formação humana, sendo essencial para nossa humanização, ou seja, o trabalho é a categoria principal para nos firmarmos como humanos, pois é a partir do trabalho que o homem se distingue dos outros animais, ele é a ação humana consciente sobre a natureza com a finalidade de prover suas necessidades. Fonte: Jornal A Tribuna – 21 de agosto de 2021 (acessado 29/05/2022) Marx (1985) nos alude que O trabalho é, antes de tudo, um processo entre o homem e a natureza, processo este em que o homem, por sua própria ação, medeia, regula e controla seu metabolismo com a natureza. Ele se confronta com a matéria natural como com uma potência natural [Naturmacht]. A fim de se apropriar da matéria natural de uma forma útil para sua própria vida, ele põe em movimento as forças naturais pertencentes a sua corporeidade: seus braços e pernas, cabeça e mãos. Agindo sobre a natureza externa e modificando-a por meio desse movimento, ele modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza (MARX, 1985, p. 188). Nesse sentido, a educação através de uma formação integrada é essencial para nos formarmos como seres humanos, sendo propulsora para alcançarmos nossa liberdade, nos permitindo escolher sermos dirigentes ou operários, cada um segundo sua própria vontade e não pré-determinado pelo sistema capitalista vigente em quase todos os países do mundo Afirmação de Ciavatta No caso da formação integrada, a educação geral se torna parte inseparável da educação profissional em todos os campos em que se dá a preparação para o trabalho: seja nos processos produtivos, seja nos processos educativos como a formação inicial, como o ensino técnico, tecnológico ou superior. Significa que buscamos enfocar o trabalho como princípio educativo, no sentido de superar a dicotomia trabalho manual/trabalho intelectual, incorporar a dimensão intelectual ao trabalho produtivo e formar trabalhadores capazes de atuar como dirigentes e cidadãos (CIAVATTA, 2014, p. 198) Situação da educação no Brasil Mas, no Brasil ao longo de várias décadas o trabalho e educação não foram relacionados como premissa para uma formação humana, mas sim para preparar os filhos dos trabalhadores para o imediatismo do mercado de trabalho, impedido-os de escolher sua trajetória de vida. Kuenzer entende que: Desde o momento que surge, a educação diretamente articulada ao trabalho se estrutura como um sistema diferenciado e paralelo ao sistema de ensino regular marcado por finalidade bem específica: a preparação dos pobres, marginalizados e desvalidos da sorte para atuarem no sistema produtivo nas funções técnicas localizadas nos níveis baixo e médio da hierarquia ocupacional. Sem condições de acesso ao sistema regular de ensino, esses futuros trabalhadores seriam a clientela, por excelência, de cursos de qualificação profissional de duração e intensidade variáveis, que vão desde os cursos de aprendizagem aos cursos técnicos. (KUENZER, 1991, p. 6). Essa articulação a que se referiu a Kuenzer permitiu a manutenção da dicotomia trabalho intelectual/manual, favorecendo o domínio do sistema capitalista sobre os trabalhadores, que estranham o seu trabalho, uma vez que não se reconhecem como parte do sistema produtivo, pois na maioria das vezes não usufruem do fruto do seu próprio trabalho. O trabalhador estranha seu trabalho Em consequência disso, o modo de produção capitalista busca tornar o trabalho estranho ao próprio trabalhador, facilitando a perpetuação do sistema capitalista vigente. A figura autonomizada e estranhada que o modo de produção capitalista em geral confere às condições de trabalho e ao produto do trabalho, em contraposição ao trabalhador, desenvolve-se com a maquinaria até converter-se numa antítese completa. Daí que a revolta brutal do trabalhador contra o meio de trabalho irrompa, pela primeira vez, juntamente com maquinaria (MARX, 2013, p. 336). Com isso a maioria dos trabalhadores não reconhece o trabalho como um meio emancipador, mas como uma forma de se escravizar, com isso o ele sente que sua força de trabalho é expropriada de sua totalidade pelo emprego da maquinaria, ou seja, da nova divisão do trabalho. Marx (1985) entende que é a grande reserva de mão de obra disponível que prende o trabalhador ao capital, gerando assim, riqueza para os donos dos meios de produção na mesma proporção que escraviza e o mantém em uma condição de pobreza. …a lei que mantém a superpopulação relativa ou o exército industrial de reserva em constante equilíbrio com o volume e o vigor da acumulação prende o trabalhador ao capital mais firmemente do que as correntes de Hefesto prendiam Prometeu ao rochedo. Ela ocasiona uma acumulação de miséria correspondente à acumulação de capital. Portanto, a acumulação de riqueza num polo é, ao mesmo tempo, a acumulação de miséria, o suplício do trabalho, a escravidão, a ignorância, a brutalização e a degradação moral no polo oposto, isto é, do lado da classe que produz seu próprio produto como capital. (MARX, 1985, p. 472). Assim a conjuntura capitalista busca deixar o trabalho estranho ao seu próprio detentor – o trabalhador – para que o mesmo não reconheça o grande poder que tem, ou seja, veja que sua força de trabalho é essencial para a manutenção da sociedade capitalista, tornando-se assim uma pessoa alienada, Assim surge outra inquietação, como reduzir essas mazelas sociais causadas intencionalmente pelo sistema capitalista nesta sociedade hodierna? Qual o papel da educação? Como nós professores podemos mudar esse quadro em nossa prática diária? Dualidade no Ensino Brasileiro A educação brasileira sempre foi marcada pela dualidade entre a educação profissional e a propedêutica: sendo a primeira voltada para os filhos das classes trabalhadoras, como uma forma de atender o imediatismo do mercado de trabalho, oferecendo uma formação técnica rápida e parcial; e a segunda, voltada para os filhos da classe dirigente, sendo garantida de forma geral e específica – focada nas novas tecnologias – garantindo assim a manutenção do sistema vigente, contribuindo para a formação de trabalhadores alienados. Dentro da ótica capitalista, as classes mais abastadas continuam a dominar hereditariamente, graças a esse sistema dualista de ensino. Formação Omnilateral Omnilateral é um termo que vem do latim e cuja tradução literal significa “todos os lados ou dimensões”. Educação omnilateral significa, assim, a concepção de educação ou de formação humana que busca levar em conta todas as dimensões que constituem a especificidade do ser humano e as condições objetivas e subjetivas reais para seu pleno desenvolvimento histórico. Essas dimensões envolvem sua vida corpórea material e seu desenvolvimento intelectual, cultural, educacional, psicossocial, afetivo, estético e lúdico. Em síntese, educação omnilateral abrange a educação e a emancipação de todos os sentidos humanos (FRIGOTTO, 2012, p. 267). TRABALHO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO
O trabalho é típico do ser humano, pois é através
dessa nossa ação consciente sobre a natureza com a intencionalidade de modificá-la que suprirmos nossas necessidades. Assim, o princípio educativo do trabalho é na verdade uma característica inerente à primeira das formas de objetivação humana, ou seja, a atividade vital que nos faz um ser social, nos permitindo interação com a natureza para produzir a nossa existência de modo a transformá-la. Sendo assim, o trabalho tem um cunho educativo porque é ele que engendra o ser social, pois é o trabalho que permite a existência social. Por conseguinte, é o trabalho que nos eleva a categoria de um ser autônomo e ao mesmo tempo nos humaniza a partir do momento em que “aprendemos” a converter a natureza que a priori – que era bruta – em espaço geográfico, ou seja, espaço alterado pela ação humana. Deste modo entendemos que ao nos moldarmos em um ser social, também criamos o espaço geográfico. Mas como tratar o caráter educativo do trabalho em uma sociedade capitalista – que busca a todo custo desumanizar e alienar o trabalhador Como nos encontramos sob a égide de um sistema dualista de ensino que está implementado em nossa sociedade. É urgente buscarmos colocar todos os discentes em condições de igualdade a alcançar uma formação humana integral – através de escolas profissionais – para que cada um deles escolha qual posição que ocupará na sociedade, seja operário ou dirigente Escola Unitária A escola unitária requer que o Estado possa assumir as despesas que hoje estão a cargo da família, no que toca à manutenção dos escolares, isto é, que seja completamente transformado o orçamento da educação nacional, ampliando-o de um modo imprevisto e tornando-o mais complexo: a inteira função de educação e formação das novas gerações torna-se, ao invés de privada, pública, pois somente assim pode ela envolver todas as gerações, sem divisões de grupos ou castas. Mas esta transformação da atividade escolar requer uma ampliação imprevista da organização prática da escola, isto é, dos prédios, do material científico, do corpo docente etc. O corpo docente, particularmente, deveria ser aumentado, pois a eficiência da escola é muito maior e intensa quando a relação entre professor e aluno é menor, o que coloca outros problemas de solução difícil e demorada A multiplicação de tipos de escola profissional, portanto, tende a eternizar as diferenças tradicionais; mas, dado que tende, nestas diferenças, a criar estratificações internas, faz nascer a impressão de ter uma tendência democrática. Por exemplo: operário manual e qualificado, camponês e agrimensor ou pequeno agrônomo etc. Mas a tendência democrática, intrinsecamente, não pode significar apenas que um operário manual se torne qualificado, mas que cada “cidadão” possa tornar-se “governante” e que a sociedade o ponha, ainda que “abstratamente”, nas condições gerais de poder fazê-lo: a democracia política tende a fazer coincidir governantes e governados (no sentido de governo com o consentimento dos governados), assegurando a cada governado o aprendizado gratuito das capacidades e da preparação técnica geral necessárias a essa finalidade (GRAMSCI, 2016, p. 45). Fonte: http://unopargestao.blogspot.com/2013/05/charges-e-imagens-sobre-gesta o.html - Acessado em 09/05/2022