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MEMORIAL DO

CONVENTO
Realizado por:
Carlos Pick,6
David Coelho,7
Irina Vale,16
Capítulo XIV
◦ O padre Bartolomeu regressa de Coimbra, “doutor em Cânones”;
◦ Novo estatuto do padre: fidalgo capelão do rei;
◦ O padre Bartolomeu Lourenço vai morar para o Terreiro do Paço, junto
ao paço (palácio) real.

“Já o Padre Bartolomeu Lourenço regressou de Coimbra, já é doutor em


cânones, confirmado em Gusmão (…)”
“Vive o padre nas varandas do Terreiro do Paço(…)”
“Mora o padre cerca do paço, e ainda bem, pois muito o frequenta, não
tanto por obrigações firmes do seu título de capelão fidalgo, mais
honorífico que efetivo, mas por lhe querer bem el-rei, que ainda não
perdeu de todo as esperanças, e já vão onze anos passados(…)”
Capítulo XIV
◦ Numa das visitas a el-rei, Bartolomeu é convidado a assistir à aula de cravo
de D. Maria Bárbara;
◦ Após a aula da infanta, e quando todos os presentes (à exceção do padre)
tinham já saído, Domenico Scarlatti começa a dedilhar o cravo;
◦ Quando o músico termina de tocar, o padre dirige-se a ele.

“Está a menina sentada ao cravo, tão novinha (…) e vem de Londres contratado
Domenico Scarlatti.”
“Senhor Scarlatti, disse o padre quando o improviso terminou (…)”
Capítulo XIV
“ (…) bem sabido é que há de o ouvido ser educado se quer estimar os sons musicais, como os olhos têm
de aprender a orientar-se no valor das letras e a sua conjunção de leitura, e os próprios ouvidos no
entendimento da fala (…)”

“ (…) é um defeito comum nos homens, mais facilmente dizerem o que julgam querer ser ouvido por
outrem do que cingirem-se à verdade”

“porém, para que os homens possam cingir-se à verdade, terão primeiramente de conhecer os erros”

“Fica o silêncio depois da música e depois do sermão, que importa que se louve o sermão e aplauda a
música, talvez só o silêncio exista verdadeiramente.”
Capítulo XIV
◦ Audição, em toda a Lisboa, de Scarlatti a tocar cravo, em privado;
◦ Passados uns dias, o músico e o padre encontram-se;
◦ Bartolomeu, que já pusera em causa a Santíssima Trindade, dizendo que “Deus é uno”, apresenta ao
músico a “trindade terrestre”: ele, Sete-Sóis e Sete-Luas.

“Disseram-me, padre Bartolomeu de Gusmão, que por obra dessas mãos se levantou ao ar um engenho
voou”
“Então iremos amanhã a ver um segredo”
Capítulo XIV
◦ Conversa entre as quatro personagens;
◦ Scarlatti vai-se embora da quinta;
◦ Conversa entre o casal e o padre;
◦ Ensaio do sermão de Bartolomeu Lourenço para o Corpo de Deus (tema: Et ego in illo)

“É uma trindade terrestre, o pai, o filho e o espírito santo”


“ que Deus és, Deus cabe dentro do homem, mas como pode Deus caber dentro do homem se é imenso
Deus e o homem tão pequena parte das suas criaturas”
Capítulo XV
◦ Um consultor do Santo Ofício avaliou o sermão;
◦ Scarlatti transporta o cravo para a abegoaria;

“mais aplausos que sustos, mais admirações que dúvidas”;


“Scarlatti trouxe para a abegoaria um cravo”
“Se a passarola (…) voar um dia, gostaria de ir nela tocar no céu”
Capítulo XV
◦ Lisboa está atormentada por uma epidemia;
◦ Tarefa de Blimunda;

“Lisboa está atormentada de uma grande doença (…) lembrei-me de que não teremos melhor ocasião para
recolher as vontades”
“Irás, perguntou o padre, Irei, respondeu ela. Mas não sozinha, disse Baltasar.”
“Entre S. Sebastião da Pedreira e a Ribeira entrou Blimunda em trinta e duas casas, colheu vinte e quatro
nuvens fechadas”
“Passado um mês, calcularam ter guardado o frasco um milheiro de vontades”
Capítulo XV
◦ Blimunda fica doente ;
◦ Blimunda e Baltasar encontram-se.

“Então, Blimunda caiu doente”


“Durante uma semana, (…) o músico foi tocar duas, três horas, até que Blimunda teve forças para levantar-
se”
“Depois a saúde voltou depressa, se realmente faltara”
“Terei de informar el-rei de que a máquina já está construída, mas antes haveremos de experimentá-la”.
Capítulo XVI
◦ Crítica à injustiça da justiça e à corrupção
◦ Perda da quinta de S. Sebastião da Pedreira para o Duque de Aveiro;

“Dizem que o reino anda mal governado, que nele está de menos a justiça, e não reparam que ela está como deve
estar, com sua venda nos olhos, sua balança e sua espada, que mais queríamos nós (…) Castiguem-se lá os negros e
os vilões para que não se perca o valor do exemplo, mas honra-se a gente de bem e de bens, não lhe exigindo que
pague as dívidas contraídas”
“O que, finalmente, veio a saber-se, foi ter perdido el-rei a demanda em que andava, não ele em pessoa, mas a coroa,
com o duque de Aveiro, desde mil seiscentos e quarenta, durante mais oitenta anos metidas em tribunais(…) Afinal,
sempre há justiça neste mundo, e por causa de haver ela vai ter agora el-rei de restituir ao duque de Aveiro todos os
bens, que a nós importam pouco, incluindo a quinta de S. Sebastião da Pedreira, chave, poço, pomar e palácio, que
ao padre Bartolomeu Lourenço não importam muito, o pior é a abegoaria”
Capítulo XVI
◦ O padre é perseguido pelo Santo Ofício;

“Padre Bartolomeu Lourenço, de que é que tem medo, e o padre assim interpelado directamente, estremece, levanta-se
agitado, vai à porta, olha para fora, e, tendo voltado, responde em voz baixa, Do Santo Ofício. Entreolharam-se Baltasar e
Blimunda, e ele disse, Não é pecado, que eu saiba, nem heresia, querer voar, ainda há quinze anos voou um balão no paço e
daí não veio mal, Um balão não é nada, respondeu o padre, voe agora a máquina e talvez que o Santo Ofício considere que
há arte demoníaca nesse ares, não poderei responder-lhes que estão vontades humanas dentro das esferas, para o Santo
Ofício não há vontades, há só almas, dirão que as mantemos presas, a almas cristãs, e as impedimos de subir ao paraíso, bem
sabem que, querendo o Santo Ofício, são más todas as razões boas, e boas todas as razões más, e quando umas e outras
faltem, lá estão os tormentos de água e do fogo, do potro e da polé, para fazê-las nascer do nada e à discrição, Mas estando
el-rei do nosso lado, o Santo Ofício não irá contra o gosto e a vontade de sua majestade, El-rei, sendo caso duvidoso, só fará
o que o Santo Ofício lhe disser que faça”
“Temos de fugir, o Santo Ofício anda à minha procura, querem prender-me, onde estão os frascos. Blimunda abriu a arca,
retirou umas roupas, Estão aqui, e Baltasar perguntou, Que vamos fazer. O padre tremia todo, mal podia sustentar-se de pé,
Blimunda amparou-o, Que faremos, repetiu, e ele gritou, Vamos fugir na máquina, depois como subitamente assustado,
murmurou quase inaudivelmente, apontando a passarola, Vamos fugir nela, para onde, Não sei, o que é preciso é fugir daqui.
Baltasar e Blimunda olharam-se demoradamente, Estava escrito, disse ele, Vamos, disse ela”
Capítulo XVI
◦ A passarola voa pela primeira vez;

“Blimunda aproximou-se, pôs as duas mãos sobre a mão de Baltasar, e, num só movimento, como se só
desta maneira devesse ser, ambos puxaram a corda. (…) A máquina estremeceu, oscilou como se
procurasse um equilíbrio subitamente perdido, ouviu-se um rangido geral, eram as lamelas de ferro, os
vimes entrançados, e de repente, como se a aspirasse um vórtice luminoso, girou duas vezes sobre si
própria enquanto subia, mal ultrapassara ainda a altura das paredes, até que, firme, novamente equilibrada,
erguendo a sua cabeça de gaivota, lançou-se em flecha, céu acima”
“Se abrirmos de repente a vela, cairemos na terra como uma pedra, e é ele quem vai manobrar a corda, dar-
lhe a folga precisa para que se estenda a vela sem esforço, tudo depende agora do jeito, e a vela abre-se
devagar, faz descer a sombra sobre as bolas de âmbar e a máquina diminui de velocidade, quem diria que
tão facilmente se poderia ser piloto nos ares, já podemos ir à procura das novas Índias”
Capítulo XVI
◦ O padre tenta incendiar a passarola;
◦ O padre foge

“não tinham dormido muito, havia um clarão como se o mundo estivesse a arder, era o padre como um ramo
inflamado que pegava fogo á máquina, já a cobertura de vime estalava, e de um salto Baltasar pôs-se de pé, foi para
ele, e deitando-lhe os braços á cintura puxou-o para trás, mas o padre resistia, de modo que Baltasar o apertou com
violência, atirou-o ao chão, calcou a pés o archote, enquanto Blimunda batia com o pano de vela as chamas que
tinham alastrado ao mato e agora, aos poucos, se deixavam apagar”
“Blimunda perguntou em voz baixa (…) Por que deitou fogo á máquina e Bartolomeu Lourenço respondeu, ao
mesmo tom, como se estivesse à espera da pergunta, Se tenho de arder numa fogueira, fosse ao menos nesta”
“Afastou-se para as moitas que ficavam de banda o declive (…) O tempo passava, o padre não reaparecia. Baltasar
foi busca-lo. Não estava. Chamou por ele, não teve resposta (…) Sumiu-se, e Blimunda declarou, Foi-se embora, não
o tornaremos a ver”
Capítulo XVI
◦ Blimunda e Baltasar escondem a máquina com ramos;
◦ Chegada do casal a Mafra.

“Ao amanhecer, nasceria o sol daí a pouco (…) Com a faca cortou ramos das moitas altas, cobriu com eles
a máquina, e, passada uma hora, dia claro, quem de longe olhasse naquela direção não veria mais do que
um amontoado vegetal de um espaço de mato rasteiro”
“Levaram dois dias a chegar a Mafra, depois de um largo, por fingimento de que vinham de Lisboa.
Andava procissão na rua, todos dando graças pelo prodígio que fora Deus servindo fazer, mandando voar
por cima das obras da brasília o seu Espírito Santo”

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