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Reforço Diferencial de Taxas Baixas - DRL
Lucelmo Lacerda

Trata-se de um procedimento em que reforçamos um certo

comportamento diferencialmente no tempo, isto é, alargamos o período entre
respostas que podem ter reforço, fazendo com o que o comportamento ocorra
em tempo mais espaçado.
Digamos que seu filho, aluno ou paciente, tenha um comportamento como
comer. Você pensa: “ótimo”, a não que ser este comportamento ocorra a cada
1 minuto. Neste caso, um comportamento adequado torna-se um grande
problema e um risco. Um estudante pede para ir ao banheiro 30 vezes durante
uma aula, toma água 10 vezes por hora, fala sem parar.... a lista pode ser
imensa. Tratam-se, portanto, de comportamentos adequados, porém, em uma
proporção inadequada, portanto, precisam ser ajustados.
Resumidamente, é necessário medir precisamente a cada quanto tempo,
em média, um comportamento ocorre e qual reforçador visa alcançar. Depois,
na primeira oportunidade do dia em que o comportamento ocorrer, ele deve ser
reforçado, mas, após este episódio, será delimitado um tempo mínimo, a partir
do qual o mesmo comportamento terá reforçador. Por exemplo: um aluno pede
para ir ao banheiro a cada 3 minutos e a escola entendeu que o tempo ideal é a
cada 40 minutos; então, há uma longa jornada entre um e outro. Em uma
primeira etapa do procedimento, o aluno tem acesso ao banheiro da primeira vez
em que pedir, mas, após esta ocasião, o aluno terá de cumprir um tempo mínimo,
um pouco maior que a média. Sendo assim, somente 4 minutos após o primeiro
pedido, ele terá a permissão para ir ao banheiro; qualquer pedido antes dos 4
minutos será colocado em extinção.

Vamos aos passos para a elaboração de um DRL:

1º Defina bem o comportamento;
2º Meça o tempo médio de ocorrência (se necessário, também a quantidade –
no caso de comida, por exemplo);
3º Defina do tempo ideal de ocorrência;

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4º Planeje o procedimento, avançando progressivamente até o tempo ideal;

Exemplo:
Douglas é um menino com autismo severo, ele não é verbal e passa o dia
comendo pães, doces, balas, salgados, salgadinhos, bolos, uma verdadeira
obsessão. Comer é uma excelente prática, mas nosso querido Douglas está com
começo de diabetes e obesidade mórbida, ou seja, sua saúde vai de mal a pior.
Então, sua mãe decidiu fazer uma intervenção e seguiu todos os passos, de
maneira certinha.

1ª definição: comer é todo ato de ingestão de alimentos sólidos ou

pastosos.
Depois, sua mãe mediu o comportamento e, entre os intervalos de
comida, havia a média de 10 minutos e de 100 gramas de alimento por episódio.
Ela também estabeleceu que o tempo ideal entre refeições deveria ser a cada
90 minutos, com os mesmos 100g, excetuando o café da manhã, almoço e
jantar, cada qual com o máximo de 600g.
Deixar Douglas 1 hora e meia sem comer parecia impensável naquele
momento e seria realmente impossível de fazer imediatamente, por isso sua mãe
elaborou um procedimento de DRL, com os seguintes parâmetros:
1º preparou todo o ambiente para que Douglas só tivesse acesso à comida com
sua expressa liberação. Trancou geladeira, armários e planejou todos os
ambientes em que Douglas tinha acesso. Combinou com todos os que lidavam
com ele para não trazerem nada de comer e para que não comessem em sua
frente, exceto quando ele estivesse também comendo.

2º Se Douglas pedisse comida antes do intervalo, nada lhe era entregue. Mas,
assim que o intervalo se esgotava, a comida passava a estar disponível, isto é,
era-lhe entregue assim que ele pedisse. Mas, se ele não pedisse, não lhe era
entregue.

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3º No horário do café da manhã, almoço e jantar, a comida era servida
independentemente de pedido, até a porção máxima adequada.
Quando Douglas passava um dia inteiro sem pedir comida antes do
intervalo, este era aumentado em uma pequena porção de 20% até se chegar
ao intervalo ideal, no qual não necessita mais de pedido para a comida ser
oferecida.

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