Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
na Ilha da Madeira
A 24 de junho de 1905 iniciou-se a construção do sanatório dos pobres, nos Marmeleiros A constituição de um hospital militar na Madeira enquadrou-se na reformulação da
(Monte). Este edifício hospitalar era destinado a indigentes, como contrapartida da guarnição, no quadro de forças armadas nacionais implantado pelos governos da
concessão de exploração de sanatórios a um sindicato alemão (Sanatórios), numa altura Regeneração. Até então, os militares do presídio da fortaleza de S. Lourenço eram
em que a Madeira era procurada como estância de turismo terapêutico, para tratamento tratados no hospital da Misericórdia (Santa Casa da Misericórdia do Funchal), que lhe
da tuberculose. Devido a problemas com os alemães, o hospital foi cedido à Misericórdia ficava quase contíguo, mas por volta de 1824, ou pouco antes, começou a funcionar um
do Funchal, em 1928. Os primeiros doentes eram admitidos em 1930, transferidos do hospital militar na grande casa da antiga morgada D. Guiomar de Vilhena (1705-1789),
Hospital de Santa Isabel. na esquina da Rua do Castanheiro com a Rua Nova de São Pedro, dado os bens da
mesma terem sido confiscados pela fazenda real, face às dívidas acumuladas pela sua
Já sob a administração da Santa Casa, procedeu-se à conclusão do edifício, que se tornou casa comercial.
numa das primeiras casas hospitalares do país, com instalações apropriadas para os
doentes e pela administração de todos os serviços clínicos e de enfermagem. Mas com o A determinação da instalação do hospital naquele antigo solar foi feita pelo governador
passar do tempo e com o número crescente de doentes, as instalações tornaram-se Sebastião Xavier Botelho (1768-1840), que em janeiro desse ano de 1824 refere o
insuficientes. Das novas obras de ampliação do edifício, inauguradas em 1940, resultaram movimento do hospital; mas como aquele edifício tinha ficado inacabado na sequência
novas enfermarias para acomodar mais 120 doentes; mais três salas de operações, da morte de D. Guiomar, o hospital passou então para a área acima do convento das
amplas e bem equipadas; a canalização de águas e de esgotos; e melhores condições para Mercês (Convento das Mercês), onde até há pouco tempo se levantava o complexo do
os trabalhos de secretaria e de administração. Auxílio Maternal, em edifício que dava para a Travessa das Capuchinhas. O contínuo
movimento de forças militares entre o continente e a Madeira no quadro da
instabilidade política dos meados do séc. XIX, e a necessidade de delimitar os contatos
dessas forças com a sociedade civil, levou a que progressivamente se procurasse um
espaço mais afastado do centro da cidade para hospital militar.
O hospital militar ficou registado em algumas fotografias dos finais do séc. XIX a inícios
do séc. XX. As plantas militares daquela antiga quinta madeirense, entre a Rua da
Rochinha e a Rua Bela de Santiago, utilizadas para solicitar alterações a arranjos,
possibilitam um interessante conhecimento das alterações urbanísticas desta área e do
nome dos proprietários. O hospital ficou naquele local até aos anos de 1936 a 1938,
quando o conjunto passou a propriedade da Fazenda Pública e aí foi construído o
edifício do futuro Liceu Jaime Moniz. As praças passaram então a ser tratadas, após
complexas negociações, no hospital dos Marmeleiros, no Monte, construído pela
Sociedade dos Sanatórios alemães, e depois entregue à Santa Casa da Misericórdia do
Funchal.
Depois da construção do novo hospital, os Marmeleiros
passariam a ser conhecidos popularmente como “hospital
velho”, em oposição ao “hospital novo” que passaria a
centralizar os serviços de Saúde no Funchal.