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SANIELE SIQUEIRA SANTOS

SISTEMA DE TRATAMENTO CONVENCIONAL PARA A


OBTENÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL

LAURO DE FREITAS
2021
SANIELE SIQUEIRA SANTOS

SISTEMA DE TRATAMENTO CONVENCIONAL PARA A


OBTENÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL

Projeto apresentado ao Curso de Engenharia


Química da Instituição UNIME-União
Metropolitana de Educação e Cultura.

Orientador: Josiane Hernandes

Lauro de Freitas
2021
SANIELE SIQUEIRA SANTOS

SISTEMA DE TRATAMENTO CONVENCIONAL PARA A


OBTENÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Instituição UNIME-União Metropolitana de
Educação e Cultura, como requisito parcial
para obtenção do título de graduado em
Engenharia Química.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Mestre Andréa Cirino Rezende

Prof(a). Especialista Ana Rosa de Carvalho


Tomasine

Prof(a). Mestre Marco Antônio Borba Araújo


Dedico este trabalho a minha família, e a
todos que me incentivaram para a
conquista da graduação tão sonhada.
AGRADECIMENTOS

Ao iniciar trago a certeza de que os agradecimentos a seguir não irão atender


a todas as pessoas que fizeram parte dessa importante etapa da minha vida.
Portanto, desde já peço desculpas àquelas que não estão presentes entre essas
palavras, mas que com certeza fazem parte do meu pensamento e gratidão.
Primeiramente agradeço a Deus, pela oportunidade, sabedoria e força que
me foram concedidos para que eu trilhasse meu caminho.
Agradeço a todos os colegas e amigos, pelo apoio, compreensão,
descontração e companheirismo em especial a Emanuella Gleiciane, Izabela Naira,
Gisele Melo, e Denyse Sena.
Ao meu namorado Alex Gonçalves, e meus amigos da faculdade que
incentivaram e apoiaram em minha caminhada, amigos esses Lucas Pacheco, Bruna
Saba e Flávio.
Aos docentes Ronei Badaró, Marcia Ramos, e Ana Rosa Tomacine por terem
demonstrado e simplificado o processo de aprendizagem. Obrigada pela paciência,
atenção, e compreensão que me foram dedicados.
Por fim, mas não menos importante, a minha mãe Irene, e minhas irmãs Sany
Gabriele e Samile pelo apoio dado que com certeza seria muito difícil ter continuado
sem eles.
"Sua meta é ser o melhor do mundo naquilo
que você faz, não existem alternativas."

Vicente Falconi
SANTOS, Saniele Siqueira. Sistema de tratamento convencional para a
obtenção de água potável para o consumo humano. 2021. Número total de
folhas 36. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Química) –
UNIME-União Metropolitana de Educação e Cultura, Lauro de Freitas, 2021.

RESUMO

O emprego de equipamentos e etapas para tratar água são definidos de acordo com
a qualidade da água crua sem tratamento. O processo de tratamento convencional
aplica-se para obtenção da água potável pela simplificação e o baixo custo de
tratamento através das etapas coagulação, floculação, decantação, filtração e
cloração, objetivando reduzir ou eliminar os contaminantes da água a níveis
aceitáveis. Para promover o entendimento do processo de tratamento da água
convencional, realizou-se uma revisão bibliográfica visando a descrever as etapas
do processo, os parâmetros monitorados para avaliar a eficácia do tratamento, as
especificações que foram estabelecidas pelo Órgão nacional que normatiza os
limites máximos de contaminantes, e as doenças vinculadas ao consumo da água
não potável. Logo constatou-se que os contaminantes presentes na água e que
puderam causar doenças, podem advir de diversas fortes de contaminação, como
efluentes industriais e do próprio processo de tratamento de água quando não
controlado.

Palavras-chave: Estação de Tratamento de Água Convencional; Potabilidade;


Qualidade da Água.
SANTOS, Saniele Siqueira. Conventional treatment system for obtaining
drinking water for human consumption. 2021. Número total de folhas 36.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Química) – UNIME-
União Metropolitana de Educação e Cultura, Lauro de Freitas, 2021.

ABSTRACT

The use of equipment and steps to treat water are defined according to the quality of
raw water without treatment. The conventional treatment process is applied to obtain
drinking water by simplification, and the low cost of treatment through the stages of
coagulation, flocculation, decantation, filtration and chlorination, aiming to reduce or
eliminate contaminants in water to acceptable levels. In order to promote the
understanding of the conventional water treatment process, a bibliographic review
was carried out to describe the stages of the process, the parameters monitored to
assess the effectiveness of the treatment, the specifications that were established by
the national body that regulates the maximum limits of contaminants, and diseases
linked to the consumption of non-potable water. Soon it was found that the
contaminants present in the water and that could cause diseases, can come from
several strong contamination, such as industrial effluents and the water treatment
process itself when not controlled.

Keywords: Conventional Water Treatment Station; Potability; Water quality.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Esquema de Estação de Tratamento de Água Convencional ................ 14


Figura 2 – Radioativos VMP .................................................................................... 15
Figura 3 – Agregação das partículas coloidais na floculação .................................. 16
Figura 4 – Equipamento Jar test.............................................................................. 17
Figura 5 – Exemplo de Estrutura do Sistema de Filtração ...................................... 18
Figura 6 – Características hidrobiológicas na água ................................................. 23
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Produtos utilizados na coagulação......................................................... 15


Tabela 2 – Limites Recomendados para a Concentração do Íon Fluoreto .............. 19
Tabela 3 – Inorgânicos: VMP, efeitos potenciais a saúde e fontes de contaminação
................................................................................................................................. 24
Tabela 4 – Orgânicos: VMP, efeitos potenciais a saúde e fontes de contaminação
................................................................................................................................. 26
Tabela 5 – Agrotóxicos, VMP, efeitos potenciais a saúde e fontes de contaminação
................................................................................................................................. 27
Tabela 6 – Desinfetantes e Produtos Secundários de Desinfecção: VMP, efeitos
potenciais a saúde e fontes de contaminação.......................................................... 28
Tabela 7 – Cianotoxinas VMP.................................................................................. 29
Tabela 8 – Radioativos VMP ................................................................................. 30
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Doenças relacionadas com a água .......................................................31


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária


ETA Estação de Tratamento de Água
VMP Valor Máximo Permitido
MS Ministério da Saúde
pH Potencial Hidrogêniônico
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 13
2. SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA CONVENCIONAL ....................... 14
2.1 COAGULAÇÃO ............................................................................................. 14
2.2 FLOCULAÇÃO ............................................................................................. 16
2.3 DECANTAÇÃO ............................................................................................. 17
2.4 FILTRAÇÃO .................................................................................................. 18
2.5 DESINFECÇÃO ............................................................................................ 19
2.6 FLUORETAÇÃO ........................................................................................... 19
3. CARACTERISTICAS DE QUALIDADE DA ÁGUA TRATADA ................... 21
3.1 CARACTERISTICAS FÍSICAS DE QUALIDADE .......................................... 21
3.2. CARACTERISTICAS QUÍMICA DE QUALIDADE ........................................ 22
3.3 INDICADORES BACTERIOLÓGICOS.......................................................... 24
4. DOENÇAS TRANSMITIDAS PELO CONSUMO DE ÁGUA NÃO POTÁVEL
...................................................................................................................... 21
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 34
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 35
13

INTRODUÇÃO

A escassez de água potável no Brasil e no mundo se deu pela poluição e


distribuição irregular. Uma água potável não oferece riscos à saúde humana quando
ingerida, usada na preparação de alimentos, e na higiene pessoal; e o emprego de
um processo adequado para a realização do tratamento da água se faz necessário.
Para adequar uma água bruta á especificações de potabilidade, deve-se
programar uma tecnologia de tratamento. A escolha do sistema de tratamento cada
vez torna-se mais complexa em decorrência dos diversos contaminantes presentes
na água, o que aumentou a rigidez nos limites de especificações estabelecidas pelas
normas governamentais.
As estações de tratamento de água são processos que foram estabelecidos
para a redução ou eliminação dos contaminantes presentes na água a níveis
aceitáveis, e o emprego de equipamentos e etapas são definidos de acordo com a
qualidade da água crua sem tratamento.
Considerando a má qualidade e a disponibilidade da água, esta pesquisa
apresentará respostas a seguinte problemática: quais as etapas do tratamento
convencional para que se consiga alcançar os parâmetros mínimos de potabilidade
da água para o consumo humano?
O objetivo geral do presente trabalho foi descrever o processo de tratamento
convencional, que pode ser aplicado para a obtenção de água potável para o
consumo humano. Os objetivos específicos foram: descrever o processo de
tratamento dito convencional para adequação da água ao consumo humano;
detalhar os parâmetros da qualidade da água tratada e listar as principais doenças
causadas pelo consumo de água não potável.
O tipo de pesquisa realizado neste trabalho foi uma Revisão literária, no qual
foi realizada consulta a livros, dissertações, manuais técnicos e artigos científicos
selecionados através de buscas nas seguintes bases de dados: “scielo”,
“catalogodeteses” e “scholar”. O período dos artigos pesquisados foram os trabalhos
publicados nos últimos 10 anos. As palavras-chave utilizadas na busca foram:
Estação de Tratamento de Água Convencional; Potabilidade; Qualidade da Água.
14

2. SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA CONVENCIONAL

Para cada finalidade da água, têm-se exigências de padrões diferentes


baseando-se na qualidade e quantidade de água disponível. Quando sem
interferência humana, a água recebeu contribuições provenientes das alterações
naturais do meio ambiente, como o desgaste do leito de rochas, que ocorreu por
meio de processos atmosféricos da evapotranspiração, deposição de poeira pela
lixiviação natural de matéria orgânica e nutrientes do solo, por fatores hidrológicos, e
pela ação de organismos biológicos no ambiente aquático que puderam alterar a
composição química e física da água (BITTENCOURT; PAULA, 2014).
Deve-se considerar que a interferência humana alterou a composição da água
com substâncias com grau de dificuldade para a remoção superior ao de
substâncias provenientes da decomposição natural do meio ambiente, o que fez
necessário a utilização de técnicas de tratamento para possibilitar a retomada de
qualidade da água para fins de consumo humano (BITTENCOURT; PAULA, 2014).
Das diversas técnicas de tratamento de água para o abastecimento público,
destaca-se no Brasil aquela denominada tratamento convencional (HELLER;
PÁDUA, 2006). As estações de tratamento de água do tipo convencionais são um
conjunto de operações unitárias em série, e para que os processos a jusante da
etapa de coagulação possam ser operados de maneira adequada, faz-se necessário
que a sua operação ocorra em condições ideais (FERREIRA FILHO, 2017). O
tratamento do Tipo Convencional compõe-se das etapas coagulação, floculação,
decantação, filtração, desinfecção e fluoretação (RIPPE et al., 2020), conforme
pode-se observar na figura 1.
15

Figura 1- Esquema de Estação de Tratamento de Água Convencional

Fonte: Heller e Pádua (2006, p.561)

2.1 COAGULAÇÃO

Segundo Heller & Pádua (2006, p.527) “cor, turbidez, odor e diversos tipos de
contaminantes orgânicos e inorgânicos presentes na água associam-se a partículas
suspensas ou dissolvidas, requerendo a coagulação química da água facilitando a
remoção dessas impurezas”. A importância do processo de coagulação residiu no
fato de que um dos maiores objetivos do tratamento de águas, se fez a garantir a
produção de água tratada com características estéticas adequadas para o consumo
humano (FERREIRA FILHO, 2017).
O processo de coagulação constitui-se na primeira operação unitária que
compõe uma estação de tratamento de água (ETA) convencional (FERREIRA
FILHO, 2017). Ocorre-se pela formação de coágulos através da reação do
coagulante, de modo que ocorra um estado geral de equilíbrio eletrostaticamente
instável de partículas ocorresse dentro da massa líquida (SOUZA, 2007). Em uma
acepção abrangente, a coagulação consiste na alteração físico-química de
partículas coloidais de uma água, caracterizada principalmente por cor e turbidez
(RICHTER, 2009). Segundo Souza (2007, p.72), “um coagulante solúvel se hidrolisa
em partículas carregadas positivamente, anulando as cargas negativas dos coloides,
formando com eles os coágulos”.
16

Figura 2- Formação de partícula na Coagulação

COAGULANTE COLÓIDE
COM CARGA +
+ POSITIVA + - --
+ + -
+

Formação de partículas pela adição de


um coagulante

Fonte: Adaptado de Souza (2007, p. 72)

Os coagulantes metálicos mais comuns são o alumínio (Al3+) e ferro (na forma
de íon férrico, Fe3+) (DAVIS, 2016). Na tabela 1 apresentam-se os principais
produtos utilizados na etapa de coagulação.

Tabela 1- Produtos utilizados na coagulação

Fonte: Lira (2020, p. 56)

2.2 FLOCULAÇÃO

A etapa de floculação considera-se uma das mais importantes no processo de


tratamento de água (FERREIRA FILHO, 2017). A figura 3 demostra o que ocorre
logo após a coagulação, consistindo no agrupamento das partículas eletricamente
desestabilizadas que são os coágulos, de modo a formar outras maiores,
denominadas flocos (SOUZA, 2007).
17

Figura 3- Agregação das partículas coloidais na floculação

Fonte: Ferreira Filho (p.12, 2017)

Para o processo de floculação transcorrer de maneira satisfatória, necessita-


se garantir a desestabilização das partículas coloidais mediante uma correta
operação do processo de coagulação (FERREIRA FILHO, 2017). Um teste de
bancada denominado jar teste, têm suma importância para a operação da ETA, e
consiste no método mais utilizado, e o mais útil para avaliar o processo de
coagulação-floculação e seus efeitos nas fases subsequentes do tratamento:
decantação e filtração (RICHTER, 2009).
Segundo Souza o jar teste:

[...] consiste basicamente na disposição de certos volumes da água bruta


nos 6 recipientes do aparelho jar teste (Figura 4). Dentro desses béqueres,
são introduzidas palhetas que por vez se acoplam a um motor elétrico o
qual gira, forçando o giro das palhetas em uma rotação em torno de 100
RPM. A finalidade desse ensaio consiste em simular no laboratório, as fases
do processo de clarificação, ou seja, a mistura rápida, a floculação e a
decantação. O teste se inicia com a rotação mais elevada, simulando a
gradiente de velocidade da mistura rápida, quando se adiciona a solução de
sulfato de alumínio, com a concentração de 0,1%, o que corresponde a 1g
por litro; se utiliza doses previamente preparadas dentro da faixa de 5 a 50
mg/L, de modo crescente de 3 em 3 mg/L ou de 5 em 5 mg/L. Após a adição
do coagulante que deve ser feita de modo simultâneo, quando deve ser
mantida a agitação por 1 ou2 minutos, quando então diminui-se a rotação, o
que permitirá a formação dos flocos, em um período de 15 a 20 minutos,
desliga-se o motor, quando então inicia-se a decantação dos flocos por um
período de 10 a 30 minutos, ocasião em que se verificada qual o béquer
tem a água mais floculada, adotando-se a dosagem correspondente do
coagulante (2007, p. 66).
18

Figura 4: Equipamento jar teste

Fonte: Lana(2021)

A concentração da solução que apresentou o melhor resultado no teste de


jarro (maior floco e melhor sedimentação) aplica-se no sistema de tratamento de
água, configurando uma dosagem ótima de floculante, caracterizando pela formação
de boa coagulação e floculação (LIRA, 2014). Utiliza-se a equação abaixo para
injeção de sulfato de alumínio no sistema de tratamento de água:
q= Qxd (1)
C x 10
(1) q vazão para a aplicação da solução em L/h, Q vazão de tratamento do
sistema em m3/h, d dosagem do produto (concentração que teve melhor resultado
no triste de jarro), e C a concentração da solução do floculante usado no sistema
(LIRA, 2014).

2.3 DECANTAÇÃO

Processo dinâmico de separação das partículas sólidas de maior densidade


que a água que tenderam a cair devido a forças gravitacionais, se depositando no
fundo dos tanques decantadores com certa velocidade (SOUZA, 2007). Os tanques
de decantação (decantadores) normalmente são retangulares ou circulares, e o fluxo
da água radial ou ascendente (DAVIS, 2016).
A eficiência da Unidade de decantação diminui-se quando ocorre o mau
funcionamento das unidades de coagulação e foculação, o que pôde acontecer por
19

problemas operacionais, ou quando a água bruta se apresenta baixas com


concentrações de partículas (HELLER; PÁDUA, 2006).

2.4 FILTRAÇÃO

Por melhor que seja a operação das unidades de decantação, não se garante
a remoção de 100% das partículas coloidais presentes na fase líquida. Dessa
maneira, todas as partículas que não foram removidas na etapa de decantação, são
removidas no processo de filtração (FERREIRA FILHO, 2017).
Define-se a filtração como um processo físico-químico e em alguns casos,
biológico (filtros lentos) para a separação de impurezas em suspensão na água,
mediante sua passagem por um meio poroso (RICHTER, 2009). Os filtros de areia
podem ser lentos ou rápidos (DAVIS, 2016). Os filtros lentos são de baixa taxa de
filtração (2,4 a 9,6 m3 /m2) e os filtros rápidos de alta taxa de filtração (120 a 480 m 3
/m2) (SOUZA, 2007).

Figura 5- Exemplo de Estrutura do Sistema de Filtração

Fonte: Naturaltec(2021)

2.5 DESINFECÇÃO

A desinfecção da água tem caráter corretivo e preventivo. No primeiro caso


objetiva-se a eliminação de organismos patogênicos que puderam estar presentes
20

na água. Por outro lado, mantem-se o residual do desinfetante na água fornecida à


população, atuando preventivamente, caso tenha ocorrido uma contaminação na
rede de distribuição (HELLER; PÁDUA, 2006).
A desinfecção se faz pela adição de produtos químicos através de dosadores que
aplicam compostos à água (RIPPE et al., 2020). O cloro em sua forma gasosa, e
seus derivados, como o hipoclorito de cálcio, ou hipoclorito de sódio, são os
produtos mais utilizados para a desinfecção da água nas ETAs. Devido ao seu baixo
custo e eficiência, o cloro passou a ser empregado mundialmente na desinfecção de
águas desde o inicio do século XX (HELLER; PÁDUA, 2006).
O Cloro atravessa a parede celular dos patógenos, destruindo as enzimas
citoplasmáticas acarretando a morte do microrganismo. Utiliza-se também o cloro
para o controle de limos e algas, na eliminação de componentes causadores de
odores e sabores anormais, e na oxidação do ferro, manganês e do sulfeto de
hidrogênio (DAVIS, 2016).

2.6 FLUORETAÇÃO

A fluoretação baseia-se na aplicação de compostos concentrados ou diluídos


de flúor na à água, atuando preventivamente contra a decomposição dos esmaltes
dos dentes (RIPPE et al., 2020). Adiciona-se flúor à água na forma de ácido
fluorsilícico, fluorsilicato de sódio, fluoreto de sódio ou fluoreto de cálcio (fluorita),
atendendo os limites de concentrações recomendadas, conforme tabela 2 (HELLER;
PÁDUA, 2006).

Tabela 2- Limites Recomendados para a Concentração do Íon Fluoreto

Fonte: Souza (2007, pg. 145)


21

3. CARACTERISTICAS DE QUALIDADE DA ÁGUA TRATADA

A água incorpora a várias impurezas, pela a capacidade de transportar


partículas e a sua propriedade solvente tornando o conceito de qualidade bastante
amplo. Os diversos contaminantes na água que alteraram a qualidade foram
provenientes as ações humanas, e das condições naturais (SPERLING, 2009).
Os diversos constituintes presentes na água e que alteraram o seu grau de
qualidade, puderam ser tratadas de uma maneira vasta e fácil em termos das suas
características físicas, químicas e microbiológicas. Estas características foram
traduzidas na forma de parâmetros de qualidade da água (PAULA; BITTENCOURT,
2014).
A realização de análises físico-químicas, durante as várias etapas do
tratamento, possibilita-se o acompanhamento da eficiência do mesmo, e determina a
necessidade, ou não, da implementação de medidas preventivas e/ou corretivas.
Além disto, serviu para monitorar os principais parâmetros relativos à potabilidade da
água (RIPPE et al., 2020). De acordo com Lira (2014, p.11) ”os principais
indicadores da qualidade da água são separados sob os aspectos físicos, químicos
e biológicos”.

3.1 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DE QUALIDADE

As características físicas dizem a respeito à qualidade da água para o consumo


domestico e associa-se à aparência, cor, turbidez, temperatura e sobre tudo o sabor
e o odor da água (DAVIS, 2016). A presença de matéria orgânica proveniente de
matéria orgânica vegetal em decomposição, quase sempre desenvolveu cor na água
(RIPPE et al., 2020). A presença de ferro, manganês, esgoto domestico e resíduos
industriais (tinturarias, tecelagem e produção de papel) também apareceram como
fonte de alteração na cor da água (SPERLING, 2009). A turbidez resultou na
propriedade de desviar raios luminosos decorrente da presença de materiais em
suspensão na água, divididos ou em estado coloidal, e de organismos microscópios
(BRAGA et al., 2005). Já a temperatura alterou a solubilidade dos gases, o pH e as
cinéticas das reações químicas (BRAGA et al., 2005). Daí a importância do
monitoramento nas águas bruta, em tratamento e tratada. O sabor e o odor foram
22

associados à presença de poluentes industriais ou outras substâncias indesejáveis


água (RIPPE et al., 2020).

3.1 CARACTERISTICAS QUÍMICA DE QUALIDADE

As características químicas incluem a identificação de seus componentes e


suas concentrações (DAVIS, 2016). O pH potencial hidrogêniônico, caracteriza-se
como o grau de acidez ou de alcalinidade que também pôde ser chamada de
basicidade de uma solução, expressos em uma escala do pH que vai de 0 a 14.
Quando o pH for igual a 7, ocorreu a neutralidade, já que as concentrações de H+ e
de OH- são iguais. Já um valor do pH superior a 7, indicou uma solução básica ou
alcalina, ocasião em que os íons hidróxido superaram os íons hidrogênio. Para um
valor do pH inferior a 7, ficou caracterizada uma solução ácida com a quantidade de
íons hidrogênio superior ao dos íons hidróxido.
O parâmetro alcalinidade produzido por impurezas, e reagindo com os ácidos
provocou a sua neutralização. Assim a alcalinidade da água define-se como sendo a
sua capacidade de neutralizar ácidos fortes, sendo devido à presença de: hidróxido
de sódio, hidróxido de magnésio, hidróxido de cálcio, carbonato de cálcio, carbonato
de magnésio, carbonato de sódio, carbonato de potássio, bicarbonato de cálcio, ou
bicarbonato de magnésio (SOUZA, 2007). A dureza caracteriza-se pela presença de
sais de metais alcalino-terrosos (como cálcio, magnésio) e alguns metais em menor
intensidade. A elevada concentração de dureza não produz espuma formada por
sabão.
Águas duras, por causa de condições desfavoráveis e equilíbrio químico,
incrustaram tubulações de água quente, radiadores de automóveis, hidrômetros e
caldeiras (BRAGA et al., 2005). Já o ferro com certa frequência associa-se ao
manganês, e conferiu à água a sensação de adstringência e coloração avermelhada
decorrente de sua precipitação. As águas ferruginosas puderam ficar depositadas
nas tubulações de distribuição de água (BRAGA et al., 2005). O oxigênio presente
na água proveu, principalmente, da atmosfera e da fotossíntese. Em amostras
provenientes de rios e represas, valores baixos de oxigênio dissolvido indicam
contaminação por material orgânico, visto que, para decomposição da matéria
orgânica, as bactérias aeróbias consumiram o oxigênio (RIPPE et al., 2020). O flúor
23

adicionado à água trata-se de medida para a prevenção da carie dentária. (RIPPE et


al., 2020).
Todas as águas naturais, em menor ou maior escala, contêm íons resultantes
da dissolução de minerais; os cloretos são advindos da dissolução de sais ou de
origem antropogênica. A presença de despejos domésticos, industriais, ou
sobrecarga de compostos químicos nas etapas de tratamento de água foram
correlacionadas com o aumento da presença de cloretos na água. Concentrações
elevadas de cloreto provocaram gosto salino a água e aceleração no processo de
oxidação em tubulações metálicas (RIPPE et al., 2020).
Devido ao uso de compostos a base de alumínio para o tratamento da água,
requereu-se o monitoramento do parâmetro na água tratada. A presença de alumínio
em concentrações superior a 0,2 mg/l pôde-se causar danos a saúde humana
(RIPPE et al., 2020). Já o cloro livre constituiu em um dos parâmetros químicos mais
monitorados ao longo do processo de tratamento, armazenamento e distribuição da
água. O cloro promove a eliminação de microrganismos patógenos, bactérias, vírus
e algas (BRAGA et al.,2005).

3.2 INDICADORES BACTERIOLÓGICOS

Segundo Richter (2009, p.277) “milhares de seres vivos são encontrados na


água, da escala macroscópica (algas etc.) à microscópica (vírus, bactérias, algas
etc.)”. Os seres vivos de maior interesse no tratamento de água puderam ser
agrupados como na Figura 6. As características microbiológicas são importantes no
contexto de saúde pública, embora tenham um papel relevante na alteração das
propriedades químicas e físicas da água (DAVIS, 2016).
24

Figura 6- Características hidrobiológicas na água

Fonte: Richter (2009, p.277)

A água destinada para o consumo humano precisou estar livre de patógenos,


que foram organismos causadores de doenças como os vírus, bactérias,
protozoários e helmintos (DAVIS, 2016). Foi praticamente impossível garantir
segurança da água através de análises individuais de organismos patogênicos (que
puderam estar presentes em tão pequenas quantidades difíceis de detectar). Em vez
disso, a prática consistiu em examinar a presença de uma única espécie de
bactérias. Consequentemente, o exame da água por organismos específicos foi
limitado à deflagração de um surto de uma doença relacionada à água uma classe
importante de bactérias representa-se pelos coliformes (RICHTER, 2009).
Os coliformes se encontraram largamente espalhados no meio ambiente, nas
fezes humanas e de animais de sangue quente. A presença de bactérias coliformes
na água indicou a presença de organismos causadores de doenças (RIPPE et al.,
2020). As bactérias coliformes foram usadas como indicadores da qualidade da água
pelas seguintes razões: os coliformes estiveram sempre presentes quando o esgoto
esteve presente, a presença de patogênicos associa-se à de coliformes, sobrevivem
mais tempo na água do que todas as bactérias patogênicas, e a análise de
coliformes na água constituiu-se relativamente simples, rápida e eficiente.
25

4. DOENÇAS TRANSMITIDAS PELO CONSUMO DE ÁGUA NÃO POTÁVEL

No ponto de vista da potabilidade, o conceito pureza de pureza da água torna-


se diverso do conceito químico H2O. De acordo com Heller e Padua (2006, p.159)
“classifica-se a água como alimento, embora não tenha valor energético, cotizar-se
fundamentalmente para a edificação do organismo, pela presença de saís e gases
dissolvidos, contribuindo para o equilíbrio osmótico da célula”.
O aumento das atividades industriais e agrícolas e o crescimento populacional
intensificou-se a demanda por água ao mesmo tempo em que contribuem para a
deterioração da sua qualidade. A água ao mesmo tempo pode ser um veículo de
transmissão de doenças e outros agravos (intoxicação, por exemplo) ao homem e
pode ser requisito de boas condições de saúde, particularmente quando ofertada
com quantidades suficientes e qualidade adequada (HELLER; PADUA, 2006).
Da vasta legislação possui estreita aplicabilidade ao abastecimento de água
para o consumo humano as estabelecida pelo o Ministério da saúde, que segundo a
Portaria nº 5 (BRASIL, 2017), estabeleceu os procedimentos de controle e de
vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de
potabilidade.
A água livre de compostos químicos, microrganismos, e outros contaminantes
denominam-se potável, por ser segura para o consumo (DAVIS, 2016). Segundo a
Organização Mundial da Saúde, cerca de 80% de todas as doenças que se
alastraram nos países em desenvolvimento foram provenientes da água de má
qualidade (RICHTER; NETTO, 1991).
O risco a saúde devido às substâncias químicas tóxicas na água para o
consumo humano difere daqueles causados por contaminantes microbiológicos. Os
problemas associados aos constituintes químicos originam-se primariamente de sua
habilidade em causa danos à saúde, depois de prolongados período de exposição
(HELLE; PADUA, 2006).
Uma grande parte dos micronutrientes inorgânicos tornam-se tóxicos. Entre
estes, destacam-se os metais. Entre os metais que se dissolvem na água incluem-se
o arsênio, cádmio, cromo, chumbo e mercúrio. Vários desses metais concentram-se
na cadeia alimentar, resultando num grande perigo para os organismos humanos em
concentrações superiores (SPERLING, 2009). Na tabela 3 apresenta-se os valores
26

máximos permitidos de substâncias inorgânicas conforme estabelecido na Portaria


nº 5 (BRASIL, 2017), os efeitos potenciais decorrentes da ingestão de água
contaminada e respectivas fontes de contaminação.

Tabela 03- Inorgânicos: VMP, efeitos potenciais a saúde e fontes de


contaminação.

Consideração de Fonte de
Substância VMP Efeitos Potenciais a saúde
contaminação
Associação com o mal de Excedente do processo de
Alumínio 0,2 mg/L
Alzheimer tratamento de água e efluente
Efluentes da refinaria de petróleo,
Aumento do colesterol e redução vidraria, cerâmica, indústria de
Antimônio 0,005 mg/L
de glicose no sangue eletrônicos, e substâncias de
combate a incêndio
Refinaria do petróleo, indústria de
A intoxicação aguda compromete o
semicondutores, preservastes de
Arsênio 0,01 mg/L sistema nervoso central, podendo
madeira, herbicidas e aditivos de
levar ao coma e a morte
alimentação animal
Estimula os sistemas
Manufatura de tintas, operações de
Bário 0,7 mg/L neuromuscular e cardiovascular
curtimento tratamento de metais
contribuindo para a hipertensão
Provoca desordens Efluentes de refinaria de metais,
Cádmio 0,005 mg/L gastrointestinais graves, bronquite, indústria siderúrgica e de plástico,
enfisema, anemia e cálculo renal descarte de pilhas e tintas
Provoca cansaço, ligeiros
Fabricação de monômeros, fósforos,
Chumbo 0,01 mg/L transtornos abdominais,
explosivos, fósforos, explosivos
irritabilidade e anemia
Efluente das indústrias de
Cianeto 0,07 mg/L Pode ser fatal em altas doses.
galvanização, plástico e fertilizante

Tinturas têxteis, impressões


Cobre 2 mg/L Dermatite alérgicas fotográficas, inseticidas, curtimento,
tintura, galvanoplastia, pigmentos

Baixas doses causam irritação nas


mucosas gastrointestinais,
úlcera e inflamação da pele. Altas
Cromo 0,05 mg/L Fertilizantes, aerossóis
doses provocam doenças
no fígado e nos rins, podendo ser
fatal
Flurorose dental e endêmica, Efluentes industriais de fertilizantes,
Fluoreto 1,5 mg/L
lesões esqueléticas excedente de tratamento de água

Baixas doses causam irritação nas


mucosas gastrointestinais,
Mercúrio 0,001 mg/L úlcera e inflamação da pele. Altas Fabricação de monômeros
doses provocam doenças no
fígado e nos rins, podendo ser fatal
27

Baixas doses causam irritação nas


mucosas gastrointestinais,
Galvanização.
Nitrato 10 mg/L úlcera e inflamação da pele. Altas
Piridina Piche de carvão
doses provocam doenças no
fígado e nos rins, podendo ser fatal
Formação de nitrosaminas,
Despejos industriais, esgoto
Nitrito 1 mg/L capacidade de oxidar a
doméstico, e uso em fertilizantes
hemoglobina metahemoglobina.
Pode causar queda de cabelos e
Selênio 0,01 mg/L unhas, problemas circulatórios e Efluentes da refinaria de petróleo
dano ao fígado e rins
Fonte: Heller e Pádua (2006, p.179)

Os constituintes orgânicos presentes na água sucederam da origem natural


ou devido às atividades antrópicas. No primeiro caso, mencionam-se as substâncias
húmica, microrganismos, hidrocarbonetos aromáticos e seus metabólicos (HELLER;
PÁDUA, 2006). A indústrias dos mais diversos ramos fizeram o uso de compostos
que conforme suas concentrações puderam ser extremamente maléficas ao ser
humano. Dentre os poluentes orgânicos de maior prevalência e toxicidade, pôde-se
mencionar produtos de petróleo, carboidratos, surfactantes, fenóis, pesticidas e
bifenil policlorados (SPERLING, 2009). A Portaria nº 5 (BRASIL, 2017) estabeleceu
os limites máximos permitidos na água do consumo humano, no qual apresentou-se
na tabela 4.

Tabela 4- Orgânicos: VMP, efeitos potenciais a saúde e fontes de contaminação

Efeitos potenciais decorrentes Considerações sobre fontes


Substâncias VMP
da ingestão da água de contaminação
Produto utilizado no tratamento
Efeitos neurotóxico, deterioração de água (auxiliar de coagulação),
Acrilamida 0,5 µg/L
da função reprodutiva fabricação de papel, corantes e
adesivos
Anemia, redução de plaquetas, Solvente comercial utilizados na
aumento de risco de câncer fabricação de detergente,
Benzeno 5 µg/L (tumores e leucemia);afeta o pesticidas, borracha sintética,
sistema nervoso central e corantes, na indústria
imunológico farmacêutica e gasolina.
Exposição crônica-lesões de pele, Tubulação de PVC, efluentes de
Cloreto de vinila 2 µg/L
ossos, fígado e pulmão indústria de plásticos, aerossóis
Aumento de risco de câncer,
Efluentes da indústria química
1,2 Dicloroetano 10 µg/L irritações nos olhos e nariz, além
(inseticida, detergentes, etc.).
de problemas renas e hepáticos.
28

Efluentes de indústria química,


Depressor do sistema nervoso contaminantes ocasional da
1-1 Dicloroeteno 30 µg/L
central, problemas no fígado e rins água, em geral acompanhado de
outros hidrocarbonetos clorados.
Efluentes de indústria química e
farmacêutica, presente em
Toxicidade aguda reduzida, removedores de tintas,
Diclorometano 20 µg/L
problemas no fígado inseticidas, solventes,
substâncias de extintores de
incêndio.
Toxicidade aguda baixa, irritação
de mucosas, depressor do sistema Efluente da indústria de borracha
Estireno 20 µg/L
nervoso central, possível e plástico; chorume de aterros
hepatoxicidade
Efluentes de indústria de
Problemas no fígado e rins,
Pentaclorofenol 9 µg/L conservantes de madeira,
fetoxidade
herbicidas
Problemas no fígado , insuficiência
Efluentes de indústria química,
renal. Exposição crônica pode
Tetracloreto de fabricação de clorofluormetanos,
4 µg/L levar a problemas gastrointestinais
carbono extintores de incêndio, solventes
e sintomas de fadiga (sistema
e produtos de limpeza.
nervoso).
Efluentes industriais e de
Tetracloroeteno 40 µg/L Problemas no fígado e rins equipamentos de lavagem a
seco.
Efluentes da indústria têxtil,
Toxicidade aguda moderada ,
Triclorobenzenos 20 µg/L usado como solvente, tingimento
efeitos no fígado.
de poliéster
Produtos de limpeza a seco
Potenciais problemas de tumores
20 µg/L removedor para limpeza de
Tricoloreteno pulmonares e hepáticos
metais

Fonte: Heller e Pádua (2006, p.189)

Pelos riscos potenciais a saúde e o uso intenso de agrotóxico, os compostos


destacam-se no monitoramento da água distribuída à população (HELLER; PÁDUA,
2006). Apresentam-se na tabela 5, os valores máximos permitidos de substâncias,
os efeitos potenciais decorrentes da ingestão de água contaminada por agrotóxicos
incluídos na Portaria nº5 (BRASIL, 2017), e as principais fontes de contaminação.

Tabela 5: Agrotóxicos, VMP, efeitos potenciais a saúde e fontes de contaminação


Consideração de Fonte de
Substância VMP Efeitos Potenciais a saúde
contaminação
Toxicidade aguda moderada, Herbicida usado no controle de
2,4 D + 2,4,5 T 30 µg/L
problemas no fígado e rins macrofilas em água
Problemas nos olhos, fígado, rins
Alaclor 20 µg/L Herbicida (Feijão e milho)
e anemia
Pesticida de solo, proteção de
Efeitos do sistema nervoso central madeira e combate a insetos de
Aldrin + Dieldrin 0,03 µg/L
e fígado importância de saúde pública
(Dieldrin).
29

Problemas cardiovasculares e no
Atrazina 2 µg/L Herbicida (Feijão e milho)
sistema reprodutivo
Problemas no fígado e no sistema
Clordano 0,2 µg/L Resíduo de formicidas
nervoso
Acumulação no tecido adiposo e
DDT+DDD+DDE 1 µg/L Inseticida persistente estável
no leite
Inseticida utilizado em diversas
Endossulfan (a b Os rins são o órgão-alvo de sua culturas para controlar pragas, além
20 µg/L
e sais) toxicidade de ser utilizado para controlar
moscas

Endrin 0,6 µg/L Efeitos do sistema nervoso Resíduos de inseticidas e raticidas

Glifosato + Toxicidade reduzida, problema no Herbicida de amplo espectro,


500 µg/L
AMPA fígado e no sistema reprodutivo utilizado na agricultura

Utilização de inseticidas em rebanho


Lindano 2 µg/L Problema do fígado e rins bovino, jardins, conservantes de
madeira

Evidência reduzida de
Metolacloro 10 µg/L Herbicida
carcinogenicidade

Evidencia reduzida de toxicidade


Molinato 6 µg/L Herbicida (arroz)
e carcinogenicidade

Evidência reduzida de
Pendimentalina 20 µg/L Herbicida
carcinogenicidade

Inseticida na proteção de cultivo e


Permetrina 20 µg/L Baixa toxicidade da saúde pública (combate a
mosquito em depósito em água).

Evidencia reduzida de toxicidade


Simazina 2 µg/L Herbicida
e carcinogenicidade

Evidencia reduzida de toxicidade


Trifluralina 20 µg/L Herbicida
e carcinogenicidade

Fonte: Heller e Pádua (2006, p.190)

De acordo com Heller e Pádua (2006, p.192), “dependendo do tipo de


contaminante presente na água e do desinfetante ou oxidante utilizado no
tratamento, pode-se gerar subprodutos indesejados a saúde”. Na tabela 6
apresentam-se os valores máximos permitidos de desinfetantes e produtos
secundários da desinfecção, com os respectivos efeitos potenciais decorrentes da
ingestão de água contaminada e as principais fontes de contaminação.
30

Tabela 6- Desinfetantes e Produtos Secundários de Desinfecção: VMP, efeitos


potenciais a saúde e fontes de contaminação
Consideração de Fonte de
Substância VMP Efeitos Potenciais a saúde
contaminação
Produto secundário decorrente
Bromato 0,01 mg/L Tumores renais
da ozonização
Pode afetar as hemácias, evidência Produto secundário da
Clorito 1 mg/L reduzida de toxicidade e desinfecção com dióxido de
carcigonecidade cloro
Higienização na indústria e no
Pode afetar as hemácias, evidência
Cloro residual ambiente doméstico,
5 mg/L reduzida de toxicidade e
livre branqueador, desinfetante
carcigonecidade
oxidante
Indícios de desenvolvimento de
Produto secundário da cloração
2,4,6 Triclorofenol 0,2 mg/L linfomas e leucemia em experimento
de águas contendo fenóis
com animais
Produto secundário da cloração
Trihalometanos Indícios de efeitos no fígado, rins e
0,1 mg/L de águas contendo substâncias
Total tireoide
húmicas e brometo
Fonte: Heller; Pádua (2006, p.192)

A floração de algas azuis (cianobactérias) nos mananciais podem produzir


toxinas. As toxinas produzidas pelas cianobactéria denomina-se cianotoxinas
(HELLER; PÁDUA, 2006). Algumas dessas toxinas caracterizam-se pela ação
rápida, causando a morte de mamíferos por parada respiratória após poucos
minutos de exposição, identificam-se como alcaloides ou organofosforados
neurotóxicos. Outras atuam menos rapidamente e são identificadas como peptídeos
ou alcaloides hepatotóxicos (LIRA, 2014). Em mananciais superficiais a Portaria nº 5
(BRASIL, 2017) estabeleceu o monitoramento das cianotoxinas microcistinas e
saxitoxinas, com seus valores máximos permitidos, conforme especificam-se na
tabela 7.

Tabela 7 – Cianotoxinas VMP


Parâmetro VMP
Microcistinas 1,0 µg/L
Saxitoxinas 3,0 µg
Fonte: Portaria nº 5 (2017)

A radioatividade existiu naturalmente no meio ambiente pela presença de


substancias radioativa e radiação que vem do espaço exterior. Parte dessas
substâncias atingem os corpos de água superficiais e subterrâneos penetrando nas
31

cadeias alimentares (BRAGA et al., 2005). A radioatividade pôde afetar o homem e


outros organismos de diversas maneiras. Uma exposição aguda pode-se levar à
morte ou, então causar danos à saúde como o aparecimento de doenças como o
câncer (BRAGA et al., 2005).
Para o monitoramento em água para o consumo humano, a Portaria nº5
(BRASIL, 2017) estabeleceu o monitoramento de Radio 226 e 228; as
especificações foram listadas na Tabela 8. Os principais isótopos de rádio, Ra-226 e
Ra-228, são gerados nas séries radioativas naturais do urânio e do tório. Por serem
potencialmente danosos para a saúde humana e por sua mobilidade no ambiente,
os isótopos de rádio foram considerados radionuclídeos críticos para o
monitoramento (LAURIA; GODOY).

Tabela 8: Radioativos VMP


Substância VMP
Rádio-226 1 Bq/L
Rádio-228 0,1 Bq/L
Fonte: Portaria nº 5 ( 2017)

Uma das principiais preocupações no controle de qualidade da água foram os


microrganismos. Organismos patogênicos transmitiram doenças pela ingestão ou
contato com a água contaminada, como bactérias, vírus, parasitas, protozoários, que
podem causar doenças como disenteria, febre tifoide, cólera, hepatite e outras
(BRAGA et al., 2005).
Os coliformes se encontraram largamente espalhados no meio ambiente e
nas fezes humanas e de animais de sangue quente. A presença de bactérias
coliformes na água pôde indicar a presença de organismos causadores de doenças.
Desse modo, as bactérias coliformes (compreendendo mais de 30 espécies) usam-
se como indicadores da qualidade da água pelas seguintes razões: estiveram
sempre presentes no esgoto, sobreviveram mais tempo na água do que todas as
bactérias patogênicas, a análise de coliformes na água consistiu relativamente
simples, rápida e eficiente (RICHTER, 2009).
Balantidíase, amebíase e giardíase, puderam ser listadas como doenças
causadoras por contaminantes biológicos provocadas pela ingestão de água não
32

potável. Ressaltou-se que o saneamento básico, pôde estar sinergicamente


envolvido no acometimento das infeções parasitárias (LIRA, 2014).
Segundo Lira (2014, p.98) “a água tem ainda papel importante na transmissão
de algumas doenças endêmicas, atuando como ambiente propício ao ciclo evolutivo
de vetores responsáveis pela propagação da malária, dengue, filariose e febre
amarela”.

Quadro 1 – Doenças relacionadas com a água

Fonte: Lira (2014, p.42)


33

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Condições favoráveis das etapas de coagulação, floculação, decantação e


filtração, desinfecção e fluoretação, permitem obter água de qualidade pelo o
processo de tratamento de água convencional. O sistema compõe-se de etapas
conjuntas e sinérgicas que requeresse rigor nos controles para assegurar a
produção duma água de qualidade.
Para avaliar a eficiência do tratamento de água e identificar oportunidades de
correção ao decorrer das etapas de tratamento, necessita-se do monitoramento de
parâmetros químicos, físicos e biológicos. Sabe-se que as alterações perceptíveis
como aparência, gosto e odor prevalecem com identificação de qualidade da água,
no entanto controles resultantes de alterações intrínsecas decorrentes de
características químicas e bacteriológicas promovem também impactos significativos
na potabilidade da água.
Considerando os contaminantes despejados no ambiente proveniente ao
crescimento populacional e atrelados conjuntamente com aumento dos volumes dos
descartes de despejos, observa-se que são vários os contaminantes que se pode
conter numa água, e consequente a este, uma gama de doenças vinculadas ao
consumo de uma água não tratada acomete-se a saúde humana.
Em decorrência da geração de novas tecnologias, pode-se afirmar o
surgimento de novos contaminantes de origem física, química e biológica,
requerendo-se a avaliação de aplicação de sistemas de tratamento de água mais
complexos e o acometimento de doenças diferentes das estudadas.
34

REFERÊNCIAS

BRAGA, Benedito et al. Introdução a engenharia ambiental. São Paulo: Pearson


Prentice Hall, 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria de Consolidação nº 5,


de 28 de setembro de 2017. Brasília, 2017.

DAVIS, Mackenzie l.; MASTEN, Susan J. Princípios de engenharia ambiental.


Porto Alegre: AMGH, 2016.

FERREIRA FILHO, Sidney Seckler. Tratamento de água: concepção, projeto e


operação de estações de tratamento. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.

HELLER, Léo; PADUA, Valter Lúcio de. Abastecimento de água para consumo
humano. Belo Horizonte: UFMG, 2006.

LANA. Laboratório para ensaios de tratamento de água. Disponível em:


<https://lana.eec.ufg.br/p/19369-laboratorio-para-ensaios-de-tratabilidade-de-
aguas>. Acesso em 09 mar.2021.

LAURIA, D. C.; GODOY, J. M. Origem e transporte de rádio nas águas


subterrâneas de buena/r.j. Buena, Rio de Janeiro, v.1-2 , p.1, 2000.

LIRA, Osman de Oliveira. Manual de controle da qualidade da água para


técnicos que trabalham em ETAS. Brasília: Funasa, 2014.

NATURALTEC. Filtração|Filtros (teoria). Disponível em:


<https://www.naturaltec.com.br/filtracao-teoria/>. Acesso em 07 mar.2021.

RICHTER, Carlos A. Água métodos e tecnologia de tratamento. São Paulo:


Blucher, 2009.

RICHTER, Carlos A.; NETTO, José M. de A. Tratamento de água: tecnologia


atualizada. São Paulo: Blucher, 1991.
35

RIPPE, Edson Charles et al. Operador de estação de tratamento de água e


esgoto. Caxias do Sul, 2020.

SOUZA, Walterler Alves de. Tratamento de água. Natal:CEFET/RN, 2007.

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