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O estresse e as

doenças
psicossomáticas
PROFª CAMILA C. CAMILO
 Hans Seyle  utilizou o termo “stress” pela
primeira vez em 1936
 Grande número de pesquisas e publicações produzidas

 Distorções importantes sobre o termo


 Estresse, doença e Psicossomática  termos
usualmente utilizados sem muito rigor – senso
comum
 Geralmente muito vagos

 No plano dos saberes científicos  ignora-se que o


significado dos termos varia muito de um jargão
técnico para outro, tornando o texto hermético e
propício a mal-entendidos
 Confusão conceitual em relação ao termo
Psicossomática também é percebida

 Existe um grande número de significados e


tendências na Psicossomática
 Dificuldade de estabelecer um estatuto preciso e
definitivo para a Psicossomática

 Significado do termo que traz menor dificuldade 


seria a noção de doença
 Mas isso não é verdade! – Doenças, causas e
compreensão de seus processos – apresentam-se
historicamente em constante mutação
 Descobertas de Pasteur e Koch  condições
para uma explicação mais racional dos
processos de adoecer
 Ilusão de que a bacteriologia iria liberar a
Medicina dos complexos determinantes
econômicos, sociais e políticos
 Necessidade  diferenciar as diversas
categorias do ser humano (ser biopsicossocial)
 Método interdisciplinar  permite à Medicina
Psicossomática envolver-se na análise das
estruturas sociais – um dos “fatores de risco”
 Enfermidades  tem componentes sócio-
históricos e psicológicos
 Objetivo da Psicossomática
 Adicionar ao conhecimentos gerados pela Medicina
(método Bio-Físico-Químico), outro conjunto de saberes
(facetas do ser humano enquanto Ser Psicológico e
Social) – por meio das Ciências Humanas e Sociais
 Para Gilberto Freire (1983), o ser humano “é um todo,
biológico, ecológico e socioculturalmente determinado. E seu
bem-estar – além de físico, psicossocial – está dependente e
relacionado a situações que o envolvem como membro de um
grupo, em particular, e de uma comunidade e, mais do que
isso, de um sistema sociocultural em geral; e não apenas de
sua herança biológica ou de fatores ecológicos”
 Importante  ampliar a capacidade de as
influências sociais nos comportamentos
 Influênciahistórico-social  de acordo com o
grupo social, e que reforçará ou punirá os seus
comportamentos
 Emoções  respostas universais de um
organismo e submetem-se às influências sociais
O que nos entristece ou nos alegra decorre da visão
de mundo que se adquire através do contato social
 Observa-se que o comportamento humano é
determinado (pelo menos em grande parte) pela
inter-relação do indivíduo com o grupo do qual
ele faz parte
MECANISMO DE FORMAÇÃO DOS
SINTOMAS

 Psicossomática  o estudo da pessoa como ser


histórico, que é um sistema único constituído por
três subsistemas:
 corpo, mente e social
 Holismo  introduzido na Medicina por Smutes,
em 1926
 Vem do grego holos, que significa todo
 Natureza biopsicossocial
do homem, na saúde e na
doença, bem como no respectivo tratamento
MECANISMO DE FORMAÇÃO DOS
SINTOMAS

 Fundamental  totalidade do ser e das circunstâncias


que o rodeiam para compreender os processos de
adoecer
 Se leva em conta a pessoa (o doente) e não a doença
 Psicossomática  compreende processos de adoecer
como a resposta de um sistema
 Fenômenos humanos têm sempre uma motivação,
nada acontecendo por acaso
MECANISMO DE FORMAÇÃO DOS
SINTOMAS
“os distúrbios da relação do homem com o seu ambiente físico e
psicossocial podem gerar emoções desprazerosas e estimular reações de
vários tipos. A doença é uma reação ativa do organismo e não apenas um
efeito aos estímulos nocivos” (Wolff, 1952)

 Homem  responde às ameaças simbólicas da


interação social e não só ameaças concretas
(biológicas, e/ou físicas e químicas)
 Quebra de laços familiares e estrutura social, privação
de necessidades básicas, obstáculos à realização pessoal,
separação, perda de emprego, viuvez, aposentadoria,
entre outros, são tão potencialmente danosos à pessoa,
quanto os fatores concretos acima citados
MECANISMO DE FORMAÇÃO DOS
SINTOMAS

 Ser humano apresenta dificuldades em reagir de


forma adequada
 Grande número de doenças, ou a maioria, expressam e
relevam a forma da pessoa viver a sua interação com o
mundo
 Compreender a Patologia como processo histórico e
inter-relacional  enriquece os conhecimentos sobre
os complexos mecanismos bio-físico-químicos
relacionados com o processo de adoecer
MECANISMO DE FORMAÇÃO DOS
SINTOMAS

 Fundamental  compreender que a situação de


conflito gera emoções suficiente para originar
transtornos funcionais,
 estesse repetidos e persistentes, alteram a vida celular
acarretando a lesão orgânica e suas complicações
 O que no nível dos sentimentos é medo, raiva, dor,
tristeza, alegria, fome, no corpo se expressa por
modificações no subsistema somático, através de
modificações das funções motoras, secretoras e de
irrigação sanguínea
MECANISMO DE FORMAÇÃO
DOS SINTOMAS
“A disfunção pode resultar da alteração de fibra
muscular lisa que existe em vários órgãos. Assim, a
pessoa pode apresentar disfunções motoras no nível do
aparelho digestivo (vômitos, síndrome hipoestênica,
diarreia, prisão de ventre, discinesias); do aparelho
respiratório (asma, bronquite); do aparelho
geniturinário (disúria, cólica pielouretral,
dismenorreia, polaciúria, vaginismo, taquiespermia);
do aparelho circulatório (hipertensão arterial
diastólica, enxaqueca, cefaleia de tensão); de pele
(neurodermites, eczemas, pruridos) e de outros órgãos e
aparelhos...”
MECANISMO DE FORMAÇÃO
DOS SINTOMAS
“A disfunção secretora, manifesta-se não só na produção de
muco, mas também na produção de secreções endócrinas, na
produção de hormônios do aparelho digestivo, secreção gástrica,
pancreática, biliar e entérica. A disfunção da irrigação sanguínea
nos órgãos, exerce papel na determinação de processos agudos e
crônicos e, na dependência da intensidade, da repetição e da
duração deles, pode ocasionar a diminuição da resistência da
mucosa a outros agentes agressivos, surgindo hemorragias e
ulcerações de extensão e profundidades variáveis. As alterações
destas três funções parciais ocorrem em combinações múltiplas,
ao sabor das mais variadas situações de vida, ligadas a
sentimentos de raiva (hostilidade), medo, dor (mal-estar), fome,
humilhação, depressão, desesperança, desalento, tristeza e
melancolia. E suas apresentações na clínica são as mais variadas”
Conceito do Estresse

 Introduzido pela primeira vez por Selye em 1936


 Definição:
 estado gerado por estímulos que provocam excitação
emocional e retiram a pessoa de sua homeostasia
gerando aumento da adrenalina produzindo
manifestações sistêmicas como distúrbios fisiológicos e
psicológicos
“conjunto de reações que um organismo desenvolve ao ser
submetido a uma situação que exige esforço para a
adaptação” Seyle (1936)
ESTRESSE E DOENÇA DE
ADAPTAÇÃO

 Todo instante tenta-se ajustar às mais diferentes


exigências, seja do ambiente externo, seja do mundo
interno – este vasto mundo de ideias, sentimento,
desejos, expectativas, sonhos, imagens, etc., que cada
um tem dentro de si.
 Um acidente de trânsito, a mãe que se preocupa com o
filho, o operário que trabalha em um ambiente
barulhento ou perigoso para sua integridade, o
executivo que luta para cumprir os prazos, o jogador de
futebol
ESTRESSE E DOENÇA DE
ADAPTAÇÃO

 Organismo exposto a um esforço percebido como


ameaçador à homeostase (físico, químico, biológico ou
psicossocial) tende a responder de forma uniforme e
inespecífica, anatômica e fisiologicamente
 A esse conjunto de reações inespecíficas na qual o
organismo participa como um todo  chamado de
Síndrome Geral de Adaptação
 Síndrome Geral de Adaptação (SGA)  reações gerais
apresentadas pelo organismo exposto ao agente
estressor
ESTRESSE E DOENÇA DE
ADAPTAÇÃO

 Síndrome Geral de Adaptação consiste em três fases:


 Reação de Alarme
 Fase de Resistência
 Fase de Exaustão
 Não é necessário que a fase se desenvolva até o final
para que haja o estresse e é evidentemente só nas
situações mais graves que se atinge a última fase, a de
exaustão
ESTRESSE E DOENÇA DE
ADAPTAÇÃO

 Reação de Alarme:
 Organismo passa por uma excitação que pode ser de
agressão ou de fuga ao gerador de estresse,
 Entendida como um comportamento de adaptação
 Reação saudável ao estresse  não impede que o
individuo retome seu equilíbrio após a experiência
estressante
ESTRESSE E DOENÇA DE
ADAPTAÇÃO

 Reação de Alarme, caracteriza-se por:


a) aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial 
sangue circula mais rápido para levar mais oxigênio e
nutrientes aos tecidos
b)contração do baço  mais glóbulos vermelhos à corrente
sanguínea, mais oxigênio para o organismo
c) o fígado libera açúcar armazenado na corrente sanguínea 
utilizado como alimento  mais energia para os músculos e
cérebro
ESTRESSE E DOENÇA DE
ADAPTAÇÃO

 Reação de Alarme, caracteriza-se por:


d) redistribuição sanguínea  diminui o fluxo para a pele e
vísceras, aumenta para músculos e cérebro
e) aumento da frequência respiratória e dilatação dos
brônquios  para o organismo captar e receber mais oxigênio
f) dilatação pupilar  aumentar a eficiência visual
g) aumento do número de linfócitos na corrente sanguínea 
reparar possíveis danos aos tecidos
ESTRESSE E DOENÇA DE
ADAPTAÇÃO

 Fase de Resistência:
 Se os agentes estressantes desaparecem, as Reações de
Alarme tendem a regredir
 Se o organismo é obrigado a manter seu esforço de
adaptação, entra em uma nova fase, chamada Fase de
Resistência
ESTRESSE E DOENÇA DE
ADAPTAÇÃO

 Fase de Resistência:
 Organismo passa a apresentar sintomas ligados a
esfera emocional, sendo eles:
 medo, ansiedade, isolamento social, oscilações do
apetite, impotência sexual, roer unhas, entre outros
 Reação de hiperatividade córtico-supra-renal,, com
aumento do córtex da supra-renal, atrofia do baço e de
estruturas linfáticas, leucocitose, diminuição de
eosinófilos e ulcerações
ESTRESSE E DOENÇA DE
ADAPTAÇÃO
 Fase de Exaustão:
 Acontece se os agentes estressores continuarem ou se
tornarem crônicos e repetitivos. Resposta se mantém, mas
com duas características:
 diminuição da amplitude e antecipação das respostas
 organismo esgotado devido ao excesso de atividades e
grande consumo de energia
 Retorno a primeira fase, esgotamento por sobrecarga
fisiológica, morte do organismo e falha do mecanismo
de adaptação
ESTRESSE E DOENÇA DE
ADAPTAÇÃO

 As reações de estresse resultam dos esforços de


adaptação
 Se a reação ao agressor for muito intensa ou se o
agente do estresse for muito potente e/ou prolongado,
poderá haver  consequência: doença ou maior
predisposição ao desenvolvimento de doença
 Reação protetora sistêmica desencadeada pelo estresse
pode ir além da sua finalidade e dar lugar a efeitos
indesejáveis
ESTRESSE E DOENÇA DE
ADAPTAÇÃO

 Ser humano  capaz de adaptar-se ao meio ambiente


desfavorável, mas esta adaptação não ocorre
impunemente
 Doenças de adaptação são consequências do excesso de
hostilidade ou de excesso de reações de submissão
 Organismo pode ter memória afetiva (sistema límbico,
hipotálamo conectados com o córtex) de situações de
estresse anteriores
 Isso pode perpetuar o potencial nocivo
ESTRESSE E DOENÇA DE
ADAPTAÇÃO

 Doenças em que notoriamente há um componente de


esforço de adaptação:
 Úlcerasdigestivas, alterações dispépticas, crises
hemorroidárias, alterações da pressão arterial(ditas
essenciais), alterações na parede dos vasos sanguíneos,
alguns tipos de doenças renais, alterações inflamatórias
do aparelho gastrintestinal, diversas afecções
dermatológicas, alterações metabólicas várias,
manifestações alérgicas, artrites reumáticas e
reumatoides, perturbações sexuais, comprometimento
do sistema imunológico e algumas alterações tiroidianas
ESTRESSE E DOENÇA DE
ADAPTAÇÃO

 As reações de estresse são naturais e até


necessárias para a própria vida

 No entanto, sob algumas circunstâncias elas


podem se tornar prejudiciais ao funcionamento
do indivíduo
Alterações fisiológicas relacionadas a Reação de Alarme
Alterações Objetivos
ESTRESSESangue
Aumento da frequência E DOENÇA
circulando DE
mais rápido melhora a
ADAPTAÇÃO
cardíaca e pressão arterial atividade muscular esquelética e cerebral,
facilitando a ação e o movimento.
Contração do baço. Levar mais glóbulos vermelhos à corrente
sanguínea e melhora a oxigenação do
organismo e de áreas estratégicas.
O fígado libera mais Para ser utilizado como alimento e energia
glicose. para os músculos e cérebro.
Redistribuição sanguínea. Diminui o sangue dirigido à pele e vísceras,
aumentando para músculos e cérebro.
Aumento da frequência Favorece a captação de mais oxigênio pelo
respiratória e dilatação dos sangue.
brônquios.
Dilatação das pupilas. Para aumentar a eficiência visual.
Aumento do número de Preparar os tecidos para possíveis danos por
linfócitos na corrente agentes externos agressores
sanguínea.

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