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Pensando como um negro.

Ensaio de Hermêneutica Jurídica.


Discentes:
Amanda Victor Valadão Almeida de Carvalho
Franciele Menacho de Melo
Matheus Luã
Lucas Neves .

Docente: Rita de Cassia Pessoa Nocetti.


Período: 3º/ Matutino.
O Jurista que pensa como um negro e a
Mitologia Liberal

Capítulo IV:
Pode um jurista que pensa como um negro interpretar o
direito de forma objetiva?
• 5.1 Como pensa um jurista branco?
• A aplicação das normas adquire legitimidade porque elas foram produzidas por um
processo que implica o consentimento anterior das pessoas que estão submetidas às
normas que regulam suas vidas. O formalismo surge então como expressão da atuação
racional do intérprete e também como uma expressão de justiça. No Estado liberal, esse
preceito ocorre quando os operadores do Direito atuam de acordo com procedimentos
que guardam relação lógica entre eles. A questão procedimental assume precedência
sobre o aspecto substantivo: a simples aplicação da norma a casos concretos indica que
as partes de um caso estão sendo tratadas de forma correta
• O jurista branco é um formalista que procura chegar a resultados legítimos por meio da
aplicação mecânica das normas a casos concretos. Ele acredita que seu papel como
intérprete reside na função de atender aos interesses das partes por meio da aplicação
racional das normas jurídicas, normas que são legítimas porque a produção delas
obedeceu a uma série de requisitos, o que torna o emprego da regra ao caso concreto a
principal função do jurista. Ele procura identificar aqueles elementos que indicam a
hipótese de incidência da norma, o que permite então uma atuação marcada pela
neutralidade e objetividade, sinal de que a justiça pode ser alcançada no caso em questão.
Essa lógica formalista ainda tem outra dimensão importante: o ato de interpretação não
permite variações do sentido das palavras presentes na norma jurídica porque isso
impede que o jurista atue de acordo com as pressuposições lógicas do sistema jurídico.
5.2.O jurista branco e o processo de reificação do
mundo.
5.3 O mito da neutralidade e da objetividade
• A interpretação da norma não se resume a uma submissão, por que dessa forma se cria
uma constância alienação das pessoas. O autor comenta que o indagava qual era a
posição, todos neutros. O jurista branco raciocina a partir dodesses juristas
individualismo, sendo todas as pessoas igualmente situadas, todos presos em uma
sociedade que permite ação autônoma de todos os indivíduos, ocorrem exceções,
raramente. Aplicação de forma racional às normas.
• O nosso senso comum nunca será o mesmo que o do outro, por isso não tem como
interpretar a situação de uma forma racional à norma, porque o sujeito humano deve ser
compreendido a partir das diferentes formas de inserção social na qual ele se encontra,
o que o interfere na moldagem subjetividade do indivíduo. Ele tenta procurar
identificar e eliminar por meio da sua atuação aqueles elementos da normatividade
social que permitem a preservação de atos responsáveis pela exclusão.

 
• Por isso a igualdade de status da interpretação de normas jurídicas não é possível,
porque ela permite apreender uma forma de consciência jurídica construída em um
indivíduo que procura interpretar os pressupostos no qual ele se encontra e não por
meio de narrativas que não encontram mais sentido dentro da atual filosofia
constitucional.
• Mas um jurista que pensa como um negro, além de rejeitar o formalismo primitivo ,
reconhece que os fenomenos sociais possuem sentidos para os agente que estão sempre
interpretando as situaçoes nas quais estão imerso. As posições defendidas pelos juristas
brancos, não contribuem de forma adequada para construção de uma hermenêutica
social capaz de promover transformação social.
• O jurista adota o realismo constitucional sociológico, a procura de
eliminar a marginalização da minoria, a promover a transformação da
igualdade material , o que de fato influencia no ser autônomo.
• A interpretação adequada do mundo depende da situação hermenêutica
do sujeito que se põe a conhecer, além de seguir uma racionalidade de
forma da ciência natural, pois os fenômenos sociais seguem uma lógica
distinta dos fenômenos naturais.
• Muitos autores se baseiam, a começar a prestar atenção de uma forma
sociológica, a significância que determina a forma como a realidade é
apreendida pelo intérprete.
Casos concretos.

• Decisão da 1ª Vara Criminal de Curitiba, cita a raça do réu,


condenado a 14 anos e 2 meses por organização criminosa
e furto. Neste trecho da sentença proferida em junho, a
magistrada justificava o cálculo da pena (dosimetria, no
jargão do Direito), ato que leva em consideração a
conduta social de quem está recebendo a punição. Ela
escreveu que:
OAB 1.340.000
Pardo 170.000

Negro 41.000
No Estado de São Paulo, por exemplo, 40% da população é negra, segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na USP, porém, só 3,8%
dos professores se declaram negros. Essa universidade não tem equidade
racial, segundo os critérios da reportagem.
Já a Universidade do Estado do Amapá (Ueap) possui equidade racial segundo
esse critério. Dentre os docentes, 90% são negros, enquanto a população do
Estado tem 81% de pretos e pardos.
As universidades públicas têm ainda menos docentes negros do que as
particulares. Nenhuma das federais possui equidade racial, conforme o critério
adotado pela reportagem. A que mais se aproxima da equidade é a
Universidade Federal Rural da Amazônia, com 79,4% da quantidade esperada
de professores negros.
Na docência, a chance é reeducar o olhar. "Ver que o professor é negro tem
papel pedagógico importantíssimo." Na sala de aula, ele discute relações
raciais com alunos de diversas áreas - da Medicina à Arquitetura. Também diz
ter olhar atento a questões sociais e raciais na hora de recrutar alunos para
projetos. Mas entende que as mudanças não podem ser papel só dos
professores. "Nenhuma política anda se não tiver o gestor também atento.
Não há pressão suficiente sem que as instituições estejam abertas.“
https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/11/4964642-menos-de-3-
dos-professores-universitarios-do-brasil-sao-negros.html
Cargos anteriores: Presidente do Brasil (1909–1910),
Vice-presidente do Brasil (1906–1909)

Mandato presidencial: 14 de junho de 1909 – 15 de


novembro de 1910
Formação: Faculdade de Direito do Recife (1887),
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FD
USP)

7.º Presidente do Brasil


5.º Vice-presidente do Brasil

Já foi Presidente,Vice-Presidente,Senador
e Deputado Federal do brasil e casou-se
com ANA DE SOUZA de uma família
aristocrata

Nilo Peçanha foi o primeiro presidente de descendência negra do Brasil, assumindo o cargo
com a morte do presidente Afonso Pena. Apesar de sua tez escura, escondeu suas origens
africanas. Alguns pesquisadores afirmam que suas fotografias presidenciais eram retocadas
para branquear sua pele escura, exatamente para se encaixar no padrão de branqueamento
imposto para fazer parte da alta sociedade.
Pedro Augusto Hermenegildo Rodrigues de Barros, o
Carneiro Lessa, o segundo negro ministro do STF, Joaquim Barbosa, relator do histórico
primeiro juiz julgamento do Mensalão, é o primeiro
afrodescendente a presidente negro do STF.
ocupar lugar no STF

Resumindo: em 192 anos de STF, criado no dia 9 de janeiro de 1829, apenas três juízes negros
integraram o Poder Judiciário – um dos pilares da nossa Democracia. Apenas três juízes em um
país com a segunda maior população negra do mundo depois da Nigéria, marcado pela
desigualdade e pelo abismo social e racial.
Obrigada!

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