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How to 'Read' Images with


Texts: The Graphic Novel
Case

Jan Baetens
and
Steven Surdiacourt
Leitura de Imagens
• Sofre a herança do Pensamento
Semiótico (estudo dos signos e leis)

• Princípios básicos da Semiótica


Clássica:

- As imagens são signos visuais;

- A decodificação dos signos depende de


um processo de aprendizado humano;

- A noção de símbolo deve ser entendida em


um sentido muito geral (GOODMAN, 1968);

- A particularidade da imagem é
Leitura de Imagens
• Teoria Geral da Imagem: Propõe um
caminho de análise que observa o que
há de mais essencial numa narrativa
visual: seus elementos compositivos e
as significações que seus arranjos
evocam;

• Um objeto que não é um signo, não


pode ser considerado uma imagem;
Tipos de Semiótica
• Semiótica de Peirce: Para ele
signo é uma tríade de signo (suporte
material do signo), objeto (matéria
representada) e interpretante (a
ideia mental do signo);

• Semiótica Estruturalista de
Strauss, Barthe e Saussure: Tem
inspiração na língua e na fala
humana, com foco nos signos
verbais – Significante (imagem) e
Significado (conceito);
Tipos de Semiótica
• Semiótica da Cultura de
Jakobson, Hjelmslev e Lotman:
Foco na linguagem, literatura e
outros fenômenos culturais, como a
comunicação não-verbal, mito e
religião – Plano de conteúdo (o que
a imagem significa) e Plano de
Expressão (o que ela mostra);

• Semiótica Gremaisiana: Tem


como foco o texto.
Abordagem
Pós- Semiótica
• As imagens são percebidas como
unidades de textos visuais, cujo
significado depende do aprendizado de
códigos, que “linkam” um significado
visual a um mental;

• Ponto de virada visual: Redescoberta


pós-linguistica e pós-semiótica da
imagem como uma interação complexa
entre visualidade, aparato, instituições,
discurso, corpos e figuralidade
(MITCHELL, 1994);

• Esta visão está aberta a discussão;


Abordagem
Pós- Semiótica
• As imagens deveriam ser analisadas
de um modo diferente ao dos signos
verbais, porém, ainda há um
imperialismo linguistico, fazendo com
que os modelos de leitura simbólicos e
verbais continuem a desempenhar o
papel de sedutor oculto na significação
de imagens (metáfora);

• Uma leitura livre de convenções,


possibilitaria perceber informações
implícitas e explícitas da obra, as
intenções colocadas nela, reflexões,
visualizar relações de contradição e
complementariedade;
Graphic Novel
• São histórias em quadrinhos, com narrativas compridas,
em formato de livro;

• Possui um considerável número de expressões verbais


(paratextos autorais ou editoriais; comentários do
narrador ou descrições, onomatopéias e balões de
diálogo);

• As narrativas gráficas podem ser vistas como tipos


particulares de relatos envolvendo cadeias temporais de
ações inter-relacionadas, que são realizadas pelos
personagens com propósitos, emoções e desejos,
ou eventos que afetam tais personagens de forma
positiva ou negativa;
Graphic Novel
• Eisner (1999) evidência que o romance gráfico é uma
forma artística e literária que lida com a disposição de
figuras ou imagens e palavras para narrar uma história ou
dramatizar uma ideia;

• Relaciona-se com temas mais complexos, densos


e extensos, muitas vezes experienciados pelo
próprio autor;

• São edições de maior qualidade, de melhor diagramação


de páginas e quadrinhos;
Graphic Novel
• Tem havido uma fusão da leitura verbal com a visual, em
vez de uma ser adicional à outra (crítica);

• Induz à ideia de que é possível converter o


significado das imagens em um conjunto de palavras
e frases;

• Já há uma tendência de resistência ao uso de palavras e


linguagem nas narrativas gráficas;

• David Beroná (2008) foi um dos precursores de


romances xilográficos sem palavras;
Graphic Novel
• A mudez de uma narrativa visual tem sido uma defesa à
especificidade da história em quadrinhos, como um meio
visual contra o impacto nocivo de palavras e textos;

• Estudiosos têm desenvolvido meios de fazer uma leitura de


imagens, que faça justiça a seus aspectos e dimensões
visuais, assim, a hibridação é um desses;

• Cultura da convergência de Henry Jenkins: Há


uma complementaridade de diferentes mídias, assim,
seus produtos se tornam híbridos, reforçam este
pensamento;

• A alfabetização visual não deve ser uma cópia da


alfabetização verbal, mas ter uma alfabetização midiática
Graphic Novel
• Pode ser utilizadas em diversos contextos:

- Jornalísticos;
- Artes;
- Dança;
- Cinema;
- Literário;
- Música;
- Desenho;
O que é a imagem?
• Algo material ou imaterial;

• Visual ou não;

• Natural ou fabricada;

• Uma imagem é antes de mais algo que se assemelha a


qualquer outra coisa;

• Traço visual produzido;

• Mito da caverna: a imagem são as sombras e depois o reflexo


que se vê na água ou na superfície dos corpos opacos;
Imagem
• Seu conceito é complexo e multifacetado, sendo melhor
usá-lo em contextos específicos, para resolver problemas
concretos e práticos;

• Lessing Laocoonte: (1984) distingue a linguagem como


um representante chave das artes temporais e a imagem
como primeiro exemplo das
artes espaciais;

• Espacialidade: a imagem pode


ser vista como um campo
unificado (imagem e
significado percebidos de
uma única vez);
Imagem
• Temporalidade: cadeia de unidades discretas sujeita a
decodificação sequencial (o significado da imagem pode
ser encontrado dentro dela mesma);

• Gramatextualidade: Reconhecem no texto uma substância


gráfica, independente do discurso (LAPACHERIE, 1984;
HARPOLD, 2009);

• Lembra-se que além dos símbolos


visuais na HQ, a tradução também
deve levar em conta o espaço do
painel e a estrutura da página,
para não alterar o estilo da versão
escrita original;
Imagem
• Christin (1995, 2002) defende o entrelaçamento de palavras
com imagens, não as distinguindo na história (ex: HQ de
Art Spiegelman, 1986 – o filho de um sobrevivente do
holocausto, em que as correspondências visuais e verbais
não podem ser divididas) ;

• Smolderen: aspecto diagramático


da imagem - propõe uma
argumentação inovadora , que não
se baseia na sequencialidade, nem
no desenho como uma campo
único e menos como uma página
multiquadro, mas na imagem como
algo que deve ser lido;
Imagem
• Smolderen: Aspecto poligráfico do desenho: cada
elemento textual da imagem é visto como um diálogo, com
um conjunto existente de significados e valores aos quais
responde criticamente;

• Hogarth e Richardson: a imagem é um conjunto de itens a


serem decifrados de forma intertextual – pano de fundo
para uma infinidade de signos e alusões;

• Assim as histórias em
quadrinhos são vistas como uma
prática viva dentro de um quadro
cultural dinâmico;
Leitura de HQ
• Quadrinhos são um complexo sistema ditado por imagens,
que se apresentam de modo enunciável, descritível,
interpretável e contemplável;

• Requer do leitor:

- Compreender a gramatextualidade;
- Compreender a informação textual;
- Analisar a dimensão poligráfica e diagramática dos painéis;
- Interpretar a disposição sequencial
das imagens;
- Fazer uma síntese das etapas anteriores;
Como as imagens se tornam
palavras?
• É preciso repensar a noção de voz narrativa;

• Quem conta a história?

• Como a história é contada?

• A intermidialidade da novela gráfica poderia oferecer


releituras visuais de uma categoria linguistica
aparentemente estrita;

• Texto verbal e romance gráfico têm a possibilidade de


explorar uma instância narrativa multifacetada – o que as
distingue é o caráter multimídia da voz, combinando um
narrador verbal e um narrador visual
Como as imagens se tornam
palavras?
(características comunicativas)
• Andre Gaudrealt (1999): afirma que uma narrativa em sua
totalidade forma um discurso, pois é ordenada por um
“mostrador de imagens (narrador visual)” e um
“meganarrador (que contempla a dimensão verbal);

• Grafiação: mostra como marcas pictóricas do autor,


sobretudo aquele inserido na narrativa, podem ativar campos
de sensibilidade no receptor;

• Hergé e seus sucessores programaram uma língua em que a


mão do autor praticamente se esconde para que a narrativa
tome seu curso livremente;
Como as imagens se tornam
palavras?
(locução)
• A voz over (não sabemos quem está falando) e a voz with
(acompanha o desdobramento sequencial das imagens) são
recursos comuns nos quadrinhos;

• Elas existem, primordialmente, como estratégias de


enunciação para evidenciar posições de pertencimento ou
exclusão na fala das narradoras em relação à história
contada;

• A passagem de voz over para voz with é importante para a


leitura visual da imagem;
Como as imagens se tornam
palavras?
(reproduzir a fala em um texto)
• Deve-se distinguir autores cujo texto escrito é uma tentativa
de imitar o mais fielmente possível a fala oral de um
personagem ou de um narrador;

• As mudanças materiais na caligrafia têm uma importante


função narrativa: elas refletem as diferenças entre vozes e
tons.
Conclusão
• É preciso vincular a imagem ao campo intrermidiático em
que ela está funcionando;

• Não é possível definir as características particulares das


imagens em contraste com as das palavras;

• A leitura de imagens ativa mecanismos típicos da leitura de


sistemas verbais e vice-versa;

• Gramatextualidade,diagramaticidade e voz são conceitos


importantes para ajudar na leitura de imagens em graphic
novels.
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Visual Research Ethics at the


Crossroads
Rose Wiles,
Andrew Clarck
And
Jon Presser
Ética da Pesquisa
Visual
• Os requisitos legais e institucionais não
devem ser os únicos determinantes na
tomada de decisões sobre ética;

• Devem ser situados no contexto da


pesquisa e acomodados na estrutura moral
individual do pesquisador;

• Pesquisadores visuais precisam agir de


forma reflexiva e crítica em sua tomada de
decisão ética;

• Os pesquisadores se esforçam para agir


eticamente, mas nem sempre sabem se
estão no caminho certo;
Ética da Pesquisa
Visual
• A ética visual, no que tange a requisitos
estatutários e legais, é menos
desenvolvida do que em outros campos;

• A demanda por treinamentos nem sempre


é atendida e exemplos de boas práticas
são pouco compartilhados;

• Há uma preocupação quanto à


regulamentação ética em pesquisa visual,
principalmente por questões de
confidencialidade e anonimato
(desvantagem significativa)
Fatores Impactantes na
Tomada de Decisões
• Consentimento informado: O
consentimento informado é um processo
para obter permissão antes de conduzir uma
intervenção;

• Confidencialidade: Propriedade da
informação pela que não estará disponível ou
divulgada a indivíduos, entidades ou
processos sem autorização.

• Anonimato:Uma condição para não revelar


a verdadeira identidade daquele que declara;

• Privacidade, dignidade e bem-estar;


Fatores Impactantes na
Tomada de Decisões

(MARGOLIS, PAUWELS, 2011)


Fatores Impactantes na
Tomada de Decisões
• Diferenças culturais aliadas a fatores políticos e sociais
garantem que nações diferentes sejam regidas por leis
diferentes (estatutos diferentes) – Ex: Primeira emenda
(EUA) Protege jornalistas de fazer entrevistas e divulgar
informações, mas não o estudante comum;

• Assim, certificar-se de que os dados oferecidos nas


entrevistas não gozam de privilégio legal, em qualquer
lugar em que o pesquisador esteja;

• Estar preparado para situações que apontem atividade


ilegal e moralmente questionável;
Fatores Impactantes na
Tomada de Decisões
• Fotografias em locais públicos (assédio);

• Nem sempre é claro o que são locais públicos;

• Na maioria dos países filmar instalações nucleares e


militares é proibido e em alguns lugares também pontes,
palácios, portos, etc.
Direito Autorais e
Proteção de Dados
• Ter ciência das leis de Direitos Autorais – Ex:Convenção
de Berna (protege em vários países);

• Imagens se enquadram em “obras artísticas” – No UK


duram por 70 anos após a morte;

• Conhecer os direitos de Propriedade Intelectual;


Direito Autorais e
Proteção de Dados
• Imagens estáticas ou em movimento em local público dão
direito autoral ao criador das mesmas;

• Porém, palavras de outras pessoas gravadas em


gravações de vídeo são de propriedade de quem as
professam, podendo eles reterem seus direitos;
Direito Autorais e
Proteção de Dados
• Direitos morais: em que os proprietários têm o direito de
não ter sua imagem exibida de forma depreciativa;

• Normalmente os pesquisadores costumam proteger suas


próprias imagens com uma declaração, selo;
Direito Autorais e
Proteção de Dados
• Pesquisadores podem coletar, analisar, armazenar e
reproduzir imagens “encontradas”, seja analógica ou
digitalmente;

• Caso possuam direitos autorais, os detentores destas


precisam ser contactados e liberar a permissão de
reprodução;
Questões Legais e
Dados Visuais

(MARGOLIS, PAUWELS, 2011)

• Quem detém os direitos autorais dessa nova imagem


modificada por outrem?
Questões Legais e
Dados Visuais
• Lei de proteção de dados do Reino Unido (1998): afeta uso
da fotografia em espaços públicos – ex: fotos de
burocratas pode ser um dado pessoal para efeitos da Lei;

• “ O pesquisador deve saber o suficiente sobre a


sociedade ou a comunidade por meio de sua pesquisa,
tanto na biblioteca quanto no campo, para prever qual
será a resposta provável” (BANKS, 2007, p. 89);

• Também é interessante que o pesquisador negocie


consentimento antes de fotografar, quando reconhece
questões sociais delicadas, crenças, etc.;
Regulação da Ética

• A submissão aos comitês de ética são necessárias para


estudos em locais semipúblicos, bem como a autorização
do proprietário é necessária;

• Alguns locais públicos também são respaldados pelo


comitê, como hospitais, presídios e escolas infantis;

• Pesquisas sociais devem estar sujeitas a alguma forma de


revisão ética;

• Diretrizes e códigos de práticas de órgãos profissionais


são parâmetros importantes para entender as questões
éticas;
Ética Visual na
Encruzilhada
• Os métodos não se encaixam nas práticas éticas de
pesquisa social convencionais e nos mecanismos
regulatórios;

• Cientistas sociais precisam ser criativos e construtivos em


sua orientação para superar impasses éticos;

• Cultura visual: influencia nas tomadas de decisões éticas


pelos membros da sociedade, pois refletem as mudanças
que estão acontecendo no ambiente e leva a reflexão;
Conclusão
• Pesquisadores são cada vez mais obrigados a agir
eticamente;

• A reflexividade ética é uma questão de consciência e


sensibilidade e se reflete no grau de honestidade e veracidade
em nossas relações com os outros;

• Esses valores medem a integridade e profissionalismo dos


investigadores e a exigência quanto a isso tem aumentado
por parte das entidades financiadoras e instituições de
investigação;

• Diretrizes éticas e códigos de prática cobrem princípios


importantes, mas ser visual na orientação traz seu próprio
conjunto de práticas mdetodológicas;

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