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Violência Homofóbica no

Brasil: Panorama e
Erradicação
(dados preliminares)
Osvaldo Fernandez
osvaldofernandez@uol.com.br
Instituição Executora: DIADORIM – NUGSEX / PROEX, Universidade do Estado da
Bahia - UNEB, Salvador, Bahia

 Termo de Cooperação Nº. 254/07

 Instituição Mantenedora: FASEC - Fundação de Assistência Sócio-


educativa e Cultural, Salvador, Bahia

 Coordenador principal: Luiz Mott

 Coordenador Associado: Osvaldo Francisco Ribas Lobos Fernandez

 Pesquisadores: Marco Antonio Matos Martins


 Erico Silva do Nascimento,
• Estagiários:
• Enéas Santos Andrade, Jorge Roberto Chastinet de Souza, Graciela Nieves
Pellegrino Fernandez, Luciano Pereira Silva Conceição, Marcio Antonio Santana,
Maria do Carmo Braga, Paulo Victor Souza Sena, Priscila Florêncio Macedo,
• Data de recebimento da 1ª parcela: 10/3/2008

• Dados preliminares – 24-11-2010


Homofobia
 Termo homofobia criado por George Weimber em 1972,
entretanto o aparecimento desse termo é datado nos EUA
desde 1969. Assim define ele:

 “fobia de homossexuais ... Era um medo de


homossexuais, que parecia estar associada a um medo
de contágio, um medo de reduzir as coisas que se lutou
por - lar e família. Era um medo religioso e que o
levaram a grande brutalidade como o medo sempre faz.“

 Homofobia = Discriminação sexual por orientação sexual


e não conformidade às representações hegemônicas da
identidade de gênero.
Discriminação Sexual
 Nesse sentido Gomez trabalha a distinção entre “ódio” e “bias” na
tentativa de refinar e englobar todos os tipos de violência contra
LGBT, mas adverte que a violência transborda as tipificações da
lei, por isso propõem a categoria de preconceito sexual, porque
conjuga a “predisposição”, o “bias” da discriminação com o “ódio”
da animosidade contra grupos e segmentos.

 Nesse sentido a categoria de preconceito sexual pode explicar e


englobar os motivos e as razões para a escolha da vítima, tanto
para a realização de um crime “simbólico”, “homofóbico”, quanto
de um crime instrumental.

 A principal diferença entre predisposição e ódio é de que se refere


a escolha da vítima, cuja seleção pode estar guiada pelo ódio e
animosidade ou não – como na maioria dos casos. Além dos mais,
em alguns casos temos observado uma sobreposição de
tipificações de crimes, principalmente contra gays onde há
associação entre assassinatos e roubos – “latrocínio”.
 Período: 2000 a 2007

 Objetivo:
descrever e analisar as dinâmicas
socioculturais dos tipos de violência,
letal e não letal, praticados contra
cada segmento LGBT, verificando sua
distribuição espacial e regional.
Fontes:
 Jornais

 portais de notícias

 relatos de grupos organizados de

ativismo
 sites e listas de discussão LGBT

 boletins de ocorrências, cartas e e-

mails enviados ao GGB


TABELA I – TOTAL DE NOTÍCIAS
GGB E CLIPEX
ANO VIOLENCIA LETAL VIOLÊNCIA NÃO LETAL
ARQUIVO CLIPEX ARQUIVO CLIPEX
GGB GGB

2000 134 - 194 -


2001 132 - 314 -
2002 128 - 324 -
2003 125 - 433 -
2004 158 136 338 433
2005 91 141 178 481

2006 88 174 96 414


2007 122 152 239 647
TOTAL 978 603 2116 1975
Total de Notícias
ANO VIOLENCIA LETAL VIOLÊNCIA NÃO
LETAL
TOTAL TOTAL
2000 134 194
2001 132 314
2002 128 324
2003 125 433
2004 294 771
2005 232 659
2006 262 510
2007 274 886
total 1581 4091
universo total da pesquisa – 5672
reportagens classificadas
Classificação das Violências
 1 – MORTE
 2 – TORTURA
 3 – AGRESSÃO FISICA
 4 – GOLPE/ CHANTAGEM
 5 – AMEAÇA DE AGRESSÃO
 6 – AGRESSÃO VERBAL
 7 – ASSÉDIO MORAL
 8 – IMPEDIMENTO A LIVRE MOVIMENTAÇÃO
 9 – INVASÃO DE PRIVACIDADE
 10 – ENCARCERAMENTO
 11 – INTERNAMENTO (PSIQUIÁTRICO/ HOSPITALAR /
CLINICA, RELIGIOSA)
 12 – DIFAMAÇÃO/CALÚNIA
 13 – VIOLÊNCIA SEXUAL
 14 – ASSÉDIO SEXUAL
 15 – ROUBO
 16 – NEGAÇÃO DE DIREITOS CIVIS
OCORRÊNCIAS TABULADAS

ANO CRIMES LETAIS

2000 126 12,12%


2001 132 12,69%
2002 124 11,92%
2003 116 11,15%
2004 156 15%
2005 131 12,60%
2006 113 10,87%
2007 142 13,65%
TOTAL 1040 100%

* Em fase de conclusão
Violência estrutural contra LGBT
 Ano a Ano – Número de casos de 2000 a
2007: a incidência varia entre 10 a 15%
para cada ano, portanto há uma taxa
estável de violência contra LGBT.
 A estabilidade da incidência de casos
aponta para a posição de vulnerabilidade
e de desigualdade estrutural desse
sujeito frente a sociedade brasileira.
Violência por Identidade Sexual
LETAL NÃO LETAL

IDENTIDADE Casos % Casos %

GAY 668 64,2% 513 39,9%

TRANSGÊNERO 329 31,6% 305 23,6%

LESBICA 32 3,1% 109 8,5%

BISSEXUAL 11 1,1% 16 1,2%

COMUNIDADE LGBT - - 347 26,8%

TOTAL 1040 100% 1290 100%


AMBIENTE - LETAL
RESIDENCIA 345 33,2%

LOGRADOURO (RUA) 272 26,2%

LOCAL ERMO 154 14,8%

ESTABELECIMENTO COMERCIAL 41 3,9%

VEICULO 33 3,2%

HOTEL 30 2,9%

ÁREA DE LAZER 22 2,1%

ESPAÇOS RELIGIOSOS 8 2,1%


QUEM VIOLENTA - LETAL

Sem Informação 717 68,94%



Conhecidos/Amigos 106 10,19%
Profissional do Sexo 66 6,35%
Parceiro 63 6,06%
Desconhecido 46 4,42%
Ex-Companheiro 13 1,25%
Familiar 10 0,96%
Cliente 9 0,87%
Vizinho 4 0,38%
Colega de Trabalho 3 0,29%
Prestador de Serviços 1 0,10%
Policial 1 0,10%
Ex-Companheiro de Companheiro 1 0,10%
SEXO DO(A) AGRESSOR(A)

NÃO LETAL

CATEGORIA GAY TRANSGENERO LESBICA BISSEXUAL LGBT TOTAL

MASCULINO 595 338 98 45 239 1007 – 59,1%

FEMININO 82 30 32 - 28 480 – 28,2%

LETAL
CATEGORIA %
MASCULINO 98,2%
FEMININO 1,8%
Armas utilizadas

 arma de fogo ( 32,31%),


 objeto cortante e perfurante ( 29,40%),
 porretes (objetos contundentes) (11,80%),
 veículos (3,54%),
 corda ou fio (1,91%),
 líquido inflamável (1,91%)
 objeto asfixiante (0,27%),
 não registrado/reportado (18,97%).
Crime “homofóbico”?
 Em 415 crimes foram constatados
“requintes de crueldade” pelas
reportagens dos casos,
correspondendo a 40,17% do total
de casos, sendo que em 603 casos
não há essa informação registrada.
Política de Estado de promoção da
equidade social no Brasil
 PNDH-2 – reconhece que os
homossexuais estão numa posição
de desigualdade estrutural e
necessita de medidas de proteção e
de promoção da equidade social
Estado de Direito Democrático
 Igualdade social = valor central da
constituição da cidadania moderna,
 Igualdade, liberdade e Justiça são
os fundamentos da vida
democrática e da paz
Violência homofóbica no Brasil –
modus operandi para segmento:

 Lésbicas – violência “doméstica”,


devido à orientação sexual;
 Gays – residências não
arrombadas;
 Bissexuais – como os gays,
privado;
 Travestis – “crimes de execução”
no espaço público, arma
Erradicação da violência
homofóbica
Vulnerabilidades & Respostas sociais
 Pública – necessidade de reconhecimento
dos direitos LGBT (lei Maria da Penha –
protege a mulher lésbica, porque prevê a
discriminação e a violência motivada pela
orientação sexual;
 Necessidade de aprovação do projeto de
lei que criminaliza a homofobia (PL 122);
 Reconhecimento da União civil e de
outros direitos assegurados aos casais
heterossexuais (mais de 78 direitos);
Conclusão

 A falta de reconhecimento dos direitos


LGBT na sociedade brasileira é a
principal causa da violência estrutural
contra os homossexuais
 Apenas com a Igualdade social como
valor central, liberdade e justiça, que
alcançaremos o fim da violência
homofóbica, a redução do crime e a paz
em nosso país.
Recomendações
 Comunitária – ONGs, Movimento LGBT,
GGB
 Polícia – necessidade de investigação, fim
da dupla vitimização dos sujeitos LGBT,
 Judicial – necessidade de
acompanhamento dos processos penais
(temos os nomes das vítimas e
agressores): desdobramentos futuros
 Simbólica – mídia e Igrejas (Uganda)
Violência Homofóbica no Brasil:
Panorama e Erradicação
(dados preliminares)
Osvaldo Fernandez
osvaldofernandez@uol.com.br
www.osvaldofernandez.org

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