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Crítica da razão indolente: contra o 

despedício da experiência. Boaventu
ra dos Santos
Prof. Paulo Venício
• trata, antes de tudo de definir o estado de
transição da modernidade para a pós-
modenidade, tanto no plano epistemológico
(em que o A. aproveita muito do que antes
escreveu sobre o actual estatuto das ciências)
(3) , como no plano político-social (em que são
também reutilizados materiais anteriores
sobre o direito e o poder, desde a sua tese de
doutoramento até ao livro prenunciador
deste (4)).
 O A. insiste convincentemente que a
escolha destes dois planos não é
arbitrária, dado o papel central que
ciência e direito (combinados, depois,
numa ciência-direito [numa ciência
que virou dispositivo regulador] e num
direito-ciência [num direito que se
passou a legitimar como científico, e
não político]) desempenharam na
constituição da modernidade.
A este projecto epistemológico,
corresponde, emparelha, um projecto
comportamental ou, melhor, político,
em que às alternativas da resignação e
do radicalismo, se opõe o de uma
espera com esperança, ao mesmo
tempo utópica e rebelde, anti-
dogmática e experimental (p. 34).
O segundo ponto é o de buscar
sugestões emancipatórias nas regiões
da vida (intelectual ou social) tidas
como sendo menos intensamente
colonizadas pelo paradigma
dominante, mais incompleta e
provisoriamente modernas (p. 71).
Sugestão muito interessante, se
naturalmente discutível, que faz incidir a
atenção (i) sobre a estética, como campo
de reflexão intelectual em que o
paradigma cientista-racionalista, nunca se
conseguiu impor, e (ii) sobre a
comunidade, como complexo de relações
sociais nas margens ou no exterior do
Estado e, portanto, pouco tocadas por essa
espantosa empresa de globalização e de
racionalização social.
Todo o projecto de redesenho da teoria e da
prática sociais parte da proposta que o A. nos
faz de um novo tipo de conhecimento, para o
qual muitas são já aqueles que, nos termos aqui
utilizados ou noutros próximos, têm chamado
nos últimos tempos a atenção. Trata-se,
fundamentalmente de um pensamento que
recuse a objectivação do outro, que o conheça
reconhecendo a sua capacidade de,
autonomamente, produzir conhecimento sobre
si próprio e sobre nós mesmos (p. 77). 
Este pensamento da autonomia do outro
traduz-se no cultivo de uma epistemologia
solícita, atenta à solidariedade, desde logo
epistemológica e, depois, social.
Ou seja redunda na substituição, na ciência, do
princípio "colonizador" e "objectivante" (des-
personalizante") "da regulação" pelo princípio
libertador "da solidariedade", para todos os
efeitos identificando a "verdade do discurso"
pela sua capacidade de incorporar o outro, de
criar (um novo) "senso comum" auto-reflectido
e libertador do outro
Epistemologia das estátuas quando olham
para os pés: a ciência e o direito na
transição paradigmática
• . A ciência está em evidência porque nela
evidenciam-se tanto o paradigma dominante
e sua crise como as evidências de um
paradigma emergente.
As armadilhas da paisagem: para uma
epistemologia do espaço-tempo
• o autor sinaliza a cartografia simbólica das
representações sociais, o que entendo como uma
investigação para além da investigação das
evidências.
• Como usar a cartografia simbólica? A cartografia
é uma ciência muito complexa, pois combina
características das ciências naturais e das sociais.
Utilizando-se de três mecanismos que procura
controlar ao máximo, produzem-se mapas que
inevitavelmente distorcem a realidade.
Os horizontes são humanos: da
regulação à emancipação
• a ciência e o direito são elementos de regulação
(1ª . ruptura?) e uma nova ciência e um novo
direito elementos de emancipação (2ª ruptura?).
Esta nova ciência conclama uma nova
epistemologia (epistemologias das travessias?),
uma nova retórica (retóricas dialógicas?), uma
nova investigação (investigações das
experiências?), que poderão ser efetivadas em
pesquisas com caráter solidário e transitivo com
uma perspectiva curiosa
Também ficou evidente que o novo
cenário pauta-se em alguns princípios,
como comunidade, solidariedade e
participação, dentro de uma
racionalidade estético-expressiva, em
que há possibilidades para o prazer, a
autoria, a artefactualidade. Esta dupla
transição (reinvenção) promoverá a
emancipação social

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