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UNIVERSIDADE ESTADUAL

DO PIAUÍ - UESPI
FLORIANO - PI - CAMPUS DRª JOSEFINA DEMES
Curso: Bacharelado em Administração de Empresas
Disciplina: Gestão em Agronegócio – Bloco VIII
Professor: Adm. Esp. José Lemos de Melo – CRA – PI 1525
(9921-4087/ 3521-3662: lemos2210@hotmail.com)
UESPI – Floriano
Bloco VIII – 2014

Gestão em Agronegócio
Título
Ementa - conteúdo
 A empresa rural: definição, tipos e estrutura no mercado
brasileiro.
 Produção agrícola: especificidades e sistemas gerenciais - FAN
pág. 13
 Sistemas Agroindustriais: definições e correntes metodológicas
– GAI pág. 1
 Ambiente agrícola e Planejamento Estratégico – AN pág. 131
 O mercado de insumos e implementos – FAN pág.33
 Custeio, precificação e bolsa de mercadorias – AN pág.72
 Estrutura logística na cadeia produtiva agroindustrial – GAI
pág. 184
 Comercialização agrícola e sistemas de qualidade – GAI pág. 63
 O associativismo no negócio rural – GAI pág. 711
A empresa rural:
definição, tipos e estrutura

no mercado brasileiro
Empresa rural - conceito

Empresa rural é a unidade de


produção em que são exercidas
atividades que dizem respeito a
culturas agrícolas, criação de gado ou
culturas florestais, com finalidade de
obtenção de renda.
Empresa rural - conceito

Qualquer tipo de empresa rural, seja


familiar ou patronal é integrada por um
conjunto de recursos denominados fatores
da produção, sendo estes, segundo Alves &
Colusso (2005, online):
Empresa rural
Fatores de produção
Terra: onde se aplicam os capitais e se trabalha para
obter a produção. É o fator mais importante.
Capital: representa o conjunto de bens colocados sobre
a terra com objetivo de aumentar sua produtividade e
ainda facilitar e melhorar a qualidade do trabalho
humano.
Trabalho: é o conjunto de atividades desempenhadas
pelo homem.
Tecnologia: catalisador das transformações.
Informação: conjunto organizado de dados para
resolução de problemas e tomada de decisões.
Empresa rural

Portanto, é a unidade de produção que possui


elevado nível de capital de exploração e alto grau de
comercialização, tendo como objetivos técnicos a
sobrevivência e o crescimento em busca do lucro
(SOUSA, 1995). Pode ser considerada, pois, como
uma realidade sócioeconômica, na qual se
distinguem os seguintes elementos: empresário,
exploração e atividade rural (BRANDT, 1973).
Campo de atividades das
empresa rurais

 Produção vegetal (atividade agrícola): aborda a cultura


hortícola e forrageira (cereais, hortaliças, tubérculos,
especiarias, floricultura, dentre outras) e a arboricultura
(florestamento, pomares e vinhedos e outras;
 Produção animal (atividade zootécnica): criação de
animais (apicultura, avicultura, pecuária, piscicultura e
outras;
 Indústrias rurais (atividades agroindustrial)
beneficiamento do produto agrícola, transformação de
produtos zootécnicos e agrícolas.
Empresa rural

Atualmente podemos definir as bases de


atuação e desenvolvimento da empresa
rural, através de concepções de uma
empresa integrada com o meio externo
perceptível a alterações de clima e
mercadológica (AZER, online).
Empresa rural - tipos

De acordo com o Código Civil, para o


desenvolvimento da atividade
empresarial, tanto pode haver o
empresário individual, que é a pessoa
física que assume sozinha os riscos do
negócio, como a sociedade empresária,
que é uma pessoa jurídica, resultado da
união de esforços de pessoas naturais.
Empresa rural - tipos

Sociedade cooperativa:

Cooperativa é uma organização constituída por


membros de determinado grupo econômico ou
social, que objetiva desempenhar, em benefício
comum, determinada atividade. A solidez de uma
cooperativa depende de alguns fatores:
identidade de propósitos e interesses, ação
conjunta e objetiva, obtenção de resultado útil e
comum para todos.
Cooperativa: elementos essenciais

1. Variabilidade ou dispensa do capital social;


2. Sócios em número mínimo necessário à composição de
seu órgão de administração, sem restrição de número
máximo;
3. Limitação do valor das quotas do capital social que cada
sócio poderá deter;
4. Intransferibilidade das quotas do capital social a
terceiros ao corpo de cooperados, mesmo que em razão
de herança;
5. Quorum de instalação e de deliberação da assembleia
dos cooperados em razão do número de sócios
presentes ao encontro social e não com base no capital
representado;
Cooperativa: elementos essenciais

1. Direito de cada cooperado a um só voto nas


deliberações das assembleias;
2. Distribuição do resultado em proporção direta ao
valor das operações efetuadas pelo sócio
cooperado com a sociedade;
3. Indivisibilidade do fundo de reserva entre os
sócios, ainda que em caso de dissolução da
sociedade;
4. Responsabilização limitada ou ilimitada dos sócios
em relação às dívidas da sociedade cooperativa
Cooperativa: elementos essenciais

Sociedade cooperativa:

Embora sociedade simples, a sociedade cooperativa


encontra-se sujeita à inscrição na Junta Comercial,
por força de previsão na lei especial.

Os principais instrumentos legislativos aplicáveis aos


agronegócios em cooperativa são a Constituição
Federal e a Lei 5.764/71, que define a Política
Nacional do Cooperativismo e institui o regime
jurídico das sociedades cooperativas.
Empresa rural - tipos

Sociedade Limitada - Ltda:

Desejando adotar a forma de sociedade limitada, que


é a mais usada pelas empresas brasileiras, a empresa
rural passa a se sujeitar a todas as regras comuns às
demais empresas (contrato social, estatutos,
registros, regime trabalhista, etc.).
.
Empresa rural - tipos
Sociedade Limitada - Ltda:

Assim, o contrato social deve conter todos os elementos


do art. 997 do Código Civil, marido e mulher casados em
regime de comunhão universal de bens não podem ser
sócios, o poder de decisão dos sócios está vinculado ao
número de quotas detidas, a retirada de sócios e a
dissolução da sociedade estão sujeitas a procedimento
complexo fixado pelo próprio Código, as reuniões de
sócios estão sujeitas a maiores formalidades (ata, registro,
etc.). Por outro lado, a limitada pode ter no mínimo dois
sócios, pessoas físicas ou jurídicas e as regras são mais
flexíveis do que a das sociedades cooperativas.
Empresa rural - tipos

Sociedade anônima – S/A.

A sociedade anônima não está entre as opções de


sociedade simples. Porém, não há nenhum
impedimento a que se organize a empresa rural
como sociedade anônima. A sociedade anônima é
uma sociedade de capitais, e não de trabalho, o
que justifica que não goze dos privilégios de
tratamento “diferenciado e simplificado” a que se
refere o art. 970, CC.
Empresa rural - tipos

Outras formas societárias:

Outras formas societárias previstas pelo Código Civil de


2002 são a sociedade em nome coletivo e a sociedade
em comandita simples, mas que não merecem
destaque pelo simples fato de que se tratam de formas
desnecessárias ou em desuso. Na sociedade em nome
coletivo, todos os sócios respondem, solidária e
ilimitadamente, pelas obrigações sociais, como na
sociedade simples, até mesmo sem registro.
Empresa rural - tipos

Outras formas societárias:

Na sociedade em comandita simples, há duas


espécies de sócios: o comanditado, que responde
ilimitadamente pelas obrigações, e o comanditário,
que responde por elas apenas até o limite do valor
das suas quotas sociais.
Consequências da constituição
da empresa rural

A opção por uma das formas organizadas de sociedade


é importante para todos os quantos forem exercer
atividade econômica, porquanto se não o fizerem
permanecerão sujeitos a todas as regras e
responsabilidades da sociedade simples sem forma
definida e, portanto, a responderem integralmente
com seu patrimônio pessoal pelos riscos do negócio,
inclusive solidariamente pelos eventuais erros, abusos
ou desmandos dos seus outros sócio.
Consequências da constituição
da empresa rural

Na prática, dificilmente uma empresa rural optará por


outra forma que não seja a sociedade cooperativa ou a
sociedade limitada, que é mais simplificada no aspecto
da constituição e funcionamento, faz parte da tradição
do direito brasileiro e traz a vantagem da limitação da
responsabilidade patrimonial dos sócios.
Administração rural
conceito
A administração rural é considerada um dos ramos da ciência
administrativa (ARAÚJO, 2005). Surgiu no começo do século XX
junto às universidades de ciências agrária, na Inglaterra e
Estados Unidos nos chamados "land grant" com a preocupação
de, sobretudo, analisar a credibilidade econômica e técnicas
agrícolas. (AZER, ONLINE).

Administração rural é o conjunto de atividades que facilitam


aos produtores rurais a tomada de decisões ao nível de sua
empresa agrícola, com o fim de obter melhor resultado
econômico, mantendo a produtividade da terra (EDITORIAL,
2004, ONLINE).
Administração rural

De acordo com Hoffmann (1987), a Administração Rural é o


estudo que considera a organização e operação agrícola, visando
ao uso mais eficiente dos recursos para obter resultados
compensadores contínuos. É tomada como função produtiva,
consiste fundamentalmente em atos de decisão e,
problematicamente, em distribuição de recursos, de modo a
responder: o que produzir como, quanto e com quais recursos,
sendo estes considerados fatores e agentes de produção. Além
disso, visando responder também à questão para quem produzir
concernente a fatores de comercialização. (BRANDT, 1973).
Administração rural

O conceito geral de administração rural se relaciona à


necessidade de controlar e gerenciar um número
cada vez maior de atividades, que podem ser
envolvidas dentro de uma propriedade do setor
agropecuário. (ANTUNES, 1999).
Administração rural

A administração rural passa por várias modificações


estruturais e comportamentais frente à nova ordem
mundial de globalização, consumindo conceitos
antigos e reconhecendo suas teorias na busca do
aperfeiçoamento organizacional para a empresa
rural.
Administração rural

A nova ordem da administração rural vem mostrar


aos administradores uma quebra de paradigma, onde
os conceitos de propriedade rural familiar deram
lugar à empresa rural administrada por profissionais
detentores do conhecimento científico, adaptando de
forma flexível os conceitos administrativos à
realidade das empresas agrícolas brasileiras (AZER,
ONLINE).
A estrutura fundiária

Corresponde ao modo como as propriedades rurais


estão dispersas pelo território e seus respectivos
tamanhos.

A desigualdade estrutural fundiária brasileira


configura se como um dos principais problemas do
meio rural, isso por que interfere diretamente na
quantidade de postos de trabalho, valor de salários e,
automaticamente, nas condições de trabalho e o
modo de vida dos trabalhadores rurais.
A estrutura fundiária - Brasil

Latifundiários: grande parte das terras do país se


encontra nas mãos de uma pequena parcela da
população.

Minifundiários: milhares de pequenas propriedades


rurais espalhadas pelo país, onde algumas são tão
pequenas que muitas vezes não conseguem produzir
renda e a própria subsistência familiar suficiente.
A estrutura fundiária

Outra forma de concentração de terras no Brasil é


proveniente também da expropriação. Isso significa a
venda de pequenas propriedades rurais para grandes
latifundiários com intuito de pagar dívidas geralmente
geradas em empréstimos bancários.
A estrutura fundiária

Como são muito pequenas e o nível tecnológico é restrito,


diversas vezes não alcançam uma boa produtividade e os
custos são elevados. Dessa forma, não conseguem
competir no mercado, ou seja, não obtêm lucros. Esse
processo favorece o sistema migratório do campo para a
cidade, chamado de êxodo rural.
A estrutura fundiária - números

O Brasil possui uma das maiores áreas agrícolas do


mundo. Ocupa 3,5 milhões de Km², isto é, cerca de
41,4% da área territorial do país. Há no Brasil cerca
de 100 a 200 milhões de hectares aproveitáveis para
o uso agropecuário, o que pode levar o Brasil a se
tornar uma potencia agrícola.
A estrutura fundiária - números

Em síntese, latifúndio representa muita


terra para pouca gente e o minifúndio
representa o vice-versa, isto é, no primeiro
caso, há ociosidade da terra e no segundo,
há a ociosidade da mão-de-obra.
A estrutura fundiária - números

No início da colonização do Brasil, ocorreu o sistema


de posse das terras, onde o posseiro podia trabalhar
e ocupar a terra sem ser dono. A Lei de Terras
elaborada em 1850, extinguiu o acesso das terras
por posse, sendo obrigatória a compra em leilões
com pagamento à vista, tornando apenas um sonho
a população pobre.
A estrutura fundiária - números

São muitos os problemas agrários enfrentados no país,


entre eles a luta pelo acesso a terra e a violência rural.
Na década de 1950, o Partido Comunista Brasileiro, a
Igreja Católica e os Sindicatos Rurais ajudaram a dar
mais ênfase às lutas.
A estrutura fundiária - números

Em 1964, surgiu o Estatuto da Terra com metas como: a


execução da reforma agrária e o desenvolvimento da
agricultura.

Objetivo principal: socialização do acesso à propriedade


rural, além de modernizar todo o sistema agrário para
contribuir com o crescimento econômico no país.
A estrutura fundiária - números

Em 1970, ocorreu uma expansão da fronteira


agrícola, em que abriu um espaço maior para a
pecuária na Amazônia, mas mesmo assim, não
foi capaz de acalmar as brigas. Os grandes
latifundiários substituíam as pequenas
propriedades. Durante esse processo ocorreu
um grande movimento denominado grilagem,
em que os grileiros invadiam pequenas
propriedades tomando posse das terras.
A estrutura fundiária - números

Em 1980 surgiu no Rio Grande do Sul o MST


(Movimento dos trabalhadores rurais sem
terras) que levam uma vida precária e buscam
pressionar o governo em busca da reforma
agrária, para receber áreas rurais, no geral,
públicas.

(...) disposição habitacional no Brasil de hoje.


A estrutura fundiária
Êxodo rural
A estrutura fundiária - números

Em 1993, no governo do presidente Itamar Franco, a


divisão da terra foi definida por módulo fiscal, onde é
considerado o tipo de exportação predominante no
município, a renda obtida dessa exportação, outras
exportações, o clima, a região, a área.

Desse modo, com a Lei nº 8.629, se classificou em


minifúndio: áreas inferiores a 1 módulo fiscal, pequena
propriedade: entre 1 e 4 módulos fiscais, média
propriedade: área de 4 a 15 módulos fiscais e grande
propriedade: com área superior a 15 módulos fiscais.
A estrutura fundiária - números

Existem várias formas de trabalho no campo, entre


elas temos o trabalho familiar: que é realizado entre
pequenas e médias propriedades. O arrendamento:
onde o proprietário aluga o meio rural para o cultivo,
e a parceria: onde o proprietário dispõe da terra para
um terceiro cultivar, que em troca, lhe da parte da sua
colheita.
A estrutura fundiária

Para uma melhor análise do Estado diante da realidade do


campo brasileiro, foi necessária a elaboração de um
censo, isso passou a ser executado no ano de 1964. O
censo teve também a finalidade de classificar os imóveis
rurais, além da coleta convencional de faixa etária e sexo.

Para uma melhor classificação das propriedades, foi


preciso padronizar os imóveis rurais, denominados de
módulo rural e fiscal. Para estabelecer o módulo rural e
fiscal, são analisados basicamente três aspectos:
A estrutura fundiária - aspectos

• Localização: se o imóvel rural se encontra próximo de


grandes centros e conta com infra-estrutura terá
uma área menor.
• Fertilidade e clima: quanto maior for as condições
para o cultivo menor será a área.
• Tipo de produto cultivado: se uma região produz,
por exemplo, mandioca em nível extensivo a área
será maior, agora caso o cultivo seja de morangos
com emprego de alta tecnologia sua área é inferior.
A estrutura fundiária

Depois de padronizada a medida dos imóveis rurais,


foram estabelecidas as categorias de propriedades:

• Minifúndio: pequenas propriedades rurais


responsáveis pela produção de cerca de 70% de
todo alimento consumidos no país, com utilização
em geral de mão-de-obra familiar.
• Latifúndio por dimensão: corresponde a grandes
propriedades rurais, com atividade vinculada na
agroindústria e seus produtos geralmente são
destinados ao mercado externo.
A estrutura fundiária

Depois de padronizada a medida dos imóveis rurais,


foram estabelecidas as categorias de propriedades:

• Latifúndio por exploração: tem como característica a


improdutividade, pois o proprietário adquire terras
com intuito de desenvolver especulação imobiliária.
• Empresa rural: propriedade de porte médio e grande
que produz matéria-prima (laranja, soja, cana-de-
açúcar, leite, carne, entre outros) destinada ao setor
agroindustrial.
Referências

FERREIRA, N. Empresa Rural. Disponível em:


<http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=456>.
Acesso em: 18 de agosto de 2010.

MARIANA, LÚCIA E TÉRCIO, Geografia geral e geografia do


Brasil1 ed. São Paulo, editora Ática. 2007.

TERRA, LYGIA E COELHO, MARCOS DE AMORIM. Geografia


geral e geografia do Brasil o espaço socioeconômico. São
Paulo, 2007, pág: 359.

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