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Lorraine Arruda De Paiva

Orientadora: Prof.ª Dra. Lia Paula Rodrigues Gomes Oliveira


O trânsito se tornou uma problemática atual da sociedade,
configurando-se como problema de saúde pública.
Convivemos em um cenário sócio-político-cultural que
estimula o individualismo.

O presente projeto busca refletir através de uma revisão


bibliográfica a relação entre o individualismo da sociedade
pós-moderna e os impactos no trânsito a partir dos
comportamentos inadequados dos seres humanos.
O individualismo gera desrespeito a regras que
orientam a convivência harmônica no trânsito e
produz formas de sofrimento que causam
agressividade e impaciência na disputa pelo espaço
público (Thielen & Grassi, 2006).

Valores como o respeito, companheirismo, e


solidariedade estão sendo deixados de lado em
detrimento dos próprios interesses.
Atualmente, a dimensão e o impacto dos problemas no
trânsito têm sido tão grande que levou a Organização das
Nações Unidas-ONU, a definir o período compreendido
entre 2011 e 2020 como a “Década de Ações para
Segurança Viária” no mundo, passando a recomendar
que cada país planeje suas ações e as executem de forma
coordenada e com o estabelecimento de metas corajosas
de redução de acidentes com vítimas.
No Brasil, US$5 bilhões por ano são gastos com os “acidentes” de
trânsito, o que corresponde a 70% dos recursos do Sistema de
Previdência referentes aos acidentes de trabalho.

Os “acidentados” no trânsito ocupam 62% dos leitos de


traumatologia dos hospitais. O trânsito é produto e produtor de
comportamento humano e afetam diretamente a saúde das
pessoas.

Neste sentido, a busca pela qualidade no trânsito deve iniciar-se no


resgate ao respeito, consciência da cidadania e educação de base.
Passa necessariamente pela substituição do EU por NÓS no
trânsito.
 Compreender a relação entre o individualismo da
sociedade pós-moderna e os impactos no trânsito a
partir dos comportamentos inadequados dos seres
humanos.
 Construir material teórico acerca do tema estudado.

 Verificar os impactos causados pelo individualismo no


trânsito.

 Investigar as produções científicas da psicologia a


respeito do homem pós-moderno e sua relação com o
trânsito.
Foi realizado uma revisão bibliográfica, que tem caráter
exploratório, ou seja, desenvolvida com base em
revisão de material já elaborado, de modo a
fundamentar as discussões apresentadas neste estudo e
facilitar o entendimento sobre impactos causados pelo
comportamento individualista no trânsito.

A revisão bibliográfica foi desenvolvida por meio de


fontes fundamentada na psicologia de trânsito e
sociedade pós-moderna.
A Psicologia é consolidada como disciplina fundamental na empreitada
pelo trânsito seguro, pois o fator humano responde por 90% dos
acidentes de trânsito (Rozestraten, 1988; Hoffmann, 2005).

A nova configuração de sociedade, que reproduz justamente aquilo que


se condena: o individualismo exacerbado, o esvaziamento de valores
que regem a conduta social, o não se importar com o próximo, e
muitas outras demandas que se refletem constantemente no trânsito.

O homem pós-moderno é imediatista, seu espaço e tempo são o aqui e


o agora, levam suas vidas em busca do prazer efêmero, como se tudo
fosse descartável, inclusive as pessoas e os relacionamentos
(NAGEL, 2005).
Segundo BAUMAN, 2004, p. 21, a sociedade
pós-moderna:
“favorece [...] o prazer passageiro, a satisfação
instantânea, resultados que não exigem
esforços prolongados”
foca-se no individual e se esquece do coletivo,
acarretando assim na perda do caráter
revolucionário e da ideia de ideal comum.
O ser humano não consegue ter uma percepção ampla do
impacto de seu comportamento, reproduzindo cada vez
mais uma sociedade individualista e egoísta.

O carro nos dias atuais é tido como bem essencial, uma


tecnologia que antes era tida como um meio de
transporte passa a ser condicionada como bem
necessário.
O autor Rozestraten descreve seu enfoque no entendimento da questão do trânsito, nos
seguintes termos: “O trânsito é um problema social.”
Constata-se que os pedestres, os carros, os ônibus, as bicicletas etc. vão e vêm de diferentes
direções. Em princípio, cada um deseja passar permanecendo ileso e deixando o outro
passar também ileso. Na prática, a situação é mais complexa do que parece à primeira
vista. O motorista quer fluidez do tráfego de veículos, o pedestre precisa de menor fluidez
para que possa atravessar a rua e, por outro lado, o comerciante deseja que os fregueses
possam estacionar em frente a sua loja. Portanto, os interesses das pessoas que participam
do trânsito não são os mesmos, e entram necessariamente em conflito.

E mesmo os interesses das pessoas são variáveis conforme a situação. Por exemplo, uma
pessoa quando é motorista vê o pedestre como estorvo no seu caminho, mas quando essa
mesma pessoa torna-se pedestre vê o carro atrapalhando o seu caminho. Há uma
ambivalência ou contradição no seu julgamento da situação, dependendo da posição que
ele está assumindo. É um certo egoísmo no sentido de querer sempre em todas as
situações a garantia de todos os direitos e o mínimo possível de deveres a serem
cumpridos.
Nesse sentido e nas palavras de Rozestraten & Dotta
(1996):

“[...] um trânsito seguro resulta de “uma boa dose de


sensibilidade, de espírito de colaboração e tolerância para
solucionar impasses causados pelos outros condutores.
Sem sombra de dúvida, o trânsito está carente de
conhecimentos técnicos, mas está, sobretudo, carente de
respeito humano e de boas maneiras. O trânsito implica
necessariamente o exercício e a prática de princípios
morais e até religiosos ”.
Fica evidente que se houvesse uma fiscalização mais séria no trânsito,
diminuiria sem dúvida o índice de acidentes e violência.

Pensamos no Japão como um exemplo, instituíram multas altas e


fiscalização para todo lado, dessa forma o resultado final foi positivo.

Pensemos no Brasil, se você tem que pagar tanto porque o seu carro está
mal estacionado, dentro de uma semana ninguém mais vai estacionar
mal. Aí acaba ficando caro e o pessoal vai começar a pensar antes de
levar multa, porque o pessoal começa ser atingido e dessa forma
começa haver uma transformação, com chance de olhar-se a mudança
de um todo e não só as partes convenientes.
Acredita-se que programas de intervenção nessa área, necessitam ser implementados
de forma a abranger, por exemplo, oficinas psicoeducativas direcionadas à
conscientização e sensibilização para a condução segura, com foco também
outras condutas que colocam em risco a saúde do motorista no trânsito.

Estes programas devem se iniciar com a capacitação de educadores e


multiplicadores redimensionando a visão psicossocial do motorista e a
importância da prevenção nos seus diversos segmentos, a fim de favorecer
maiores condições de crescimento e formas mais adaptativas de inserção social de
jovens e adultos no contexto.

OBRIGADA!

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