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MÓDULO VIII – PROBLEMA III

 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO OUVIDO:

 ANATOMIA
O ouvido é um órgão capaz de converter vibrações sonoras em sinais elétricos, através de receptores para ondas
sonoras, e alem disso possuem também receptores para o equilíbrio. Ele é dividido em 3 regiões principais: o Ouvido
Externo, que faz a coleta das ondas sonoras e as canaliza para o interior; o Ouvido Médio, que transmite essas vibrações
para a janela do vestíbulo; e o Ouvido Interno, que aloja os receptores para audição e equilíbrio.
 OUVIDO EXTERNO
Os principais componentes do ouvido externo são:
1. ORELHA – peça cartilaginosa coberta de pele, cuja função é coletar as ondas sonoras e direcioná-las para o meato
acústico externo. É dotada de varias depressões cuja mais profunda é a concha. Trago e antítrago, Hélice e antélice,
lóbulo.
2. MEATO ACÚSTICO EXTERNO – tubo curvo que se estende da orelha à membrana timpânica, para onde direciona as
ondas sonoras. É constituído de cartilagem no seu 1/3 anterior e osso nos 2/3 posterior; é dotado de alguns pelos e
de glândulas ceruminosas que secretam o cerume. Os pelos e o cerume ajudam a prevenir a entrada de objetos
estranhos na orelha.
3. MEMBRANA TIMPANICA – também chamada de tímpano, é uma membrana fina e transparente que separa o meato
acústico externo da orelha media. As ondas sonoras fazem a membrana vibrar. Seu rompimento traumático ou
infeccioso é chamado de membrana timpânica perfurada.

 OUVIDO MÉDIO

Pequena cavidade preenchida com ar, entre a membrana timpânica e a orelha interna. Uma abertura na parede
anterior da orelha media conecta essa com a faringe, chamada tuba auditiva; quando a tuba esta aberta a pressão do ar
se iguala em ambos os lados da membrana timpânica, caso contrario mudanças abruptas na pressão do ar de um lado da
membrana causariam ruptura. Durante a deglutição e o bocejo a tuba se abre, por isso o bocejo e o ato de mascar
chiclete ajudam a equilibrar alterações de pressões durante um vôo. Estendendo-se pela orelha media e fixados nela por
ligamentos existem 3 pequenos ossos, os ossículos da audição: Martelo; Bigorna e Estribo. Os movimentos de tais
músculos são controlados por músculos esqueléticos pequenos, prevenindo danos por ruídos excessivamente altos. O
Estribo ajusta=se a uma pequena abertura na divisão óssea entre orelha media e interna, a janela do Vestíbulo, onde
começa a orelha interna.

 OUVIDO INTERNO

É dividido em labirinto ósseo externo e labirinto membranáceo interno. O primeiro é uma serie de cavidades no
osso temporal que contem um liquido chamado perilinfa. O labirinto membranáceo interno é uma serie de sacos e tubos
com a mesma forma geral do labirinto ósseo.
O ouvido interno ou labirinto é constituído pelos sistemas coclear e vestibular.
1. A cóclea é o órgão sensorial responsável pela decodificação dos sons e evoca o sentido da audição. Ela consiste em 3
TUBOS ESPIRALADOS LADO A LADO: a rampa vestibular (separada da media pela membrana vestibular); a rampa
média (separada da rampa timpânica pela membrana basilar); e a rampa timpânica. Na superfície da membrana
basilar estão os órgãos de Corti que contem células sensíveis às ondas mecânicas, as células ciliadas (órgãos
receptores finais que geram impulsos nervosos em resposta as ondas sonoras); a membrana vestibular mantém a
perilinfa na rampa mediam necessário para função normal das células ciliadas.
2. O sistema vestibular é constituído pelos canais semicirculares (os semicirculares anterior e posterior – são verticais; e
o lateral – é horizontal), sáculo e utrículo e informam o SNC sobre a posição e movimentos da cabeça. Os receptores
vestibulares são do tipo ciliado e, quando estimulados, causam mudanças no potencial de membrana por
mecanismos distintos. Por meio de sinapses químicas excitatórias, essas células sensoriais comunicam-se com as
fibras aferentes primárias do VIII par craniano (vestíbulo-coclear). Além disso, as células sensoriais recebem vias
eferentes do SNC significando que a sua sensibilidade pode ser modulada centralmente.
Tanto os receptores ciliados dos órgãos de Corti como os vestibulares geram potenciais receptores desse modo.
A diferença está na natureza dos estímulos mecânicos que evocam o sentido da audição ou de equilíbrio.

 FISIOLOGIA DA AUDICAO

Os eventos relacionados com a estimulação das células ciliadas pelas ondas sonoras são:
1. Direcionamento das ondas sonoras para o meato acústico externo, pela orelha, que as conduz à membrana
timpânica.
2. As ondas colidem com a membrana, fazendo-a vibrar. A distancia e a velocidade dos seus movimentos dependem da
intensidade e frequencia das ondas (som mais altos produzem maiores vibrações; sons mais graves ela vibra
lentamente e em sons agudos vibra rapidamente).
3. A área central da membrana timpânica conecta-se ao martelo, que também começa vibrar; como o martelo esta
conectado à bigorna a vibração é transmitida para essa, que a transmite para o estribo, movendo-o para frente e
para trás.
4. O estribo esta conectado à janela oval, e a medida que ele se movimenta, empurra a janela oval para dentro e para
fora.
5. O movimento da janela do vestíbulo produz ondas por pressão do liquido, na perilinfa da cóclea. A medida que a
janela do vestíbulo é empurrada para dentro, ela empurra a perilinfa da rampa do vestíbulo.
6. As ondas de pressão são transmitidas da rampa do vestíbulo para a rampa do tímpano e finalmente para a
membrana que recobre a janela da cóclea, fazendo-a abaular-se para dentro da orelha media.
7. A medida que as pressões di onde deformam as paredes da rampa do vestíbulo e do tímpano, elas também
empurram a parede vestibular do ducto coclear para frente e para trás, criando ondas de pressão na endolinfa,
dentro do ducto coclear.
8. As ondas de pressão na perilinfa fazem a parede timpânica do ducto coclear vibra, movendo as células ciliadas do
órgão de Corti contra a membrana tectória; a inclinação dos seus cílios estimula as células ciliadas a liberar
neurotransmissores nas sinapses com os neurônios sensitivos, do nervo vestíbulo coclear.
 “AMPLIFICACAO DO SOM” OU EQUALIZACAO DE IMPEDANCIA PELO SISTEMA OSSICULAR
Ao longo da evolução dos vertebrados a membrana do tímpano e a cadeia ossicular tornaram-se um sistema
eficiente de equalização da impedância ar-líquido, garantindo que as ondas de pressão vindas do ar fossem transmitidas
para dentro do líquido coclear sem perder a qualidade do sinal.
A superação da impedância sonora se dá por meio de duas formas:
1. EFEITO DE SUPERFÍCIE OU TRANSFORMAÇÃO MECÂNICA - a área da membrana timpânica é da ordem de 55 mm2 e a
da base do estribo, de 3,2 mm2, ou seja, proporcionalmente muito menor. Em função do efeito de superfície, o
estribo recebe uma pressão sonora 17 vezes maior quando comparada ao que é aplicada sobre o tímpano.
2. EFEITO DE ALAVANCA INTERFIXA – como o martelo é 1,3 vez mais longo do que a bigorna, o movimento articular
entre a bigorna e o estribo é ampliado.
Assim no total, o fator de amplificação é de 17 x 1,3=22 vezes mais forca total exercida sobre a perilinfa do que a
exercida pelas ondas sonoras no tímpano. Isso é necessário pois o liquido tem inércia muito maior que o ar, sendo
necessário uma maior forca para que a vibração seja transmitida para o liquido.Equacionado o problema de impedância,
as ondas mecânicas são transmitidas até as células sensoriais.
OBS) na ausência de sistema ossicular e da membrana timpânica, as ondas sonoras ainda podem trafegar diretamente
através do ar do ouvido médio e entrar na cóclea pela janela oval, porem a sensibilidade auditiva fica 15 a 20 decibéis
menores que o normal (quase imperceptível).
 A CONDUÇÃO AÉREA É REGULÁVEL
A condução das ondas mecânicas da orelha externa até a base do estribo pode ser alterada aumentando-se a
tensão da membrana timpânica ou enrijecendo o movimento articular dos ossículos. O músculo tensor do tímpano
(controlado pela porção motora do trigêmeo) e o músculo estapédio (controlado pelo nervo facial) contraem-se
reflexamente com a chegada de sons intensos, aumentando a tensão do tímpano e enrijecendo o sistema de alavancas
ósseas. O resultado é a dificuldade na transmissão do som. Muitas vezes, sons intensos são produzidos súbita e
rapidamente e o mecanismo reflexo falha. Ou ainda, quando somos submetidos sistematicamente a sons intensos (acima
dos 120dB), o sistema auditivo pode ficar definitivamente danificado, causando surdez.
Para que a transmissão sonora ocorra adequadamente é necessário que as pressões entre a orelha média e a
externa sejam as mesmas. A Tuba Auditiva que comunica a orelha média com a faringe desempenha esse papel. Quando
há comprometimento desta comunicação devido a uma infecção na orelha média, além de causar dor, a audição fica
comprometida. Ex: descidas ou subidas numa serra.
 A CONDUÇÃO ÓSSEA
O som originado do meio externo chega à orelha interna passando primeiro por um processo de filtragem de
freqüência e amplificação do sinal. Mas os sons podem chegar à orelha interna diretamente pela condução óssea. Ex: a
nossa voz que é em parte conduzida pela condução óssea, parecendo mais grave do que realmente é (compare a sua voz
gravada em um aparelho de som com a que você está acostumado a ouvir); isso ocorre devido ao fato da cóclea esta
incrustada na cavidade óssea no osso temporal, de forma que as vibrações do crânio inteiro podem causar vibrações
diretas no liquido da cóclea.

 COMO OCORRE A TRANSDUÇÂO SENSORIAL


Em silêncio absoluto, o potencial de repouso das células sensoriais estaria em torno de -50mV, graças ao fluxo
resultante de K+ cátion da endolinfa para o interior da célula. A endolinfa possui uma concentração de K bastante elevada
o que favorece a existência de um gradiente químico. Assim, durante a propagação sonora pela membrana basilar, a
membrana tectorial exerce força de cisalhamento sobre os cílios no sentido do cinecílio, os canais de K se abrem e
durante uma fase da onda ocorre despolarização. Quando ocorre recuperação os canais se fecham, os cílios movem-se
em sentido contrário resultando em hiperpolarização. Dessa forma a vibração da membrana basilar causa potencial
receptor do tipo bifásico reproduzindo a oscilação da onda sonora. Os canais de Ca sensíveis à variação de voltagem
despolarizante se abrem e o aumento de Ca intracelular estimula a liberação de neurotransmissores excitatórios para a
fenda sináptica cuja membrana pós-sináptica do nervo vestíbulo-coclear. Assim a freqüência dos potenciais de ação
desencadeados nessa fibras ficará aumentada quando o potencial receptor for despolarizante e diminuída quando ocorre
a hiperpolarização.

 FISIOLOGIA DO EQUILÍBRIO
Há 2 tipos de equilíbrio: o EQUILÍBRIO ESTÁTICO, referente a manutenção da posição do corpo (principalmente da
cabeça) em relação a forca da gravidade, entre os movimentos que estimulam os receptores desse equilíbrio estão a
inclinação da cabeça e aceleração ou desaceleração linear; EQUILÍBRIO DINAMICO, refere-se a manutenção da posição do
corpo (principalmente da cabeça) em resposta a aceleração ou desaceleração rotacional. Os receptores do equilíbrio são
chamados de aparelho vestibular e incluem o sáculo, utrículo e os ductos semicirculares.
 EQUILÍBRIO ESTATICO
As paredes do utrículo e do sáculo contem regiões pequenas e espessas, chamadas de maculas. As duas maculas
que são perpendiculares uma a outra, são os órgãos receptores para o equilíbrio estático, que fornecem informação
sensitiva sobre a posição da cabeça no espaço e ajudam a manter a postura apropriada e o equilíbrio, alem de contribuir
para alguns aspectos do equilíbrio dinâmico, detectando a aceleração e desaceleração linear. As duas maculas consistem
em dois tipos de células: as células de sustentação e as células ciliadas; essas ultimas projetam-se para dentro de uma
substancia gelatinosa espessa, chamada de membrana dos estacônios, cuja superfície é coberta por uma densa camada
chamada estacônios. Ao inclinar a cabeça para frente, a gravidade puxa tal membrana e os estacônios, que por sua vez
deslizam sobre as células ciliadas na direção da inclinação, estimulando-as de tal modo que desencadeiam impulsos
nervosos, que são logos conduzidos ao longo ramo do vestibular do nervo vestíbulo-coclear.
 EQUILÍBRIO DINAMICO
Os 3 ductos semicirculares membranáceos estão posicionados perpendicularmente uns em relação aos outros, tal
posicionamento permite a detecção da aceleração ou desaceleração rotacional. A porção dilatada de cada ducto é a
ampola, que contem uma pequena elevação chamada crista ampular, onde existe um grupo de células ciliadas e de
sustentação; e recobrindo a crista ampular existe um material gelatinoso, chamado de cúpula ampular. Ao movimentar a
cabeça, os ductos semicirculares e as células ciliadas movem-se juntamente, porem a endolinfa dentro dos ductos
semicirculares não esta ligada e retarda-se devido sua inércia; dessa forma a medida que as células ciliadas se movem
arrastando a endolinfa, os cílios inclinam-se, ativando as células ciliadas, que por sua vez desencadeiam impulsos
nervosos nos neurônios sensitivos que fazem parte do ramo vestibular do nervo vestíbulo-coclear.

 CAUSA DE PERDA DE AUDIÇÃO (SURDEZ)

Surdez é a diminuição da audição uni ou bilateralmente, ocorrente em ambos os sexos e em todas as idades,
porem é mais comum em idosos (presbiacusia). É considerado surdo o paciente cuja acuidade auditiva esteja abaixo de
70 decibéis. De acordo com o grau de surdez, pode ser classificada em leve, moderada, severa e profunda. No caso de
perda auditiva de grau leve, a pessoa pode não perceber um déficit na audição, revelada apenas com teste de audição
(audiometria); na perda de grau moderado a severo, os sons ficam distorcidos, as palavras tornam-se abafadas e de mais
difícil compreensão, principalmente onde tem varias pessoas conversando, ambiente ruídos, ou lugares com eco; o som
da campainha e do telefone são dificilmente ouvidos, é necessário que se fale mais alto e/ou repita-se as palavras para
que o deficiente seja capaz de compreender. Alem desses sinais e da dificuldade de audição (quase sempre progressiva)
uni ou bilateral, alguns casos podem ter zumbido, vertigem e otalgia, dependendo da causa (nas infecções pode ter dor e
febre).

 TIPOS DE SURDEZ

A PERDA AUDITIVA pode ser DE CONDUÇÃO (quando existe um bloqueio na transmissão do som, desde o meato
acústico externo ate o ouvido interno) OU podem ser NEUROSSENSORIAL (quando ocorre lesão de células sensoriais e
nervosas – da cóclea ate o cérebro). Existe ainda a surdez MISTA (quando acomete os dois mecanismos).
 SURDEZ DE CONDUCAO
As causas mais importantes são: impactação de cerume ou por corpo estranho; perfuração da membrana
timpânica; líquido na orelha media (otite media serosa); otite media aguda; otite media adesiva; lesão dos ossículos
(traumática ou infecciosa); timpanosclerose; otosclerose; colesteatoma (crescimento de pele dentro da orelha media);
tumor de orelha media; fratura no osso temporal; anomalias congênitas (atresia, fixação ossicular).
 SURDEZ NEUROSSENSORIAL
As causas mais importantes são: ruído intenso (causa mais frequente), ruídos acima de 75 decibéis causa perda
auditiva induzida por ruído (PAIR), pode ser por exposições simples ou prolongadas, ex: máquinas industriais, armas de
fogo, etc.; infecções bacterianas ou virais (rubéola, caxumba, meningite); medicamentos (alguns antibióticos); idade
(presbiacusia – processo degenerativo das células sensórias do ouvido e de fibras nervosas que o conectam com o
cérebro); surdez congênita (hereditária ou intrauterina – TORCHS, vírus, medicamentos na gestação); variações de
pressão no liquido do ouvido interno(doença de Menière); tumores benignos ou malignos que atingem o ouvido interno
ou área entre ele e o cérebro.

 DIAGNOSTICO E PREVENÇÃO

O diagnostico é feito através da anamnese, do exame de ouvido e de testes com diapasões para determinar o tipo
de surdez; existe ainda exames com equipamento especial para avaliar a audição, dos quais a audiometria é o mais
importante. Quando tontura esta associada, investiga-se o labirinto e o SNC; em casos de suspeita de tumor usar a RM.
A principal prevenção é evitar exposição a ruídos intensos com proteção coletiva (sobre a fonte emissora) ou
individual (abafadores).

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