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Linguagens, Códigos e suas

Tecnologias - Português
Ensino Fundamental, 9° Anos
Professora: Cleide Trindade.
Caráter flexível do léxico da língua
DEFINIÇÃO DE LÉXICO DE UMA LÍNGUA

O léxico, ou seja, o conjunto de palavras que a língua possui é um


repertório em constante modificação através do tempo. Enquanto
novas palavras são incorporadas, outras deixam de ser usadas,
tornando-se arcaicas, o que as faz ir desaparecendo. Neologismos,
estrangeirismos ou empréstimos fazem parte da constituição do
léxico de nossa língua.
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O LÉXICO DA LÍNGUA PORTUGUESA: HISTORIANDO

O Português originou-se do latim vulgar, que era a língua falada pelas classes sociais
mais humildes do Império Romano. Nas diferentes regiões romanizadas, o latim sofreu
alterações, resultando em dialetos, chamados romanços ou romances. A partir destes,
formaram-se as línguas românicas ou neolatinas, entre as quais se constituiu nossa
língua.
 Herdamos uma grande quantidade de palavras latinas, às quais se acrescentaram
palavras de outras origens (germânicas, árabes, provençais, castelhanas, asiáticas,
africanas e tupis), além daquelas criadas no próprio Português, até que nossa língua
atingisse sua fase moderna.
 Nessa fase, que começou no século XVI e estende-se até hoje, a língua incorporou,
em maior quantidade, palavras francesas, inglesas, italianas e espanholas. Esse
processo de importação persiste na atualidade, notadamente com vocábulos da Língua
Inglesa.
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O LÉXICO ARCAICO 

Vamos dar uma olhada em como era o Português arcaico, no primeiro


texto escrito no Brasil, a Carta de Pero Vaz de Caminha (Apud Silvio
Castro. O descobrimento do Brasil. São Paulo: L&PM/História, 1987):
“posto que o capitam mor desta frota e asy os outros capitãaes screpuam
a vossa alteza a noua do achamento desta vossa terra noua que se ora
neesta nauegaçam achou. nom leixarey tambem de dar disso minha
comta a vossa alteza”. 
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Transcrevendo-se para o Português atual, esse trecho fica assim:

“Posto que o Capitão-Mor dessa sua frota e assim igualmente os


outros capitães escrevam a Vossa Alteza dando a notícia do
descobrimento dessa sua nova terra, que agora nesta navegação se
achou, não deixarei também de dar minha conta disso a Vossa Alteza”.
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ATENÇÃO! 

Nosso léxico, em suma, constituiu-se e continua a se constituir


através de palavras importadas, chamadas empréstimos ou
estrangeirismos, e de palavras criadas na própria língua. As
palavras recentemente importadas ou criadas denominam-se
neologismos. Um neologismo pode incorporar-se definitivamente ao
léxico ou desaparecer, de acordo com as determinações dos falantes
da língua.
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O ESTUDO DA LÍNGUA MATERNA E OS LINGUISTAS

Os linguistas se integraram ao debate sobre o estudo do léxico,


contribuindo de forma original na crítica ao modo como a escola trata
o ensino de linguagem. Quando aponta as fragilidades encontradas
no ensino tradicional, ao lidar com as diferenças culturais e
linguísticas dos novos alunos que se integraram à escola pública
brasileira, por conta de sua expansão, os linguistas deram um novo
tom à discussão, redirecionando o debate a partir, principalmente, da
inserção do tema da variação linguística e suas decorrências, seja
quanto ao conceito de gramática, seja quanto à funcionalidade das
variantes.
PARA COMEÇAR...

O ensino de língua materna, desde as primeiras letras até o


estudo da nossa tradição literária, tem sido alvo de preocupação de
especialistas das mais variadas áreas. Assim, o ensino de
linguagem, de um modo geral, vem sendo há algum tempo tema de
discussão de gramáticos, pedagogos, psicólogos etc que,
evidentemente, centraram seus estudos e críticas segundo
pressupostos e pontos de vista próprios às suas áreas de
conhecimento.
O CARÁTER FLEXÍVEL DO LÉXICO DA LÍNGUA

Segundo Bakhtin, “a língua materna – a composição de seu léxico e sua


estrutura gramatical –, não a aprendemos nos dicionários e nas gramáticas,
nós a adquirimos mediante enunciados concretos que ouvimos e
reproduzimos durante a comunicação verbal viva, que se efetua com os
indivíduos que nos rodeiam. Assimilamos as formas da língua somente nas
formas assumidas pelo enunciado e juntamente com essas formas. (...)
Aprender a falar é aprender a estruturar enunciados (porque falamos por
enunciados e não por orações isoladas e, menos ainda, é óbvio, por palavras
isoladas). Os gêneros do discurso organizam nossa fala da mesma maneira
que a organizam as formas gramaticais (sintáticas)” (BAKHTIN, 1992, p. 301-
302).
FUNDO LATINO DO LÉXICO 

O latim, que, tendo atingido uma feição relativamente homogênea e


nivelada, se tornou a língua comum das províncias romanas, assimilara,
ainda anteriormente à sua expansão fora da Itália, numerosos elementos
estranhos: mediterrâneos, etruscos e, principalmente, gregos. Mais tarde,
admitiu também alguns termos gerais e técnicos, próprios de povos
submetidos ao domínio romano: celtas, ibéricos, germânicos e outros. Quer
isto dizer que, na altura em que o latim se fragmentou, dando origem aos
delitos românicos, o seu léxico era constituído por um conjunto de palavras
em que o elemento genuinamente itálico-latino só representava uma parte,
embora a mais importante.
O CRISTIANISMO E O LÉXICO

O triunfo do cristianismo não só abriu a porta a neologismos e


novos grecismos, como ECCLE:SIA, 'assembleia dos fiéis', port.
igreja (cf. FILIUS ECCLESIAE > port. freguês), mas impregnou
também termos tradicionais latinos com significações novas
(FE:RIA(E), port. -feira, nos nomes dos dias da semana). Por outro
lado, estava definitivamente condenada a terminologia dos cultos
pagãos, refugiando-se uma ou outra expressão respectiva no
vocabulário rústico e dialetal.
EM CONFRONTO COM OS DEMAIS LÉXICOS
ROMÂNICOS

O Português apresenta, como era de esperar, um flagrante paralelismo com o


castelhano, o que não exclui divergências importantes. Há vozes peculiares aos dois
idiomas, como:
•  pássaro/pájaro < PASSER (propriamente 'pardal')
•  medo/miedo < METUS, comer < COMEDERE, etc.,
  Mais ou menos correspondentes a um fundo hispânico comum. Este pode ser de
caráter conservador, como nos exemplos apontados, ou inovador, como em:
•  irmão/hermano < (FRATER)
•  cabeça/cabeza < (CAPITIA)
•  coração/corazón < (COR-ATIO)
ELEMENTO GERMÂNICO NO NOSSO LÉXICO
 
Dos termos que o latim foi buscar nos vários dialetos germânicos, só
poucos foram transmitidos às línguas românicas, como CARPA, 'carpa‘, e
COFEA, ‘coifa’. A estes vieram juntar-se mais tarde, na época da
dominação dos visigodos, alguns outros germanismos, oriundos do idioma
deste povo, do ramo oriental. Os exemplos mais seguros de visigotismos
do Português são: aleive, bando, espeto, espora, espia, escansão, luva,
roca, ufano, arrear...
  Ou seja, vocábulos referentes essencialmente a atividades militares,
conceitos jurídicos e objetos caseiros.
ALUSÃO LEXICAL ÁRABE

Entre os elementos que, nas épocas obscuras em que se foi constituindo


o idioma, vieram avolumar o patrimônio vocabular latino, não há nenhum
que, quantitativa e qualitativamente, se possa comparar com aqueles, cuja
aceitação se deve ao convívio e a relações culturais das populações
hispânicas com as muçulmanas.
De um ponto de vista formal, convém lembrar que a grande maioria dos
arabismos assimilados apresenta a aglutinação do artigo semita AL, cuja
função gramatical não teria sido sentida quando os vocábulos em causa
foram adotados e adaptados, evidentemente por via oral, pela gente de fala
hispânica. Daí o artigo pleonástico: o alguidar, a alface, etc.
http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/biblioteca/origens_lex_port.pdf
ARABISMOS DO PORTUGUÊS

No que toca à significação dos arabismos do Português, são as seguintes categorias


semânticas, em que se integram principalmente:
1º) designações de cargos e dignidades: alcaide, alferes, almoxarife;
2º) termos castrenses: arraial, arrebate, alcácer, alcáçova, atalaia;
3º) de administração: aldeia, arrabalde, alfoz, alfândega, alvará, almoeda;
4º) de plantas cultivadas e silvestres: arroz, algodão, alcachofra, cenoura, laranja, açúcar,
alfarroba, alecrim, açucena, alfazema;
5º) de profissões e indústrias: alfaiate, alveitar, almocreve, alvanel, algoz, azenha, atafona,
adobe;
6º) de unidades de medida: almude, arrátel, alqueire, arroba;
7º) de animais: atum, alcatraz, alforreca, alacrau, javali;
8º) de particularidades topográficas: albufeira, alverca, algar, lezíria, recife [...]
http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/biblioteca/origens_lex_port.pdf
Língua Portuguesa, 6º Ano do Ensino Fundamental
Caráter flexível do léxico da língua

O LÉXICO E A SINTAXE
 
Tanto o léxico quanto a sintaxe são aspectos importantes da aquisição
da língua, seja materna ou estrangeira (LAFFORD et al, 2003), pois, só
juntos léxico e sintaxe permitem a compreensão, a produção e, portanto, a
interação dos indivíduos de forma inteligível e coerente. Conhecer uma
lista de palavras de uma língua sem saber como elas se dispõem em
sentenças ou saber como as palavras de uma língua se relacionam sem
conhecer uma quantidade considerável do léxico que as constitui torna
inviável a interação humana.

http://jararaca.ufsm.br/websites/l&c/download/Artigos08/Angela.pdf
UNINDO PRESSUPOSTOS DA LINGUÍSTICA E DA PSICOLOGIA

Com o intuito de compreender, entre outras questões, como ocorre o


armazenamento e o acesso aos itens lexicais de uma determinada língua,
os psicolinguistas postulam a existência de um léxico mental (LM),
definido como a parte do conhecimento lexical do indivíduo delimitada por
sua língua (Bierwisch e Schreuder, 1992; Levelt, 1993).

http://www.geterm.ufscar.br/ariani/Dos_olhares_sobre_o_lexico.pdf
Língua Portuguesa, 6º Ano do Ensino Fundamental
Caráter flexível do léxico da língua

Processamento Automático das Línguas Naturais (PLN)


 
Todos os sistemas de PLN, diferentes dos demais tipos de sistemas
computacionais, manipulam o código linguístico e, por isso, pressupõem um tipo de
“arquivo” em que são armazenadas as unidades lexicais (palavras e expressões)
que serão manipuladas pelo sistema durante os procedimentos de interpretação
e/ou produção de língua natural. Esse “arquivo” é concebido como uma base de
dados em que são especificadas, para cada unidade nela contida, informações de
natureza lexical, morfológica, sintática, semântica e, até mesmo, pragmático-
discursiva, dependendo das especificidades do sistema de PLN para o qual essa
base de dados é desenvolvida (Palmer, 1999). Do ponto de vista do PLN, esse tipo
de “meg arquivo” é definido como o “léxico” do sistema.
http://www.geterm.ufscar.br/ariani/Dos_olhares_sobre_o_lexico.pdf
EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS E O CONCEITO DE
METÁFORA 

Vemos o léxico como uma parte da língua que tem a função de criar,
guardar, organizar e transmitir os signos utilizados pelos falantes com base
na construção do pensamento e na elaboração dos enunciados verbais de
dada sociedade. http://www.abralin.org/abralin11_cdrom/artigos/Eugenia_Fernandes.PDF
Língua Portuguesa, 6º Ano do Ensino Fundamental
Caráter flexível do léxico da língua

Basílio (1987, p. 11) aponta que chegar a um consenso para o conceito


de palavra sempre foi problemático tanto para linguistas quanto para os
gramáticos. Mas considera que a “palavra é uma unidade linguística
básica, facilmente reconhecida por falantes em sua língua nativa”. A
autora diz que a análise gramatical considerou por muito tempo que a
palavra era uma unidade mínima de análise linguística; dessa maneira,
palavras eram vistas como elementos indivisíveis passíveis de variação na
forma, por flexão nominal e verbal.
http://www.abralin.org/abralin11_cdrom/artigos/Eugenia_Fernandes.PDF
Expressão idiomática é “uma lexia complexa indecomponível,
conotativa e cristalizada em um idioma pela tradição cultural”. Para
detalhar o conceito, a autora justifica o uso da terminologia, indicando que
lexia complexa é uma unidade frasal ou locucional. O fenômeno é
indecomponível, por ser uma combinatória fechada de distribuição
restrita. As expressões idiomáticas têm caráter conotativo, porque “sua
interpretação semântica corresponde a pelo menos um primeiro nível de
abstração calculada a partir da soma de seus elementos sem considerar
os significados individuais destes”. E, por fim, são cristalizadas porque
suas significações são estáveis devido ao uso.
http://www.abralin.org/abralin11_cdrom/artigos/Eugenia_Fernandes.PDF
Exemplificação de expressão idiomática
 
“Bater as botas”
 
A sintaxe dessa sequência cristalizada não difere da sintaxe de uma
sequência livre. Cf. as variações de tempo e modo possíveis:
 
Machado de Assis bateu as botas. [ = Machado de Assis morreu]
Todos sabiam que Machado de Assis ia bater as botas.
Temo que Machado de Assis vá bater as botas.
  Geralmente as variações de tempo/modo são causadas por condições impostas pela
concordância. O sentido da sequência bater as botas não é previsível a partir de bater [ = dar
pancadas; chocar-se com ] e de botas [ = tipo de calçado]. De fato, temos aqui uma
combinatória cristalizada da herança cultural registrada na memória coletiva com o
significado de < morrer >. E por isso, podemos afirmar que ela faz parte do acervo do léxico
e não se trata de uma combinatória discursiva qualquer. Entretanto, o verbo que ela comporta
não é analisável segundo as regras que se aplicam a frases superficialmente idênticas.
Modificações possíveis e aceitas em frases quaisquer são impossíveis no caso da expressão
cristalizada.
  As variações possíveis, além daquelas referidas, seriam relativas à posição dos
advérbios. Cf. Machado de Assis bateu as botas muito cedo. Machado de Assis bateu muito
cedo as botas.
E seu irmão também bateu as botas.
É possível também fazer uma inserção: Machado de Assis, desta vez, bateu as botas.
EXERCÍCIOS
Descubra o significado das expressões idiomáticas a seguir:
Boca mole
Acertar na mosca
Abotoar o paletó
Acabar em pizza
Acertar na lata (ou na mosca)
A céu aberto
Achar (procurar) chifre em cabeça de cavalo
Botar para quebrar
Briga de cachorro grande
Briga de foice (no escuro)
Cair a ficha
Cara de pau
Colocar melancia na cabeça
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método
sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1986.

LEVELT, W .J. M. Accessing words in speech production: stages, processes and


representations. Cognition, 42, p.1-22, 1992.

HANDKE, J. The structure of the Lexicon: human versus machine. Berlin:


Mouton de Gruyter, 1995.

LOWIE, W. The acquisition of interlanguage morphology: a study into the role of


morphology in the L2 learner's mental lexicon. Groningen: University Library
Groningen, 1998.

DIAS-DA-SILVA, B. C. A face tecnológica dos estudos da linguagem: o


processamento automático das línguas naturais. Araraquara, 1996. 272p. Tese
(Doutorado em Letras) - Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista,
Araraquara.

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