VIVENDO SEM MEDO

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VIVENDO SEM MEDO

POR DAVID WILKERSON

“Bendito seja o Senhor Deus… porque visitou e redimiu o seu povo, e


nos suscitou plena e poderosa salvação… por boca dos seus santos
profetas, para nos libertar dos nossos inimigos… para usar de
misericórdia com os nossos pais e lembrar-se da sua santa aliança e
do juramento que fez a Abraão, o nosso pai, de conceder-nos que,
livres da mão de inimigos, o adorássemos sem temor, em santidade
e justiça perante ele, todos os nossos dias” (Lucas 1:68-75).

Qual é o segundo elemento desta promessa? Diz que Cristo concedeu que
vivamos todos os nossos dias sem medo. Que raciocínio incrível: podemos passar o
resto de nossos dias na terra sem precisar temer coisa alguma.

Quando avalio esse segundo aspecto da promessa de Deus, tenho de admitir:


não cheguei lá. As escrituras mostram que mesmo o apóstolo Paulo levou muito
tempo até chegar ao ponto de viver sem medo. E você? Você já chegou a esse
ponto? Todos nós experimentamos a primeira parte da promessa: Cristo trouxe
vitória às nossas vidas contra os inimigos demoníacos. Mas quanto à segunda parte
– viver sem medo – sinto que poucos de nós desfrutam de real libertação do medo.

Contudo Deus não iria nos dar essa promessa de aliança sem mostrar-nos
como obtê-la. Em verdade, as escrituras claramente delineiam uma rota para todo
crente ficar apto a viver e servi-Lo sem medo. Deus nos mostra como podemos viver
sem medo em I João. O apóstolo João resume isso em um versículo:

“O perfeito amor lança fora o medo” (4:18).

Além disso, o apóstolo diz, “No amor não existe medo… aquele que teme não é
aperfeiçoado no amor” (mesmo verso). Em resumo, se estamos vivendo com temor,
podemos saber que ignoramos o que seja perfeito amor. Certamente amamos Deus,
um fato que está fora de dúvida. Mas veja o que João diz a respeito do perfeito
amor anteriormente no capítulo:

“Se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós,
aperfeiçoado” (4:12).

De acordo com João, o que primeiro se considera no perfeito amor é amor


incondicional por nossos irmãos e irmãs em Cristo. Um cristão pode dizer que ama
Deus, que está cumprindo a vontade do Senhor, que está fielmente cumprindo a
obra do reino; tal pessoa pode ser um adorador e mestre da Palavra. Mas se ela
guarda rancor, ou se fala contra alguém – se exclui qualquer pessoa do corpo de
Cristo, ela anda em trevas, e o espírito da morte está sobre ela; toda a vida, todas as
boas obras, não estão funcionando nessa pessoa. Veja o que João diz dela:

“Aquele que diz estar na luz e odeia a seu irmão, até agora, está nas trevas” (I João
2:9).

João diz que tal pessoa tem todo o motivo para desmoronar. Acrescenta:

“Aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia o seu irmão é
assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente
em si” (3:14-15).

Se você está interessado em viver uma vida sem medo, diz João, há como
chegar lá. Realmente, há um perfeito amor que expulsa todo o medo. E aqui está o
primeiro passo que todos precisamos dar:

“Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns
aos outros” (I João 4:11).

A primeira coisa é tratar de nossos relacionamentos no corpo de Cristo.


De acordo com João, aqui começa o verdadeiro amor. Amar os outros não é
algo que “devemos” fazer – mas somos ordenados a fazer. João diz nos capítulo
anterior:

“O seu mandamento é este: que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus


Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou”
(3:23). “Ora, temos da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus
ame também a seu irmão” (4:21).

Simplificando, devemos amar os outros como Cristo nos amou. Nisso é o amor
aperfeiçoado. Porém, o que quer dizer amor pelos outros? É mais do que perdão,
muito mais. É perdoar todas as transgressões dos outros contra nós. É oferecer-lhes
comunhão. É estimá-los tanto quanto estimamos os outros membros do corpo. E é
nos tornar disponíveis a eles em seus momentos de necessidade.

Ainda mais, amar os outros significa jamais revidar qualquer mau juízo,
decisão injusta ou ofensa que tenha sido feita contra nós ou nossa reputação.
Resumindo, é perdoar e esquecer, enterrar todo o passado no mar do esquecimento,
no qual Cristo lançou todos os pecados que nós cometemos contra Ele.

Sabemos que Deus vê o coração. Então cada um de nós deve olhar para
dentro e perguntar: “Coloquei as minhas dores sob o sangue; mas será que
verdadeiramente perdoei as pessoas que as provocaram? Será que ‘amor pelos
outros’ é uma obra já terminada em mim? Ou será que continuo a ser perseguido
pela amargura?”.

A Segunda epístola de João nos dá um alerta, ao dizer que andar na verdade


é “a doutrina de Cristo” (2 Jo. 9). O que, exatamente, é essa doutrina? É obedecer
integralmente a ordem de Deus para amar o Seu corpo.

“Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em
casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas
faz-se cúmplice das suas obras más” (2 Jo. 10-11).
Essa é uma palavra dura de João. E embutida nela está um alerta contra se
dar ouvidos à mexericos desafetuosos. Quer você espalhe tais palavras ou as aceite
– por telefone, na hora do cafezinho, mesmo na igreja – o ouvinte é tão culpado
quanto o fofoqueiro. E ambos estão zombando da doutrina de Jesus Cristo. Que Deus
nos ajude a ver as horríveis consequências de se receber conversas desafetuosas, de
se ouvir amarguras, detalhes quanto ao comportamento de outrem, de se dar
ouvidos a qualquer pessoa que descarrega uma história de raiva (sem termos o
outro lado da história) e planta sementes de desunião.

Amado, essa questão do perdão e do amor é mandamento. Mas, segundo


João, é também um amoroso convite para uma vida de libertação do medo. Ele diz
que o Espírito Santo não vai pressionar-nos à essa verdade, mas irá buscar nos
persuadir, tratando brandamente conosco:

“Os seus mandamentos não são penosos, porque todo o que é nascido de
Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (I Jo. 5:3-4).

Pode ser difícil amar e perdoar, especialmente os que nos feriram


profundamente. Mas João assegura: “Esta é a confiança que temos para com ele:
que, se pedirmos alguma cousa segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos
que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os
pedidos que lhe temos feito” (1 Jo. 5:14-15).

Quando aprendemos a amar e perdoar, o Espírito Santo arranca e extirpa as raízes


da nossa recusa ao perdão. E não fica nem um traço dela; ela se vai para sempre.
Agora estamos capacitados para orar pelas pessoas que perdoamos, pensar bem
delas, mesmo servi-las. Finalmente, as vemos purificadas pelo mesmo sangue que
nos purifica, e como sendo um conosco no corpo de Cristo. Isso é a intimidade do
coração de Jesus.

Ainda assim, uma vez tendo resolvido essa questão de amar como Cristo nos amou,
há ainda outra parte a ser considerada. Veja, amar os outros é perfeito amor só em
parte.
A segunda parte do perfeito amor é conhecer e crer no amor que Deus tem por nós
“E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor e aquele
que permanenece no amor permanece em Deus, e Deus, nele. Nisto é em nós
aperfeiçoado o amor, para que, no Dia do Juízo, mantenhamos confiança; pois,
segundo ele é, também nós somos neste mundo” (I Jo. 4:16-17).

Note a última parte desta passagem. João diz que agora estamos vivendo como o
Senhor viveu: perdoando e amando os nossos inimigos. Nada resta em nós de
revides, rancores, ou preconceito racial – nada que nos condene no Dia do Juízo. E
então agora precisamos conhecer e inteiramente crer no amor de Deus por nós.

“Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele
nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (I Jo. 4:10).
Você percebe o quê João está dizendo? O nosso amor por Deus é algo estabelecido.
Perfeito amor também significa conhecer e crer no amor de Deus por nós.

Ainda mais, diz João, não deve haver medo nesse amor, não se pode duvidar dele.
Por que? Porque se duvidarmos desse amor por nós, viveremos em tormento: “O
medo produz tormento” (4:18). Crer no amor de Deus significa saber que Ele é
paciente com as nossas falhas do dia sim, dia não. Ele ouve cada um de nossos
choros, conta cada lágrima nossa, sente a nossa angústia de coração, e é movido por
compaixão diante de nossos gemidos.

Esse aspecto do amor de Deus é vivamente ilustrado em Êxodo, onde o Senhor


busca revelar Sua natureza amorosa ao povo. Ele diz a Moisés, “Vou livrar Israel”, e as
escrituras dizem: “gemiam sob a servidão e por causa dela clamaram, e o seu
clamor subiu a Deus” (Êxodo 2:23-24). “Disse… o Senhor: Certamente, vi a aflição do
meu povo, que está no Egito…Conheço-lhe o sofrimento; por isso, desci a fim de
livrá-lo” (3:7-8).

O faraó tornou impossível que os israelitas escravizados conseguissem cumprir as


metas na fabricação de tijolos. Então, como o povo de Deus reagiu à promessa que
Deus fez de livrá-los? “Mas eles não lhe deram ouvidos, por causa da angústia e da
cruel escravidão que sofriam” (Êxodo 6:9).

Eu lhe pergunto: você crê que Deus vê a sua necessidade e situação, assim como fez
com Israel? Muitas vezes nós, de maneira pouco sincera dizemos “Cristo é tudo”,
porém quando enfrentamos uma crise – quando uma coisa após outra dá errado,
nossas preces parecem não ser respondidas, e uma esperança após a outra vai
sumindo – afundamos no medo. Em verdade, sucumbimos ao medo sempre que
oscilamos em confiar em Deus em todas as coisas. Mas o fato é que Deus jamais
abandona qualquer filho na hora da angústia, mesmo quando a situação é
totalmente desesperadora.

Amado, a nossa fé não é realmente fé – a menos que ela seja testada ao limite.
Quando Deus libertou Israel do Egito, Ele disse ao povo, “Eu vos tirei do cativeiro para
trazer-vos para Mim”. Ele os guiou passo a passo à situações tão difíceis que só um
milagre poderia salvá-los. Foram situações duras e angustiantes, porém tinham um
propósito eterno: construir neles uma dependência completa de Deus para todos os
recursos.

Deus se comprometeu em fazer o impossível por eles. Ele lhes abriria um caminho
quando inexistisse saída alguma visível para eles. E o Senhor executou tudo que
prometeu. O Seu desejo era que o povo cresse que Ele os amava, que sabia o que
estavam suportando, que escutava cada lamento deles; a única coisa que Ele queria
era ouvi-los dizendo com firmeza de fé, “Com o meu Deus, nada é impossível”.

Qual é a evidência da fé? É o descanso. É uma atitude do coração que diz, “Vivo ou
morto, sou do Senhor. Ele é fiel comigo em todas as coisas, não importa a escuridão
que haja”. O autor de Hebreus refere-se à essa atitude quando escreve, “Resta um
repouso para o povo de Deus” (Hebreus 4:9).

Qual é a evidência de que não entramos ainda no descanso? É o medo. Como afirma
João, “Aquele que teme não é aperfeiçoado no amor” (I Jo. 4:18). E Tiago descreve as
consequências de não se descansar no amor de Deus: “Peça-a, porém, com fé, em
nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada
pelo vento. Não suponha esse homem que alcançará do Senhor cousa alguma”
(Tiago 1:6-7).

Vemos as consequências de não se descansar no amor de Deus na história de José e


seus irmãos
Nessa história, José serve como um tipo de Cristo. Seus irmãos mais velhos o
odiavam devido à sua integridade, e assim quando encontraram negociantes
rumando para o Egito eles venderam José à escravidão. Depois de várias duras
provações e anos de sofrimentos, José foi elevado ao posto de braço direito do faraó.
Então recebeu uma visão de uma fome no mundo inteiro por sete anos, e aconselhou
ao faraó que começasse a armazenar montanhas de milho. O faraó fez isso durante
os anos bons, e então a fome chegou.

Quando os alimentos ficaram escassos, o pai de José, Jacó, enviou seus dez filhos ao
Egito para comprar milho do faraó. O que se seguiu é uma trama familiar de intrigas:
José reconheceu seus irmãos, mas estes não o reconheceram. Durante a interação,
José acabou ouvindo-os confessar o pecado deles, mas eles não acharam que ele os
havia entendido. Eles disseram, “Somos culpados, no tocante a nosso irmão, pois lhe
vimos a angústia da alma, quando nos rogava, e não lhe acudimos; por isso, nos vem
esta ansiedade” (Gênesis 42:21).

Qual foi a reação de José à confissão deles? “Retirando-se deles, chorou” (42:24). Vai
ficando claro com o desdobramento da história que José estava reconciliado em seu
coração com os irmãos. Apesar de eles haverem agido de modo terrivelmente
injusto com ele, José desejava ardentemente revelar-se aos seus familiares,
abraçá-los pelo pescoço, beijá-los e reconciliá-los consigo mesmo.

Isso reflete o coração de Deus em relação a nós, segundo Paulo. Ele registra, “…nós,
quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho”
(Romanos 5:10). “…Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo” (2
Coríntios 5:18). Quando nós ainda éramos pecadores, Deus removeu cada barreira
que nos deixava sem reconciliação com Ele, através do sacrifício do Seu Filho na cruz.
Também como José, Ele anseia por revelar o coração aos Seus amados.

Finalmente, José não conseguia mais reter o amor por seus irmãos. “Levantou a voz
em choro… Disse… a seus irmãos: Agora, chegai-vos a mim… Não vos entristeçais, nem
vos irriteis contra vós mesmos… porque, para conservação da vida, Deus me enviou
adiante de vós” (Gênesis 45:2, 4-5). O amor de José por seus irmãos tinha pouco a
ver com a confissão que fizeram. Não foi resultado de orações deles, de seu jejum, de
qualquer boa obra, ou de sinceras promessas de se tornarem servos dele. Foi toda
uma questão de amor imerecido.

O mesmo é verdade quanto a nós com Deus. Ele nos amou quando éramos ainda
pecadores – antes de nos arrependermos, antes de experimentarmos o pesar
doloroso (pelo pecado), antes até mesmo de crermos nEle. Eu pergunto: quanto mais
Deus nos ama agora que abraçamos o Seu amor e recebemos Sua misericórdia?

Esse grande amor foi expresso no modo pelo qual José tratou sua família uma vez
esta tendo se reconciliado com ele: “José estabeleceu a seu pai e a seus irmãos e lhes
deu possessão na terra do Egito, no melhor da terra” (47:11). José alimentou e nutriu
os próprios irmãos que haviam se virado contra ele, suprindo-os com carroças e
carroças das melhores iguarias do Egito.

Mas mesmo após isso, aqueles homens ainda viviam com medo de José. Dezessete
anos depois, quando o pai morreu, José e seus irmãos carregaram o corpo de Jacó
de volta para Canaã, onde o sepultaram com grande cortejo. Enquanto lá, os irmãos
de José começaram a murmurar entre sí: “É o caso de José nos perseguir e nos
retribuir certamente o mal todo que lhe fizemos” (50:15).

Então foram até o irmão, prostraram-se sobre seus rostos e lhe suplicaram com
medo: “Antes que o nosso pai morresse, ele nos ordenou que viéssemos até ti,
confessássemos o nosso pecado e lhe pedissemos misericórdia. Suplicamos que tu
nos perdoe, José. Seremos teus servos. Tu tens as nossas vidas em tuas mãos”.
Como José reagiu a isso? “José chorou enquanto lhe falavam” (Gênesis 50:17). Entre
lágrimas de pesar ele fala delicadamente a seus irmãos, assegurando-lhes, “Não
temais; acaso estou eu em lugar de Deus?” (50:19). Creio que as lágrimas de José nos
revelam o quanto de dor ele tinha. O temor persistente de seus irmãos havia lhe
magoado profundamente. Isso é o que ele deve ter pensado: “Perdoei os meus
irmãos há dezessete anos atrás. Mesmo assim todo esse tempo eles viveram sob o
medo! Eles nunca conheceram o meu coração em relação a eles. Eles nunca
aceitaram o meu amor”.

Os irmãos de José não tinham nenhuma razão para temê-lo. Mesmo assim pense no
raciocínio deles todos aqueles anos: eles nunca desfrutaram das provisões dadas por
José, de seus presentes, recursos, de sua bondade e amor. Como resultado nunca
estiveram à vontade, nunca conseguiram curtir a vida, mas pelo contrário, sempre
ficavam pensando nos pecados passados – e sempre julgavam mal o coração do
irmão.

José tinha deleite neles, demonstrando amor com abraços, beijos e lágrimas de
alegria. Ele se rejubilava por ter podido abençoá-los e gabava-se deles diante dos
egípcios mundanos. Por meio de todas estas coisas, José estava lhes dizendo,
“Estamos reconciliados. Não estou interessado no que vocês fizeram no passado.
Apenas quero demonstrar a vocês o meu coração”. Contudo, ano após ano os irmãos
nunca confiavam nele. E então ficavam constantemente ansiosos, sem alegria,
oprimidos. Todo sofrimento que viviam eles achavam ser a maneira pela qual Deus
os estava fazendo pagar por seus pecados.

É triste, mas o mesmo acontece com muitos do povo de Deus hoje em dia. Como
José, Deus se ressente pelo sofrimento e pela dor que trazemos a nós mesmos por
não descansarmos em Seu amor. Hebreus nos diz que Cristo na glória é tocado pelo
sentimento de nossas enfermidades (v. Hebreus 4:15). Ele “co-participa” de nossas
dores, e sofre quando sofremos. Diga-me, amado, o que você faz com essa grande
verdade?
Eis o que eu acredito ter sido a fonte mais profunda das lágrimas de José. Não foi
porque seus irmãos julgaram mal o seu caráter ou abusaram de seu amor. Antes, foi
o seguinte, que eu tirei de um antigo hino de igreja: “Oh, que paz muitas vezes
perdemos, oh, que dor desnecessária carregamos, tudo porque não levamos tudo a
Deus em oração”.

Se José verdadeiramente amava seus irmãos – se ele genuinamente se deleitava


neles – sabemos que ele era ferido pela dor desnecessária que carregavam todos
aqueles anos. Ele pensava na dor debilitante que eles haviam sofrido, na paz e na
alegria que haviam deixado de ter, em toda culpa e condenação, nos anos
acorrentados às cadeias do medo. E creio que José chorou porque eles não haviam
ido até ele para resolver muito tempo antes; ele havia lhes aberto a porta, mas eles
nunca buscaram acesso.

De acordo com João, quando o nosso amor está alinhado com a Palavra de Deus –
quando abraçamos o Seu amor e cuidado por nós, e amamos uns aos outros
incondicionalmente – só então vamos viver sem medo. Teremos confiança no dia do
juízo. E seremos capazes de viver no dia a dia como Cristo viveu: sem medo.

Quando o medo é expulso, algo maravilhoso acontece


Quando todo o medo se vai, estamos agora em perfeito amor. Ouça essas palavras
cantadas por Davi: “O esplendor e a majestade estão diante dele; força e alegria na
sua habitação” (I Crônicas 16:27 itálicos meus). A raíz para “alegria” no Novo
Testamento quer dizer “pulando de júbilo”. O coração de Deus pula de alegria pelos
que desfrutam da plenitude do perfeito amor.

Agora mesmo, o mundo está se afogando no medo. A humanidade treme devido ao


aquecimento global, ao medo de ataques terroristas, de guerra nuclear, dos abalos
da economia, da AIDS, dos mortícinios em massa, do crescimento do islamismo, do
caos político, da disseminação dos vícios das drogas, álcool e pornografia. Eu lhe
pergunto: como vamos conseguir produzir algum impacto por Cristo se estamos
perturbados pelo mesmo espírito de medo do mundo? Que tipo de esperança
podemos oferecer – na verdade, que tipo de evangelho pregamos – se ele não nos
muda e não nos livra do medo?

Deus trouxe a Nova Aliança para assegurar à igreja o Seu amor e pleno perdão pelos
pecados – para nos levar ao conhecimento de Seu deleite e alegria por todos nós…
para que possamos conhecer o Seu coração de amor, e viver todos os nossos dias
sem medo. Veja:

“Os que o Senhor resgatou voltarão. Entrarão em Sião com cantos de alegria;
duradoura alegria coroará sua cabeça. Júbilo e alegria se apoderarão deles, e a
tristeza e o suspiro fugirão” (Isaías 35:10). “O Senhor é a minha luz e a minha
salvaçao; de quem terei temor? O Senhor é o meu forte refúgio; de quem terei
medo?… Ainda que um exército se acampe contra mim, meu coração não temerá”
(Salmo 27:1,3).

Há muito tempo o povo de Deus já deveria ter posto tudo em Suas mãos. Insisto com
você, pare de tentar resolver você mesmo os seus problemas. Pelo contrário,
descanse no poder da Palavra de Deus. Deixe que o Senhor coloque alegria em você,
hoje. O seu coração alegre irá “chocar e assombrar” todos os que estiverem
temerosos ao seu redor: “E serás por pasmo, por ditado, e por fábula entre todos os
povos a que o Senhor te levará” (Deuteronômio 28:37).

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