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Professor: Reginaldo Lima Turma: Data:

Componente curricular: Gramática


Aluno(a):
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
As variações linguísticas são as mudanças que a língua apresenta, devido à sua capacidade de se
transformar e de se adaptar. São expressões empregadas’ para denominar como os indivíduos que
compartilham a mesma língua têm diferentes formas de utilizá-la. Essa diversidade de escrita e fala
decorre de fatores geográficos, socioculturais, temporais e contextuais, e pode ser justificada pelo
funcionamento cerebral dos usuários do idioma bem como pelas interações entre eles. A importância das
variações reside no fato de que elas são elementos históricos, formadores de identidades e capazes de
manter estruturas de poder.

Por que existe diferença na fala?


 Diferença entre cidades, regiões ou  Nível de Escolaridade;
países;  Profissão;
 Diferença na idade;  Grupo ou Classe Social.
 Diferença devido ao gênero
(masculino/feminino);
Tipos de variações linguísticas

A variação linguística consiste num fenômeno que reúne diversas manifestações faladas ou escritas
dos usuários de uma mesma língua. Além disso, a ocorrência dela depende do fato de as palavras e
expressões terem uma afinidade semântica, ou seja, estabelecerem uma relação de sentido bastante
próxima, apesar de distinguirem-se no que toca ao aspecto fonético (som), fonológico (função dos sons),
lexical (vocabular) ou sintático (relação entre os termos formadores de frases e orações).
Munido da noção acerca do que é a variação, veja, a seguir, quais são as suas espécies:

1 - Variação diatópica (variação regional): está relacionada com o local em que é desenvolvida, tal
como as variações entre o português do Brasil e de Portugal, chamadas de regionalismo.
Exemplo de regionalismo:

2 - Variação histórica ou diacrônica: ocorre com o desenvolvimento da história, tal como o português
medieval e o atual.
Exemplo de português arcaico:
"Elípticos", "pega-la-emos" são formas que caíram em desuso
3 - Variação social ou diastrática: é percebida segundo os grupos (ou classes) sociais envolvidos, tal
como uma conversa entre um orador jurídico e um morador de rua.
Exemplo desse tipo de variação são os socioletos:

4 - Variação situacional ou diafásica: ocorre de acordo com o contexto, por exemplo, situações formais
e informais. As gírias são expressões populares utilizadas por determinado grupo social.
Exemplo de gíria

LINGUAGEM FORMAL E INFORMAL


Quanto aos níveis da fala, podemos considerar dois padrões de linguagem: a linguagem formal e
informal. Certamente, quando falamos com pessoas próximas utilizamos a linguagem dita coloquial, ou
seja, aquela espontânea, dinâmica e despretensiosa. No entanto, de acordo com o contexto no qual
estamos inseridos, devemos seguir as regras e normas impostas pela gramática, seja quando elaboramos
um texto (linguagem escrita) ou organizamos nossa fala numa palestra (linguagem oral). Em ambos os
casos, utilizaremos a linguagem formal, que está de acordo com a normas gramaticais.

Observe que as variações linguísticas são expressas geralmente nos discursos orais. Quando produzimos
um texto escrito, seja em qual for o lugar do Brasil, seguimos as regras do mesmo idioma: a língua
portuguesa.
Preconceito Linguístico

O preconceito linguístico está intimamente relacionado com as variações linguísticas, uma vez que
ele surge para julgar as manifestações linguísticas ditas "superiores".
Para pensarmos nele não precisamos ir muito longe, pois em nosso país, embora o mesmo idioma
seja falado em todas as regiões, cada uma possui suas peculiaridades que envolvem diversos aspectos
históricos e culturais. Sendo assim, a maneira de falar do Norte é muito diferente da falada no sul do país.
Isso ocorre porque nos atos comunicativos, os falantes da língua vão determinando expressões, sotaques
e entonações de acordo com as necessidades linguísticas. De tal modo, o preconceito linguístico surge no
tom de deboche, sendo a variação apontada de maneira pejorativa e estigmatizada. Quem comete esse
tipo de preconceito, geralmente tem a ideia de que sua maneira de falar é correta e, ainda, superior à
outra. Entretanto, devemos salientar que todas as variações são aceitas e nenhuma delas é superior, ou
considerada a mais correta.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Sobre as variedades linguísticas, responda:
I. Leia:
PINHÃO sai ao mesmo tempo que BENONA entra.
BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer falar com você.
EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá fora, mas não quero falar com ele.
BENONA: Mas, Eurico, nós lhe devemos certas atenções.
EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Esperava que Eudoro, com todo aquele
dinheiro, se tornasse meu cunhado. Era uma boca a menos e um patrimônio a mais. E o peste me traiu.
Agora, parece que ouviu dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco atrás dele, sedento, atacado da
verdadeira hidrofobia. Vive farejando ouro, como um cachorro da molest’a, como um urubu, atrás do
sangue dos outros. Mas ele está enganado. Santo Antônio há de proteger minha pobreza e minha
devoção.
(SUASSUNA, A. O santo e a porca. Rio de Janeiro: José Olimpyio, 2013)
Nesse texto teatral, o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest’a” contribui para
(A) marcar a classe social das personagens.
(B) caracterizar usos linguísticos de uma região.
(C) enfatizar a relação familiar entre as personagens.
(D) sinalizar a influência do gênero nas escolhas vocabulares.
(E) demonstrar o tom autoritário da fala de uma das personagens.
II. Leia o texto e responda:
Assum preto

Tudo em vorta é só beleza Furaro os óio do assum preto


Sol de abril e a mata em frô Pra ele assim, ai, cantá mió
Mas assum preto, cego dos óio
Num vendo a luz, ai, canta de dor Assum preto veve sorto
Mas num pode avuá
Tarvez por ignorança Mil veiz a sina de uma gaiola
Ou mardade das pió Desde que o céu, ai, pudesse oiá

As marcas da variedade regional registradas pelos compositores de Assum preto resultam da aplicação de
um conjunto de princípios ou regras gerais que alteram a pronúncia, a morfologia, a sintaxe ou o léxico. No
texto, é resultado de uma mesma regra a
(A) pronúncia das palavras “vorta” e “veve”.
(B) pronúncia das palavras “tarvez” e “sorto”.
(C) flexão verbal encontrada em “furaro” e “cantá”
(D) redundância nas expressões “cego dos óio” e “mata em frô”.
(E) pronúncia das palavras “ignorança” e “avuá”.

III. Leia o texto.


Iscute o que tô dizendo, Meça desta grande terra
Seu dotô, seu coroné: Umas tarefa pra eu!
De fome tão padecendo Tenha pena do agregado
Meus fio e minha muié. Não me dêxe deserdado
Sem briga, questão nem guerra, Daquilo que Deus me deu.

PATATIVA DO ASSARÉ. A terra é naturá. In: Cordéis e outros poemas. Fortaleza: Universidade Federal
do Ceará, 2008 (fragmento).
A partir da análise da linguagem utilizada no poema, infere-se que o eu lírico revela-se como falante de
uma variedade linguística específica. Esse falante, em seu grupo social, é identificado como um falante
(A) escolarizado proveniente de uma metrópole.
(B) sertanejo morador de uma área rural.
(C) idoso que habita uma comunidade urbana.
(D) escolarizado que habita uma comunidade do interior do país.
(E) estrangeiro que imigrou para uma comunidade do sul do país.

IV. Leia o texto e responda:


CONVERSA TELEFÔNICA
Telefonista da escola – Bom dia. Em que posso ser útil?
Aluna – Por favor, você poderia transferir esta ligação para a biblioteca?
Telefonista da escola – Pronto, pode falar. A bibliotecária está na linha.
Aluna – Gostaria de verificar se já posso retirar livros da biblioteca, porque me matriculei agora e as
aulas apenas começaram.
Bibliotecária – Preciso de seu número de matrícula e de seu nome completo.
Aluna – Sou Kamila Arruda de Sá...
Bibliotecária – Prima, é você? Sou a Aline, filha da Ângela. Como tá a tia? Cê passa aqui
pra gente resolver isso rapidinho e sem pro. Tô aqui até 22h.
Aluna – Oh mundinho pequeno que nem uma ervilha! Combinadão.

A variação linguística é algo inerente à diversidade das situações de uso da língua portuguesa. É mais
apropriado avaliar as variedades linguísticas a partir da noção de adequação de uso, retirando da norma-
padrão o status de única variedade correta, isto é, de variedade superior às outras. Na representação
escrita da conversa telefônica entre a aluna e as funcionárias da escola, observa-se que a maneira de falar
dos interlocutores foi alterada. Esse desvio deve-se a quê?

V. Leia e responda:
Cuitelinho
Cheguei na bera do porto
Dei em terras paraguaia.
Onde as onda se espaia.
Lá tinha revolução,
As garça dá meia volta,
Enfrentei fortes bataia.
Senta na bera da praia.
A tua saudade corta
E o cuitelinho não gosta
Como o aço de navaia.
Que o botão da rosa caia.
O coração fica aflito,
Quando eu vim da minha terra,
Bate uma e outra faia.
Despedi da parentaia.
E os oio se enche d’água
Eu entrei em Mato Grosso,
Que até a vista se atrapaia.
clore recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó. BORTONI-RICARDO, S. M.
ucação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004.

nsmitida por gerações, a canção “Cuitelinho” manifesta aspectos culturais de um povo, nos quais se inclui sua
ma de falar, além de registrar um momento histórico. Depreende-se disso que a importância em preservar a
dução cultural de uma nação consiste no fato de que produções como a canção “Cuitelinho” evidenciam a
recriação da realidade brasileira de forma ficcional.
criação neológica na língua portuguesa.
formação da identidade nacional por meio da tradição oral.
incorreção da língua portuguesa que é falada por pessoas do interior do Brasil.
padronização de palavras que variam regionalmente, mas possuem mesmo significado.

eia o texto e responda:

A BRANCA – LUIZ GONZAGA. Por farta d'água perdi meu gado


Morreu de sede meu alazão
ando olhei a terra ardendo
al fogueira de São João
Inté mesmo a asa branca
perguntei a Deus do céu, ai
Bateu asas do sertão
que tamanha judiação
Entonce eu disse, adeus Rosinha
perguntei a Deus do céu, ai
Guarda contigo meu coração
que tamanha judiação?

Entonce eu disse, adeus Rosinha


e braseiro, que fornalha
Guarda contigo meu coração
m um pé de plantação
falta d'água perdi meu gado
reu de sede meu alazão Hoje longe, muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar pro meu sertão
ero a chuva cair de novo Que eu voltarei, viu
mim voltar pro meu sertão Meu coração

ando o verde dos teus olhos Eu te asseguro não chore não, viu
espalhar na plantação Que eu voltarei, viu
e asseguro não chore não, viu Meu coração

mposição: Humberto Teixeira / Luiz Gonzaga.

É correto afirmar que a variação linguística apresentada na linguagem da letra da canção acima, é social,
trática? Justifique sua resposta.
Retire da canção expressões típicas da linguagem popular.
omo o cenário do sertão é descrito na música?
Qual o tema tratado na música?
oderíamos afirmar que o conteúdo expresso pelo compositor em décadas passadas se faz “novo” nos dias
ais? Justifique.
a sua opinião, qual o grau de escolaridade do eu-lírico? Explique.
Qual sua possível profissão?
Você compreendeu o que quis dizer a canção, isto é, houve comunicação, ou nela há expressões “erradas”
dificultam o entendimento?
uponha que você seja oftalmologista e no consultório lhe chegasse um paciente cujas palavras fossem:
tô, meus óio tão ardeno”, como você agiria diante de tal afirmação? Corrigia-o ou procedia o exame dos
os do paciente?

Leia o texto ao lado para responder as perguntas a seguir:

Que variedade linguística o personagem da imagem usou para se expressar: linguagem culta ou
quial? E o que ela representa?
Observando a imagem, escreva dois motivos que contribuem para que o personagem fale dessa forma?
maneira como o personagem falou dá para o ouvinte/leitor compreender? Por quê?
ssa linguagem usada por ele é considerada adequada ou inadequada? Por quê?
Que efeito de sentido o sinal de pontuação “reticências” atribui ao texto?
anscreva o texto para norma culta da língua portuguesa.

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