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CBI of Miami 2
Introdução à Avaliação Funcional do Comportamento
Aída Santos Brito

Natalie Brito

As Dimensões da ABA

A pesquisa em análise do comportamento possui algumas dimensões


importantes. Deve ser aplicada, comportamental, analítica, tecnológica,
conceitual, eficaz e demonstrar generalidade (BAER, 1968). Falaremos de cada
uma dessas dimensões a seguir:

1. A dimensão aplicada refere-se à importância que a análise do


comportamento tem para o homem e a sociedade, e não só para a teoria.
Temos reconhecimento e validade social das estratégias, que são
baseadas em evidências.
2. A dimensão Comportamental refere-se a preocupação de se mensurar
com fidignidade o comportamento, ou seja, o que o sujeito faz, a fim de
se avaliar as mudanças na resposta. Se não mensurarmos
adequadamente o comportamento ou se dependêssemos apenas de
relatos de terceiros, não podemos confiar nos dados.
3. A dimensão analítica significa que a análise das variáveis que estão
relacionadas com o comportamento analisado. Devemos ter um rigor
experimental da análise dos eventos.
4. A dimensão tecnológica significa que as técnicas usadas devem ser
descritas com fim de replicação.
5. A dimensão conceitual é referente à descrição dos procedimentos, que
deve fazer parte do escopo do behaviorismo radical.
6. A dimensão de eficácia refere-se ao poder de alterar comportamentos
para se tornar socialmente importante. Os efeitos da mudança devem ser
grandes o suficiente para serem considerados importantes.
7. A dimensão da generalidade diz respeito à mudança se estender no
tempo, com outras pessoas e em lugares diferentes.

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Derivada dessas dimensões, vem a principal tarefa de um analista do
comportamento, que é a de investigar a função de um comportamento. O
entendimento dessa função é fundamental para formular as estratégias de
intervenção. Uma avaliação funcional é um processo que tem como principal
função identificar os eventos que preveem e controlam um determinado
comportamento.

O Por Quê de uma Análise Funcional


Ainda sobre análise funcional, você já deve ter ouvido falar na avaliação
ABC para identificar as funções de um comportamento problema. Então, esse é
um procedimento derivado da análise funcional. Mas por que a gente usa
avaliação funcional na nossa prática?
Devido a avaliação funcional, podemos coletar informações importantes
sobre o que mantém determinado comportamento, em quais circunstâncias ele
ocorre e não ocorre. E assim, podemos montar uma estratégia de intervenção
mais eficaz.
Imagina que eu aplicarei uma técnica de extinção para redução da
frequência do comportamento de gritar na sala de aula deixando de dar atenção
para ele, sem fazer análise funcional dele, entretanto. O que pode acontecer? O
meu aluno pode variar o repertório, emitindo comportamentos agressivos, por
exemplo e ainda assim, o comportamento de gritar pode continuar ocorrendo, se
for mantido, por exemplo, pela atenção de outros colegas de sala.
No final da década de 1990, a Associação dos Analistas do
Comportamento (Association for Behavior Analysis) publicou a obra “Direito a um
Tratamento Eficaz” (Right to Effective Treatment), proposta por Van Houten et
al. (1988), na qual os autores incluíram o direito de todos os indivíduos
receberem uma avaliação funcional competente
Algumas estratégias podem ser utilizadas como auxílio de análises
funcionais: entrevistas, escalas, questionários; também observações diretas e
análises experimentais sistemáticas. A avaliação funcional indireta pode ser
utilizada quando não conseguimos observar o fenômeno diretamente. Imagine

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que determinado comportamento ocorra em vários momentos que você não
pode mensurar, como, por exemplo, antes de a criança dormir. Você pode pedir
para que alguém da casa mensure esse comportamento para você.
Um dos instrumentos de avaliação indireta é a entrevista de avaliação
funcional, feita por O´Neal et al (1997) e traduzida e adaptada por Oliveira e
Britto, em 2011. Você acha no livro síndrome de Down: modificando
comportamentos. Durante a aula, falaremos mais sobre essa entrevista.

Introdução à Análise Funcional como Metodologia de Pesquisa


Você lembra que falamos de observação direta no primeiro módulo?
Então, a coleta de dados por meio de observação direta é importante para a
realização de análises funcionais por observação direta. São feitas observações
dos eventos antecedentes, da resposta e dos eventos consequentes para isso.
Algumas dimensões do comportamento podem ser descritas também, como
duração, frequência e latência.
A forma mais clássica de se conduzir a análise funcional é chamada
análise funcional experimental. Um dos grandes pesquisadores dessa área é a
Iwatta e, junto com colaboradores, criou a metodologia da análise funciona
experimental. Para realização de uma análise funcional experimental, é
necessário bastante rigor, controle de variáveis e formulação de hipóteses
experimentais.
É utilizada a estrutura do experimento na realização dessas AFs. No
experimento, você tem situações teste e situações controle. Alguns estudos
nessa linha são voltados para o estudo do comportamento-problema, o que você
verá de forma aprofundada na disciplina de manejo de comportamento. Mas
fazendo um resumo, geralmente os experimentos conduzem três ou quatro
situações experimentais: uma com o comportamento-problema sendo
consequenciado por atenção, noutra por algo tangível, como um brinquedo,
noutra por fuga/esquiva de demandas e por fim sem nenhuma consequência
especifica para testar a hipótese de reforçamento automático.
Nesses estudos experimentais, falamos que o comportamento, a resposta
em questão é a variável dependente das manipulações experimentais, ou

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variáveis independentes. Ou seja, testamos a influência de variáveis
independentes (ex.: atenção) na ocorrência do comportamento (vari ável
dependente).
Em resumo, a metodologia de análise funcional objetiva investigar, por
meio de manipulação sistemática, as relações funcionais entre os
comportamentos – sejam eles classificados como sintomas de problemas
psiquiátricos ou de qualquer outra natureza –, e os eventos ambientais dos quais
são função (Bueno & Britto, 2013). Portanto, não é a topografia, e sim, a função
dos comportamentos, o principal alvo dos analistas do comportamento.

Análise Funcional Experimental Tradicional


Existem basicamente dois métodos de realização de análise funcional: os
experimentais e os descritivos. No vídeo anterior vimos um pouco sobre os
experimentais. No próximo módulo, aprenderemos o passo-a-passo de uma
análise funcional descritiva. A análise funcional descritiva também é chamada
de não experimental, ou avaliação funcional. Na análise funcional experimental,
por sua vez, também conhecida à rigor como análise funcional, há a manipulação
de variáveis que antecederam e controlaram os comportamentos. Por uma
questão pragmática, os analistas do comportamento, mesmo quando estão
fazendo avaliação funcional descritiva, chamam o procedimento de análise
funcional. A partir do próximo módulo, trataremos ambos como sinônimos.
Nesse módulo fizemos uma introdução à análise funcional. Vimos as
características da ABA e porque utilizamos Análise Funcional nas nossas
práticas. Vimos a diferença entre avaliação funcional e análise funcional
experimental. Vimos as variáveis básicas que definem um experimento. Espero
que tenha ficado claro a importância da análise funcional para a ABA. No próximo
módulo, vamos te ensinar então o passo-a-passo da realização de uma
avaliação funcional. Não deixe de ler o artigo base para esse módulo e
sugerimos fortemente a leitura de Iwatta e cols (1994; 2004).

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Referências Bibliográficas

HANLEY, G. P., IWATA, B. A., & MCCORD, B. E. Functional analysis of


problem behavior: A review. Journal of applied behavior analysis, 36(2),
147- 185. (2003).

IWATA, B. A., DORSEY, M. F., SLIFER, K. J., BAUMAN, K. E., & RICHMAN,
G. S. Toward a functional analysis of self-injury. Journal of applied
behavioranalysis, 27(2), 197-209. (1994).

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