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Levantamento Utilitário

do Meio Físico
e
Classificação da
Aptidão
Agrícola das Terras

Professor Elvio Giasson

Apresentação baseada no livro:


Schneider, P., E. Giasson, E. Klamt e N. Kämpf. 2007.  
Classificação da aptidão de uso agrícola das terras: um sistema alternativo.
PLANEJAMENTO
• Planejamento exige disponibilidade de informações

• As informações tem que ser interpretadas e analisadas

• Isso pode ser feito através da avaliação do potencial de uso das


terras

• classificação da aptidão de uso agrícola das terras

• baseada na interpretação das características das terras e agrupa as


diferentes glebas em classes de aptidão de uso agrícola.

• Para cada classe de aptidão agrícola indica-se o tipo de uso mais


adequado, assim como as práticas de manejo e conservação do solo
necessárias para a manutenção ou elevação da produtividade
agrícola, sem causar degradação do solo e do ambiente.
Sistemas de classificação
da aptidão agrícola das terras

• Sistema de Classificação da Capacidade de Uso das Terras (Klingebiel


e Montgomery, 1961), também conhecido como “sistema
americano”.
• Classes: I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII

• Sistema de Avaliação da Aptidão Agrícola das Terras, ou “sistema


brasileiro” (Ramalho Filho e Beek,1995).
• Exemplo de classes: 1ABC, 2Abc, 5p e 6

• Outros sistemas nacionais em diversos países

• Elaboração de quadros-guia para planejamento local (Schneider et


al., 2003 e outros autores)
Metodologia para avaliação da aptidão de uso
agrícola das terras (Schneider et al., 2003)
1a ETAPA

Percorrimento preliminar da área para identificação dos diferentes padrões


fisiográficos da área e locação de transeções representativas destes padrões
 
sobre a base cartográfica
2a ETAPA

- identificação e locação de pontos de observação


-descrição das características da terra: solos, relevo, drenagem, pedregosidade,
degradação, complexidade do terreno, riscos de inundação, etc.
3a ETAPA

Tabulação dos dados obtidos a campo


 

4a ETAPA

Montagem do QUADRO-GUIA baseado em informações sobre resultados de


pesquisa, discussão com outros técnicos que atuam na região e experiência
dos agricultores  

5a ETAPA

Identificação e mapeamento das classes e subclasses de aptidão de uso com


auxílio do QUADRO-GUIA
1a etapa: Reconhecimento dos diferentes padrões
fisiográficos que ocorrem na área
• Identificação dos diferentes tipos e unidades de paisagem que ocorrem
na área, como superfícies com diferentes:
• classes de relevo e posições na paisagem (topos e encostas de morros,
várzeas, terraços aluviais, etc.)

• áreas com diferenças relativas à drenagem, pedregosidade, degradação,


complexidade, etc. Isto é feito através de fotointerpretação e/ou
percorrimento preliminar da área.

• Definição de uma ou mais transecções para serem percorridas


sistematicamente a campo
• As transecções devem cobrir a maior variação possível de características
fisiográficas (declividade, tipos de solos, pedregosidade, drenagem, etc.),

• A identificação e locação destas topossequências pode ser feita facilmente


sobre as fotografias aéreas por observação estereoscópica.
Transecção e pontos de observação locados sobre o mapa
topográfico de uma propriedade rural
2a etapa: Identificação e avaliação das características
das terras que ocorrem nos diferentes padrões
fisiográficos
• Percorrimento sistemático das topossequências para identificação de variações nas características
fisiográficas.

• Estabelecimento de pontos de observação

• Tradagem e coleta de amostras até a profundidade de 1,20 metros ou até atingir o horizonte C ou R
do solo.
• Estas amostras são dispostas na superfície do terreno na mesma seqüência e espessura em que se
encontram no perfil do solo, descrevendo-se:
          Seqüência de horizontes
          Espessura de horizontes
          Cor dos horizontes
          Textura dos horizontes
          Consistência dos horizontes

       risco de inundação


       declividade
       Drenagem
       Deficiência de água
       Caráter vértico
       grau de degradação e erosão

 
PROJETO: PONTO DE OBSERVAÇÃO NO:_____
CLASSE DE SOLO:______________________UNIDADE DE MAPEAMENTO:_____________
DESCRIÇÃO DO PERFIL DO SOLO
HORIZONTES ESPESSURA COR TEXTURA CONSISTÊNCIA

LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DE OBSERVAÇÃO


CARACT. DE SOLOS E DO MEIO FÍSICO
NA TOPOSSEQUÊNCIA
DECLIVIDADE
PROFUNDIDADE EFETIVA
TEXTURA
DRENAGEM
PEDREGOSIDADE
GRAU DE DEGRADAÇÃO
COMPLEXIDADE DO TERRENO
RISCOS DE INUNDAÇÃO
CARÁTER VÉRTICO
DEFICIÊNCIA DE ÁGUA
OBSERVAÇÕES:

PROJETO: PONTO DE OBSERVAÇÃO


O
N :_____
CLASSE DE SOLO:______________________UNIDADE DE MAPEAMENTO:____________
DESCRIÇÃO DO PERFIL DO SOLO
HORIZONTES ESPESSURA COR TEXTURA CONSISTÊNCIA
3a etapa: Organização dos dados de campo
Exemplo de tabulação de dados referentes a características da terra obtidos a campo no percorrimento
da transecção indicada na Figura 3.
PONTO DECLIVE TEXTURA DRENAGEM DEGRADAÇÃO RISCOS INUND.
SOLO
Nº % Classe A/B Classe Grau Classe Grau Classe Grau Classe
1 NV 2 d1 arg/arg t1 BOA h1 NÃO - NÃO -
2 NV 8 d2 arg/arg t1 BOA h1 NÃO - NÃO -
3 NV 12 d3 arg/arg t1 BOA h1 NÃO - NÃO -
4 NV 9 d2 arg/arg t1 BOA h1 NÃO - NÃO -
5 NV 8 d2 arg/arg t1 BOA h1 NÃO - NÃO -
6 NV 12 d3 arg/arg t1 BOA h1 DEG. e NÃO -
7 PT 4 d1 ar/arg t2 MOD. h2 NÃO - NÃO -
8 PV 8 d2 ar/arg t2 BOA h1 NÃO - NÃO -
9 PV 3 d1 ar/arg t2 BOA h1 NÃO - NÃO -
10 PV 6 d2 ar/arg t2 BOA h1 NÃO - NÃO -
11 PV 13 d3 ar/arg t2 BOA h1 DEG. e NÃO -
12 PV 8 d2 ar/arg t2 BOA h1 NÃO - NÃO -
13 PL 2 d1 ar/arg t2 MAL h3 NÃO - INUND i
14 HAQ 1 d1 ar/ar t3 MAL h3 NÃO - INUND i
15 NV 11 d3 arg/arg t1 BOA h1 NÃO - NÃO -
OBSERVAÇÃO: Profundidade do solo, pedregosidade, déficit hídrico, complexidade do terreno e caráter vértico não variam e não
representam limitações nesta área.
•As características observadas são classificadas em classes

. Classes de profundidade efetiva do solo utilizadas para a caracterização das terras.


CL ASSES DE PROFUNDI DADE EFETI VA
PROFUNDIDADE DA CAMADA DE
SÍMBOLO DESIGNAÇÃO
IMPEDIMENTO
p1 Profundo > 150cm
p2 Moderadamente profundo 80 - 150cm
p3 Pouco profundo 30 - 80cm
p4 Raso < 40cm

. Classes de profundidade efetiva do solo utilizadas para a caracterização das terras.


CLASSES DE PROFUNDI DADE EFETI VA
PROFUNDIDADE DA CAMADA DE
SÍMBOLO DESIGNAÇÃO
IMPEDIMENTO
p1 Profundo > 150cm
p2 Moderadamente profundo 80 - 150cm
p3 Pouco profundo 30 - 80cm
p4 Raso < 40cm
4a etapa: Elaboração do quadro-guia

• Deve-se organizar as classes de cada característica de forma


a obter todas as combinações possíveis.
• Por exemplo, se tivermos duas classes da característica x(x1,
x2) e três classes da característica y(y1, y2, y3), a combinação
de todas as classes das características x e y originarão seis
conjuntos de classes ou combinações possíveis, quais sejam:
x1y1, x1y2, x1y3, x2y1, x2y2, x2y3.

Combinação das características limitantes: “x” e “y”.


CLASSES DA CARACTERÍSTICA CLASSES DA CARACTERÍSTICA - X
-Y x1 x2
y1 x1y1 x2y1
y2 x1y2 x2y2
y3 x1y3 x2y3
Quadro-guia:

Declividade
0 a 5% 5 a 10% 10 a 20%
ausência
Pedregosidade

média
Redução do potencial de
uso para sistemas mais
intensivos
alta
Aptidão de uso do solo:

Declividade
0 a 5% 5 a 10% 10 a 20%
ausência
Pedregosidade

média

alta
PROFUNDIDADE EFETIVA (cm)
PROFUNDO > 100 POUCO PROFUNDO 100-50 RASO < 50
FASES DRENAGEM
DE BOA MOD. BOA MOD. BOA
DECLIVIDA
PERCENTAGEM DE ARGILA NO HORIZONTE-A (%)
DE
> 35 < 35 <35 <35 <35 <35 <35
(%)
PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE GRADIENTE TEXTURAL
S/GR S/GR C/GR C/GR S/GR C/GR S/GR S/GR
SO (3-8)
O (8-15)
FO (15-30)
FO1 (30-45)
M+ (>45)

OBSERVAÇÕES:
Fases de declividade: SO= suave ondulado; O=ondulado; FO=forte ondulado
FO1=forte ondulado 1 e Mt=igual ou mais que montanhoso.
Drenagem : MOD = moderada.
ARG-A % = porcentagem de argila no horizonte A.
S/GR=solos sem gradiente textural acentuado; (B/A < 1,7).
C/GR=solos com gradiente textural acentuado; (B/A > 1,7).
PROFUNDIDADE EFETIVA (cm)
PROFUNDO > 100 POUCO PROFUNDO 100-50 RASO < 50
FASES DRENAGEM
DE BOA MOD. BOA MOD. BOA
DECLIVIDA
PERCENTAGEM DE ARGILA NO HORIZONTE-A (%)
DE
> 35 < 35 <35 <35 <35 <35 <35
(%)
PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE GRADIENTE TEXTURAL
S/GR S/GR C/GR C/GR S/GR C/GR S/GR S/GR
SO (3-8) C2 C3 C4 C5 P13
O (8-15) C3 C6 C8 C9 C10 P14 P15
FO (15-30) C7 F/S18 F/S18 F/S19 F/S19 P16 P17
FO1 (30-45) S20 S20 S21 R
M+ (>45) R R
Princípios para a estruturação do quadro-guia:

•colocar as melhores classes de cada característica


próximas ao canto superior esquerdo e as piores
próximas ao canto superior direito e ao canto inferior
esquerdo.

•os quadros-guia devem ser simples e de fácil


utilização a campo.

•podem ocorrer situações em que a área para a


qual está sendo estabelecido um quadro-guia é
muito variada quanto às feições fisiográficas
existentes, o que normalmente resulta em um
grande número de limitações distintas ao uso
agrícola.

•neste caso, a área pode ser estratificada em


grupos de terras com feições marcantes comuns
• Não incluir no quadro características que são homogêneas em
toda a área.

• Embora devam ser representadas todas as combinações possíveis


de limitações, algumas podem ser eliminadas se for constatado
que efetivamente não ocorrem na área ou se representarem
combinações absurdas (ex.: alta declividade e má drenagem).

• O quadro-guia não é inalterável, podendo ser ajustado na medida


em que forem observadas respostas inadequadas da terra à
práticas de manejo e ao uso recomendados.

• O quadro-guia somente é válido para a região fisiográfica,


município, microbacia hidrográfica ou propriedade que serviu de
base para a sua elaboração.
5a etapa: Mapeamento da aptidão de uso agrícola
das terras

• Percorrer criteriosamente toda a área que está sendo


avaliada e mapear as áreas homogêneas quanto às
características limitantes indicadas no quadro-guia e indicar a
classe e a subclasse de aptidão de uso.

•A simbologia utilizada para identificar os diferentes


delineamentos de aptidão de uso no mapa deve ser composta
pelos símbolos das classes e subclasses de aptidão de uso e
das classes das características da terra, constantes no
quadro-guia.

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