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variação linguística (tipos e exemplos)

As variações linguísticas são as diferenças que uma língua apresenta mediante fatores como a região e as
condições culturais ou sociais onde ela é usada. Por exemplo, existem variações na língua portuguesa falada
no Brasil e em Portugal.

Os tipos de variações linguísticas são:

1. geográficas, como os regionalismos


2. históricas, como o português medieval e o atual
3. sociais, como os termos técnicos usados por profissionais
4. situacionais, como as gírias

1. Variação geográfica ou diatópica

A variação geográfica ou diatópica está relacionada com o local em que é desenvolvida, tal como as variações
entre o português do Brasil e de Portugal, chamadas de regionalismo.

Exemplos de regionalismos:

2. Variação histórica ou diacrônica

A variação histórica ou diacrônica ocorre com o desenvolvimento da história, tal como o português medieval e
o atual.

Exemplo de português arcaico:


3. Variação social ou diastrática

A variação social ou diastrática é percebida segundo os grupos (ou classes) sociais envolvidos, tal como uma
conversa entre um orador jurídico e um morador de rua. Um exemplo desse tipo de variação são os
socioletos.

Exemplo de socioleto:

4. Variação situacional ou diafásica


A variação situacional ou diafásica ocorre segundo o contexto, por exemplo, situações formais e informais. As
gírias são expressões populares utilizadas por determinado grupo social.

Exemplos de gíria:

 Que mico! (Que vergonha!)


 Fui trollado. (Fui enganado)
 Minha apresentação flopou. (Minha apresentação foi um fracasso.)

"Variedade regional
São aquelas que demonstram a diferença entre as falas dos habitantes de diferentes regiões do país,
diferentes estado e cidades. Por exemplo, os falantes do Estado de Minas Gerais possuem uma forma
diferente em relação à fala dos falantes do Rio de Janeiro.

Observe a abordagem de variação regional em um poema de Oswald de Andrade:


Vício da fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
Agora, veja um quadro comparativo de algumas variações de expressões utilizadas nas regiões Nordeste,
Norte e Sul:
Região Nordeste
Região Sul
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Região Norte
Racha – pelada, jogo de futebol
Campo Santo – cemitério
Miudinho – pequeno
Jerimum – abóbora
Alçar a perna – montar a cavalo
Umborimbora? – Vamos embora?
Sustança – energia dos alimentos
Guacho – animal que foi criado sem mãe
Levou o farelo – morreu

→ Variedades sociais
São variedades que possuem diferenças em nível fonológico ou morfossintático. Veja:
Fonológicos - “prantar” em vez de “plantar”; “bão” em vez de “bom”; “pobrema” em vez de “problema”;
“bicicreta” em vez de “bicicleta”.
Morfossintáticos - “dez real” em vez de “dez reais”; “eu vi ela” em vez de “eu a vi”; “eu truci” em vez de “eu
trouxe”; “a gente fumo” em vez de “nós fomos”.
→ Variedades estilísticas
São as mudanças da língua de acordo com o grau de formalidade, ou seja, a língua pode variar entre uma
linguagem formal ou uma linguagem informal
Linguagem formal: é usada em situações comunicativas formais, como uma palestra, um congresso, uma
reunião empresarial, etc.
Linguagem Informal: é usada em situações comunicativas informais, como reuniões familiares, encontro com
amigos, etc. Nesses casos, há o uso da linguagem coloquial.
Gíria ou Jargão
É um tipo de linguagem utilizada por um determinado grupo social, fazendo com que se diferencie dos demais
falantes da língua. A gíria é normalmente relacionada à linguagem de grupos de jovens (skatistas, surfistas,
rappers, etc.). O jargão é, em geral, relacionadao à linguagem de grupos profissionais (professores, médicos,
advogados, etc.
ATIVIDADE
A seguir são apresentados alguns fragmentos textuais. Sua tarefa consistirá em analisá-los, atribuindo a
variação linguística condizente aos mesmos:

a – Antigamente
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não
faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes
pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."
Carlos Drummond de Andrade

b - Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
Oswald de Andrade

c –“ Aqui no Norte do Paraná, as pessoas chamam a correnteza do rio de corredeira. Quando a corredeira está
forte é perigoso passar pela pinguela, que é uma ponte muito estreita feita, geralmente, com um tronco de
árvore. Se temos muita chuva a pinguela pode ficar submersa e, portanto, impossibilita a passagem. Mas se
ocorre uma manga de chuva, uma chuvinha passageira, esse problema deixa de existir.”
d – E aí mano? Ta a fim de dá uns rolé hoje?
Qual é! Vai topá a parada? Vê se desencana! Morô velho?
e) “No mundo nom me sei parelha,
mentre me for como me vai;
ca ja moiro por vós, e ai!,
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia?
f) Me lembrei dessa história por conta de outra completamente diferente, mas na qual também vi meu medo
me deixar em maus lençóis.
2- Os enunciados linguísticos em evidência encontram-se grafados na linguagem coloquial. Reescreva-os de
acordo com o padrão culto da linguagem.
a – Os livros estão sobre a mesa. Por favor, devolve eles na biblioteca.

b – Falar no celular é uma falha grave. A consequência deste ato pode ser cara.

c – Me diga se você gostou da surpresa, pois levei muito para preparar ela.

d – No aviso havia o seguinte comentário: Não aproxime-se do alambrado. Perigo constante.

e – Durante a reunião houveram reclamações contra o atraso do pagamento dos funcionários.

3- A letra musical abaixo se compõe de alguns registros de variação linguística. Identifique-os tecendo um
comentário acerca do referido assunto, levando em consideração os preceitos trazidos pela linguística, em se
tratando de tais variedades.

Cuitelinho
Cheguei na beira do porto
Onde as onda se espaia
As garça dá meia volta
E senta na beira da praia
E o cuitelinho não gosta
Que o botão de rosa caia, ai, ai
Ai quando eu vim
da minha terra
Despedi da parentáia
Eu entrei no Mato Grosso
Dei em terras paraguaia
Lá tinha revolução
Enfrentei fortes batáia, ai, ai [...]
Folclore recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó
4-Dependendo do contexto e das situações comunicativas, a linguagem utilizada pode ser formal ou informal.
A variação linguística em que isso acontece é chamada de:
Leia o texto e responda as questões:
Receita mineira: Môi de repôi nu ái i ói
Ingridienti
5 denti di ái.
3 cuié di ói.
1 cabêsss di repôi.
1 cuié di mastumati
Sá agosto.
Modi fazê
Casca o ái, pica o ái i soca o ái cum sá. Quenta o ói na caçarola i foga o ái socado no ói quentim. Pica o
repôi beeemmm finim. Foga o repôi no ói quentim junto cum o ái fogado. Põim a mas tumati i méxi cum a cuié
pra fazê o môi. Sirva cum rôis i meléti. Isso é bom dimais da conta sô.

a) Qual a variação linguística presente no texto?


b) Reescreva a receita de acordo com as normas dessa variedade linguística.
– Na receita lida, o locutor emite sua opinião a respeito do prato, embora esse procedimento não seja comum
nas receitas. Identifique o trecho em que isso ocorre.
Leia o texto abaixo e responda às questões 5 a 7:
Nenhuma língua permanece a mesma em todo o seu domínio e, ainda num só local, apresenta um sem-
número de diferenciações. [...] Mas essas variedades de ordem geográfica, de ordem social e até individual,
pois cada um procura utilizar o sistema idiomático da forma que melhor lhe exprime o gosto e o pensamento,
não prejudicam a unidade superior da língua, nem a consciência que têm os que a falam diversamente de se
servirem de um mesmo instrumento de comunicação, de manifestação e de emoção.
Celso Cunha
5. Segundo Celso Cunha,
a) a língua necessita sofrer mudanças realizadas por especialistas.
b) a língua se adapta a partir de situações geográficas e sociais.
c) cada falante deve se adaptar à língua predominante o qual está inserido.
d) a língua não necessita ser um ato de manifestação comunicativa.

6. No texto, Celso Cunha revela a importância da


a) multiplicidade de línguas, apesar de não haver diferenças
b) unidade da língua, apesar das diferenças.
c) multiplicidade de línguas, pois há diferenças.
d) unidade da língua, pois não há diferenças.

7. No texto, o tipo de variação linguística que não é citado pelo professor Celso Cunha é a
a) histórica.
b) situacional.
c) social.
d) geográfica.
eia a tirinha e respondas às questões 8 e 9:

7. Pela história, percebe-se que a mulher


a) demonstrou insegurança ao observar que o papagaio falava diferente dela.

b) foi grosseira com o vendedor do papagaio.


c) demonstrou preconceito linguístico.
d) resolveu ficar com o papagaio.
8. Ao final da história, compreende-se o motivo de o papagaio falar sem fazer uso das convenções
ortográficas. Portanto, podemos concluir que tal fato é um exemplo implícito de uma variação linguística
a) geográfica.
b) situacional.
c) histórica.
d) social.

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