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L.

PORTUGUESA
VILSON NABOSNY

6º ANO/EF
GÊNERO TEXTUAL CAUSO
AULA 121
OBJETIVOS

● Ler e compreender o gênero textual causo;


● Inferir o sentido de uma palavra ou expressão;
● Identificar o efeito de sentido decorrente do uso
da pontuação e de outras notações;
● Identificar informações explícitas do texto.
● Reconhecer o efeito de sentido de palavras
e expressões.
CONTEÚDOS

● Gênero textual causo;


● Diferenças entre texto oral e escrito.
Você já ouviu alguém contando causos?
Em muitas regiões do país, é comum a realização de
rodas de conversa para a contação de causos. Uma
pessoa da comunidade fica como responsável por essa
contação, ou ainda, todos os presentes podem contar o
seu próprio causo. A sabedoria popular e a convivência
com pessoas caricatas torna as histórias bastante
interessantes, de modo que os
participantes ficam atentos a cada
situação relatada.
DOIS CABOCLOS NA ENFERMARIA

Lá na minha terra tinha um caboclo que vivia


reclamando de dor na perna. E, coincidentemente, um
compadre dele tinha também a mesma dor na perna, e
também tava sempre reclamando da danada.
Só que nenhum deles tinha coragem de ir ao médico.
Ficavam mancando, reclamando da dor, mas não
iam ao hospital de jeito nenhum. Até que um
deles teve uma ideia:
- Ê compadre. Nóis véve sofrendo muito com a danada
dessa dor na perna… Por que é que nóis num vamos junto
no dotô? Vamos lá. A gente faz a consulta, tal, se interna no
mesmo quarto… daí fazemo o tratamento e vemo o que
acontece. Se curar, tá bom demais!
O compadre gostou da ideia, tomou coragem
e lá foram os dois.
Quando chegaram ao hospital, o médico pediu para o
primeiro deitar na cama e começou a examinar. Fez
algumas perguntas e foi apertando a perna do caboclo:
Doutor - Dói aqui?
Caboclo 1 - Aiiii!
Doutor - E aqui como é que está?
Caboclo 1 - Aii, aii, aii! Dói demais!
E o outro só olhando. Quando chegou a vez dele, o
médico foi cutucando, apertando, mas nada dele gemer.
Ficou quieto o tempo todo. Aí o médico foi embora e o
compadre estranhou:
Caboclo 1 - Mas cumpadi, a minha perna doeu demais
da conta com o aperto do hómi… Como é que a
sua não doeu nadica de nada?!
Caboclo 2: E ocê acha que eu vou dar a perna que
dói pro hómi apertá?!?!?!
BOLDRIN, Rolando. Dois caboclos na enfermaria. In: ANDREATO, Elifas, Brasil: Almanaque Brasil de Cultura Popular. São Paulo: Andreato, 2017.
Leia o trecho.
A gente faz a consulta, tal, se interna no mesmo quarto…
Em qual alternativa abaixo o uso da expressão “tal” apresenta
o mesmo sentido do trecho acima.
a) Lembra-se do tal que queria nos dar uma carona?
b) Ele é muito chato, pois em tudo se acha o tal.
c) É uma excelente cozinheira tal como a mãe.
d) Nós vamos para escola e tal, depois
vamos ao parque.
Leia o trecho.
A gente faz a consulta, tal, se interna no mesmo quarto…
Em qual alternativa abaixo o uso da expressão “tal” apresenta
o mesmo sentido do trecho acima.
a) Lembra-se do tal que queria nos dar uma carona?
b) Ele é muito chato, pois em tudo se acha o tal.
c) É uma excelente cozinheira tal como a mãe.
d) Nós vamos para escola e tal, depois
vamos ao parque.
Análise da linguagem

O gênero textual causo apresenta uma linguagem em que


combinam-se elementos da linguagem formal com a informal.
Isso pode ser notado, especialmente, pelo uso de palavras e
expressões que não seguem propriamente o que determina a
norma-padrão. Uma explicação para esse fato é a presença de
variedades linguísticas e regionalismos.
O narrador usa uma linguagem mais formal do
que os falantes do causo.
ATIVIDADE 1

É possível afirmar que o gênero causo lido


apresenta uma combinação da linguagem formal
com a linguagem informal? Justifique.
CORREÇÃO

Sim, é possível. Por conta da variação linguística e uso


de expressões regionais, observamos que há palavras
que não seguem a norma-padrão. Portanto, fica claro a
presença tanto da linguagem formal, quanto da
informal.
Características

➢ Combina linguagem formal com a informal.


➢ É essencialmente narrativo.
➢ Tem origem na oralidade, depois passa a ser
transcrito.
➢ A transcrição do causo tenta conservar ao máximo
as marcas da fala.
➢ O narrador é o contador (oral) ou alguém que
faz a vez do contador na leitura do texto.
➢ Poucos personagens.
Pelas características do gênero textual causo, é possível
dizer que predomina

a) a narração.
b) a exposição.
c) a descrição.
d) a injunção/instrução.
Pelas características do gênero textual causo, é possível
dizer que predomina

a) a narração.
b) a exposição.
c) a descrição.
d) a injunção/instrução.
ATIVIDADE 2

Leia o trecho que marca a abertura do causo “Dois


caboclos na enfermaria”.

Lá na minha terra tinha um caboclo que vivia


reclamando de dor na perna.

Este trecho sugere que o texto inicia


com narração em primeira ou terceira
pessoa? Explique.
CORREÇÃO 2
O narrador inicia a história utilizando a primeira pessoa
(minha), pois está se apresentando como contador de
causo e utiliza essa expressão para dar uma ideia de
veracidade ao fato, por ter acontecido na terra dele.

“Lá na minha terra tinha um caboclo que vivia reclamando


de dor na perna.”
O CAUSO

Os causos são textos para serem contados, por isso


preservam muitas características da oralidade. É
importante ressaltar que, na maioria das vezes, os
personagens são apresentados como moradores do
interior de São Paulo, Minas Gerais e da Região Nordeste.
Dessa forma, os autores buscam apresentar a linguagem
tal e qual ela se realiza em sociedade.
ATIVIDADE 3
Leia o trecho.
Mas cumpadi, a minha perna doeu demais da conta com o
aperto do hómi… Como é que a sua não doeu nadica de
nada?!

Você já ouviu as expressões demais da conta e nadica de


nada? Qual é o efeito de sentido produzido por
essas expressões?
CORREÇÃO
Mas cumpadi, a minha perna doeu demais da conta com o
aperto do hómi… Como é que a sua não doeu nadica de
nada?!

As expressões reforçam/enfatizam os sentidos expressos


pelos advérbios de intensidade “demais” e de negação
“nada”. “Demais da conta” é no sentido de “muito”
e “nadica de nada”, no sentido de nenhuma.
Nóis véve sofrendo muito com a danada dessa dor na
perna… Por que é que nóis num vamos junto no dotô?

Observe o fragmento acima.


A escrita não segue o padrão normativo da gramática, pois
é a transcrição da fala do personagem.
Transcrição da fala - escrita na norma-padrão
“Nóis véve” nós vivemos
“nóis num” nós não
ORAL X ESCRITO

O texto transcrito da oralidade e o texto escrito em norma-


padrão apresentam diversas diferenças. Isso porque a
representação dos falantes não segue a ortografia,
concordância de número e gênero, ou apresenta o sotaque
de quando o enunciado é produzido oralmente. Isso não
significa que este falante não saiba escrever corretamente.
Apenas significa que são formas diferentes da língua.
TEXTO ORAL
● É fluido, variável e dependente de seu contexto
sócio-cultural;
● Por ser mais livre, utiliza gírias e palavras menos
formais.
● Faz uso de modismos, neologismos, contrações,
clichês e onomatopeias faladas;
ORALIDADE
● A oralidade conta com recursos extralinguísticos –
expressões corporais e faciais;
● como o contato entre falantes é direto, usa e abusa de
entonação, altura e velocidade de pronúncia e faz
pausas que enfatizam o que é dito, garantindo o tom de
discurso desejado por quem fala;
● as palavras utilizadas podem se repetir, não
existe preocupação com a elaboração
estruturada de frases.
TEXTO ESCRITO
● É planejado, há tempo para revisar o conteúdo;
● Predominam as palavras conforme a norma-padrão, ou
seja, há maior formalidade;
● Há tempo de identificar problemas de concordância;
● Existe a preocupação de que o leitor do enunciado
compreenda aquilo que está sendo transmitido.
● A compreensão da mensagem ocorre pelo uso
correto da pontuação, acentuação e demais sinais
gráficos.
ATIVIDADE 4
Descreva algumas características presentes
na oralidade que são diferentes dos textos
escritos.
CORREÇÃO
Por ser mais livre, a oralidade utiliza gírias, palavras
menos formais, modismos, neologismos, contrações,
clichês e onomatopeias faladas. O texto oral vai contar
com recursos extralinguísticos – expressões corporais e
faciais para que o interlocutor compreenda a
mensagem.
ATIVIDADE 5

Agora descreva algumas das principais características


dos textos escritos.
CORREÇÃO
A escrita é planejada, há tempo para revisar o
conteúdo;
Predomina o uso da norma-padrão;
Há tempo de identificar problemas de concordância;
A compreensão da mensagem ocorre pelo uso
correto da pontuação, acentuação e demais
sinais gráficos.
O autor do causo - Rolando Boldrin

Rolando Boldrin é uma figura


emblemática da cultura popular
brasileira. Saído do interiorzão de São
Paulo, virou ator de filmes premiados e
de novelas acompanhadas no país inteiro
e até no exterior. Tornou-se compositor,
cantor, apresentador e, claro, grande
contador de causos.

Fonte da imagem: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rolando_Boldrin


RESUMINDO A AULA
● Realizamos a leitura do gênero textual causo;
● Diferenciamos linguagem oral de linguagem
escrita;
● Identificamos informações explícitas do texto;
● Reconhecemos os efeitos de sentido de
algumas palavras e expressões.

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