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Redação
Ensino Fundamental, 8° Ano
O gênero crônica
Crônica: definição
O nascimento da crônica
“Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer:
Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do
lenço, bufando como um touro ou simplesmente sacudindo a
sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos,
fazem-se algumas conjeturas acerca do Sol e da Lua, outras sobre a
febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e la glace est
rompue*, está começada a crônica. [...]”
Machado de Assis. Crônicas Escolhidas. São Paulo: Editora Ática, 1994. Disponível em:
http://www.releituras.com/machadodeassis_nascimento.asp . Acesso em 07/07/2012.
*Expressão em língua francesa significando que “quebrou-se o gelo”, a barreira está rompida, superou-se a dificuldade.
LÍNGUA PORTUGUESA, 8º Ano do Ensino Fundamental
Elementos Constituintes do Esquema Narrativo da Crônica
FATO PERSONAGENS
REFLEXÃO NARRADOR
TEMPO DESFECHO
ESPAÇO
LÍNGUA PORTUGUESA, 8º Ano do Ensino Fundamental
Elementos Constituintes do Esquema Narrativo da Crônica
O FATO
O cronista é o escritor do cotidiano. Ele busca nos fatos e
na observação do dia a dia a inspiração para sua produção.
O ônibus
O ônibus é um automóvel que ou a gente pega ele ou ele pega a gente.
Se a gente está dentro dele, é muito engraçado ver como ele vai passando
bem justo nos buracos que ficam entre um carro e outro, mas agora, se a
gente está na rua, dá sempre a impressão de que ele vem em cima da gente,
e, às vezes, vem mesmo.
Como ônibus dá muita trombada, eu acho que as fábricas já fazem eles
velhos, pois eu nunca vi nenhum novo.
Os carros grã-finos parecem que têm muito medo dos ônibus assim
como os meninos grã-finos têm medo de brincar com os moleques pra não
se sujar, e vão logo se afastando. Eu acho que o ônibus é o animal feroz das
cidades. FERNANDES, Millôr. Compozissõis Imfãtis. Rio de Janeiro; Editora Nórdica, 1975. Disponível em:
http://paginasclandestinas.blogspot.com.br/2011/01/questao-de-estilo-3.html
LÍNGUA PORTUGUESA, 9º Ano do Ensino Fundamental
Elementos Constituintes do Esquema Narrativo da Crônica
O FATO
A REFLEXÃO
A REFLEXÃO
O cronista pode optar por uma abordagem mais
reflexiva, descritiva ou argumentativa. No geral, ele narra
uma história a partir da qual o leitor poderá fazer uma ou
mais reflexões.
Mendigo
Eu estava diante de uma banca de jornais na Avenida, quando a mão
do mendigo se estendeu. Dei-lhe uma nota tão suja e tão amassada quanto
ele. Guardou-a no bolso, agradeceu com um seco obrigado e começou a ler
as manchetes dos vespertinos. Depois me disse:
- Não acredito um pingo em jornalistas. São muito mentirosos. Mas tá
certo: mentem para ganhar a vida. O importante é o homem ganhar a vida,
o resto é besteira. FONTE: CAMPOS, Paulo Medes. Para gostar de ler. Vol. 2. São Paulo 1978. (Fragmento)
LÍNGUA PORTUGUESA, 8º Ano do Ensino Fundamental
Elementos Constituintes do Esquema Narrativo da Crônica
O TEMPO
O próprio termo ‘crônica’ faz referência ao tempo,
dada a sua importância na construção desse gênero. O
cronista faz uso do tempo cronológico ou mesmo
psicológico, atribuindo temporalidade à narrativa, a fim
de aproximá-la da vida do leitor e da época deste.
Imagem: Jorge Barrios / Public Domain
LÍNGUA PORTUGUESA, 8º Ano do Ensino Fundamental
Elementos Constituintes do Esquema Narrativo da Crônica
O TEMPO
O ESPAÇO
O espaço na crônica reflete a vida do homem moderno.
Os grandes centros urbanos, apartamentos, quartos de
hotel, parques, etc.
O ESPAÇO
PERSONAGENS
São seres fictícios criados pelo autor para
vivenciarem os fatos. Na crônica, são comuns as
personagens inspiradas em tipos comuns: operários,
donas de casa, políticos, etc.
PERSONAGENS
Em muitas crônicas, o próprio autor assume o papel
de personagem da narrativa, assumindo a posição de
narrador/personagem, deixando a crônica com ares de
experiência pessoal.
Mendigo
Eu estava diante de uma banca de jornais na Avenida, quando a mão
do mendigo se estendeu. Dei-lhe uma nota tão suja e tão amassada quanto
ele. Guardou-a no bolso, agradeceu com um seco obrigado e começou a ler
as manchetes dos vespertinos. Depois me disse:
- Não acredito um pingo em jornalistas. São muito mentirosos. Mas tá
certo: mentem para ganhar a vida. O importante é o homem ganhar a vida, o
resto é besteira. [...]
FONTE: CAMPOS, Paulo Medes. Para gostar de ler. Vol. 2. São Paulo 1978. (Fragmento)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Mendes_Campos
LÍNGUA PORTUGUESA, 8º Ano do Ensino Fundamental
Elementos Constituintes do Esquema Narrativo da Crônica
O NARRADOR
Aparição
Ainda não deixei de pasmar-me com o que vi. Era sábado, por volta de
onze horas, íamos de automóvel pela praia de Copacabana, rodando
devagar. Além do Controlador Mercantil, dono do carro, estava comigo o
professor-assistente de Técnica de Orçamento.
A manhã era perfeita entre as mais perfeitas que o Senhor reservou
para Copacabana. Manhã dessas em que me vem sempre a vontade de ser
abastado sitiante em Ribeirão Preto ou Alegrete e de estar no Rio para umas
férias em um dos hotéis envidraçados da avenida Atlântica. [...]
FONTE: CAMPOS, Paulo Mendes. Balé do pato e outras crônicas. São Paulo: Ática, 2002. (Para Gostar de Ler, 24.) (Fragmento.)
LÍNGUA PORTUGUESA, 8º Ano do Ensino Fundamental
Elementos Constituintes do Esquema Narrativo da Crônica
O NARRADOR
[...] Fora preso por engano. Várias vezes. Recebia intimações para
pagar dívidas que não fazia. Até tivera uma breve, louca alegria, quando
ouvira o médico dizer:
- O senhor está desenganado.
Mas também era um engano do médico. Não era tão grave assim. Uma
simples apendicite. [...]
Fonte: VERÌSSIMO, Luiz Fernando . Seleção de Crônicas do livro Comédias da vida privada. Porto Alegre: L&PM, 1996. p77-8.
(Fragmento)
LÍNGUA PORTUGUESA, 8º Ano do Ensino Fundamental
Elementos Constituintes do Esquema Narrativo da Crônica
O DESFECHO
Visto que, na
O DESFECHO
Quando não apresenta uma “solução” para o conflito, o
cronista deixa o texto em aberto para que o leitor crie suas
próprias conclusões ou imagine o desfecho que quiser.
Lixo e vida
Moacyr Scliar
Não é lixo, disse ela. É a minha vida que estava ali, naqueles sacos
plásticos. Aquelas bugigangas, aquelas coisas antigas, aqueles objetos
pitorescos, aquelas roupas velhas, aqueles antigos recortes de jornal... Eu. A
minha existência.
Ele assentiu em silêncio. Sabia o que ela estava querendo dizer. E sabia
que, daí em diante, viria visitá-la seguidamente. No lixo, tinha encontrado uma
alma irmã.
Moacyr Scliar. Folha de S.Paulo,10.01.11. Disponível em:
http://www.academia.org.br/abl_e4w/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?from_info_index=31&infoid=11156&sid=774 Acesso em 09/07/2012.
Você percebeu como o autor aproveitou fatos do cotidiano para construir a crônica?
Pesquise, em jornais, notícias que você julga que podem gerar boas crônicas.
Que tal produzir uma crônica a partir da notícia que lhe chamou mais a atenção?
Verificação da Aprendizagem:
1) Dê continuidade a crônica a seguir, preservando as características
do gênero, não esqueça de intitular a história.