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Antropologia e Educação

Prof. Ms. Dayana Barbosa de Quadros


Mestre em Desenvolvimento Social, Graduada
em Ciências Sociais.
A escola e os novos complexos culturais
O novo complexo cultural representado pela combinação
entre cultura popular (nos chamados meios de
comunicação de massa) e as novas tecnologias de
comunicação estão produzindo uma transformação radical
nos processos de produção de subjetividade e de
identidades sociais.
Elas não podem ser interpretadas no registro conservador
do pânico moral e da visão patologizante que vê a
ampliação da influência da cultura popular e o predomínio
dos novos meios e conteúdos culturais como uma ameaça
a tradicionais valores e capacidades supostamente mais
universais, humanos e superiores.
O novo mapa cultural formado por essas
revolucionadas configurações culturais não
pode ser interpretado como déficit, patologia,
carência, degeneração, degradação e
involução.
Ele tampouco pode ser interpretado na clave,
supostamente progressista e benigna, de uma tradição
de crítica cultural quê vê os novos meios e conteúdos
proporcionados pela cultura de massa como
produzindo uma população passiva, mistificada e
alienada.
Em ambas as visões – a conservadora e a crítica – os
meios e os conteúdos da cultura de massa – e as
capacidades e habilidades por ele produzido – são
encarados como distorção, como desvios a serem
corrigidos.
Ambas as visões colocam implicações para a educação
e o currículo.
Estudos vêm tentando demonstrar que as
transformações – colocadas pelos novos meios e
formas culturais – não podem ser caracterizadas
absolutamente como desvio, déficit, regressão,
anomalia, patologia.
Elas devem ser compreendidas dentro de sua própria
lógica e ótica e não por referência a outras formas e
meios culturais, característicos de uma outra época.
Elas devem ser compreendidas dentro de sua própria
lógica e ótica e não por referência a outras formas e
meios culturais, característicos de uma outra época.
Essas novas subjetividades não podem ser entendidas
como carência e desvio em relação a outras formas
históricas de produção e transformação cultural.
A separação entre baixa cultura e alta cultura,
característica de ambas as interpretações
convencionais descritas anteriormente, tendem a se
dissolver no novo cenário cultural representado pela
difusão e generalização das novas mídias.
O currículo é o espaço em que se corporificam formas
de conhecimento e de saber. Como tal, o descaso
pelas radicais transformações efetuadas na produção
da subjetividade e pelas novas mídias, significa deixar
de fora desse espaço formas importantes de
conhecimento e de saber que, no entanto, à
contracorrente da escola, estão, na realidade,
moldando e formando novas formas de existência e
sociabilidade.
O que precisamos é de formas criativas, abertas,
renovadas de pensar e desenvolver currículos que
levem em conta esses novos mapas e configurações
sociais. (CANDAU, 1996, p. 12)
Novas identidades culturais e a
educação
Se perguntarmos “o que quer dizer identidade?”,
podemos nos referir tanto à noção psicanalítica de
sujeito, ao processo psíquico de aquisição de
identidade.
E a concepção antropológica de conjunto de
características distintivas de um grupo, ou à recente
tendência culturalista de conceber a identidade como
uma “celebração móvel”.
O fato de a identidade ocupar um lugar tão
proeminente na teoria cultural contemporânea está
relacionado às transformações radicais em andamento
no mundo e, particularmente, às rupturas,
descontinuidades, deslocamentos e instabilidades que
se instalam no panorama das teorizações, concepções
e manifestações ditas pós-modernas.
De uma concepção una, centrada, equilibrada,
coerente e estável de identidade, passa-se a
fragmentação, efemeridade, mobilidade,
superficialidade, flutuação. (CASTELLS, 1999, p.88)
Podemos ser um e muitos ao mesmo tempo e em
diferentes tempos. A identidade parece que está à
deriva no tempo e no espaço, o que a torna
permanentemente capturável, ancorável, mas,
paradoxalmente, ao mesmo tempo escorregadia
Crianças e jovens quando chegam à escola já foram
objeto de um conjunto de discursos, que produziram
diferentes “posições de sujeito”, entre eles, aqueles
que os constituem como consumidores, como clientes.
(DEBORD, 1997, p.26)
Contemporaneamente, delineiam-se nitidamente as
condições que instauram o caráter provisório e
construído das identidades. (BIGUM,1995, p. 33)
Artefatos culturais contemporâneos
na vida escolar
Não podemos esquecer que os sujeitos do currículo são,
antes de tudo, as subjetividades forjadas em uma
cultura regida pelos apelos do mercado. As regras,
estratégias e o modus operandi das sociedades
neoliberais de economias globalizadas articulam-se
caprichosamente para fabricar um cliente.
Vivemos em um tempo em que novos
desenvolvimentos tecnológicos e culturais, muito
especialmente a mídia, a computação e a internet,
tornaram se organizadores privilegiados da ação e do
significado na vida dos humanos.
Essa fantástica mudança desestruturou as instituições
consagradas, subverteu práticas centenárias e instalou
em seu lugar a incerteza, a provisoriedade e a
imprevisibilidade. A mudança é radical, as
consequências são sérias e exigem investimentos na
busca de um novo modo de ser e de fazer escola.
Referências
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra,
1999.
COSTA, Marisa Vorraber. Quem são? Que querem? Que fazer
com eles? eis que chegam às nossas escolas as crianças e jovens
do século XXI. Ufrgs/Ulbra, 2004 (Artigo).

BIGUM, Chris. Alienígenas em sala de aula (Trad. Tomaz Tadeu


da Silva). Tomaz Tadeu da Silva (org.) Petrópolis RJ: Vozes, 1995.
Referências
DEBORD, GUY. A Crise civilizacional. Editora Civilização Brasileira.
São Paulo, 1997.
HALL. Stuart. Da Diáspora: identidades e mediações culturais.
Belo Horizonte: UFMG: Representações da UNESCO no Brasil,
2003.

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