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EMOÇÕES: INTERAÇÃO
OPERANTE-
RESPONDENTE
Ana Luiza Franco e Miguel Angelo Lebre Filho
CONTEÚDO: Tato de eventos
03 privados.

Comportamento Episódios Emocionais


01 Reflexo e Operante. 04

Contingências Implicações Clínicas


02 sobrepostas. 05
COMPORTAMENTO
RESPONDENTE
Relação fidedigna na qual um determinado estímulo produz uma
resposta específica em um organismo fisicamente sadio. ( Catania,
1999)
COMPORTAMENTO RESPONDENTE
Podemos dizer que um comportamento reflexo:
1. tem probabilidade próxima de 100% na presença do estímulo e probabilidade próxima de 0% na ausência
do estímulo.
2. Não se define nem pelo estímulo nem pela resposta, mas sim pela relação entre ambos.
3. Tem como unidades de análise:
4. É Filogeneticamente herdado (Não é aprendido).
5. Tem importância para a manutenção da espécie.
COMPORTAMENTO RESPONDENTE
Exemplos de comportamentos reflexos:

1. Reação de sobressalto a um som alto.

2. Extensão do joelho por batida no tendão patelar.

3. Salivação produzida por alimento na boca.

4. Lacrimejar na presença de sumo de cebola.

5. Transpirar com o aumento de temperatura.

6. Piscar ao contado de um cisco com o olho.


COMPORTAMENTO RESPONDENTE
Terminologia:

• Os comportamentos respondentes que constituem o repertório do organismo a despeito


de sua experiência pessoal são designados de incondicionais, devido a sua origem na
história filogenética.

• O estímulo incondicional é designado por US (unconditional stimulus).


• A resposta incondicional é designada por UR (unconditional response)
O CÃO DE PAVLOV:
O CÃO DE PAVLOV:
Comida
US

Elicia
Condicionamento

Salivação
Som de sino Elicia UR
CR
CS
CONDICIONAMENTO RESPONDENTE
No condicionamento respondente:

• O estímulo condicional é designado por CS (conditional stimulus)


• A resposta condicional é designada por CR (conditional response)
• O organismo aprende novas relações estímulo-resposta
• Respostas reflexas passam a ser eliciadas por novos estímulos.
IMPORTANTE!!!!
O condicionamento respondente
não promove o surgimento de
novas respostas

mas apenas possibilita que respostas inatas


passem ser eliciadas por novos estímulos.
Condicionamento respondente aversivo
Condicionamento respondente e aversividade

• “os eventos neutros que acompanham ou precedem reforços negativos


estabelecidos tornam-se negativamente reforçadores [aversivos]. Assim nos
movimentamos para escapar de uma pessoa irritante ou ofensiva mesmo que
ela não estava irritando ou ofendendo no momento. As assim chamadas
curas3 para o fumar e o beber mencionadas no capítulo IV obedecem a
essa fórmula. Associando o gosto do tabaco ou do álcool com uma
condição de náusea, o comportamento aversivo adequado à náusea,
possivelmente incluindo o vômito, se transfere para o tabaco ou para o
álcool. (Skinner, 1953/2000,p. 190)
ATIVIDADE EM DUPLAS:
1. Preencha as lacunas ( “____” ) com letras MAIUSCULAS sobre comportamento reflexo:

• No comportamento reflexo o estímulo ________ a resposta.

• A resposta reflexa incondicionada existe como produto da história _________.

• Para que um estímulo neutro se torne um eliciador é necessária uma história de


___________ entre estímulos.

• Depois dessa história um estímulo que era neutro se torna um estímulo


_____________ e, portanto, elicia uma _______________.
COMPORTAMENTO
OPERANTE
Resposta opera sobre o meio e produz consequências; essas
consequências retroagem sobre o indivíduo, alterando a
probabilidade futura de ocorrência de respostas iguais ou
semelhantes. ( Skinner, 1953)
COMPORTAMENTO
OPERANTE
Resposta Consequência

Antecedente
COMPORTAMENTO
OPERANTE
Operações motivadoras:
“(1) não se observará o efeito do reforço operante se o organismo não estiver
apropriadamente privado. O resultado líquido do reforço não é apenas fortalecer o
comportamento, mas fortalecê-lo em um determinado estado de privação. Assim, o
reforço colocou o comportamento sob controle da privação adequada. (2) Depois de se
condicionar um pombo a estirar o pescoço, reforçando-o com alimentos, a variável que
vai controlar o estirão do pescoço é a privação de alimento. A resposta de levantar a
cabeça meramente juntou-se ao grupo de respostas que variam com essa operação. Não
podemos descrever o efeito do reforço de um modo mais simples.”
(Skinner, 1953)
COMPORTAMENTO
OPERANTE
Operações motivadoras:

RR R
RRR
R
Ref.
Om
COMPORTAMENTO
OPERANTE
Estímulos Descriminativos:
“Descrevemos a contingência dizendo que um estímulo (a luz) é a ocasião na qual uma
resposta (estirar o pescoço) é seguida por reforço (com alimento). Precisamos
especificar os três termos. O efeito sobre o pombo é que finalmente a resposta ter
maior probabilidade de ocorrência quando a luz estiver acesa. O processo através do
qual isso acontece denomina-se discriminação. Sua importância em uma análise
teórica, assim como no controle prático do comportamento, é óbvio: quando uma
discriminação já foi estabelecida, podemos alterar a probabilidade de uma resposta
instantaneamente pela apresentação ou remoção do estimulo discriminativo.”
(Skinner, 1953, p.119
COMPORTAMENTO
OPERANTE
Sd
Estímulos Discriminativos:

S∆ R Ref.
OM
ATIVIDADE EM DUPLAS:
1) Preencha as lacunas ( “____” ) com letras MAIUSCULAS sobre as relações operantes:
a. As relações operantes são compostas por 4 elementos: a(s) consequência(s),
______________, ________________ e _______________.
b. Dizemos que uma resposta foi reforçada quando observamos que esta resposta
_____________, quando isso ocorre chamamos a consequência dessa resposta de
____________________.
c. O valor reforçador de uma consequência depende de uma ________________.
d. Outro elemento antecedente da contingência é o estímulo _______________. Este estímulo
é construído pelo reforçamento ______________ da resposta, isto é, ela (a resposta) produz
o reforçador em uma condição, mas não em outra.
e. Para que uma resposta ocorra ela deve ser evocada por duas condições ao menos um
_________________ (a “oportunidade”) e uma ________ ________ ( a
“vontade/desejo/necessidade”).
ATIVIDADE EM DUPLAS:
1. Paula trabalha 14 horas por dia, de segunda a domingo. Recebe um excesso de tarefas e as
faz de modo a livrar-se de ameaças constantes de sua chefe de perder o emprego. Passou a
ficar exausta, então pediu licença médica e, com o atestado, afastou-se.

OM R Sr-
Ameaça de perda do emprego Fazer tarefas emprego é mantido

Sd
Tarefas

R
Sr-
OM Apresentar
Cansaço diminui
Cansaço atestado

Sd
Atestado
Médico
ESTÍMULO OU
CONSEQUÊNCIA?
As três funções de um estímulo
O.M.
(motivação)

Reflx
Sd R Sr+ Sconsq
R S ante
Selic
Selic
cond
Reflx cond Reflx
Privação (de
açúcar/gordura/etc.)

O.M.
(motivação)

Presença
Morder o
(“visão” do
chocolate)
Reflx chocolate Chocolate

Sd R Sr+ Sconsq
Selic Selic
cond
Reflx cond Reflx
Salivação
Salivação
condicionada
Reforçamento
negativo
Sd

R Sav
Sav
(OM)
“Quando apresentamos um estimulo aversivo, [...] a possibilidade de condicionar outro
comportamento surge imediatamente. A apresentação do estímulo aversivo, portanto, assemelha-
se a um repentino aumento da privação (capítulo IX); mas como a privação e a saciação diferem
em muitos aspectos da apresentação ou remoção de um estimulo aversivo, e aconselhável
considerar as duas espécies de operações separadamente.” (Skinner, 1953,
p.189)
(Ref. Cond.)
R Sd
Sav
R
Nomeados
Aceleração cardíaca
como:
Sav
Sudorese
(OM) Ansiedade
Tensão muscular

Angústia
Reflx Sensação de sufocar

nó na garganta Medo
Como interpretar as descrições
de sensações e emoções?
SAV

Medo
Ansiedade
Apreensão

Cólera Prazer

R
Raiva Elação
S+ Aborrecimento Êxtase S+

Alívio
Sossego
Calma

SAV Banaco (1999)


Investigar sentimentos, fim ou meio?
• Como interpretar as descrições de sensações e emoções?

Sensações:

- Esquemas de reforço:
• Reforçamento frequente (consistente) produz uma sensação de confiança, fé etc.
• Reforçamento ocasional inconstante produz sensações de dúvida e incerteza
• Possibilidade de punição de uma resposta reforçada gerará sensação de insegurança, conflito e
dúvida (culpa e ansiedade)
• A falta de reforçamento para uma resposta (extinção) pode produzir rapidamente a frustração e
desamparo caso a resposta tenha uma mudança abrupta na condição de reforçamento
• Reforçamento intermitente gradualmente construído pode produzir persistência e obstinação
Outros exemplos:
• Uma cliente que pediu demissão do emprego do qual não gostava passa a
ficar muito tempo dormindo e sem ânimo para diversas atividades.

• Um adolescente se sente angustiado ao se aproximar da data de escolher o


curso a realizar.
Outros exemplos:
• Uma cliente relata que o namorado terminou o relacionamento que durava
alguns anos. Diz que se sente muito triste e chora muito... Além disso, sente-
se estranhamente aliviada

• Um cliente que se dedica muito ao trabalho recebeu uma proposta de


emprego no qual vai receber um salário maior. Desde então tem tido
pequenas crises de ansiedade
Causas Fictícias do CPTO
Por que os sentimentos são causas fictícias?

“Nós não choramos porque estamos tristes ou sentimos tristeza choramos; nós choramos e sentimos tristeza

porque alguma coisa aconteceu. É fácil confundir o que sentimos com a causa porque sentimos enquanto

estamos nos comportando (ou mesmo antes de nos comportarmos), mas os eventos que são responsáveis pelo

que fazemos (e, portanto, pelo que sentimos), estão no passado.” – Skinner, 1989, p. 5
Condicionamento e extinção respondente
“Outro problema prático comum é o de eliminar respostas condicionadas. Por exemplo,
podemos querer reduzir as reações de medo eliciadas por pessoas, e animais, incursões
aéreas, ou combates militares. Seguido os métodos de experimento com reflexo
condicionado, apresentamos um estímulo condicionado e omitimos [não apresentamos] um
estímulo reforçador [eliciador incondicionado] responsável pelo seu efeito.” (pg. 63)

“Se o estímulo condicionado elicia respostas muito fortes, pode ser necessário apresenta-lo
em doses gradativas. Se a uma criança foi assustada por um cão se der um cãozinho, a
semelhança entre o animalzinho e o cão assustador não é tão grande a ponto de eliciar uma
resposta de medo condicionada muito forte. Qualquer resposta que possa surgir se extingue.
[...]” (pg. 64)
Dessensibilização sistemática:
(Wolpe e Lazarus)

Apresentação sistemática dos estímulos listados iniciando do menos perturbador


Menor tamanho

Mais distante

Estímulo menos Pouco semelhante


ansiogênico

CS

CR CR CR CR CR
Dessensibilização sistemática:
(Wolpe e Lazarus)
Basicamente, a técnica consiste de quatro elementos:

(1) treino em técnicas de relaxamento;


(2) desenvolvimento de uma escala de ansiedade subjetiva;
(3) planejamento de exposição gradual ao(s) evento(s) que elicia(m) respostas
de ansiedade e/ou esquiva; e
(4) pareamento dos eventos eliciadores de ansiedade com o relaxamento
(principalmente por meio da imaginação. (Zamignani, 2004, pg. 170-
171)
Dessensibilização sistemática:
(Wolpe e Lazarus)
• “1. Relaxamento: O método de relaxamento indicado por Wolpe (1973) é a
técnica de relaxamento progressivo desenvolvido por Jacobson (1938),
adaptada para um número menor de sessões. O relaxamento progressivo
“consiste em aprender a tensionar e logo relaxar os diversos grupos
musculares do... corpo, de forma que saiba o que sente quando o músculo
está tenso e quando está relaxado” (Vera e Vila, 1996, pág. 153).
(Zamignani, 2004, pg.171, grifo adicionado)
Dessensibilização sistemática:
(Wolpe e Lazarus)
• “2. A escala de ansiedade subjetiva (SUDS - Escala de Unidades Subjetivas de
Ansiedade): Para que o paciente possa monitorar a intensidade de sua ansiedade, ele
é instruído a desenvolver uma escala subjetiva de ansiedade. Atribui-se a intensidade
10 (ou 100) à maior ansiedade imaginável (pede-se que ele imagine um grau de
ansiedade que represente estar em pânico) e intensidade 0 para um estado de absoluta
tranqüilidade.”
3. [...] Feito isso, coloca-se em ordem decrescente de ansiedade cada um dos itens da
lista. Não é necessário que o cliente tenha experimentado todos os eventos presentes na
lista; para alguns eventos, o cliente deve imaginar como seria a exposição a eles.
(Zamignani, 2004, pg. 171-3)
Dessensibilização sistemática:
(Wolpe e Lazarus)
4. O procedimento de dessensibilização propriamente dita: O procedimento de dessensibilização
consiste na exposição a estímulos eliciadores de ansiedade e na neutralização da ansiedade por meio
do relaxamento. É possível encontrar na literatura algumas variações na sua aplicação, como:
• o uso de computadores e fita cassete,
• a dessensibilização em grupo,
• a dessensibilização vicariante - que se beneficia da observação de outros indivíduos que se
expõem ao evento ansiógeno, entre outras.

(Zamignani, 2004, pg. 174)


Dessensibilização sistemática:
(Wolpe e Lazarus)
Exemplo: Fobia de cachorros
pequeno

A 10 metros

Cachorro: Desenhado

CS
Dessensibilização sistemática:
(Wolpe e Lazarus)
Exemplo: Fobia de cachorros
Médio

A 5 metros

Cachorro: Fotografado

CS
Outra forma de aquisição de aversividade por
estímulos
Equivalência de estímulos

A1

B1 C1
CACHORRO DOG

D1
ΣΚΥΛΟΣ
As intervenções para estes tipos
Equivalência de estímulos
de ansiedades e fobia tem sido
chamadas de “desfusão
Transferência De Função cognitiva”

Pai / Mãe Chefe


A C
CR CR
“Autoridade”
“Desfusão cognitiva se refere ao processo de
redução das funções emocionais e
comportamentais automáticas dos pensamentos
B pelo aumento da consciência sobre o processo
CR de pensar para além do conteúdo ou significado
Professor(a) literal do pensamento” (Blackledge, 2019, p.
277)
Exemplo de desfusão:
EMOÇÃO
O QUE É UMA EMOÇÃO?
reações fisiológicas
“As alterações mais óbvias estão presentes quando o leigo diz que ‘sente
uma emoção’ são as respostas dos músculos lisos e das glândulas – por
exemplo, corar, empalidecer, chorar, suar, salivar, e contrair os pequenos
músculos lisos da pele que produzem o arrepio nos pêlos...” (p.176).

“A despeito da extensiva investigação, não foi possível demonstrar que


cada emoção se distinga por um padrão particular de respostas de glândulas e
músculos lisos.” (p.176).
O QUE É UMA EMOÇÃO?
reações fisiológicas

“[...] Embora haja alguns padrões característicos dessas respostas, as


diferenças entre as emoções com freqüência não são grandes e não seguem as
distinções usuais. Nem servem para diagnóstico de emoção em geral, pois
ocorrem também sob outras circunstâncias - por exemplo, depois de um
exercício pesado ou de uma lufada de ar frio.” (p.176-7).
O QUE É UMA EMOÇÃO?
predisposições para agir
“Quando o homem da rua [leigo] diz que alguém está com medo, ou zangado,
ou amando, geralmente está falando de predisposições para agir de certa
maneira.

• O homem ‘zangado’ mostra uma alta probabilidade de lutar, insultar, ou de


algum modo infligir danos, [...]
• Alguém ‘que ama’ mostra uma grande tendência para auxiliar, favorecer,
estar com, e cuidar de... [...]
• No ‘medo’, o homem tende a reduzir ou evitar contato com estímulos
específicos – correndo, escondendo-se, ou cobrindo os olhos e os ouvidos;
[...]” (p.178).
O QUE É UMA EMOÇÃO?
predisposições para agir
O homem ‘zangado’ mostra uma alta probabilidade de lutar, insultar, ou de
algum modo infligir danos, e uma pequena probabilidade de auxiliar, favorecer,
confortar, ou amar
Alguém ‘que ama’ mostra uma grande tendência para auxiliar, favorecer, estar
com, e cuidar de, e uma pequena inclinação para ofender de qualquer maneira.
No ‘medo’, o homem tende a reduzir ou evitar contato com estímulos
específicos – correndo, escondendo-se, ou cobrindo os olhos e os ouvidos; ao
mesmo tempo tem menor probabilidade de avançar contra esses estímulos ou
para um território desconhecido. ...” (p.178).
Esses fatos são úteis, e algo parecido com o modo de classificação do leigo tem
seu lugar em uma análise científica.
O QUE É UMA EMOÇÃO?
predisposições para agir
“As respostas que variam juntas em uma emoção o fazem em parte por causa
de uma conseqüência comum. As respostas que aumentam de força
[probabilidade] na raiva infligem dano em pessoas ou objetos. [...] Assim o
agrupamento das respostas que definem a raiva depende em parte de
condicionamento. O comportamento que inflige dano é reforçado durante a
cólera e subsequentemente será controlado pelas condições que controlam a
raiva. Assim como o alimento é reforçador para o organismo faminto, também
o dano infligido em outro é reforçador para quem está zangado.” (pg. 180)
MOTIVAÇÃO E EMOÇÃO
• “… campos da motivação e emoção estão muito próximos. Na verdade,
podem se superpor. Qualquer privação extrema age provavelmente como
uma operação emocional. O homem faminto é quase necessariamente
frustrado e temeroso.”(Skinner, 1953, p. 165)

• A introdução de uma variável ambiental nova pode mudar a hierarquia dos


estímulos reforçadores, funcionando como uma OPERAÇÃO
MOTIVADORA
O QUE É UMA EMOÇÃO?
EMOÇÃO TOTAL
“Definimos uma emoção, na medida em que se quer fazê-lo, como um estado
particular de alta ou baixa frequência de respostas induzidas por qualquer
uma dentre uma classe de operações. [...] ao descrever o fato de que críticas
ao seu trabalho ‘enfurecem o empregado’, podemos dizer, por exemplo:
(1) que fica vermelho, que as palmas de suas mãos transpiram, e [...] que
para de digerir o almoço;
(2) sua face assume uma ‘expressão’ característica da raiva ; e
(3) que tende a bater portas, a maltratar o gato, a falar secamente com os
companheiros de trabalho, a brigar, e assistir brigas de rua ou lutas de boxe
com interesse especial. [...]
a emoção total [...] é o efeito total que a crítica ao trabalho teve sobre o
comportamento.” (p.182)
O QUE É UMA EMOÇÃO?
EMOÇÃO TOTAL
“[...] O restante do repertório passa por uma mudança geral. Se o sujeito estiver jantando,
observamos que para de comer ou come menos rapidamente. Se estiver empenhado em
alguma outra ação, observamos uma alteração que pode ser descrita como “perda de
interesse”. Vemos que tem maior probabilidade de sobressaltar-se com sons repentinos e de
olhar ao redor cautelosamente antes de penetrar em novos territórios. Será menos provável
que fale com uma frequência natural; que ria, que brinque e assim por diante. Estará
predisposto a “ver” pássaro morto em lugar de um chapéu velho caído no chão, no sentido
de que esse estímulo, que em certa medida lembra um pássaro morto, pode restabelecer
todas as condições emocionais acima descritas. Essas mudanças podem persistir por um
considerável período de tempo depois do estímulo ter sido removido.” (p.182-3)
SINTETIZANDO
Estar “emocionado(a)” pode ser descrito como comportar-se de modo intenso,
em todos os sentidos (na força dos reflexos e nas dimensões da contingência
operante). Quer dizer ainda que o fluxo do nosso comportamento está afetado
de algum modo que altera nosso responder, frequentemente perturbando-o.
Envolve respostas reflexas marcantes, mudanças faciais e posturais, o
surgimento de respostas características (aprendidas ou não) e a alteração do
papel (reforçador, aversivo e discriminativo) de alguns estímulos.
SINTETIZANDO
Não é um estado subjetivo, é RELAÇÃO (emocionar-se)

Não pode ser redutível a uma única classe de R ou atribuível a um único


conjunto de operações

Termos de uso cotidiano (raiva, medo, amor, frustração…) podem encobrir o


fato de que uma emoção relatada com um nome pode não ser a mesma emoção
relatada com o mesmo nome mas produzida por variáveis ambientais diferentes
( mesma topografia para diferentes relações funcionais).
EMOÇÃO
• Envolve interação entre aspectos operantes e respondentes
• Frente a determinado contexto (S antecedente) há:
- Eliciação de R reflexas
- Alteração na predisposição para agir
Elicia
CS CR
Pessoa Taquicardia,
Agressiva Respiração ofegante
Evoca RAIVA SR+
SD
Gritar com o agressor Dano ao agressor
OM
R
RAIVA
RAIVA
Como organismos que passaram por uma história de seleção filogenética, nos
tornamos sensíveis aos estímulos (consequências) que garantiram nossa
sobrevivência. Do mesmo modo como obter água, alimento, parceiros sexuais,
proteção etc. foi importante nos momentos em que estávamos sedentos,
famintos, excitados ou ameaçados; “destruir” (causar dano) foi importante
quando estávamos sendo ameaçados (pela perda de reforçadoras ou pela
apresentação de aversivos) algumas respostas (reflexas) foram
filogeneticamente selecionadas e respostas (operantes) foram
ontogeneticamente selecionadas por que produziram estes estímulos (dano) em
condições específicas, protegendo o organismo/indivíduo.
ATIVIDADE EM DUPLAS:
• Monte com sua dupla a contingência da seguinte situação:

Thales se preparou para a apresentação de um projeto no trabalho para seus colegas e superiores. No
meio da apresentação, um colega disse que o trabalho estava horrível. Nesse momento, Thales sentiu o
“sangue subir” e começou a bater boca com esse colega, que ficou irritado com os argumentos de
Thales.
Correção
CS CR
Colega diz que
Sangue Subiu
está horrível
OM Sr+
OA Presença do
colega Raiva
Bater boca
Irritação do
colega
Sd R Sr+

Apresentação do
trabalho
MEDO
ATIVIDADE EM DUPLAS:
• Monte com sua dupla a contingência da seguinte situação:

Carol trabalha em casa como cozinheira e mora com o marido. Relata gostar muito de cozinhar para
seus clientes. Costumeiramente, o marido chega em casa drogado e bate nela. Atualmente, próximo à
hora que ele costuma chegar, ela começa a sentir taquicardia e tremedeira e perde o interesse em
cozinhar. Então, vai pra casa da vizinha, que a recebe bem e dá carinho e atenção.
Correção
R Sr+
EXT

Cozinhar Comida pronta

CS CR
Chegada do
Tremedeira
Marido
OM OA
R
MEDO Sr+

Cuidado da
Ir para vizinha
Sd vizinha
Afastamento do
Vizinha Sr-
marido
Diminuição dos
Sr-
reflexos
Ansiedade
Coerção e seus subprodutos (Sidman, 1989)
Punição

S cond
av R S av
R
Fuga
S av

Savcond R SR cond Sr+


av
Esquiva

“[...] Para fazer com que as pessoas parem de fazer coisas que nos desagradam, estabelecemos contingências
de punição; batemos nelas, algumas vezes figurativamente, algumas vezes literalmente. Para fazer com que as
pessoas façam coisas que nos agradam, estabelecemos contingências de fuga e esquiva; continuamos batendo
nelas até que façam o que queremos, ou ameaçamos de bater se elas fizerem qualquer outra coisa.” (Sidman,
1989, p. 207)
Coerção e seus subprodutos (Sidman, 1989)
Punição

S cond
avR S av
R
Fuga
S av

Savcond R S cond
av
Esquiva

Punição, fuga e esquiva raramente ocorrem isoladamente umas das outras. Mesmo quando pretendemos apenas punir,
geramos fuga e esquiva; aqueles que são punidos por nós fogem quando nos aproximamos. Quando tentamos forçar
ações particulares, outras inevitavelmente se tomam ligadas a elas; [...] Todos nós estamos sujeitos às leis do
comportamento, assim, quando uma punição que estabelecemos parece funcionar, continuamos com mais punição.
[...] Quando ensinamos, protegemos ou curamos por meio de punição, usualmente obtemos mais do que queremos.
Uma grande quantidade de acontecimentos sub-reptícios [clandestinos] ocorre nas contingências coercitivas do
mundo cotidiano.” (Sidman, 1989, p. 207-8)
REAGINDO AO CONTROLE
COERCITIVO
“Algumas das contingências que o mundo nos impõe nos deixam sem escolhas
adaptativas. Elas não nos permitem nem desligar [fugir] nem prevenir choques
[esquivar]. [...] O que acontece quando tais choques intensos nos ameaçam e somos
incapazes de faze-los desaparecer, quando não temos lugar onde nos esconder ou para
onde correr em busca de segurança? (Sidman, 1989, p. 208)
SUPRESSÃO CONDICIONADA

Experimento básico: reforçamento

“[...] o trabalho do animal é pago apenas ocasionalmente; ele não obtém alimento toda vez que pressiona a barra. Algumas vezes ele
pode trabalhar por cinco minutos sem sucesso, algumas vezes por dois minutos, outras por apenas dois segundos. Na media, uma
vez a cada 30 segundos ele obtém alimento quando pressiona a barra, mas o tempo entre tentativas bem-sucedidas e imprevisível.”
(Sidman, 1989, p. 208-9)
SUPRESSÃO CONDICIONADA

Experimento básico: pareamento S-S

“Agora, enquanto o sujeito está trabalhando por seu alimento, ligamos um sinal, um tom que dura um
minuto. Ao final do minuto, assim que o tom cessa, um breve choque (um décimo de segundo)
aparece. Diferentemente do choque que o sujeito pode prevenir, este é inevitável, nada que o sujeito
possa fazer o manterá longe.” (Sidman, 1989, p. 209)
CONDICIONAMENTO RESPONDENTES

som CS
CR US choque

“aceleração cardio-
respiratória” UR “sobressalto”
SUPRESSÃO CONDICIONADA

Experimento básico: resultado

Depois de algumas experiências com a sequência tom/choque, o sujeito muda drasticamente seu
comportamento quando o tom e ligado. Ainda que ele pudesse continuar a obter alimento, ele para
de pressionar a barra assim que ele ouve o sinal. Em vez de trabalhar, ele agora se agacha
tensamente, tremendo, defecando, urinando, seu pelo eriçado. Ele mostra todos os sinais que
usualmente atribuímos a ansiedade avassaladoramente paralisante.” (Sidman, 1989, p. 210. grifo
adicionado)
SUPRESSÃO CONDICIONADA

Experimento básico

“Depois do choque, o sujeito de laboratório volta a sua ocupação normal, trabalhando


estavelmente até que o tom apareça novamente. O animal trabalha produtivamente
entre sinais de aviso, para completamente durante cada sinal e, então, recomeça o
trabalho imediatamente depois de cada choque.” (Sidman, 1989, p. 210)
SUPRESSÃO CONDICIONADA
CS US
Aversivo cond
Tom

Supressão condicionada
R Sr+
R Sr+
R Sr+
R Sr+
SUPRESSÃO CONDICIONADA

Experimento básico

“Usamos o termo do cotidiano, "ansiedade”, quando algo ruim esta por acontecer e
nada podemos fazer para impedi-lo ou fugir. Não há problema em chamar de ansiedade
a reação, desde que não nos enganemos acreditando que o nome explica alguma coisa.”
(Sidman, 1989, p. 210)
Não podemos perder de vista as causas: (1) os sinais de aviso para (2) choques
inevitáveis, sobrepostos a (3) uma linha de base de atividade positivamente
reforçada. (Sidman, 1989, p. 211)
SUPRESSÃO CONDICIONADA

Fora do laboratório:

“[...] sinais de choques inevitáveis vêm de pessoas, frequentemente como efeitos


colaterais não-pretendidos das várias formas de coerção que impensadamente impomos
uns aos outros. A uma secretária, preocupada a ponto de distrair-se por causa de
sua mãe seriamente doente, diz-se: “Mais um erro de datilografia e você será
despedida.” Incapaz de datilografar outras cartas naquele dia, ela acaba sendo
despedida.” (Sidman, 1989, p. 211)
SUPRESSÃO CONDICIONADA

Fora do laboratório

Usualmente aplicamos coerção com a intensão de ensinar nossos filhos, esposos, empregados, alunos,
vizinhos ou [con]cidadãos como manter-se afastados de serem punidos. Mas nem sempre
estabelecemos as contingências efetivamente; algumas vezes os choques que queremos que as pessoas
evitem se tomam inevitáveis. Aos olhos de alguns pais, seus filhos não conseguem fazer nada
corretamente e, então, eles os punem indiscriminadamente. Mesmo quando bem-intencionadas,
nossas contingências de punição, fuga e esquiva frequentemente degeneram em situações que
sinalizam choques inevitáveis. Coerção da qual não se pode fugir ou que não se pode impedir traz a
tona a debilitação e o desamparo da supressão condicionada. Podemos então nos descobrir punindo os
outros mesmo quando não queremos realmente faze-lo.” (Sidman, 1989, p. 213)
SUPRESSÃO CONDICIONADA

“Um sujeito cuja conduta usualmente produz reforçadores positivos,


comumente cairá em um estado de inatividade não-produtiva ou de pânico não
direcionado durante um sinal de choque inevitável. Um sujeito sendo coagido
por contingências de esquiva fara exatamente o oposto, trabalhando ainda mais
diligentemente durante o sinal de aviso. Portanto, o que e chamado de
ansiedade pode se referir a depressão ou a hiperatividade, ambas não-
produtivas; nossa reação a choques inevitáveis dependerá de se nossa conduta é
comumente mantida por contingências positivas ou coercitivas.” (Sidman,
1989, p. 218)
TRABALHO PARA ENTREGA

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