Você está na página 1de 12

Inês de Castro e D.

Pedro
Romance com D. Pedro

Inês de Castro chegou a Portugal em 1340, integrada como aia no séquito de Constança Manuel,
filha de João Manuel de Castela, um poderoso nobre descendente da Casa real Castelhana, que
iria casar com o príncipe Pedro, herdeiro do trono português.

O príncipe apaixonou-se por Inês pouco tempo depois, esquecendo a mulher legítima, Constança,
e pondo em perigo as fracas relações com Castela.
Eu era moça, menina, Começou-m’a desejar
por nome Dona Inês trabalhou por me servir;
de Castro, e de tal Fortuna foi ordenar
doutrina dous corações conformar
e virtudes, qu’era dina a uma vontade vir.
de meu mal ser ao revés. Conheceu-me, conheci-o,
Vivia sem me lembrar quis-me bem e eu a ele,
que paixão podia dar perdeu-me, também perdi-
nem dá-la ninguém a o;
nunca té morte foi frio
mim:
o bem que, triste, pus nele.
foi-m’o príncipe olhar,
por seu nojo e minha
fim.

Garcia Resende “ Estes


Homens d´onde irão”
Sendo o romance ilegítimo vivido às claras, o rei Afonso IV (que havia promulgado leis contra
este tipo de situações) manda exilar Inês no Castelo de Albuquerque, na fronteira espanhola,
em 1344.

Em Outubro do ano seguinte, Constança morreu ao dar à luz o futuro Fernando I de Portugal,
deixando Pedro viúvo e um homem livre. Inês volta do exílio e os dois foram viver juntos para
longe da corte, tendo tido quatro filhos: Afonso (morto em criança), João, Dinis e Beatriz.

Afonso IV tentou por diversas vezes organizar um terceiro casamento para o seu filho, com
princesa de sangue real, mas Pedro recusou tomar outra mulher que não Inês.
Assassinato de Inês

O rei Afonso IV decidiu então que a melhor solução seria eliminar Inês.

Depois de alguns anos no Norte, Pedro e Inês haviam regressado a Coimbra e tinham-se instalado
no Paço de Santa Clara.

A 7 de Janeiro de 1355, o rei cedeu às pressões dos seus conselheiros e, aproveitando a ausência
de Pedro numa excursão de caça, enviou Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves e Diogo Lopes
Pacheco para executar Inês.

Os três se dirigiram ao Mosteiro de Santa Clara em Coimbra, onde Inês se encontrava, e


degolaram-na.
Da triste, bela Inês, inda os clamores
Andas, Eco chorosa, repetindo;
Inda aos piedosos Céus andas pedindo
Justiça contra os ímpios matadores;

Ouvem-se inda na Fonte dos Amores


De quando em quando as náiades
carpindo;
E o Mondego, no caso reflectindo,
Rompe irado a barreira, alaga as flores.

Bocage “A lamentável catástrofe de


D. Inês de Castro”
Rainha Póstuma

D. Pedro tornou-se o oitavo rei de Portugal em 1357. Em Junho de 1360, faz a famosa declaração
de Cantanhede, legitimando os filhos ao afirmar que se havia casado secretamente com Inês,
em 1354.

O novo rei perseguiu os assassinos de Inês, que tinham fugido para Castela.

Pedro mandou construir dois esplêndidos túmulos para que pudessem estar juntos também depois
de mortos - os túmulos de D. Pedro I e de Inês de Castro - no mosteiro de Alcobaça.

No Canto III d'Os Lusíadas, Camões faz referência à tragédia da linda Inês que "mísera e
mesquinha, que depois de ser morta foi rainha"
Tu, só tu puro Amor, com força crua,
Que os corações humanos tanto obriga
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano
Tuas aras banhar em sangue humano

A malfadada Inês na sepultura.


D. Inês na Literatura

O tema deste trágico amor continua, claramente, a apaixonar gentes de todos


os tempos:

A primeira aparição dos amores de D. Inês na literatura dá-se com as Trovas à Morte de Inês
de Castro, de Garcia de Resende, no Cancioneiro Geral de 1516;

Mas é com Os Lusíadas, de Camões, que se constitui o mais influente fundo lírico do episódio
de D. Inês de Castro, a "linda Inês", tal como surge no Canto III;

Bocage dedicou-lhe uma cantata.


Túmulos de Pedro e Inês

Quinta das Lágrimas

Fonte dos amores


Q
U
I
N
T
A

D
A
S

L
Á
G
R
I
M
A
S

Você também pode gostar