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Ciências Humanas e suas Tecnologias – Geografia

Ensino Médio, TEORIAS DEMOGRÁFICAS


GEOGRAFIA, 1º ano
Teorias demográficas

Festa para o número 7 bilhões


Países de todo o mundo comemoram ontem (31.10.11), com cerimônias, a
marca simbólica do bebê número 7 bilhões na população mundial, como
confirmado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em pelo menos
quatro países do mundo, Filipinas, Índia, Turquia e Rússia, foram escolhidos
recém-nascidos “simbólicos” para lembrar essa marca da humanidade. Nas
Filipinas, nasceu Danica May Camacho em meio a festas e fotografia.
O médico Eric Tayag, médico do Departamento de Saúde das Filipinas, disse
que o nascimento deveria servir como um alerta. “Nós deveríamos nos
preocupar de verdade com questões como se existirão alimentos, água limpa,
moradia digna, educação e uma vida decente para cada criança”, alertou. “Se
a resposta for não, seria melhor que as pessoas buscassem uma maneira de
reduzir essa explosão populacional”, acrescentou.

Jornal do Commercio. Pernambuco, 1º nov. 2011. Internacional – p -12.


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PROJEÇÃO DA ONU
A ONU projeta que a população mundial chegará a 8 bilhões em 2025 e 10
bilhões até 2083.

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O CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO:

Imagem : Sindermann, Junger / Bundesarchiv, Bild


•1804: a população mundial atingiu o

183-K0302-0033-001 / CC-BY-SA / Creative


seu primeiro bilhão de habitantes;
•1927: 2 bilhões;
•1959: 3 bilhões;
•1974: 4 bilhões;
•1987: 5 bilhões;
•1998: 6 bilhões;
• 2011: 7 bilhões.
A menina Filipina Danica com a mãe Camille Galura
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FASES DO CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO

Para entendermos melhor como se processam o crescimento e a


estabilização do crescimento demográfico, fato que os especialistas chamam
de transição demográfica, é importante analisarmos as fases do crescimento
demográfico.
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1ª FASE OU FASE DO CRESCIMENTO LENTO

Essa fase vai desde os primórdios da humanidade até o


final do século XVIII, cujas características são
•alta natalidade e
•alta mortalidade,

ocasionando baixo índice de crescimento demográfico.


Nessa época, a expectativa ou esperança de vida era baixa.
Acredita-se que, na Grécia e na Roma Antigas, a média de
vida era de apenas 25 anos.
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2ª FASE OU FASE DO CRESCIMENTO RÁPIDO


Caracterizada pelas
•elevadas taxas de natalidade e
•baixas taxas de mortalidade.

Nessa fase, ocorre grande crescimento da população e hoje a


maioria dos países subdesenvolvidos encontra-se nela.
Os países desenvolvidos industrializados da Europa ocidental,
os chamados “desenvolvidos velhos”, foram os primeiros a
atingir essa fase, principalmente no século XIX, ao passo que
nos países “desenvolvidos novos” (Estados Unidos, Canadá,
Rússia, Japão) ela ocorreu na primeira metade do século XX e,
nos países subdesenvolvidos, a partir da segunda metade do
século XX (1).
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3ª FASE OU FASE DO BAIXÍSSIMO CRESCIMENTO OU ESTAGNAÇÃO

Caracterizada pelas
•baixas taxas de natalidade e
•baixas taxas de mortalidade,
resultando em baixíssimo crescimento e até
mesmo em estagnação do crescimento
populacional. A transição demográfica aqui se
encontra concluída. Hoje estão nessa fase os
países desenvolvidos, a maior parte deles com
taxas de crescimento muito baixas (geralmente
inferiores a 1%), nulas e até negativas.
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O CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO NOS PAÍSES


DESENVOLVIDOS

Nos países desenvolvidos, tem ocorrido uma


transformação na estrutura familiar. A taxa de
fecundidade é baixa, permanecendo em torno de
1,5 filho por mulher. Muitos países apresentam
taxas inferiores a 2,1 filhos por mulher, mantendo
assim estabilizado o tamanho de sua população (2).
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FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A


DIMINUIÇÃO DA TAXA DE FECUNDIDADE

• Urbanização (exigências da vida urbana);


• Aumento da escolarização (que pode levar maior acesso a
métodos de planejamento familiar);
• Incorporação das mulheres no mercado de trabalho
(acúmulo de trabalho dentro e fora do lar) (3).
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Por volta de 1750, a Grã-Bretanha, pioneira na


Revolução Industrial, tinha pouco mais de 5 milhões
de habitantes. Desde então, o processo de
crescimento populacional foi rápido. Em 1840,
atingiria mais de 10 milhões de habitantes. Meio
século depois, passava a marca dos 20 milhões. Essa
tendência generalizou-se nos demais países
europeus que acompanharam a primeira fase da
Revolução Industrial. Com base na observação da
etapa inicial desse processo, surgiu a mais polêmica
teoria sobre o crescimento populacional, a Teoria
Malthusiana.
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TEORIA MALTHUSIANA

A Teoria Malthusiana foi publicada na Inglaterra, em 1798, pelo economista e


sacerdote anglicano Thomas Robert Malthus (1766-1834), que estava
preocupado com os problemas enfrentados por seu país durante a Revolução
Industrial (êxodo rural, desemprego, aumento populacional etc.). Malthus
expôs sua famosa teoria na obra Um ensaio sobre o princípio da população,
na qual atribuía toda a culpa caótica da situação social de então ao excessivo

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crescimento dos pobres (4).

Thomas Robert Malthus


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FUNDAMENTAÇÃO DA TEORIA MALTHUSIANA

A Teoria Malthusiana se fundamenta na relação


entre crescimento populacional e meios de
subsistência, apoiada nas seguintes premissas:
1º. caso não seja detida por obstáculos (guerras,
epidemias etc.), a população tende a crescer
segundo uma progressão geométrica,
duplicando a cada 25 anos;
2º. os meios de subsistência, na melhor das
hipóteses, só podem aumentar segundo uma
progressão aritmética (5);
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O QUE MALTHUS PROPUNHA?

A erradicação da pobreza e da fome por meio do controle da


natalidade e outras medidas, como casamentos tardios, número de
filhos compatível com os recursos dos pais etc. A Teoria de Malthus é
caracterizada como antinatalista e conservadora (6).
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CRÍTICAS À TEORIA DE MALTHUS


• O crescimento geométrico da população previsto por Malthus não ocorreu;
•A produção de alimentos ultrapassou os 3% e a média do crescimento
populacional anual, nos últimos vinte anos, ficou em torno de 2%;
•A Europa e as demais áreas desenvolvidas do mundo mostraram que o
desenvolvimento econômico, reformas de bem-estar social são fórmulas
para deter o crescimento populacional (7);
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CRÍTICAS À TEORIA DE MALTHUS


•A emancipação progressiva da mulher (certamente não prevista por
Malthus) tem sido decisiva no controle da natalidade (a mulher passou a
decidir o número de filhos que quer ter);
•A maior parte das terras agrícolas dos países subdesenvolvidos (grandes
propriedades rurais) é utilizada para culturas de exportação, nem sempre
atendendo às necessidades alimentares das populações locais;
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CRÍTICAS À TEORIA DE MALTHUS

•O desenvolvimento científico e tecnológico ocorrido no campo da


agropecuária e da genética tornou possível produzir alimentos
suficientes para suprir as necessidades de toda a humanidade (8).
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TEORIA NEOMALTHUSIANA

A explosão demográfica do período pós-Segunda Guerra Mundial


ressuscitou as ideias de Malthus. Conhecidos como neomalthusianos
ou alarmistas, os adeptos dessa teoria assumiram novas posturas e a
aprimoraram (9).
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O QUE DEFENDIAM OS NEOMALTHUSIANOS?

• Atribuíam a culpa pela situação de miséria dos


países subdesenvolvidos ao acelerado crescimento
populacional;
• Concordavam que a agricultura era capaz de
produzir alimentos suficientes para todos;
• Defendiam programas rígidos e oficiais de controle
da natalidade, em geral rotulados de planejamento
familiar, como o emprego de diversos métodos, as
pílulas anticoncepcionais, a ligadura de trompas, o
DIU (dispositivo intrauterino), o aborto e a
vasectomia (10).
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TEORIA REFORMISTA OU MARXISTA

Os reformistas, que defendem teorias demográficas marxistas, ao


contrário dos neomalthusianos, consideram a própria miséria como
sendo a responsável pelo acelerado crescimento da população (11).
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O QUE DEFENDEM OS REFORMISTAS?

•A necessidade de reformas socioeconômicas que permitam a


elevação do padrão de vida;
•Melhoria da distribuição de renda e de alimentos;
•Aumento da escolaridade, que resultaria num planejamento familiar
e na diminuição da natalidade e do crescimento vegetativo (12).
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TEORIA ECOMALTHUSIANA

No contexto da Teoria Neomalthusiana, surge a Teoria


Ecomalthusiana, que utiliza uma argumentação de cunho ecológico
ou ambiental, ressaltando o quanto o crescimento populacional
pressiona o ambiente natural.
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O QUE DEFENDEM OS ECOMALTHUSIANOS?


•O grande crescimento populacional intensifica a
utilização dos recursos naturais para garantir o
abastecimento da população, provocando grandes
problemas ambientais;
• O controle populacional nos países pobres,
localizados em sua maioria na zona intertropical,
justifica-se pela necessidade de preservar a riquíssima
biodiversidade dos ecossistemas tropicais, pois,
segundo eles, o crescimento nesses países “sufoca” o
ambiente natural.
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CONTRADIÇÃO DA TEORIA ECOMALTHUSIANA

Vale lembrar que os grandes devastadores das florestas tropicais e de muitos


outros ecossistemas foram os países ricos, ao longo do processo de
colonização na Ásia, África e América Latina.
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RESUMO
• Teoria Malthusiana: POPULAÇÃO X ALIMENTOS;

• Teoria Neomalthusiana: POPULAÇÃO X DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO;


• Teoria Reformista: POPULAÇÃO X DISTRIBUIÇÃO DE RENDA;

• Teoria Ecomalthusiana: POPULAÇÃO X RECURSOS NATURAIS.

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EXERCÍCIOS

1. (Cesgranrio) Segundo dados do Jornal do Brasil (24/01/93 p.14), a mulher brasileira


tem hoje, em média, 3 filhos contra 4,35 nos anos 80, e 6,28 na década de 60. A
redução da taxa de natalidade verificada no Brasil está relacionada à(ao)
a) participação crescente da mulher no mercado de trabalho, inviabilizando o
tradicional instituto do casamento.
b) mudança da população, que deixou, em cerca de 30 anos, de ser rural, passando a
majoritariamente urbana.
c) sucesso de políticas de controle da natalidade, impostas pelos governos militares no
final dos anos 60.
d) processo de envelhecimento rápido da estrutura demográfica, motivada pela
elevação da expectativa de vida da população.
e) legalização do aborto e da laqueadura de trompas, derivadas do novo texto da
Constituição de 1988.
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 2. (UFPE – 2002) Leia atentamente o texto a seguir.


“A população, sem limitações, aumenta em proporção geométrica. Os meios de
subsistência aumentam em proporção aritmética. Um pequeno conhecimento dos números
mostrará a imensidade do primeiro poder em comparação com o segundo. Pela lei de nossa
natureza que torna o alimento necessário à vida do homem, os efeitos dessas forças
desiguais devem ser mantidos em pé de igualdade”.
 
O texto acima refere-se a uma concepção
 
A) neoliberal.
B) neomarxista.
C) possibilista .
D) marxista-leninista.
E) malthusiana.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COELHO, M. A. Geografia geral. O espaço natural e


socioeconômico. São Paulo: Moderna, 2001.
LUCCI, E. A; BRANCO, A. L; M. C. Território e sociedade no mundo
globalizado. São Paulo: Saraiva, 2010.
Jornal do Commercio. Pernambuco, 1º nov. 2011. Internacional – p -
12.
Tabela de Imagens

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3 Sindermann, Junger / Bundesarchiv, Bild 183- http://commons.wikimedia.org/wiki/ 13/02/2012
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11 Muriel Gottrop / United States Public Domain http://commons.wikimedia.org/wiki/ 13/02/2012
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