EXEMPLOS E

ANÁLISES DE
REDAÇÕES
Texto de Lorena Magalhães de Macedo (nota 1000). Enem 2017. Tema da redação: Inserindo o tema aos poucos, levando o leitor
"Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil"
a ver que o texto tratará sobre deficientes.
1- Introdução
Nessa conjuntura- elemento de coesão.

“No convívio social brasileiro, parte Assim, dentro da parcela da sociedade que é deficiente, o
considerável da população apresenta foco do texto será mostrar que os surdos não têm acesso
alguma deficiência . Nessa a uma educação de qualidade (o que deve ser
conjuntura , grande parcela dos surdos, argumentado no desenvolvimento ao longo do texto).
em especial, não tem acesso a uma Observe que está será uma forte tese que a autora
educação de qualidade , o que fomenta defenderá e argumentará em cima).
maior empenho do Poder Público e da
sociedade civil, com o fito de superar
os desafios para a efetiva inclusão
Ainda na introdução, a autora evidência que duas entidades
desses indivíduos no sistema dever fomentar mais empenho para superar os desafios para a
educacional”. inclusão na educação: O poder público e a sociedade civil. Já
na introdução, a autora mostra ao leitor duas entidades que
devem estar presentes em sua proposta de intervenção (deve-
se esperar que a autora mostre como fomentar o empenho
para superar os desafios).
2- Desenvolvimento
Parágrafo 1
“Sob esse viés, muitos deficientes auditivos
encontram dificuldades para acessar o
Ensino Fundamental, Médio ou Superior,
visto que diversas instituições de ensino
carecem de uma infraestrutura adaptada a
esses indivíduos, como intérpretes da Libras
durante as aulas. Tal panorama representa a
violação da Constituição Federal de 1988 e
do Estado da Pessoa com Deficiência, os
quais são mecanismos jurídicos que
asseguram o acesso à educação como um
direito de todos os deficientes. Isso atesta a
ineficiência governamental em cumprir
prerrogativas legais que garantem a efetiva
inclusão dos surdos na educação”.
Argumento: questão estrutural; Problemas de
infraestrutura, o que leva as pessoas surdas a
terem dificuldades para acessar as escolas e
instituições, havendo problemas para a formação
destes. No exemplo citado, como o intérprete de
Libras (da Língua brasileira de Sinais), não o
havendo, não há a transmissão de conteúdo que o
professor passa para o aluno surdo.
No mesmo parágrafo, ela (autora) mostra como esse
problema (infraestrutura na educação) não deveria
existir, pois a lei assegura o acesso à educação.
Assim, a autora evidência um dos desafios a ser
superado pelo Poder Público (questão estrutural, de
verbas, etc.), devendo haver eficiência e
comprimento das leis. Observe que a candidata
colocou o problema em uma parte do parágrafo e
argumentou sobre ele em outra, mas sem dar uma
solução. Isso ela fará na conclusão.
Parágrafo 2
Outro argumento: questão humana; bullying.
Além da possível falta de infraestrutura nas
“Ademais, em muitas instituições de ensino,
instituições, há muitas vezes a intolerância
deficientes auditivos ainda são vítimas de por parte de outros alunos.
xingamentos e até de agressões físicas por parte
de outros alunos, ações que caracterizam o
bullying. Nesse contexto, o filósofo iluminista
Voltáire já afirmava: “Preconceito é opinião A autora usa uma citação direta para dar mais
sem conhecimento”. Tal máxima, mesmo sustento em seus argumentos. Observe como a
séculos depois, comprova que atos intolerantes citação de Voltáire “casa” perfeitamente com o
são, em geral, consequências de uma formação desenvolvimento do seu argumento após a citação.
moral deturpada, a qual não privilegiou
princípios, por exemplo, a tolerância e o
respeito às diferenças como essenciais para a
convivência harmônica em uma sociedade tão Concluindo o parágrafo, é mostrado que as famílias
heterogênea. Desse modo, verifica-se a (sociedade) devem contribuir para que não haja
ineficácia de famílias e escolas em discriminação contra pessoas surdas. Como isso
deve ocorrer, ela apontará na sua proposta de
desestimular, rigorosamente, qualquer ação de
intervenção.
caráter discriminatório contra surdos”.
3- Conclusão
“Portanto, a fim de garantir que surdos tenham
pleno acesso à formação educacional, cabe ao
Estado, mediante o redirecionamento de
verbas, realizar as adaptações necessárias em
todas as escolas e as universidades públicas,
como o oferecimento de cursos gratuitos que
capacitem profissionais da educação para se
comunicarem em Libras e a contratação de
mais intérpretes da Libras para atuarem nessas
instituições. Outrossim, famílias e escolas, por
meio de, respectivamente, diálogos frequentes
e palestras, devem debater acerca da aceitação
às diferenças como fator essencial para o
convívio coletivo, de modo a combater o
bullying e a formar um paradigma
comportamental de total respeito aos
deficientes auditivos”.
Retoma o que já foi afirmado na introdução, mas
agora irá propor soluções.
Primeira proposta de intervenção. Como já foi defendido
durante o texto, para a autora o Estado deve investir na
questão de infraestruturas. Assim ela propõem que através
de verbas realize-se as ações necessárias nos ambientes de
ensino público (observe como está proposta foi bem
“mastigada” na segunda parte do 2 parágrafo, onde ela fala
das leis, e como não são realizadas na prática). Além disso,
coloca a questão do governo investir em intérpretes de
Libras oferecendo cursos e contratando profissionais para
atuarem.
Segunda proposta. A escola (sociedade) deve através de
diálogos frequentes e palestras debater sobre aceitação de
diferenças para combater o bullying.
 • Introduz o tema;
• Afirma o que o tema proposto pelo Enem já afirma e quer solução;
Introdução • Afirma quem deve fazer algo (Poder público e sociedade civil) para superar os desafios para se obter
um resultado positivo.

• Argumentação do por que não se tem os resultados positivos.

• Argumento 1 (parágrafo 2) - questão estrutural; Problemas de infraestrutura (relacionado ao
poder público); fala sobre leis existentes (mas em tese não são cumpridas).
• Argumento 2 (parágrafo 3) – questão humana; intolerância e bullying (relacionado a
Desenvolvimento
formação do indivíduo, família e também a escola são responsáveis); fala sobre o
pensamento de Voltaire (século XVII e XVIII) encaixando-o na argumentação; relação de
respeito em sociedade.

• Expõe duas propostas de intervenção focadas no que já vinha construído ao longo de sua
argumentação (Poder público (infraestrutura) e sociedade civil (bullying)).
Conclusão • Questão estrutural- O Estado (Poder público) através de verbas deve: fazer adaptações necessárias nas
escolas e universidades, oferecer cursos para capacitar intérpretes de Libras e contratar mais para a
área da educação.
• Questão humana – Família e escolas devem promover frequentes diálogos (observe como sua
proposta é bem clara e especifica em relação aos problemas abordados no texto) e palestras sobre
“aceitação das diferenças” para combater o bullying.
o Sobre a proposta de intervenção:

Como o tema proposto é "Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil” achei

interessante no texto da aluna ela ter focado tanto em uma questão mais estrutural, física, como
também ter falado sobre uma questão mais humana, como o bullying, abordado por ela. Muitos
temas propostos pelo Enem, sendo obrigados uma proposta de intervenção, não são questões que
serão resolvidas apenas criando leis, construindo isso ou aquilo pelo Poder Público. Tais temas
propostos são muito complexos e, por isso, pode-se focar em variadas propostas para solucionar o
problema. É interessante o aluno não focar em ter quantidades de soluções para o problema, mas
sim, qualidade. Propostas realmente boas que se fossem colocadas realmente em prática pudessem
futuramente trazer frutos à sociedade. No texto escolhido como análise, a autora coloca duas
propostas muito interessantes, que dão conta muito bem dos problemas por ela levantados.

 Uma boa proposta de intervenção
“Portanto, a fim de garantir que surdos tenham
pleno acesso à formação educacional, cabe ao
Estado (agente), mediante o redirecionamento de
verbas (detalhamento do meio/modo), realizar as
adaptações necessárias em todas as escolas e as
universidades públicas (modo/meio), como o
oferecimento de cursos gratuitos que capacitem
profissionais da educação (efeito) para se
comunicarem em Libras (detalhamento do efeito) e
a contratação de mais intérpretes da Libras
(modo/meio) para atuarem nessas instituições
(efeito). Outrossim, famílias e escolas (agente), por
meio de, respectivamente, diálogos frequentes e
palestras (detalhamento do meio/modo), devem
debater acerca da aceitação às diferenças
(meio/modo) como fator essencial para o convívio
coletivo, de modo a combater o bullying e a formar
um paradigma comportamental de total respeito aos
deficientes auditivos (efeito)”.
A Proposta de intervenção – a proposta deve estar
articulada com a discussão; respeitar os direitos
humanos; além disso deve conter:
• ação interventiva – o que o aluno propõe
para solucionar o problema;
• Agente – quem solucionará o problema?
• modo/meio- Como o problema será
resolvido? Por quais meios?
• Efeito-  Qual é o propósito da proposta para
o aluno?
• Detalhamento- é uma informação adicional
sobre pelo menos um dos elementos
anteriores.
Atenção: O autor apresentou a proposta completa, como
os cinco elemento, mas se o aluno tivesse apresentado
apenas uma proposta completa e na segunda, por
exemplo, não desse o detalhamento do efeito, ele ainda
deveria receber a nota total na competência. O Enem
convencionou que avalie-se a proposta mais completa, ou
seja, a que apresenta mais elementos dos listados acima. (
Essa mudança está valendo desde 2018)
Redação de de Lucas Rios (nota 1000) – Enem 2019. Tema: "Democratização do acesso ao
cinema no Brasil”
1- Introdução
O cinema se tornou uma tecnologia com
grande potencial expressivo e, por essa razão, é
considerado uma forma de arte. Simultaneamente,
apresenta elevado valor lúdico, prova pelo recente
sucesso de obras como "Coringa" e "Vingadores:
Ultimato". Infelizmente, no contexto brasileiro,
nem todos têm amplo acesso a tal maravilha. Nesse
sentido, percebe-se a existência de problemas
sociais e econômicos que
democratização dessa atividade no país.
Insere o tema geral- o cinema. E afirma que
este é uma arte.
Continua em sua exposição. Aqui o autor
expõe uma parte de sua tese: no Brasil nem
todos tem amplo acesso à essa arte que tem
grande valor lúdico.
Ainda na introdução, já deixa claro o que
problema desse não acesso ao cinema (que
norteará sua proposta de intervenção): os
problemas sociais e econômicos que
dificultam a democratização do cinema.
Coment.: Já na introdução sabemos sua tese,
a ideia principal defendida pelo autor. Espera-
se que a seguir ele exponha argumentos que
dificultam a convençam que os problemas sociais e
econômicos (não especificados aqui)
prejudicam a democratização ao cinema.
2- Desenvolvimento
Parágrafo 1
Segundo o economista Ludwig von Mises, um
dos grandes nomes da Escola Austríaca de
Economia, o homem quando em liberdade, tende a
agir buscando a maximização de sua felicidade. Sob
essa ótica, nota-se que indivíduos com baixo poder
aquisitivo priorizarão serviços de necessidade básica
(como alimentação, saúde e moradia) em detrimento
de atividades culturais, uma vez que aqueles, por
serem essenciais à sobrevivência, lhes farão mais
felizes que estes. Assim, a fragilidade econômica
torna-se um fator de exclusão de certas parcelas da
população nacional do mundo cinematográfico.
Começa seu desenvolvimento com uma ideia
do economista liberal Mises. Ela norteará sua
argumentação nesse parágrafo.
Argumento - Relacionando com a ideia citada
de Mises, argumenta que as pessoas com baixo
poder aquisitivo priorizam serviços de
necessidade básica, em vez de atividades
culturais, pois estes primeiros farão elas mais
felizes. Isso se relaciona perfeitamente com a
ideia do economista: que o homem (livre) age
buscando a maximização de sua felicidade.
Assim, de sua argumentação ele pontua que a
fragilidade econômica torna-se um fator de
exclusão certas parcelas ao cinema.

Parágrafo 2
Além disso, de acordo com o Índice de Liberdade
Econômica desenvolvido pela Heritage Foundation, o
Brasil está entre os piores países para abrir uma
empresa. Isso é resultado da alta complexidade
tributária e burocrática, que resulta em maiores custos
tanto para empreendedores quanto para consumidores.
Por não ser imune a tal fenômeno, o setor do cinema
sofre com as mesmas consequências, que restringem
ainda mais a participação popular nas sessões. Dessa
forma, a abertura e simplificação desse mercado são
medidas necessárias para democratizá-lo, dado que
reduzem os preços.
Introdução ao novo argumento (Além
disso- ideia de adição ao que já foi dito).
Traz uma pesquisa que mostra que o Brasil é
um dos piores países para se abrir uma
empresa. Pois o Estado tem uma alta
complexidade tributária que traz mais custos
para empreendedores e consumidores. O que
afeta também o cinema.
Essa grande intervenção do Estado na
economia prejudica empresas, o cinema
também. E isso afeta donos de cinemas e
consumidores, já que o preço dos impostos é
repassado para os clientes.
Nesse argumento, já introduz uma de suas
propostas de intervenção: a abertura e
simplificação desses mercados- o cinema.
Pois isso reduz o preço para todos os
consumidores.
3- Conclusão Reafirma a sua tese.

Diante do exposto, evidenciam-se os desafios sociais e

Proposta de intervenção – Está bem articulada
econômicos para o pleno acesso da população brasileira às
com as discussões. Aqui o autor deixa bem
obras cinematográficas. Cabe, então, ao Ministério da claro o agente da ação, ou seja, o Ministério
da Cidadania; também detalha as ações que
Cidadania, por ter herdado as funções do extinto Ministério da devem ser feitas e qual é o objetivo delas.
Cultura, criar, por meio de parcerias com as empresas do setor,
entradas gratuitas periódicas para a população de baixa renda,
de modo a facilitar a sua participação nas salas de cinema e, Proposta de intervenção – o agente está bem
claro e as ações que devem ser feitas;
consequentemente, popularizar o acesso à cultura.
Paralelamente, o Ministério da Economia deve estimular,
através de medidas provisórias, a redução de impostos e
regulações no mercado citado. Desse modo, concretizar-se-ão
os seus valores lúdico e artístico, que serão apreciados pelo
povo brasileiro como um todo.
  Uma boa proposta de intervenção
“(...) Cabe, então, ao Ministério da Cidadania
(agente), por ter herdado as funções do extinto
Ministério da Cultura, criar (modo/meio), por meio de
parcerias com as empresas do setor (detalhamento do
modo/meio), entradas gratuitas periódicas para a
população de baixa renda, de modo a facilitar a sua
participação nas salas de cinema (efeito)
consequentemente, popularizar o acesso à cultura
(detalhamento do efeito). Paralelamente, o Ministério
da Economia (agente) deve estimular (modo/meio),
através de medidas provisórias (detalhamento do
medo/meio), a redução de impostos e regulações no
mercado citado. (...)”.
A Proposta de intervenção – a proposta deve estar
articulada com a discussão; respeitar os direitos
humanos; além disso deve conter:
• ação interventiva – o que o aluno propõe
para solucionar o problema;
• Agente – quem solucionará o problema?
• modo/meio- Como o problema será
resolvido? Por quais meios?
• Efeito-  Qual é o propósito da proposta para
o aluno?
• Detalhamento- é uma informação adicional
sobre pelo menos um dos elementos
anteriores.
e,
Atenção: O autor apresentou a proposta completa, como
os cinco elemento, mas se o aluno tivesse apresentado
apenas uma proposta completa e na segunda, por
exemplo, não desse o detalhamento do efeito, ele ainda
deveria receber a nota total na competência. O Enem
convencionou que avalie-se a proposta mais completa, ou
seja, a que apresenta mais elementos dos listados acima. (
Essa mudança está valendo desde 2018)
 Redação de Luísa Mello – Enem 2019 (nota 1000) –
proposta de intervenção.
 Uma boa proposta de intervenção
(...) Para tanto, é preciso que a Ancine – Agência
Nacional de Cinema (agente) – amplie o acesso da
população aos cinemas (modo/meio). Isso ocorrerá
por meio do incentivo fiscal às empresas do ramo
(detalhamento do modo/meio), orientando a
construção de mais cinemas nas regiões periféricas, a
redução dos preços dos ingressos (efeito) e a
concessão de gratuidade de entrada para a parcela da
sociedade pertencente às classes menos favorecidas,
como indivíduos detentores de renda familiar inferior
a um salário mínimo (detalhamento do modo/meio).
Dessa forma, mais brasileiros terão a possibilidade de
acesso aos cinemas e, finalmente, a isonomia será
garantida nesse contexto, reduzindo a desigualdade
entre a população (detalhamento dos efeitos)"
A Proposta de intervenção – a proposta deve estar
articulada com a discussão; respeitar os direitos
humanos; além disso deve conter:
• ação interventiva – o que o aluno propõe
para solucionar o problema;
• Agente – quem solucionará o problema?
• modo/meio- Como o problema será
resolvido? Por quais meios?
• Efeito-  Qual é o propósito da proposta para
o aluno?
• Detalhamento- é uma informação adicional
sobre pelo menos um dos elementos
anteriores.
Atenção: O autor apresentou a proposta completa, como
os cinco elemento, mas se o aluno tivesse apresentado
apenas uma proposta completa e na segunda, por
exemplo, não desse o detalhamento do efeito, ele ainda
deveria receber a nota total na competência. O Enem
convencionou que avalie-se a proposta mais completa, ou
seja, a que apresenta mais elementos dos listados acima. (
Essa mudança está valendo desde 2018)