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Faculdade de Engenharia Mecânica

Universidade Federal de Uberlândia


Uberlândia – MG

Mecânica dos Fluidos


Prof. João Rodrigo Andrade
joao.andrade@ufu.br
professorjoaoandrade.com
Universidade Federal de Uberlândia
Faculdade de Engenharia Mecânica

Noções Fundamentais e
Definições Básicas

Prof. João Rodrigo Andrade


Sistema e Volume de Controle

• Sistema: uma quantidade de


matéria ou região do espaço
escolhida para estudo.
• A massa ou região fora do
sistema é denominada
vizinhança.
• A superfície real ou imaginária
que que separa o sistema de sua
vizinhança é denominada
fronteira, podendo ser fixa ou
móvel.
Sistema e Volume de Controle

• Sistemas fechados (sistema de


controle): consiste em uma
quantidade fixa de massa, e
nenhuma quantidade de massa
pode cruzar a fronteira do sistema.
Energia sob forma de calor ou
trabalho pode cruzar a fronteira.
• Sistema isolado: nenhuma energia
pode cruzar a fronteira do sistema.
Sistema e Volume de Controle

• Sistema aberto ou Volume de controle:


região do espaço selecionada
apropriadamente.
• Em geral, compreende um dispositivo
que inclui escoamento de massa, tal
como compressor, turbina ou bocal.
• Massa e energia podem cruzar as
fronteiras do volume de controle.
• Não há regras definidas para seleção
de um volume de controle.
Dimensões e Unidades

• Qualquer quantidade física pode ser caracterizada por


dimensões.
• As unidades são grandezas designadas para as dimensões.
• Dimensões fundamentais: , , , .
• Dimensões secundárias: , , Volume, etc.
• SI é utilizado em trabalhos científicos e de engenharia na maioria
das nações. (, , )
Dimensões e Unidades
Homogeneidade Dimensional

• Na engenharia, todas as equações Voo 517 da Korean Air: Em 1999,


devem ser dimensionalmente um avião da Korean Air caiu em um
morro próximo a Londres,
homogêneas, ou seja, todos os resultando na morte de 228 pessoas.
termos da equação devem ter a A investigação revelou que o
mesma unidade. acidente foi causado por um erro de
conversão de unidades. Os pilotos
utilizaram pés (unidade de medida
• Atenção!!! Erro de unidades podem de altitude) em vez de metros ao
levar a desastres. programar o sistema de controle de
voo, o que levou a uma leitura
incorreta da altitude e a decisões
• Análise crítica do resultado. erradas durante a abordagem de
pouso.
Propriedades
• Propriedades intensivas: independentes da massa do sistema. Ex.:
(pressão), (temperatura)…

• Propriedades extensivas: aquelas cujos valores dependem da extensão


do sistema. Ex.: (massa total), (volume total).

• Propriedades específicas : propriedades extensivas por unidade de


massa. Ex.: ; .

• O estado de um sistema é descrito por suas propriedades.

• “O estado de um sistema compressível simples é completamente definido


por duas propriedades intensivas independentes”. Duas propriedades
são independentes se uma delas puder variar enquanto a outra for
mantida constante (ex. e )
Meio Contínuo
• A idealização do meio contínuo nos permite tratar as propriedades
como funções de pontos, as quais variam continuamente no espaço,
sem saltos de descontinuidade.
• Tal hipótese é válida desde que o tamanho do sistema considerado
seja grande em relação ao espaço entre as moléculas.
• Em alto vácuo ou altitudes muito elevadas, a hipótese do contínuo não
é válida. Teoria do escoamento de gases rarefeitos deve ser aplicada.
Densidade

• Densidade é definida como massa por unidade de volume :

• O inverso da densidade é o volume específico ();


• Densidade depente de e .
• A densidade da maioria dos gases é proporcional à pressão e
inversamente proporcional à temperatura.
• Sólidos e líquidos são sustâncias essencialmente
incompressíveis e a variação da sua densidade com a
pressão usualmente é desprezível.
Gravidade Específica e Peso Específico

• Gravidade específica ou densidade relativa é a razão entre a


densidade de uma substância e a densidade de alguma
substância padrão a uma temperatura especificada
(usualmente água a 4o C, para a qual kg/m3).

• Peso específico: o peso de uma unidade de volume de


susbtância.
Densidades dos Gases Ideias ou Perfeitos

• Qualquer equação que relacione pressão, temperatura e


densidade (ou volume específico) de uma substância é
chamada equação de estado.
• A equação de estado mais simples e conhecida para fase
gasosa é a equação de estado dos gases ideais ou perfeitos.
Densidades dos Gases Ideias ou Perfeitos

• Um gás ideal é um substância hipotética que obedece à


relação anterior.
• Relação de gás ideal obedece muito bem o comportamento
de gases reais a baixas densidades.
• Na prática, gases como ar, nitrogênio, oxigênio podem ser
tratados como gases ideiais com erro desprezível (menos de
1%).
• Gases densos como vapor de água, vapor de fluidos
refrigerantes não devem ser tratados como ideais.
Energia e Calores Específicos

• Energia total (): soma das diversas formas de energia: térmica,


mecânica, cinética, potencial, elétrica, magnética, química,
nuclear…
• Energia interna (): soma de todas as formas de energia
microscópicas (relacionadas à estrutura molecular do sistema e ao
grau de atividade molecular).
• Energia cinética: energia que um sistema que possui como
resultado de seu movimento em relação a um sistema de
referência.
• Energia potencial: energia que um sistema possui como resultado
de sua posição.
Energia e Calores Específicos
• Entalpia:

é a energia do escoamento (trabalho de escoamento), que é a


energia por unidade de massa necessária para mover o fluido
e manter o escoamento.
Energia e Calores Específicos

• Na ausência de efeitos magnético, elétrico, e tensão


superficial, o sistema é denominado sistema compressível
simples.

• A energia total de um sistema compressível simples é:

• O fluido entrando ou saindo de um volume de controle


possuem uma forma de energia adicional.
Energia e Calores Específicos

• Energia total do fluido em movimento é:

• As variações infinitesimal e finita da energia interna e da entalpia


de um gás ideal são expressas em termos dos calores específicos.

onde e são calores específicos a volume e a pressão constante do


gás ideal.
Coeficiente de Compressibilidade

• O volume (ou a densidade) de um


fluido muda com a variação da
temperatura ou da pressão.

• Os fluidos, geralmente, expandem-


se quando aquecidos ou
despressurizados e contraem-se
quando resfriados ou pressurizados.
Porém, a quantidade de variação de
volume é diferente para fluidos
diferentes e há propriedades que
relacionam as variações de volume
às variações de e .
Coeficiente de Compressibilidade

Um grande valor de indica que é preciso uma grande


mudança de pressão para causar uma pequena variação
relativa no volume, portanto, um fluido com grande é
essencialmente incompressível. Típico em líquidos.
Coeficiente de Expansão Volumétrica

• A densidade de um fluido, em geral, depende mais intensamente


da temperatura do que da pressão.
• Responsável por inúmeros efeitos naturais: ventos, correntes nos
oceanos, operações com balões de ar quente, convecção natural.

• Para um gás ideal:

• Grandes valores de indicam grande variação da densidade de um


fluido com a temperatura à pressão constante.
Viscosidade

• Quando dois corpos sólidos em contato se movimentam um


em relação ao outro, desenvolve-se uma força de atrito na
superfície de contanto, em direção oposta ao movimento.
• Situação semelhante quando um fluido se move em relação
a um sólido ou quando dois fluidos se movem um em
relação ao outro.
• Há um propriedade que representa a resistência interna do
líquido ao movimento ou a “fluidez”: Viscosidade.
Viscosidade

• Força de arrasto: força que um


fluido exerce sobre um corpo na
direção do escoamento. Sua
intensidade depende, em parte,
da viscosidade.
Viscosidade

𝐹
𝑉
Viscosidade

𝑢=𝑉 𝐹
𝑉

𝑢=0
Velocity profile
𝑦
(
𝑢 𝑦 =) 𝑉

Viscosidade

𝑁 𝑁 ′ ′ 𝑢=𝑉 𝐹
𝑑𝛽 𝑉

𝑀 𝑢=0
Velocity profile
𝑦
(
𝑢 𝑦 =) 𝑉

Viscosidade

Area
𝑁 𝑁 ′ ′ 𝑢=𝑉 𝐹
𝑑𝛽 𝑉

𝑀 𝑢=0
Velocity profile
𝑦
(
𝑢 𝑦 =) 𝑉

• Perfil de velocidade varia linearmente de a .
• A tensão cisalhante em fluido um fluido newtoniano é:
Viscosidade

𝑁𝑁 1 ′ ′ 𝑢=𝑉 1 𝐹
𝑑 𝛽1 𝑉1

𝑀 𝑢=0

𝑁 𝑁 2 ′ ′ 𝑢=𝑉 2 𝐹
𝑑 𝛽2 𝑉2

𝑀 𝑢=0
Viscosidade

• Durante um intervalo de tempo infinitesimal , os lados das


partículas do fluido ao longo de uma reta MN giram de um
ângulo infinitesimal enquanto que a placa superior move-se
de uma distância infinitesimal . A deformação é dada por:

• rearranjando, a taxa de deformação é:


Viscosidade

• A taxa de deformação sob a influência da tensão de


cisalhamento é equivalente ao gradiente de velocidade .
• Para a maioria dos fluidos a taxa de deformação é
diretamente proporcional à tensão de cisalhamento :

Fluidos Newtonianos: água, ar, gasolina, óleo, etc.


Sangue e plásticos líquidos são fluidos não newtonianos.
Viscosidade

• No escoamento cisalhante unidimensional de fluidos


newtonianos, a tensão de cisalhamento é expressa pela
relação linear:

Onde, é o coeficiente de viscosidade ou viscosidade dinâmica


do fluido, unidade [kg/m s] ou [Ns/m2] ou
[Pa s];
1 poise = 0,1 Pa s
Viscosidade

• A força de cisalhamento que atua sobre uma camada de fluido


newtoniano é:

𝑉
𝐹 =𝜇 𝐴

𝑉= ( )
ℓ𝐹 1
𝐴 𝜇
Recado

• Data segunda prova 13/11


Viscosidade
• Para fluidos não newtonianos, a relação entre a taxa de
cisalhamento e a taxa de deformação é não linear.

 Dilatantes: solução de amido


ou areia em suspensão;
 Pseudoplásticos: soluções de
polímeros e fluidos com
partículas em suspensão;
 Fluidos de Bingham: pasta de
dente.
Viscosidade

• Viscosidade Cinemática é razão entre viscosidade dinâmica


e densidade. [m2/s ou stoke=1 cm2/s]

• Em geral, a viscosidade de um fluido depende de e ,


embora a dependência com seja bastante fraca.
• Para líquidos, tanto a viscosidade dinâmica como a
cinemática são praticamente independentes da pressão.
• Para gases, isto não acontece para viscosidade cinemática,
uma vez que a densidade do gás é proporcional à pressão;
Viscosidade

• A viscosidade de um fluido é uma medida da sua “resistência


à deformação”.

• Resulta da força de atrito interno que se desenvolve entre as


diferentes camadas de fluido.

• É causada pelas forças coesivas entre as moléculas nos


líquidos e pelas colisões moleculares nos gases, e varia com
a temperatura.
Viscosidade

• Nos líquidos, as forças


intermoleculares possuem mais
energia a elevadas velocidades,
opondo-se mais facilmente a forças
coesivas. Moléculas mais energizadas
movem-se mais livremente.
• Nos gases, as forças intermoleculares
são desprezíveis e as moléculas
movem-se aleatoriamente em
velocidades mais altas, resultando em
mais colisões e portanto, maior
resistência ao escoamento.
Viscosidade

• Para gases :

• Para líquidos :

onde é a temperatura absoluta


e , e são constantes
determinadas
experimentalmente
Viscosidade
Tensão Superficial
• No interior do líquido: as forças
atrativas aplicadas na molécula
equilibram-se devido à simetria.
• Na superfície: as forças de atração
não são simétricas. Há uma força
resultante atuando sobre a
molécula da superfície para o
interior da massa líquida. Essa força
é equilibrada pelas forças repulsivas
das moléculas abaixo da superfície
que estão sendo comprimidas.
Tensão Superficial
Tensão Superficial

• A tensão superficial muda consideravelmente com


impurezas.
• Tensoativos (sabões e detergentes) diminuem a tensão
superficial da água e permitem que ela entre em pequenas
aberturas entre as fibras para lavagem mais eficiente.
• Dispositivos cuja operação depende da tensão superficial
também podem ser destruídos pela presença de impurezas.
Tensão Superficial

• A tensão superficial determina a o tamanho das gotículas


que se formam.

• A gotícula que cresce com a adição de mais massa se


romperá quando a tensão superficial não puder mais mantê-
la unida.
Efeito Capilar

• Ascensão ou depressão de um líquido


num tubo de pequeno diâmetro
(capilares) imerso no líquido.
Efeito Capilar

• As moléculas líquidas na interface sólido-líquido são


submetidas tanto a forças coesivas por outras moléculas
líquidas como por forças adesivas pelas moléculas do sólido.
• As grandezas relativas destas forças determinam se um
líquido molha ou não uma superfície sólida.
• As moléculas de água são atraídas com mais força pelas
moléculas de vidro do que pelas outras moléculas de água e
assim a água tende a subir pela superfície de vidro. O oposto
ocorre com o mercúrio.
Efeito Capilar

• A ascensão capilar num tubo circular é inversamente


proporcional ao raio do tubo.
• Na prática, o efeito capilar é geralmente desprezível em tubos
cujo diâmetro é superior a 1 cm.
• Quando as medidas de pressão forem feitas utilizando
barômetros e manômetros é importante usar tubos
suficientemente grandes para minimizar o efeito capilar.
• A ascensão capilar também é inversamente proporcional à
densidade do líquido.

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