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ESCREVIVÊNCIA LITERÁRIA E A POÉTICA EVARISTIANA NA

LITERATURA NEGRO-BRASILEIRA.
Prof.
Profª.Me.
Me.GilCamila
DerlanPereira
Almeida
de Sousa
A literatura negra é aquela
LITERATU desenvolvida por autor negro que
escreva sobre sua raça dentro do
RA NEGRO- significado do que é ser negro, da
cor negra, de forma assumida,
BRASILEIR discutindo os problemas que a
concernem: religião, sociedade,
A racismo. Ele tem que se assumir
como negro. (Lobo, 2007, p. 266)
ALGUNS
APONTAMENTOS

• Cadernos e a contribuição para a configuração


discursiva de um conceito de literatura negra;

• Resgate da história do povo negro na diáspora


brasileira, passando pela denúncia da escravidão e de
suas consequências;

• A temática afro-brasileira abarca ainda as tradições


culturais ou religiosas transplantadas para o novo
mundo, destacando a riqueza dos mitos, lendas e de
todo um imaginário circunscrito quase sempre à
oralidade.
MANIFESTAÇÃO DA
VERTENTE E
PULJANÇA
Estamos no limiar de um novo tempo. Tempo de África, vida
nova, mais justa e mais livre e, inspirados por ela,
renascemos arrancando as máscaras brancas, pondo fim à
imitação. Descobrimos a lavagem cerebral que nos poluía e
estamos assumindo nossa negrura bela e forte. Estamos
limpando nosso espírito das idéias que nos enfraquecem e
que só servem aos que querem nos dominar e explorar.
(Cadernos Negros 1, 1978)

• Edificação de uma escritura que seja não apenas a


expressão dos afrodescendentes enquanto agentes de
cultura e de arte, mas que aponte o etnocentrismo que os
exclui do mundo das letras e da própria civilização
ESCREVIVÊNCIA

• Método de investigação, de
produção de conhecimento e de
posicionalidade implicada. A
escrevivência, em meio a diversos
recursos metodológicos de
escrita, utiliza-se da experiência
do autor para viabilizar narrativas
que dizem respeito à experiência
coletiva de mulheres. (Soares,
2023, p. 2)
OLHOS D’ÁGUA, DE CONCEIÇÃO
EVARISTO
Além do cansaço, a sacola estava pesada. No dia anterior, no domingo, havia tido festa na casa da patroa. Ela levava
para casa os restos. O osso do pernil e as frutas que tinham enfeitado a mesa. Ganhara as frutas e uma gorjeta. O osso,
a patroa ia jogar fora. Estava feliz, apesar do cansaço. A gorjeta chegara numa hora boa. Os dois filhos menores
estavam muito gripados. (Evaristo, 2014, 368-370)

Alguém gritou que Maria se assustou. Ela não conhecia assaltante algum. Conhecia o pai de seu primeiro filho.
Conhecia o homem que tinha sido dela e que ela ainda amava tanto. Ouviu uma voz: Negra safada, vai ver que estava
de coleio com os dois. Outra voz vinda lá do fundo do ônibus acrescentou: Calma, gente! Se ela estivesse junto com
eles, teria descido também. Alguém argumentou que ela não tinha descido só para disfarçar. Estava mesmo com os
ladrões. Foi a única a não ser assaltada. Mentira, eu não fui e não sei porquê. (Evaristo, 2014, 397-401)
REFERÊNCIAS

EVARISTO, C. Maria. In: Olhos d´água. Rio de Janeiro: Pallas, 2014.


LOBO, Luiza. Crítica sem juízo. 2 ed. revista. Rio de Janeiro: Garamond, 2007.
QUILOMBHOJE (Org.). Cadernos Negros, n. 1. São Paulo: Edição dos Autores, 1978.
SOARES, Lissandra Vieira e MACHADO, Paula Sandrine. "Escrevivências" como ferramenta
metodológica na produção de conhecimento em Psicologia Social. Rev. psicol. polít.
[online]. 2017, vol.17, n.39 [citado 2023-10-27], pp. 203-219 .
MUITO
OBRIGADA!

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