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• Dos crimes contra o sentimento religioso, expresso no art.208, do código penal e que divide-se em três
modalidades de crimes, sendo a primeira o Ultraje ao culto por motivo de religião: Escárnio de alguém
publicamente por motivo de crença ou função religioso, a segunda modalidade o Impedimento ou perturbação
de cerimônia ou prática de culto religioso e a terceira o Vilipêndio público de ato ou objeto de culto religioso.
Já no segundo capítulo deste título, que aborda o respeito aos mortos, existe quatro possibilidades de crimes
uma delas é o Impedimento ou perturbação de cerimônia funerária, o qual está presente no art.209, do código
penal, já no art.210 deste capitulo, consta a Violação de Sepultura, no art.211, trata-se do crime de Destruição,
subtração ou ocultação de cadáver, e no art. 212, Vilipêndio a cadáver.
• Ensina Fernando Capez que “A primeira modalidade do primeiro crime citado, o qual tem por objeto jurídico a
defesa da Liberdade individual de crenças e que segundo o doutrinador Fernando Capez, tutela-se a liberdade
individual do homem ter uma crença, bem como exercer o ministério religioso”.
Segundo Mirabete, em relação ao objeto jurídico, protege-se com o dispositivo em exame o sentimento
religioso. Interesse ético-social em si mesmo, bem como a liberdade de culto. Por tipo objetivo, tem o núcleo
em escarnecer com o significado de troçar, zombar em público, de pessoa determinada, devido à sua crença (fé
religiosa) ou sua posição (função) dentro de um culto, (padre, frade, freira, pastor, rabino etc.), presente ou
não o ofendido.
• A liberdade de culto exterioriza-se com a prática do corpo doutrinário e de seus ritos, com
suas cerimônias, manifestações, hábitos, tradições, na forma que indicada para a religião
escolhida. (art. 5º, VI, CF).
Artigo 208 do CP
Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa;
impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato
ou objeto de culto religioso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem
prejuízo da correspondente à violência.
Objeto jurídico: Tutela-se a liberdade individual do homem de ter uma crença, bem
como exercer o ministério religioso.
Ação nuclear: A ação nuclear típica da 1ª parte do art. 208 consubstancia-se no verbo escarnecer,
que significa zombar, ridicularizar, de forma a ofender alguém, em virtude de crença ou função
religiosa.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa pode praticar o delito em tela, inclusive aquelas que creem em
determinada religião e os seus ministros.
Sujeito passive: É a pessoa que crê em determinada religião ou que exerce o ministério religioso
(padre, pastor, freira etc.). Deve necessariamente ser pessoa determinada.
Consumação e tentative: Consuma-se com o ato de escarnecer publicamente. A tentativa somente é
inadmissível na forma verbal do escárnio.
Artigo 208 do CP
•TENTATIVA: Se, apesar de terem sido empregados todos os meios idôneos, não se logra a concretização
desses resultados, estamos diante da forma tentada do crime em estudo.
•Majorada (art. 209, parágrafo único): Está prevista no parágrafo único. “Se há emprego de violência, a pena
é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência”. Trata-se aqui da violência física
contra a pessoa ou coisa. O mesmo parágrafo, portanto, prevê o concurso material de crimes. Vide
comentários ao art. 208, parágrafo único. – Ação penal pública e incondicionada.
• A lei faz menção a sepultura ou urna funerária. Sepultura, segundo E. Magalhães Noronha,
“abrange o sepulcro, a tumba e o túmulo. É o lugar onde se acha inumado um cadáver humano ou
suas partes. Não é apenas a cova ou vala, mas compreende também o que se acha construído sobre
ela – os adornos fixados, a lápide, as inscrições etc., tudo, em conjunto, formando a última morada”
• É o dolo, consubstanciado na vontade livre e consciente de violar ou profanar sepultura ou urna
funerária. Exige-se o elemento subjetivo do tipo? A figura penal não exige o chamado elemento
subjetivo do tipo. É irrelevante indagar qual o propósito do agente.
CONCURSO DE CRIMES
(i)Violação e profanação (art. 210):
(ii) Violação de sepultura (art. 210) e crime de calúnia contra os mortos (art. 138, § 2º)
(iii) Violação de sepultura (art. 210) e subtração ou destruição de cadáver (art. 211)
(iv) Violação de sepultura (art. 210) e furto (art. 155)
Art. 210
• O art. 163 do Código de Processo Penal autoriza a exumação para exame cadavérico. Conforme já
estudado no capítulo relativo ao crime de homicídio, exumar significa desenterrar, no caso, o
cadáver. O exame cadavérico é realizado, como já visto, após a morte da vítima e antes de seu
enterramento. Contudo, pode acontecer que, uma vez sepultada a vítima, haja dúvida acerca da
causa de sua morte ou sobre a sua identidade: procede-se, então, à exumação. Nessa hipótese,
aquele que realizar a violação da sepultura em conformidade com a determinação judicial não
comete o crime em tela, pois age no estrito cumprimento de um dever legal. O Diploma
Processual não faz qualquer menção a autorização judicial para se proceder à exumação, contudo,
sem aquela, esta pode implicar a configuração dos delitos previstos nos arts. 210 e 212 do Código
Penal (violação de sepultura e vilipêndio a cadáver). Da mesma forma, na lição de Hungria, não
comete o crime em tela, por agir no exercício regular do direito, aquele que procede a mudança do
cadáver ou de seus restos mortais para outra sep. ultura, mediante as formalidades legais.
• AÇÃO PENAL PÚBLICA E INCONDICIONADA
• Atenção: o ato de inumar ou exumar cadáver, com infração das disposições legais,
caracteriza contravenção penal (LCP, art. 67)
Art. 211
• Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele:
• Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
• Ação nuclear: Trata-se de crime de ação múltipla ou conteúdo variado, de forma que a prática de
qualquer uma das ações previstas na figura típica configura o delito em estudo. As ações nucleares
típicas consubstanciam-se nos seguintes verbos: (i) destruir – tornar a coisa insubsistente, ou seja,
atentar contra a existência da coisa, por exemplo, queimar ou esmagar o cadáver ou parte dele; não é
necessária a destruição total; (ii) subtrair – significa tirar o cadáver ou parte dele da esfera de
proteção ou guarda da família, amigos, vigias do cemitério; ou (iii) ocultar – significa esconder, mas
sem que isso implique destruição do cadáver ou parte dele. Há apenas o desaparecimento do objeto do
crime, por exemplo, após o atropelamento, o agente esconde a vítima no interior de uma mata ou a
joga em um rio ou a esconde em sua residência. A ocultação somente pode ocorrer antes do
sepultamento.
• Objeto material: É o cadáver ou parte dele. Cadáver é o corpo privado da vida, mas que
ainda conserva a forma humana. Assim, não se considera cadáver o esqueleto humano ou as
suas cinzas; quanto a estas, constituem objeto material do crime previsto no art. 212..
Admite-se a TENTATIVA.
Art. 211
• REMOÇÃO DE ÓRGÃOS, TECIDOS E PARTES DO CORPO HUMANO PARA FINS
DE TRANSPLANTE E TRATAMENTO (LEI N. 9.434/97)
• Estabelece a Lei n. 9.434/97 em seu art. 1º: “A disposição gratuita de
tecidos, órgãos e partes do corpo humano, em vida ou post mortem, para
fins de transplante e tratamento, é permitida na forma desta Lei”. Os arts.
14 a 20 do mencionado diploma legal preveem condutas criminosas relacionadas à
disposição de órgãos e partes do corpo humano em desacordo com seus preceitos.
Por ser uma norma específica, ela será aplicada se preenchidas todas as elementares
típicas.
• CONCURSO DE CRIMES: Haverá concurso material de crimes se o agente
matar a vítima e depois destruir ou ocultar o seu cadáver (CP, arts. 121 e
211). Se o agente para destruir ou subtrair o cadáver tiver de violar a sua
sepultura (CP, art. 210), haverá crime único. – Ação pública e
incondicionada.
ART. 212
Ação nuclear: Consubstancia-se no verbo vilipendiar, isto é, ultrajar, tratar com desprezo, no caso, o
cadáver ou suas cinzas. Difere, portanto, do crime previsto no art. 208, pois neste o vilipêndio atinge ato
ou objeto de culto religioso. O vilipêndio pode ser praticado de diversos modos, por exemplo, atirar
excrementos no cadáver, proferir palavrões contra ele, praticar atos sexuais com ele. Deve, portanto, a
ação criminosa se dar sobre ou junto ao cadáver ou suas cinzas
A notícia de destaque hoje no portal R7 é essa do título: (em 20/6/2015 às 00h10 atualizado em
20/6/2015 às 10h16)
A Polícia Civil do Paraná registrou ao menos quatro casos suspeitos de necrofilia neste ano. A prática acontece,
geralmente, em cemitérios, onde os túmulos são violados para que os suspeitos pratiquem sexo com o cadáver.
O número de crimes desse tipo pode ser maior, porque nem sempre a família do morto regista um BO (Boletim
de Ocorrência).
Um dos casos de necrofilia aconteceu no cemitério de Paranavaí, em maio deste ano, onde o corpo de uma
professora foi encontrado fora do caixão com sinais de abuso sexual. A professora, que morreu de
câncer, havia sido sepultada menos de 24 horas antes do crime. – AÇÕ CIVIL PUBLICA E
INCONDICIONADA