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Projeto de Máquinas

RICARDO GOMES
RICARDO.MGOMES@KROTON.COM.BR

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Aula 11
Mancais e Cilindros Pressurizados
UNIDADE 4 SEÇÃO 1

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Introdução
• Sempre que duas partes têm movimento relativo, elas constituem um mancal
por definição, sem levar em conta sua forma ou configuração. Normalmente,
precisa-se de lubrificação em qualquer mancal para reduzir o atrito e remover o
calor. Os mancais podem rolar, escorregar ou fazer ambos simultaneamente.
• Um mancal plano é formado por dois materiais quaisquer que se esfregam
entre si, como uma camisa ao redor de um eixo ou uma superfície plana sob
uma parte que escorrega. No caso de um mancal plano, uma das partes móveis
geralmente será de aço, ferro fundido ou algum outro material estrutural a fim
de atingir a resistência e a dureza requeridas.

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Introdução
• Alternativamente, um mancal de elementos rolantes, que tem esferas de aço
endurecidas ou rolos mantidos entre pistas de aço endurecido, pode ser usado
para permitir atrito muito baixo.
• Mancais planos são tipicamente projetados sob especificação para aplicação,
enquanto os mancais de elementos rolantes são tipicamente selecionados de
catálogos de fabricantes para acomodar as cargas, velocidades e a vida
especificada para a aplicação em particular. Mancais de elementos rolantes
podem resistir a cargas radiais, axiais ou a uma combinação de ambas,
dependendo do projeto.

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Mancais de Deslizamento

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Lubrificantes
• A palavra mancal, aplicada a uma máquina ou estrutura, refere-se a superfícies
em contato através das quais uma carga é transmitida. Quando ocorre um
movimento relativo entre as superfícies, é normalmente desejável minimizar-se
o atrito e o desgaste.
• Qualquer substância interposta às superfícies que reduza o atrito e o desgaste é
um lubrificante. Os lubrificantes geralmente são líquidos, mas podem ser
sólidos, como o grafite, politetrafluoretileno (Teflon) ou o bissulfeto de
molibdênio, ou gasosos, como ar pressurizado.

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Tipos de Lubrificação
• A lubrificação é geralmente classificada de acordo com o grau com que o
lubrificante separa as superfícies de deslizamento. Sendo três casos básicos:

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Conceitos Básicos da Lubrificação
Hidrodinâmica
• A Figura “a” mostra um mancal de
deslizamento carregado em repouso. O espaço
da folga no mancal é preenchido com óleo,
porém a carga (W) comprime o filme de óleo
na região inferior. Uma lenta rotação do eixo
no sentido horário fará com que óleo se
movimente para a direita, conforme mostrado
na Figura “b”.
• Uma rotação lenta e contínua do eixo faz com
que o eixo fique nessa posição à medida que
tenta “escalar a parede” da superfície do
mancal. O resultado é a lubrificação limítrofe.

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Conceitos Básicos da Lubrificação
Hidrodinâmica
• Se a velocidade de rotação do eixo for aumentada
progressivamente, mais e mais o óleo irá aderir à superfície do
munhão, que tentará entrar na zona de contato até que uma
pressão suficientemente alta seja formada à frente da zona de
contato, provocando a “flutuação” do eixo, conforme mostrado na
Figura “c”. Quando isto ocorre, a alta pressão do fluxo de óleo
convergente para a direita da posição de espessura mínima do
filme (h0) move o eixo levemente para a esquerda do centro.
• Sob condições adequadas, o equilíbrio é estabelecido com a
separação completa do munhão e das superfícies do mancal. Isto
constitui-se a lubrificação hidrodinâmica, também conhecida como
lubrificação por filme espesso ou filme pleno.

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Conceitos Básicos da Lubrificação
Hidrodinâmica

Curva de Stribeck 10
Equação de Petroff para o Atrito nos
Mancais
• A análise original do arrasto por atrito viscoso no
que é hoje conhecido como mancal hidrodinâmico, é
creditada a Petroff e foi publicada em 1883.
• Ela se aplica ao caso “ideal” simplificado, no qual
admite-se que não ocorra nenhuma excentricidade
entre o mancal e o munhão e, portanto, não ocorra a
“ação de cunha” e o filme de óleo não tenha
nenhuma capacidade de suportar uma carga e,
consequentemente, nenhum lubrificante flua na
direção axial.

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Equação de Petroff para o Atrito nos
Mancais
• Uma expressão para o torque de arrasto por atrito
viscoso é deduzida considerando-se todo o filme de
óleo cilíndrico como um “bloco líquido” sob a ação
da força F. Resolvendo a equação dada na figura para
F, tem-se:

𝜇 𝐴𝑈
𝐹=
h

F = torque de atrito/raio do eixo = Tf/R


A = 2πRL
U = 2πRn (em que n é expresso em rotações por segundo)
h = c em que c = folga radial = (diâmetro do mancal – diâmetro do eixo)/2
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Equação de Petroff para o Atrito nos
Mancais
• Substituindo e resolvendo para o torque de atrito,
obtém-se:
4 𝜋 ² 𝜇𝑛𝐿𝑅 ³
𝑇 𝑓=
𝑐

• Se uma pequena carga radial W for aplicada ao eixo,


a força de arrasto por atrito pode ser considerada
igual ao produto faW, com o torque de atrito
expresso por:
𝑇 𝑓 = 𝑓 𝑎 WR= 𝑓 𝑎 ( D 𝑃𝑟 L) R
Em que P é a carga radial por unidade de área projetada do mancal. 13
Equação de Petroff para o Atrito nos
Mancais
• Igualando os termos, temos:

𝜇𝑛𝑅
𝑓 𝑎=2 𝜋 ²
𝑃𝑟 𝑐

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Exemplo 7
Um eixo de 100 mm de diâmetro é
suportado por um mancal com 80 mm de
comprimento com uma folga diametral
de 0,10 mm. Ele é lubrificado por um
óleo cuja viscosidade (na temperatura de
operação) é de 50 mPa.s.
O eixo gira a 600 rpm e suporta uma
carga radial de 5000 N.
 Estime o coeficiente de atrito do
mancal e a perda de potência utilizando
a abordagem de Petroff.

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Exemplo 7
𝜇𝑛𝑅
𝑓 𝑎=2 𝜋 ²
𝑃𝑟 𝑐

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Exemplo 7

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Mancais de Rolamento
• Os mancais mais simples possíveis são os planos sem lubrificação ou mancais
deslizantes — como ocorria em tempos remotos, com as rodas de madeira das
carroças que eram montadas diretamente sobre os eixos também de madeira.
Menores atritos e vidas mais longas eram obtidos pela adição de um
lubrificante, como óleo animal ou vegetal.
• O primeiro registro da utilização de mancais de rolamento para superar o atrito
de deslizamento foi feito pelos trabalhadores egípcios de construção, para
mover pesados blocos de pedra, provavelmente antes do ano 200 a.C.;
possivelmente também pelos assírios em cerca de 650 a.C. Acredita-se que
algumas carruagens primitivas de rodas utilizaram rolamentos de roletes
grosseiros fabricados a partir de varas de seção transversal circular.

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Mancais de Rolamento
• Acredita-se que por volta de 1500, Leonardo da Vinci tenha inventado e
parcialmente desenvolvido os modernos rolamentos de esferas e de roletes.
Alguns poucos rolamentos de esferas e de roletes foram construídos na França
no século XVIII. O construtor de uma carruagem com mancais de rolamento, em
1710, afirmou que seus mancais de rolamento permitiriam a um cavalo realizar
o trabalho que, de outra forma, só poderia ser realizado por dois cavalos.
• Todavia, foi somente após a invenção do processo de Bessemer para a
produção de aço, em 1856, que um material apropriado para os mancais de
rolamento tornou-se economicamente viável. Durante os anos subsequentes do
século XIX os rolamentos de esferas, para uso em bicicletas, foram rapidamente
desenvolvidos na Europa.

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Mancais de Rolamento
• Nos mancais de rolamento o eixo e os componentes mais externos são
separados por esferas ou roletes e, assim, o atrito por deslizamento é
substituído pelo atrito de rolamento. Como as áreas de contato são pequenas e
as tensões altas, as partes carregadas dos mancais de rolamento são fabricadas,
normalmente, de materiais duros, de alta resistência, superior àquela do eixo e
do componente mais externo.
• Essas partes incluem os anéis interno e externo e as esferas ou roletes. Um
componente adicional do rolamento é, geralmente, uma gaiola ou separador,
que mantém as esferas ou os roletes igualmente espaçados e separados.

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Mancais de Rolamento

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Mancais de Rolamento

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Mancais de Rolamento
• Os catálogos dos fabricantes de rolamentos os identificam por números e fornecem
informações dimensionais completas, uma lista ordenada com as capacidades de carga,
e fornece os detalhes dimensionais relativos à montagem, à lubrificação e à operação.
• A tabela a seguir apresenta dados para rolamentos radiais de esferas, rolamentos
angulares de esferas e rolamentos de roletes cilíndricos. Para rolamentos com o
diâmetro interno de 20 mm e maiores, o diâmetro interno é igual a cinco vezes os
últimos dois dígitos referentes ao número do rolamento. Por exemplo, o No. L08 é um
rolamento da série extra-leve com um diâmetro interno de 40 mm, o No. 316 é da série
média, com um diâmetro interno de 80 mm, e assim por diante. Os números dos
rolamentos reais incluem letras e números adicionais, de modo a fornecer mais
informações. Muitas variedades de rolamentos também estão disponíveis com
especificações em polegadas.

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Requisitos de Vida (Palmgren)
• As capacidades de carga básica têm por objetivo descrever a
capacidade do mancal de rolamento de resistir à falha por fadiga
superficial, medida pela capacidade de carga dinâmica básica Cd, e de
contato, medida pela capacidade de carga estática básica Cs. Ambos os
parâmetros são fornecidos por diversos fabricantes de rolamentos.
• A capacidade de carga dinâmica básica Cd(90) é a maior carga
estacionária, em que 90% de um grupo de mancais irá resistir a 1 milhão
de revoluções sem evidência de falha por fadiga superficial. A relação
entre a carga radial (P) e a vida útil do mancal (L), expressa em
revoluções para falha, é dada por:

Em que “a” é igual a 3 para mancais de esferas e a 3,33 para mancais de rolos 27
Requisitos de Vida (Palmgren)

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Exemplo 8
Defina a vida nominal ajustada de um mancal de rolamento rígido de uma
carreira de esferas, com código 6208, quando submetido a uma carga radial de
5500 N e girando com uma rotação de 320 rpm. Pede-se definir as vidas para
confiabilidades de 90% (em número de revoluções) e a vida em horas.

Para o mancal 6208 a capacidade de carga dinâmica, C=30700N.

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Exemplo 8

milhões de revolução

horas

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Exemplo 9
Dimensione os 4 rolamentos para um projeto de um redutor de velocidades
simples com engrenagens de dentes retos para uma serra industrial. Essa serra
receberá 25 hp do eixo do motor elétrico girando a 1800 rpm. O eixo que irá
acionar a serra deverá girar a 600 rpm, aproximadamente. A vida útil de projeto
deve ser de 30000 horas, com 0,999 de confiabilidade. As reações de apoio em
cada eixo são iguais a 250 lb.

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Exemplo 9
• Para o eixo de entrada, que gira a 1800 rpm, temos que:

• Para o eixo de entrada, a carga dinâmica básica para rolamentos de esferas é


dada por, considerando “a” igual a 3:

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Considerando que o alojamento do mancal de rolamento no eixo de entrada e no de saída tem
25 mm de diâmetro.

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Exemplo 9
• Para o eixo de saída, cuja velocidade angular é de 600 rpm, a vida útil (em
termos de revoluções) é:

• Para o eixo de saída, a carga dinâmica básica é igual a:

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Considere que um mancal de saída será montado onde o eixo tem 25 mm de diâmetro e outro
será montado em local que tem diâmetro de 35 mm,

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Vasos de Pressão
• Os vasos de pressão são utilizados para armazenar fluidos pressurizados e podem assumir
diversas formas ou combinações. Esses elementos podem ser pressurizados internamente
ou externamente, podem ser constituídos por paredes finas ou grossas e, também, podem
ter as extremidades abertas ou fechadas. São amplamente utilizados em tanques, dutos,
canos de armas, atuadores hidráulicos ou pneumáticos, dentre outras aplicações.
• Nos projetos de vasos de pressão, as descontinuidades geométricas requerem atenção
especial, assim como as regiões concentradoras de tensão. O projetista também deve se
atentar às junções do vaso com os tampos, independentemente de sua forma geométrica.
O projeto de um vaso de pressão contempla o posicionamento de bocais (aberturas),
janelas de inspeção e limpeza, soldas de costura, regiões de aumento ou diminuição de
espessura e suportes para flanges. No Brasil, o documento que dispõe especificações sobre
vasos de pressão é a Norma Regulamentadora NR-13.

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Vasos de Pressão

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Vasos de Pressão
• Considerando-se a metade superior do cilindro internamente pressurizado de
paredes finas, o equilíbrio de forças na vertical fornece:

• Em que: Fvp é a componente vertical da força devido à pressão interna pi; essa
variável pode ser encontrada integrando a componente vertical da força sobre a
superfície semicircular. Temos ainda que σt é a componente de tensão tangencial; t
é a espessura do cilindro; e l é o comprimento do cilindro.

Resolvendo:

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Vasos de Pressão
• O produto (d)(l) é definido como a área projetada, um conceito também
utilizado na análise de mancais de deslizamento e outros elementos de
máquinas. Pode-se determinar a componente de tensão tangencial como:

• Se o vaso de pressão é fechado nas suas extremidades, a componente de tensão


longitudinal σl é dada por:

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Exemplo 10
• Determine a componente tangencial e longitudinal nas tampas esféricas de um
cilindro pressurizado que tem 8 mm de espessura de parede, 760 mm de
diâmetro externo e pressão interna igual a 1,2 Mpa.

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Exemplo 10
• Determine a componente tangencial e longitudinal nas tampas esféricas de um
cilindro pressurizado que tem 8 mm de espessura de parede, 760 mm de
diâmetro externo e pressão interna igual a 1,2 Mpa.

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LOBO, Yane; JUNIOR, Ismail; ESTAMBASSE, Eduardo;
SHIGUEMOTO, Ana. Projeto de máquinas. 1 ed. Londrina:
Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. 224 p.

NORTON, L. Projeto de máquinas. 4. ed. Porto Alegre:


Bookman, 2013. 1028 p.

Bibliografia
COLLINS, Jack A. Projeto mecânico de elementos de
máquinas : uma perspectiva de prevenção da falha 2. ed. -
Rio de Janeiro: LTC, 2019. 731 p.

JUVINALL, Robert. Fundamentos do projeto de


componentes de máquinas. 5 ed. Rio de Janeiro : LTC,
2019. 555 p.

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