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ROTAÇÃO 

Todo  rolamento  tem  um  limite  de  rotação  de  trabalho.  Geralmente  este  limite  é  estabelecido  pela  temperatura  de 
trabalho permissível do lubrificante que está sendo utilizado ou do material dos componentes do rolamento. 
Conforme o aumento da velocidade do rolamento mais alto será o aumento da temperatura de origem no atrito interno do 
rolamento.    O  limite  de  rotação  é  a  velocidade  permissível  obtida  empiricamente  pelo  qual  se  permite  a  operação 
contínua do rolamento, sem que ocorra o travamento por superaquecimento ou geração de calor. 
O  calor  gerado  pelo  atrito  entre  os  corpos  rolantes  do  rolamento  (incluindo  qualquer  fonte  externa  de  calor)  é  que 
determina  o  limite  de  rotação  do  rolamento.  São  também  fatores  importantes  para  a  determinação  da  velocidade 
permissível o tipo e tamanho do rolamento, geometria interna, carga, condições de lubrificação e resfriamento bem como 
desenho da gaiola, precisão de giro e folga interna. 

Limite de rotação 
Os limites de rotação (rpm) para lubrificação à graxa e à óleo estão relacionadas nas tabelas de rolamentos. O limite de 
rotação  para  um  determinado  rolamento representa  a velocidade na qual, sob  uma carga que corresponde a uma vida 
nominal L 10h  de 150 000 horas, há um equilíbrio entre o calor removido do rolamento através do eixo e do alojamento e, 
algumas  vezes,  através  do  lubrificante  e  o  calor  gerado  pelo  rolamento  devido  ao  atrito  num  dado  intervalo  de 
temperatura acima da ambiente. 
Os  limites  de  rotação  aplicam­se  a  rolamentos  nos  quais  o  anel  interno  gira,  podendo  ser  necessário  uma  redução 
quando é o anel externo que gira. 
Os  limites  de  rotação  para  lubrificação  com  graxa  são  15  a  25%  menores  (dependendo  do  tipo  de  rolamento)  se 
comparadas com o limite  de rotação para lubrificação com óleo (banho de óleo). Isto se deve devido ao pico inicial de 
temperatura  quando  se  inicia  a  operação  do rolamento  ou quando é relubrificado. Em alguns tipos de rolamentos esta 
diferença se torna mais acentuada devido ao elevado trabalho mecânico da graxa. 
Quando  cargas  muito  elevadas  atuam  sobre  o  rolamento,  o  atrito  aumenta,  e  o  rolamento  não  pode  operar  em 
velocidades tão altas quanto as de referência, a menos que sejam permitidas temperaturas mais elevadas. Entretanto, a 
influência  de  cargas  muito  elevadas  sobre  a  velocidade  permissível  somente  é  de  real  importância  para  rolamentos 
grandes (d m  ≥ 100 mm) e cargas correspondentes a L 10h  ≤ 75 000 horas de trabalho. Os valores do fator de redução f 
para as velocidades de referência podem ser obtidos no diagrama abaixo – fig. 37, sendo em função do diâmetro médio 
d m.  A  carga  é  indicada  indiretamente  através  da  vida  nominal  calculada,  expressa  em  horas  de  trabalho,  que  é  o 
parâmetro  usado  no  diagrama.  Caso  a  temperatura  deva  ser  mantida  inalterada,  a  velocidade  permissível  é  obtida 
através de: 

n perm  = f n r 

onde 
nperm  = velocidade permissível para o rolamento, r/min 
nr  = velocidade de referência (ver tabela), r/min 
f = fator de redução

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fig. 37 

Velocidades acima do limite de rotação 
É possível trabalhar com velocidade de rotação acima do limite de rotação indicado nas tabelas de rolamentos, após o 
estudo  das  precisões  e  folga  do  rolamento,  e  com  a  possibilidade  de  redução  do  atrito  no  rolamento  através  de 
lubrificação  com  pequenas  e  precisas  quantidades  de  lubrificantes  (lubrificação  por  atomização  ou  jato  de  óleo),  ou 
quando o calor possa ser removido do rolamento através do resfriamento do lubrificante por circulação de óleo, ou seja, 
através  de  aletas  de  resfriamento  no  alojamento  ou  diretamente  por  jatos  de  ar  frio.  Qualquer  aumento  na  velocidade 
acima  das  de  referência  sem  que  nenhuma  dessas  precauções  sejam  tomadas,  pode  elevar  excessivamente  a 
temperatura.  Um  aumento  na  temperatura  do  rolamento significa uma redução  na viscosidade do lubrificante, gerando 
então  maior  atrito  e  conseqüentemente  maiores  aumentos  da  temperatura.  Se  ao  mesmo  tempo  a  folga  interna 
operacional do rolamento é reduzida devido ao aumento de temperatura do anel interno, a conseqüência final pode ser o 
travamento do rolamento. A utilização de um rolamento em velocidades acima das de referência, normalmente gera uma 
diferença de temperatura entre os anéis interno e externo maior do que a observada em condições normais de operação. 
Assim,  geralmente  utiliza­se  uma  folga  interna  maior que a normal (C3),  e pode ainda ser  necessário analisar­se mais 
profundamente a distribuição de temperaturas no rolamento. O limite de rotação é o primeiro fator limitante para quase 
todos os tipos de rolamentos. Além deste fator, incluem­se a estabilidade de forma, a resistência da gaiola, lubrificação 
das  superfícies  de  guia  da  gaiola,  forças  centrífugas  e  rotacionais  atuantes  nos  corpos  rolantes  e  outros  fatores 
limitantes da velocidade. 
Outro fator limitante é estabelecido pela lubrificação com graxa devido ao tipo de graxa utilizada. A viscosidade do óleo 
base  e  o  espessante  determinam  a  resistência  ao  cisalhamento  do  lubrificante,  a  qual,  por  sua  vez,  determina  a 
velocidade de trabalho permissível para um dado rolamento. 
Em arranjos de rolamentos para velocidades altas todos os componentes, particularmente aqueles que giram, devem ter 
uma  precisão  maior  que  a  normal  para  evitar  vibrações  em  trabalho.  A  experiência  adquirida  das  aplicações  práticas 
mostra que há velocidades máximas que não devem ser ultrapassadas, seja por razões de ordem técnica ou devido aos 
altos  custos  envolvidos.  Limites  de  rotação  para  estas  velocidades  máximas  são  obtidos,  para  os  vários  tipos  de 
rolamentos,  multiplicando­se  os  limites de rotação encontradas nas tabelas de rolamentos por um fator fn, o qual pode 
ser obtido na tabela abaixo. 
Deve­se  lembrar  que  para  um  rolamento  funcionar  satisfatoriamente,  particularmente  em  velocidades  altas,  o  mesmo 
deve estar sujeito a uma carga mínima.

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tabela 33 
Tipo de rolamento  1) 
Fator f n 

Rolamentos rígidos de esferas 2)  3 
Rolamentos autocompensadores de esferas 2)  1,5 
Rolamentos de contato angular, uma carreira de esferas  1,5 
Rolamentos de rolos cilíndricos (com gaiola)  2,2 
Rolamentos autocompensadores de rolos  1,5 
Rolamentos de rolos cônicos  2 
Rolamentos axiais de esferas  1,4 
Rolamentos axiais de rolos cilíndricos  2 
Rolamentos axiais autocompensadores de rolos  3 
1) Para rolamentos não relacionados fn = 1 
2) Sem placas de vedação 

Casos especiais 
O  limite  de  rotação  para  rolamentos  com  vedação  com  contato  (2RS)  é  determinado  principalmente  pela  velocidade 
periférica da extremidade de contato da vedação. 
Geralmente  utilizam­se  lubrificantes  com  aditivos  EP  onde  a  rotação  do  rolamento  seja  baixa,  impossibilitando  a 
formação de um filme lubrificante elastohidrodinâmico no contato entre os corpos rolantes e as pistas de rolamento. 
Outro caso necessário para utilização de lubrificante com aditivo EP é quando o movimento na direção de rotação muda 
antes que o rolamento realize uma volta completa. Como a velocidade angular é zero, no momento em que a direção da 
rotação é invertida, não é possível manter­se uma película lubrificante perfeitamente hidrodinâmica. 
Não  é  possível  estabelecer­se  uma  referência  para  a  velocidade  neste  tipo  de  movimento, pois  o limite máximo não é 
determinado por um balanço de calor, e sim pelas forças de inércia atuantes. Em cada inversão de direção, há o risco de 
escorregamento,  por  um  curto  período,  dos  corpos  rolantes  nas  pistas,  devido  à  sua  inércia  (dos  corpos  rolantes), 
ocasionando falha nas pistas. As acelerações e desacelerações permissíveis dependem da massa dos corpos rolantes e 
gaiolas, do tipo e quantidade de lubrificante, da folga operacional e da carga atuante. 
Em casos estacionários, quando os rolamentos estão sujeitos a vibrações durante paradas de máquinas por longos 
períodos, há o aparecimento de micromovimentos entre os contatos dos corpos rolantes/pistas gerando danos às 
superfícies das pistas, os quais serão notados por um aumento no ruído do rolamento quando o equipamento entra em 
funcionamento. Tais danos podem ser evitados, isolando­se os rolamentos de vibrações externas durante o transporte, 
ou sob rotação a altas velocidades.

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