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Universidade Federal do ABC

Prof. Daniel Carneiro Carrettiero


Morfofisiologia Humana I Profa. Maria Camila Almeida

Aula Prática – Atividade auxiliar para estudo.

SISTEMAS AUDITIVO E VESTIBULAR


Introdução

O sistema auditivo é constituído pela orelha (antigamente denominada ouvido) e pelas vias
auditivas centrais. A orelha, por sua vez, é dividido em orelha externa, que capta as ondas sonoras; a
orelha média, que conduz as vibrações sonoras para a janela do vestíbulo; e a orelha interno, que
abriga os receptores para a audição e o equilíbrio (Figura 1).

A orelha externa consiste no pavilhão auditivo, meato acústico externo e membrana


timpânica. Todo o pavilhão auditivo (exceto o lobo ou lóbulo) é constituído por tecido cartilaginoso
recoberto por pele, tendo como função captar e canalizar os sons para a orelha média.

A orelha média contém um sistema de ossículos articulados entre si – o martelo, a bigorna e


o estribo, cuja função é aumentar a pressão da onda sonora sobre o ouvido interno. Dois fatores
contribuem para a amplificação da onda sonora: 1) os ossículos do ouvido médio que formam um
sistema de alavancas; e 2) a área da membrana timpânica, que separa o ouvido externo do ouvido
médio, é maior do que a área da janela oval, que separa o ouvido médio do ouvido interno, de
maneira que a pressão exercida pela janela oval torna-se maior do que a pressão exercida pela
membrana timpânica.

A orelha interna é também chamada de labirinto,


em consequência da sua série complicada de canais.
Estruturalmente, consiste em duas divisões principais: um
labirinto ósseo externo, que circunda um labirinto
membranoso interno. O labirinto ósseo divide-se em três
áreas - os canais semicirculares e vestíbulo, ambos contem
os receptores para o equilíbrio, e a cóclea, que contém os
receptores para a audição. O labirinto ósseo é revestido
com periósteo e contém perilinfa, líquido que circunda o
labirinto membranáceo, o qual é revestido por epitélio e
contém endolinfa. O movimento do líquido do sistema
vestibular – provocado por movimentos da cabeça –
estimula células ciliadas que enviam impulsos nervosos ao
cérebro ou diretamente a centros que controlam o
movimento dos olhos ou os músculos que mantêm o corpo
Figura 1. Corte frontal através do lado numa posição de equilíbrio.
direito do crânio mostrando as três
principais regiões da orelha.
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A acuidade auditiva pode estar prejudicada em razão de:

a) Problemas na transmissão da onda sonora do ouvido externo ou do ouvido médio para


os receptores auditivos, denominada surdez de condução;
b) Lesão dos receptores auditivos, nervo auditivo ou das vias auditivas centrais,
denominada surdez sensorioneural.

Vias auditivas e codificação das informações auditivas

As vias auditivas estão representadas esquematicamente na Figura 2. O ramo coclear


do VII par de nervo craniano, formado pelos prolongamentos centrais das células do gânglio
espiral, penetra na transição bulbopontina e inerva os núcleos cocleares dorsal e ventral. Esses
núcleos, assim como os núcleos auditivos do tronco encefálico a eles conectados emitem
axônios até o colículo inferior. O conjunto desses axônios forma o lemnisco lateral. Do colículo
inferior, as informações auditivas são veiculadas para o tálamo (núcleo geniculado medial) que,
por sua vez, projeta-se para o córtex
auditivo, localizado nos giros
transversos do lobo temporal.
A frequência da onda sonora é
codificada pela população de neurônios
ativada pelo estímulo. Sons graves são
representados na porção rostral e
agudos na porção caudal dos giros
transversos. O volume do som é
codificado pelo número de neurônios
auditivos ativados ou pela frequência de
disparos destes. A localização da fonte
sonora depende da convergência de
sinais biauriculares para um mesmo
neurônio do sistema auditivo. Os
núcleos olivares superiores e outras
estações de retransmissão do tronco
encefálico participam da localização da
fonte sonora, e esse processo é refinado
pelo córtex auditivo. Uma
particularidade das vias auditivas é a
existência de vários cruzamentos de
Figura 2. Representação esquemática das principais seus axônios no tronco encefálico,
vias auditivas. fazendo com que cada orelha tenha
uma representação bilateral, com
predominância contralateral, nas diferentes estações auditivas, fornecendo a condição
necessária para a localização sonora.
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Exercícios Teórico-Práticos

1. Conta-se que no fim da vida, Beethoven, completamente surdo, compunha suas


sinfonias segurando, entre os dentes, a extremidade de uma varinha de maestro, e
mantendo a outra extremidade desta apoiada sobre a cauda do piano. Faça o
diagnóstico do tipo de surdez que acometeu Beethoven.

2. Aparelho auditivo-vestibular

Localizar as seguintes estruturas:

• Ouvido externo, médio e interno


• Pavilhão auricular
• Meato acústico
• Labirinto: Cóclea e Canais semi-circulares
• Ampola
• Membrana timpânica
• Ossículos: martelo, bigorna e estribo
Relembrar o conceito de alavanca e prensa hidráulica (amplificação do sinal, 20X)
• Janela oval e janela redonda (relembre a função de cada uma)
• Canal superior, canal posterior e canal horizontal
Relembrar em quais movimentos cada canal é acionado.
• Tuba de eustáquio.

3. Sistema Auditivo
Atenção - Esses experimentos devem ser realizados em ambiente silencioso
1. Um voluntário deve permanecer de olhos vendados, enquanto que o outro aluno deve
emitir um ruído (como um estalar de dedos) em um direção desconhecida pelo
voluntário. O voluntário deverá apontar o local da origem do som. O que foi observado
pelos seus colegas? Discuta as bases neurofisiológicas que permitem localizar uma fonte
sonora.
2. Coloque um fone nos ouvidos de um voluntário e varie o volume do ruído apresentado
aos dois ouvidos enquanto ele lê um texto. O que se observa? Já vivenciou alguma
situação parecida no dia a dia? Qual a importância deste fenômeno?
3. Leia um trecho de um pequeno texto e grave sua voz. Essa voz parece ser muito
diferente daquela a que se está acostumado a ouvir quando se fala? Explique este
fenômeno. Como você acha que os outros ouvem a sua voz?
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4. Sistema Vestibular

O objetivo é estimular a compreensão dos fenômenos relacionados com o sistema vestibular.

1) Girar um voluntário sentado em uma cadeira giratória, com os olhos abertos. Observar o
movimento dos olhos durante a manobra.
Questão 1. Como é o deslocamento dos olhos? Que hipóteses podem ser levantadas acerca
do aparecimento desse movimento? O movimento é voluntário ou involuntário?

2) Girar o voluntário na cadeira giratória, porém com os olhos fechados. Depois de vários giros,
parar o voluntário subitamente e pedir para que ele abra os olhos. Analisar novamente o
movimento ocular.
Questão 2. O que se observa? Com seus conhecimentos sobre a fisiologia do aparelho
vestibular você acha que esse movimento é igual ao da questão 1. Que hipóteses levantadas
na questão 1 podem ser descartadas em função deste resultado? Pergunte ao voluntário se ele
sentiu movimentos oculares durante o experimento mesmo com o olho fechado.

3) Girar repetidas vezes o voluntário, agora com os olhos vendados e, depois de parar
subitamente a cadeira, pedir para que ele aponte para um objeto fixo situado à sua frente
com movimento do dedo.
Questão 3. O que ocorre com o movimento do dedo do voluntário em relação ao objeto
estático? Como explicar o fenômeno?

4) Com o voluntário sentado na cadeira de olhos fechados será iniciado um movimento giratório
(direita) até que se atinja a velocidade de rotação constante. Desacelerar a cadeira
lentamente até a posição parada. Iniciar um movimento giratório no sentido oposto até se
atingir a velocidade constante. Finalmente, desacelerar o voluntário lentamente até a
posição parada. O voluntário deverá informar, a cada instante, o sentido do movimento. -
“direita... direita... direita... parado... parado... parado... esquerda... esquerda...
Questão 4. O relato do voluntário e o movimento realizado são concordantes? Como se
pode explicar esse fenômeno?

5) Girar o voluntário na cadeira, com a cabeça inclinada para trás e para um dos lados. Pedir
para que subitamente movimente a cabeça para o outro lado, durante o movimento
giratório.
Questão 5. Qual a sensação produzida? Como foi descrita pelo voluntário? Como explicar o
aparecimento dessa sensação?

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