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O FEMININO EM INÊS DE CASTRO: A REPRESENTAÇÃO DA

MULHER EM TROVAS À MORTE DE D. INÊS DE CASTRO, A CASTRO


E CANTO III D’OS LUSÍADAS
RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo descrever o


feminino de Inês de Castro e como ele está
ilustrado nas obras de Garcia Resende, António
Ferreira e Luís de Camões, além de compreender as
diferenças entre a Inês de Castro personagem e a
histórica.
QUEM FOI D. INÊS DE CASTRO?

•Nobre galega nascida, provavelmente, em 1320, em


Monforte de Lemos, Província de Lugo, na Galícia;

•Filha de D. Pedro Fernadez de Castro da Galícia,


mordomo-mor do rei Afonso XI de Castela, e de
Aldonza Soares de Valadares, uma dama portuguesa;

•Inês foi dama de honor de D. Constança Manuel,


esposa primeira de D. Pedro I;
QUEM FOI D. INÊS DE CASTRO?

•Por questões políticas, Inês foi exilada em 1344 pelo


rei Afonso IV no castelo de Albuquerque, na fronteira
com o reino de Castela;

•Em 1345, com o falecimento de D. Constança após


um parto, D. Pedro I ordena que Inês retorne do
exílio e ambos foram viver juntos em sua casa;

•O retorno causou indignação por parte da corte e do


povo e, após sucessivas investidas, o rei Afonso se
convence e ordena o assassinato, por degolação, de
Inês de Castro;
QUEM FOI D. INÊS DE CASTRO?

•A corte e o rei acreditavam que os irmãos Castro,


Fernando e Álvaro, estavam planejando o assassinato
de D. Fernando, herdeiro de D. Pedro I, para que,
assim, o trono português passasse para os filhos de
Inês com o infante de Afonso IV.
•Por conta de tantas polêmicas envolverem esse
relacionamento, no dia 7 de janeiro de 1355, Pêro
Coelho, Álvaro Gonçalves e Diogo Lopes Pacheco
executaram Inês em Santa Clara a mando do rei.

•Pai e infante passaram meses a fio em atrito, até


que D. Beatriz de Castela, a rainha, intercedeu pela
paz entre ambos, finalizando o conflito em agosto de
1355.
DE MULHER HISTÓRICA À PERSONA MÍTICA

•O amor trágico entre D. Pedro I e Inês de Castro deu


origem a diversas histórias que permearam o
imaginário do povo a ponto de serem imortalizadas
através de textos literários.

•D. Inês deixa de ser somente uma figura histórica e


passa a ser ficcionalizada quando é incluída à
literatura.

•O episódio da coroação de D. Pedro junto com D. Inês de Castro


é uma dentre outras histórias que envolvem a trajetória da nobre
galega, onde, como foi narrado, D. Pedro I teria ordenado que o
corpo de Inês fosse transferido para o túmulo de Alcobaça, mas,
antes disso, seu corpo fosse vestido com trajes reais e colocado no
trono para ser coroado e cortejado pelos súditos.
DE MULHER HISTÓRICA À PERSONA MÍTICA

•Sabe-se mais sobre a Inês de Castro mítica que a


personagem histórica;

•Segundo SOUSA (1987, p. 11): A personalidade de Inês é-nos


totalmente desconhecida. (...) De facto,Inês de Castro é uma figura
que só chegou até nós em atitudes passivas: foi trazida no séquito
de uma princesa, foi exilada por um rei, mandada regressar por
um príncipe e por ele aposentada.

•Não há um único documento coexistente declarando que Inês tenha sido


coroada postumamente. Outro fato que, de acordo com CRISTÓFANO (2012,
p. 464),também não corrobora com a narrativa da rainha póstuma é o fato
de que o cadáver de Inês não teria sido mumificado, a morte por degolação
não permitiria que seu corpo se assentasse ao trono e o nível de putrefação
estaria muito elevado, visto que D. Pedro I assumiu o reinado anos após seu
assassinato.
DE MULHER HISTÓRICA À PERSONA MÍTICA

•A personagem de Inês de Castro se faz presente


em diversas obras.

•Dentre elas, CRÓNICA DE D. PEDRO de Fernão Lopes, A


CASTRO de António Ferreira, TROVAS À MORTE DE D.
INÊS DE CASTRO de Garcia de Resende, CANTO III D’OS
LUSÍADAS de Camões e, também, o romance histórico INÊS
DE PORTUGAL (1997) de João Aguiar.

•Cada obra retrata Inês de uma forma distinta e


singular, dando ênfase a determinados aspectos do
feminino e ocultando outros. A seguir, veremos um
pouco da Inês retratada nas três obras já citadas.
INÊS DE CASTRO EM A CASTRO

• A obra é composta por quatro atos;


• Memoração;
• Mito;
• Lilith X Inês.
INÊS DE CASTRO NAS TROVAS DE GARCIA DE RESENDE

Submissão;
Fragilidade;
Mãe, amante, injustiçada;
Retrato feminino - Eva;
"Simbolicamente, Eva representa, antes do pecado e
junto com Adão, a incorruptibilidade; após o pecado,
ela é a tentação dele. (...)" (JESUS, 2009).
INÊS DE CASTRO NO CANTO III D’OS LUSÍADAS

•Assim como nas Trovas de Garcia de Resende, o


narrador do Canto III dá voz à personagem;
•A Inês representada tem a chance de clamar ao
rei por misericórdia;
•Camões nos ilustra uma Inês que evoca para si o
arquétipo da servilidade, da passividade, da
obediência, da donzela indefesa;
•Inês incorpora a faceta feminina da Virgem Maria. Ao
reconhecer que deve morrer, a personagem se coloca
como um cordeiro, alusão à própria cristandade;
•Inês é comparada à Policena, personagem feminina da
mitologia grega que também foi sacrificada devido a
interesses alheios aos seus.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

•A literatura inesiana é rica em aspectos míticos


e traz consigo enorme relevância tanto para os
estudos de cunho literário, quanto para outras
áreas, como os Estudos de Gênero, que lidam
também com as diferentes representações
femininas (sejam elas míticas ou históricas), a
Análise do Discurso, a Psicanálise, os Estudos
Interarte, etc.

•Inês de Castro se imortaliza e chega até nós, em


ploeno séc. XXI, através da memória, do
inconsciente coletivo e da residualidade.
REFERÊNCIAS
•BRITO, Terezinha Maria de. A (re)invenção de Inês de Castro no imaginário nordestino. 95 p. Dissertação
(Pós-graduação em Letras) - Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2006.

•COSTA, José Carlos da; ALVES, Lourdes Kaminski. Representações da memória na literatura e na cultura.
Revista Investigações, v.23, n.1, p. 187-210, 2010.

•CRISTÓFANO, Sirlene. O amor trágico entre D. Pedro e Inês de Castro: O diálogo entre a literatura
portuguesa e a história do povo lusitano. História e Perspectivas, Uberlândia (46): 461-482, jan./jun. 2012.

•DELILLE, M. M. Gouveia. Ficção e História: O episódio de Inês de Castro num romance português e num
drama alemão contemporâneo. Porto: Actas do Colóquio Internacional Lit. e História, 2004, p. 197.

•FREITAS, Rossemberg da Silva; NASCIMENTO, C. M. B. A face de Lilith em Inês de Castro. Revista


Decifrar (ISSN 2318-2229) Vol. 03, no 05 (Jan/Jun-2015).

•JESUS, E. Z. de. O Possível Entrelaçar do Eterno Mito Feminino: Eva e Lilith em Pandora. Anagrama, [S.
l.], v. 3, n. 2, p. 1-14, 2009. DOI: 10.11606/issn.1982-1689.anagrama.2009.35418. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/anagrama/article/view/35418.

•LIMA, Rahissa Oliveira de; ARRUDA, Larissa de Souza. Inês de Castro: exercício de memória e de ficção.
Medievalis, v.10, n. 2, p. 77-88, 2021.

•MASSAUD, Moisés. A literatura portuguesa através dos textos. 2ª. edição. São Paulo: Cultrix.

•SOUSA, M. L. Inês de Castro: um tema português na Europa. p. 11.

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