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Monitoramento dos Efluentes

Gasosos e Poeiras – Parte I

Disciplina: MONITI
Prof. Dr. Ariane Andreola
(ariane.andreola@udesc.br)
1. Introdução

1.1 Visão Geral

Camada Gás Ozônio


O3 – protege a Terra
das radiações

90% do ar
10-12 Km de espessura
Fenômenos de poluição do ar
Introdução

1.2 Problemática da poluição do ar

 Os problemas de poluição do ar não são recentes – modelo econômico baseado


no crescimento a qualquer preço;

 Indústrias se instalaram desprovidas dos sistemas de controle de poluentes e/ou


em áreas inadequadas a dispersão – altos índices de poluição;

 Grandes episódios de poluição no mundo começaram a ocorrer:

 Londres 1952 – inversão térmica – indústrias e queima de carvão


 México 1950 – gás sulfídrico - refinaria de petróleo

 Brasil – regulamentações surgem com a Portaria no 231 de 27/04/1976


(Ministério do Interior) – padrões de qualidade do ar para alguns poluentes;

 Atualmente Resolução do CONAMA no 03 de 28/06/1990 – parâmetros e


padrões para emissão e as técnicas analíticas adotadas para cada critério.
2. Definições Importantes

 Poluição do ar: existência de uma ou mais substâncias químicas em


concentrações suficientes para causar danos aos seres humanos, animais,
vegetais ou materiais, sendo que essas concentrações dependem: condições
meteorológicas, topografia do terreno, densidade populacional e nível e tipo das
atividades industriais locais.

 Poeiras: partículas sólidas produzidas por trituração, manipulação, impacto


rápido, explosão e/ou desintegração de substâncias inorgânicas ou orgânicas.
Ex.: Poeira de sílica, asbesto.

 Fumos: partículas sólidas que sofrem condensação ou sublimação de gases,


após volatilização de metais fundidos. Ex.: Fumos metálicos
Definições Importantes

 Névoas: gotículas liquidas em suspensão. Ex.: Névoas de tinta e óleo.


 Vapor: forma gasosa de substâncias que em CNTP, se apresentam em estado
liquido ou sólido. Ex.: Vapor de água
 Gases: fluidos que se solidificam ou liquefazem pela ação combinada de
aumento de pressão e diminuição da temperatura. Ex.: CO2, O3
 Aerossóis: partículas em suspensão dispersas no ar, em forma sólida (material
particulado – MP) ou liquida.
3. Principais Poluentes Atmosféricos
3.1 Conceito

Poluentes atmosféricos - é qualquer forma de matéria ou energia com


intensidade, qualidade, concentração, tempo ou características em desacordo
com os níveis estabelecidos e que tornem ou possam tornar o ar:

 Impróprio, nocivo ou ofensivo a saúde;


 Inconveniente ao bem estar público;
 Danoso aos materiais, á fauna, á flora;
 Prejudicial a segurança, ao uso e gozo da propriedade e as atividades normais
da comunidade.

• São os indicadores da qualidade do ar;


• Maior frequência de ocorrência;
• Causam efeitos adversos ao meio ambiente.
Principais Poluentes Atmosféricos

3.2 Classificação dos poluentes atmosféricos

I. Quanto a origem

 Primários: são emitidos diretamente da fonte para o ar. Ex. SO2, NO, COV
(compostos orgânicos voláteis) , CO, MP (poeiras).

 Secundários: formados a partir de reações químicas. Ex. H2SO4, NO2, PAN


(peroxiacil nitrato), H2O2, O3

II. Quanto ao estado físico

 Gases e vapores: gases permanentes (COx, SOx, etc.) ou forma transitória de


vapor (vapores orgânicos).

 Partículas em suspensão: partículas sólidas ou liquidas emitidas por fontes


de poluição do ar ou formadas na atm. Ex.: poeiras, fumos, fumaças e névoas.
Principais Poluentes Atmosféricos

III. Quanto ao estado químico

 Compostos orgânicos: hidrocarbonetos, aldeídos e cetonas.

 Compostos inorgânicos: H2S, NH3, HF, etc.

3.3 Fontes de emissão

Fontes estacionárias/fixas/especificas: ocupam área limitada – industrias.

Fontes móveis: meios de transporte terrestre, marítimos e aéreos (gasolina,


álcool, gás natural, óleo diesel).

Fontes naturais: emissões vulcânicas, incêndios florestais, etc.

Fontes área: atividades que individualmente emitem pequenas quantidades – em


grupo são significativas. Ex.: queimadas na agricultura, florestas, etc.
Principais Poluentes Atmosféricos
Principais Poluentes Atmosféricos
Principais Poluentes Atmosféricos

3.4 Escalas de poluição do ar

Micro: restringe-se ao interior das instalações (poluição indoor ) Ex.: poeira, infiltração
de ar externo, tintas de copiadoras, o ato de fumar, etc.

Local: fonte e o receptor estão próximos (no campo de visão um do outro). Ex.: intenso
tráfego de veículos (fonte), onde os pedestres, os ocupantes dos veículos e dos prédios
adjacentes são os receptores.
Principais Poluentes Atmosféricos

Urbana: ocorre nos centros urbanos, incluindo a zona suburbana, atingindo o


interior.

Global: transporte de poluentes em torno do globo terrestre. Ex.: Efeito


estufa, destruição da camada de ozônio e chuva ácida.
4. Comportamento da Pluma de Poluição
Controlar o processo poluidor,
os padrões de emissão, Calcular a trajetória do poluente
eficiência dos equipamento, na atmosfera, estudar a
avaliar a formação de poluente formação e degradação,
no processo, testar a determinar a exposição e a
consequência causada pela deposição na fauna e flora,
mudança de um processo, etc. gerar relatórios sobre a
qualidade do ar, etc.
Comportamento da Pluma de Poluição

4.1 Comportamento da pluma de poluição (ao sair da chaminé)

Ao ser emitida – movimento ascensional - ditada por parâmetros do


efluente, dimensões das chaminés e parâmetros meteorológicos.
Após – adquire movimento transversal - difusão e transporte da pluma.

Pluma ideal

• Partículas de maior peso caem sobre o solo;


• Partículas mais finas continuam a subir até perder
energia e cair sobre o solo;
• Restando partículas com comportamento como os
gases que se adaptam ao processo de dispersão.
Comportamento da Pluma de Poluição • Ventos fracos
• Ocorrem em dias de céu claro (limpo)
com -poucas
Transporte e dispersão nuvens
Tipos de e muita insolação
plumas
(típicos de verão)
I. Serpenteante (looping) • Durante o dia
• Aumento da concentração de poluentes
perto do solo em locais próximos da
fonte.
Comportamento da Pluma de Poluição

II. Cônico (conning)

• Ventos fortes
• Ocorrem em dias de céu nublado
• Durante o dia/noite
• Aumento da concentração de poluentes
perto do solo em locais distantes da
fonte.
Comportamento da Pluma de Poluição

III. Tubular (fanning) • Ventos fracos


• Ocorrem com céu claro (limpo) com
poucas nuvens
• Durante o noite
• Dispersão lenta, valores altos de
concentração no interior da pluma;
Comportamento da Pluma de Poluição • Ventos fracos
• Ocorrem em dias de céu claro (limpo)
IV. Fumegante (fumigation) com poucas nuvens e muita insolação
(típicos de verão)
• Primeiras horas da manhã –
INVERSÃO TÉRMICA
• Elevados teores de poluentes ao nível
do solo (perfil perigoso);
Comportamento da Pluma de Poluição
• Ocorrem com céu claro (limpo)
V. Antifumegante (lofting) Durante o entardecer – Acima da
INVERSÃO TÉRMICA
• Melhor caso de dispersão da pluma
(chaminés – 200m);
Comportamento da Pluma de Poluição
• Ventos fracos
• Pluma retida entre duas camadas de
VI. Trapping inversão térmica
• Pouca dispersão dos poluentes

Condições para Dispersão dos Poluentes Atmosféricos

Favorável Desfavorável
Chaminé alta Topografia acidentada
Topografia plana Concentração de fontes
Ausência de inversão térmica Concentração de edificações
Ventos Presença de inversão térmica
Comportamento da Pluma de Poluição
Comportamento da Pluma de Poluição

4.3 Fatores que influenciam o comportamento da pluma


I. Fatores Meteorológicos

Temperatura Precipitação Vento

Inversão térmica Possui a função de remover os


poluentes presentes no ar,
proporcionalmente à freqüência
e intensidade das chuvas. Direção e velocidade (diluição) -
análise do transporte e da
capacidade de dispersão em uma
determinada região.
Comportamento da Pluma de Poluição

Inversão térmica

As inversões térmica ocorrem,


por dois mecanismos:

Radiação: no inverno, em dias


frios e sem nuvens; durante o
dia, o aquecimento solar pode
resultar em temperaturas mais
elevadas perto do solo e
durante a noite a superfície do
solo resfria-se rapidamente,
mas as camadas mais altas de
ar (100m) permanecem
quentes.

Subsidência: ocorre em locais


de grandes altitudes e deve-se a
correntes de ar descendentes.
Comportamento da Pluma de Poluição

Precipitação e Ventos
Comportamento da Pluma de Poluição

Processo adiabático: velocidade de ascensão das


partículas na atmosfera.

Lei de Charles: gases em condições de


pressões constantes, a temperatura é
inversamente proporcional a densidade.

Estabilidade/subadiabático: as partículas
sobem, encontram ar frio, se expandem
aumentado a densidade e voltam ao local
original.

Instabilidade/superadiabático: as partículas
sobem, encontram ar quente, não se expandem
ficam com a densidade baixa e continuam a
subir até encontrar uma condição de equilíbrio
neutro.
Comportamento da Pluma de Poluição
Comportamento da Pluma de Poluição
Comportamento da Pluma de Poluição

II. Fatores Topográficos

Características do terreno

 Podem ser naturais (vales, colinas)


ou artificiais (casas, edifícios);
ambas tem influência na circulação
do ar.
Comportamento da Pluma de Poluição

Dia - aquecimento do ar nas encostas


e se cria uma corrente que sobe o vale.
Dispersão facilitada.

Noite - o ar frio desce a montanha e se


acumula no fundo do vale.
Rugosidade
 As irregularidades do terreno influenciam
o grau de dispersão dos poluentes -
turbulência
Comportamento da Pluma de Poluição
Comportamento da Pluma de Poluição

III. Características da fonte emissora: chaminé

Altura física da chaminé


Altura de elevação da pluma
Diâmetro, forma e quantidade das chaminés

IV. Características do poluente: natureza química e


física

Taxa de emissão – quantidade que esta sendo emitida num


dado período de tempo
Tempo de emissão
Velocidade de emissão
Composição do efluente
Comportamento da Pluma de Poluição

4.4 Modelagem da poluição atmosférica

 Os modelos de qualidade do ar representam matematicamente os processos de


transporte e difusão dos poluentes emitidos na atmosfera = simular o que ocorre
na realidade;

 Em que grau um poluente atmosférico emitido por uma ou mais fontes afetaria
a qualidade do ar em diferentes distâncias da fonte.

Objetivos

• Desenvolvimento de estratégias de controle;


• Avaliação de impactos ambientais;
• Análise de tendência da qualidade do ar;
• Escolha de locais para efetuar o monitoramento;
• Projetos de chaminés, entre outros.
Comportamento da Pluma de Poluição
Quantidade e periodicidade da emissão,
características físico-químicas, potencial de
4.4.1 Dados de entrada do modelo
reação com atmosfera

• Características da emissão e da fonte;


• Características do local que será modelado; Tipo de terreno (topografia)
• Meteorologia do local estudado.
Velocidades dos ventos, estabilidade
atmosférica, temperatura

4.4.2 Dados resultantes do modelo

 Concentração de determinado poluente para períodos de tempo previamente


especificados que podem ser de curta ou longa duração.
Comportamento da Pluma de Poluição

4.4.3 Classes do modelo

Modelos empíricos
Baseiam-se em análises estatísticas – obtidos por meio de dados da qualidade do
ar, da fonte de emissão, meteorológicos.

Modelos numéricos
Obtidos através de características químicas e físicas relacionadas aos fenômenos
de transporte, dispersão, transformação e remoção dos poluentes, dados
meteorológicos e características das fontes de emissão.

Modelos semi-empíricos
Conjugação dos anteriores, mais utilizados – Tipo gaussiano.

UNAMAP (User´s Network for Applied


Modeling of Air Pollution)
Difundida pela EPA (Environmental Protection
Agency)
Comportamento da Pluma de Poluição

Tipo Gaussiano
Metodologias... Dispersão – parâmetros
meteorológicos

Elevação da
pluma –
temperatura e
velocidade de
saída

A “abertura” da pluma provoca


uma distribuição normal
de concentração a partir da linha
de centro da pluma

Advecção pelo vento (que transporta


para onde o vento está soprando) e
difusão turbulenta (“abertura”
horizontal e vertical da pluma).
Comportamento da Pluma de Poluição O modelo de dispersão ISCST3 –
Industrial
Source Complex, desenvolvido nos
Estados Unidos, na EPA (U.S.
Environmental
Protection Agency)
Referências Bibliográficas

CONAMA (1990), Resolução CONAMA nº 03, Dispõe sobre padrões de


qualidade do ar, previstos no PRONAR – Data da Legislação: 22/08/1990.

CONAMA (2006), Resolução CONAMA no 382, Estabelece os limites


máximos de emissão de poluentes atmosféricos para fontes fixas. – Data da
legislação: 26/12/2006.

•Suetônio Mota (2006). Introdução à engenharia ambiental, 4ª edição.

•Antonio Inagê de Assis Oliveira (2005). Introdução à Legislação Ambiental


Brasileira e Licenciamento Ambiental. Editora Lumen Juris.

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