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Disciplina: Organização e Avaliação na Educação do Campo

Autores: M.e Josiany Fiedler Vieira Stromberg

Revisão de Conteúdos: Carolinne Prado Engelhardt

Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso

Ano: 2017

Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas


páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de
Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em
cobrança de direitos autorais.

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Josiany Fiedler Vieira Stromberg

Organização e Avaliação na
Educação do Campo
1ª Edição

2017

Curitiba, PR

Editora São Braz

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FICHA CATALOGRÁFICA

STROMBERG, Josiany Fiedler Vieira.


Organização e Avaliação na Educação do Campo / Josiany Fiedler Vieira
Stromberg – Curitiba, 2017.
48 p.
Revisão de Conteúdos: Carolinne Prado Engelhardt.

Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso.

Material didático da disciplina de Organização e Avaliação na Educação


do Campo – Faculdade São Braz (FSB), 2017.
ISBN: 978-85-94439-84-0

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PALAVRA DA INSTITUIÇÃO

Caro(a) aluno(a),
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comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as
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de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e
estudantes.

Bons estudos e conte sempre conosco!


Faculdade São Braz

Apresentação da Disciplina

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A disciplina de Organização e Avaliação na Educação do Campo
apresentará um resumo histórico da educação rural no Brasil e mostrará que
algumas metodologias utilizadas na Revolução Industrial ainda são reproduzidas
em muitas salas de aula.
Algumas abordagens e ferramentas para deixar a aula mais interessante
e de acordo com a realidade do seu aluno serão apresentadas aqui. Por fim, uma
discussão sobre as formas avaliativas e a participação do aluno.

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AULA 1 – CONTEXTOS HISTÓRICOS DO PROCESSO EDUCATIVO

Apresentação da aula 01

Na primeira aula da disciplina Organização e Avaliação na Educação do


Campo você terá acesso a um breve apanhado histórico do que é ser um ser
social, das relações sociais e da importância do trabalho.
Para esta aula, também serão resgatadas algumas questões históricas da
constituição de práticas educativas com foco na formação de mão de obra
qualificada e nas necessidades/interesses de diferentes grupos sociais em
privilegiar a educação das cidades em detrimento da Educação do Campo.

1.1 Trabalho

O trabalho é uma atividade humana do indivíduo como ser social


integrante de um grupo e de uma coletividade. Esse “ser social” faz parte do
grupo de todas as pessoas desde o momento em que nascem. Assim que a
pessoa recebe um nome (João, Pedro, Maria ou José), suas relações sociais em
comunidade também surgem (filho, neto) dependendo da natureza que
desempenha naquela ação entre pares, como: “nutrido”, “sem-teto”, “sem-terra”.
Para LUKÁCS (1978) “os seres humanos criam e recriam, pela ação
consciente do trabalho, sua própria existência”. Isso significa que uma criança
que nasceu “sem-terra” pode mudar de vida e não se manter naquela situação,
bem diferente dos outros animais que não tem escolha:

O trabalho constitui-se, por ser elemento criador da vida humana, num


dever e num direito. Um dever a ser aprendido, socializado desde a
infância. Trata-se de apreender que o ser humano enquanto ser da
natureza necessita elaborar a natureza, transformá-la, pelo trabalho,
em bens úteis para satisfazer as suas necessidades vitais, biológicas,
sociais, culturais, etc. Mas é também um direito, pois é por ele que
pode recriar, reproduzir permanentemente sua existência humana.
(FRIGOTTO, 2004, p. 4).

E é esse elemento de criação e de direito, o trabalho, que moldou a


educação e o ensino no país. Karl Marx falava que o que diferenciava o homem
do animal é a capacidade que ele tem para transformar as coisas para produzir

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seu sustento. No contexto histórico o trabalho estava relacionado a degradação
do homem. Quem trabalhava não estava em uma boa posição social, já que nas
sociedades aristocráticas quem trabalhava não era nobre ou a pessoa de
posses, e sim, o escravo e o pobre - ou seja, aqueles que não possuíam recursos
financeiros para pagar os impostos.

Importante
O trabalho é a capacidade do homem em transformar a
natureza para promover a sua subsistência.

Com o passar dos anos, para gerar riqueza, o trabalho passou a ser
fundamental no capitalismo e começou a ser valorizado. Nessa condição o
trabalho passou a enaltecer o homem.
Porém ainda se encontram exemplos na sociedade de que existe
preconceito de classes e gêneros nesse âmbito. Os subempregos e atividades
de baixa remuneração ainda são temas que permeiam a discussão do trabalho
como algo negativo. As profissões de gari, coveiro e empregada doméstica, por
exemplo, são atividades que ainda possuem esse preconceito perante a
sociedade, mas deve-se levar em consideração que é a partir do trabalho que
se produz riquezas.
Para o teórico Karl Marx, a sociedade vive em uma luta de classes. Antes
do surgimento das indústrias, as pessoas aptas ao trabalho participavam de
todas as etapas do processo daquele bem ou serviço. Imagine, por exemplo,
uma costureira confeccionando um vestido. A profissional comprava a matéria-
prima, imaginava e desenhava o produto (vestido), cortava o tecido, costurava,
fazia os arremates e depois dava um destino final a ele: venda, presente, doação,
etc. Com a Revolução Industrial a mesma costureira foi trabalhar em uma fábrica
e lá ela passou a ter uma atividade específica, ou seja, não decide mais qual
produto vai costurar, como ele será e nem seu destino.
Dessa forma se transformou em um processo não criativo, limitado, no
qual a pessoa apenas faz parte de um processo e não da criação inteira.

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SUGESTÃO DE LEITURA
No livro “O Capital” (1867), Marx aprofunda
e sistematiza a crítica das formas de
sociabilidade que caracterizam o mundo
moderno. Os homens dominam a natureza
e criam novas e complexas formas de
sociabilidade.

Para o autor, essa é a Alienação do Proletário, que passa a estar


inserido dentro de uma linha de montagem e/ou de um processo estabelecido de
produção, em que cada indivíduo faz uma única atividade e se limita à condições
de trabalho mais simples, executando exercícios repetitivos sem a necessidade
de usar a criatividade.
Para reforçar o ensino em atividades de interesse das indústrias, surgiram
as escolas técnicas com o objetivo de ensinar a prática para aqueles que não
tinham o conhecimento do como se faz. Desde os anos 70 o tecnicismo formou,
e continua formando, inúmeros profissionais que aprenderam uma
atividade/função para conquistar a empregabilidade como assalariado. Segundo
MENEZES e SANTOS, o tecnicismo é uma:

Tendência verificada nos anos 70, inspirada nas teorias behavioristas


da aprendizagem e da abordagem sistêmica do ensino, que definiu
uma prática pedagógica altamente controlada e dirigida pelo professor
com atividades mecânicas inseridas numa proposta educacional rígida
e passível de ser totalmente programada em detalhes. O que é
valorizado nesta perspectiva, não é o professor mas sim a tecnologia,
e o professor passa a ser um mero especialista na aplicação de
manuais e sua criatividade fica dentro dos limites possíveis e estreitos
da técnica utilizada (2016, s/p).

Já para Martínez, é uma forma de transformar a educação em uma


necessidade natural do ser humano, eliminando o caráter do pensamento.

Este novo paradigma se sustenta em uma visão "realista", ou melhor,


economicista, da educação, apresentada como necessidade "natural"
que responde a leis definidas a partir da biologia e que deve, em
conseqüência, ser satisfeita, como a fome e o abrigo. Em outras

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palavras, ao apresentar a educação como necessidade, fica reduzida
a uma simples pulsão natural, perdendo seu caráter de acontecimento
cultural em que intervém o pensamento, a linguagem, a inteligência, os
saberes. A educação deixa de ser, assim, um assunto da cultura para
ser um serviço desprovido de política e de história, reduzindo seu papel
à aquisição de competências de aprendizagem. (Martínez Boom apud
LIBÂNEO, 1999)

Em 1937, o ensino técnico se tornou essencial para o desenvolvimento da


economia brasileira. O presidente Getúlio Vargas implantou os Liceus Industriais
que formavam mão de obra qualificada para as indústrias que estavam em
expansão.
Inspirada nas teorias da aprendizagem, a sociedade deveria ser moldada
de acordo com à demanda industrial. O objetivo era de formar indivíduos
“competentes” para o mercado de trabalho.
Com base nesse conceito as instituições de ensino formavam mão de
obra qualificada e as empresa contratavam o empregado que sabia executar a
atividade.
Outro ponto a ser discutido é o modelo de ensino conhecido como
dualista, que também compreende a existência de formas de ensino
diferenciadas, mas de acordo com classes. Por exemplo, aquele indivíduo que
tem condições financeiras consegue frequentar uma faculdade (academia) e se
gradua em uma área, e o outro, sem tantas condições, faz um curso técnico.
Esse modelo funcionava até a década de 70, hoje ele não funciona mais.
“Assim, a sociedade salarial, como compreende Castel (1997), é aquela
em que a maioria, mediante seu emprego, tem sua inserção social relacionada
ao local que ocupa na escala salarial. Nesse cenário, o trabalhador tem garantias
de poder prever seu futuro e assegurá-lo dentro de padrões minimamente
aceitáveis em termos humanos. O trabalho não vai se ligar apenas à
remuneração de uma tarefa, mas emerge como direito” (FRIGOTTO, p.6, 2004).

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Acesse o artigo O dualismo perverso da escola pública
brasileira: escola do conhecimento para os ricos, escola do

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acolhimento social para os pobres, e reflita um pouco mais
sobre o dualismo na educação.
Disponível em: http://migre.me/tocKC

Com base nesse histórico, o trabalhador foi em busca de direitos e criou


os Sindicatos. O mesmo também lutou por direitos sociais que foram garantidos
pelo Estado na Constituição Federal.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 – ARTIGO 6º

TÍTULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o


transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância,
a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 90, de 2015)
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

Como pode ser observado, foi com base nas reivindicações dos
trabalhadores que direitos, como licença maternidade, foram conquistados.
Também pode-se afirmar que o direito à educação e ao trabalho é uma garantia
do Estado ao trabalhador. Ou seja, o governo tem que ofertar o trabalho ao
brasileiro e, por meio da educação, possibilitar e qualificar a empregabilidade.
No entanto, quando se pensa em educação no campo e no ensino rural
percebe-se que são reproduzidos dois conceitos apresentados: preconceito e a
repetição do ensino.
Para Leite (1999, p. 14) a educação rural no Brasil, por motivos
socioculturais, sempre foi relegada a planos inferiores. “Gente da roça não
carece de estudos. Isso é coisa de gente da cidade”.
Como visto até o momento, a economia brasileira era baseada na
atividade rural, mas com o passar dos anos, com o êxodo rural e com a chegada

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das fábricas na famosa “Revolução Industrial”, foi necessário rever o ensino
profissionalizante no país, mas não foi revisto da mesma forma o ensino no
campo.
Segundo TORRES, as discussões sobre educação no campo, por muito
tempo, tinham como tema central as especificidades geográficas que
culminavam na negação de uma educação de qualidade, “sob a alegação de que
era desnecessário e dispendioso investir recursos na manutenção de escolas
distantes dos centros urbanos e com poucos alunos” (2013, p. 6).
Somente na década de 80, em uma época em que os movimentos sociais
se tornam mais representativos, foi promulgada a Constituição Federal (CF) de
1988, cuja oferta de educação firma‐se como obrigatória e gratuita (Art. 205 e
Art. 208). Ou seja, se assegura o Direito de educação para todos, inclusive para
os povos campesinos.

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SUGESTÃO DE LEITURA
Uma boa recomendação para se entender
mais sobre o assunto, é o Livro Pedagogia
Histórico-crítica e Educação no Campo,
Histórias, desafios e perspectivas atuais
(2016), o qual discorre sobre a Educação
do Campo em todos os seu aspectos.

Em 1996, é sancionada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


(LDB 9394/96), que possui o Artigo 28, destinado e específico sobre a oferta de

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educação aos povos do campo, que determina a adequação da educação e do
calendário escolar às peculiaridades da vida rural.

Art. 28º [...] os sistemas de ensino promoverão as adaptações


necessárias a sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada
região, especificamente:
I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais
necessidades e interesses dos alunos da zona rural;
II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário
escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas;
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.

Inúmeras conquistas surgiram posteriormente, como:

 1997 - Realização do I Encontro Nacional de Educadoras e Educadores


da Reforma Agrária (I ENERA).
 2002 - Resolução CNE/CEB nº 1/2002 institui as Diretrizes Operacionais
para a Educação Básica nas Escolas do Campo, deixando explicita a
necessidade de promover a cidadania e a justiça social.
 2004 - Criada a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade (SECAD), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
 2010 - é assinado o Decreto nº 7.352/2010 que dispõe sobre a política de
Educação do Campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma
Agrária (PRONERA).

Retomou-se então, uma romantizada educação voltada à “vocação” do


país, entendida como agrária. Da terra deveria o homem retirar a sua felicidade
e somente nela conquistaria o enriquecimento próprio e do grupo social do qual
fazia parte (CALAZANS, 1993).

1.2 Escola Unitária

Para Gramsci, o relacionamento constante entre o trabalho manual,


técnico, industrial e o trabalho intelectual devem estar em equilíbrio. Nela a
cultura humanística e formativa caminham juntas. A criação, o trabalho
independente e autônomo não se preocupam com a valorização da memória e
com o ensino repetitivo. “O advento da escola unitária significa o início de novas

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relações entre o trabalho intelectual e o trabalho industrial, não somente na
escola, mas em toda a vida social. O princípio unitário refletir-se-á, portanto, em
todos os organismos de cultura, transformando-os e dando-lhes um novo
conteúdo” (GRAMSCI, pg. 8).
Em “Cadernos do Cárcere” o autor discorre sobre o papel do Estado na
educação das classes mais baixas da população. O material ainda reflete o
distanciamento entre a teoria ensinada em sala de aula e a realidade. Para
Santos (2009, pg. 3) “contribui decisivamente para aumentar as dificuldades
contemporâneas que estamos vivenciando, interferindo diretamente na escola e
no ensino, possibilitando o contato, cada vez maior, com gravíssimas
consequências educacionais, tais como o enorme número de analfabetos em
nosso país, além de uma altíssima taxa de evasão escolar”.

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SUGESTÃO DE LEITURA
Leia a Obra Caderno do Cárcere, vol. II, de
(2000), o qual é uma autocrítica, em que se
questiona qual é o papel dos intelectuais na
luta política.

A pobreza está relacionada a evasão escolar de alunos do ensino médio.


Muitos deixam de frequentar a escola por causa do trabalho infantil. Segundo
pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira, os
motivos mais frequentes são:

 Ajudar os pais em casa ou no trabalho;


 Necessidade de trabalhar;
 Falta de interesse;
 Proibição dos pais.

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Os adultos também estão abandonando as salas de aula por falta de
interesse e tempo. Imagine o dia a dia de um aluno da Educação de Jovens e
Adultos (EJA) que trabalha no corte de cana. Ele levanta todos os dias às 5h da
manhã, passa o dia em uma atividade pesada e cansativa e às 19h inicia aulas
do EJA. Para esse aluno não abandonar os estudos ele deve ser motivado a
continuar.

Importante
Ou seja, o professor precisa ensinar aquilo que o aluno precisa
aprender.

Fonte: http://fsindical.org.br/imprensa/cana-puxa-emprego-na-industria-de-sao-paulo

O educador precisa criar meios e alternativas contextuais para apresentar


o conteúdo ao aluno. Para que isso seja possível, é necessário que o professor
conheça seu aluno. “O que ele faz?” “Onde mora?” “Qual sua etnia e raça?”
“Religião?”
“Quando o educador se preocupa com seu educando está cumprindo com
o seu papel e desse modo à relação entre ambos pode refletir positivamente no
processo de aprendizagem. Assim, o educador em potencial tem a tarefa de

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preparar o educando para a sociedade pensando nele como alguém com
potencial” (SOUZA, ALTOÉ, SILVA, pg. 34, 2013).
A relação professor-aluno também está presente na escola unitária que
pretende um novo conjunto de relações com o envolvimento da teoria e da
prática no âmbito de toda a vida social.
Para diminuir a evasão a escola precisa passar experiências positivas
para uma pessoa que já tem uma rotina familiar ou de trabalho pesado. Esses
alunos também percebem desorganização e falta de interesse. Portanto, para
que o desempenho seja satisfatório é essencial o comprometimento tanto de
educadores quanto de educandos em todas as etapas e fases da construção do
conhecimento.
Assim, deve-se ouvir as necessidades da comunidade (alunos, futuros
alunos, região, cidade), sendo que temas de influência da sociedade também
devem ser levados em consideração na elaboração de um currículo, o qual por
exemplo deve levar em consideração o contexto econômico daquela região.

Resumo da Aula 01

Na aula teve-se acesso a um breve apanhado histórico do que é ser um


ser social, das relações sociais e da importância do trabalho. Conheceu-se os
conceitos do teórico Karl Marx e da Escola Unitária.

Atividade de Aprendizagem
Relacione o conceito de trabalho de Karl Marx com a revolução
industrial e explique o impacto na atividade rural.

AULA 2 – CONTEXTOS HISTÓRICOS DO PROCESSO EDUCATIVO

Apresentação da Aula 02

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Nesta aula será abordada a realidade do campo e seus impactos no
processo de gestão de aprendizagem, bem como os paradigmas que permeiam
esse tema. Explicar-se-á o processo de ensino/aprendizagem desde o
planejamento até a avaliação do aluno. Formas e métodos serão discutidos ao
longo da atividade. Também será conhecido o impacto do currículo oculto no dia
a dia da sala de aula. Esse será o passo inicial para a discussão ao longo da
disciplina sobre o papel da Educação e o ensino no campo.

2 Paradigmas

Indivíduos (seres sociais) pensam e agem conforme a orientação da


sociedade (grupos/tribos) em que vivem. Ou seja, a cultura interfere nas
interpretações do ser humano e esses paradigmas transformar a realidade.

Vocabulario
Paradigma - Etimologicamente, este termo tem origem no
grego paradeigma, que significa modelo ou padrão,
correspondendo a algo que vai servir de modelo ou
exemplo a ser seguido em determinada situação. São as
normas orientadoras de um grupo que estabelecem limites
e que determinam como um indivíduo deve agir dentro
desses limites.

Portanto, um paradigma é algo enraizado na sociedade. Para


FERNANDES e MOLINA (p. 5, s/d) “o paradigma acaba sendo co-gerador do
sentimento de realidade. Ao excluir, ele cria um outro sistema de ideias e com
isso um outro mundo para que os sujeitos pensem que é este mundo a única
saída”.

O paradigma do rural tradicional tem criado nos últimos anos uma série
de necessidades para os povos que vivem no campo, a exemplo de
muitos acreditarem que somente podem concorrer com o capitalismo
se desenvolver a sua produção com base em um sistema de
informação e de tecnologia, o mesmo utilizado pelas grandes indústrias
agrícolas. Com base nesse sentimento é que muitos trabalhadores
disponibilizam suas terras e sua mão de obra para a produção em larga
escala de alguns produtos para exportação e, quando estes não mais
interessam ao mercado internacional, os empresários retiram os
equipamentos, não pagam nenhum direito aos trabalhadores pela

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utilização das suas terras, deixam o solo completamente esgotado e
as populações mais empobrecidas e com menos esperança de viver
no campo (FERNANDES e MOLINA, s/d, p. 5).

Essa discussão sobre paradigma é de extrema importância, pois ele


representa a cultura que a sociedade carrega. “Quando se fala em ensino rural,
que palavras você acha que passam pela cabeça das pessoas?”

Atividade
Relacione palavras que representam o ensino rural na
concepção da sociedade brasileira. Discuta com seus colegas
sobre o tema e como mudar os paradigmas negativos.

Ensino ruim, locais afastados e sem infraestrutura, desigualdade,


pobreza, esquecimento. São algumas palavras encontradas no paradigma do
homem do campo, e elas estão retratadas na cultura brasileira há muitos anos.
Dois exemplos são os personagens Jeca Tatu (Monteiro Lobato) e Chico Bento
(Maurício de Sousa).
O primeiro personagem, Jeca Tatu surgiu no livro Urupês de Monteiro
Lobato (1882 - 1948) e representa um caboclo pobre que sobrevivia na pobreza,
juntamente com sua mulher e seus filhos. Ele era considerado preguiçoso e
bêbado até que um dia um médico o examinou e o diagnosticou com amarelão.
Ele tomou um remédio, calçou sapatos e melhorou.

Fonte: http://www.miniweb.com.br/literatura/artigos/jeca_tatu_historia1.html

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O outro é Chico Bento. No histórico dos personagens criados por Maurício
de Souza ele é definido como uma criança que representa a pureza, a
simplicidade e a simpatia que caracterizam as pessoas do interior paulista. É o
típico caipira que anda de pé no chão, usa um chapéu de palha e toca modas de
viola. Mora na Vila Abobrinha, onde adora gastar seu tempo nadando no rio,
pescando, dormindo na rede e brincando com os seus amigos.
A parte “ruim” do personagem é que ele não é muito chegado aos estudos,
porém, além das qualidades já mencionadas, ele tem um carinho enorme pelos
animais do seu sítio, como a galinha Giselda, o porquinho Torresmo e a vaca
Malhada.
Como pôde ser percebido, o paradigma do homem do campo ser
preguiçoso e não ser adepto dos estudos está presente em nossa cultura, mas
pode ser modificado com atitudes e trabalho. Cabe aqui o professor como
referência e disseminador de conhecimento voltado ao interesse do aluno, para
que assim o mesmo consiga resultados pessoais e profissionais que serão
relevantes para todo um grupo, sociedade e país.
Fernandes, Molina (2005, p. 27) dizem que “não basta ter escolas no
campo; queremos ajudar a construir escolas do campo, ou seja, escolas com um
projeto político-pedagógico vinculado às causas, aos desafios, aos sonhos, à
história e à cultura do povo trabalhador do campo”.

O veículo propagador da educação do campo adquire múltiplas faces


ao analisarmos sua atuação; os saberes são constituídos desde o
ambiente familiar, da convivência social, até movimentos sociais que
abrangem uma gama de saberes diferenciados, fugindo ou
diferenciando-se, assim, do ensino tradicional, que
predominantemente acontece apenas nas salas de aula (FERNANDO,
MOLINA, 2005, p. 27).

2.1 Currículo

Já parou para pensar “se a localização de uma escola pode influenciar


nos métodos pedagógicos?” E “a relação social de quem vive nesta região deve
ser levada em consideração no momento de pensar em práticas pedagógicas?”
Moura apud Medrado (2012, p. 138) salienta que a escola foi
historicamente fiel aos princípios culturais da elite, a mesma vem sendo
desenvolvida por várias décadas e que não houve questionamentos quanto seus

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métodos/finalidades, muito menos quanto sua filosofia/ideologia, o que resultou
na massificação desse sistema educacional por todo o país e que sua atuação
foi/é tão eficaz que conseguiu incutir no ideário docente que deveria seguir o
referencial pedagógico defendido pela cultura das elites e que todo
conhecimento popular/social fosse desprezado.
O que o autor pretende enfatizar é que o distanciamento do conteúdo com
a realidade da população faz com que os conteúdos curriculares sejam pobres
do contexto cultural rural, perpetuando assim a exclusão na escola do campo o
seu próprio contexto material.
Essas escolas estão localizadas em áreas afastadas dos centros urbanos,
possuem características próprias e um menor número de alunos. Essas “escolas
isoladas” possuem inúmeras dificuldades, sejam elas físico/estrutural, curricular
ou pedagógicas, que causam consequência no ensino/aprendizagem.
Segundo a Constituição Federal todo brasileiro tem direito a educação de
qualidade. No entanto, não é esse o retrato do Brasil rural. Escolas sem
infraestrutura, falta de especialização de profissionais e até indisponibilidade de
espaços educacionais são alguns diagnósticos do ensino. A escola é carente,
inferiorizada e para “Jeca Tatu”.
Todos esses fatores contribuem negativamente para a formação do
currículo oculto. Existem três tipos de Currículo: Formal, Real e Oculto.

 Currículo Formal é estabelecido pelos sistemas de ensino, expresso em


diretrizes curriculares, objetivos e conteúdo nos parâmetros e diretrizes
curriculares;
 Currículo Real é o apresentado dentro da sala de aula a cada dia em
decorrência de um projeto pedagógico e dos planos de ensino;
interpretação que professores e alunos constroem em conjunto;
enfrentamento de dificuldades;
 Currículo oculto é composto por todas as influências que afetam a
aprendizagem dos alunos e o trabalho dos professores (atitudes,
comportamentos, gestos, percepções).

A edificação, iluminação e estética também contribuem para o ensino-


aprendizado. Portanto, na arquitetura do edifício escolar, as condições da
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iluminação, os efeitos de ruídos, a ventilação, o isolamento contra o frio e o calor,
a estética, a distribuição do mobiliário e a existências de equipamentos podem
influenciar de forma positiva ou negativa no processo de ensino-aprendizagem.

Fonte: http://especiais.g1.globo.com/educacao/2015/censo-escolar-2014/brasil-
urbano-x-brasil-rural.html

Pode-se relacionar o currículo oculto aos acontecimentos que não estão


prescritos no currículo formal ou real que dizem respeito às aprendizagens
inesperadas por parte da escola o do professor, que muitas passam
despercebidas, relações de aceitação e ou rejeição tanto dos alunos quanto dos
educadores. Esse currículo oculto existe em abundância no ambiente rural. “Já
parou para pensar que muitas escolas do campo não possuem energia elétrica?”
Para VAZ e SOUZA (2009, p. 867):

A Educação do Campo deve contemplar um ensino voltado à realidade


de seus alunos, em que o conteúdo curricular e as metodologias de
ensino do professor devem ser adequados às necessidades e
interesses dos alunos de zona rural, os quais precisam de um ensino
que valorize, dentre outros aspectos, a cultura da criança que vive no
campo e seu modo de vida.

“Mas por que não se modifica o ensino do campo?” Historicamente, as


pessoas que exerciam as atividades agrícolas (escravos – índios e negros
africanos – e os colonos imigrantes) não consideravam necessário saber ler e

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escrever para trabalhar com a terra. Para Breitenbach (2011, s/p) “o acesso à
educação gerado pela urbanização e pela industrialização passou a ser visto
pelos camponeses como um fator que poderia gerar uma mudança social,
contribuindo massivamente para o êxodo rural”. Mesmo assim, para os que
ficaram no campo o ensino foi deixado de lado.
Segundo a autora, “se antes, com a economia totalmente dependente da
agricultura, era considerada desnecessária, tampouco seria importante agora,
quando a agricultura não era mais a única fonte de renda do país” (Breitenbach,
2011, s/p).

2.2 Planejando

O planejamento é um processo de sistematização e organização das


ações do professor. Para Larchert (2012), todo planejamento deve retratar a
prática pedagógica da escola e do professor. “A história da educação brasileira
tem demonstrado que o planejamento educacional tem sido uma prática
desvinculada da realidade social, marcada por uma ação mecânica, repetitiva e
burocrática, contribuindo pouco para mudanças na qualidade da educação
escolar” (p.60).
Para mudar esse cenário, é importante saber qual é o propósito ou a meta
daquela atividade em sala de aula, trabalho ou avaliação. Essa seleção do
conteúdo que fará parte do ensino é uma decisão intencional de cada professor
já que a forma gestual e tons de voz também influenciam na opinião do docente.
Ou seja, o ato é intencional e a forma de apresentar ao aluno pode gerar um
paradigma.
Anastasiou (2003) in LARCHERT (p.66-69) apresenta quatro técnicas de
ensino que podem ser utilizadas para a concepção da aula. Nesta aula será
conhecida a primeira técnica, as aulas expositivas.

2.2.1 Aula Expositiva Dialogada

Os professores levam os alunos a questionarem, interpretarem e


discutirem o conteúdo a partir do reconhecimento e da identificação com a

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realidade e com conteúdos prévios. Deve propor a superação da passividade
intelectual dos alunos.
Quanto a Avaliação, conta a participação quando pergunta, questiona e
responde. Ao participar, o aluno deve apresentar a compreensão e a análise dos
conceitos do assunto. Além da forma oral, pode-se avaliar pela forma escrita:
resumo, entrega de questionário, de perguntas e/ou dúvidas, esquema etc.
Há ainda alguns equívocos nos procedimentos ao utilizar a técnica de
ensino:

 Superar o tradicionalismo, evitando o monólogo do professor.


 Não pode ser mecanismo de improvisação do professor. A aula expositiva
deve preceder de uma introdução, desenvolvimento e conclusão, mesmo
que sejam somente 50 minutos de aula.
 É preciso ter cuidado com a mecanização, como a aula expositiva, em
muitas escolas, é o único recurso de ensino que o professor dispõe, ela
acaba se tornando repetitiva e mecânica.

De acordo com Regattieri e Castro (2013, pg. 32) as aulas integram um


processo de transmissão de informação (predominantemente oral) de conteúdos
curriculares do professor para o aluno, do qual se espera um comportamento de
ouvinte atento e disciplinado. No entanto, uma organização curricular deve
adotar estratégias e ensino diversificas, que mobilizem menos a memória e mais
o raciocínio e outras competências cognitivas; potencializem a interação;
propiciem conhecimento coletivo.
Ou seja, como já foi apresentado anteriormente, a aula deve ser atrativa
para o aluno e estar de acordo com seu perfil. Imagine que abordará em sala de
aula os males do tabagismo. Além do conteúdo oral e do currículo oculto a
comunicação visual também é importante para a disseminação do
conhecimento. Imagine então três cenários visuais.

22
Fonte: Fonte: Fonte:
http://migre.me/sNhI8 http://migre.me/sNhTv http://migre.me/sNhXW

O primeiro não “fala” diretamente com nenhum público específico. O


segundo, está focando nos jovens e o terceiro em adultos. Com o material visual
correto tudo fica mais fácil e está de acordo com uma formação que visa a
compreensão da realidade.
O problema real (tabagismo) passa por um diálogo (professor, aluno,
comunidade), pelos saberes dos alunos (experiências), pesquisa (co-
participação do conhecimento). A atividade requer trabalho em equipe e
pesquisa.
Alguns temas possuem mais impacto que uma região do que em outra e
devem ser aproveitados no ensino integrado. Um exemplo é a Revolução
Farroupilha, no Rio Grande do Sul. O mesmo tema não terá tanto impacto no
Nordeste, por exemplo.

Resumo da Aula 02

Nesta aula se conheceu o que são paradigmas e como eles influenciam a


sociedade. Também abordou-se sobre a história do Jeca Tatu e do Chico Bento,
que são tratados como a representação do homem do campo, não sendo um
fato verdadeiro.
Também foi visto o primeiro dos quatro métodos de ensino, a aula
expositiva dialogada e a importância do uso da imagem em sala de aula.

Atividade de Aprendizagem
Como o trabalho do professor pode modificar o paradigma do
Jeca Tatu e do Chico Bento no ensino rural brasileiro?

23
AULA 3 – AVALIANDO

Apresentação da Aula 03

Nesta aula será abordado o processo de participação do aluno na


promoção do conhecimento coletivo, além dos processos avaliativos positivos e
negativos para o aprendiz e formas de preparar uma avaliação. Iniciará a aula
apresentando os outros três métodos de avaliação de ensino.

3. TIPOS DE ESTUDOS

Como visto na aula anterior, Anastasiou (2003) in LARCHERT (p. 66-69)


apresenta quatro técnicas de ensino que podem ser utilizadas para a concepção
da aula. Na aula anterior foi conhecida a aula expositiva dialogada, e nesta aula
serão conhecidas as outras três delas.

3.1 Estudo de Caso

É a exploração de ideias a partir do estudo crítico de um texto, busca de


informações e exploração em textos.
Quando se fala na avaliação, ela pode ser dividida em dois tipos:

• Produção oral – comentário ou exposição do aluno, apresentando a


análise e a síntese do que foi explorado/investigado no texto.
• Produção escrita – interpretação dos conteúdos fundamentais e
elaboração de novos argumentos/problemas/ideias. Criação de um novo
texto.

Ainda há alguns equívocos nos procedimentos ao utilizar esta técnica de


ensino:

• O estudo do texto deve ser acompanhado de um comportamento crítico e


dinâmico, evitando a leitura linear, estática e reprodutora.
24
• Não pode encerrar a técnica na própria leitura. Deve ser precedido da
escrita de uma redação ou de um novo texto (desenho, pintura, poesia,
grafismo etc.).

3.2 Discussão e Debate

Discussão e debates são organizações de reuniões onde todos devem


participar do debate de um tema ou problema determinado.
A avaliação também pode ser dividida em duas:

• Produção oral – a participação como debatedor e sintetizador.


• Produção escrita – síntese / resumo / relatório.

Os equívocos nos procedimentos ao utilizar essa técnica de ensino:

• Uma discussão ou um debate se realiza a partir do que se sabe. Não se


pode participar de um debate quando não se conhece o conteúdo da
discussão, deve-se ter cuidado com o “achismo”.
• É preciso que o objetivo do debate e da discussão seja o confronto de
ideia e não a agitação dos grupos, não se pode usar a técnica de modo
desordeiro em meio ao barulho e à gritaria.
• O debate e a discussão devem vir precedidos de muita participação e
respeitando um processo democrático.

3.3 Seminário

É o estudo em grupo menor sob a orientação do professor, onde diversos


temas são investigados e problemas são resolvidos, os resultados são
apresentados formalmente ao grupo maior para o debate, a discussão e a crítica.
A avaliação pode ser:

• Produção oral – a participação como debatedor e sintetizador.


• Produção escrita – síntese / resumo / relatório.

Equívocos nos procedimentos ao utilizar esta técnica de ensino:

25
 O seminário sempre é precedido de debate e discussão, não pode ser
uma apresentação em forma de monólogo, em que o aluno discorre sobre
um tema sem interrupções e sem questionamentos.
 O grupo deve apresentar um estudo integrado, não pode ser uma
apresentação dividida em partes fragmentadas e descontinuas.
 A temática apresentada deve ser resultado de uma profunda investigação
e das aprendizagens do grupo, não pode ser uma apresentação de
generalizações, nem leituras de textos já publicados.

Essas técnicas de ensino mostram que existem recursos e formas de


ensinar e todas tem um objetivo em comum, a avaliação do conhecimento que
não pode ser associada a uma nota de 0 a 10, e sim a avaliação do que o aluno
entendeu daquela explanação, de como o professor passou a mensagem e de
quanto o aluno absorveu. Ou seja, o professor precisa ter em mente que se o
aluno não assimilou o conteúdo ele deve mudar os meios e não aplicar uma nota
zero ao aluno e desistir daquela pessoa.

3.4 Outros Métodos de Avaliação

Avaliar é uma etapa muito importante no processo de


ensino/aprendizagem, mas não pode ser considerada um ato isolado, pois deve
integrar a metodologia de ensino e estar diretamente relacionada com os
objetivos e os conteúdos do planejamento da disciplina.
É importante a reflexão sobre o ensino do campo e os paradigmas já
apresentados na aula. Para ROSA e CAETANO (2008, p. 21) essa proposta
pedagógica identifica-se com inúmeras teorias, são elas:

 Pedagogia do oprimido (FREIRE, 1992), pois cabe aos próprios


participantes construírem o caminho que os leve a sua própria educação
e liberdade, que lhes servirá de base cultural em sua formação;
 Pedagogia do movimento, pois foi por meio de movimentos e lutas sociais
que surgiu a iniciativa de construir essa proposta educacional tão
necessária ao povo do campo;

26
 Pedagogia da terra (GADOTTI, 2000) compreende outra dimensão
educativa da proposta pedagógica da educação do campo, contemplando
a relação ser humano/terra; surge dessa combinação um subsídio que
deve ser utilizado na educação do povo que vive no campo, orientando-o
a desempenhar o papel não apenas de proprietário ou trabalhador, e sim
de preservacionista do seu meio.

Atividade
Pesquise sobre a pedagogia do oprimido, do movimento e da
terra para entender um pouco mais sobre o cenário do ensino
rural no Brasil.

As teorias são importantes tanto quanto a história do ensino. Conhecendo


ambas é possível mudar o cotidiano.
Por fim, o papel do professor é de suma importância para o resultado
satisfatório da interação entre teoria, prática e rompimento de paradigmas. Para
isso, é essencial que o professor compreenda em seu conteúdo didático a
realidade vivida pelo aluno e ela deverá ser reproduzida no dia a dia escolar. O
saber é produzido em conjunto.
O professor do campo deve ter em mente que o processo avaliativo deve
ser contínuo e de participação coletiva, visando sempre à promoção do
conhecimento de toda a comunidade da escola (professores, alunos e familiares)
por meio de histórias e vivências. Não se pode pensar nessa atividade como
uma mediação de conhecimento ou classificação dos educandos, por exemplo,
o aluno A é inteligente, mas o aluno B não é. Outro exemplo, o aluno A só tira
nota 10 já o B fica na média.
Também é importante a constante troca de conhecimento tanto no meio
social, cultural e político dos atores envolvidos na atividade. Esse processo não
é fácil e exige diálogo e conhecimento do público-alvo. Portanto, o professor
precisa conhecer seus alunos para que conquiste o envolvimento deles. Para
Machado, Campos e Paludo (2008, p. 70) é importante “aproveitar todos os

27
momentos e dados, não apenas provas, inclusive dados percebidos pelos
próprios educandos. O envolvimento dos mesmos no processo de avaliação, da
definição de critérios, possibilita que compreendam seu processo de
aprendizagem e até o que se espera deles”.

Desde pequenos eles podem e devem começar a participar das


atividades avaliativas, criando-se, assim, a cultura da avaliação
desvinculada da nota e de promoção/reprovação e articulada à idéia
de que todos são capazes de aprender" (Villas Boas, 2005. p. 32).

Segundo Luckesi (1999), a avaliação que acontece atualmente na escola


é a avaliação da culpa, cujas notas são usadas para fundamentar necessidades
de classificação dos educandos, em um contexto no qual são comparados
desempenhos e não objetivos que se deseja atingir.
Isso é resultado dos currículos escolares que focam na massificação,
numa hierarquia de séries e/ou idades e heterogênea no conhecimento.

Importante
Uma escola rural por sua concepção não é de massa, não é
heterogênea e muito menos dividida em séries e idades. O
ensino rural é para grupos pequenos composto por
camponeses, indígenas etc e ainda multisseriada. Portanto, por
que o ensino deve ser igual? Não deve! Nem a forma de avaliar!

Para Libâneo (1994) “a função da avaliação é contribuir para o avanço do


educando, analisando quanto, como e em que nível os objetivos estão sendo
atingidos. Para isso é necessário o uso de instrumentos e procedimentos de
avaliação adequados.
Esses procedimentos devem focar nos avanços e superação de
dificuldades de cada aluno, no ritmo dele. “Cabe ao professor desafiá-lo a
superar as dificuldades e continuar progredindo na construção dos
conhecimentos” (Luckesi, 1999, s/p).
Para que aconteça o progresso do conhecimento não se pode avaliar
somente o tangível (prova), mas também o intangível (esforços, superação de

28
dificuldades, relação, atitudes), ou seja, a avaliação ocorre de forma unilateral e
subjetiva.

3.5 Princípios da Educação

É importante destacar os Princípios da Educação do Campo, que,


segundo Ramos, constituem a Política Educacional do Campo:

I - O Princípio Pedagógico do papel da escola enquanto formadora


de sujeitos articulada a um projeto de emancipação humana, que
se refere a uma educação que deve contemplar os sujeitos que
possuem peculiaridades, as quais devem ser preservadas, sendo
incorporadas nos currículos escolares, com ênfase na emancipação
dos sujeitos do campo, visando à valorização das experiências de vida
e, ao mesmo tempo, ampliando os conhecimentos que se fazem
necessários na formação do sujeito.
II – O Princípio Pedagógico da valorização dos diferentes saberes
no processo educativo diz que cabe à escola resgatar a diversidade
cultural que cada educando traz consigo, valorizando esses saberes e
transformando-os em instrumentos capazes de contribuir no processo
educativo. A pesquisa surge como um importante aliado à educação
do campo, pois valoriza os saberes locais, ampliando-os.
III – O Princípio Pedagógico dos espaços e tempos de formação
dos sujeitos da aprendizagem coloca que o conhecimento se dá nos
diferentes espaços sociais, cabendo à escola sistematizar, analisar e
sintetizar as diferentes formas de saberes que surgem, ampliando-os
e relacionando-os com a sociedade em que os sujeitos estão inseridos.
IV – O Princípio Pedagógico do lugar da escola vinculada à
realidade dos sujeitos mostra que a escola deve ir ao encontro dos
sujeitos, valorizando suas experiências de vida e, paralelamente,
proporcionando-lhes momentos de reflexão e de análise, a fim de que
sejam capazes de selecionar seu modo de vida.
V – O Princípio Pedagógico da educação como estratégia para o
desenvolvimento sustentável tem como base a participação coletiva
da população do campo, nas gestões políticas e comunitárias,
considerando sua diversidade e buscando um desenvolvimento
humano amparado na construção de uma cidadania, que coloque o
sujeito do campo como protagonista principal do processo produtivo
socioeconômico, respeitando a sustentabilidade ambiental.
VI – O Princípio Pedagógico da autonomia e colaboração entre os
sujeitos do campo e o Sistema Nacional de Ensino atribui às
políticas públicas a missão de respeitar a heterogeneidade existente
nos povos do campo, formulando parâmetros diferenciados e
específicos para cada região, buscando atender suas necessidades
particulares. (RAMOS, 2005, s/p).

Portanto, antes do professor iniciar o processo avaliativo é necessário


pensar a educação das crianças, jovens e adultos do campo, sempre focando
no debate dos currículos e seu vínculo com a realidade do campo; pensar o
desenvolvimento da aprendizagem e do conhecimento e em como obter

29
condições concretas das práticas educativas. Ou seja, é necessário a avaliação
do processo de construção do conhecimento:

Avaliar continuamente o desenvolvimento dos estudantes é parte


importante desse trabalho de análise do processo pedagógico.
Diagnosticando as dificuldades e os avanços dos alunos, pode-se
melhorar a prática pedagógica. Avaliamos as crianças, portanto, em
diferentes momentos, com diferentes finalidades que articulam
aprendizagem e formação, sempre com finalidades relativas à criação
de condições propícias de aprendizagem (MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO, p. 38, 2012).

A avaliação contínua permite formar a relação necessária para que a


avaliação esteja a serviço das aprendizagens significativas, bem como da
quebra com a prática da mensuração e segregação do aluno.
Segundo Silva (2004, s/p), três pressupostos se erguem para tal ação:

a) Compreender os percursos de aprendizagens construídos pelos


estudantes, a fim de tirar o foco do produto da avaliação, direcionando‐o
para o processo das aprendizagens;
b) Obter informações concretas sobre fatores que divergem no processo
das aprendizagens, levando em conta elementos como a cultura, a
afetividade e o contexto social;
c) Crítica a padronização das práticas avaliativas negando sua eficácia.

Para o autor, os princípios norteadores da prática avaliativa são: a


negociação (abrange as mediações das interrelações no âmbito educativo); a
pertinência cognitivo‐epistemológica (trata da coerência epistêmica da
avaliação); o formativo (fornece os elementos necessários às tomadas de
decisão); o emancipador (aponta as possibilidades emancipatórias); e por fim, o
ético (evidencia o dever do avaliador em propor avaliações significativas).
O professor também deve ficar atento a que conteúdos e temas bem como
a didática da sala de aula obtiveram sucesso com a turma. Assim, é possível
organizar os materiais como registros de aulas, planejamentos, fichas de
atividades, que podem ser reutilizados em outra turma ou momento oportuno.
Com um bom arquivo o docente já possui conteúdo base para poder inovar e

30
criar novas possibilidades de ensinar e também aprender. “o importante hoje é
encontrar caminhos para medir a qualidade do aprendizado e oferecer
alternativas para uma evolução mais segura” (NOVA ESCOLA).
É importante saber que existem uma infinidade de formas, ferramentas e
elementos que colaboram na avaliação, mas todas elas devem estar voltadas a
avaliação formativa.

A avaliação formativa não tem como objetivo classificar ou selecionar.


Fundamenta-se nos processos de aprendizagem, em seus aspectos
cognitivos, afetivos e relacionais. Fundamenta-se em aprendizagens
significativas e funcionais que se aplicam em diversos contextos e se
atualizam o quanto for preciso para que se continue a aprender. Este
enfoque tem um princípio fundamental: deve-se avaliar o que se
ensina, encadeando a avaliação no mesmo processo de ensino-
aprendizagem. Somente neste contexto é possível falar em avaliação
inicial (avaliar para conhecer melhor o aluno e ensinar melhor) e
avaliação final (avaliar ao finalizar um determinado processo didático).
Se a avaliação contribuir para o desenvolvimento das capacidades dos
alunos, pode-se dizer que ela se converte em uma ferramenta
pedagógica, em um elemento que melhora a aprendizagem do aluno e
a qualidade do ensino (NOLAÇO, online, 2009).

Para NOLAÇO (2009) a finalidade da avaliação é conhecer melhor o


aluno: suas competências curriculares, seu estilo de aprendizagem, seus
interesses, suas técnicas de trabalho, o que poderia ser chamado de avaliação
inicial.
E para verificar a aprendizagem o professor recolhe informações;
adequa o processo de ensino aos alunos como grupo e àqueles que apresentam
dificuldades, tendo em vista os objetivos propostos; julga globalmente um
processo de ensino-aprendizagem: ao término de um determinado conteúdo, por
exemplo, se faz uma análise e reflexão sobre o sucesso alcançado em função
dos objetivos previstos e revê-los de acordo com os resultados apresentados.
Com base nessa afirmação, cada tema apresentado em aula deveria
seguir o seguinte roteiro:

a) Início: O professor deve investir o conhecimento prévio do aluno antes de


adentrar ao tema. Somente após essa descoberta que o professor poderá
organizar o material de ensino/aprendizagem. Por exemplo: uma professora
pede para todos os seus alunos desenharem uma casa e escreverem uma
carta aos alunos da outra turma explicando como ela é por dentro. Com isso,

31
o professor passa a ter conhecimento tanto da gramática do aluno quanto da
aprendizagem de formas geométricas, só para citar exemplos.
b) Após uma atividade: os alunos fazem registros sobre o que fizeram,
aprenderam (ou não) e perceberam durante a realização da atividade ou
bloco de atividades. Esses registros podem ser individuais, coletivos ou
feitos em grupos. Nesse momento é possível avaliar a didática do professor.
c) Ao término de um assunto: realizar um fechamento do conteúdo e solicitar
uma apresentação dos alunos como mecanismo para verificar os conceitos
que foram compreendidos ou equívocos que ainda permanecem e devem
ser sanados.

Resumo da Aula 03

Nesta aula percebeu-se como atitudes nocivas podem atrapalhar o


desempenho escolar de uma pessoa. A avaliação pela simples avaliação é
prejudicial e deve ser excluída dos bancos escolares. Percebe-se como o
processo de participação do aluno na promoção do conhecimento coletivo é mais
saudável e apresenta resultados em toda a cadeia de ensino. Também se
conhece os processos avaliativos positivos e negativos para o aprendiz e formas
de preparar uma avaliação que apresente o conhecimento do aluno e não uma
memorização momentânea do conteúdo.

Atividade de Aprendizagem
Discorra sobre os diferenciais da linha construtivista de ensino
para o trabalho do professor.

AULA 4 – PROVA

Apresentação da Aula 04

Nesta aula serão abordados os conceitos para entendimento sobre prova,


além de como aplicá-las.

32
4 A PROVA

A elaboração da avaliação pela prova deve ser muito bem realizada para
não gerar questionamentos dúbios que permitam inúmeras respostas. O
professor não pode produzir esse material focando na memorização do
conhecimento do aluno, pois o que é memorizado talvez não tenha sido
aprendido. “No processo de avaliação da aprendizagem, nesse contexto, há
perguntas que apelam apenas para uma memorização mecânica, sem
contextualização ou significado. Elas são aprendidas por força da repetição”
(NOLAÇO, 2009).
Um exemplo de questões onde é necessário a repetição do que o aluno
aprendeu, ou seja, a memorização: “Cite o nome de todas as capitanias
hereditárias e seus respectivos donatários”.
A sugestão é a elaboração do conteúdo com foco na linha construtivista
com base em (NOLAÇO, 2009), que aborda:
Contextualização: O aluno deveria buscar apoio no enunciado da
mesma. Elaborar um contexto não é apenas inventar uma história, ou mesmo
colocar um bom texto ligado ao assunto tratado na questão. É preciso que o
aluno tenha que buscar dados no texto e, a partir deles, responder à questão,
com as palavras do aluno.

Lembre-se: o que dá sentido ao texto é o contexto.

Parametrização: é a indicação clara e precisa dos critérios de correção.


Por exemplo, “Disserte sobre ditaduras e democracias” é uma questão sem
parâmetros para correção, enquanto “Escreva quatro substantivos próprios que
iniciam com vogal” é um exemplo de questão parametrizada. Nela o parâmetro
é escrever quatro substantivos.
Exploração da capacidade de leitura e de escrita do aluno: Uma
característica das provas na perspectiva construtivista é a aplicação de textos
que fazem com que o aluno tenha contato com a leitura, mesmo que seja curta,

33
para provocar uma resposta, também de forma escrita e com argumentação, que
leve o aluno a escrever, exercitando-se na lógica e na correção do texto.
Uso de questões operatórias e não apenas transcritórias: As questões
operatórias são aquelas que exigem do aluno operações mentais mais ou menos
complexas ao responder, pois estabelece relações significativas num universo
simbólico de informações. Já as questões transcritórias são aquelas onde a
resposta depende de uma simples transcrição de informações, muitas vezes
aprendidas através da memorização e normalmente sem muito significado para
o aluno em seu contexto do dia a dia.

Algumas dicas para chegar a esses resultados são:

 Ter definido as habilidades que deseja avaliar: Elaborar as questões de


forma que, através da resposta, o aluno demonstre a aquisição de
habilidades e não apenas “conceitos decorados”; ter clareza na questão;
verificar se o conteúdo cobrado é importante, relevante no contexto e
potencialmente significativo.
 Organizar as questões de forma a situar o pensamento do aluno: Separar
as questões que fazem parte do conhecimento escolar (relatar
informações), raciocínio e aplicação de habilidades no cotidiano,
procurando não sobrecarregar o aluno e buscar concepções prévias do
aluno, ligadas ao conteúdo explorado.
 Determinar com clareza e precisão o objetivo da questão e com isso
elaborar perguntas com os mesmos critérios (claras e precisas).
 Contextualizar a questão, colocando-a numa situação de possível
compreensão para o aluno.
 Elaborar as questões de forma que a prova seja, sobretudo, mais um
momento de estudo.
 Não colocar questões que desencadeiam uma sequência óbvia, porém
incorreta (generalizações).
 Quando a avaliação possuir texto, procure aqueles que têm sentido com
o tema que você escolheu para sua prova. Não pegue um texto qualquer,

34
veja o conteúdo, se está no nível de entendimento de seus alunos,
principalmente a linguagem, e observe também o tipo textual.
 A fonte padrão para as avaliações é: Times New Roman ou Arial, tamanho
12. Somente no caso de turmas de alfabetização use o tamanho 14 e
caixa alta.

Com essas dicas, descobre-se como é importante a avaliação do


estudante, feita pelo professor, ao longo do processo educativo. No entanto, os
alunos não devem ser os únicos a serem avaliados nesse contexto. Também a
própria escola, a ação docente e o sistema de ensino.
Outro fato importante é que a prova do aluno deve ser preparada da mesma
forma que o conteúdo o foi em sala de aula. Se uma turma trabalhou em duplas
nas aulas e explorou as possibilidades de respostas de forma colaborativa, por
exemplo, o mesmo método pode ser adotado no exame. “O principal problema
destacado por especialistas é a falta de conexão entre as provas e o dia a dia da
sala de aula” (RODRIGUES, 2010).
Assim, a avaliação deixa de ser uma fonte de tensão entre os alunos e
pode gerar o “efeito de halo”

Fonte: http://posgraduando.com/dicas-para-elaborar-uma-boa-avaliacao/

O efeito halo é a possibilidade de que a avaliação de um item, produto


ou indivíduo possa, sob um algum viés, interferir no julgamento sobre
outros importantes fatores, contaminando o resultado geral (Fundação
Carlos Chagas, s/d).

Ou seja, o medo do fracasso gera um trauma tão grande que o aluno


chega realmente ao fracasso, pois “trava” ou acontece o famoso “branco”.

35
Para Melhem (2002, p. 29), é importante levar em consideração algumas
falhas constantes que esses exames denunciam na prática cotidiana da sala de
aula, tais como stress dos alunos nas semanas de prova. A escolha aleatória
das questões cujo conteúdo pode não ser aquele que o aluno domina e/ou
lembra, o grande uso de "colas”, e principalmente, o uso exclusivo das
provas/exames sem a preocupação por parte do educador de acompanhar o
raciocínio do aprendiz, como ele constrói seu conhecimento e onde há falhas
nesse processo.

Fonte: https://pt.slideshare.net/edlauvasantos/instrumentos-e-critrios-de-avaliao8

Importante
A tensão emocional é gerada pela importância atribuída à
avaliação, que pode se tornar um processo traumático. Não
passar no exame ou tirar notas baixas remete ao fracasso, a
uma “inferioridade” oposta aos alunos de nota alta, exaltados
como exemplos.

Segundo Abreu & Masetto apud Melhem (2002, p. 29) as provas


discursivas, pela facilidade de elaboração por parte do professor, favorecem a
improvisação; entretanto, geralmente o retomo que o aluno obtém sobre o seu
desempenho é se cada resposta estava certa ou errada "perdendo-se a riqueza
de encaminhamentos sobre outros aspectos da aprendizagem".
A prova oral, segundo Abreu & Masetto pode servir para avaliar além dos
conhecimentos, as opiniões, os julgamentos, as habilidades de expressão oral,
e ainda a organização de ideias, as soluções criativas, entre outras. Mas possui
limitações, como o alto grau de subjetividade, a questão da simpatia entre

36
examinador e examinado e as próprias reações dos alunos, como bloqueios na
hora de responder.
Com as provas de múltipla escolha, privilegia-se uma resposta correta,
maniqueísta, em detrimento do confronto de ideias, explicação das hipóteses
levantadas, ampliação do conhecimento argumenta que as perguntas "objetivas"
são importantes componentes das provas, pois só elas conseguiriam cobrir a
extensão da matéria, enquanto as discursivas serviriam para verificar a
profundidade do conhecimento.
Outro modelo de avaliação é a Qualitativa: Esse modelo de avaliação
leva em consideração o domínio dos conceitos e solicita que o aluno apresente
dados e informações sobre o que é solicitado. Neste tipo de avaliação, ao invés
de solicitar a reprodução ou a definição de conceitos, o professor precisa
elaborar situações onde os conceitos possam ser aplicados. Aqui o professor
precisa ter em mente quais elementos e competências que devem ser avaliadas
e qual tipo de questão irá compor a avaliação, podendo ser: questões de
resposta estruturada, objetivas, associativas ou dissertativas.
As questões de resposta estruturada ou objetivas são aquelas,
geralmente, de múltipla escolha, compostos por uma pergunta ou frase
incompleta.
Já as questões associativas são aquelas que os alunos associam dois
termos dentro de um critério. A associação deve ser apresentada com clareza;
colunas com número diferente de itens para que a questão não seja respondida
por exclusão e estabelecer um número mínimo e máximo nos conjuntos. Nesse
tipo de questão é possível verificar se os estudantes absorveram grande
quantidade de informações, porém serve basicamente para medir a
memorização dessas informações.
Para Nunes "As práticas pedagógicas estão mais diversificadas. Contudo,
na hora de avaliar, os professores dão para o aluno uma folha com questões que
não têm nenhuma relação com as atividades que ele está habituado a fazer”.

4.1 As Regras

Como pôde ser observado, existem ferramentas de avaliação mas é


importante que se observe algumas regras fundamentais, como:

37
1- Selecionar os conteúdos para avaliar o que foi ensinado.
2- Construir uma matriz da avaliação para assegurar o equilíbrio entre os
conteúdos e objetivos.
3- Selecionar tipos de perguntas para diversificar os modos de perguntar e ter
em conta os diferentes níveis cognitivos.

 Claras – Não podem suscitar dúvidas sobre a informação que se quer obter.
 Significativas – Pergunta-se somente o que é relevante.
 Cognitivamente diferenciadas – Devem ser elaboradas para diferentes
níveis cognitivos.
 Representativas – Devem submeter-se integralmente aos assuntos
trabalhados.
 Não encadeadas entre si – Não devem depender da resposta dada à
pergunta anterior.

MELHEM (2002, p. 29) afirma que a avaliação teria que ser meio para,
contido no próprio processo, apoiar a aprendizagem. “Faz-se necessário
desmistificar a concepção da avaliação como prêmio e castigo, como a seleção
dos bons e dos ruins, como construção de uma hierarquia fixa entre alunos”.

38
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/ideias/noticia/2011/12/como-fazer-uma-prova-
nota-10.html

39
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/ideias/noticia/2011/12/como-fazer-uma-prova-
nota-10.html

Para Medel, (2017) a avaliação não é um processo apenas técnico, é um


procedimento que inclui opções, escolhas, ideologias, crenças, percepções,

40
posições políticas, vieses e representações, que informam os critérios através
dos quais será julgada uma realidade.

A avaliação do aproveitamento de alunos, por exemplo, pode basear-


se em critérios reduzidos, apenas à memorização de conteúdos, ou
pode basear-se em critérios que visem ao crescimento pessoal dos
alunos, no que diz respeito às suas atitudes, liderança, conscientização
crítica e cidadã. Esses critérios se originam de opiniões acerca do que
se entende por educação, e vão direcionar o julgamento de valor
acerca do desempenho daqueles alunos (MEDEL, 2017).

A avaliação deve ter foco no aluno, sendo que deve transformar a


realidade do aluno com novos recursos (novo planejamento, reforço, recursos).

São barreiras que dificultam a aprendizagem e para isso o indicado é


diversificar a avaliação, como trabalhos, apresentações, provas, portfólios.
Relacionamento do grupo, gestual, postura do aluno, apresentação do
conteúdo.
A prevalência é de aspectos qualitativos e não mais quantitativos.
Privilegiando os resultados de longo prazo sobre os de provas finais.
A avaliação é então formal e informal. A prova ou seminário é uma
avaliação formal, e já o comentário do aluno é informal.
Entre as funções da avaliação se tem a avaliação diagnóstica, que ocorre
no início do processo de ensino-aprendizagem como um guia para o professor
que descobrirá as necessidades e dificuldades do corpo discente.

41
Já a avaliação formativa tem como função, durante o processo de ensino,
a recuperação do processo que é flexível. O objetivo é reorientar tanto o
professor quanto o aluno.
A avaliação somativa tem função classificatória. Ela ocorre ao final do
processo e verifica o rendimento.

4.2 Como Apresentar os Resultados

Os resultados de um processo avaliativo devem ser divididos e analisados


entre todos:

 Ao aluno, que tem o direito de conhecer o próprio processo de


aprendizagem para se empenhar na superação das necessidades;
 Aos pais, corresponsáveis pela Educação dos filhos e por parte
significativa dos estímulos que eles recebem;
 Ao professor, que precisa constantemente avaliar a própria prática de sala
de aula;
 À equipe docente, que deve garantir continuidade e coerência no percurso
escolar de todos os estudantes.

Cipriano Luckesi (1999, s/p) diz que, "enquanto é avaliado, o educando


expõe sua capacidade de raciocinar". Cabe aos professores estimular essa
capacidade em todos os momentos possíveis, e assim, criar paradigmas
positivos bem como os efeitos na vida de cada cidadão-aluno.

Resumo da Aula 04

Nesta aula abordou-se o conteúdo, prova, e verificou-se os passos


importantes para a confecção da mesma. Inúmeras sugestões de avaliações
foram apresentadas ao longo da disciplina e cabe ao professor selecionar a que
melhor se adequa ao seu público-alvo. Lembrando, o professor deve conhecer
seus alunos, as necessidades e dificuldades deles para que assim consiga
disseminar o conteúdo da melhor forma possível.

42
Atividade de Aprendizagem
Discorras sobre a citação de Nunes: "As práticas pedagógicas
estão mais diversificadas. Contudo, na hora de avaliar, os
professores dão para o aluno uma folha com questões que não
têm nenhuma relação com as atividades que ele está habituado
a fazer”.

43
Resumo da Disciplina

A disciplina abordou o histórico do que é um ser social, as relações que


ocorrem na sociedade e a importância do trabalho na vida das pessoas. Também
foi verificado os conceitos do teórico Karl Marx e a Escola Unitária.
Na segunda aula verificou-se os paradigmas da Educação do Campo e
como eles influenciam na sociedade, assim como histórias do Jeca Tatu e do
Chico Bento, personagens os quais são considerados como “do campo”, além
do primeiro dos quatro métodos de ensino que podem ser utilizados neste tipo
de educação, a aula expositiva dialogada.
Na aula três foram vistos os outros três métodos que são utilizados para
a Educação do Campo, o estudo de caso, discussão e debate e o seminário,
assim como os princípios da educação.
Na última aula abordou-se o conteúdo, prova e quais são os passos para
a elaboração, aplicação e devolutiva das mesmas.

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