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01

VARIAÇÃO
LINGUÍSTICA
Professora Tuliani Nunes
02
Competência 8
Compreender e usar a língua portuguesa como
língua materna, geradora de significação e
integradora da organização do mundo e da
própria identidade.

H25
Identificar, em textos de diferentes gêneros, as
marcas linguísticas que singularizam as
variedades linguísticas sociais, regionais e de
registro.
Variação linguística
É uma expressão empregada para denominar como os indivíduos que
compartilham a mesma língua têm diferentes formas de utilizá-la.
São as ramificações naturais de uma língua, as quais se diferenciam
da norma-padrão em razão de fatores como convenções sociais,
momento histórico, contexto ou região em que um falante ou grupo
social insere-se.
A língua é um instrumento vivo de comunicação, devido a isso, ela se
modifica ao longa do tempo; varia de acordo com a região, idade,
grau de escolaridade e até mesmo de contexto diferentes.
A importância das variações reside no fato de que elas são
elementos históricos, formadores de identidades e capazes de
manter estruturas de poder.
04

01 Variação diatópica (variação regional)

Variação diastrática (variação


02 social)

Tipos de 03
Variação diacrônica (variação
histórica)

variações 04 Variação diamésica


Variação diatópica (regional)
ocorre em virtude das diferenças geográficas entre os falantes.
Ela pode acontecer tanto entre regiões de uma mesma nação, por
exemplo, Rio de janeiro e Goiás, quanto entre países que compartilham
a mesma língua, como Brasil e Portugal.
Essas variantes são percebidas por dois fatores.
1. Sotaque: fenômeno fonético (fonológico) em que pessoas de uma
determinada região pronunciam certas palavras ou fonemas de forma
particular. São exemplos a forma como os goianos pronunciam o R ou os
cariocas pronunciam o S.
2. Regionalismo: fenômeno ligado ao léxico (vocabulário) que consiste
na existência de palavras ou expressões típicas de determinada região.
EXEMPLO
Variação diastrática (social)
Decorrente das diferenças socioculturais, já que o fato de as pessoas
terem ou não acesso contínuo e prolongado a uma educação formal e
aos bens culturais, como museus, cinemas, shows de cantores bem
avaliados pela crítica especializada, literatura leva-as a expressarem-se
de maneiras diversas.
São as variedades linguísticas que não dependem da região em que o
falante vive, mas sim dos grupos sociais em que ele se insere, ou seja,
das pessoas com quem ele convive.
São as variedades típicas de grandes centros urbanos, já que as pessoas
dividem-se em grupos em razão de interesses comuns, como profissão,
classe social, nível de escolaridade, esporte, tribos urbanas, idade,
gênero…
Variação diastrática (social)
Há dois fatores que contribuem para a identificação das
variedades sociais:
Gírias: palavras ou expressões informais, efêmeras e
normalmente ligadas ao público jovem.
Jargão (termo técnico): palavras ou expressões
típicas de determinados ambientes profissionais.
EXEMPLO
EXEMPLO
Variação diacrônica (histórica)
É resultado da passagem do tempo, já que a língua
está em constante modificações, pois os falantes
são criativos e buscam novas expressões para
comunicarem-se de forma mais efetiva.
Tal fenômeno é causado pelos processos históricos,
como a influência norte-americana no Brasil, que
implicou a adoção de uma série de estrangeirismos,
como brother, no sentido de camarada.
EXEMPLO
Variação diamésica
São as variedades linguísticas que surgem da adequação
que o falante faz de seu nível de linguagem ao estilo exigido
pelo texto ou pela situação comunicativa.
A variação diamésica é a que acontece entre a fala e a
escrita ou entre os gêneros textuais, ou seja, suportes de
transmissão de uma dada informação que contenham
características quase regulares, por exemplo o whatsapp e
a bula de remédio.
Exercício
Questão 1. (Enem) Quando vou a São O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar
Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós,
apuro o ouvido; não espero só o sotaque ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de
geral dos nordestinos, onipresentes, mas todos os terminaisem al ou el - carnavau, Raqueu... Já
os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me
para conferir a pronúncia de cada um; os
chamava, afetuosamente, de Raquer.
paulistas pensam que todo nordestino fala
Queiroz. R. O Estado de São Paulo. 09 maio de 1998
igual; contudo as variações são mais (fragmento adaptado).
numerosas que as notas de uma escala Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de
musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande variação linguística que se percebe no falar de
do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus pessoas de diferentes regiões.
nativos muito mais variantes do que se As características regionais exploradas no texto
manifestam-se
imagina. E a gente se goza uns dos outros,
A - na fonologia.
imita o vizinho, e todo mundo ri, porque
B - no uso do léxico.
parece impossível que um praiano de C - no grau de formalidade.
beira-mar não chegue sequer perto de um D - na organização sintética.
sertanejo de Quixeramobim. E - na estruturação morfológica.
Questão 2. (Enem) Contudo, a divergência a) A língua deve ser preservada e utilizada como um
está no fato de existirem pessoas que possuem instrumento de opressão. Quem estudou mais define
os padrões linguísticos, analisando assim o que é
um grau de escolaridade mais elevado e com
correto e o que deve ser evitado na língua.
um poder aquisitivo maior que consideram um
b) As variações linguísticas são próprias da língua e
determinado modo de falar como o “correto”, estão alicerçadas nas diversas intenções
não levando em consideração essas variações comunicacionais.
que ocorrem na língua. Porém, o senso c) A variedade linguística é um importante elemento de
linguístico diz que não há variação superior à inclusão, além de instrumento de afirmação da
outra, e isso acontece pelo “fato de no Brasil o identidade de alguns grupos sociais.
português ser a língua da imensa maioria da d) O aprendizado da língua portuguesa não deve estar
restrito ao ensino das regras.
população não implica automaticamente que
e) Segundo Bagno, não podemos afirmar que exista um
esse português seja um bloco compacto coeso
tipo de variante que possa ser considerada superior à
e homogêneo”. (BAGNO, 1999, p. 18) outra, já que todas possuem funções dentro de um
Sobre o fragmento do texto de Marcos Bagno, determinado grupo social.
podemos inferir, EXCETO:
Questão 3. (Enem) Escrever Quando quiser aplicar um “mas”, tome fôlego, ligue para o 0800 do
A estudante perguntou como era essa Instituto Fernando Pessoa, peça autorização ao sábio de plantão, e, por
favor, volte atrás. É um cacoete facilitador. Dele deve ter vindo a
coisa de escrever. Eu fiz o gênero
expressão “cheio de mas-mas”, ou seja, uma pessoa cheia de “não é bem
fofo. Moleza, disse. assim”, uma chata que usa o truque para afirmar e depois, como se fosse
Primeiro evite esses coloquialismos de estilo, obtemperar.
“fofo” e “moleza”, passe longe das SANTOS, J. F. O Globo, 10 jan. 2011 (adaptado)
A língua varia em função de diferentes fatores. Um deles é a situação em
gírias ainda não dicionarizadas e de
que se dá a comunicação. Na crônica, ao ser interrogado sobre a arte de
tudo mais que soe mais falado do que
escrever, o autor utiliza, em meio à linguagem escrita padrão, condizente
escrito. Isto aqui não é rádio FM. De com o contexto.
vez em quando, aplique uma gíria (A) definições teóricas, para permitir que seus conselhos sejam úteis aos
como se fosse um piparote de leve no futuros jornalistas.
(B) gírias não dicionarizadas, para imitar a linguagem de jovens de baixa
cangote do texto, mas, em geral,
escolaridade.
evite. Fuja dessas rimas bobinhas,
(C) palavras de uso coloquial, para estabelecer uma interação satisfatória
desses motes sonoros. O leitor pode com a interlocutora.
se achar diante de um rapper (D) termos da linguagem jornalística, para causar boa impressão na
frustrado e dar cambalhotas. Mas, jovem entrevistadora.
(E) vocabulário técnico, para ampliar o repertório linguísticos dos jovens
atenção, se soar muito estranho,
leitores do jornal.
reescreva.
Questão 4. (Enem)
Naquela manhã de céu limpo e ar leve, devido à chuva Depois de um vigoroso “Bom dia!”, de um vaporoso aperto
torrencial da noite anterior, saí a caminhar com o sol de mãos nas apresentações de praxe, fiquei sabendo que
ainda escondido para tomar tenência dos primeiros Dona Flor de Maio levava o filho Adão para tratamento de
movimentos da vida na roça. Num demorou nem um feridas que pipocavam por seu corpo, provocando
tiquinho e o cheiro intenso do café passado por Dona pequenas pústulas de bordas avermelhadas.
Linda me invadiu as narinas e fez a fome se acordar GUIÃO, M. Disponível em: www.revistaecologico.com.br.
daquela rema letárgica derivada da longa noite de Acesso em 10 mar. 2014 (adaptado).
sono. Levei as mãos até a água que corria pela bica A variedade linguística da narrativa é adequada à
feita de bambu e o contato gelado foi de arrepiar. Mas descrição dos fatos. Por isso, a escolha de determinadas
fui em frente e levei as mãos em concha até o rosto. palavras e expressões usadas no texto está a serviço da
Com o impacto, recuei e me faltou o fôlego por alguns (A) localização dos eventos de fala no tempo ficcional.
instantes, mas o despertar foi imediato. Já aceso, (B) composição da verossimilhança do ambiente retratado.
entrei na cozinha na buscação de derrubar a fome e (C) restrição do papel do narrador à observação das cenas
me acercar do aconchego do calor do fogão à lenha. relatadas.
Foi quando dei reparo da figura esguia e discreta de (D) construção mística das personagens femininas pelo
uma senhora acompanhada de um garoto aparentando autor do texto.
uns cinco anos de idade já aboletada na ponta da mesa (E) caracterização das preferências linguísticas da
em proseio íntimo com a dona da casa. personagem masculina.
Questão 5. (Enem)
(Entre as sugestões apresentadas para o Museu
Da corrida de submarino à festa de aniversário no
trem das Invenções Cariocas, destaca-se o variado
Leitores fazem sugestões repertório linguístico empregado pelos falantes
para o Museu das Invenções Cariocas cariocas nas diferentes situações específicas de
“Falar ‘caraca!’ a cada surpresa ou acontecimento uso social. A respeito desse repertório, atesta-se
que vemos, bons ou ruins, é invenção do carioca, o(a)
como também o ‘vacilão’.” (A) desobediência à norma-padrão, requerida em
“Cariocas inventam um vocabulário próprio”. ambientes urbanos.
“Dizer ‘merrmão’ e ‘é merrmo’ para um amigo (B) inadequação linguística das expressões
pode até doer um pouco no ouvido, mas é cariocas às situações sociais apresentadas.
tipicamente carioca.”
(C) reconhecimento da variação linguística,
“Pedir um ‘choro’ ao garçom é invenção carioca.”
segundo o grau de escolaridade dos falantes.
“Chamar um quase desconhecido de ‘querido’ é
(D) identificação de usos linguísticos próprios da
um carinho inventado pelo carioca para tratar
tradição cultural carioca.
bem quem ainda não se conhece direito.”
“O ‘ele é um querido’ é uma forma mais feminina (E) variabilidade no linguajar carioca em razão da
de elogiar quem já é conhecido.” faixa etária dos falantes.

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