
plugs e protetores auriculares. Alem dos EPI`s precisamos orientar a empresa também
(equipe de engenharia e tecnico de segurança do trabalho) no sentindo de minimizar ruidos
com alterações fisicas no ambiente para reduzir os danos, quando não é possivel sanar o
problema definitivamente.
Na area de audiologia ocupacional, precisamos ter o conhecimento dos programas
de prevenção, como PCMSO e PPPA ou PCA pois por meio deles coletamos dados e
oferecemos o melhor programa, visando a prevenção de forma personalizada a cada
empresa.
Finalizo deixando aqui para você a importância da fonoaudiologia/ audiologia
ocupacional em todo processo preventivo na saúde do trabalhador, lembrando que
participamos não somente do exame, mas de toda investigação, planejamento e execução
de projetos.

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 100


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
● Título: Fonoaudiologia e saúde auditiva do trabalhador.
● Autor: Andréa Cintra Lopes/ Cláudia Giglio de Oliveira Gonçal-
ves/ Wagner Teobaldo Lopes de Andrade
● Editora: Book Toy
● Sinopse: FONOAUDIOLOGIA E SAÚDE AUDITIVA DO TRA-
BALHADOR, num total de 13 capítulos, sendo destinado aos
profissionais de saúde e segurança do trabalho.

FILME/VÍDEO
● Título: Você não estava aqui.
● Ano: 2019
● Sinopse: Demonstra como o trabalho tem relação direta com o
bem-estar.

UNIDADE 4 AUDIOLOGIA OCUPACIONAL 101


CONCLUSÃO GERAL
Prezado (a) aluno (a),

Ao produzir esse material , quis trazer a vocês conceitos e atualizações em


audiologia, e todo processo de investigação e fechamento de diagnóstico por meio do
crosscheck. Foi possível conhecer os exames considerados padrão ouro como audiometria
tonal e vocal e imitanciometria. Compreenderam a importância do diagnóstico precoce,
principalmente na população infantil.
Posteriormente, aprofundamos na fisiologia coclear para entender a importância das
emissões otoacústica nos exames complementares, pois ao indicar esse exame podemos
verificar a função coclear e de forma precoce, sendo assim importante para o fechamento
auditivo e auxiliando no topodiagnóstico de lesões cocleares e retrococleares.
Ainda pensando em exames complementares, estudamos os exames
eletrofisiológicos, que objetivam avaliar todo o sistema auditivo. Exploramos os exames de
potenciais evocados auditivos, as características, as diferentes latências e suas implicações
finalizando nosso conhecimento em exames audiológicos.
Por fim conhecemos uma área da audiologia que vem ganhando espaço no mercado,
e cada dia aprimorando a atuação, que é a audiologia ocupacional, que tem como finalidade
cuidar da saúde auditiva do trabalhador. Identificamos os cuidados auditivos que podemos
ter para evitar perda auditiva, os riscos ocupacionais, programas para acompanhar, prevenir
e quando necessário reabilitar os trabalhadores.
Chegamos ao fim da última unidade, e com ela trouxemos temas de extrema
importância na área ocupacional. Vimos como a medicina evoluiu, incorporando conceitos
importantes sobre a relação saúde e doença, melhorando a equipe de atendimento
(multidisciplinar) adquirindo assim qualidade de vida ao trabalhador.
Foi importante entender que auditivamente poderemos sofrer lesões por vários
motivos (higienização, infecções, exposição contínua a ruídos elevados), sendo necessário
orientar o trabalhador para os aspectos preventivos dentro e fora do ambiente de trabalho.
Finalizo deixando para você a importância da audiologia clínica e ocupacional em todo
processo de prevenção, diagnóstico e reabilitação auditiva.

Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado!

102
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107
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