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O ETHOS DA ACP – OU O

OUTRO COMO UM PROBLEMA


Emanuel Meireles – Universidade Federal do Ceará
A PSICOLOGIA E O PROBLEMA
DO OUTRO
• Prevalência da epistemologia sobre a ética
• As condições de possibilidade de um saber psicológico
• Até a idade média o que prevalecia eram interesses coletivos sobre os
individuais
• Europa do século XVII e a invenção da ideia de subjetividade privatizada:
literatura de civilidade, diários íntimos, gosto pela solidão; amizade, vida
como exteriorização de valores que cada um cultiva para si e o modo de
organização das casas
• A interioridade vai ganhando o espaço que já foi dos espaços públicos
• A contrapartida epistemológica à ideia de indivíduo é a de sujeito
A PSICOLOGIA E O PROBLEMA
DO OUTRO
• O sujeito epistêmico pleno e a necessidade de controle – da contemplação à
manipulação do mundo
• Razão, verdade e liberdade como pilares de uma ideia de autossuficiência
• A moralidade é uma tarefa individual e que pretende sufocar as paixões,
obstáculos para um conhecimento seguro e claro
• Qual o lugar das paixões? Dejeto daquilo que a razão não deu conta de
conter – território da ignorância
• Às psicologias cabe construir uma morada para aquilo que não é abrigado
pela razão
• Polos axiológicos: disciplinar, liberal e romântico
• A necessidade de se pensar sobre o estranho – a técnica como armadilha
O LUGAR DA ACP NO
TERRITÓRIO DA IGNORÂNCIA
• Concepção liberal – vitalista e romântica
• A discussão sobre as atitudes facilitadoras - Amatuzzi
• A natureza humana como um fio condutor – a armadilha da tendência
atualizante
• O livre-arbítrio como questão estruturante
• A pessoa do futuro e a psicopatologia – moralismo?
LÉVINAS: O OUTRO EM QUESTÃO
- A ÉTICA DA ALTERIDADE
RADICAL
• Biografia de Lévinas
• Mesmo x Outro
• Totalidade x Infinito
• Rosto não-fenomênico
• Relação vertical
• Aquilo que sempre escapa
• O eu se fundando na relação com o Outro
• O eu é abertura, e a subjetividade nunca pode ser capturada
AS FIGURAS DE ALTERIDADE
• As fases do pensamento rogeriano – a primazia da técnica
• O diálogo com Buber
• O encontro com pessoas com diagnóstico de esquizofrenia
• Abertura e fechamento numa mesma realidade
• A aceitação incondicional e empatia não garantiriam essa relação de
abertura à diferença?
• Necessário diálogo da produção rogeriana com seu tempo – a que
questões Rogers estava respondendo?
• Escolha de obras-chave para o exame da ética
FIGURAS DE ALTERIDADE NA
FASE NÃO-DIRETIVA
• Fechamento: preocupação excessiva com a aplicabilidade tanto em nível de
pesquisa como de intervenção; aposta no insight; o terapeuta como um
espelho.
• O Outro do desconhecimento
• O Outro da narrativa
• O Outro da afetação
• O Outro da refração
• A aceitação é o elemento central do período – o espaço para que o outro se
diga diante da presença de alguém interessado e que quebra um ciclo de
ensimesmamento, levando à abertura
• A teorização de Rogers sempre tenta capturar a sombra por apostar na luz
FIGURAS DE ALTERIDADE NA
FASE REFLEXIVA
• Fechamento: captura da experiência do cliente por seu quadro de referência;
prisão a uma visão vitalista e naturista (natureza humana); normatização
das relações humanas através de leis gerais (a teorização mais uma vez)
• O Outro da experiência
• O Outro da confirmação (cuidado com a dimensão estrangeira de si e do
outro)
• O Outro invertido em seu reflexo(a compreensão sempre tem um limite)
• O Outro da relação e do contato (há um saber no outro que me modifica)
• A aceitação agora se liga a compreender e comunicar isso com o outro – a
empatia ganha relevo e a experiência organísmica se impõe (e não o insight.
Pessoa x ciência).
FIGURAS DE ALTERIDADE NA
FASE EXPERIENCIAL
• Fechamento: harmonização entre os planos de congruência; aposta num
crescimento autoiniciado; insistência na clareza da compreensão;
pedagogia da experiência;
• O Outro do terapeuta
• O Outro da experienciação
• O Outro da incompreensão
• O Outro da autencidade ex-cêntrica
• Abertura mútua de cliente e terapeuta – ambos vulneráveis. A
autenticidade ganha destaque
SÍNTESE
• O que muda não é só o modo de proceder, mas a forma como terapeuta e
cliente se aproximam de suas experiências
• A exposição à experiência leva a uma imposição dela, e não ao seu
domínio
• O enrijecimento técnico é tomado de surpresa pelo inusitado
• O olhar do outro como elemento fundamental

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