Verificação Do Dimensionamento Do Sistema de Combate A Incêndio em Uma Empresa de Termoformagem de Plástico

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BRUNO CARAVITA

VERIFICAÇÃO DO DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE COMBATE A


INCÊNDIO EM UMA EMPRESA DE TERMOFORMAGEM DE PLÁSTICO

São Paulo
2021
BRUNO CARAVITA

Versão Original

VERIFICAÇÃO DO DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE COMBATE A


INCÊNDIO EM UMA EMPRESA DE TERMOFORMAGEM DE PLÁSTICO

Monografia apresentada à Escola Politécnica


da Universidade de São Paulo para a
obtenção do título de Especialista em
Engenharia de Segurança do Trabalho

São Paulo
2021
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a minha família que sempre me apoiou diante de


todos os momentos bons e ruins pelos quais passei. Um agradecimento
especial para minha mãe Walquiria, que sempre me deu suporte e conselhos.
Ao meu pai Claudio que nunca deixou faltar nada e sempre me dando suporte.
A minha irmã e querida amiga Amanda pelas conversas e pelo apoio. A minha
vozinha querida Roder, a quem só tenho gratidões por tudo o que ela fez para
minha formação.
Um imenso agradecimento a minha namorada, amiga e porto seguro
Ingrid, que sempre me apoia e deixa eu mergulhar em novos desafios, sempre
permanecendo ao meu lado me orientando.
Aos meus amigos de graduação Viviane, Caroline e Gabriel, pelo
companheirismo e momentos bons da graduação, um muitíssimo obrigado.
Agradecimentos ao Prof. Luiz Antônio Daniel que abriu novamente mais
uma porta na minha vida.
Agradecimento a Universidade de São Paulo e a equipe do LACASEMIM
da Escola Politécnica de São Paulo pela oportunidade de poder participar do
curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho.
Um agradecimento à população brasileira e ao ensino superior de
qualidade.

_________________________________________
1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
RESUMO

O desenvolvimento de atividades pertencentes aos diversos ramos da


economia apresenta como efeito colateral o surgimento de riscos, tais como
incêndios. Estes são caracterizados pela presença de fogo fora de controle. A
manutenção e alimentação de um incêndio depende: da quantidade e tipo de
combustível, presença de oxigênio, reação em cadeia e calor. De forma geral
onde há incêndio, ocorrem perdas, humana ou econômica, quando não ambas.
Para contornar este problema foi estabelecido o sistema de segurança contra
incêndios. Este, leva em consideração que os métodos de combate a incêndio
devem ser adequados em relação à atividade desenvolvida e ao risco,
obedecendo às regras próprias estabelecidas. No estado de São Paulo estas
medidas são impostas pelo Decreto Estadual 63.911 de 2018 e pelas
Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de
São Paulo. O presente trabalho ocupou-se da verificação do sistema de
segurança contra incêndio de uma empresa de termoformagem plástica
localizada na cidade de Salto. Foram verificadas quais os componentes do
sistema de segurança eram determinados por lei e se sua presença estava em
conformidade com as normas. Constatou-se algumas não conformidades, tais
como para a sinalização de emergência, exigindo assim a tomada de medidas
corretivas. De forma geral praticamente em sua totalidade as medidas de
segurança: saídas de emergência, sistema de extintores de incêndio e
iluminação de emergência, estão de acordo com o que é imposto pela
legislação.

Palavras-chave: segurança contra incêndio; sinalização de emergência;


saídas de segurança; extintores de incêndio; iluminação de emergência.
ABSTRACT

The development of activities belonging to the different branches of the


economy has as a side effect the appearance of risks, such as fires. These are
characterized by the presence of uncontrolled fire. The maintenance and
feeding of a fire depends on: the quantity and type of fuel, presence of oxygen,
chain reaction and heat. In General where is a fire, losses occur, human or
economic, if not both. To overcome this problem was established the fire safety
system. This conception takes into account that the methods of fire fighting
must be adequate in relation to the activity and risks, obeying the established
own rules. In the state of São Paulo these measures are imposed by State
Decree 63.911/2018 and by the Technical Instructions of the Fire Department of
the Military Police of the State of São Paulo. The present study was concerned
with the verification of the fire safety system of a plastic thermoforming
company located in the city of Salto. It was verified which components of the
security system were determined by law and whether their presence was in
compliance with the legislation. Some non-conformities were found, such as for
emergency signaling, thus requiring corrective measures to be taken. However,
in general, practically in its entirety the safety measures: emergency exits, fire
extinguisher system and emergency lighting, are consistent with what is
required by law.
Keywords: fire safety; emergency signaling; safety exits; fire extinguishers;
emergency lights

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1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Representação gráfica triângulo de fogo .................................................... 16


Figura 2: Representação gráfica tetraedro de fogo ................................................... 17
Figura 3: Mecanismo de ignição de combustível sólido ............................................ 20
Figura 4: Mecanismo de ignição de combustível líquido ........................................... 21
Figura 5: Identificação visual das classes de fogo .................................................... 22
Figura 6: Exemplo de localização de duas saídas de fuga no pavimento ................. 30
Figura 7: Momento de ativação dos sprinklers através de detectores de
incêndio ..................................................................................................................... 33
Figura 8: Fluxograma das normas para realização do trabalho ................................ 42
Figura 9: Planta ilustrativa da edificação ................................................................... 44
Figura 10: Saída de emergência área 1 .................................................................... 49
Figura 11: Saída de emergência da área 2 ............................................................... 50
Figura 12: Telhado com telhas de metal intercaladas com telhas transparentes ...... 53
Figura 13: Localização da iluminação de emergência na parte superior do
escritório .................................................................................................................... 53
Figura 14: Luminária de emergência ......................................................................... 54
Figura 15: Sinalização emergência área 1 ................................................................ 55
Figura 16: Sinalização de emergência na área 2 ...................................................... 55
Figura 17: Presença de extintor em desconformidade com a IT 21 .......................... 57
Figura 18: Caminho obstruído ao acesso dos extintores na área 1 .......................... 58
Figura 19: Verificação da presença de extintores próximos às entradas na área
1 ................................................................................................................................ 59
Figura 20: Verificação da presença de extintores próximos às entradas na área
2 ................................................................................................................................ 59
Figura 21: Sistema de hidrantes alimentados por caixa da água de uso
exclusivo do sistema ................................................................................................. 60
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Seleção do agente extintor em razão da classe de fogo .......................... 23


Quadro 2: Classificação da classe do extintor de acordo com a quantidade de
elementos de madeira, dimensões dos elementos de madeira (mm) e arranjo
dos elementos de madeira no engradado ................................................................. 36
Quadro 3: Classificação de extintores classe B em função do tempo de
descarga (s), área interna do recipiente (m2), espessura da chapa (mm) e
volume aproximado do líquido inflamável (L) ............................................................ 36
Quadro 4: Relacionamento das medidas de segurança contra incêndio e
respectivas instruções técnicas do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do
Estado de São Paulo................................................................................................. 40
Quadro 5: Carga de incêndio, segundo Instrução Técnica 14, conforme uso
preponderante da edificação ..................................................................................... 45
Quadro 6: Classificação das classes de risco de acordo com a carga de
incêndio ..................................................................................................................... 45
Quadro 7: Classificação das edificação quanto à altura............................................ 46
Quadro 8: Medidas de segurança a serem adotadas para edificações com área
menor ou igual a 750 m2 e altura inferior ou igual a 12,0 m, para edificações da
Divisão I e D, segundo Anexo A do Decreto Estadual No 63.911.............................. 47
Quadro 9: Cálculo da quantidade da unidade de passagem para o escritório
(A2) conforme sua capacidade de passagem (C) e população, obtidos através
da IT 11 ..................................................................................................................... 49
Quadro 10: Distâncias máximas a serem percorridas nas edificações de acordo
com a divisão por grupos, ausência de chuveiros automáticos, quantidade de
saídas e sistema detector de fumaça ........................................................................ 51
Quadro 11: Tipo de escada utilizada para saída em função da divisão por grupo
da atividade e da altura da edificação ....................................................................... 52
Quadro 12: Quantificação e qualificação do sistema de extintor de incêndio nas
áreas 1 e 2 ................................................................................................................ 56
Quadro 13: Distância máxima a ser percorrida (m) em função do risco de
incêndio da atividade................................................................................................. 56

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1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBPMESP Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São


Paulo
CO2 Dióxido de Carbono
IT Instrução Técnica
m Metros
cm Centímetros
NBR Norma Brasileira de Referência
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1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
Sumário

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12
1.1. OBJETIVO .......................................................................................................... 14
1.2. JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 14
2. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 15
2.1. Termoformagem ................................................................................................. 15
2.2. Incêndios............................................................................................................. 16
2.2.1. Propagação do fogo ..................................................................................... 18
2.2.2. Classes de fogo ............................................................................................ 19
2.2.2.1. Fogo Classe A........................................................................................ 19
2.2.2.2. Fogo Classe B........................................................................................ 20
2.2.2.3. Fogo Classe C........................................................................................ 21
2.2.2.4. Fogo Classe D........................................................................................ 22
2.2.2.5. Fogo Classe K........................................................................................ 22
2.2.3. Classe do fogo e seleção do agente extintor ............................................. 22
2.2.3.1. Água ....................................................................................................... 23
2.2.3.2. Espuma .................................................................................................. 24
2.2.3.3. Gás carbônico (CO2) ............................................................................. 25
2.2.3.4. Pó químico ............................................................................................. 25
2.3. Medidas de proteção contra incêndios ............................................................... 26
2.3.1. Medidas de proteção passiva ...................................................................... 27
2.3.1.1. Isolamento entre edificações ............................................................... 27
2.3.1.2. Compartimentação vertical e horizontal ............................................. 27
2.3.1.3. Resistência das estruturas ao fogo ..................................................... 28
2.3.1.4. Rotas de fuga e sinalização .................................................................. 29
2.3.2. Medidas de proteção ativa ........................................................................... 31
2.3.2.1. Sistema de combate a incêndio com água ......................................... 31
2.3.2.2. Sistema de detecção e alarme de incêndio ......................................... 33
2.3.2.3. Sistema de proteção por extintores portáteis..................................... 35
2.4. Instrumentos legais de prevenção e combate a incêndio ................................... 38
2.4.1. Medidas de segurança e normas técnicas ................................................. 39
3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 41
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 44
4.1. Definição das medidas de segurança contra incendio ........................................ 45
4.2. Saídas de emergência: ....................................................................................... 47
4.3. Iluminação de emergência: ................................................................................. 52
4.4. Sinalização de emergência: ................................................................................ 54
4.5. Extintores: ........................................................................................................... 56
4.6. Sistema de hidrantes .......................................................................................... 60
5. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 61
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 62

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1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
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1 INTRODUÇÃO

O fogo talvez tenha sido uma das principais descobertas realizadas pela
humanidade. A sua utilização proporcionou uma melhora da qualidade de vida,
pois com ele passou a ser possível o cozimento de alimentos, antes ingeridos
cru, a proteção contra ataques de animais e também, a proteção contra o frio
de invernos rigorosos. Acredita-se que anteriormente ao seu descobrimento era
necessário esperar por algum evento natural, tal como o incêndio de uma
floresta, devido à combinação da estiagem com a radiação solar, ou queda de
um raio, para sua obtenção, dificultando assim sua utilização em prol das
pessoas (OLIVEIRA, 2015).
Por outro lado, o fogo nem sempre traz benefícios para o ser humano,
pois pode resultar em perdas humanas, econômicas e ambientais, quando se
torna um evento incontrolável ou quando decorre de um evento acidental.
Nestas situações, inicialmente o fogo aquece o ambiente e os materiais
próximos às chamas e se esta situação perdurar no espaço e tempo poderá se
desenvolver em um incêndio, ocasionando as referidas perdas (USP, 2019a).
Devido à dinâmica moderna das atividades humanas, a maioria dos
ambientes nos quais estamos presentes no dia a dia apresentam alguma forma
de risco de incêndio, colocando-nos frente a frente com o fogo, motivando
assim o estabelecimento de medidas de prevenção ou combate a incêndio.
Até os anos de 1970 no Brasil havia uma modesta literatura sobre o
assunto e não havia a preocupação de desenvolver uma legislação que
estabelecesse medidas de proteção contra incêndios. O despertar do interesse
surgiu de forma tardia, apenas após grandes ocorrências em estabelecimentos
comerciais, tais como: Lojas Americanas (1973), Lojas Renner (1976), dos
edifícios Andraus (1972) e Joelma (1974), e com a perda de inúmeras vidas,
decidiu-se o estabelecimento de uma cultura de prevenção contra incêndios
(BECKER, 2005).
A garantia de mínima proteção contra incêndios nas edificações,
segurança das pessoas e do patrimônio foi estabelecida através de normas
internacionais, federais, estaduais e municipais (USP, 2019a). Porém é
13

possível notar que algumas destas normas estabelecidas possuem


divergências entre si e outras ainda precisam ser aperfeiçoadas (BECKER,
2005).

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1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
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1.1. OBJETIVO

O objetivo da presente monografia é verificar a concepção de um


sistema de prevenção de incêndio de acordo com a legislação do estado de
São Paulo, de forma que possa fornecer ao empreendimento um embasamento
para futura regularização junto ao Corpo de Bombeiros Estadual.

1.2. JUSTIFICATIVA

A justificativa do tema se dá pois há uma carência de fiscalização, por


parte dos órgãos competentes, levando assim a perduração de irregularidades
devido à falta de informação e orientação, deixando assim a segurança das
pessoas e proteção do patrimônio à mercê da sorte.
15

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. TERMOFORMAGEM

O processo de termoformagem supera competitivamente outros


processos de modelagem plástica, tais como a injeção ou modulação por
compressão, pois se trata de um processo mais simplificado que estes, sendo
indicado quando se necessita produzir uma quantidade limitada de produtos ou
quando se tem pouco tempo entre o término do design e início de produção.
Sua aplicação encontra finalidade na produção de embalagens plásticas,
bandejas, revestimento interno de geladeiras e até mesmo banheiras plásticas
(YANG; HUNG, 2004).
A termoformagem é o processo pelo qual uma chapa plástica, composta
de polímeros termoplásticos previamente aquecida, é moldada em um formato
desejado. Após o resfriamento, o plástico encontra-se modelado e rígido
(SERTA; ROCHA, 2012). De acordo com Innova (2009), a transformação
ocorre através da aplicação de pressão ou calor, podendo ser dividida em cinco
etapas:

 Fixação da lâmina;
 Aquecimento;
 Moldelagem;
 Esfriamento;
 Extração.

Para moldar a lâmina no formato desejado, primeiramente ela é


aquecida a uma determinada temperatura, suficientemente elevada para
amolecer o plástico, porém não tão elevada a ponto de fundir o material. Após
o amolecimento do material, estica-se a placa sobre o molde de modo que o
plástico aquecido preencha-o. Em seguida esfria-se o plástico, ao terminar esta
etapa o plástico se apresenta na forma do molde e rígido (INNOVA, 2009).

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1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
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2.2. INCÊNDIOS

Em um primeiro momento o fogo, ocasionado intencionalmente ou não,


provoca o aumento da temperatura ambiente e consequentemente o
aquecimento dos materiais ao seu redor. Se este evento continuar, poderá
ganhar proporções incontroláveis a ponto de conseguir transformar ou
deformar os materiais, tornando-se um incêndio. Independente das
dimensões e evolução do fogo haverá perdas (USP, 2019a).
Inicialmente para a compreensão do fenômeno fogo, criou-se uma teoria
denominada de Triângulo do Fogo, a qual entendia que o fogo é decorrente
da junção de três elementos: combustível, comburente e calor e que para
extingui-lo seria necessário suprimir apenas um destes três fatores (Figura
1) (PANNONI; ONO; SILVA, 2008).

Figura 1: Representação gráfica triângulo de fogo

Fonte: USP (2019a)

Conforme Pannoni; Ono; Silva (2008), esta perspectiva do fogo sofreu


uma mudança, após o descobrimento do agente extintor “halon”, sendo
adicionado mais um elemento ao triângulo, que passou a ser representado
como um tetraedro (Figura 2). Agora com a adição de uma nova dimensão,
a reação em cadeia, há o entendimento de que os quatro elementos devem
coexistir para que o fogo se sustente.
17

Figura 2: Representação gráfica tetraedro de fogo

Fonte: Pannoni; Ono; Silva (2008)

A reação em cadeia entende que o fogo é um processo oxidativo no qual


um combustível oxida-se na presença de calor e do comburente (agente
oxidante, sendo o mais comum o oxigênio), e que este processo se
autossustenta até que um destes três seja extinto. A interação da reação
em cadeia ocorre da seguinte maneira (USP, 2019a): o calor irradiado pelas
chamas atinge o combustível fazendo com que este se decomponha em
partículas menores, que por sua vez se combinam com o oxigênio. Após a
combinação há mais queima e liberação de mais calor para a reação,
fechando o ciclo (USP, 2019a). A partir desta nova compreensão, bastaria
atuar na supressão em um dos quatro elementos para a prevenção ou
combate a incêndio (SÃO PAULO, 2018a).
A definição dos outros componentes do tetraedro possuem segundo São
Paulo (2006) as seguintes definições:

 Comburente: é a substância que alimenta a reação química, dentre


todos os comburentes o oxigênio é o mais comum;
 Combustível: é qualquer substância capaz de produzir calor através da
reação química;
 Calor: é a energia em transferência de um corpo a outro através da
diferença de temperatura entre estes.

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1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
18

O método de extinção do incêndio pode receber diferentes


denominações conforme a escolha de qual destes elementos pretende-se
extinguir (FAGUNDES, 2013; USP, 2019a). Alguns dos métodos são:

 Abafamento: diminuição da quantidade de comburente, reduzindo


sua concentração na mistura inflamável;
 Esfriamento: redução da quantidade da fonte de calor. Neste método
o agente extintor rouba calor do fogo e do material que está sofrendo
combustão. É o método mais utilizado e o agente extintor mais
comum é a água;
 Retirada do material: pode-se também retirar o combustível;
 Extinção química: este método atua na interrupção da reação
química em cadeia. O agente extintor é de origem química e ao ser
lançado no fogo ele se desintegra pela ação do calor em átomos de
radicais livres. Estes se misturam com os gases do material
combustível formando uma mistura não inflamável, interrompendo
assim a reação.

Mesmo que a existência do fogo seja determinada pela interação


simultânea dos quatro elementos, ele pode manifestar-se diferentemente em
função do tipo de combustível e de sua superfície de contato, no caso de
sólidos, além da umidade do material e da circulação de oxigênio (SÃO
PAULO, 2018a).

2.2.1. Propagação do fogo

O fogo não possui formato definido e ainda apresenta comportamento


complexo. Uma vez no ambiente ele possui potencial para se propagar no
espaço através da transmissão de calor (PANNONI; ONO; SILVA, 2008;
FAGUNDES, 2013). Esta ação pode ocorrer fisicamente devido a três
processos distintos:
19

 Condução: é a transmissão de energia (calor) através de meio sólido tais


como paredes, cortinas, materiais diversos e janelas;
 Convecção: a transmissão de calor ocorre através de um meio fluído
aquecido, tal como o gás ou o ar. Neste processo o fluído aquecido sobe
aquecendo a parte superior do local, podendo aquece-la até tal
temperatura que a faça entrar em combustão;
 Radiação: o calor pode ser irradiado também através de ondas
eletromagnéticas.

2.2.2. Classes de fogo

Como já mencionado no Item 2.2 o fogo pode se comportar de maneiras


distintas de acordo com o material combustível. Em decorrência deste fato,
pode-se diferenciar o fogo em quatro classes (ARAÚJO, 2008; BITTENCOURT,
2017). Esta divisão foi realizada objetivando obter maior eficiência nas ações
de combate a incêndio, tornando-as mais objetivas e seguras uma vez que
dependendo da natureza do material combustível, opta-se pela utilização de
um tipo de extintor compatível com o incêndio (ARAÚJO, 2008).

2.2.2.1. Fogo Classe A

Quando um combustível sólido é exposto a uma fonte de energia e o


trânsito de calor é suficiente para ocasionar sua decomposição térmica,
processo denominado de pirólise, ocorre a geração de produtos gasosos que
diluem-se no oxigênio atmosférico formando uma mistura inflamável. Este
material ao entrar em contato com alguma fonte de energia ativante é
inflamada (PANNONI; ONO; SILVA, 2008). Um fluxograma do processo é
apresentado na Figura 3.
Na categoria classe A, o incêndio consome combustível de fácil
combustão, tais como: papel, tecido, papelão, carvão e pneu, queimando-os
em superfície e profundidade (ARAÚJO, 2008; USP, 2019a). Um elemento que
influencia na continuação do incêndio é a concentração de oxigênio, sendo que
concentrações menores que 14 % faz com que a maioria dos combustíveis

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1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
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sólidos não mantenham a chama em sua superfície (SÃO PAULO, 2018a). De


acordo com Bittencourt (2017) a melhor forma de extinção do incêndio é a
utilização de agentes extintores que atuam através de resfriamento por água ou
de espuma que contenha água.

Figura 3: Mecanismo de ignição de combustível sólido

Fonte: Pannoni; Oto; Silva (2008)

2.2.2.2. Fogo Classe B

Nesta classe de fogo os combustíveis são combustíveis, líquidos e/ou


gases, podendo também ser plásticos e graxas que se liquefazem com a ação
do calor. Diferentemente da dinâmica dos incêndios classe A, estes
combustíveis queimam apenas em sua superfície (ARAÚJO, 2008; USP,
2019a). Porém, ao invés de sofrerem pirólise estes materiais liberam vapores
que entram em contato com o oxigênio do ar formando uma mistura inflamável
que na presença de uma energia ativante se inflama. A queima continuará caso
o líquido atinja sua temperatura de combustão (PANNONI; ONO; SILVA, 2008).
Uma representação do processo encontra-se na Figura 4.
21

Os métodos de extinção desta classe de fogo se dá através da utilização


de abafamento, resfriamento por espuma, pó químico seco e gás carbônico
(BITTENCOURT, 2017).

Figura 4: Mecanismo de ignição de combustível líquido

Fonte: Pannoni; Oto; Silva (2008)

2.2.2.3. Fogo Classe C

Quando o fogo envolve aparelhos eletrônicos tais como


transformadores, motores e quadros de distribuição de fios, os matérias
condutores de eletricidade que os constituem servem de combustível para a
propagação do fogo (ARAÚJO, 2008; USP, 2019a). A utilização de água para
combate a incêndio não é recomendada pois, uma vez que ela possui sais
minerais em sua composição, é um agente condutor de eletricidade podendo
ocorrer eletrocutamento do operador. Para esta classe são indicados agentes

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1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
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extintores que utilizam espuma mecânica, gás carbônico, pó químico e


halogênios na extinção do incêndio (USP, 2019a).

2.2.2.4. Fogo Classe D

Esta classe de fogo possui como combustível elementos químicos


metálicos tais como: zircônio, magnésio, sódio, potássio, lítio e titânio
(ARAÚJO, 2008; USP, 2019a).

2.2.2.5. Fogo Classe K

Os incêndios classe D correspondem aos incêndios ocasionados em


cozinhas quando se utiliza algum meio combustível para a cocção tais como:
azeite, gorduras animais ou vegetais (NFPA, 2009).

2.2.3. Classe do fogo e seleção do agente extintor

Cada classe de fogo pode ser identificada, no local onde possui risco de
incêndio, por meio visual de acordo com a Figura 5:

Figura 5: Identificação visual das classes de fogo

Fonte: NFPA 10 (2009)


23

De acordo com a classe de incêndio é necessário que se faça a escolha


correta da técnica de extinção do incêndio e/ou seleção do extintor correto de
acordo com a Quadro 1 (USP, 2019a). Cada agente extintor age de forma
característica sendo mais ou menos indicado para tal uso.

Quadro 1: Seleção do agente extintor em razão da classe de fogo

Classe Agente extintor


de Fogo Água Espuma Gás Pó B/C Pó Halogenados
mecânica carbônico A/B/C
A A A NR NR A NR
B P A A A A A
C P P A A A A
D Deve verificar-se a compatibilidade entre o metal e o agente extintor
Legenda: A adequado
NR não recomendado
P proibido a classe de fogo
Fonte: USP (2019a)

2.2.3.1. Água

Devido à facilidade de obtenção, sua abundância e pelo seu baixo custo,


é o meio mais utilizado para extinção de incêndio. Porém sua escolha deve ser
feita com parcimônia, uma vez que ela contém sais minerais em sua
composição, podendo conduzir eletricidade quando aplicada em materiais
energizados. A forma de atuação deste agente ocorre por resfriamento ou
abafamento, dependendo da forma que é aplicada (jato ou neblina) (ARAÚJO,
2008).
Sua importância é tal que cidades, as quais possuem sistema de
abastecimento de água de pequeno a médio porte, onde sua capacidade de
fornecimento de água não é suficiente, têm que dimensionar reservatórios de
distribuição de água com volume extra para combate a incêndios (TSUTIYA,
2014).

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1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
24

2.2.3.2. Espuma

A espuma pode ser empregada no combate a incêndio sendo formada


por um agregado estável de bolhas que cobrem e aderem às superfícies de
líquidos combustíveis e inflamáveis agindo principalmente por abafamento, pois
há formação de uma película resistente que impede o contato ar/combustível
(ARAÚJO, 2008). Possui também efeito secundário de resfriamento pois a rigor
suas bolhas são formadas por ar ou dióxido de carbono (CO2) revestido por
água (SÃO PAULO, 2018a). A película formada sobre a superfície do líquido ou
combustível possui quatro funções:

 Separar o combustível e o comburente;


 Impedir e reduzir a liberação de vapores inflamáveis;
 Separar as chamas da superfície dos combustíveis;
 Esfriar os combustíveis e as superfícies adjacentes.

As espumas ainda podem ser do tipo mecânica ou química de acordo


com a maneira que se formam. A primeira é formada através da reação do
sulfato de alumínio e bicarbonato de sódio em solução aquosa, enquanto que a
segunda forma-se através da adição de uma pequena quantidade de
concentrado gerador de espuma na água (ARAÚJO, 2008).
Este tipo de agente extintor pode ser utilizado ao combate de incêndios
de grandes dimensões em instalações que armazenam líquido combustível
e/ou inflamável (PAULO, 2018a). Pode ser utilizada também para:

 Extinção de fogo de líquidos com menor densidade que a água;


 Prevenção de ignição quando ocorre o derramamento de líquidos
inflamáveis;
 Quando o combustível é sólido;
 Derrame de gases na forma líquida;
 Contenção de derramamentos tóxicos;
25

Porém seu uso não é recomendado quando o fogo ocorre em: gases,
em vazamento de líquidos sobre pressão e em materiais que reagem com a
água (PAULO, 2018).

2.2.3.3. Gás carbônico (CO2)

O método de extinção do incêndio pela utilização de CO2 é aconselhável


quando o local possui bens a se proteger com elevado valor agregado e a
utilização de outro agente causaria a depreciação destes (SÃO PAULO, 2018).
Seu uso é permitido em equipamentos eletrônicos energizados, pois
diferentemente da água, ele não conduz eletricidade (ARAÚJO, 2008). Possui
efetiva extinção de incêndio em fogos das classes A, B e C (SÃO PAULO,
2018a).
Sua ação eficaz se deve a capacidade de abafamento, pois o CO2 é
mais denso que o ar e à medida que é liberado tende a depositar-se sobre à
superfície, substituindo o oxigênio nas superfícies que queimam. Porém o CO2
é um asfixiante simples que pode levar à inconsciência e morte quando
presente em determinadas concentrações, devendo ser usado com cautela em
locais fechados (ARAÚJO, 2008).

2.2.3.4. Pó químico

Trata-se dos agentes extintores mais eficientes quando o fogo é


alimentado por combustíveis líquidos inflamáveis, podendo ser aplicados
também no combate a fogos envolvendo produtos elétricos energizados.
Porém deve ser evitada a sua utilização em equipamentos eletrônicos, uma vez
que o pó químico em contato com a umidade do ar corrói as placas dos
circuitos (ARAÚJO, 2008; FAGUNDES, 2013). A extinção do fogo se dá por
abafamento, resfriamento e principalmente pelo interrompimento da reação em
cadeia (FAGUNDES, 2013).

_________________________________________
1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
26

Segundo Araújo (2008), os principais tipos de pós-químicos são:

 Bicarbonato de sódio: normalmente este agente é referido como pó


químico comum. É aplicado para incêndios das classes B e C;
 Bicarbonato de potássio: possui maior eficiência de extinção para
incêndios classe B do que o bicarbonato de sódio, podendo ser aplicado
para incêndios classe C;
 Fosfato de monoamônio: único pó-químico que pode ser utilizado para
extinção de incêndio classe A. Têm também efeito extintor para
incêndios classe B e C. É mais eficiente que o bicarbonato de sódio e
menos do que o bicarbonato de potássio para combate de incêndios
classe B;
 Cloreto de sódio: utilizado no combate a incêndios classe D. Atua no
isolamento e resfriamento do material combustível;
 Acetato de potássio: utilizado como uma solução especial diluída em
água. Encontra aplicação em incêndios classe K.

2.3. MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS

Para que se previna ou combata o fogo de forma eficaz, segundo USP


(2019b) podem ser empregadas dois tipos de medidas de proteção:

 Medidas de proteção passiva: são adotadas ainda na concepção do


projeto da edificação que se pretende construir. Elas contribuem na
contenção e propagação do incêndio;
 Medidas de proteção ativa: são adotadas após a concepção de um
projeto, sendo que elas atuam reagindo a um estímulo, no caso o
fogo/incêndio, podendo entrar em ação manualmente ou
automaticamente.
27

2.3.1. Medidas de proteção passiva

São denominadas de proteção passiva as medidas que uma vez


adotadas atuam de forma contentiva tanto no início ou quanto no alastramento
do incêndio (FAGUNDES, 2013). Um sistema de proteção passiva contra
incêndios é pensada na concepção do projeto podendo modifica-lo, segundo
USP (2019b), as seguintes características:

 Os matérias de revestimento das estruturas, optando-se por matérias


mais resistentes ao fogo;
 Na arquitetura da fachada da edificação;
 Na largura das vias de circulação interna, tanto nas verticais quanto nas
horizontais;
 Localização do edifício no terreno;
 Nas vias de acesso à edificação.

2.3.1.1. Isolamento entre edificações

Uma vez que o incêndio está em desenvolvimento em uma edificação há


o risco de propagação para a edificação vizinha através da convecção dos
gases quentes ou da condução, quando as edificações são contínuas
(FAGUNDES, 2013). Desta forma para uma prevenção eficaz, pode-se isolar
as edificações seja através do distanciamento entre elas ou pela colocação de
barreiras estanques ao fogo (SÃO PAULO, 2006).

2.3.1.2. Compartimentação vertical e horizontal

A compartimentação visa a evitar o alastramento do fogo para outros


ambientes dentro da própria edificação ou para outra, dividindo o
estabelecimento em células capazes de suportar a queima dos materiais
combustíveis ali presentes. Para isso utiliza-se na edificação elementos
construtivos capazes de suportar a ação do fogo. Esta característica dos
materiais é denominada resistência ao fogo e pode ser determinada através de
_________________________________________
1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
28

testes específicos normatizados (SÃO PAULO, 2006). As finalidades da


compartimentação são:

 Manter o fogo dentro do ambiente de origem;


 Manter as rotas de fuga livre do incêndio;
 Facilitar as operações de combate a incêndio e resgate de pessoas.

Ainda, a compartimentação pode ser distinguida em horizontal e vertical


(FAGUNDES, 2013):

 Compartimentação horizontal: tem o objetivo de propagar o incêndio na


direção horizontal. Para isso utiliza-se portas corta-fogo, paredes corta-
fogo, registros corta-fogo nos dutos que transpassam as paredes corta-
fogo, e afastamento entre janelas de diferentes setores;
 Compartimentação vertical: impede a propagação do incêndio de um
pavimento para outro seja por dentro da edificação, através de aberturas
nos pavimentos ou através das janelas. Esta compartimentação é obtida
pelo isolamento de escadas protegidas por paredes e portas corta-fogo,
registro corta-fogo nos dutos que ligam os diferentes pavimentos,
selagem das abas horizontais ou verticais estendendo-as além da
faixada e com lajes corta-fogo.

2.3.1.3. Resistência das estruturas ao fogo

Os diferentes materiais utilizados em uma edificação possuem


resistências diferentes ao fogo. Esta característica se refere à quantidade de
tempo que os materiais conservam suas propriedades de vedação e/ou
estrutural (SÃO PAULO, 2006).
Os métodos utilizados hoje no Brasil para os ensaios de resistência ao
fogo, aplicáveis aos elementos estruturais de compartimentação, são de
acordo com USP (2019b) regidas pela:

 NBR 5628: trata dos componentes construtivos estruturais;


29

 NBR 10.636: dispõe de paredes divisórias sem função estrutural;


 NBR 6479: Portas e vedações – métodos de ensaio ao fogo.

2.3.1.4. Rotas de fuga e sinalização

As rotas de fuga são uma importante ferramenta para a proteção das


pessoas, visto que, uma vez iniciado o incêndio, torna-se necessária a retirada
delas de forma rápida e segura do local da forma mais ordenada possível e
conduzi-las a um local seguro, normalmente no exterior da edificação (USP,
2019a).
Para a incorporação das rotas de fuga nos projetos de edificações deve-
se atentar ao risco de incêndio que a atividade ou edificação representa
(PAULO, 2018b). O projeto de um sistema de evacuamento de pessoas leva
em consideração:

 Número de saídas: varia de acordo com a tipologia da edificação


(dimensões em planta e características construtivas). O número mínimo
de saídas em um estabelecimento deve obedecer aos códigos e normas
técnicas que tratam do assunto;
 Distância a percorrer: deve existir uma distância máxima permitida de
acesso para que as pessoas cheguem a uma saída segura. O
deslocamento máximo de cada pessoa varia novamente em função da
tipologia da ocupação, características construtivas do edifício e ainda
leva em consideração a presença ou não de chuveiros automáticos.
 Localização das saídas e das escadas de segurança: os usuários devem
ter a possibilidade de escolha mais de uma saída por pavimento. Esta
medida é necessária pois caso ocorra incêndio em um lugar próximo a
uma das saídas, exista outra desimpedida para fuga (Figura 6).

_________________________________________
1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
30

Figura 6: Exemplo de localização de duas saídas de fuga no pavimento

Fonte: SAO PAULO (2018b)

Em relação às escadas de segurança, estas devem ser construídas com


uma largura mínima, geralmente de 2,2 m para hospitais e 1,2 m para as
demais ocupações, além de utilizarem materiais incombustíveis na sua
composição. Ainda seus degraus devem possuir altura e largura ergonômicas
para os usuários (SÃO PAULO, 2018b).
Quando as rotas de fuga possuem corredores, estes devem ser
construídos com materiais com resistência ao incêndio. Deve-se restringir ao
máximo a entrada de fumaça neste ambiente através da utilização de portas
corta-fogo e caso ela adentre no ambiente, deve-se prever um sistema de
exaustão nos corredores (SÃO PAULO, 2018b).
Para que as pessoas consigam ter o discernimento de onde estão e qual
é a rota de fuga mais próxima e segura, em caso de incêndio, é necessário que
o ambiente possua iluminação e sinalização. A iluminação deve ser suficiente
para evitar acidentes durante a evacuação, levando em consideração a
presença de fumaça (ARAÚJO, 2008). O tipo de iluminação que conduz as
pessoas às rotas de fuga é chamada de sinalização iluminação de balizamento,
devendo possuir fluxo luminoso mínimo de 30 lúmens (PANNONI; ONO;
SILVA, 2008).
31

Além da iluminação é necessário que a sinalização das rotas de fugas


seja feita por um sistema de sinalização composto por placas
fotoluminescentes. Este sistema é importante pois ajuda pessoas que não são
frequentadores habituais do local a acharem a rota de fuga (ARAÚJO, 2008).

2.3.2. Medidas de proteção ativa

As medidas de proteção ativa referem-se as ações que são decorrentes


apenas após o início do incêndio e compreendem: sistemas fixo de detecção,
alarme, extintores manuais de incêndio, hidrantes, mangotinhos supressão
automática de incêndios (tal como o chuveiro automático), dampers corta-fogo
e fumaça com acionamento eletromecânico (ANVISA, 2014; USP, 2019a).
Algumas destas medidas são exemplificadas nos próximos itens.

2.3.2.1. Sistema de combate a incêndio com água

Os sistemas de combate a incêndio com água é um dos mais


importantes, pois mesmo que não se extingue o incêndio por completo a água
facilita a aproximação dos bombeiros ao fogo permitindo que seja aplicado
algum outro agente extintor (PANNONI; ONO; SILVA, 2008).
Os sistemas que utilizam a água como agente extintor são os hidrantes
e mangotinhos e chuveiros (também conhecidos como sprinklers).
Os sistemas de hidrantes e mangotinhos são normalmente composto por
um ou mais alimentadores fixos (tubulação) conectados ao reservatório de
água da edificação. Estes alimentadores podem ainda conter derivações com
registros manuais, para que se possa orientar o fluxo de alimentação de água,
e conectores de mangueiras. O acesso aos alimentadores com conectores de
mangueiras deve ser realizado próximo às saídas de emergência,
permanecendo sempre alimentada e pressurizada com água (ANVISA, 2014).
A liberação de água ocorre sobre o foco de incêndio e com vazão
compatível ao do risco do local a ser protegido de forma a extingui-lo ou
controla-lo. É válido ressaltar que estes dois tipos de sistema utilizados para

_________________________________________
1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
32

promoverem o início de combate a incêndio antes da chegada do corpo de


bombeiros, facilitando assim o serviço deles (PANNONI; ONO; SILVA, 2008).
A classificação destes sistemas é feito de acordo com o tipo de jato
utilizado, diâmetro e comprimento máximo, número de saídas e vazões no
hidrante ou mangotinhos localizado na região mais desfavorável em relação à
pressão disponível no local (PANNONI; ONO; SILVA, 2008). O
dimensionamento dos sistemas de hidrantes e mangotinhos obedece à NBR
13.714.
Já os sistemas de chuveiros automáticos, também conhecidos como
“sprinklers” possuem a vantagem de que não precisarem de pessoal para a sua
utilização, diferentemente dos hidrantes e mangotinhos (SÃO PAULO, 2006).
O sistema de chuveiros automáticos é composto por um ramal de
tubulações fixas que são conectadas e alimentadas por uma fonte de
abastecimento de água, que mantém o sistema sobre pressão. Os chuveiros
são acionados através dos detectores do próprio sistema presente nos
chuveiros, fazendo com que apenas os chuveiros que estão nos locais do
incêndio sejam acionados (ANVISA, 2014).
Os sistemas fixos de combate a incêndios com chuveiros automáticos
pode ser considerado como medida de proteção ativa mais eficaz e segura
quando o agente extintor pode ser a água. Diretamente este método pode ser
entendido como importante medida na proteção da edificação juntamente com
os bens materiais nela contidos. No entanto, pode ser considerado
indiretamente, como um sistema de proteção da vida humana, pois é capaz de
combater o incêndio em seus estágios iniciais de acordo com a Figura 7 (SÃO
PAULO, 2006). Nela é possível notar que os detectores de incêndio
conseguem ativar o sistema de chuveiros automático ainda na fase de latência
do incêndio, ou seja, antes do momento no qual ocorre o fenômeno flashover
(vide item 2.2.3).
33

Figura 7: Momento de ativação dos sprinklers através de detectores de incêndio

Fonte: ANVISA (2014)

2.3.2.2. Sistema de detecção e alarme de incêndio

O objetivo principal do sistema de detecção de alarme e incêndio é


alertar os ocupantes da edificação sobre a ocorrência do fogo em seu estágio
inicial, possibilitando assim a saída das pessoas e início do combate a
incêndio. Além do sinal de alerta este sistema pode iniciar o combate a
incêndio através do acionamento de algum dispositivo supressor de fogo
(PANNONI; ONO; SILVA, 2008).
O acionamento do alarme pode ocorrer de duas maneiras distintas (SÃO
PAULO, 2006), entre elas tem-se:

 Acionamento manual realizado pelos próprios usuários;


 Acionamento automático através da detecção de processos físicos e
químicos (detectores de fumaça, chama ou de temperatura).

O sistema de detecção é constituído por uma central responsável pelo


processamento dos sinais provenientes dos circuitos de detecção automática
ou manual convertendo-os em sirenes ou alertas audiovisuais (SÃO PAULO,
2006).

_________________________________________
1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
34

Devido o emprego de processadores nas centrais do sistema, ele


tornou-se capaz de oferecer ao usuário uma variedade de soluções e
confiabilidade (USP, 2019b).
Os detectores podem ser do tipo (SÃO PAULO, 2006; PANNONI; ONO;
SILVA, 2008; USP, 2019b):

 Detectores de chama: são capazes de detectar a radiação, dentro ou


fora do espectro visível, emitida pela combustão antes mesmo de haver
fumaça ou amento de temperatura. São indicados para supervisão de
estoques de líquidos combustíveis;
 Detectores lineares: capazes de detectar a presença de partículas ou
gases, visíveis ou não, e de produtos de combustão, ou a variação
anormal de temperatura ao longo da linha de detecção. Este sistema
trabalha com uma fonte emissora de radiação infravermelha em uma
ponta e um receptor em outra, sendo que o feixe quando interrompido
aciona o alarme. O sistema é indicado para uso em locais elevados e de
grande extensão, não podendo haver qualquer fonte de interferência
estrutural ou operacional entre receptor/emissor;
 Detectores manuais: neste tipo de detector quem faz a detecção e o
acionamento do alarme são as pessoas que notam o início de incêndio.
Em relação aos acionadores deve-se obedecer algumas exigências tais
como: devem ser instalados em lugares com maior probabilidade de
transito de pessoas em caso de incêndio a uma altura entre 1,20 e 1,60
metros do chão; para seu acionamento a pessoa deve percorrer no
máximo 30 metros e que haja pelo menos um acionador por pavimento
da edificação.

Além destes três tipos de detectores ainda tem-se os detectores de


fumaça, que segundo São Paulo (2006) e USP (2019b) podem ser do tipo:

 Detector de fumaça iónico: capazes de alertarem um princípio de


incêndio no qual está ocorrendo combustão, mesmo que não
visualmente detectável, ou fumaça antes da deflagração do incêndio;
35

 Detector de fumaça ótico: utilizados nos ambientes nos quais são


armazenados combustíveis, os quais liberem fumaça antes mesmo da
propagação do incêndio
 Detector de fumaça por aspiração: é a mais nova tecnologia de detecção
por fumaça. Possui ampla faixa de atuação sendo capaz de detectar
fumaça incipiente. Neste sistema os detectores são ligados à tubulação
de PVC, CPVC ou cobre, de modo que o ar seja sugado para dentro da
tubulação passando obrigatoriamente pelo detector. Uma vez passando
pelo detector o ar é analisado por um sinal laser capaz de distinguir
poeira de fumaça e ainda quantificar a quantidade de fumaça ambiente,
informando-a em tempo real.

2.3.2.3. Sistema de proteção por extintores portáteis

Os sistemas de extintores de incêndio fazem parte do sistema básico de


segurança contra incêndio sendo exigido por lei em todos os tipos de
estabelecimento. Porém sua eficiência depende da manutenção dos
equipamentos extintores e treinamento de pessoal (SÃO PAULO, 2006;
PANNONI; ONO; SILVA, 2008).
Denomina-se capacidade extintora a medida do poder de combate a
fogo do extintor (SÃO PAULO, 2006). A capacidade extintora é obtida através
de ensaios padronizados pela ABNT NBR 15.808.

 Extintores Classe A:

Os extintores desta classe estão aptos ao combate aos incêndios em


papéis, madeiras, tecidos e outros materiais do gênero. A extinção ocorre pelo
resfriamento do material (SÃO PAULO, 2006). O teste padronizado consiste na
utilização do extintor para apagar o fogo de um engradado de madeira, com
dimensões pré-determinadas (Quadro 2). Após a extinção das chamas, estas
não podem reaparecer em até 10 minutos após sua extinção. O volume total do
extintor utilizado deve ser tal que represente entre 40 e 55 % da massa total
inicial.

_________________________________________
1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
36

 Extintores Classe B:

Os extintores da classe B são indicados para o combate aos incêndios


classe B ou C, que são alimentados por líquidos inflamáveis como gasolina,
tinta, óleos, etc. Esta classe de extintor não é condutor de eletricidade, nem
tóxico e nem corrosivo (SÃO PAULO, 2006).
O teste é realizado com um incêndio sobre um líquido inflamável com
volume pré-determinado de acordo com a norma (Quadro 3).

Quadro 2: Classificação da classe do extintor de acordo com a quantidade de elementos de madeira, dimensões dos
elementos de madeira (mm) e arranjo dos elementos de madeira no engradado

Dimensões dos elementos de Arranjo dos


Quantidade madeira (mm) elementos de
Grau / de elementos madeira
Classe de madeira
Seção +/- 1 Comprimento +/- 1 %
1–A 50 45 x 45 500 10 camadas de 5
2–A 78 45 x 45 600 13 camadas de 6
3–A 98 45 x 45 750 14 camadas de 7
4–A 120 45 x 45 850 15 camadas de 8
6–A 153 45 x 45 1000 17 camadas de 9
10 – A 209 45 x 45 1220 19 camadas de
11
Fonte: ABNT NBR 15808 (2017)

Quadro 3: Classificação de extintores classe B em função do tempo de descarga (s), área interna do recipiente (m2),
espessura da chapa (mm) e volume aproximado do líquido inflamável (L)

Grau / Tempo mínimo Área interna do Espessura Volume aproximado


Classe descarga (s) recipiente (m2) (mm) líquido inflamável (L)
1–B 8 6,4 6,4 12,5
2–B 8 6,4 6,4 23,5
5–B 8 6,4 6,4 58,5
10 – B 8 6,4 6,4 117
Fonte: adaptado de ABNT NBR 15808 (2017)
37

 Extintores Classe C e D:

Os extintores classe C e D não possuem teste específico em relação à


capacidade extintora (PANNONI; ONO; SILVA, 2008). A única ressalva feita
pela ABNT NBR 15808 é a de que: extintores classe C não pode permitir a
condutividade elétrica durante a sua descarga (NBR, 2017).
Em relação à aplicabilidade destes extintores, os da classe C são
excelentes para combater incêndios classe B e C, podendo ser empregados
em eletrônicos energizados e instalações elétricas. A extinção do incêndio se
dá por abafamento, com uma mistura de agente não condutor de eletricidade
como pó químico e CO2. Um cuidado importante sobre esta classe é que a
mistura tem elevada capacidade de resfriamento, devendo-se evitar o contato
com a pele caso contrário poderá ocasionar queimaduras (SÃO PAULO, 2006).

 Área de cobertura de cada unidade extintora:

Independentemente da capacidade extintora do extintor escolhido, é


determinada a área que cada unidade de extintor presente no estabelecimento
é capaz de proteger de acordo com a classe de risco da edificação, sendo
determinada em (SÃO PAULO, 2006):

 Risco baixo: área de 500 m2 com carga de incêndio de até 300 M/J;
 Risco médio: área de 250 m2 com carga de incêndio de 300 até 1200
M/J;
 Risco alto: área de 150 m2 com carga de incêndio superior a 1200 M/J.

Ainda de acordo com (SÃO PAULO, 2006) os extintores devem seguir


as seguintes recomendações:

 Ter um pelo menos a 5 metros da entrada da edificação;


 Presença de 2 unidades extintoras por pavimento;
_________________________________________
1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
38

 Apenas 1 unidade extintora para área inferior a 50 metros;


 Nos halls.

2.4. INSTRUMENTOS LEGAIS DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO

Para adequação do edifício em que se desenvolve determinada


atividade é preciso levar em consideração a legislação que trata da
regularização. No estado de São Paulo a regularização das edificações segue
o que está determinado no Decreto Estadual No 63.911, de 10 de dezembro de
2018 (SÃO PAULO, 2018h).
Este decreto visa:

I. A vida dos ocupantes das edificações e áreas de risco, em caso de


incêndio e emergências, deve ser prioritariamente protegida;
II. Estimular a utilização de materiais de baixa inflamabilidade com a
finalidade de restrição da propagação de incêndio, reduzindo riscos
tanto ao meio ambiente quanto ao patrimônio;
III. Disponibilização dos meios mínimos de controle do incêndio nos
locais de risco;
IV. A redução de danos, obtida com melhor resultado no início e na
contenção da propagação do incêndio;
V. A estruturação das edificações de modo a viabilizar o acesso e o
desenvolvimento do atendimento das situações de emergências;
VI. Viabilizar as operações de atendimento de emergências;
VII. Ininterrupção dos serviços nas edificações ou áreas de risco;
VIII. Alcance do fiel cumprimento das medidas de segurança contra
incêndios através da distribuição de competências;
IX. Incentivar a cultura prevencionista de segurança contra incêndio.

As medidas de segurança prevista no Decreto No 63.911 são aplicáveis


às edificações e áreas de risco devendo ser observadas em caso de
construção de novas edificações ou áreas de risco, como também qualquer
reforma, ampliação ou mudança destas.
39

O decreto atribui ao Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de


São Paulo (CBPMESP) a responsabilidade pelas vistorias técnicas de
regularização ou de fiscalização, das medidas de segurança previstas nele ,
excluindo-o e eximindo-o da instalação, comissionamento, teste, manutenção
ou utilização indevida. Já por outro lado impõe a obrigação ao responsável
técnico da adoção e instalação das medidas de segurança e o
dimensionamento (SÃO PAULO, 2018h).
Para o dimensionamento e adoção das medidas de segurança contra o
incêndio são levadas em considerações os fatores, tais como: uso, altura da
edificação, carga de incêndio dos materiais utilizados na construção da
edificação ou no uso desta, tamanho da edificação, capacidade de lotação e
também quaisquer outros riscos especiais que o uso ou utilização
apresentarem.
Para determinação das medidas de segurança contra incêndio e
classificação das áreas de risco, faz-se necessária a consulta no Decreto No
63.911 no anexo A (SÃO PAULO, 2018h).

2.4.1. Medidas de segurança e normas técnicas

O Decreto Estadual No 63.911, de 10 de dezembro de 2018 define quais


são as medidas de segurança que podem e devem ser adotadas pelos
proprietários ou responsáveis. Por sua vez é o CBPMESP responsável pela
definição dos requisitos técnicos que devem ser observados na implementação
de tais medidas. Na Quadro 4, encontra-se algumas das medidas de
segurança e suas respectivas normas técnicas.

_________________________________________
1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
40

Quadro 4: Relacionamento das medidas de segurança contra incêndio e respectivas instruções técnicas do Corpo de
Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo

Requisito Instrução técnica (IT)


Acesso de viaturas às edificações e áreas de risco IT 06
Segurança estrutural contra incêndio IT 08
Controle de materiais de acabamento e revestimento IT 10
Saídas de emergência IT 11
Carga de incêndio IT 14
Brigada de incêndio IT 17
Iluminação de emergência IT 18
Alarme de incêndio IT 19
Sinalização de emergência IT 20
Extintores de incêndio IT 21
Hidrantes e mangotinhos IT 22
Fonte: O Autor (2021)
41

3. MATERIAIS E MÉTODOS

O desenvolvimento do trabalho foi dividido em três partes.


Primeiramente fez-se a revisão da literatura disponível sobre temas
relacionados aos incêndios e métodos de combate/prevenção. A segunda parte
consistiu na obtenção de dados através de visitação ao local. A terceira e
última foi a consulta das normas pertinentes para verificação do
dimensionamento do sistema de combate ao incêndio disponível no local.
A empresa Soluções Plásticas aqui utilizado é de denominação fictícia.
Ela se encontra localizada na cidade de Salto em um condomínio comercial
com um total de 8 galpões.
Os dados referentes ao tamanho da edificação, o uso e a quantidade de
funcionários foram obtidos diretamente, de forma verbal, com um dos
responsáveis por todas as operações da empresa. A parte térrea da edificação
possui área de 600 m2 e a parte superior tem mais 100 m2, compondo um total
de 700 m2. Neste edificação desenvolve-se atividades de termoformagem e
administrativas, possuindo 14 funcionários em sua totalidade.
Os materiais de campo utilizados foram: câmara fotográfica comum de
aparelho celular, trena para medição de distâncias e dimensões e um caderno
de anotação. A atividade foi acompanhada pelo respectivo responsável, citado
anteriormente, e foi suficiente apenas uma visitação do local para obtenção dos
dados. Durante a visitação foram tiradas fotos dos itens componentes do
sistema de segurança e combate ao incêndio e com o auxílio da trena mediu-
se as dimensões estruturais do sistema de segurança e combate ao incêndio e
no caso específico dos extintores, mediu-se a distância do solo.
Após a obtenção dos dados, realizou-se um levantamento das normas
que regem o assunto, relacionadas na Figura 8.

_________________________________________
1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
42

Figura 8: Fluxograma das normas para realização do trabalho

Fonte: O Autor (2021)

A consulta na IT 14 foi realizada para definição das cargas de incêndios


relativas a atividade e edificação. Seguida do Decreto Estadual 63.911 do
Estado de São Paulo para definição das medidas de segurança a serem
adotadas.
43

O dimensionamento das medidas de segurança exigidas pelo decreto,


foi verificado de acordo com as instruções técnicas respectivas, como já
esclarecido na Quadro 4.

_________________________________________
1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o
que dá ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
44

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Por estar localizada em um condomínio comercial, o sistema de prevenção e


combate a incêndio já havia sido instalado, porém seu dimensionamento foi feito de
forma a atender de forma genérica as atividades, não tendo assim nenhuma
correlação com a atividade de termoformagem desenvolvida pela empresa. Desta
forma, a visita ao local de estudo foi realizada com a finalidade de checar a
compatibilidade entre o sistema de combate e prevenção a incêndio e a atividade
corrente na edificação.
Na Figura 9 segue uma planta ilustrativa da empresa Soluções Plásticas.

Figura 9: Planta ilustrativa da edificação

Fonte: O Autor (2021)

Para posterior discussão, a área da Figura 9 marcada em A1 será


denominada de área 1 e corresponde ao espaço onde ocorre a atividade de
termoformagem. A área 1 tem em sua totalidade 600 m2. Já a área A2 corresponde
ao escritório, composto de um pavimento inferior e um pavimento superior, com área
de 100 m2.
45

4.1. DEFINIÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA INCENDIO

Através da consulta do anexo A do Decreto Estadual No 63.911, de 10 de


dezembro de 2018, não foi possível definir a carga de incêndio relativa a atividade
de modelagem plástica. Desta forma, consultou-se a IT 14 de 2011 que estabelece
as cargas de incêndio nas edificações e áreas de risco. Então com esta consulta,
verifica-se que a área A1 é classificada como ocupação de uso industrial com carga
de 1000 MJ/m2. Em relação ao escritório contido na parte da frente da edificação,
verifica-se segundo a IT 14 que o uso/ocupação é de serviço profissional com carga
de incêndio de 700 MJ/m2 (Quadro 5).

Quadro 5: Carga de incêndio, segundo Instrução Técnica 14, conforme uso preponderante da edificação

Uso/ocupação Descrição Divisão Carga de incêndio (MJ/m2)


Industrial Artigos de plástico em I-2 1000
geral
Serviço Escritórios D-1 700
profissional
Fonte: SÃO PAULO (2018c)

Ainda, segundo a IT 14, as atividades de termoformagem e de escritório são


consideradas de médio risco, pois a carga de incêndio é equivalente a 1.000 MJ/m2
e 700 MJ/m2 respectivamente (Quadro 6).

Quadro 6: Classificação das classes de risco de acordo com a carga de incêndio

Risco Carga de incêndio (MJ/m2)


Baixo Até 300
Médio De 300 até 1200
Alto Acima de 1200
Fonte: SÃO PAULO (2018c)

A classificação da edificação em relação à altura é feita de acordo com o


Decreto Estadual No 63.911 (Quadro 7).

_________________________________________
1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o que dá
ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
46

Quadro 7: Classificação das edificação quanto à altura

Tipo Denominação Altura


I Edificação térrea Um pavimento
II Edificação baixa ≤ 6,0 m
III Edificação de baixa-média 6,0 m < H ≤ 12,0 m
altura
IV Edificação de média altura 12,0 m < H ≤ 23,0 m
V Edificação média alta 23,0 m < H ≤ 30,0 m
VI Edificação alta > 30,0 m
Fonte: SÃO PAULO (2018h)

A edificação em estudo possui pé direito de 8,0 m, de acordo com a Quadro 7


ela pode ser classificada de edificação de baixa-média altura.
Como a edificação e sua utilização para a atividade de termoformagem data
de período posterior ao respectivo Decreto, podemos verificar quais são as
exigências das medidas de segurança contra incêndio na Quadro 5 do respectivo
decreto. A área da edificação é inferior a 750,0 m2, portanto as medidas de
segurança a serem adotadas estão de acordo com o Decreto Estadual No 63.911
(Quadro 8).
De acordo com a Quadro 8, as medidas de segurança que devem ser
adotadas para as áreas 1 e 2 são: saídas de emergência, iluminação de
emergência, sinalização de emergência e a presença de extintores.
47

Quadro 8: Medidas de segurança a serem adotadas para edificações com área menor ou igual a 750 m2 e altura inferior ou
igual a 12,0 m, para edificações da Divisão I e D, segundo Anexo A do Decreto Estadual No 63.911

Medidas de segurança contra Divisão D Divisão I


incêndio
Controle de materiais de Ausente Ausente
acabamento
Saídas de emergência Presente Presente
Iluminação de emergência Presente 1 Presente 1
Sinalização de emergência Presente Presente
Extintores Presente Presente
Brigada de incêndio Ausente Ausente
Gerenciamento de risco de Ausente Ausente
incêndio
Controle de fumaça Ausente Ausente
1 – somente para as edificações com mais de dois pavimentos
Fonte: SÃO PAULO (2018h)

4.2. SAÍDAS DE EMERGÊNCIA:

O dimensionamento das saídas de emergência foi realizado de acordo com a


IT 11 do CBPMESP de 2018.

1o Cálculo da população: primeiramente tem-se o cálculo da população de


acordo com área da edificação e o coeficiente C (população) contido na Quadro 1 do
Anexo A da IT 11. O cálculo da população foi realizado para a área 1 (A1) e para a
área 2 (A2).

 População A1:

PopulaçãoA1 = área 1 / população I


População A1 = (600 m2) / (10 m2)
População A1 = 60 pessoas

_________________________________________
1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o que dá
ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
48

 População A2:

PopulaçãoA2 = área 2 / população D


PopulaçãoA2 = (100 m2) / (7 m2)
PopulaçãoA2 = 15

2o Dimensionamento das saídas: as saídas de emergência devem ser


dimensionadas de acordo com o número de pessoas que por elas devem transitar
em caso de incêndio. As unidades de saída da área 1 e da área 2 são
dimensionadas de acordo com o Item 5.4 da IT 11:

N = P/C

Onde: N = número de unidades de passagem (arredondado para número


imediatamente superior);
P = população conforme coeficiente da Quadro 1 do Anexo A da IT 11;
C = capacidade da unidade de passagem conforme Quadro 1 do Anexo
A da IT 11.

O dimensionamento da saída da área 1 segue os requisitos para atividade I,


enquanto que para o escritório é seguido as recomendações D. A saída da área 1 é
realizada pelo portão localizado na frente da edificação, com comprimento de 5,0 m.
Por outro lado, a área 2 utiliza como saída a porta, que dá acesso também a rua. A
largura da porta é de 0,6 m.
De acordo com a IT 11, a saída para a área 1 apresenta capacidade de
unidade de passagem de 100 (C = 100). Portanto:

NA1 = 60 / 100
N A1 = 0,60

Após o arredondamento temos N = 1 unidade de passagem para as saídas de


emergência. O dimensionamento das larguras das saídas é obtido através da
multiplicação de seu respectivo N pelo fator 0,55 determinado na IT 11. Caso a
largura seja menor que 1,2 m (também estabelecido pela IT 11), adota-se esta
49

largura de saída. Como N x 0,55 < 1,2 m, tem-se que a largura da saída deve ser de
1,2 m. Esta condição deve ser observada no local mais estreito de saída. A área 1
possui um portão com 5,0 m de comprimento (Figura 10), portanto atende as
especificações técnicas.

Figura 10: Saída de emergência área 1

Fonte: O Autor (2021)

Já para o escritório, a saída de emergência compreende a escada imagem A


e a parta de saída à rua imagem B da Figura 11. Os coeficientes de capacidade de
passagem são de 75 e 100 para escada e porta respectivamente, conforme Quadro
9.

Quadro 9: Cálculo da quantidade da unidade de passagem para o escritório (A2) conforme sua capacidade de passagem (C) e
população, obtidos através da IT 11

Capacidade Unidade de
unidade de População / C passagem (N)
passagem (C)
Escada 75 0,2 1
Porta 100 0,15 1
Fonte: O Autor

_________________________________________
1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o que dá
ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
50

Figura 11: Saída de emergência da área 2

Fonte: O Autor (2021)

Primeiramente para a escada fazendo a multiplicação N x 0,55 de acordo com


o Item 5.4, que trata do dimensionamento das saídas de emergência, da IT 11 temos
que a largura de dimensionamento é de 0,55 m, portanto não é maior que os 1,2 m
determinados pela instrução. Na verificação do local, a escada que liga a parte
superior da área 2 à saída da edificação possui 1,16 m estando portanto com uma
ligeira diferença. Outra ressalva a ser levada em consideração é que os degraus tem
largura de 29 cm por 19 cm de altura. A altura máxima deve ser ainda segundo a IT
11 igual a 18,5 cm. Ainda se levarmos em consideração a IT 11 eles poderiam ter no
máximo 26 cm de largura. Este dimensionamento levou em consideração a seguinte
fórmula:

63 cm ≤ (2h + b) ≤ 64 cm

Onde: h = altura do degrau;


b = largura do degrau.

Em relação à saída da área 2, tem-se duas portas de largura de 0,83 m para


serem transpostas pelas pessoas que estão no pavimento superior. Estas devem
obedecer ao dimensionamento 1 x 0,55 resultando em 0,55 m de largura. Porém
51

conforme Item 5.5.4 da IT 11, a largura mínima da porta de saída de emergência


deve possuir 0,80 m. Portanto a verificação local constatou que as portas de saída
da área 2 estão de acordo com a exigência legal.

3o Saídas dos pavimentos: a área 2 possui um segundo andar. Portanto, faz-


se necessária a utilização saída de emergência e escadas sendo que a quantidade
destas presentes nos pavimentos dependa da distância a ser percorrida conforme
Quadro 10.

Quadro 10: Distâncias máximas a serem percorridas nas edificações de acordo com a divisão por grupos, ausência de
chuveiros automáticos, quantidade de saídas e sistema detector de fumaça

Sem chuveiros automáticos


Divisão por grupo Saída única
Sem detecção de fumaça
de saída da 40 m
D-1 Andares edificação
dos demais 30 m
de saída da 40 m
I-1 Andares edificação
dos demais 30 m
Fonte: SÃO PAULO (2018b)

A escada da parte superior da área 2 está a menos de 30 m de qualquer


usuário do escritório, estando portanto em conformidade em relação a sua
localização. Ainda os tipos de escadas que a edificação deve possuir são definidos
pela Quadro 3 no Anexo C da IT 11. Eles são adotados em função da divisão por
grupo da atividade e da altura da edificação. No caso da edificação, a área 2 é a
única que possui escada. Portanto seu tipo deve ser dado como consta na Quadro
11.
Como a escada exigida pela IT 11 é do tipo não enclausurada, a escada que
se encontra instalada no local está em conformidade com as exigências legais.

_________________________________________
1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o que dá
ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
52

Quadro 11: Tipo de escada utilizada para saída em função da divisão por grupo da atividade e da altura da edificação

Dimensão Altura em metros


Ocupação 6 < H ≤ 12,0
Grupo Divisão
D D-1 NE
NE: escada não enclausurada (escada comum)
Fonte: SÃO PAULO (2018b)

4.3. ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA:

De acordo com a IT 18 de 2018, as fontes de energia para alimentação do


sistema de iluminação de emergência podem ser alimentadas por Grupo
Motogerador (GMG), através de um sistema centralizado de baterias ou autônomo.

1 o Iluminação de emergência de aclaramento: a IT 18 estabelece que locais


com área igual ou inferior a 50 m2 e população inferior a 50 (obtida através da IT 11)
não é necessária a presença de iluminação de emergência, desde que as saídas
esteja diretas par o corredor.
Para a instalação da iluminação de emergência de aclaramento deve-se
observar que a distância máxima dos pontos de iluminação de aclaramento não
deve ser superior a 15 m e 7,5 m da parede.
Para a área 1 com população local de 65 pessoas, faz-se obrigatória a
iluminação de emergência. Verifica-se que elas estão instaladas nas vigas de aço do
telhado, voltadas para baixo, não distando mais do que 15 metros uma das outras.
Estando portanto de acordo o que se determina na IT 18. Talvez o problema seja
que essa iluminação esteja instalada na parte superior da edificação, estando
distante do chão não iluminando-o em caso de incêndio. Porém como nota-se na
Figura 12, as telhas de metal do telhado são intercaladas com telhas transparentes.
Para a área 2, com área maior que 50 m2, a iluminação de emergência de
aclaramento está instalada no acesso à escada. Esta por sua vez possui dois locais
com iluminação (Figura 13), não distando mais que 15 m uma da outra. Já a parte
inferior do escritório possui menos que 50 m2 de área e como a população da área 2
no total é de 15 pessoas não há, segundo a IT 18, a necessidade de iluminação de
aclaramento.
53

Figura 12: Telhado com telhas de metal intercaladas com telhas transparentes

Fonte: O Autor (2021)

Figura 13: Localização da iluminação de emergência na parte superior do escritório

Fonte: O Autor (2021)

Todas as luminárias de iluminação de emergência utilizam fontes autônomas


de bateria.
_________________________________________
1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o que dá
ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
54

As luminárias de emergência utilizadas no estabelecimento são da marca


Artek, com fluxo luminoso baixo de 55 lm e alto de 100 lm (Figura 14).

Figura 14: Luminária de emergência

Fonte: Artek (2021)

Não foi possível verificar a intensidade luminosa no local em situação de uso


da iluminação de emergência.

4.4. SINALIZAÇÃO DE EMERGÊNCIA:

A sinalização de emergência deve ser utilizada com a finalidade de:


diminuição do risco de incêndio, proibição do uso de determinados materiais que
podem aumentar o risco de incêndios em determinados locais, alertar as pessoas as
áreas que possuem materiais com risco de incêndios ou explosão e orientação das
pessoas até locais mais seguros nos casos de evacuação.
O estudo no local verificou a presença de sinalização de emergência por toda
a edificação. Na Figura 15 encontra-se o sistema de sinalização de emergência da
área 1. Como é possível perceber na Figura 15 A, o sistema de alarme possui
acionamento manual. Foi notado que em toda a área 1 não há sinalização de
55

proibição ou alerta em nenhum lugar. O único aviso de proibição encontrado na


edificação encontra-se na parte térrea da área 2 (Figura 16 B).

Figura 15: Sinalização emergência área 1

Fonte: O Autor (2021)

Figura 16: Sinalização de emergência na área 2

Fonte: O Autor (2021)

_________________________________________
1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o que dá
ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
56

4.5. EXTINTORES:

A adoção de um sistema de prevenção e combate a incêndio com extintores


deve fazer o uso adequado das classes extintores e de sua capacidade extintora
com os riscos provenientes das atividades e dos locais de uso.
A verificação contou de um checklist realizado no local para averiguar se o
sistema de extintores está adequado.
A constatação local para atendimento da IT 21 verificou que havia a presença
de extintores por todas as áreas (Quadro 12).

Quadro 12: Quantificação e qualificação do sistema de extintor de incêndio nas áreas 1 e 2

Área Carga extintora Quantidade Capacidade extintora


Pó químico BC 4 20 - BC
A1 CO2 1 5 –BC
Água 3 2–A
A2 Pó químico BC 2 20 – BC
Água 2 2-A
Fonte: O Autor (2021)

De acordo com o risco da atividade (médio) o operador não deve percorrer


uma distância máxima para alcançar o extintor: segundo a IT 21 as distâncias
máximas a serem percorridas para que o operador possa alcançar extintores
portáteis são dadas conforme a Quadro 13.

Quadro 13: Distância máxima a ser percorrida (m) em função do risco de incêndio da atividade

Classificação risco Distância (m)


Baixo 25
Médio 20
Alto 15
Fonte: SÃO PAULO (2018f)

A classificação, tanto da área 1 quanto da área 2, classifica as atividades


desenvolvidas nestes locais como de médio risco de incêndio. Portanto para
qualquer uma das áreas a distância máxima é de 20 m.
A verificação no local constou que as distâncias estão em conformidade.
57

 Os agentes extintores devem ter ponto de fixação na parede no máximo de


1,6 m do piso ou quando localizados no chão, sua parte inferior deve distar no
mínimo a 0,10 m do chão: a verificação constou que os extintores que estavam
fixados na parede, tinham os seus pontos de fixação em conformidade com a IT 21.
Porém na área 1 havia a presença de 4 extintores localizados no chão sendo que
um extintor não possuía suporte (Figura 17). Os outros três estavam em
conformidade.

 Os extintores devem ser localizados em locais acessíveis e disponíveis para o


emprego imediato em princípios de incêndio: na área 1 foi verificado que o acesso
não estava completamente desobstruído Figura 18.

Figura 17: Presença de extintor em desconformidade com a IT 21

Fonte: O Autor (2021)

_________________________________________
1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o que dá
ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
58

Figura 18: Caminho obstruído ao acesso dos extintores na área 1

Fonte: O Autor (2021)

 Todos os pavimentos devem ser protegidos por, no mínimo, 2 extintores, na


proporção de uma unidade para a classe A e outra para a classe B e C: o
estabelecimento atendia em sua totalidade esta exigência. Em relação a área 2, o
estabelecimento possui para ambos pavimentos 1 unidade para classe A e outra
para classe B e C.
Os extintores devem ser adequados à classe de incêndio predominante
dentro da área de risco a ser protegida, de forma que sejam intercalados na
proporção de dois extintores para o risco predominante e um para proteção de risco
secundário: em relação a essa exigência apenas na área 1 havia uma proporção, de
5:3, maior de extintores para classe B e C do que para A. Porém esta diferença pode
ser justificada se for levado em consideração que a atividade de termoformagem,
embora produza produtos plásticos que servem de combustível sólido (classe B),
trabalha com máquinas que operam em altas temperaturas e são alimentadas por
energia elétrica. O que está em conformidade com a IT 21.
59

 Deve ser instalado, pelo menos um extintor, a não mais de 5 m da entrada


principal, das escadas e demais pavimentos: foi verificado que para a área 1 os
extintores estão a menos de 5 m quando a entrada ocorre pela área 2. Porém em
relação a entrada do portão os extintores mais próximos são os que estão na saída
da área 2 (Figura 19).
Pela Figura 19 A, pode-se notar a além da obstrução ao acesso do sistema
de hidrantes, a ausência de sistema extintor. Estes estão presentes na Figura 19 B
localizados próximos à saída do escritório. Eles distam de aproximadamente 7,0
metros da entrada principal da área 1.

Figura 19: Verificação da presença de extintores próximos às entradas na área 1

Fonte: O Autor (2021)

Já os extintores localizados na área 2 (Figura 20), estão a menos de 5 m da


entrada e da escada de acesso ao pavimento superior.
Figura 20: Verificação da presença de extintores próximos às entradas na área 2

Fonte: O Autor (2021)

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1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o que dá
ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
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4.6. SISTEMA DE HIDRANTES

Embora não tenha sido exigido como medida de segurança contra incêndio a
presença de hidrantes ou mangotinhos no estabelecimento, tem-se dois sistemas de
hidrantes na parte interior da edificação. Este sistema de hidrantes é alimentado
pela caixa da água de volume de 70 m3 presente no condomínio Figura 21.

Figura 21: Sistema de hidrantes alimentados por caixa da água de uso exclusivo do sistema

Fonte: O Autor (2021)


61

5. CONCLUSÕES

Através do presente estudo foi possível concluir que a atividade desenvolvida


no local encontra-se praticamente em conformidade com as exigências legais de
segurança contra incêndios. Alguma inconformidades foram encontradas em relação
ao posicionamento do sistema de extintores de incêndio, falta de sinalização de
proibição e de atenção para instrução dos usuários. A escada que permite os
usuários da parte superior do escritório saírem em situação de emergência não tem
dimensões em conformidade com o exigido.
Ainda é necessário a atenção por parte do pessoal da empresa em relação a
desobstrução do caminho para acesso aos sistemas de extintores e hidrantes.

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1Citaçãoé a menção no texto de informações ou pontos de vista de outros pesquisadores, o que dá
ênfase aos aspectos abordados e contribui para a credibilidade do trabalho.
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REFERÊNCIAS

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ARAÚJO, F. A. G. Prevenção e combate a incêndios. Curso Técnico de


Segurança no Trabalho - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia. Porto
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BECKER, S. C. Dimensionamento de sistemas hidráulicos de combate a


incêndio. Monografia de especialização - Universidade Federalde Santa Maria.
Santa Maria - RS, 2005.

BITTENCOURT, C. Elaboração de um plano de prevenção e combate a


incêndios: estudo de caso em uma edificação residencial. Universidade do Sul
de Santa Catarina - UNISUL, 2017.

FAGUNDES, F. Plano de prevenção e combate a incêndios: Estudo de caso em


edificação residencial multipavimentada. Universidade regional do Noroeste do
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ABNT NBR. ABNT NBR 15808 - Extintores de incêndio portáteis . pág. 11–30.
Brasil, 2017.

NFPA. Nfpa 10 - Extintores Portatiles Contra IncendiosNormativa Extintores


Pórtatiles, 2009.

OLIVEIRA, T. Z. Do Domínio do fogo à ciência química: um estudo sobre os


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mistérios da matéria na história da humanidade. Salão do Conhecimento -


UNIJUI. Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul -
UNIJUI. 2015.

PANNONI, F. D.; ONO, R.; SILVA, V. P. A segurança contra incêndio no Brasil.


Projeto Editora. São Paulo, 2008. DOI: 10.13140/2.1.1133.5680

SÃO PAULO, 2018 a. Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São


Paulo. Instrução Técnica No 02 / 2018 Conceitos básicos de segurança contra
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SÃO PAULO, 2018 b. Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São


Paulo. Instrução Técnica No 11 / 2018 Saídas de Emergência. São Paulo, 2018 b.

SÃO PAULO, 2018 c. Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São


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Áreas de Risco. São Paulo, 2018 c.

SÃO PAULO, 2018 d. Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São


Paulo. Instrução Técnica No 18 / 2018 Iluminação de Emergência. São Paulo,
2018 d.

SÃO PAULO, 2018 e. Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São


Paulo. Instrução Técnica No 20 / 2018 Sinalização de Emergência. São Paulo,
2018 e.

SÃO PAULO, 2018 f. Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São


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Incêndio. São Paulo, 2018 f.

SÃO PAULO, 2018 g. Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São

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Paulo. Instrução Técnica No 22 / 2018 Sistemas de hidrantes e Mangotinhos


para Combate a Incêndio. São Paulo, 2018 g.

SÃO PAULO (ESTADO). Coletânea de Manuais Técnicos de Bombeiros. São


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SÃO PAULO, 2018 h. Ficha Informativa DECRETO No 63.911, DE 10 De


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